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Comportamento e Dimensionamento de Cantoneiras Comprimidas Ricardo Junqueira Justiniano Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Orientação Professor Doutor Dinar Reis Zamith Camotim Professor Doutor Pedro Manuel de Castro Borges Dinis Júri Presidente: Professor Doutor Fernando Manuel Fernandes Simões Orientador: Professor Doutor Dinar Reis Zamith Camotim Vogal: Professor Doutor Luís Manuel Calado de Oliveira Martins Outubro 2014 ii i Agradecimentos Esta é a mais pessoal de todas as páginas e também a mais difícil de escrever. A conclusão desta dissertação, e do Mestrado Integrado em Engenharia Civil, marca o fim de um período na minha vida. Este período só foi possível de concluir com muito esforço, dedicação e vontade de aprender. Mas este não foi um período solitário, nem todos os créditos se devem a mim. Em primeiro lugar tenho de agradecer aos professores doutores Dinar Camotim e Pedro Borges Dinis que tiveram a amabilidade de orientar e coorientar a minha dissertação. A eles devo todo o tempo e paciência que dedicaram na partilha das suas visões e experiências das estruturas metálicas, bem como pela inspiração na investigação das estruturas metálicas. À minha irmã, que sempre me apoiou e aguçou a curiosidade para aprender novas coisas. Aos meus pais, que tudo sacrificaram por mim, para o meu sucesso, felicidade e realização. Ao meus amigos, que me acompanharam nesta jornada, que me ajudaram a crescer e com os quais vivi momento inesquecíveis. À Sofia, pelo exemplo e apoio incondicional em todas as alturas. ii Resumo Nesta dissertação apresenta-se um estudo sobre o comportamento e dimensionamento de cantoneiras uniformemente comprimidas de aço, com abas iguais e comprimentos curtos-a-intermédios. Começa-se por apresentar o estado de arte sobre os comportamentos desses perfis quando carregados concêntrica ou excentricamente, os quais exibem diferenças comportamentais significativas, mas também partilham algumas semelhanças (importância das imperfeições/excentricidades iniciais). O estudo incide sobretudo sobre os comportamentos de estabilidade, pós-encurvadura e resistência última de cantoneiras submetidas a compressão centrada, sendo chamada a atenção para as diferenças que resultam das diferentes condições de apoio das colunas (encastramentos, apoios cilíndricos ou esféricos). Faz-se uma breve revisão das actuais e mais eficientes metodologias de dimensionamento para estimar a carga de colapso de cantoneiras de aço, dando particular atenção a uma metodologia recentemente proposta para cantoneiras concentricamente carregadas. A metodologia, baseada no Método da Resistência Directa (Direct Strength Method, em Língua Inglesa), foi estabelecida para cantoneiras de abas esbeltas (relação comprimento/espessura de b/t>25) e com secções extremas encastradas ou rotuladas (apoios cilíndricos). Finalmente, avaliam-se os méritos da aplicação dessa metodologia no dimensionamento de cantoneiras (i) compactas (b/t<25), encastradas ou com apoios cilíndricos nas extremidades, e (ii) com apoios esféricos e um espectro variado de b/t. Faz-se a avaliação comparando as estimativas fornecidas com os valores de resistência última obtidos numericamente (análises por elementos finitos de casca efectuadas com o programa ABAQUS) ou experimentalmente (retirados da literatura) – sempre que a qualidade e fiabilidade das previsões não é considerada satisfatória (em geral, resultados excessivamente conservativos), apresentam-se novas curvas de dimensionamento calibradas especificamente para cantoneiras compactas e/ou com apoios esféricos. Palavras-chave: Cantoneiras de abas iguais, Colunas encastradas e apoiadas, Análises linear de estabilidade e de pós-encurvadura, Resistência última e dimensionamento, Método da Resistência Directa (MRD). iii Abstract This thesis presents a study on the behavior and design of short to medium single angle equal leg column. It shows the state of art of concentric and eccentrically loaded single angle equal leg, which are related by the major roll that initial imperfection/ eccentricity have in the ultimate load capacity. The focus of this thesis is on the stability behavior, post-crítical behavior and ultimate load capacity on angle column under fix, pin and spherical support condition. It is revise the design methodology of angle column presented by some authors and it’s taken a particular attention on a design methodology based on Direct Strength Method with good results in fixed and pin slender angle column (b/t>25). Finally, the design methodology is adapted to design of: (i) fixed and pin compact angle column (b/t<25) (ii) spherical angle column with a large b/t spectrum. The evaluation of the design method is made by the comparison of the ultimate load capacity indicated by the method and the numerical results obtained by ABACUS (analysis with finite elements S4) or the experimental results obtained in literature. Whenever the quality or the reliability of the results isn’t good enough (generally, conservative), a new design curve is presented. Key Words: Single angle equal legs column, Fixed, Pin and spheric column, Analysis of stability and post-crítical behavior, ultimate load capacity and design, Direct Strength Method (DSM) iv Índice 1.Introdução ...................................................................................................................... 1 1.1 Enquadramento Geral ............................................................................................. 1 1.2 Objectivos e Metodologia ....................................................................................... 3 1.3 Organização da Dissertação .................................................................................... 4 2. Revisão da Literatura .................................................................................................... 6 2.1 Introdução ............................................................................................................... 6 2.2 Compressão Concêntrica ........................................................................................ 6 2.2.1 Estabilidade ...................................................................................................... 6 2.2.2 Resistência Elástica ........................................................................................ 11 2.2.3 Resistência Elasto-Plástica ............................................................................. 16 2.2.4 Dimensionamento........................................................................................... 18 2.3 Compressão Excêntrica ......................................................................................... 28 2.3.1 Resistência Elástica ........................................................................................ 29 2.3.2 Resistência Elasto-Plástica ............................................................................. 30 2.3.3 Disposições Regulamentares .......................................................................... 39 2.3.4 Novas Propostas ............................................................................................. 41 2.4 Sumário ................................................................................................................. 47 3.Dimensionamento de Cantoneiras Compactas ............................................................ 49 3.1 Introdução ............................................................................................................. 49 3.2 Influência da Geometria no Comportamento de Estabilidade .............................. 49 3.2.1 Relação b/t vs L ..............................................................................................51 3.2.2 Influência da flexão na maior inércia ............................................................. 53 3.2.3 Influência de b/t na evolução dos modos de deformação............................... 54 3.3 Cantoneiras Encastradas ....................................................................................... 55 3.4 Cantoneiras com Apoios Cilíndricos .................................................................... 57 3.5 Sumário ................................................................................................................. 59 v 4. Comportamento e Dimensionamento de Cantoneiras com Apoio Esférico ............... 61 4.1 Introdução ............................................................................................................. 61 4.2 Estabilidade ........................................................................................................... 61 4.2.1 Influência da Geometria ................................................................................. 62 4.3 Resistência Elástica ............................................................................................... 68 4.4 Resistência Elasto-Plástica ................................................................................... 73 4.5 Dimensionamento Através do MRD ..................................................................... 75 4.5.1 Cantoneiras Esbeltas ...................................................................................... 75 4.5.2 Cantoneiras Compactas .................................................................................. 79 4.6 Sumário ................................................................................................................. 86 5. Visão Global do Dimensionamento de Cantoneiras Através do MRD ...................... 87 5.1 Introdução ............................................................................................................. 87 5.2 Curvas de Dimensionamento ................................................................................ 87 5.2.1 Índice de fiabilidade ("Load and Resistance Factor Design"-LRFD) ............ 88 6. Conclusão e Perspectivas de Desenvolvimento Futuro .............................................. 90 6.1 Conclusões ............................................................................................................ 90 6.2 Perspectival de desenvolvimento futuro ............................................................... 91 7. Bibliografia ................................................................................................................. 92 8. Anexos ........................................................................................................................ 95 Anexo A - Análises numéricas de carregamentos últimos em cantoneiras encastradas e b/t < 25 – Adaptado Dinis e Camotim. .................................................................... 96 Anexo B - Análises numéricas de carregamentos últimos em cantoneiras encastradas e b/t < 25 – Proposta. ................................................................................................ 101 Anexo C - Análises numéricas de carregamentos últimos em cantoneiras de apoio cilíndrico e b/t<25 – Adaptado Dinis e Camotim. .................................................... 106 Anexo D - Análises numéricas de carregamentos últimos em cantoneiras de apoio cilíndrico e b/t<25 – Proposta. .................................................................................. 109 vi Anexo E - Análises numéricas de carregamentos últimos em cantoneiras de apoio esférico com b/t>25 – adaptado Dinis e Camotim. ................................................... 111 Anexo F - Análises numéricas de carregamentos últimos em cantoneiras de apoio esférico com b/t>25 – proposta. ................................................................................ 126 Anexo G - Análises numéricas de carregamentos últimos em cantoneiras de apoio esférico com b/t <25 – Proposta. .............................................................................. 141 Anexo H - Propriedades geométricas nominais das secções utilizadas nos ensaios experimentais. ........................................................................................................... 147 Anexo I - Ensaios experimentais em cantoneiras de apoio esférico e b/t<25 – Proposta. ................................................................................................................... 148 Anexo J - Propriedades das imperfeições iniciais dos ensaios de Ban, Shi, Shi e Wang. ........................................................................................................................ 151 vii ÍNDICE DE FIGURAS FIGURA 1: CANTONEIRA. ............................................................................................................................... 1 FIGURA 2: COEFICIENTE DE INSTABILIDADE CRÍTICA KCR VS COEFICIENTE DE FORMA ................................. 8 FIGURA 3: MODOS DE DEFORMAÇÃO NO GBTUL ......................................................................................... 9 FIGURA 4:A) CHAPA APOIADA B) COMPORTAMENTO CORPO RÍGIDO C) COMPORTAMENTO ROTAÇÃO NULA NA BORDA ............................................................................................................................................. 9 FIGURA 5: RELAÇÃO KCR VS Φ COM VÁRIOS NÍVEIS DE RIGIDEZ NA BORDA. ............................................... 10 FIGURA 6:A) PCR VS L PARA BARRAS F E PC B) % DE PARTICIPAÇÃO DOS MODOS DE DEFORMAÇÃO AO LONGO DE L. ....................................................................................................................................... 10 FIGURA 7: TRAJECTÓRIAS DE EQUILÍBRIO P VS ROTAÇÃO OBTIDOS EM ANÁLISE ELÁSTICA. COLUNAS F. ... 11 FIGURA 8:TENSÕES INSTALADAS NA SECÇÃO DE MEIO VÃO EM COLUNA CURTA (F3) E COLUNA LONGA (F9). ........................................................................................................................................................... 12 FIGURA 9: TENSÕES INSTALADAS NA SECÇÃO DE MEIO VÃO COM O CANTO BLOQUEADO CONTINUAMENTE COLUNAS F A) MEIO VÃO B) QUARTO DE VÃO. ................................................................................... 12 FIGURA 10: TENSÕES INSTALADAS NA SECÇÃO DE MEIO VÃO EM COLUNA CURTA (PC3) E COLUNA LONGA (PC6). ................................................................................................................................................. 13 FIGURA 11: RELAÇÃO N VS DM COM IMPERFEIÇÕES INICIAIS NOS DOIS SINAIS. ........................................... 14 FIGURA 12: RELAÇÃO DAS IMPERFEIÇÕES INICIAIS NORMALIZADAS DM E DM. A) APROXIMAÇÃO EM CÍRCULO B) APROXIMAÇÃO EM QUADRADO. ...................................................................................... 14 FIGURA 13: TRAJECTÓRIA DE EQUILÍBRIO PARA COLUNAS F. A) RELAÇÃO P VS D. B) RELAÇÃO P VS D. .... 15 FIGURA 14: TRAJETORIA DE EQUILÍBRIO EM COLUNAS PC. A) RELAÇÃO P VS D. B) RELAÇÃO P VS D. ....... 15 FIGURA 15: TRAJECTÓRIA DE EQUILÍBRIO EM COLUNAS CURTAS. A) N VS D. B) N VS Β. .............................. 17 FIGURA 16: TRAJECTÓRIA DE EQUILÍBRIO EM COLUNAS LONGAS. A) N VS D. B) N VS Β. ............................. 17 FIGURA 17: CURVA DE DIMENSIONAMENTO P VS LE/RY PROPOSTA POR YOUNG. ........................................ 22 FIGURA 18: FU/FY VS ΛFT. ........................................................................................................................... 24 FIGURA 19: A) P ELÁSTICO VS ΛFT PARA COLUNAS F E PC B) CURVA DE Β. ................................................ 26 FIGURA 20:RESULTADOS FU/FNFTE VS ΛFTE PARA (A) COLUNAS F (B) COLUNAS PC: (1) RESULTADOS EXPERIMENTAIS (2) RESULTADOS NUMÉRICOS. .................................................................................28 FIGURA 21: RELAÇÃO CARREGAMENTO VS DESLOCAMENTO AXIAL NA L90X90X6 PARA BARRAS COM VÁRIOS COMPRIMENTOS E TIPOS DE IMPERFEIÇÃO INICIAL. ................................................................ 31 FIGURA 22: TIPOS DE LIGAÇÃO DE CHAPA SOLDADAS A ABA DA CANTONEIRA. A) DESEQUILIBRADA, B) IGUAL, C) EQUILIBRADA. .................................................................................................................... 32 FIGURA 23: RELAÇÃO FU/FY VS TG/B PARA BARRA COM L/RZ=300 E B/T=5. .............................................. 32 FIGURA 24: RELAÇÃO FU VS DESLOCAMENTO AXIAL EM BARRA APARAFUSADA COM 2 PARAFUSOS. ......... 34 FIGURA 25: CAPACIDADE RESISTENTE (FU) PREVISTA NO ANN E AISC 2000 PARA O INTERVALO ENTRE A POSIÇÃO DO CENTROIDE E DO CENTRO DA ABA. .................................................................................. 35 FIGURA 26: FU/FY VS E/X0 PARA EXCENTRICIDADES QUE GERAM MOMENTO EM TORNO DA MAIOR E OU MENOR INÉRCIA A) BARRA DE 900 MM. B) BARRA DE 1500 MM. ........................................................ 36 file:///F:/All%20IN/tese%20cantoneiras%20comprimidas.docx%23_Toc401086060 viii FIGURA 27: FU/FY VS E/X0. A) EXCENTRICIDADE GERA MOMENTO EM TORNO DA MAIOR INÉRCIA. B) EXCENTRICIDADE GERA MOMENTO EM TORNO DA MENOR INÉRCIA. ................................................... 37 FIGURA 28: EVOLUÇÃO DAS TENSÕES DE VON MISES NA SECÇÃO DE MEIO VÃO CONFORME A EXCENTRICIDADE SEJA INFERIOR (A) IGUAL (B) OU SUPERIOR (C) À EXCENTRICIDADE CRÍTICA. ......... 37 FIGURA 29: CURVA DE DIMENSIONAMENTO PARA LIGAÇÕES SOLDADAS DE CHAPA NA ABA DA CANTONEIRA PROPOSTO POR SAKLA (1997) ............................................................................................................. 43 FIGURA 30: CURVAS DE DIMENSIONAMENTO PROPOSTO POR RASMUNSSEN E HUSSEN EM RELAÇÃO À EXCENTRICIDADE. .............................................................................................................................. 45 FIGURA 31: FCR,FT (MPA) VS L (MM) EM L70X70X1 EM COLUNA F. .......................................................... 50 FIGURA 32: FCR,FT (MPA) VS L (MM) EM L50X50X1 EM COLUNA F. .......................................................... 50 FIGURA 33: FCR,FT (MPA) VS L (MM) EM L30X30X1 EM COLUNA F. .......................................................... 50 FIGURA 34: FCR,FT (MPA) VS L (MM) EM L15X15X1 EM COLUNA F. .......................................................... 50 FIGURA 35: RELAÇÃO B/T TCONSTANTE VS L/T PARA COLUNA F. ............................................................... 52 FIGURA 36: RELAÇÃO B/T T CONSTANTE VS LT/B PARA COLUNAS F. ........................................................... 52 FIGURA 37: VARIAÇÃO DE FU/FNFTE VS ΛFT COLUNAS F COMPACTAS E CURVAS DE [2]. ............................ 55 FIGURA 38: FU/FY VS ΛFT PARA COLUNAS F COM O CANTO CONTINUAMENTE BLOQUEADO SEGUNDO O EIXO DA MAIOR INÉRCIA. ............................................................................................................................ 56 FIGURA 39: VARIAÇÃO FU/FNFTE COM Λ. COLUNAS F COM CANTONEIRAS COMPACTAS E NOVA PROPOSTA. ........................................................................................................................................................... 57 FIGURA 40: VARIAÇÃO DE FU/FNFTE VS ΛFT. COLUNAS PC COMPACTAS E CURVAS DE [2]. ........................ 58 FIGURA 41: VARIAÇÃO DE FU/FNFTE VS ΛFT. COLUNAS PC COMPACTAS E NOVA PROPOSTA. ..................... 58 FIGURA 42: A) RELAÇÃO PCR VS L PARA COLUNAS F, PC E PS. B) EVOLUÇÃO DA % DE PARTICIPAÇÃO DOS MODOS DE DEFORMAÇÃO NAS COLUNAS F, PC E PS. C) MODOS DE DEFORMAÇÃO NUMERADO SEGUNDO O GBTUL. .......................................................................................................................... 61 FIGURA 43: FCRFT (MPA) VS L (MM) EM L70X70X1 E COLUNA PS. ............................................................ 62 FIGURA 44: FCRFT (MPA) VS L (MM) EM L50X50X1 E COLUNA PS. ............................................................ 63 FIGURA 45: FCRFT (MPA) VS L (MM) EM L30X30X1 E COLUNA PS. ............................................................ 63 FIGURA 46: FCRFT (MPA) VS L (MM) EM L15X15X1 E COLUNA PS. ............................................................ 63 FIGURA 47: RELAÇÃO B/T T CONSTANTE VS LT/B PARA COLUNAS PS.......................................................... 64 FIGURA 48: RELAÇÃO B/T COM B CONSTANTE VS L/T PARA COLUNAS PS. .................................................. 64 FIGURA 49: PU/PCR VS Β. ROTAÇÕES OBTIDAS DA ANÁLISE ELÁSTICA DE CANTONEIRAS EM APOIO ESFÉRICO. ........................................................................................................................................... 69 FIGURA 50: PU/PCR VS DM/T. DESLOCAMENTO NO EIXO DA MENOR INÉRCIA OBTIDOS DA ANÁLISE ELÁSTICA DE CANTONEIRAS DE APOIO ESFÉRICO. ............................................................................... 69 FIGURA 51: PU/PCR VS DM/T. DESLOCAMENTOS NO EIXO DA MAIOR INÉRCIA OBTIDOS DA ANÁLISE ELÁSTICA DE CANTONEIRAS DE APOIO ESFÉRICO. ............................................................................... 70 FIGURA 52: TENSÕES INSTALADAS NA SECÇÃO DE MEIO VÃO DA COLUNA PS1 PARA VÁRIOS NÍVEIS DE CARREGAMENTO. ................................................................................................................................ 72 FIGURA 53: TENSÕES INSTALADAS NA SECÇÃO DE MEIO VÃO DA COLUNA PS10 PARA VÁRIOS NÍVEIS DE CARREGAMENTO. ................................................................................................................................ 72 ix FIGURA 54: TENSÕES INSTALADAS NA SECÇÃO DE MEIO VÃO DA COLUNA PS11 PARA VÁRIOS NÍVEIS DE CARREGAMENTO. ................................................................................................................................ 72 FIGURA 55: P VS DN. ANÁLISE ELASTO-PLÁSTICA EM CANTONEIRAS DE APOIO ESFÉRICO. ......................... 73 FIGURA 56: P VS DN. ANÁLISE ELASTO-PLÁSTICA EM CANTONEIRAS DE APOIO ESFÉRICO. ......................... 74 FIGURA 57: P VS DN. ANÁLISE ELASTO-PLÁSTICA EM CANTONEIRAS DE APOIO ESFÉRICO. ......................... 74 FIGURA 58: VARIAÇÃO DE FU/FY VS ΛFT. COLUNAS PS COM CANTONEIRAS L70X70X1.2 COM O CANTO CONTINUAMENTE BLOQUEADO NO EIXO DA MAIOR INÉRCIA. .............................................................. 77 FIGURA 59: CURVA DE RESISTÊNCIA FNFT E VALORES DE FU PARA COLUNAS COM (A) ∆=0,5; (B) ∆=2,8; (C) ∆=7,0. ................................................................................................................................................ 77 FIGURA 60: (A) CURVA P VS FMAX PARA COLUNAS F E PS (70X70MM, T=1,2 E L=980MM). (B) CURVA Β PARA ∆=(0; 0,5 E 12) .......................................................................................................................... 78 FIGURA 61: VALORES DE FU/FNFTE EM FUNÇÃO DE ΛFT PARA CANTONEIRAS PS COM B/T > 25. ................. 79 FIGURA 62: FU/FY VS ΛFT PARA COLUNAS PS COM CANTONEIRAS L125X125X8 E CANTO CONTINUAMENTE BLOQUEADO NO EIXO DA MAIOR INÉRCIA. .......................................................................................... 80 FIGURA 63: FU/FY VS ΛFT PARA COLUNAS PS COM CANTONEIRAS L180X180X10 E CANTO CONTINUAMENTE BLOQUEADO NO EIXO DA MAIOR INÉRCIA. .......................................................................................... 80 FIGURA 64: VALORES DE FU/FNFTE EM FUNÇÃO DE ΛFT PARA CANTONEIRAS PS COM B/T < 25. ................. 81 FIGURA 65: VARIAÇÃO DE FU/FNFTE COM ΛFT PARA OS RESULTADOS EXPERIMENTAIS. COLUNAS PS EM CANTONEIRAS COM B/T<25. ............................................................................................................... 82 FIGURA 66: TIPOS DE DESLOCAMENTOS NA LEITURA DOS ENSAIOS EXPERIMENTAIS. ..................................83 FIGURA 67: MODELO DE DETERMINAÇÃO DO DESLOCAMENTO F TEÓRICO. ................................................. 84 x Índice de Tabelas TABELA 1: RESULTADOS MRD – COLUNAS F E MRD – COLUNAS PC ........................................................ 28 TABELA 2: VALORES DAS VARIÁVEIS A1, A2, A3, B1, B2, B3, C1, C2, C3 CONFORME OS EFEITOS ................. 42 TABELA 3: DIFERENÇAS DOS COMPRIMENTOS DE TRANSIÇÃO ENTRE COLUNAS F E PC PARA VÁRIOS TIPOS DE CANTONEIRAS. ............................................................................................................................... 53 TABELA 4: VALORES DE ∆ CORRESPONDENTES AOS LTRANSIÇÃO PARA VÁRIAS CANTONEIRAS EM COLUNAS F. ........................................................................................................................................................ 53 TABELA 5: VALORES DE ∆ CORRESPONDENTES AOS LTRANSIÇÃO PARA VÁRIAS CANTONEIRAS EM COLUNAS PC. ..................................................................................................................................................... 54 TABELA 6: PERCENTAGEM DE PARTICIPAÇÃO PARA O QUAL OS MODOS DE DEFORMAÇÃO P2 E P6 SÃO IGUAIS EM COLUNAS F E PC. ............................................................................................................... 54 TABELA 7: RESUMO DOS RESULTADOS OBTIDOS PARA CASO CANTONEIRAS COMPACTAS ENCASTRADAS. .. 55 TABELA 8: RESUMO DOS RESULTADOS OBTIDOS PARA CASO CANTONEIRAS COMPACTAS ENCASTRADAS. .. 57 TABELA 9: RESUMO DOS RESULTADOS OBTIDOS PARA CASO CANTONEIRAS COMPACTAS COM APOIO CILÍNDRICO. ........................................................................................................................................ 58 TABELA 10: RESUMO DOS RESULTADOS OBTIDOS PARA CASO CANTONEIRAS COMPACTAS COM APOIO CILÍNDRICO. ........................................................................................................................................ 59 TABELA 11: DIFERENÇAS DOS COMPRIMENTOS DE TRANSIÇÃO ENTRE COLUNAS F E PS PARA VÁRIOS TIPOS DE CANTONEIRAS. ............................................................................................................................... 65 TABELA 12: VALORES DE ∆ CORRESPONDENTES AOS LTRANSIÇÃO PARA VÁRIAS CANTONEIRAS DE COLUNAS PS. ...................................................................................................................................................... 65 TABELA 13: COMPARAÇÃO DE ∆ OBTIDOS EM COLUNAS F E PS PARA A MESMA POSIÇÃO NO PLATEAU PARA CANTONEIRAS L70X70X1. .................................................................................................................. 66 TABELA 14: COMPARAÇÃO DE ∆ OBTIDOS EM COLUNAS F E PS PARA A MESMA POSIÇÃO NO PLATEAU PARA CANTONEIRAS L20X20X1. .................................................................................................................. 67 TABELA 15: DIFERENÇA MÁXIMA ENTRE ∆ QUANDO COMPARANDO CANTONEIRAS COM A L70X70X1 PARA COLUNAS PS. MODOS DE DEFORMAÇÃO ASSOCIADOS OBTIDOS POR GBTUL. .................................... 68 TABELA 16: RESUMO DOS RESULTADOS FU/FNFTE OBTIDOS PARA CASO CANTONEIRAS ESBELTAS COM APOIO ESFÉRICO. ADAPTADO DO MÉTODO PARA CASO CILÍNDRICO. ................................................... 76 TABELA 17: RESUMO DA COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS NUMÉRICOS COM O MÉTODO DE DIMENSIONAMENTO (FU/FNFTE) DE CANTONEIRAS PS COM B/T > 25. ................................................. 79 TABELA 18: RESUMO DA COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS NUMÉRICOS COM O MÉTODO DE DIMENSIONAMENTO DE CANTONEIRAS COM B/T < 25 EM COLUNAS PS. .............................................. 81 TABELA 19: RESUMO DA COMPARAÇÃO DOS ENSAIOS EXPERIMENTAIS COM O MÉTODO DE DIMENSIONAMENTO DE CANTONEIRAS COMPACTAS EM COLUNAS PS ................................................. 82 TABELA 20: IMPERFEIÇÕES INICIAIS CONSIDERADAS NO MÉTODO NUMÉRICO VS IMPERFEIÇÕES INICIAIS TEÓRICAS VERIFICADAS NOS ENSAIOS EXPERIMENTAIS. ..................................................................... 85 TABELA 21: INDICE DE FIABILIDADE 𝝓. ...................................................................................................... 89 xi Índice de Símbolos b - Comprimento da aba da cantoneira t - Espessura da aba da cantoneira fbt - Tensão crítica torsional fcre- Tensão crítica de Euler fcrft - Tensão crítica flexo - torsional fnfte - Tensão de dimensionamento de cantoneiras com modo de instabilidade flexo torsional. x0 - Distância do centroide ao centro de corte k - Coeficiente de instabilidade φ - Coeficiente de forma P2 - Modo de deformação de flexão em torno da maior inércia P3 - Modo de deformação de flexão em torno da menor inércia P4 - Modo de deformação de flexo-torsão F- Colunas encastradas PC - Colunas de apoio cilíndrico com a flexão em torno da menor inércia libertado PS - Colunas de apoio esférico dm- Deslocamentos no eixo da maior inércia Dm - Deslocamento de flexo-torsão Nc,rl – Esforço normal crítica e0 - Excentricidade ex0 - Excentricidade crítica FT - Flexo - torsional Δ - Variável adimensional que traduz a % de participação do modo de deformação de flexão em torno da maior inércia no modo de deformação flexo - torsional. β - Variável adimensional que traduz o efeito do centroide efectivo no carregamento último de cantoneiras concentricamente carregadas. fu – Tensão última obtida através de análises numéricas ϕ - Factor de fiabilidade referente ao LRFD 0 1 1.Introdução 1.1 Enquadramento Geral Esta dissertação, no âmbito do Mestrado Integrado em Engenharia Civil, pretende rever e aprofundar os conhecimentos relativos ao comportamento e dimensionamento de cantoneiras comprimidas. Figura 1: Cantoneira. As cantoneiras, secções em L, tipicamente de aço (ver figura 1), podem ser constituídas através dois processos de fabrico diferentes: laminadas a quente ou enformadas a frio. As cantoneiras laminadas são muito utilizadas em infraestruturas de redes como torres de distribuição elétrica e ou torres de telecomunicações. A utilização das cantoneiras neste tipo de estruturas deve-se à grande facilidade de ligar elementos em planos perpendiculares através do aparafusamento, resultando numa solução simples e barata. Por outro lado, as cantoneiras enformadas a frio, com um processo de fabrico em que o aço em forma de rolo, com uma espessura muito baixa é estendido, cortado e dobrado para 2 formar as cantoneiras. Nestas secções o canto da cantoneira não fica vincado para evitar tensões residuais demasiado elevadas. Este processo de fabrico permite obter cantoneiras mais esbeltas do que as laminares, com espessuras na ordem dos milimetros. Este tipo de cantoneiras tem sido usado de forma significativa em países anglo-saxónicos na construção em aço leve (LSF - Light Steel Framing). A construção em LSF tem-se tornado bastante competitiva em relação aos outros processos de construção pela elevada poupança de tempo em obra. Para consultar em maior detalhe este método construtivo e o dimensionamento de elementos estruturais em aço leve adaptado ao caso português, ver Silvestre et al. [1]. Para além destas áreas, as cantoneiras têm sido bastante utilizadas em obras de reabilitação pela sua elevada esbelteza associada a boa resistência, baixo peso e facilidade de transporte e colocação, bem como pela capacidade para funcionar como elemento de ligação entre peças perpendiculares. Juntamente com as secções em C, as cantoneiras permitem a formação de uma estrutura de encaixe para os EIFS (Exterior Insulation Finishing System), cuja utilização é cada vez mais recorrente em obra. Independentemente do processo de fabrico utilizado, a cantoneira obtida será sempre uma secção muito esbelta quando comparada com os restantes tipos de secçõesmetálicas. Do ponto de vista do carregamento, as cantoneiras podem ser (i) concentricamente carregadas ou (ii) excentricamente carregadas. Dentro de cada uma destas áreas podemos ter cantoneiras de abas iguais ou cantoneiras de abas desiguais. Nesta dissertação será abordado o caso das cantoneiras de abas iguais concentricamente carregadas e revisto o caso das cantoneiras de abas iguais excentricamente carregadas. As cantoneiras concentricamente carregadas são cantoneiras cuja força atua no centroide da secção. Uma vez que o centroide está fora da secção, como ilustrado na figura 1, as cantoneiras são normalmente soldadas a uma chapa em cada extremidade, a qual é posteriormente carregada no centroide. Além disso, as cantoneiras podem exibir varias condições de apoio, como encastradas ou com apoios cilíndricas ou esféricos. As cantoneiras concentricamente carregadas têm estado no centro das atenções do sector metálico pelos resultados experimentais contraditórios que se observavam. Verificou- se que barras idênticas poderiam obter resultados de cargas últimas e deformações substancialmente diferentes. Ao nível das cantoneiras excentricamente carregadas o efeito das imperfeições iniciais perde significado, pois a excentricidade é dominante. No caso das cantoneiras excentricamente carregadas existem três formas correntes de carregar excentricamente a 3 cantoneira: (i) ligação soldada de uma chapa a uma aba, (ii) ligação aparafusada de uma chapa a uma aba e (iii) ligação de uma chapa soldada nas extremidades da barra. A estas três condições de apoio estão associadas a rigidezes diferentes bem como tipos de excentricidades diferentes. Esta relação entre a rigidez associada a uma condição de apoio e a sua excentricidade são os principais problemas das cantoneiras excentricamente carregadas. Além disso, um problema adicional das cantoneiras excentricamente carregadas resultada da diferença de comportamento que se verifica quando a excentricidade é segundo o eixo de maior ou menor inércia. Assim, é necessário compreender o comportamento quando a excentricidade é apenas num eixo ou no outro para compreender a situação mais comum, em que a excentricidade se desenvolve nos dois eixos de inércia (ligação a uma aba). Finalmente, refira-se a dificuldade que existe em quantificar a rigidez associada aos parafusos bem como o efeito da geometria da chapa de ligação, nas cantoneiras excentricamente carregadas. 1.2 Objectivos e Metodologia Esta dissertação pretende continuar o trabalho iniciado no Instituto Superior Técnico relativamente ao comportamento mecânico e dimensionamento das cantoneiras de abas iguais concentricamente carregadas, bem como clarificar o comportamento das cantoneiras excentricamente carregadas. Estes estudos têm por objectivo desenvolver no futuro uma metodologia para o dimensionamento de cantoneiras conforme o tipo de carregamento. Os objectivos desta dissertação envolvem: (i) o estudo do comportamento mecânico da cantoneira de abas iguais concentricamente carregada e (ii) o seu dimensionamento. Ao nível do comportamento mecânico pretende-se: i. Compreender o efeito das alterações da geometria da secção (relação b/t) em cantoneiras encastradasou com apoio cilíndrico ou esférico. ii. Analisar os comportamentos de estabilidade, resistência elástica e elasto- plástica das cantoneiras com apoios esféricos. Em termos do dimensionamento da cantoneira pretende-se: 4 i. Utilizar a metodologia proposta por Dinis e Camotim [2] para as cantoneiras encastradas e cilíndricas esbeltas, recalibrando o método de dimensionamento para cantoneiras compactas. ii. Formular uma metodologia para o dimensionamento de cantoneiras com apoios esféricos, para todo o espectro b/t, utilizando a metodologia proposta por Dinis e Camotim [2], e tendo por base os valores de resistência da análise numérica e experimental. iii. Agregar todas as fórmulas por forma a apresentar uma metodologia de dimensionamento global para cantoneiras concentricamente carregadas, com um índice de fiabilidade satisfatório. 1.3 Organização da Dissertação A dissertação está organizada em 6 capítulos, os quais são apresentados resumidamente em seguida. O Capítulo 1 é referente à introdução, onde se enquadra o trabalho desenvolvido no âmbito da dissertação, bem como de questões sobre as quais a dissertação incide. No Capítulo 2 é feita a revisão da literatura para as cantoneiras concentricamente e excentricamente carregadas. No caso das cantoneiras concentricamente carregadas é apresentado o seu comportamento mecânico para as condições de apoio encastrado e cilíndrico, incluindo análise de estabilidade, efeito das imperfeições geométricas da cantoneira, resistência elástica, resistência elasto-plástica, efeito da tensão de cedência no comportamento pós-crítico e os métodos de dimensionamento existente. É apresentado um método de dimensionamento cuja metodologia é adotada para desenvolver/recalibrar o método de dimensionamento para outras condições de apoio. Ao nível das cantoneiras excentricamente carregadas são apresentados os efeitos das imperfeições iniciais, das tensões residuais e o comportamento da cantoneira, ao nível de carregamentos últimos, para a condição de apoio aparafusada, ligação soldada de uma chapa a uma aba e/ ou ligação soldada de uma chapa nas extremidades. No Capítulo 3 é recalibrado o método de dimensionamento proposto por Dinis e Camotim [2] (cantoneiras esbeltas encastradas e com apoio cilíndrico) para cantoneiras compactas. 5 No Capítulo 4 é feita a análise dos comportamentos de estabilidade e identificados os efeitos introduzidos pela geometria da secção, resistência elástica e elasto-plástica das cantoneiras de apoio esférico. É também apresentado um método de dimensionamento para cantoneiras compactas e esbeltas com apoio esférico, o que tem por base a metodologia apresentada por Dinis e Camotim [2]. No Capítulo 5 é apresentado o método de dimensionamento global das cantoneiras concentricamente carregadas de uma forma agregada e simples. É apresentado também o índice de fiabilidade de acordo com AISC 2007 associado as várias propostas. Por fim, no Capítulo 6 são apresentadas as conclusões que se afiguram pertinentes desta dissertação, bem como referidos alguns problemas em aberto no estudo do comportamento e dimensionamento das cantoneiras. 6 2. Revisão da Literatura 2.1 Introdução A cantoneira corresponde ao elemento estrutural com a secção transversal de parede fina mais simples possível: 2 paredes. O facto de ser uma secção aberta, com as linhas médias dos elementos a cruzarem-se todas num ponto, leva a secção a ter uma constante de empenamento praticamente desprezável e uma rigidez de torção muito reduzida, formando elementos bastante sensíveis a fenómenos de instabilidade. Por outro lado, o facto de os eixos principais de inércia da secção não serem coincidentes com os eixos geométricos e o centro de corte e de gravidade não serem coincidentes, tem consequências importantes no comportamento das cantoneiras (e.g. o comportamento é claramente diferente conforme o carregamento seja segundo um eixo de inércia ou outro). Estes factores constituem as principais razões pelas quais um conjunto significativo de resultados experimentais realizados por diversos autores conduziram a resistências últimas significativamente diferentes para cantoneiras concentricamente carregadas. O comportamento das cantoneiras excentricamente carregadas torna-se mais complexo, devido à dificuldade de avaliar a rigidez induzida pelo apoio, bem como pela combinação de excentricidades nos dois eixos de inércia. Em seguida, apresenta-se o estado de arte das cantoneiras concentricamente e excentricamente carregadas. 2.2 Compressão Concêntrica2.2.1 Estabilidade Uma coluna de aço perfeita, quando sujeita a compressão pode instabilizar. No caso das cantoneiras concentricamente carregadas, os modos de instabilidade dominantes são o modo flexo-torsional para barras curtas-a-intermédias e o modo de flexão em torno da menor inércia, para barras longas. A tensão crítica associada ao modo de flexão em torno da menor inércia foi desenvolvida por Euler e é dada por: 7 𝑓, 𝑒 = 𝜋2×𝐸×𝑏2 12(𝐾𝐿)2 em que E é o modo de elasticidade, b o comprimento da aba e L o comprimento da barra. A tensão crítica do modo flexo - torsional desenvolvida por Timoshenko [3] para secções monosimétricas é dada por: 𝐹𝑒𝑥𝑡 = (𝜎𝑒𝑥 + 𝜎𝑒𝑡) ± √(𝜎𝑒𝑥 + 𝜎𝑒𝑡)2 − 4𝜎𝑒𝑥𝜎𝑒𝑡(1 − 𝑥02 𝑟02 + 𝑥02 ) 2(1 − 𝑥02 𝑟02 + 𝑥02 ) (2.2) onde 𝜎𝑒𝑥 e 𝜎𝑒𝑡 são as tensões de instabilidade no modo flexão na maior inércia e no modo torção respectivamente, 𝑥0 é a distancia do centroide ao centro de corte e 𝑟0 é o raio de giração polar, os demais: 𝜎𝑒𝑥 = 𝜋2𝐸𝐼𝑥 𝐴(𝐾𝑥𝐿)2 𝜎𝑒𝑡 = ( 𝜋2𝐸𝐼𝑤 (𝐾𝑡𝐿)2 + 𝐺𝐽) (𝐴(𝑟02 + 𝑥02) 𝑟0 2 = 𝐼𝑝 𝐴 = 𝐼𝑥 + 𝐼𝑦 𝐴 (2.3; 2.4; 2.5) onde G é o módulo de distorção, A é a área, 𝐼𝑥 e 𝐼𝑦 são as inércias segundo x e segundo y, J é a constante de torção, 𝐼𝑤 é a constante de empenamento e 𝐾𝑡 𝑒 𝐾𝑥 são os factores de comprimento efectivo para a torção e flexão em torno do eixo x. No caso da cantoneira, considerando a constante de empenamento 𝐼𝑤 nula e o canto da cantoneira reto obtêm-se a expressão da carga crítica torsional 𝜎𝑒𝑡: 𝑟0 2 = 5 24 𝑏2 𝑥0 2 = 1 8 𝑏2 𝐽 = 2 3 𝑏𝑡3 𝐺 = 𝐸 2(1 + 𝜈) (2.7; 2.8; 2.9; 2.10) 𝜎𝑒𝑡 = (𝐺𝐽) (𝐴(𝑟02 + 𝑥02) = 𝐸 2(1 + 𝜈) ( 𝑡 𝑏 )2 (2.11) em que 𝜈 é o coeficiente de Poisson e t a espessura e b a largura da aba da cantoneira. Segundo Rasmussen [4], a tensão da instabilidade local de uma cantoneira é exactamente a mesma que a de uma chapa rectangular com três bordas simplesmente apoiadas e um bordo livre. Considerou a equação característica para esta situação apresentada por Bulson[5]: 𝑞𝑟4 sinh(𝑝) cos(𝑞) − 𝑝𝑠4 cosh(𝑝) sin(𝑞) = 0 (2.12) com: (2.1) 8 𝑝 = [ 𝜋2 𝜑 (√𝑘 + 1 𝜑 )] 1 2 𝑞 = [ 𝜋2 𝜑 (√𝑘 − 1 𝜑 )] 1 2 (2.13; 2.14) 𝑟4 = (𝑝2 − 𝜈𝜋2 𝜑2 ) 2 𝑠4 = (𝑝2 + 𝜈𝜋2 𝜑2 ) 2 (2.15; 2.16) No grupo de equações a cima, o k é o coeficiente de instabilidade e o 𝜑 é o coeficiente de forma, dado por L/b, onde L é o comprimento da chapa e b é a largura da chapa rectangular. A equação dos co-senos e senos não tem solução fechada, mas para L→∞, temos que: 𝑘 = 6(1 − 𝑣) 𝜋2 (2.17) Substituindo a expressão (2.17) na tensão de instabilidade local da chapa tem-se que: 𝑓𝑐𝑟,𝑙 = 𝑘𝜋2𝐸 12(1 − 𝑣2) ( 𝑡 𝐵 )2 = 6(1 − 𝑣) 𝜋2 × 𝜋2𝐸 12(1 − 𝑣2) ( 𝑡 𝐵 )2 = 𝑘𝐸 2(1 + 𝜈) ( 𝑡 𝐵 )2 (2.18) Sendo que, para o valor de k quando L→∞ obtém a mesma expressão que no modo global de torsão (2.11), ou seja, o valor da carga crítica de instabilidade local tende assintoticamente para o valor da carga crítica do modo global de instabilidade torsional. Figura 2: Coeficiente de instabilidade crítica Kcr vs coeficiente de forma Por sua vez, Dinis et al. [6], utilizando propriedades únicas da Teoria Generalizada das Vigas, mostraram que apenas são necessários quatro modos de deformação para descrever o comportamento de estabilidade de cantoneiras concentricamente carregadas. Esses modos são (i) local (ii) o global torsional (iii) global flexão com deslocamentos na maior (iv) 9 global flexão com deslocamentos na menor inércia. Estes modos de deformação são apresentados em seguida, sendo que o número 2 corresponde ao iii) o 3 ao iv) o 4 ao ii) e o 5 e 6 ao i). Figura 3: Modos de deformação no GBTUL Para além disso, consideraram que a instabilidade local está associada à existência de um ponto mínimo na curva Fcr – L e à formação de múltiplas semi-ondas. Este aspecto só é possível se existir flexão transversal na aba, caso contrário, se o comportamento for de corpo rígido conduz a uma curva Fcr – L sempre descendente associada à formação de uma única semi onda e a um modo global de instabilidade torsional. Para o efeito, os autores consideraram uma chapa simplesmente apoiada em três bordas e livre na outra, a qual é uniformemente comprimida para x=0 e x=L e com uma mola de rigidez S, para que a chapa tenha a rotação elástica restrita e dois modos de deformação: 1) Considerando uma rotação de corpo rígido da chapa em torno da mola (S=0). 2) Considerando uma rotação nula na borda s (eixo x), mas com flexão transversal. Figura 4:a) Chapa apoiada b) Comportamento corpo rígido c) Comportamento rotação nula na borda Os resultados obtidos são apresentados na figura 5 e mostram a variação do coeficiente de instabilidade da chapa Kcr em função do factor de forma para varias rigidez de S, representadas pelo factor adimensional α: α = (1 − 𝜈2) × (12𝑆𝑏) 𝐸𝑡3 (2.19) Modos de Deformação 10 Figura 5: relação Kcr vs φ com vários níveis de rigidez na borda. Analisando a figura verifica-se que, para α = 0, a curva é continuamente descendente, tendendo para o valor de 0,425. O modo de instabilidade apresenta uma única semi onda, independentemente do comprimento da chapa. Os autores concluíram também que: (i) a instabilidade local está associada a um ponto mínimo do valor característico na curva Ncr vs L e à geração de múltiplas semi-ondas. Este facto só é possível se a secção transversal tiver flexão transversal pois se estivesse apenas sujeita a rotação, obtinha-se um modo global puro de torção (ii) do ponto de vista mecânico, as deformações associadas aos modos de instabilidade das cantoneiras curtas devem ser vistos, como um modo global de torção e não de um modo local, como sugeriu Rasmussen [4]. Dinis et al.[7] estudaram o comportamento de estabilidade dos modos de instabilidade das cantoneiras, utilizando o programa GBTUL, com diversas condições de apoio. Na figura 6, as colunas F são colunas encastradas nas extremidades, as colunas PC são colunas com extremidades apoiadas em rótulas cilíndricas, as quais apenas permitem rotação em torno da menor inércia. Figura 6:a) Pcr vs L para barras F e PC b) % de participação dos Modos de Deformação ao longo de L. a) b) Colunas F Colunas PC 11 Da análise da figura conclui-se que: (i) independentemente do tipo de condição de apoio, a carga crítica é continuamente decrescente para todos os comprimentos, o que corresponde a uma instabilidade por uma única semi curva, (ii) as cargas críticas são idênticas para as colunas com as condições de apoio F e PC até determinado comprimento no plateau, sendo que as colunas F apenas se diferenciam pela extensão do plateau, iii) este plateau está associado ao modo flexo-torsional, como pode ser observado na figura b) com a evolução da participação dos modos de deformação P2 (flexão na maior inércia) e P4 (torção) (iv) a maior extensão do plateau nas colunas encastradas deve-se ao facto de o modo puro de flexão em torno da menor inércia acontecer para barras com comprimentos maiores devido ao bloqueamento da flexão em torno da menor inércia (o que não acontece nas barras PC). 2.2.2 Resistência Elástica Dinis et al. [7] realizaram análises não lineares elásticas para estudar o comportamento de pós encurvadura das cantoneiras com imperfeições iniciais. Figura 7: Trajectórias de equilíbrio P vs rotação obtidos em análise elástica. Colunas F. Foram consideradasimperfeições iniciais com a forma do modo crítico para barras com vários comprimentos que traduzem várias posições no plateau (com F1 a barra mais curta e F10 a mais longa). Da análise dos resultados verificaram dois comportamentos distintos nas barras: i) comportamento estável (cantoneiras F1 a F7) ii) comportamento instável (cantoneiras F8- F10). O comportamento estável é caracterizado pelo facto de a rotação verificada na barra ser sempre no mesmo sentido e de valor crescente. Colunas F 12 Por outro lado, para as barras mais longas verificou-se um comportamento instável, com rotações reversíveis. Para estas barras a deformação do modo flexo-torsional alterou-se de 1 para 3 semi ondas após o pico de carga. Outro aspecto importante analisado pelos autores está relacionado com as tensões normais atuantes nas barras encastradas, conforme se indica na figura 8. Figura 8:Tensões instaladas na secção de meio vão em coluna curta (F3) e coluna longa (F9). Apesar da linearidade das tensões, no caso das barras curtas (F3) verifica-se uma distribuição de tensões simétricas em torno do eixo da maior inércia (que cruza o canto da cantoneira, ponto B na figura, onde existe maior resistência). Este fenómeno está em linha com o efeito da alteração do centroide efectivo para uma posição mais próxima do canto. Esta distribuição simétrica de tensões já não é verificada para barras longas (F9), a qual não corresponde à distribuição simétrica e não linear sugerida por Rasmussen [4]. Esta diferença deve-se à ocorrência de deslocamentos na região do canto devido à flexão nos eixos de maior e menor inércia, os quais são maiores nas barras mais longas. Para confirmar este facto, foram realizados análises em que os deslocamentos do canto da cantoneira ficam bloqueados e obtiveram-se distribuições parabólicas de tensão para a secção a meio vão e a quarto de vão, confirmando os pressupostos. Figura 9: Tensões instaladas na secção de meio vão com o canto bloqueado continuamente colunas F a) Meio vão b) Quarto de vão. 13 No caso das barras com apoio cilíndrico, isto é, com a rotação em torno da menor inércia libertado, Dinis et al. [7] verificaram dois comportamentos distintos das barras. Para as mais curtas verificou-se um comportamento estável. Para barras intermédias verificou-se um comportamento instável, com rotações reversíveis, as quais apresentam três semi-curvas, tal como acontece no caso das barras F. Por fim, as barras longas apresentam um comportamento mais próximo da flexão em torno da menor inércia, com comportamento instável e com deslocamentos substanciais segundo o eixo de maior inércia. Na figura 10 apresentam-se as tensões normais verificadas nas barras PC3 e PC6, os quais exibem as distribuições das tensões assimétricas. A distribuição de tensões simétrica e parabólica foi verificada quando realizada as mesmas análises com o canto da cantoneira impedido de deslocar. Figura 10: Tensões instaladas na secção de meio vão em coluna curta (PC3) e coluna longa (PC6). Segundo os autores, o deslocamento do centroide efectivo da secção, é responsável pelos deslocamentos segundo o eixo da maior inércia, os quais tem maior influência em barras de maior comprimento, podendo levar em algumas barras a interagir com o modo de instabilidade por flexão em torno do eixo da menor inércia. Esta sensibilidade aos deslocamentos de flexão está também relacionada com o impacto que as imperfeições iniciais podem ter na capacidade resistente das cantoneiras concentricamente carregadas. 2.2.2.1 Imperfeições Iniciais Para melhor compreender os fenómenos devidos às imperfeições iniciais, Mesacasa Jr.[8],[9] realizou análises numéricas com imperfeições iniciais apenas segundo o eixo de maior inércia. As análises foram realizadas com barras com vários comprimentos associados a várias posições no plateau e no início da instabilidade por flexão em torno da menor inércia, 14 sendo que L1 constitui uma barra curta e L6 e uma barra longa. As barras marcadas com TD são as barras com imperfeições iniciais que originam tracções no canto e as CD são com imperfeições iniciais que originam compressões no canto. Figura 11: Relação N vs dm com imperfeições iniciais nos dois sinais. Observando os resultados obtidos, não se verificou deformações de rotações, sendo apenas deformações características do modo de flexão (no caso de barras longas). A distribuição de tensões permanece simétrica entre as duas abas, o que confirma a inexistencia das deformações de torção. Verificou-se que a partir das barras com comprimento L4 a resistência pós-crítica diminui bruscamente, o que está associado à passagem do modo de instabilidade flexo- torsional para flexão pura, o qual é mais visível nas barras L5 e L6. Num segundo caso estudo, os autores consideraram dois tipos de imperfeições iniciais, a aproximação em círculo e em quadrado, com o objectivo de compreender o efeito de um tipo de imperfeição inicial. Em ambos os casos, foram consideradas imperfeições combinando os modos: (i) flexo-torsionais e (ii) flexão na menor inércia. Figura 12: Relação das Imperfeições iniciais normalizadas Dm e dm. a) Aproximação em círculo b) Aproximação em quadrado. Os resultados das trajectórias de equilíbrio elástico para as barras encastradas são apresentados em seguida. 15 Figura 13: Trajectória de equilíbrio para colunas F. a) Relação P vs d. b) Relação P vs D. Da análise dos resultados verificou-se que: i) nas colunas F, se as imperfeições iniciais tiverem uma forte componente de rotação, independentemente do valor do deslocamento no eixo de maior inércia, a barra apresenta comportamentos típicos do modo flexo-torsional. ii) Este comportamento é independente do sinal dos deslocamentos no eixo principal de inércia, levando a um padrão simétrico dos trajectórias de equilíbrio. Por outro lado, para situações em que as imperfeições iniciais apenas tem deslocamentos no eixo de maior inércia, isto é, não tem rotações, a barra não desenvolve rotações com o carregamento, desenvolvendo apenas deslocamentos no eixo de maior inércia no sentido das imperfeições iniciais. Este desenvolvimento é tão mais significativo quanto maior for a imperfeição inicial nesse sentido. Para o caso das barras com apoio cilíndrico os autores concluíram que o comportamento da barra é significativamente diferente das barras encastradas, devido à incapacidade da barra em contrariar os efeitos do centroide efectivo. Analisando figura 14, verifica-se dois comportamentos distintos: No primeiro caso, se as imperfeições iniciais tiverem deslocamentos no eixo de maior inércia suficientemente positivos, as imperfeições iniciais da barra são capazes de contrariar Figura 14: Trajetoria de equilíbrio em Colunas PC. a) Relação P vs d. b) Relação P vs D. a) b) 16 a evolução do centroide efectivo, resultando num comportamento semelhante a um elemento com ductilidade. Com este comportamento é possível obter resistências ultimas significativamente superiores quando comparando com o segundo comportamento. Neste caso, os deslocamentos verificados aproximam-se do modo de deslocamentos de flexão em torno do menor eixo de inércia, com significativos deslocamentos no eixo de maior inércia e com rotações reduzidas. O segundo comportamento é caracterizado pela incapacidade dos deslocamentos positivos no eixo da maior inércia das imperfeições iniciais não serem suficientemente grandes para contrariar a evolução do centroide efectivo e exibe um comportamento sem qualquer ductilidade. Nesta situação, poderemos ter imperfeições iniciais no eixo da maior inércia positivas e as deformações de colapso da barra darem-se com sinal negativo. Se o sinal da imperfeição inicial for negativo, os efeitos do centroideefectivo são amplificados, levando a barra a uma capacidade resistente muito inferior quando comparadas com imperfeições que conseguem contrariar o centroide efectivo. Associado a este comportamento, quando analisando as rotações, verifica-se que para as imperfeições que não conseguem contrariar a evolução do centroide efectivo, se desenvolvem rotações significativas, levando a barra a ter um comportamento próximo do flexo-torsional. 2.2.3 Resistência Elasto-Plástica 2.2.3.1 Imperfeições iniciais Mesacasa Jr [8] realizou também análises numéricas com imperfeições iniciais de flexão na ordem L/1000 e imperfeições iniciais de rotação na ordem de 0,64t, em que t é a espessura da secção, por forma a poder comparar com os resultados obtidos por Popovic et al. [10] , Young [11], Chodraui et al. [12]. Os principais resultados são apresentados em seguida, em que L3 corresponde a uma barra no plateau relativo a instabilidade flexo- torsional e L6 a uma barra com instabilidade por flexão em torno da menor inércia. 17 Figura 15: Trajectória de equilíbrio em colunas curtas. a) N vs d. b) N vs β. Figura 16: Trajectória de equilíbrio em colunas longas. a) N vs d. b) N vs β. Na figura 15 é apresentado o comportamento verificado para uma barra curta. O autor verificou que independentemente do sinal da imperfeição inicial no eixo de maior inércia, o comportamento da barra é semelhante, tanto ao nível dos deslocamentos no eixo da maior inércia como ao nível das rotações. Em ambos os casos, o modo flexo-torsional é dominante. Por outro lado, na figura 16 é apresentado o comportamento de uma barra longa, cujo modo de instabilidade teórico é de flexão em torno da menor inércia. O autor verificou que, nesta situação o sinal da excentricidade desempenha um papel fundamental, observando-se dois comportamentos distintos. Enquanto, para imperfeições iniciais negativas a barra exibe deslocamentos e rotações que se aproximam do comportamento de flexão em torno da menor inércia, no caso das imperfeições iniciais positivas a barra exibe deslocamentos e rotações que se aproximam do modo flexo-torsional. Esta diferença de comportamento origina também capacidades resistentes significativamente diferentes. Mesacasa Jr et al. [9] avaliaram o efeito das imperfeições iniciais na erosão da capacidade última das cantoneiras concentricamente carregadas com comportamento elasto- plástico. Para tal os autores consideraram barras com vários níveis de fy/fcr (onde fy é a tensão de cedência e fcr a tensão crítica) e as imperfeições iniciais mais gravosas identificadas nas análises elásticas. Relativamente as barras encastradas (F), os autores concluem que a instabilidade só ocorre no campo elasto-plástico se o rácio fy/fcr for suficientemente reduzido. Para rácios fy/fcr superiores a barra mantém um comportamento elástico até ao pico de carga, o que 18 significa que não há vantagem em aumentar o valor de fy para fy/fcr superiores a dois e meio. Relativamente as barras com apoios cilindrcos (PC), os autores verificaram que os deslocamentos no eixo da maior inércia desempenham um papel importante na sensibilidade da barra às imperfeições iniciais e à erosão do pico de carga. Este facto é mais significativo nas barras PC do que nas F. 2.2.4 Dimensionamento O dimensionamento das cantoneiras de abas iguais pode ser feito no quadro de dois métodos diferentes, o Método da Largura Efectiva e o Método da Resistência Directa. O Método da Largura Efectiva contabiliza o efeito das tensões não uniformes, que se desenvolvem nas secções quando as tensões instaladas se aproximam das tensões críticas. identificando as zonas da secção onde as tensões instaladas são menores e eliminando parcialmente essas zonas, substituindo as tensões não uniformes, por tensões uniformes numa área de secção menor, contabilizando dessa forma os fenómenos associados à instabilidade. Este método é o mais utilizado nos regulamentos de vários países. O Método da Resistência Directa é um método de dimensionamento que determina a capacidade resistente das barras com base nas cargas críticas dos vários modos de instabilidade dominantes (local, distorcional, global), incluindo a possibilidade de a interação entre eles. É um método desenvolvido sobretudo por Hancook e Schafer e que permite resultados precisos com relativa facilidade. No que diz respeito a regulamentos devem mensionar-se os americanos, australianos e brasileiros. Nesta dissertação não foi considerado o Eurocódigo. Dentro dos regulamentos Americanos destacam-se dois exemplos distintos, o AISI 2007 [13] e o ANSI/TIA/EIA – 222 – G 2006 [14]. Este regulamento tem a sua relevância devido ao facto de a utilização das cantoneiras constituir o tipo de secção de eleição em qualquer estrutura de antena ou de torres de transmissão. O AISI 2007 partilha o dimensionamento pelo método da secção efectiva com os regulamentos australianos (AS/NZS 4600:2005 [15]) e Brasileiros (ABNT NBR 14762:2010 [16]) em que a força resistente é dada por: 𝑁𝑐,𝑅𝑑 = 𝜒 × 𝐴𝑒𝑓𝑓 × 𝐹𝑦 (2.20) O factor de redução da força resistente é dado por: 19 𝜒 = { 0,658⋋0 2 , ⋋0 2< 1,5 0,877 ⋋0 2 , ⋋0 2≥ 1,5 𝑐𝑜𝑚 ⋋0= √ 𝐹𝑦 𝐹𝑐𝑟, 0 (2.21) em que Fcr,0 é a força crítica global, considerando a secção dos perfis monossimétricos, traduz-se ou na força crítica de flexão em torno da menor inércia ou na força crítica flexo torsional. Estas formulações são apenas válidas para secções esbeltas. O regulamento americano e o australiano propõem ainda, no caso particular das cantoneiras a consideração de uma excentricidade de L/1000 e assim considerar uma componente de flexão, utilizando a equação tipo viga-coluna: 𝑃 𝑁𝑐,𝑅𝑑 + 𝐶𝑚𝑥𝑀𝑥 𝑀𝑏𝑥𝜒 + 𝐶𝑚𝑦𝑀𝑦 𝑀𝑏𝑦𝜒 ≤ 1 (2.22) O AISI 2007 tal como o regulamento brasileiro apresenta a opção de determinar a resistência de compressão de colunas a partir do Método da Resistência Directa, mas as cantoneiras não figuram no conjunto de secções para o qual este metodo se aplica. Por exemplo, no caso do regulamento brasileiro, a resistência de uma coluna associada a colapsos locais é dada pela expressão: 𝑁𝑐,𝑟𝑙 = { 𝑁𝑐,𝑟𝑒 𝑠𝑒 ⋋𝑙< 0,776 (1 − 0,15 ⋋𝑙 0,8) × 𝑁𝑐,𝑅𝑒 ⋋𝑙 0,8 𝑠𝑒 ⋋𝑙≥ 0,776 𝑐𝑜𝑚 ⋋𝑙= √ 𝑁𝑐,𝑟𝑒 𝑁𝑙 (2.23) O método de dimensionamento apresentado pelo ANISI/TIA/EIA – 222 - G não se enquadra completamente em nenhum dos dois tipos de dimensionamento, utilizando propriedades características de cada um. De facto, a resistência da barra é dada por: 𝑃 = 0,85 × 𝐴𝑔 × 𝑓𝑑 (2.24) em que Ag é a área bruta da secção e fd a tensão máxima permitida na secção. A determinação de fd depende da esbelteza reduzida de flexão em torno da menor inércia, como se indica na expressão seguinte: 20 𝑓𝑑 = { 0,658⋋𝑒 2 × 𝑓𝑦 ´ 𝑠𝑒 ⋋𝑒≤ 1,5 ( 0,877 ⋋𝑒 2 ) × 𝑓𝑦 ´ 𝑠𝑒 ⋋𝑒> 1,5 𝑐𝑜𝑚 ⋋𝑒= √ 𝑓𝑦 ´ 𝑓𝑐𝑟,𝑒 em que Fcr,e é a carga de Euler. e F´y depende da geometria da secção com: 𝑓𝑦 ´ = { 𝑓𝑦 𝑠𝑒 𝑏 𝑡 < 0,47 × √ 𝐸 𝑓𝑦 [ 1,677 − 0,677 × ( 𝑏 𝑡 0,47 × √ 𝐸 𝑓𝑦) ] × 𝐹𝑦 𝑠𝑒 0,47 × √ 𝐸 𝑓𝑦 < 𝑏 𝑡 < 0,85 × √ 𝐸 𝑓𝑦 0,0332𝜋2 × 𝐸 𝑏2 𝑡2 𝑠𝑒 𝑏 𝑡 > 0,85 × √ 𝐸 𝑓𝑦 (2.26) De seguida são referidos alguns métodos de dimensionamento propostos por vários autores nos últimos anos para cantoneiras comprimidas, sendo que o método proposto porRasmussen baseado no conceito da largura efectiva e os restantes são dimensionamentos de resistência directa. 2.2.4.1 Rasmussen (2003) Rasmussen [4] desenvolveu vários métodos de dimensionamento de cantoneiras concentricamente carregadas. Os resultados da curva de dimensionamento são depois comparados com os resultados dos ensaios experimentais realizados por Wilhoite et al.[17] e Popovic et al.[10]. De todos os métodos de dimensionamento apresentados apenas o denominado “P9” é apresentado, pois foi o que melhores resultados apresentou. Este método faz o dimensionamento através de uma equação tipo viga coluna, com a consideração de uma excentricidade e0, que é a resultante da diferença entre o centroide e o centroide efectivo, o qual foi determinado através de uma solução de Stowell [18]. Segundo o autor, a resistência última P é determinada através da equação: 𝑃 𝑃𝑛 + 𝐶𝑚𝑦𝑀𝑦 𝑀𝑛𝑦𝜒𝑦 ≤ 1 (2.27) (2.25) 21 com Cmy =1 para momento constante e 𝜒𝑦 = (1 – P/Pe), onde Pe é a carga de Euler na menor inércia. A força axial resistente Pn é obtida pela combinação das seguintes equações: 𝑃𝑛 = 𝜒 × 𝐴𝑒𝑓𝑓 × 𝑓𝑦 (2.28) 𝜒 = { 0,658⋋0 2 , ⋋𝑒 2< 1,5 0,877 ⋋𝑒2 , ⋋𝑒 2≥ 1,5 𝑐𝑜𝑚 ⋋𝑐= √ 𝑓𝑦 𝑓𝑐𝑟, 𝑒 (2.29) com Fcr,e a corresponder à força crítica de Euler. O momento resistente é calculado com base na secção efectiva 𝑀𝑛𝑦 = 𝑊𝑒 × 𝑓𝑦 (2.30) com We a representar o módulo elástico da secção efectiva em relação à fibra que atinge primeiro a tensão de cedência. O momento fletor actuante é determinado a partir da equação: 𝑀𝑦 = 𝑃 × 𝑒0 (2.31) 𝑒0 = { 0, ⋋𝑙< 1,22 5 (16√2) (⋋𝑙− 1,22) (⋋𝑙− 0,22) , ⋋𝑙≥ 1,22 𝑒𝑚 𝑞𝑢𝑒 ⋋𝑙= √ 𝑓𝑦 𝑓𝑐𝑟,𝑙 (2.32) com Fcr,l referente à força crítica associado ao modo de instabilidade local. 2.2.4.2 Young (2004) Quando comparados os resultados experimentais realizados pelo próprio autor com as curvas de dimensionamento considerando apenas o modo de flexão em torno da menor inércia e desprezando o modo flexo torsional, do regulamento AISI e AS/NZS, Young [11] verificou que, para barras curtas, a curva de dimensionamento era conservativa e, para barras médias-a-longas, a curva torna-se contra a segurança. Nesse sentido, o autor propôs alterações às expressões da resistência global por forma a ajustar aos resultados experimentais realizados pelo autor com cantoneiras encastradas. O factor de redução de resistnência considerado foi: 22 𝜒 = { 0,5⋋𝑐 2 , ⋋𝑐≤ 1,4 0,5 ⋋𝑐 2 , ⋋𝑐> 1,4 𝑒𝑚 𝑞𝑢𝑒 ⋋𝑐= √ 𝑓𝑦 𝑓𝑐𝑟,𝑒 (2.33) onde Fcr,e é a força crítica de flexão em torno da menor inércia. A nova curva de dimensionamento é apresentada na figura 17 bem como os resultados de uma série de ensaios experimentais realizados pelo autor. Figura 17: Curva de dimensionamento P vs Le/ry proposta por Young. 2.2.4.3 Chodraui (2006) O método de dimensionamento proposto por Chodraui [12] apresentou um bom desempenho para vários ensaios experimentais fornecendo resultados ligeiramente conservativos. Este método de dimensionamento é baseado no Método da Resistência Directa e ao contrário dos métodos de dimensionamento apresentados anteriormente considera dois modos globais de instabilidade, flexão em torno da menor inércia e o flexo-torsional, sendo a carga crítica global o menor dos dois valores. O método de dimensionamento envolve três passos: (i) determinar a carga crítica global mínima, (ii) determinar a carga crítica local e (iii) fazer a interação entre ambas. Assim: Pp (Proposta) Pf (curva de flexão) 23 𝑓𝑐,𝑟𝑒 = { 0,658⋋0 2 × 𝑓𝑦, ⋋𝑒 2< 1,5 0,877 ⋋𝑒2 × 𝑓𝑦, ⋋𝑒 2≥ 1,5 𝑐𝑜𝑚 ⋋0= √ 𝑓𝑦 𝑓𝑐𝑟, 0 (2.34) em que Fcr,0 é a menor das cargas críticas globais. A tensão de dimensionamento f,r é dada por: 𝑓𝑟 = { 𝑓𝑐,𝑟𝑒 , ⋋𝑙≤ 0,776 (1 − 0,15 ⋋𝑙 0,8) × 𝑓𝑐,𝑟𝑒 ⋋𝑙 0,8 , ⋋𝑙> 0,776 𝑒𝑚 𝑞𝑢𝑒 ⋋𝑙= √ 𝑓𝑐, 𝑟𝑒 𝑓𝑙 (2.36) 2.2.4.4 Silvestre et al. (2013) Silvestre et al. [19] apresentaram um novo método de dimensionamento das cantoneiras concentricamente carregadas, com base no Método da Resistência Directa, e efetuaram análises do desempenho de outros métodos de dimensionamento. Os autores apresentam dois métodos de dimensionamento diferentes para às barras encastradas e barras apoiadas em cilindros em que a flexão em torno da menor inércia está libertada. Estas condições de apoio são referentes às barras PC, enquanto as encastradas as barras F. O método envolve os seguintes passos: (i) determinar a tensão associada à curva de resistência global proposta por Young, (ii) fazer a interação com uma curva local reduzida/modificada e por fim, (iii) conforme a condição de apoio obter a tensão de dimensionamento fr. Seguidamente apresentam-se as expressões envolvidas. 𝑓𝑐,𝑟𝑒 = { 0,5⋋0 2 𝑓𝑦, ⋋0≤ 1,4 0,5 ⋋0 2 𝑓𝑦, ⋋0> 1,4 𝑒𝑚 𝑞𝑢𝑒 ⋋0= √ 𝑓𝑦 𝑓𝑐𝑟,𝑒 (2.36) onde Fcr,e é carga de Euler. ⋋𝑙= √ 𝑓𝑐, 𝑟𝑒 𝑓𝑙 (2.37) Conforme a condição de apoio temos: Coluna encastrada: 𝑓𝑟 = { 𝑓𝑐,𝑟𝑒, ⋋𝑙≤ 0,776 (1 − 0,15 ⋋𝑙 0,8) × 𝑓𝑐,𝑟𝑒 ⋋𝑙 0,8 , ⋋𝑙> 0,776 (2.38) 24 Coluna com apoio cilíndrico: 𝑓𝑟 = { 𝑓𝑐,𝑟𝑒, ⋋𝑙≤ 0,71 (1 − 0,25 𝑓𝑙 𝑓𝑐𝑟,𝑒 ) × 𝑓𝑙 , ⋋𝑙> 0,71 (2.39) 2.2.4.5 Dinis e Camotim (2014) Os métodos de dimensionamento anteriormente descritos não traduzem o verdadeiro comportamento mecânico da cantoneira, pois consideram a curva local do Método da Resistência Directa (MRD) e/ou alterações na curva global para melhorar os resultados. Para utrapassar estas limitações, Dinis e Camotim [2] desenvolveram um método de dimensionamento racional com as seguintes características: (i) Uma vez que as cantoneiras comprimidas de comprimento intermédio colapsam (sobretudo) em modos que combinam flexão (menor inércia) ou flexão-torção, as curvas envolvidas devem ser (i1) a atual curva global do MRD e (i2) as curvas de resistência flexo-torsionais. (ii) Devem ser desenvolvidas várias curvas de resistência flexo-torcionais para cantoneiras comprimidas, de forma a capturar a erosão progressiva da resistência pós-crítica à medida que aumenta o seu comprimento no plateau. (iii) Os efeitos do centroide efectivo não devem ser considerados no caso das colunas encastradas mas tem de ser considerados no caso dos apoios cilíndricos. Este efeito tem de incluir o efeito resultante do aumento do comprimento da cantoneira. A identificação das curvas de resistência flexo-torsionais foi efetuada seguindo os passos que se descrevem seguidamente: fu / fy 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 L 5.0 (a) ft 0,0 0,2 0,4 0,8 1,0 1,2 0,6 - 70x1,2 - 50x1,2 - 50x2,6 Figura 18: fu/fy vs λft. 25 Foram considerados curvas de resistência do “tipo Winter” para cantoneiras forçadas a colapsar num modo de deformação flexo-torsional (canto da cantoneira bloqueado no eixo da maior inércia). Devido à dispersão de resultados obtidos (figura 18), foi considerado um parâmetro adimensional ∆ para ajustar as curvas de resistência à influência da flexão em torno da maior inércia na capacidade resistente da cantoneira. ∆= 𝑓𝑏𝑡 − 𝑓𝑐𝑟𝑓𝑡 𝑓𝑐𝑟𝑓𝑡 × 100 (2.40) com 𝑓𝑏𝑡 a corresponder à tensão crítica de torção e 𝑓𝑐𝑟𝑓𝑡 a tensão crítica flexo – torsional,as quais são determinadas através das seguintes expressões analíticas: 𝑓𝑏𝑡 = 𝐺 𝑡2 𝑏2 + 𝜋2 𝐸𝑡2 12( 𝐿 2) 2 (2.41) 𝑓𝑐𝑟𝑓𝑡 = 4 5 (𝑓𝑏𝑡 + 𝑓𝑏𝑓 −√(𝑓𝑏𝑡 + 𝑓𝑏𝑡)2 − 2,5𝑓𝑏𝑡𝑓𝑏𝑓) (2.42) onde fbf = 2 E b 2 /(6 (L/2) 2 ) corresponde à tensão crítica da cantoneira associada à flexão em torno do eixo de maior inércia. Estas expressões foram deduzidas especificamente para cantoneiras de abas iguais (dimensão b, espessura t, comprimento L), de aço (E, G=E/(2 (1+𝜈2))), submetidas a compressão uniforme. A expressão adaptada foi: ab,, aa ab,, ft y crft y crft y fty nft se f f b f f f sef f 225050 225050 1 1 1 , com crft y ft f f (2.43) em que a e b são variáveis adimensionais que dependem de ∆ e cujas expressões se indicam em (2.46) e (2.47). Por forma a considerar os efeitos de interação substitui-se a tensão de cedência fy por fc,re. No caso cilíndrico, para ter em conta o efeito do centroide efectivo, foi considerado um parâmetro β que multiplica a equação (2.43). A identificação de uma expressão para o parâmetro fez-se com base no conceito de "factor de redução elástico", o qual tem em conta o facto de que tanto a resistência pós- 26 crítica, como os efeitos da alteração do centro de gravidade efectivo da secção, variarem com o comprimento da coluna. A identificação envolve as seguintes etapas: (i) Efetuar análises elásticas de pós-encurvadura de colunas F geometricamente idênticos a colunas PC (mesma relação fbt/fcrft e imperfeições geométricas iniciais com a forma do modo crítico e amplitude L/1000). Registar a evolução, à medida que as cargas aplicadas P aumentam, da tensão normal (longitudinal) máxima na secção de meio vão (fmax). A figura 19(a) representa as curvas P vs. fmax para as colunas F e PC com =0,16. (ii) Considerar que, para uma dada tensão fmax, a diferença entre as cargas aplicadas das colunas F e PC (Pf e Ppc) decorre da alteração do centro de gravidade efectivo da secção a razão Ppc /PF fornece uma boa aproximação para o parâmetro β, i.e., β Ppc /Pf. (iii) Relacionar fmax com a esbelteza da coluna através da expressão ft=(fmax /fcrft) 0,5 , o que equivale a assumir que β corresponde à redução que resulta da alteração do centro de gravidade efectivo da secção numa “análise elástica limite”. Deste modo, torna-se possível desenvolver curvas β(ft), uma por cada valor de . (iv) Através de um “processo de ajuste de curva por tentativa-erro”, procurar expressões de “tipo Winter” relacionando β com ft, tendo por base a expressão: PC colunas para 1 )( 68.0 F colunas para1 fte dc β (2.44) onde a dependência de β em termos do comprimento da cantoneira é tida em conta através dos parâmetros c e d, os quais são também expressos em termos da razão percentual . A Figura 19(b) apresenta (iv1) as curvas β vs. ft para f=0,0; 0,16; 0,84; 2,41, e (iv2) os valores de β ajustados (para 0.0). F PC ft (a) P (kN) Elástico – f =0,16 0 2 4 6 0 400 800 fmax (MPa) PF PPC = PPC PF 200 150 100 50 0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 (=0,84) (=0,16) Colunas PC (f =0) (b) 0.0 0.2 0.4 0.8 1.0 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 (=2,41) (=0,0) 0.6 - =0,16 - =0,84 - =2,41 - ft Figura 19: a) P Elástico vs λft para colunas F e PC b) curva de β. 27 Assim, o dimensionamento de colunas encastradas (F) e com apoios cilíndricos (PC) pode ser efectuado a partir das seguintes expressões: ab,, ab,, fte ne crft ne crft ne ftene nfte se f f b f f f sef f 225050 225050 1 1 1 aa β β (2.45) com fte=(fne /fcrft) 0,5 e 5.00.9700.001 5.00.4000.2500.0320.001 ff ff 2 f 3 f if if a (2.46) 072480 070.1500.014 .if. .if b f ff (2.47) PC colunas para1 )( 68.0 F colunas para1 fte dc β (2.48) 5.00.5650.001 050.248000.2000020 0.21.012.80.011300.0 2 23 ff fff ffff if .if.. if c (2.49) 5.00.9770.001 050.271200.0940080 0.20.2515.20.041380.0 2 23 ff fff ffff if .if.. if d (2.50) Os autores, compararam o método de dimensionamento (fnfte) com os resultados de ensaios experimentais e numéricos (fu), tendo obtido muito boas estimativas, como pode ser observado na figura 20 e na tabela 1, onde se apresentam os valores da média, desvio padrão, máximo e mínimo obtidos. fu / fnf te (a1) fu / fnf te (a2) 0.0 1.0 1.5 0.5 0.5 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 0.0 1.0 1.5 0.5 0.5 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 fte fte Colunas F – Experimentais Colunas F – Númericos 28 fu / fnf te (b1) fu / fnf te (b2) 0.0 1.0 1.5 0.5 0.5 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 0.0 1.0 1.5 0.5 0.5 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 fte fte Colunas PC – Experimentais Colunas PC– Númericos Figura 20:Resultados fu/fnfte vs λfte para (a) Colunas F (b) Colunas PC: (1) Resultados experimentais (2) Resultados Numéricos. Tabela 1: Resultados MRD – Colunas F e MRD – Colunas PC MRD-F MRD-PC Exp Num Exp + Num Exp Num Exp + Num Média 1.00 1.02 1.02 1.13 1.10 1.10 D. Padrão 0.12 0.12 0.12 0.25 0.09 0.13 Max 1.37 1.35 1.37 1.78 1.37 1.78 Min 0.80 0.80 0.80 0.81 0.92 0.81 2.3 Compressão Excêntrica Geralmente, as cantoneiras excentricamente carregadas são ligadas de uma das seguintes formas: (i) ligações aparafusadas a uma aba, (ii) ligações em que uma chapa é soldada a uma aba e (iii) ligações em que uma chapa é soldada à extremidade da cantoneira. Estas três condições de apoio distintas refletem a complexidade mecânica das cantoneiras excentricamente carregadas. A cada tipo de ligação, a rigidez de torsão da barra varia e esta variação depende de factores como por exemplo a rigidez induzida pelo(s) parafuso(s), ou pela configuração da chapa de ligação ou pelo cordão de soldadura. Para além do problema da ligação, a cantoneira tem os eixos de inércia não coincidentes com os eixos geométricos. Este aspecto é importante pois, conforme já exposto no caso das cantoneiras concentricamente carregadas, o comportamento das cantoneiras é diferente conforme a posição das imperfeições/ excentricidades nos eixos de inércia. Uma vez que o 29 aparafusamento da cantoneira corresponde tipicamente a uma excentricidade nos dois eixos de inércia, a análise através dos eixos geométricos não distingue os fenómenos físicos relacionados com o comportamento quando a excentricidade é no eixo da maior inércia ou no eixo da menor inércia. Ao contrário das cantoneiras de abas iguais concentricamente carregadas, relativamente às cantoneiras excentricamente carregadas não se pode considerar que existem verdadeiramente cargas críticas de instabilidade, porque a excentricidade atua desde o início do carregamento. Este facto conduz à inexistencia de um verdadeiro comportamento de bifurcação, o qual só existe em barras concentricamente carregadas, isto é, barras sem imperfeições iniciais e ou excentricidades. 2.3.1 Resistência Elástica Considerando o empenamento restringido, Ray[20] deduziu uma solução aproximada das equações diferenciais de equilíbrio para a condição
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