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ESTRUTURAS DE AÇO 1. Definições O aço é uma liga de ferro e carbono com outros elementos adicionais (manganês, fósforo etc). Seu teor de carbono está entre 0, 008 % e 2,11 %. O carbono aumenta a resistência do aço, mas o torna mais frágil (quebradiço). Os aços com baixos teores de carbono são menos resistentes à tração, mas são mais dúcteis, isto é, eles sofrem grandes deformações antes de se romper. Em estruturas usuais de aço, utilizam-se aços com baixos e médios teores de carbono, teor de carbono equivalente máximo de 0,45%, para permitir uma boa soldabilidade. 2. Introdução “A escolha do material a usar em uma construção é sempre uma incógnita. Cada sistema tem um uso apropriado”, O aço, como qualquer outro material de construção resulta competitivo em alguns casos e inviável em outros, assim como acontece com o concreto, a madeira, o concreto protendido e os pré- moldados. Com o desenvolvimento das construções e da metalurgia, as estruturas metálicas adquiriram formas funcionais e arrojadas, constituindo-se em verdadeiros triunfos tecnológicos. Como o Brasil é um país em crescimento o setor industrial é o grande consumidor de estruturas metálicas, absorvendo a maior parte da produção. O Brasil está entre os maiores produtores mundiais de mineiro de ferro. Aplicações das estruturas metálicas. Atualmente se aplicam em praticamente todos os setores construtivos. Dentre as inúmeras aplicações estão: TORRES PANÉIS E POSTES TELHADOS PONTES E VIADUTOS RESIDÊNCIAS GUINDASTE ANGARES Tem-se construído no Brasil várias obras importantes tais como: • Edifício Avenida Central (RJ): Edifício em aço Construído em 1961), com 34 andares. • Edifício Garagem América (SP): Primeiro edifício em apresentar estrutura de aço aparente no Brasil, construído em 1958. • Ponte Rio- Niterói, recorde mundial em viga reta (300 m), no vão central. • Edifício casa do comércio da Bahia em Salvador 3. Propriedades mecânica dos aços estruturais. As propriedades mecânicas constituem as características mais importantes dos aços para sua aplicação no campo da engenharia, visto que o projeto e a execução das estruturas metálicas são baseados no seu conhecimento. DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO O ensaio de tração simples a temperatura atmosférica é muito utilizado para medir as propriedades mecânicas dos aços. A relação entre a tensão aplicada (F/A) e a deformação resultante pode ser acompanhada pelo diagrama tensão deformação. Os valores para a construção deste diagrama são obtidos submetendo o material ao ensaio de tração, sendo a deformação medida com o auxílio de um aparelho denominado extensômetro, acoplado à máquina de ensaio. Ensaio à tração de um corpo-de-prova de aço de 16 mm de diâmetr Dentro de certos limites (fase elástica), ao tracionar-se uma peça, a sua deformação segue a “Lei de Hooke”, ou seja, é proporcional ao esforço aplicado (Fig. acima). A proporcionalidade pode ser observada no trecho retilíneo do diagrama tensão-deformação e a constante de proporcionalidade é denominado módulo de elasticidade ou módulo de deformação longitudinal (Es). Ultrapassando o limite de proporcionalidade, tem lugar a fase plástica, na qual ocorrem deformações crescentes sem variação de tensão (patamar de escoamento). O valor constante da tensão, nessa fase, é chamado limite de escoamento do aço (fy). Após o escoamento, ainda na fase plástica, a estrutura interna do aço se rearranja e o material passa pelo encruamento, em que se verifica novamente a variação da tensão com a deformação, porém não linearmente. O valor máximo da tensão é chamado de resistência ou tensão última(fu ) do aço. O limite de escoamento de um material é calculado dividindo-se a carga máxima que ele suporta, antes de escoar, pela área da seção transversal inicial do corpo de prova. O limite de escoamento é a constante física mais importante no cálculo das estruturas de aço. Deve-se impedir que essa tensão seja atingida nas seções transversais das barras, como forma de limitar sua deformação. fu –resistência ou tensão última fy – resistência ou tensão de escoamento - deformação específica ( = ∆𝑙 𝑙 ) l – deformação unitária l – comprimento do corpo de prova u – deformação específica correspondente à tensão última y – deformação específica correspondente à tensão de escoamento O aço é um dos materiais mais importante para uso em estruturas, seja isolado ou trabalhando em conjunto com outros materiais, como o concreto. As propriedades mais importantes são sua alta resistência, quando comparada com outros materiais e a ductilidade. Constantes físicas do aço. Na faixa normal de temperatura atmosférica as seguintes características físicas podem ser adotadas em todos os tipos de aços estruturais. • Módulo de elasticidade ou módulo de Young (Es): inclinação do diagrama na zona elástica. Es = σ/= 200000 MPa • Coeficiente de Poisson (s) s = y/x = 0,3 • Coeficiente de dilatação térmica () = 12x10-6 /0C • Massa específica (s) s = 7850 kgf/m3 = 78,5 kN/m3 • Módulo de elasticidade transversal (G) G = 0,385 Es = 7700 Mpa 4. SISTEMAS ESTRUTURAIS EM AÇO Os sistemas estruturais em aço dos edifícios são formados principalmente por componentes horizontais (vigas) e verticais (pilares). Os principais elementos estruturais metálicos dos edifícios, como mostra a figura, são: → Pilares externos e internos; → Vigas principais e secundárias (alma cheia ou treliça); → Contraventamentos; → Lajes e Painéis. A montagem deve começar com os pilares, de preferência com os que integram os contraventamentos. Em seguida, vêm as vigas ou treliças principais e, por fim, as vigas ou treliças secundárias. A estrutura utilizada nas edificações pode ser: a) Estruturas contraventadas com ligações flexíveis Quando se pode usar contraventamento para dar estabilidade às cargas horizontais, como a pressão de vento, podemos fazer o resto da estrutura trabalhar de forma mais simples com maior número de ligações flexíveis o que torna a estrutura mais fácil de se montar, mas a necessidade de incluir as subestruturas de contraventamento leva à concentração das forças horizontais nas suas fundações. Figura 7a)- Estrutura contraventada com ligações flexíveis, com subestrutura de contraventamento do tipo parede diafragma. Figura 7b)- Estrutura com contraventamento do tipo treliçado: (c) em X; (d) em K. b) Pórticos ou quadros com ligações rígidas Ao contrário, quando não podemos usar os contraventamentos, temos que aporticar a estrutura, resultando em uma estrutura com ligações rígidas, o que torna mais lenta a montagem e a estrutura menos econômica, mas em contraposição as forças horizontais se distribuem pelas fundações de todos os pilares. COMPORTAMENTO DAS LIGAÇÕES O funcionamento das estruturas com elementos pré-fabricados, como é o caso das estruturas de aço, depende essencialmente do comportamento de suas ligações. Os dois tipos ideais de comportamento das ligações são a perfeitamente rígida, que impede completamente a rotação relativa entre a viga e a coluna (figura 8a) e a rotulada, que deixa livre a rotação relativa entre estes dois elementos estruturais (figura 8b). Figura 8: Ligações ideais: a) ligação perfeitamente rígida e b) ligação flexível ou rotulada. Figura 9a: Ligações na prática com comportamento semelhante às ligações ideais: ligação rígida Figura 9b: Ligações na prática com comportamento semelhante às ligações ideais: ligação flexíve 5. Normas para o projeto e cálculo de estruturas metálicas. Nas fases de dimensionamento e detalhamento do projeto estrutural utiliza-se além dos conhecimentos de analise estrutural e resistência dos materiais, grande númerode regras. O conjunto de regras e recomendações para a estrutura que devem ser respeitadas pelos engenheiros na elaboração do projeto é denominado de NORMAS. No Brasil é usada a norma técnica NB14 (NBR8800/2008): “Projeto e execução de estruturas de aço de edifícios” (método dos estados limites). Esta norma é essencialmente baseada na norma americana. Notas: • Ver na bibliografia do curso outras normas estrangeiras importantes. • As unidades de medida a serem adotadas no Brasil são as do SI (sistema internacional de unidades). • Nos desenhos as medidas lineares são todas em mm, no havendo necessidade de explicitar o fato. 6. SEGURANÇA E ESTADOS LIMITES (pág. 35-46 do livro “Estruturas de Aço”) 6.1- Carregamentos ou ações São as cargas que atuam nas estruturas ou as deformações impostas (por variação de temperatura, recalques etc) Normas brasileiras que se ocupam das cargas sobre as estruturas são: • NBR6120 – Cargas para o cálculo de estruturas de edificações • NBR6123 – Força do vento • NBR7188 – Carga móvel em ponte rodoviária e passarela de pedestres Classificação das cargas: ▪ Permanentes (G) – Carga vertical composta por: o Peso próprio (Pp) das estruturas o Revestimento o Acabamento o Pisos ▪ Variáveis (Q): o Sobrecarga de ocupação da edificação (Pp das pessoas) o Mobília o Vento o Variação da temperatura ▪ Excepcional (E) o Explosões o Choques de veículos o Sismos 6.2- Método de dimensionamento. O dimensionamento das estruturas metálicas no Brasil é feito pelo Método dos Estados Limites. Estado Limite: Estado no qual a estrutura tem um comportamento inadequado para a finalidade da obra O método dos estados limites utilizado para o dimensionamento dos componentes de uma estrutura (barras, elementos e meios de ligação) exige que nenhum estado limite aplicável seja excedido quando a estrutura for submetida a todas as combinações apropriadas de ações. Quando um ou mais estados limites foram excedidos a estrutura não mais atende aos objetivos para os quais foi projetada. Os estados limites últimos (E.L.U.) estão relacionados com a segurança da estrutura sujeita às combinações mais desfavoráveis de ações previstas em toda a vida útil. Os estados limites de serviço ou utilização (E.L.S.) estão relacionados com o desempenho da estrutura sob condições normais de serviço. E.L.U: Estado associado ao colapso total ou parcial da estrutura quando submetida às combinações de ações mais desfavorável durante toda sua vida útil. Ex: • Ruptura de uma seção ou ligação • Flambagem de um elemento comprimido E.L.S: Estado associado com o desempenho da estrutura sob condições normais de utilização ou serviço Ex: • Deformações excessivas (devido a cargas em serviço) • Vibrações excessivas (devido a cargas em serviço) 7.3- Segurança no Estado limite último (E.L.U.) A segurança neste método é dada pela equação: Rd ≥ Sd “O esforço interno resistente de cálculo do elemento estrutural analisado tem que ser maior ou igual que o esforço atuante ou solicitante de cálculo” onde Sd = ΣfiFi – esforço atuante ou solicitante de cálculo ou de projeto, obtido a partir da combinação mais desfavorável de ações Fi , cada uma majorada pelo coeficiente f (d vem de design – projeto) f – coeficiente de majoração das ações ou solicitações ou fator de carga (g-carga permanente e q-carga variável). Leva em conta as incertezas das solicitações.(tab 1.5 e 1.6- livro “Estrutura de Aço”) Rd – esforço interno resistente de cálculo ou de projeto da seção analisada (momento fletor, esforço normal, cortante, etc ), denomina-se resistência última e se calculam em função da resistência característica, fk. O esforço resistente de projeto é: 𝑅𝑑 = Rúlt.(𝑓𝑘) m m – coeficiente de minoração das resistências ou fator de resistência. Leva em conta as incertezas das resistências. (tab.1.7 do livro) 7.4 Verificação do Estado limite de serviço ou utilização (E.L.S.) Consiste na verificação da estrutura sob cargas de serviço, isto é verificar a capacidade da estrutura de desempenhar satisfatoriamente as funções para as quais foi concebida. Por exemplo: 1. Deseja-se evitar a sensação de insegurança dos usuários de uma estrutura devido a deslocamentos excessivos ou vibrações excessivas, 2. Evitar prejuízos a componentes não estruturais como janelas, portas devido a deslocamentos excessivos de elementos estruturais. A verificação está dada pela desigualdade: Sser≤ Slim onde Sser – representa os efeitos estruturais de interesse (ex. deslocamentos em vigas) obtidos com base nas combinações de serviço das ações, Slim– representa os valores limites adotados para esses efeitos. (tab.1.8 do livro) 7.5 Combinação das ações. Para o cálculo das solicitações de projeto Sd, as ações devem ser combinadas de forma a expressar as condições mais desfavoráveis para a estrutura durante a sua vida útil prevista. • As combinações de ações para os estados limites últimos (E.L.U) são as seguintes: a) Combinações normais e combinações aplicáveis a etapas construtivas (montagem): ( ) ( ) = ++= n j jojqjqigid QQGF 2 11 b) Combinações excepcionais: ( ) ( ) ++= jqigid QEGF 2 Onde: Fd = ação ou carregamento de projeto ou de cálculo Q1= ação variável predominante, principal Qj = demais ações variáveis que atuam simultaneamente com Q1 e com efeito desfavorável. g = coeficientes de ponderação das ações permanentes (tabela 1.5, do livro) q = coeficientes de ponderação das ações variáveis (tabela 1.5, do livro) 0 = fator que reduz as ações variáveis. Considera-se a baixa probabilidade de ocorrência simultânea de ações de distintas naturezas com seus valores característicos. (tabela 1.6, do livro) 0=2 - Quando houver carga excepcional NOTAS IMPORTANTES: ✓ As solicitações de cargas permanentes “G” devem estar presentes em todas as combinações; ✓ As solicitações variáveis devem ser consideradas uma de cada vez como dominante “Q1” nas combinações. ✓ Quando tiver carga de vento de sucção e estiver agindo como dominante, a carga permanente deve ser afeitada pelo coeficiente g que na tabela 1.5 está entre parêntesis, já que esta carga “G” nessa combinação seria favorável à segurança e devo então diminui- la. Se tiver também sobrecarga variável não devo considerá-la, pois esta carga pode ou não agir e se agir seria favorável. • As combinações de ações para os estados limites de serviço (E.L.S) são as seguintes: c) Combinações quase permanentes: ( ) ( ) = ++= n j jji QQGF 2 212 d) Combinações freqüentes: ( ) ( ) = ++= n j jji QQGF 2 211 e) Combinações raras: ( ) ( ) = ++= n j jji QQGF 2 11 1 e 2 são os fatores de redução para as ações variáveis (tabela 1.6) 12 ✓ Conforme o rigor que se precise na estrutura cabe ao projetista selecionar a combinação que vai ser usada na verificação Por exemplo, para verificar o deslocamento vertical de uma viga para evitar deslocamentos excessivos, usa-se uma combinação quase permanente, o rigor pode não ser tão grande. Mas se essa viga vai suportar equipamentos sensíveis ou paredes que podem fissurar pelas deformações excessivas usa-se uma combinação rara, pois a restrição deve ser maior. Exercício resolvido na aula.
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