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1 Estruturas de aço e a Sustentabilidade Rosiéli Jardim Vaz – rosielirjardim@gmail.com MBA em Gerenciamento de Obras, Produtividade e Tecnologia da Construção Instituto de Pós-Graduação - IPOG Garibaldi, RS, 25 de janeiro de 2023 Resumo A construção civil é uma das principais responsáveis pela escassez dos recursos naturais e pela produção de resíduos. Cada vez mais é necessário realizar ações sustentáveis que visem o futuro das próximas gerações. Enfim, os próximos habitantes desse planeta merecem usufruir dos recursos naturais com eficiência e assim obter digna qualidade de vida. A partir disso a construção civil precisa se atentar constantemente à sustentabilidade ambiental. O aço é utilizado desde o século 18 e está resultando gradativamente em uma tendência significativa no setor da Construção Civil. São inúmeros fatores que tornam o aço um material amplamente ligado a sustentabilidade. Entre os principais estão: 30% mais leve que o concreto, além de sua maior durabilidade, sustentabilidade, ductilidade, e menor custo de manutenção. Devido ao aço ser aplicado em vários locais o seu emprego é largamente diversificado, em pontes, aeroportos, complexos industriais e edifícios. Com isso sua utilização nesses tipos de construções se torna eficiente e sustentável. Palavras-chave: Aço. Sustentabilidade.Estruturas Metálicas. Construção Civil. 1. Introdução No começo do século XX, ocorreram muitas transformações não só econômicas, mas também sociais. Com a industrialização e o crescimento populacional o planeta vem sofrendo com vários danos ambientais. A intervenção humana é um dos principais contribuintes para agravar ainda mais essa situação. Devido a isso, temos a necessidade de encontrarmos soluções menos agressoras ao meio ambiente para vivermos de forma confortável e para garantirmos o futuro das próximas gerações (NETA, 2011). Cavalcanti (2003), definiu sustentabilidade como a possibilidade de se obter continuamente condições iguais ou superiores de vida para um grupo de pessoas e seus sucessores em dado ecossistema. Para a propagação da responsabilidade ambiental é imprescindível tomar atitudes que colaborem para um planeta mais sustentável, independente se essa tarefa for realizada por pessoas ou empresas. Também, é necessário não apenas visar lucros, mas sim atitudes que busquem a proteção do meio ambiente. (PAES, 2011). A significância da sustentabilidade na construção civil propõe que ações sejam tomadas antes, durante e após as construções, visando a redução dos impactos ambientais, com viabilidade econômica para assim alcançar qualidade de vida para as atuais e futuras gerações (PEREIRA, 2009). O aço é uma opção da construção para acrescer com ganho significativo de produtividade, maior velocidade na execução, com redução de desperdícios e de mão de obra, acarretando no custo/benefício. Assim o aço vem sendo bastante utilizado e ganhando seu lugar nas construções, devido a facilidade de variações construtivas.(RODRIGUES,2006). 2 O aço é uma liga de ferro constituído de uma porcentagem de carbono (inferior a 1,7%) e de pequenas quantidades de outros elementos como silício, fósforo, manganês etc, no qual é relacionado ao tipo de aço que se queira fabricar. As propriedades especiais como maior elasticidade e resistência ao desgaste, à corrosão e à oxidação conferem devido adição desses elementos já mencionados. Outra propriedade que o aço possui é a ductibilidade, sendo a capacidade que o material possui de sofrer deformação ao ser tensionado sem ocorrer o rompimento, podendo assim evitar acidentes (FERRAZ, 2003) Para haver crescimento na indústria de estruturas de aço é necessário que haja quebras de paradigmas, pois os empreendedores ainda são muito resistentes a utilização de estruturas metálicas. Isso ocorre devido a vários fatores como culturais, desconhecimento do produto e suas respectivas vantagens, e também quando só levam em conta o custo financeiro. Já que o preço de uma estrutura metálica é bem maior comparando a uma convencional de concreto. O Brasil ocupa a nona posição no ranking dos 10 maiores países produtores de aço no mundo O mesmo produziu em 2019 32,2 milhões de toneladas, segundo levantamento da WorldSteel Association (WorldSteel). Mesmo o Brasil ser um grande fabricante de aço ainda utilização de estruturas metálicas é pequena se comparar ao seu potencial de fabricação (PINHO, 2015). Albuquerque e Pinheiro (2002), mencionam que ainda há muito espaço para crescer no Brasil, sendo que nos Estados Unidos, 50% das construções comerciais são em aço. Na Inglaterra, chegam a 70%. Atualmente produtividade e sustentabilidade são os novos conceitos da construção civil e isso faz com que o mercado das estruturas metálicas triunfe. Para empreendedores optarem substituir estruturas de concreto pelas de aço, a diferença do preço compensa nas reduções de tempo e de mão de obra (PINHO, 2015). Optar por estruturas em aço fazem com que Engenheiros, arquitetos e construtores utilizem eficiência e qualidade em suas construções (ALBUQUERQUE; PINHEIRO, 2002). Perante ao exposto, este trabalho objetiva verificar, através de pesquisa bibliográfica, a viabilidade das estruturas metálicas na construção civil apresentarem-se sustentáveis, apresentar as principais vantagens, alguns tipos de aplicações das estruturas metálicas e verificar métodos construtivos de avaliações sustentáveis . Para alcançar tais objetivos foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre a temática. 2. Desenvolvimento 2.3 A busca pela Sustentabilidade na Construção Civil Através dos dados do Conselho Internacional da Construção (CIB), define que a indústria da construção é um dos setores que mais consome recursos naturais, sendo responsável por cerca de 40% do consumo de energia, 30% dos resíduos gerados e 30% das emissões globais de gases de efeito estufa (AGOPYAN E JOHN, 2011). Devido a abrangência do setor, a construção civil é causador por parte da degradação ambiental no planeta porém, possui uma fundamental importância no desenvolvimento sustentável. Machado (2010), afirma que “sustentabilidade na construção” ou “edifício sustentável” são termos adotados para designar edificações que minimizem os impactos negativos causados ao ambiente, sem prejuízo no conforto, na saúde dos usuários, dos construtores e do entorno, por meio da adoção de medidas ou 3 mecanismos que aumentam a economia, a eficiência de recursos e o desempenho dos edifícios. Ainda que as inovações em relação ao consumo da água e de energia nas construções sejam muito eficiêncientes, o problema encontra-se na fase operacional, ou seja, há muita demanda de materiais provenientes de recursos naturais, consumindo muita energia, gerando resíduos e má utilização do solo (MACHADO, 2010). A significância da sustentabilidade na construção civil propõe que ações sejam tomadas antes, durante e após as construções, visando a redução dos impactos ambientais, com viabilidade econômica para assim alcançar qualidade de vida para as atuais e futuras gerações. Grande parte da sociedade cada dia mais vem mudando seus hábitos em relação à preservação do meio ambiente e, com isso, surge a necessidade de construções mais sustentáveis. A busca pela sustentabilidade fez com que a Construção Civil procure alternativas para seu desenvolvimento, sendo um mercado de utilização de cimento e argamassas bastante difundido, o mesmo também apresenta muito desperdício e baixa produtividade. Com isso o ramo da Construção Civil vem procurando novos formatos para melhoramento de métodos simplificados a serem empregados. (ALBUQUERQUE; PINHEIRO, 2002). A Construção Sustentável visa a redução da utilização dos recursos naturais e o incentivo da reutilização. Para a obtenção de uma construção mais sustentável foram desenvolvidos alguns parâmetros que serão mencionados a seguir (DE SOUZA LÔBO E FRANCISQUINI,2022): I) possuir uma abordagemintegrada de ciclo de vida do projeto levando em consideração os fundamentos da construção sustentável, criando soluções otimizadas (consumo de energia , estética, custo, vida útil, manutenção); II) levar em consideração as qualidades ambientais dos respectivos materiais tanto no projeto bem como no produto final; III) centralizar o parecer funcional sobre a fase de exploração (longa vida útil, flexibilidade e durabilidade dos componentes). 2.1 Sistema Estrutural Sustentável Para adotar um sistema estrutural em uma obra é indispensável saber as necessidades que a obra requer, ter conhecimento de todos sistemas construtivos e assim escolher qual o que melhor se adeque (MATOS, 2014). É sabido que é do projeto estrutural que provém a sustentação da construção, por isso sua real importância e critérios bem analisados. Por meio dos cálculos estruturais que são previstos o comportamento da estrutura perante aos esforços aplicados nela e é assim que será escolhido o formato mais adequado (MATOS, 2014). Para avaliar qual o melhor sistema estrutural é preciso conhecer as características da obra, Penna e Pinto (2008, p. 19) evidenciaram alguns tipos de parâmetros que devem ser observados quando definir um sistema estrutural: - Tipo de fundação - Tempo de construção - Tipo de ocupação - Disponibilidade e custo dos materiais - Recursos da construtora - Local da obra e acessos - Possibilidade de adaptações 4 - Compatibilidade c/ sist. Complementares - Manutenção e reparos - Vãos livres - Espaço livre para a estrutura - Espaço livre para utilidades - Altura da edificação - Proteção contra a corrosão - Proteção contrafogo - Estética - Desperdício materiais/mão-de-obra - Segurança do trabalhador - Custos financeiros - Adequação ambiental - Qualidade e durabilidade - Desempenho - Incômodo de áreas próximas É importante ressaltar que o mercado da construção civil é muito competitivo, acarretando na busca das construtoras em reduzir custos para que o setor esteja sempre em movimento e assim os investidores obterem algum retorno. (CARDOSO; GONZALES, 2014). A busca pela sustentabilidade se torna cada vez mais desafiadora para arquitetos, engenheiros, e demais profissionais da área para isso é imprescindível possuir o conhecimento de quais são os critérios ou diretrizes que seu projeto deve considerar, com a finalidade de obter arquiteturas sustentáveis. Definir o que vem a ser correto em Arquitetura Sustentável é um desafio hoje ainda complexo, que depende de uma variedade de fatores locais e globais que devem ser considerados e de conhecimento necessário em várias áreas. Uma obra sustentável nunca pode ser reproduzida sem deixar de ser fiel a si mesma, pois é um sistema „vivo‟, que obedece ao princípio de que „cada organismo tem sua própria necessidade de interação com o meio‟. Não existe, portanto, uma „receita de bolo‟ para uma obra sustentável, mas pontos que devem ser buscados, atendendo sempre a máxima da Rio-92: “Pensar global e agir local”. É a partir do local de implantação e de todas suas interações (ecológicas, sociais e econômicas), do perfil do cliente e das necessidades do projeto, que se define uma obra sustentável (ARAÚJO, 2005, p.4). Os sistemas construtivos necessitam focar no alcance dos novos moldes: intervenção no meio ambiente, na busca de sua preservação com evolução, na sua recuperação e gerando conformidade em seu entorno. Uma minimização considerável dos impactos ambientais na construção civil pode ser adquirida através da implantação de políticas consolidadas e designadas para o setor. A indústria das estruturas metálicas deve, cada vez mais, desmitificar suas vantagens em concomitância com seus benefícios frente à sustentabilidade. Assim fará com que seu mercado cresça, sempre na busca da funcionalidade do produto e minimização de custos. 2.2 Estruturas Metálicas As estruturas metálicas são utilizadas desde o século XVIII em grande parte da Europa e dos Estados Unidos. No Brasil a construção em aço foi impulsionada pela criação da Fábrica de Estruturas Metálicas da Companhia Siderúrgica Nacional na 5 década de 1950.O primeiro edifício em estrutura metálica do país com materiais e projetos próprios foi o Edifício Garagem América, no centro da cidade de São Paulo, conforme Figura 1. (CASTRO, 1999). Figura 1 – Edifício Garagem América Fonte: SPcity (2023) Segundo Bellei (2004) foi a partir de 1960, que apareceu no país um representativo número de empresas, projetistas, e outros profissionais do ramo da construção civil, nos quais aderiram as estruturas metálicas como sistema construtivo. E foi na década 1970, que o Brasil produziu em torno 500 mil toneladas de estruturas metálicas, sendo que sua maior parte se designou para o setor industrial. Sales, Sousa e Neves (2001) afirmaram que a estrutura metálica possui metodologia construtiva própria e desconhecer essa tecnologia leva a adoção de solução incompatível com o sistema estrutural, por isso esse tipo de construção exige conhecimento das potencialidades e das limitações e grande atenção no planejamento e interação desde a concepção de projeto até a finalização da obra. As obras em aço possuem particularidades, ou seja, são dos projetos estruturais que resultam as listas de materiais que serão utilizadas nas obras, quais a tipologia de perfis, as espessuras das chapas, as dimensões das peças, o tipo de aço. Penna e Pinho (2008, p.34) evidenciaram em um sistema estrutural misto ou de um sistema estrutural feito em aço, o mesmo pode ser caracterizado pelas escolhas dos itens que estão expostos pela Tabela 1: Configuração Tipos/ características Tipo de aço: Os aços estruturais são aqueles que, devido à sua resistência mecânica, resistência à corrosão, ductilidade, soldabilidade e outras propriedades, são adequados para uso em elementos que suportam cargas i) aços com baixo teor de carbono tendo o aço ASTM A36 como principal aço desse grupo, com limite de escoamento mínimo de 250 MPa; ii) aços com baixo teor de carbono de alta resistência mecânica e baixa liga, sendo o aço ASTM A572 G50 seu principal aço, com um limite de escoamento mínimo de 345 MPa; e iii) aços com baixo teor de carbono de alta resistência mecânica e baixa liga, resistentes à corrosão atmosférica, sendo os aços NBR 5921, NBR 5008, ASTM A588 os principais aços desse 6 grupo, com limites de escoamento mínimo de 250, 300 e 350 MPa para os aços NBR 5921, e NBR 5008, com limite de escoamento mínimo de 350 MPa para o aço ASTM A588. Tipo de perfil: consistem na forma como o aço se apresenta para uso estrutural. Algumas das características dos perfis são: Homogeneidade estrutural; Número de bitolas; Bitolas sob medida; Prazo de entrega; Comprimento padrão e sob medida; Acabamento superficial. Os principais tipos de perfis estruturais são: - Perfis eletro-soldados. - Perfis formados à frio. - Perfis laminados de abas inclinadas. - Perfis laminados de abas paralelas. - Perfis soldados. - Perfis tubulares com costura. - Perfis tubulares sem costura. Tipo de proteção contra a corrosão: uma boa proteção começa no projeto, evitando detalhes que possam criar empoçamento ou acúmulo de sujeira junto a estrutura; A proteção contra a corrosão na realidade é um sistema composto de: - limpeza de superfície; - pintura de base que tem a necessária aderência na superfície do aço; - pintura de acabamento que tem aderência na pintura de base, completa a espessura necessária para a proteção e dá a cor do acabamento final. Tipo de proteção contra fogo: é um custo importante nas estruturas de aço, mas, se bem coordenada com outros partidos adotados para o projeto e o uso de engenharia na minimização da quantidade de materiais utilizados, este custo pode ser reduzido. A estrutura enclausurada pode empregar proteção em argamassa projetada (de menor custo) e não necessita de pintura anticorrosiva,assim se tem uma estrutura durável e com o menor custo de proteção contra a corrosão e o fogo. Para cada tipo de utilização existe um tempo requerido de resistência normatizado Tabela 1 – Configurações do Aço. Fonte: Penna e Pinho (2008) A partir disso alguma empresa é escolhida para fabricar as peças conforme os projetos, isso dependerá muito da montagem da estrutura. A montagem é uma etapa muito importante de obras metálicas, pois as peças são montadas conforme o projeto de montagem, para isso é necessário que elas sejam fabricadas em concordância com o mesmo, para assim não ocorrer atrasos. Já que as peças estão prontas e armazenadas adequadamente é necessário apenas montá-las no seu respectivo local. Figura 2 – Canteiro de obras de uma estrutura metálica Fonte: Trial (2021) 7 2.4 Vantagens das Estruturas do Aço A utilização do aço como elemento principal nas estruturas faz com que as obras se tornem menos agressoras ao meio ambiente reduzindo o impacto sob o mesmo. A partir disso podemos entender que a relação do aço e sustentabilidade é bastante promissora, e com isso serão descritas as vantagens da sua utilização nas obras (RODRIGUES, 2017). 2.4.1. Totalmente Reciclável O aço é um componente 100% reciclável. Com isso, mesmo depois de descartar é possível fabricar novos produtos oriundos da sua matéria-prima. Durante esse processo o material não perde suas propriedades, sua reutilização faz com ele seja reaproveitado em novas ligas siderurgicas, em novas telhas, em novos perfis (TUPER,2022). 2.4.2 Duração elevada Por possuir uma durabilidade bastante considerável o aço se torna um material sustentável. É necessário atentar apenas para a sua suscetibilidade à corrosão, mas para isso são utilizadas técnicas de proteção, que são pintura, galvanização entre outras. Empregando essas técnicas de blindagem à corrosão faz com que aumente ainda mais sua vida útil (HDG METAIS, 2021). 2.4.3 A utilização do aço reduz os impactos ambientais A estrutura em aço é muito leve, requer as dimensões de fundações menores, acarretando na redução das escavações. Isso levará a uma diminuição de quantidade de terra a ser retirada, e também reduzirá a logística de caminhões para o descarte de terras. E quando o solo não possui boas condições para fundações robustas a estrutura metálica se torna uma ótima solução (BONAFÉ, 2022). 2.4.4 Utilização de coprodutos A partir da fabricação do aço são obtidos alguns coprodutos, conhecidos como resíduos do processo siderúrgico, alguns exemplos: a carepa, pó de aciaria, escória de alto-forno, nas quais são expostas na Figura 3. Esses materiais anteriormente eram descartados em aterros ou aproveitados em processos internos das empresas foram transformados em matéria-prima para pavimentação de estradas, correção de solo, fabricação de cimento Portland, fundições, materiais cerâmicos, etc (IBRAM, 2013). 8 Figura 3 – Carepa, pó de aciaria, escória de alto-forno respectivamente Fonte: Portal Metálica (2021); Ramos, Paulino, Klug (2014); Pfeiffer (2023); 2.4.5 Proporciona maior economia de energia A resistênia elevada do aço permite que as estruturas possuam espaçamentos entre os vãos grandiosos. Nos quais suprem a necessidade de estruturas como centros de compras, pontes, galpões, edifícios altos, ginásios de esportes, e torres de transmissão de energia e de telecomunicações. (DIAS, 2004). Os galpões metálicos permitem a utilização de painéis solares para assim otimizar a economia de energia elétrica. E também devido a seus grandes vãos poderão ser utilizadas telhas transparentes para economizar ainda mais energia elétrica. 2.4.6 Flexibilidade eficiente As edificações em aço permitem que não ocorra limitações para o tipo de configuração, isso gera uma certa liberdade para futuras mudanças, adaptações, ampliações. Tradicionalmente o fechamento de estruturas metálicas são realizados com telhas metálicas. Mas dependendo da obra o fechamento poderá utilizar outros tipos de materiais bem como: tijolos, blocos, painéis dry-wall, etc (BONAFÉ, 2022). 2.4.7 Velocidade na construção Como resultado da fabricação da estrutura e a execução das fundações serem realizadas simultaneamente, é possível trabalhar em várias frentes de serviços. Isso reduz em torno de 40% no tempo de construção ao comparar com os processos convencionais. Devido as peças já virem prontas, e a montagem ser in loco, isso acarreta em um processo de construção mais eficiente, a uma maior velocidade de execução e redução dos riscos e prejuízos à obra (DIAS, 2004) 2.5- Estruturas metálicas sustentáveis Após a análise das vantagens na utilização das estruturas metálicas, pelas informações mencionadas nesta pesquisa, é possível perceber que esse tipo de edificação proporciona viabilidade econômica, ao combinar os aspectos ambientais, sociais e econômicos. 9 Uma obra sustentável nunca pode ser reproduzida sem deixar de ser fiel a si mesma, pois é um sistema “vivo‟, que obedece ao princípio de que „cada organismo tem sua própria necessidade de interação com o meio‟. Não existe, portanto, uma “receita de bolo‟ para uma obra sustentável, mas pontos que devem ser buscados, atendendo sempre a máxima da Rio-92: “Pensar global e agir local”. É a partir do local de implantação e de todas suas interações (ecológicas, sociais e econômicas), do perfil do cliente e das necessidades do projeto, que se define uma obra sustentável (ARAÚJO, 2005, p.4). Através das imagens correspondentes às figuras 3 e 4 é perceptível que as estruturas metálicas permitem maior liberdade de criação aos arquitetos e permitindo ser aplicadas em qualquer tipo de projeto. Seus aspectos já mencionados proporcional uma obra ágil e limpa, com energia fotovoltaica, e ao aderir grandes esquadrias proporciona a racionalização de luz artificial. Devido as superfícies envidraçadas, execução de fachadas e coberturas mais transparentes, proporcionando assim uma melhor gestão da luz natural e a facilidade de utilizar a energia solar. Figura 3 – Edificação 1 de estrutura metálica Fonte: Arquitetura de Estruturas (2019) Figura 4 – Edificação 2 de estrutura metálica Fonte: Casa e Jardim (2020) 10 2.6- QUALIDADE SUSTENTÁVEL DAS EDIFICAÇÕES Para uma estrutura ser definida sustentável é preciso saber qualifica-lá sob seus aspectos sustentáveis. E para isso que foi criado o sistema de avaliação e classificação do desempenho ambiental e da sustentabilidade dos edifícios. Zambrano (2008) afirmou que na década de 90 tanto no campo acadêmico como no mercado, começaram a surgir muitas pesquisas com o intuito de promover a qualidade ambiental e, em seguida, da sustentabilidade das edificações. Também foi observado neste período, a criação de instrumentos capazes de apoiar e avaliar o projeto e de medir e avaliar a qualidade final das edificações, e assim atestar este desempenho através de selos verdes, certificações ambientais entre outros (ZAMBRANO, 2008). Zambrano (2008) separa essas novas metodologias e ferramentas em conformidade com sua finalidade: a) ferramentas de auxílio ao projeto, como instrumentos de cálculo e simuladores térmicos, acústicos, etc.; b) sistemas de avaliação de edificações e c) sistemas que conferem selos e certificações ambientais. No Brasil, Silva (2003) analisou alguns sistemas de avaliação ambiental e os separou conforme duas categorias: os sistemas visando a pesquisa e os sistemas direcionado ao mercado. Para a autora fazem parte do primeiro grupo os instrumentos que buscam criar bases de conhecimento e estabelecer referenciais de desempenho, tais como BEPAC - Building Environmental Performance Assessment Criteria (Canadá) e GBTool – Green Building Tool (pertencente ao consórcio internacional GBC – Green Building Challenge, iniciado no Canadá e do qual o Brasil faz parte). Do segundo grupo fazem parte instrumentos de avaliaçãoe certificação tais como BREEAM - Building Research Establishment Environmental Assessment Method (Reino Unido), o LEED - Leadership in Energy and Environmental Design (USA) e o CASBEE - Comprehensive Assessment System for Building Environmental Efficiency (Japão), entre outros. O BREEAM foi criado em 1990 no Reino Unido, sendo uma metodologia pioneira de avaliação ambiental de edifícios. Esse sistema concede certificação de desempenho juntamente ao marketing do edifício, podendo ser dispostos na fase de projeto como durante a utilização ou reformas de edificações comerciais (MARQUES, 2007). Foram criados logo depois outros sistemas de avaliação em conformidade com o BREEAM onde, cada país europeu, juntamente com os Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão, Hong Kong e atualmente o Brasil, possuem seus próprios sistemas de avaliação. Para Marques (2007) a maior parte dos sistemas estão apenas ligados com o resultado final do edifício, e focalizam somente no aspecto ambiental da sustentabilidade, sem considerar os outros pilares da mesma: sociais e econômicos, acarretando para a não avaliação de todo oprocesso. Porém, as certificações, como HQE (Haute Qualité Environnemental) e AQUA (Alta Qualidade Ambiental), levam em consideração o processo de criação e utilizam na sua avaliação a separação de “perfis ambientais” iniciais representando as reais necessidades do trinômio “construção- ambiente- usuário”. Isso acaba evitando desempenhos dispensáveis e destacando o que há para ser implementados (FUNDAÇÃO VANZOLINI, 2007). Nos últimos anos no Brasil, ocorreu um aumento por sistemas e metodologias voluntárias de avaliações de edificações, especialmente nas categorias: habitacional, pela grande procura do mercado e valorização dos imóveis, e institucional, por destacar as marcas de empresas ligados com à Sustentabilidade. 11 Porém, a utilização de sistemas, como o LEED e o AQUA, proporcionando uma visão educativa para o desenvolvimento do Setor e do mercado da Construção Civil. No qual é beneficiado com seus requisitos e “checklists” como ferramentas para ajudar os profissionais que desejam seguir parâmetros sustentáveis em suas obras. Devido as certificações terem sido criadas em países estrangeiros há bastante dificuldade no enquadramento delas no Brasil, pois as culturas são bem diferentes. As diferenças de legislação são significativas e estão voltadas no clima, técnicas construtivas, formas de gestão. Mas principalmente a cultura social não encontra-se adaptada ao contexto nacional (FOSSATI; ROMAN; SILVA , 2005, apud MARQUES, 2007, p.28). Enfim para uma obra ser sustentável deverão ser empregadas soluções arquitetônicas em concordância com a sua localização e seu contexto, sem depender do sistema de avaliação a ser utilizado para certificar o empreendimento. Para isso, é necessário haver seriedade e confiabilidade no órgão certificador e em seus critérios (ROSSATTO, 2015). 3. Conclusão. Através da pesquisa realizada, foi observado o quão necessário é expandir o tema relacionado a sustentabilidade na construção civil e assim trazer os envolvidos para o mesmo entendimento. Para a continuação da propagação do contexto se faz necessário o auxílio de todas partes envolvidas no mercado da construção, como empreendedores, construtores, engenheiros e arquitetos. A governança poderá auxiliar com incentivos fiscais e fiscalização competentes. A construção civil deverá proporcionar estudos para utilização de novas técnicas construtivas voltadas a minimização da extração de recursos naturais. Dadas as características do aço, visando a resistência e ductilidade, as estruturas metálicas concedem sistemas construtivos com vãos livres de grandes extensões, pilares mais robustos e fachadas mais leves. Avaliando as inúmeras fases ao longo do ciclo de vida de uma estrutura metálica rapidamente são percebidas as vantagens na utilização desse tipo de estruturas. São estruturas consideradas leves, ocasionando à construção de fundações menores, proporcionando a preservação do solo de fundação e ainda a diminuição da movimentação de terras. Além de proporcionar liberdade nos formatos de concepção para os executores do projeto. Como também toda a facilidade de execução, podendo ocorrer a montagem da obra em concomitância com outras fases. Também vale ressaltar que o aço pode ser reciclado várias vezes sem que suas propriedades sejam perdidas, acarretando assim na redução do consumo de recursos naturais e no aumento da reutilização. Um projeto de uma obra sustentável, com planejamento eficaz e bem executado, fazendo o uso de materiais sustentáveis. Juntamente dele deverá haver um plano eficiente de funcionamento e manutenção para o ganho de sua vida útil, proporcionando assim benefícios ambientais e sociais. Isso acarretará em ganhos monetários a todos envolvidos no empreendimento. E como já mencionado o mercado das estruturas metálicas vem para auxiliar nos problemas que a construção civil vem enfrentando para se tornar mais sustentável. 12 Referências AGOPYAN, Vahan e JOHN, Vanderley Moacyr. O desafio da sustentabilidade na construção civil. Editora Blucher. São Paulo. 2011 p 1-141. ALBUQUERQUE, A. T.; PINHEIRO, Libânio Miranda. Viabilidade econômica de alternativas estruturais de concreto armado para edifícios. 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