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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Índice 2.1. Considerações preliminares ................................................................................................... 2.1 2.2. Normas técnicas ....................................................................................................................... 2.2 2.3. Ações nas estruturas................................................................................................................ 2.4 2.3.1. Classificação das ações ................................................................................................ 2.4 2.3.2. Determinação dos valores das ações ........................................................................... 2.6 2.3.3. Combinações de ações ................................................................................................. 2.8 2.4. Análise estrutural ...................................................................................................................... 2.9 2.4.1. Tipos de análise estrutural ............................................................................................. 2.9 2.4.2. Escolha do tipo de análise ............................................................................................. 2.11 2.5. Métodos de dimensionamento ................................................................................................ 2.12 2.5.1. Métodos utilizados no projeto de estruturas de aço ..................................................... 2.12 2.6. Critérios de segurança segundo a ABNT NBR 8800:2008 ................................................... 2.13 2.6.1. Método de dimensionamento ........................................................................................ 2.13 2.6.2. Estados limites últimos .................................................................................................. 2.13 2.6.3. Estados limites de serviço ............................................................................................. 2.15 2.6.4. Ações e combinações de ações .................................................................................... 2.16 2.6.4.1. Tipos de ações ................................................................................................. 2.16 2.6.4.2. Valores das ações ............................................................................................ 2.16 2.6.4.3. Coeficientes de ponderação das ações ........................................................... 2.17 2.6.4.4. Combinações de ações .................................................................................... 2.20 2.6.5. Obtenção das solicitações de cálculo ........................................................................... 2.24 2.6.6. Determinação das resistências ..................................................................................... 2.24 2.6.6.1. Valores característicos e nominais .................................................................. 2.24 2.6.6.2. Valores de cálculo ............................................................................................ 2.25 2.7. Critérios de estabilidade e análise estrutural segundo a ABNT NBR 8800:2008 .............. 2.27 2.7.1. Sistemas estruturais resistentes a ações horizontais ................................................... 2.27 2.7.2. Análise de segunda ordem ............................................................................................ 2.30 2.7.2.1. Efeitos que devem ser considerados ............................................................... 2.30 2.7.2.2. Métodos de análise estrutural de segunda ordem .......................................... 2.31 2.7.2.3. Análise aproximada de segunda ordem pelo Método da Amplificação dos Esforços Solicitantes – MAES .......................................................................... 2.32 2.7.3. Imperfeições iniciais ....................................................................................................... 2.36 2.7.3.1. Classificação das imperfeições iniciais ............................................................ 2.36 2.7.3.2. Impefeições iniciais geométricas ..................................................................... 2.37 2.7.3.3. Imperfeições iniciais de material ...................................................................... 2.39 2.7.3.4. Consideração das imperfeições iniciais na análise estrutural ......................... 2.40 2.7.4. Análise nálise estrutural segundo a ABNT NBR 8800:2008 ....................................... 2.41 2.7.4.1. Considerações para análise em Estados-Limites Últimos .............................. 2.41 2.7.4.2. Considerações para análise em Estados-Limites de Serviço ......................... 2.43 2.7.4.3. Considerações adicionais ................................................................................ 2.43 2.7.5. Considerações sobre estabilidade estrutural ................................................................ 2.44 UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.1 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural 2.1 Considerações preliminares Objetivos do projeto estrutural Segurança Economia Bom desempenho Etapas análise e definição dos sistemas estruturais determinação das ações análise estrutural dimensionamento de peças estruturais e ligações Abordagem Desenvolvimento do projeto estrutural Interelação entre etapas Introdução da segurança no projeto UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.2 2.2 Normas técnicas Normas de projeto e execução de estruturas metálicas critérios e recomendações aplicáveis ao desenvolvimento de um projeto estrutural Normalização técnica brasileira - estruturas metálicas Década de 1980 1986 ABNT NBR 8800:1986 Anos 2000 Revisão ABNT NBR 8800:2008 Normas brasileiras em vigor - ABNT NBR 8800:2008 - Projeto de Estrutura de Aço e de Estrutura Mista de Aço e Concreto de Edifícios Substituiu a ABNT NBR-8800:1986, sendo destinada ao projeto de edifícios residenciais, comerciais, industriais e de uso público, com estrutura constituída de perfis laminados ou soldados. - ABNT NBR 14762:2010 - Dimensionamento de Estruturas de Aço constituídas por perfis formados a frio - Procedimento Destinada ao dimensionamento de perfis estruturais de aço formados a frio, constituídos por chapas ou tiras de aço carbono ou aço de baixa liga, com espessura máxima igual a 8mm, conectados por parafusos ou soldas e destinados a estruturas de edifícios. - ABNT NBR 6355:2003 - Perfis estruturais de aço formados a frio - Padronização Fixa os requisitos exigíveis dos perfis estruturais de aço formados a frio, com seção transversal aberta. - ABNT NBR 14323:2013 - Dimensionamento de estruturas de aço de edifícios em situação de incêndio - Procedimento - ABNT NBR 14432:2001 - Exigências de resistência ao fogo de elementos construtivos de edificações - Procedimento UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.3 Entidades estrangeiras que elaboram normaspara projeto de estruturas de aço - AISC American Institute of Steel Construction - AISI American Iron and Steel Institute - AASHTO American Association of State Highway and Transportation Officials. - AREA American Railway Engineering Association - ASCE American Society of Civil Engineers - DIN Deutsche Industrie Normen Normas estrangeiras mais utilizadas normas para projeto de estruturas de aço - AISC "Specification for the Design, Fabrication and Erection of Structural Steel for Buildings" Norma para edifícios industriais, residenciais, comerciais e públicos. - AISI "Specification for the Design of Cold-Formed Steel Structural Members" Norma para projeto de estruturas compostas por perfis de aço formados a frio. - AASHTO "Standard Specifications for Highway Bridges" Norma para projeto de pontes rodoviárias. - AREA "Specification for Steel Railway Bridges" Norma para projeto de pontes ferroviárias. - ASCE "Guide for the Design of Steel Transmission Towers" Norma para projeto de torres de linhas de transmissão. - DIN "Stahl in Hochbau" Norma para o projeto de edifícios de estruturas metálicas. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.4 2.3 Ações nas estruturas Ações são influências ou conjunto de influências capazes de produzir um estado de tensão ou deformação em uma estrutura. São provocadas por fenômenos físicos, muitos dos quais originados na própria natureza As ações são grandezas essencialmente aleatórias e, em muitos casos, ocorre uma boa regularidade de valores. Ao longo do tempo, têm-se buscado adaptar as distribuições reais de freqüência de ocorrência dos valores das ações às distribuições clássicas da estatística, tais como as distribuições normal, gama, etc. Em muitos casos já existe consenso quanto ao tipo de distribuição estatística e aos estimadores estatísticos mais adequados, como o valor médio e os valores que representam a dispersão de resultados individuais (variância, desvio padrão e coeficiente de variação). Normalmente, as ações apresentam uma variação de valores ao longo do tempo. Em alguns casos, é necessário avaliar a distribuição de valores em relação a um período convencional de recorrência ou de referência, como, por exemplo, no caso de forças devidas ao vento. No desenvolvimento de um projeto estrutural, o engenheiro deve identificar e quantificar as ações que atuam na estrutura. A identificação é função do bom senso e da experiência do profissional, enquanto que os valores das ações são determinados com base em normas especificas. 2.3.1 Classificação das ações A - Quanto à forma de aplicação - Ações diretas Decorrem da aplicação direta de forças sobre a estrutura. - Ações indiretas Decorrem de deformações e deslocamentos impostos. B - Quanto à origem - Devido à própria estrutura e materiais empregados - Decorrentes da utilização normal da construção - Decorrentes de forças da natureza - Decorrentes de acidentes UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.5 C - Quanto à variabilidade com o tempo e frequência de ocorrência - Ações permanentes - G São aquelas que atuam continuamente sobre a estrutura, apresentando em geral, variações reduzidas após sua instalação (Figura 2.1). Envolvem: - peso próprio da estrutura, revestimentos, forros, paredes e elementos de vedação; - peso de equipamentos fixos; - empuxo de terras não removíveis; - protensão; - recalques de apoios, etc. Figura 2.1 - Comportamento de uma ação permanente ao longo do tempo. - Ações variáveis - Q São aquelas que apresentam variações significativas ao longo da vida da construção. Correspondem basicamente às ações que atuam sobre a estrutura em função da existência, localização e utilização normal da construção (Figura 2.2) Envolvem: - sobrecarga de utilização normal; - deformações térmicas; - forcas de ventos; - empuxos hidrostáticos em reservatórios e represas, etc. Figura 2.2 - Comportamento de uma ação variável ao longo do tempo. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.6 Em certas estruturas pode ser necessário a consideração de ações variáveis de caráter especial, como ações sísmicas ou cargas acidentais de natureza ou intensidade especiais. - Ações excepcionais - E São aquelas que possuem uma probabilidade muito baixa de ocorrência durante a vida útil da construção, apresentando valores elevados e curta duração, mas que devem ser consideradas no projeto estrutural de construções de grande importância, como por exemplo as usinas nucleares (Figura 2.3). Envolvem: - explosões; - sismos excepcionais; - choque de veículos; - furacões, etc. Figura 2.3 - Comportamento de uma ação excepcional ao longo do tempo. A classificação das ações em relação à variabilidade com o tempo e frequência de ocorrência é a de maior interesse para o projeto das estruturas metálicas. Segundo este critério analisam-se os tipos de ações atuantes e identificam-se as situações mais desfavoráveis de ocorrência conjunta de ações sobre uma determinada estrutura. 2.3.2 Determinação dos valores das ações Existe uma probabilidade associada à ocorrência de uma determinada ação. Portanto, não se tratam nestes casos com grandezas determinísticas. Algumas normalizações brasileiras foram desenvolvidas de forma a tratar especificamente da determinação das ações. Pode-se citar: - ABNT NBR 6120:2019 – Ações para cálculo de estruturas de edificações; - ABNT NBR 6123:1988 – Forcas devidas ao vento em edificações; - ABNT NBR 8800:2008 – Anexo B - Ações. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.7 De acordo com essas normas determinam-se os valores nominais das ações comuns em estruturas metálicas tais como: - peso próprio; - sobrecargas de piso e cobertura; - vento; - outras ações variáveis. Os valores de ações prescritos nessas normas são valores nominais, que são interpretados como valores máximos de uma ocorrência, durante um determinado espaço de tempo, com baixíssima probabilidade de serem ultrapassados. Na Figura 2.4 ilustra-se o conceito de distribuição estatística de uma ação qualquer S. Neste diagrama, pode-se destacar o valor médio (Sm) e o valor nominal (Sn ). A probabilidade do valor nominal (Sn) ser ultrapassado é dada pela área hachurada à direita de Sn . Figura 2.4 - Distribuição normal de uma ação S. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.8 2.3.3 Combinações de ações As estruturas podem ser submetidas a diferentes ações variáveis. Um carregamento ou uma combinação de ações é definida pelo conjunto de ações que tem probabilidade não desprezível de atuarem simultaneamente sobre uma estrutura, durante o período de vida útil previsto. Cada carregamento admitido é resultante da combinação das várias ações de diferentes formas, buscando-se determinar os efeitos mais desfavoráveispara a construção (Figura 2.5). Figura 2.5 - Combinação de ações. Além das combinações normais de ações, que envolvem as ações variáveis normais, pode ser necessário considerar os seguintes tipos de combinações: de construção e excepcional. Uma combinação que envolva ações variáveis de diferentes naturezas A baixa probabilidade da ocorrência simultânea de valores máximos dessas ações é considerada com a introdução de diferentes fatores de combinação. Para definir as combinações de ações para uma estrutura, deve-se seguir os seguintes passos: - considerar uma das ações variáveis como principal, utilizando-se seu valor nominal máximo, e as demais ações variáveis num instante qualquer, utilizando-se valores nominais reduzidos por coeficientes adequados; - sobre os valores nominais das ações, aplicar os coeficientes ponderação, que são função do método de dimensionamento adotado e do tipo de verificação a ser realizada. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.9 2.4 Análise estrutural É através da análise estrutural que obtém-se as respostas de uma estrutura quando submetida a uma ação ou combinação de ações. Os métodos de análise estrutural constituem-se objetivo principal dos cursos de Teoria das Estruturas, não sendo pois, tratados neste trabalho. No entanto, para proceder à análise estrutural, é necessário conhecer as situações que determinam a realização dos diferentes tipos existentes. 2.4.1 Tipos de análise estrutural Os tipos de análise estrutural estão relacionados às características e às condições que a estrutura e o matérial estrutural estão submetidos, podendo ser classificados como mostrado a seguir. A - Quanto à variação das ações com o tempo - Análise estática Não leva em conta as leis de variação das ações com o tempo, sendo realizada para valores pré-estabelecidos das mesmas, correspondentes a períodos de ocorrência adequados, ou para combinações apropriadas. - Análise dinâmica Leva em conta as leis de variação das ações com o tempo, devendo ser utilizada nos casos em que a variação dos valores das ações ocorram em períodos de tempo de mesma ordem de grandeza do período fundamental da estrutura ou inferior a este. As análises dinâmicas envolvem a determinação dos valores de cada resposta em função do tempo (histórico das respostas). B - Quanto à variação da geometria da estrutura - Análise linear geométrica (análise de primeira ordem) Consiste numa análise linear, segundo a teoria de primeira ordem e realizada com base na geometria indeformada da estrutura. Não considera a variação da geometria inicial da estrutura devido à ação ou combinação de ações para determinação das respostas estruturais (esforços solicitantes, deslocamentos, etc.). - Análise não-linear geométrica (análise de segunda ordem) Consiste em uma análise não-linear, realizada com base na geometria deformada da estrutura. Leva em consideração a variação da geometria inicial da estrutura devido à ação ou conbinação de ações para determinação das repostas estruturais (esforços solicitantes, deslocamentos, etc.). UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.10 A análise não-linear geométrica, considerando os efeitos dos deslocamentos, deve ser utilizada sempre que estes afetarem de forma significativa os esforços internos. No âmbito da ABNT NBR 8800:2008, este tipo de análise não-linear é denominada análise de segunda ordem. a) b) Figura 2.6 - Deslocamentos horizontais em pórticos planos. C - Quanto ao comportamento do material - Análise linear material (análise global elástica) Admite-se que o material apresenta um diagrama Tensão x Deformação elástico- linear perfeito e que a lei de Hooke é válida para todos os pontos da estrutura (Figura 2.7). UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.11 Figura 2.7 - Diagrama Tensão x Deformação elástico-linear. - Análise não-linear material (análise global plástica) Admite-se que o material apresenta um diagrama Tensão x Deformação rígido- plástico, elastoplástico perfeito ou elastoplástico não-linear. O material não obedece a lei de Hooke desde o inicio do diagrama Tensão x Deformação ou a obedece até um certo limite de proporcionalidade (Figura 2.8). a) Diagrama Tensão x Deformação elastoplástico perfeito para o aço. b) Diagrama Tensão x Deformação não linear para o concreto. Figura 2.8 - Diagramas Tensão x Deformação não lineares. 2.4.2 Escolha do tipo de análise A escolha de um tipo de análise deve assegurar que os resultados obtidos serão representativos do real comportamento da estrutura. A adoção de um tipo de análise mais complexo está, quase sempre, relacionado com os recursos de cálculo que se dispõe. No entanto, as simplificações admitidas não devem comprometer o real comportamento da estrutura. É relativamente comum encontrar-se orientações sobre o tipo de análise a proceder nas próprias normas técnicas. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.12 Pode-se dizer que não existem regras gerais para a adoção de um tipo de análise estrutural devido à diversidade de casos que podem ocorrer. Existem sim, indicações em função dos casos mais comuns, que servem de indicativos para a interpretação dos problemas. 2.5 Métodos de dimensionamento O dimensionamento consiste na determinação ou seleção de peças estruturais mais adequadas para resistirem aos esforços que surgem numa estrutura. Um método de dimensionamento pode ser definido como um conjunto de princípios aplicados sobre as respostas obtidas da análise estrutural , com vistas à definição dos critérios de segurança estrutural. Os critérios de segurança no projeto estrutural tem por objetivo: - garantir a capacidade de carga e estabilidade para a estrutura; - garantir uma boa capacidade de utilização da construção para as finalidades funcionais previstas; - garantir um bom desempenho quanto à durabilidade para a estrutura. Uma estrutura segura deve atingir os objetivos citados anteriormente, tendo também em vista o critério de economia. 2.5.1 Métodos utilizados no projeto de estruturas de aço A base de um método de dimensionamento está relacionada com a forma de obtenção dos valores para a verificação da segurança da estrutura. Daí, tem-se a origem de métodos com bases determinísticas ou semi-probabilísticas. Dentre os métodos de dimensionamento, os mais utilizados no cálculo das estruturas de aço são: - Método das Tensões Admissíveis (MTA); - Método dos Estados Limites (MEL). A maioria dos códigos e normas internacionais atuais para dimensionamento de estruturas de aço e mistas de aço e concreto são baseadas no Método dos Estados Limites (Ex: EN-1993-1-1:2005, ABNT NBR 8800:2008, etc.). UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.13 2.6 Critérios de segurança segundo a ABNT NBR 8800:2008 2.6.1 Método de dimensionamento A ABNT NBR 8800:2008 - Projeto de Estrutura deAço e de Estrutura Mista de Aço e Concreto de Edifícios tem como base o Método dos Estados Limites. Segundo o Método dos Estados Limites, exige-se que nenhum estado limite aplicável seja excedido quando a estrutura for submetida a todas as combinações apropriadas de ações. Se um ou mais estados limites forem excedidos, a estrutura não atende mais aos objetivos para os quais foi projetada. Devem ser considerados os estados limites últimos (ELU) e os estados limites de serviço (ELS). Os estados limites últimos estão relacionados com a segurança da estrutura sujeita às combinações mais desfavoráveis de ações previstas em toda a vida útil, durante a construção ou quando atuar uma ação especial ou excepcional. Os estados limites de serviço estão relacionados com o desempenho da estrutura sob condições normais de utilização. 2.6.2 Estados limites últimos Os estados limites últimos correspondem às situações que produzem colapso parcial ou total de uma estrutura ou de um elemento estrutural. Um estado limite último deverá ter uma probabilidade muito pequena de ocorrência, pois terá como conseqüência a ruína parcial ou total da estrutura. Os estados limites últimos típicos de elementos estruturais de aço são: a) colapso O colapso ou perda da capacidade de sustentação de um elemento estrutural pode ocorrer por ter sido ultrapassado o limite de resistência do material. b) instabilidade global ou parcial A instabilidade global de uma barra de aço comprimida pode se dar segundo modos de flambagem distintos como: - flambagem por flexão (Figura 2.9) ou por flexo torção; - flambagem lateral com torção. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.14 Figura 2.9 - Flambagem por flexão de uma barra comprimida. c) perda de equilíbrio da estrutura ou de parte dela, considerada como um corpo rígido Como casos típicos pode-se citar: - tombamento; - arrancamento de fundações; - deslizamentos; d) deformação plástica excessiva A deformação plástica excessiva é considerada um estado limite último porque pode causar alterações na geometria da estrutura, que geram esforços secundários que podem levar a estrutura ao colapso. e) grandes deformações Transformação da estrutura em um mecanismo devido ao aparecimento de rótulas plásticas. A verificação da segurança relativa aos Estados Limites Últimos é expressa pela seguinte desigualdade: 0, dd RS onde: - Sd valores de cálculo dos esforços atuantes obtidos com base nas combinações últimas de ações; - Rd valores de cálculo dos correspondentes esforços resistentes. Para verificação da segurança com relação a cada esforço atuante, a condição de segurança pode ser expressa de forma simplificada por: dd SR P P L P x x y y P P L P P L P x x y yP x x y y UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.15 2.6.3 Estados limites de serviço Os estados limites de serviço correspondem às situações em que uma estrutura ou de um elemento estrutural deixa de atender a critérios de serviço estabelecidos. Quando um estado limite de serviço é excedido, ocorre o comprometimento da funcionalidade da estrutura. Os estados limites de serviço típicos de elementos estruturais de aço são: a) deslocamento elástico excessivo As recomendações a respeito dos valores máximos para deslocamentos são apresentadas no Anexo C da ABNT NBR 8800:2008 (Tabela C.1 do Anexo C). Como casos típicos pode-se citar: - deslocamentos verticais excessivos que podem causar danos permanentes à estrutura ou aos fechamentos; - deslocamentos horizontais excessivos que podem causar o descarrilhamento de pontes rolantes. b) vibração O Anexo L da ABNT NBR 8800:2008 fornece os subsídios básicos para o tratamento do problema de vibração em pisos. c) fadiga É considerada uma Estado Limite de Serviço, pois mesmo envolvendo a segurança da estrutura, pode ser evitada por meio de inspeções periódicas. O Anexo L da ABNT NBR 8800:2008 trata especificamente do fenômeno de fadiga em elementos estruturais e ligações. Outros estados limites de serviço não citados anteriormente, como empoçamento, corrosão, ruptura frágil, são considerados no item 11 da ABNT NBR 8800:2008. A verificação de um estado limite de serviço é realizada considerando-se a atuação das cargas de serviço ou nominais na estrutura. A verificação da segurança relativa aos estados limites de serviço é expressa pela seguinte desigualdade: onde: - Sser valores dos efeitos estruturais de interesse, obtidos com base nas combinações de serviço das ações; - Slim valores-limites adotados para esses efeitos. limSSserv UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.16 2.6.4 Ações e combinações de ações 2.6.4.1 Tipos de ações Na análise estrutural deve ser considerada a influência de todas as ações que possam produzir efeitos significativos para a estrutura, levando-se em conta os estados-limites últimos e de serviço. De acordo com a ABNT NBR 8800:2008, as ações são classificadas quanto à variabilidade com o tempo e frequência de ocorrência em: a) Ações permanentes (G) As ações permanentes são sub-divididas de acordo com a forma de aplicação em: - permanentes diretas; - permanentes indiretas. b) Ações variáveis (Q) c) Ações excepcionais (Qexc) 2.6.4.2 Valores das ações a) Valores característicos Os valores característicos, Fk, das ações são estabelecidos em função da variabilidade de suas intensidades. - Ações permanentes Para as ações permanentes, os valores característicos, Fgk, devem ser adotados iguais aos valores médios das respectivas distribuições de probabilidade. Esses valores estão definidos na ABNT NBR 8800:2008 ou em Normas Brasileiras específicas, como a NBR 6120:2019. - Ações variáveis Os valores característicos das ações variáveis, Fqk, são estabelecidos por consenso e indicados em Normas Brasileiras específicas. Esses valores têm uma probabilidade prestabelecida de serem ultrapassados no sentido desfavorável, durante um período de 50 anos, e estão definidos ABNT NBR 8800:2008 ou em Normas Brasileiras específicas, como a ABNT NBR 6120:2019 e a ABNT NBR 6123:1988. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.17 b) Valores característicos nominais Para as ações que não tenham sua variabilidade adequadamente expressa por distribuições de probabilidade, os valores característicos são substituídos por valores característicos nominais, escolhidos de modo a assegurar o nível de exigência da ABNT NBR 8800:2008. c) Valores representativos As ações são quantificadas por seus valores representativos, Fr, que podem ser: a) valores característicos ou valores característicos nominais, que são denominados simplesmente valores característicos na ABNT NBR 8800:20008; b) valores convencionais excepcionais, que são os valores arbitrados para as ações excepcionais; c) valores reduzidos, em função da combinação de ações; d) Valores de cálculo São obtidos a partir dos valores representativos, Fr, multiplicando-os pelos respectivos coeficientes de ponderação γf . 2.6.4.3 Coeficientesde ponderação das ações As ações devem ser ponderadas pelo coeficiente γf, dado por: onde: - γf1 parcela do coeficiente de ponderação das ações γf, que considera a variabilidade das ações; - γf2 parcela do coeficiente de ponderação das ações γf, que considera a simultaneidade de atuação das ações; - γf3 parcela do coeficiente de ponderação das ações γf, que considera os possíveis erros de avaliação dos efeitos das ações, seja por problemas construtivos, seja por deficiência do método de cálculo empregado, de valor igual ou superior a 1,10. a) Coeficientes de ponderação das ações no estado-limite último (ELU) Os valores-base para verificação dos estados-limites últimos são apresentados na ABNT NBR 8800:2008 (Tabelas 2.1 e 2.2) para o produto γf1 γf3 e para γf2, respectivamente. O produto γf1 γf3 é representado por γg ou γq. O coeficiente γf2 é igual ao fator de combinação ψ0. O valor do coeficiente de ponderação de ações permanentes de mesma origem, num dado carregamento,deve ser o mesmo ao longo de toda a estrutura. 321 ffff UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.18 Tabela 2.1 - Valores dos coeficientes de ponderação das ações γf1 γf3 UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.19 Tabela 2.2 - Valores dos fatores de combinação ψo e de redução ψ1 e ψ2 para as ações variáveis UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.20 b) Coeficientes de ponderação das ações no estado-limite de serviço (ELS) Em geral, o coeficiente de ponderação das ações para os estados-limites de serviço, γf, é igual a 1,0. Nas combinações de ações de serviço são usados os fatores de redução ψ1 e ψ2, dados na Tabela 2.2, para obtenção dos valores freqüentes e quase permanentes das ações variáveis, respectivamente. 2.6.4.4 Combinações de ações Um carregamento é definido pela combinação das ações que têm probabilidades não desprezáveis de atuarem simultaneamente sobre a estrutura, durante um período prestabelecido. A combinação das ações deve ser feita de forma que possam ser determinados os efeitos mais desfavoráveis para a estrutura. A verificação dos estados-limites últimos e dos estados-limites de serviço deve ser realizada em função de combinações últimas e combinações de serviço, respectivamente. a) Combinações últimas a.1) Combinações últimas normais As combinações últimas normais decorrem do uso previsto para a edificação. Devem ser consideradas tantas combinações de ações quantas forem necessárias para verificação das condições de segurança em relação a todos os estados-limites últimos aplicáveis. Em cada combinação devem estar incluídas as ações permanentes e a ação variável principal, com seus valores característicos e as demais ações variáveis, consideradas secundárias, com seus valores reduzidos de combinação. onde: FGi,k representa os valores característicos das ações permanentes; FQ1,k é o valor característico da ação variável considerada principal para a combinação; FQj,k representa os valores característicos das ações variáveis que podem atuar concomitantemente coma ação variável principal. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.21 a.2) Combinações últimas especiais As combinações últimas especiais decorrem da atuação de ações variáveis de natureza ou intensidade especial, cujos efeitos superam em intensidade os efeitos produzidos pelas ações consideradas nas combinações normais. Os carregamentos especiais são transitórios, com duração muito pequena em relação ao período de vida útil da estrutura. A cada carregamento especial corresponde uma única combinação última especial de ações, na qual devem estar presentes as ações permanentes e a ação variável especial, com seus valores característicos, e as demais ações variáveis com probabilidade não desprezável de ocorrência simultânea, com seus valores reduzidos de combinação. onde: FQ1,k é o valor característico da ação variável especial; ψ0j,ef representa os fatores de combinação efetivos de cada uma das ações variáveis que podem atuar concomitantemente com a ação variável especial FQ1. Os fatores ψ0j,ef são iguais aos fatores ψ0j adotados nas combinações normais, salvo quando a ação variável especial FQ1 tiver um tempo de atuação muito pequeno, caso em que ψ0j,ef podem ser tomados como os correspondentes fatores de redução ψ2j. a.3) Combinações últimas de construção As combinações últimas de construção devem ser levadas em conta nas estruturas em que haja riscos de ocorrência de estados-limites últimos, já durante a fase de construção. O carregamento de construção é transitório e sua duração deve ser definida em cada caso particular. Devem ser consideradas tantas combinações de ações quantas sejam necessárias para verificação das condições de segurança em relação a todos os estados-limites últimos que são de se temer durante a fase de construção. Em cada combinação devem estar presentes as ações permanentes e a ação variável principal, com seus valores característicos e as demais ações variáveis, consideradas secundárias, com seus valores reduzidos de combinação. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.22 Para cada combinação, aplica-se a mesma expressão dada em para as combinações últimas especiais, onde FQ1,k é o valor característico da ação variável admitida como principal para a situação transitória considerada. a.4) Combinações últimas excepcionais As combinações últimas excepcionais decorrem da atuação de ações excepcionais que podem provocar efeitos catastróficos. As ações excepcionais somente devem ser consideradas no projeto de estrutura de determinados tipos de construção, nos quais essas ações não possam ser desprezadas e que, além disso, na concepção estrutural, não possam ser tomadas medidas que anulem ou atenuem a gravidade das conseqüências dos seus efeitos. O carregamento excepcional é transitório, com duração extremamente curta. A cada carregamento excepcional corresponde uma única combinação última excepcional de ações, na qual devem figurar as ações permanentes e a ação variável excepcional, com seus valores característicos, e as demais ações variáveis com probabilidade não desprezável de ocorrência simultânea, com seus valores reduzidos de combinação, conforme a ABNT NBR 8681. Nos casos de ações sísmicas, deve ser utilizada a ABNT NBR 15421. b) Combinações de serviço b.1) Combinações quase permanentes de serviço As combinações quase permanentes são aquelas que podem atuar durante grande parte do período de vida da estrutura, da ordem da metade desse período. Essas combinações são utilizadas para os efeitos de longa duração e para a aparência da construção. Nas combinações quase permanentes, todas as ações variáveis são consideradas com seus valores quase permanentes ψ2 FQ,k. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamentode Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.23 b.2) Combinações frequentes de serviço As combinações freqüentes são aquelas que se repetem muitas vezes durante o período de vida da estrutura, da ordem da 105 vezes em 50 anos, ou que tenham duração total igual a uma parte não desprezável desse período, da ordem de 5 %. Essas combinações são utilizadas para os estados-limites reversíveis, isto é, que não causam danos permanentes à estrutura ou a outros componentes da construção, incluindo os relacionados ao conforto dos usuários e ao funcionamento de equipamentos, tais como vibrações excessivas, movimentos laterais excessivos que comprometam a vedação, empoçamentos em coberturas (ver 9.3 e 11.6) e aberturas de fissuras. Nas combinações freqüentes, a ação variável principal FQ1 é tomada com seu valor freqüente ψ1 FQ1,k e todas as demais ações variáveis são tomadas com seus valores quase permanentes ψ2 FQ,k. b.3) Combinações raras de serviço As combinações raras são aquelas que podem atuar no máximo algumas horas durante o período de vida da estrutura. Essas combinações são utilizadas para os estados-limites irreversíveis, isto é, que causam danos permanentes à estrutura ou a outros componentes da construção, e para aqueles relacionados ao funcionamento adequado da estrutura, tais como formação de fissuras e danos aos fechamentos. Nas combinações raras, a ação variável principal FQ1 é tomada com seu valor característico FQ1,k e todas as demais ações variáveis são tomadas com seus valores freqüentes ψ1 FQ,k. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.24 2.6.5 Obtenção das solicitações de cálculo Após a determinação das combinações útimas de ações, por meio da análise estrutural devem ser determinadas das solicitações de cálculo (Sd) para os elementos que compõem a estrutura. De uma forma genérica, pode-se expressar as solicitações de cálculo pela expressão a seguir: fi i,kdS S A onde: fi representa os coeficientes de ponderação das ações; Ai,k representa os valores característicos das ações de diversas naturezas que atuam em uma determinada combinação. Se a análise estrutural realizada for de primeira ordem, as solicitações de cálculo são diretamente proporcionais às ações e, portanto, os coeficientes de ponderação das ações podem ser aplicados diretamente sobre as solicitações características, com efeito equivalente a aplicá-los sobre as ações e realizar a análise posteriormente. Isto pode ser representado por meio da seguinte expressão: fi i,k fi i,kdS S A S onde: Si,k representa os valores característicos das solicitações obtidas para cada tipo de ação. Se a análise estrutural for de segunda ordem, as solicitações de cálculo não são diretamente proporcionais às ações e, portanto, os coeficientes de ponderação das ações devem ser aplicados exclusivamente sobre ações características. Isto pode ser representado por meio da seguinte expressão: i i fi i,kdS S A S 2.6.6 Determinação das resistências 2.6.6.1 Valores característicos e nominais As resistências dos materiais são representadas pelos valores característicos definidos como aqueles que, em um lote de material, têm apenas 5 % de probabilidade de não serem atingidos. O valor característico pode ser substituído pelo valor nominal, quando fornecido por norma ou especificação aplicável ao material. Por simplicidade, o termo “nominal” aplicado a uma resistência pode significar tanto uma resistência característica quanto uma resistência nominal. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.25 2.6.6.2 Valores de cálculo A resistência de cálculo fd de um material é definida como: k d m f f onde: - fk parcela do coeficiente de ponderação que considera a variabilidade da resistência dos materiais envolvidos; - γm coeficiente de ponderação da resistência. O coeficiente γm é dado por: m m1 m2 m3 onde: - γm1 parcela do coeficiente de ponderação que considera a variabilidade da resistência dos materiais envolvidos; - γm2 parcela do coeficiente de ponderação que considera a diferença entre a resistência do material no corpo-de-prova e na estrutura; - γm3 parcela do coeficiente de ponderação que considera os desvios gerados na construção e as aproximações feitas em projeto do ponto de vista das resistências. a) Coeficientes de ponderação das resistências no estado-limite último (ELU) Os valores dos coeficientes de ponderação das resistências γm do aço estrutural, do concreto e do aço das armaduras, representados respectivamente por γa, γc e γs, são dados na ABNT NBR 8800:2008 (Tabela 2.3), em função da classificação da combinação última de ações. No caso do aço estrutural, são definidos dois coeficientes, γa1 e γa2, o primeiro para estados limites últimos relacionados a escoamento, flambagem e instabilidade e o segundo à ruptura. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.26 Tabela 2.3 - Valores dos coeficientes de ponderação das resistências γm b) Coeficientes de ponderação das resistências no estado-limite de serviço (ELS) Para os estados limite de serviço não se minoram as resistências. Portanto, deve-se tomar γm=1,00. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.27 2.7 Critérios de estabilidade e análise estrutural segundo a ABNT NBR 8800:2008 2.7.1 Sistemas estruturais resistentes a ações horizontais Em um sistema estrutural é possível identificar subestruturas responsáveis por resistir às ações horizontais, que são denominadas subestruturas de contraventamento (Figura 2.10). Figura 2.10 - Subestruturas de contraventamento. Os elementos que não possuem a capacidade de resistir às ações horizontais e que, por essa razão, não participam dos sistemas resistentes às mesmas, são ditos elementos contraventados (Figura 2.11). Figura 2.11 - Elementos contraventados. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.28 Os elementos que não dependem das subestruturas de contraventamento para sua estabilidade são ditos elementos isolados (Figura 2.12). Estes elementos podem ser, por exemplo, uma barra engastada em uma extremidade e livre na outra, uma barra birrotulada ou uma barra engastada-rotulada. Figura 2.12 - Elementos isolados. No âmbito das estruturas de aço é muito comum encontrar estruturas nas quais em uma direção as subestruturas de contraventamento são pórticos rígidos e na outra sistemas treliçados (Figura 2.13, Figura 2.14 e Figura 2.15). Figura 2.13 - Diferentes estratégias de estabilização em uma mesma estrutura. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.29 Figura 2.14 - Sistemas de estabilizaçãoem diferentes direções de uma mesma estrutura. Figura 2.15 - Pórtico rígido na fachada frontal do Edifício das Licenciaturas na UFV – Viçosa – MG. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.30 2.7.2 Análise de segunda ordem 2.7.2.1 Efeitos que devem ser considerados Para a análise de segunda ordem, deve-se trabalhar com a estrutura deformada. Dessa forma, devem ser considerados os denominados efeitos global e local de segunda ordem. Efeito global de segunda ordem Numa análise de segunda ordem, os efeitos decorrentes dos deslocamentos horizontais dos nós da estrutura, provocados pelo conjunto de ações, são ditos efeitos globais de segunda ordem (P-∆) (Figura 2.16). Figura 2.16 - Efeitos globais de segunda ordem (P-∆). Efeito local de segunda ordem Numa análise de segunda ordem, os efeitos decorrentes da não-retilineidade dos eixos das barras, provocados pelo conjunto de ações, são ditos efeitos locais de segunda ordem (P-δ) (Figura 2.17). Figura 2.17 - Efeitos locais de segunda ordem (P-δ). UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.31 2.7.2.2 Métodos de análise estrutural de segunda ordem Uma análise de segunda ordem pode ser realizada por diferentes métodos que considerem os efeitos global (P-∆) e local (P-δ), tendo como base: - teorias geometricamente exatas; - teorias aproximadas; - adaptações a resultados da teoria de primeira ordem; Por simplicidade, a ABNT NBR 8800:2008 trata os três tipos de análise citados como análise de segunda ordem. Normalmente, o trabalho de cálculo para uma análise de segunda ordem torna praticamente indispensável o uso de ferramentas computacionais. Atualmente, diversos programas computacionais para análise estrutural, de natureza acadêmica ou comercial, permitem a realização de análises não lineares, oferecendo resultados satisfatórios. Com o objetivo de oferecer uma alternativa aos profissionais e por efeitos didáticos, a ABNT NBR 8800:2008 apresenta um método simplificado para análise de segunda ordem, denominado Método da Amplificação dos Esforços Solicitantes – MAES. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.32 2.7.2.3 Análise aproximada de segunda ordem pelo Método da Amplificação dos Esforços Solicitantes – MAES No Anexo D da ABNT NBR 8800:2008 apresenta-se o Método da Amplificação dos Esforços Solicitantes (MAES). O MAES é considerado uma simulação com precisão aceitável da análise elástica aproximada de segunda ordem, levando-se em conta os efeitos global (P-Δ) e local (P-δ). Para a aplicação do MAES deve-se substituir a estrutura original pela soma de outras duas, conforme mostrado no modelo de análise da Figura 2.18. (nt – “no translation”, ou seja, sem deslocamento lateral) (ℓt – “lateral translation”, ou seja, com deslocamento lateral) Figura 2.18 - Modelo de análise. Modelo de análise: - Estrutura nt (no translation) Modelo com o carregamento total, com nós impedidos de se deslocar lateralmente, por meio de contenções horizontais fictícias. - Estrutura ℓt (lateral translation) Modelo submetido ao efeito das reações das contenções fictícias aplicadas em sentido contrário, nos mesmos pontos onde tais contenções foram colocadas. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.33 Momento fletor e força axial Determinar em cada andar do modelo estrutural analisado o momento fletor solicitante de cálculo (MSd) e a força axial solicitante de cálculo (NSd) utilizando-se as seguintes expressões: t2nt1Sd MBMBM t2ntSd NBNN onde: Mnt e Nnt são, respectivamente, o momento fletor e a força axial solicitantes de cálculo, obtidos por análise elástica de primeira ordem na Estrutura nt; Mℓt e Nℓt são, respectivamente, o momento fletor e a força axial solicitantes de cálculo, obtidos por análise elástica de primeira ordem na Estrutura ℓt. B1 e B2 são coeficientes que têm o objetivo de considerar os efeitos locais (P-δ) e globais (P-∆) respectivamente. Coeficiente B1 O coeficiente B1 é dado pela expressão: onde: Ne é a força axial que provoca a flambagem elástica por flexão da barra no plano de atuação do momento fletor, calculada com o comprimento real da barra, considerando, se for o caso, a imperfeição inicial de material, conforme item 4.9.7 da ABNT NBR 8800:2008. NSd1 é a força axial de compressão solicitante de cálculo na barra considerada, em análise de primeira ordem. tntSd NNN 1 Caso a força axial que atue na barra considerada seja de tração, deve-se adotar: 0,11 B UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.34 Cm é um coeficiente de equivalência de momentos, que busca representar a influência da curvatura da barra no efeito local, sendo dado para as seguintes condições: • se houver forças transversais entre as extremidades da barra no plano de flexão, o valor de Cm deve ser determinado por análise racional ou ser tomado conservadoramente igual a 1,0. • se não houver forças transversais entre as extremidades da barra no plano de flexão: 2 140,060,0 M M Cm onde: M1 / M2 é a relação entre o menor e o maior dos momentos fletores solicitantes de cálculo na estrutura nt no plano de flexão, nas extremidades apoiadas da barra, tomada como positiva quando os momentos provocarem curvatura reversa e negativa quando provocarem curvatura simples. 2211 ; ntnt MMMM Para simplificar a obtenção do coeficiente Cm, sugere-se a utilização da expressão a seguir, na qual se considera o verdadeiro sinal algébrico dos momentos M1 e M2 nas extremidades da barra, dispensando-se assim a análise da curvatura provocada pela distribuição de momentos fletores (Figura 2.19). 2 140,060,0 M M Cm a) Curvatura reversa b) Curvatura simples Figura 2.19 - Tipos de curvatura em barras. Lb M 1 M 2 Lb M 1 M 2 Lb M 1 M 2 (b) (c)(a) seções contidas lateralmente UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.35 Coeficiente B2 O coeficiente B2 é dado pela expressão: Sd Sdh s H N hR B 1 1 1 2 onde: ΣNSd é carga gravitacional total que atua no andar considerado, englobando as cargas atuantes nas subestruturas de contraventamento e nos elementos que não pertençam a estas subestruturas. Rs é um coeficiente de ajuste, igual a 0,85 nas estruturas onde o sistema resistente a ações horizontais é constituído apenas por subestruturas de contraventamento formadas por pórticos rígidos e igual a 1 para as outras estruturas. Δh é o deslocamento horizontal relativo entre os níveis superior e inferior (deslocamento interpavimento) do andar considerado, obtido da análise de primeira ordem, na estrutura original ou na estrutura ℓt. Se Δh possuir valores diferentesem um mesmo andar, deve ser tomado um valor ponderado para este deslocamento em função da proporção das cargas gravitacionais atuantes ou, de modo conservador, o maior valor. ΣHSd é a força cortante no andar, produzida pelas forças horizontais de cálculo atuantes, usadas para determinar Δh e obtida na estrutura original ou na estrutura ℓt. h é a altura do andar (distância entre eixos de vigas de dois andares consecutivos ou entre eixos de vigas e a base, no caso do primeiro andar). Força Cortante A força cortante quase não sofre influência dos efeitos de segunda ordem, então seu valor pode ser tomado igual ao da análise de primeira ordem ou segundo a expressão: tntSd VVV onde: Vnt e Vℓt são, respectivamente, as forças cortantes de cálculo na estrutura nt e na estrutura ℓt. Como a força cortante quase não sofre influência dos efeitos de segunda ordem, os coeficientes B1 e B2 não entram em seu cálculo. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.36 Considerações sobre os coeficientes B1 e B2 O coeficiente B1 tem a função de considerar, em todas as barras da estrutura, o efeito local (P-δ). Nesta lógica, seu valor deve aumentar conforme o aumento do deslocamento δ nas barras da estrutura, que depende dos momentos fletores atuantes (representados pelo coeficiente Cm), da força axial atuante (NSd1) e da rigidez da barra (representada pela força que provoca flambagem elástica na mesma - Ne ). O coeficiente B2 tem a função de considerar, em todos os andares da estrutura, o efeito global (P-∆). Nesta lógica, seu valor deve aumentar conforme o aumento do deslocamento ∆ na estrutura e com o aumento das forças gravitacionais (ΣNSd). O deslocamento ∆ será tão maior, quanto menor for a rigidez da estrutura (medida pela relação Δh / h). 2.7.3. Imperfeições iniciais 2.7.3.1 Classificação das imperfeições iniciais Nas estruturas de aço existem imperfeições iniciais da estrutura como um todo e de seus elementos isolados, que exercem influência nos esforços internos. As normas atuais prevêem que as imperfeições iniciais devem ser consideradas na análise estrutural de segunda ordem. As imperfeições iniciais são classificadas em: • Imperfeições iniciais geométricas - Imperfeição geométrica global Equivale aos deslocamentos horizontais dos nós da estrutura (desaprumos de montagem). - Imperfeição geométrica local Equivale aos deslocamentos devidos à não retilineidade dos eixos das barras. • Imperfeições iniciais de material São decorrentes das imperfeições nas barras devido à existência de tensões residuais que podem gerar escoamentos localizados. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.37 2.7.3.2 Imperfeições iniciais geométricas As imperfeições iniciais geométricas devem ser tomadas na forma de uma imperfeição equivalente global de L/500 ou local de L/1000, conforme o tipo de contenção adotado, onde L é o comprimento destravado do elemento (ABNT NBR 8800:2008 - item 4.9.3.3). • Imperfeição inicial geométrica global desaprumos de montagem (Figura 2.20). • Figura 2.20 - Imperfeição inicial geométrica global. • Imperfeição inicial geométrica local falta de retilineidade dos eixos das barras (Figura 2.21). Figura 2.21 - Imperfeição inicial geométrica local. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.38 As imperfeições iniciais geométricas também podem ser representadas por forças equivalentes (forças nocionais), que provoquem efeitos equivalentes aos dessas imperfeições, conforme mostrado na Figura 2.22. Figura 2.22 - Imperfeições iniciais geométricas UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.39 2.7.3.3 Imperfeições iniciais de material Em função da presença de tensões residuais nas barras componentes da estrutura, decorrentes do processo de laminação, podem ocorrer escoamentos localizados para tensões aparentes menores do que a tensão de escoamento em determinados pontos do perfil. Esse efeito, não é detectado na análise elástica e implica no aumento dos deslocamentos sofridos pela estrutura, o que pode ser entendido como uma redução na rigidez da mesma. Figura 2.23 - Distribuição de tensões residuais em perfis de aço. Figura 2.24 - Diagrama Tensão x Deformação de um aço considerando-se a influência das tensões residuais. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.40 2.7.3.4 Consideração das imperfeições iniciais na análise estrutural A - Consideração dos efeitos das imperfeições iniciais geométricas na análise Na análise estrutural deve-se considerar o efeito das imperfeições iniciais geométricas (desaprumos e falta de retilineidade das barras). Estes efeitos não devem ser considerados simultaneamente em direções ortogonais, para a estrutura em planta. No item 4.9.7.1.1 da ABNT NBR 8800:2008, permite-se considerar este efeito das seguintes formas: a) Deslocamento interpavimento () 333 h sendo h a altura do andar (distância entre eixos de vigas). b) Força horizontal equivalente (H) aplicada em cada andar (força nocional) SdNH %3,0 sendo NSd o valor das cargas gravitacionais de cálculo aplicadas em todos os pilares e outros elementos resistentes a cargas verticais, no andar considerado. B - Consideração dos efeitos das imperfeições iniciais de material na análise Na análise estrutural também pode-se considerar os efeitos das imperfeições de material. A ABNT NBR 8800:2008 aborda este aspecto da análise no item 4.9.7.1.2, onde especifica-se que os efeitos das imperfeições inicias de material devem ser levados em conta na análise, reduzindo-se a rigidez à flexão e a rigidez axial das barras para 80% dos valores originais. Considerando-se um aço com Módulo de Elasticidade de 200.000 MPa, o efeito das imperfeições de material pode ser levado em conta considerando-se um Módulo reduzido de 160.000 MPa. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.41 2.7.4 Análise estrutural segundo a ABNT NBR 8800:2008 2.7.4.1. Considerações para análise em Estados-Limites Últimos A - Classificação da estrutura quanto à sensibilidade a deslocamentos laterais Para efeitos da norma ABNT NBR 8800:2008 as estruturas são classificadas quanto à sensibilidade a deslocamentos laterais, nas seguintes categorias: - estruturas de pequena deslocabilidade; - estruturas de média deslocabilidade; - estruturas de grande deslocabilidade. A classificação das estruturas leva em consideração a relação entre o deslocamento lateral do andar relativo à sua base obtido em análise de segunda ordem com aquele obtido em análise de primeira ordem. Esta relação pode pode ser aproximada, de maneira aceitável, pelo valor do coeficiente B2 do MAES (conforme 3.1.3).A classificação da estrutura deve ser obtida em função das combinações últimas de ações em que os deslocamentos horizontais provenientes das forças horizontais tenham os mesmos sentidos dos deslocamentos horizontais decorrentes das cargas gravitacionais. Por simplicidade, essa classificação pode ser feita uma única vez, tomando-se a combinação de ações que fornecer, além de forças horizontais, a maior resultante de carga gravitacional. Para classificação das estruturas quanto à sensibilidade a deslocamentos laterais, as imperfeições iniciais de material não necessitam ser consideradas na análise. As estruturas são classificadas quanto à sensibilidade a deslocamentos em: Estruturas de pequena deslocabilidade Em todos os seus andares, a relação entre o deslocamento lateral do andar relativo à sua base obtido na análise de segunda ordem e aquele obtido na análise de primeira ordem, em todas as combinações últimas de ações (B2), for igual ou inferior a 1,1. Estruturas de média deslocabilidade A máxima relação entre o deslocamento lateral do andar relativo à sua base obtido na análise de segunda ordem e aquele obtido na análise de primeira ordem, considerando todos os andares e todas as combinações últimas de ações (B2), for superior a 1,1 e igual ou inferior a 1,4. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.42 Estruturas de grande deslocabilidade A máxima relação entre o deslocamento lateral do andar relativo à sua base obtido na análise de segunda ordem e aquele obtido na análise de primeira ordem, considerando todos os andares e todas as combinações últimas de ações (B2), for superior a 1,4. B – Procedimentos de análise Estruturas de pequena deslocabilidade A ABNT NBR 8800:2008 permite que sejam adotadas duas metodologias diferentes para análise de estruturas de pequena deslocabilidade: a) Caso as forças axiais solicitantes de cálculo nas barras, em toda as combinações de ações possíveis, não superarem 50% da força axial correspondente ao escoamento das barras, pode-se realizar análise convencional de primeira ordem com os momentos fletores obtidos multiplicados pelo coeficiente B1 para a consideração do efeito P-δ. b) No caso geral, deve-se efetuar a análise de segunda ordem, levando em conta as imperfeições iniciais geométricas (forças nocionais), exceto nas combinações em que atuarem outras forças laterais (vento, equipamentos, etc.), desprezando-se o efeito das imperfeições iniciais de material. Estruturas de média deslocabilidade Nas estruturas de média deslocabilidade, deve-se efetuar a análise de segunda ordem, levando em conta as imperfeições iniciais geométricas (forças nocionais), exceto nas combinações em que atuarem outras forças laterais (vento, equipamentos, etc.). Além disso, deve-se considerar também as imperfeições iniciais de material, reduzindo-se o Módulo de Elasticidade do aço (conforme 3.2.4). Nota: Para estruturas de pequena e média deslocabilidade as forças nocionais são consideradas como um carregamento lateral mínimo da estrutura, não havendo sentido em considerá-las na presença de forças horizontais de maior magnitude, como, por exemplo, as forças devidas ao vento. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.43 Estruturas de grande deslocabilidade Nas estruturas de grande deslocabilidade, deve ser feita uma análise rigorosa, levando-se em conta as não linearidades geométricas e de material. Opcionalmente, a critério do responsável técnico pelo projeto estrutural, pode ser utilizado o procedimento de análise para as estruturas de média deslocabilidade, desde que os efeitos das imperfeições iniciais geométricas sejam adicionados às combinações últimas de ações em que atuem ações variáveis devidas ao vento (considerar simultaneamente forças nocionais e vento na mesma combinação). Nota: Para estruturas de média e grande deslocabilidade deve-se levar em consideração as imperfeições iniciais de material. Nestes casos, ao se aplicar o MAES, os coeficientes B1 e B2 devem ser calculados com as rigidezes reduzidas (80% do valor original do Módulo de Elasticidade). 2.7.4.2. Considerações para a análise em Estados-Limites de Serviço De acordo com o item 4.9.8 da ABNT NBR 8800:2008, a determinação de respostas da estrutura para Estados-Limites de Serviço deve ser realizada utilizando-se combinações de serviço, não sendo necessário considerar os efeitos de imperfeições inicias geométricas ou de material. Para estruturas de pequena e média deslocabilidade pode ser realizada análise de primeira ordem. Para estruturas de grande deslocabilidade devem ser considerados os efeitos globais e locais de segunda ordem. 2.7.4.3 Considerações adicionais Coeficiente de Flambagem Tendo-se em vista que a análise estrutural leva em conta os efeitos de segunda ordem, o coeficiente de flambagem por flexão das barras axialmente comprimidas, que fazem parte de subestruturas de contraventamento e dos elementos contraventados, pode ser tomado igual a 1,0. Estruturas Indeslocáveis Lateralmente Quando se realiza análise pelo MAES e a estrutura original em questão já é indeslocável lateralmente, ou seja, se já tiver seus deslocamentos laterais impedidos nos níveis dos nós extremos das barras, não faz sentido dividí-la em estruturas nt e ℓt. Nestes casos, deve-se realizar uma análise de primeira ordem e multiplicar os valores de momento fletor pelo coeficiente B1, de forma a se levar em conta o efeito P-δ. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.44 2.7.5 Considerações sobre estabilidade estrutural Naturezas do equilíbrio Na Figura 2.25 são representados os tipos de equilíbrio. Equilíbrio estável Equilíbrio instável Equilíbrio indiferente Figura 2.25 - Tipos de equilíbrio. Segundo Ziemian (2010), os problemas de estabilidade em elementos submetidos a esforço normal de compressão podem ser divididos em duas categorias: 1 – considera uma situação idealizada de força normal centrada, ausência de imperfeições geométricas e de esforços de flexão iniciais, cuja teoria do comportamento elástico conduz à bifurcação do equilíbrio. 2 - considera a ocorrência de esforços de flexão devido aos fatores acima mencionados e sendo, portanto, mais representativo do comportamento das estruturas reais. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Civil CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Elementos de Estruturas de Aço Capítulo 2 Bases para Avaliação do Comportamento Estrutural Versão: 2021A 2.45 Barra submetida à força axial de compressão 2 2 KL EI Pe Figura 2.26 - Barra submetida à força axial de compressão. • O segmento OAB, representa o comportamento de um elemento ideal (Flambagem clássica). - Não é possível identificar o ponto de colapso. • A curva C representa um elemento real, considerando as imperfeições iniciais. - A curva C tangencia o segmento AB, representando assim o ponto de colapso. - O problema da flambagem clássica pode ser sustituido por um de flexo-compressão, considerando os efeitos de segunda ordem.
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