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SUMÁRIO 1. Introdução ..................................................................... 3 2. Reagentes de fase aguda ...................................... 3 3. Sistema complemento ............................................. 5 4. Crioglobulinas.............................................................. 8 5. Fator antinuclear ........................................................ 9 6. Fator reumatóide ......................................................11 7. Anca ..............................................................................12 8. Autoanticorpos .........................................................12 Referências bibliográficas ........................................16 3LABORATÓRIO EM REUMATOLOGIA 1. INTRODUÇÃO O diagnóstico de doenças reumáti- cas autoimunes é baseado em crité- rios clínicos e alterações laboratoriais. Os exames laboratoriais auxiliam não só no diagnóstico como também no prognóstico e no seguimento de pa- cientes. Os exames mais solicitados na investigação das doenças reumá- ticas inflamatórias sistêmicas incluem reagentes de fase aguda, identifica- ção de autoanticorpos, dosagem do complemento total e frações, detec- ção de determinados antígenos de histocompatibilidade humana, além de dosagem e caracterização de crioglobulinas. 2. REAGENTES DE FASE AGUDA A resposta de fase aguda pode ocorrer em diversas patologias inflamatórias agudas ou crônicas, como infecções bacterianas, virais ou fúngicas graves, doenças reumáticas e outras doenças inflamatórias, malignidades ou necro- se tecidual. Essas doenças produzem uma resposta em que a interleucina 6 e outras citocinas desencadeiam a síntese hepática de várias proteínas plasmáticas, inclusive a proteína C reativa (PCR) e fibrinogênio. A detec- ção e monitoração desses reagentes de fase aguda podem ter utilidade clí- nica, sendo dosados, habitualmente, em vários contextos clínicos, a Veloci- dade de Hemossedimentação (VHS), a PCR e a Eletroforese de Proteínas Séricas (EFPSE). VHS A VHS é medida observando a sedi- mentação da amostra de sangue an- ticoagulado durante 1 hora em tubo de ensaio. Os valores normais da VHS são de 0 a 10mm/h para homens e 0 a 15mm/h para mulheres, mas o limite superior do normal aumenta com a idade, obesidade, gestação e anemia. A VHS é uma medida indireta da resposta de fase aguda, pois o fibri- nogênio e algumas outras proteínas de fase aguda (não a PCR) se ligam aos eritrócitos, aumentando a veloci- dade de hemossedimentação. Esse é um exame diagnóstico útil quando há suspeita clínica de polimialgia reu- mática ou arterite de células gigantes. Também é muito usado para acompa- nhar a atividade dessas patologias e da artrite reumatoide. Como o núme- ro de patologias associado à resposta de fase aguda é grande, as elevações da VHS possuem baixa especifici- dade diagnóstica. Além disso, po- dem ocorrer aumentos transitórios leves e moderados sem outros sinais de doença. Porém elevações acentu- adas (>100 mm/h) são quase sempre secundárias a uma doença significa- tiva. Na maioria dos casos trata-se de infecção, vasculites, malignidade ou doenças reumatológicas. Por outro 4LABORATÓRIO EM REUMATOLOGIA lado, a hipofibrinigenemia, microcito- se, doença falciforme e insuficiência cardíaca diminuem a VHS. Proteína C reativa A PCR, produzida pelo fígado, de- sempenha um papel fisiológico na resposta imune inata à infecção e provavelmente da depuração de cé- lulas necrosadas que sofreram apop- tose. Na resposta de fase aguda, os níveis de PCR sobem rapidamente, podendo aumentar 1.000 vezes, e atingem um pico em 48 horas (medi- da direta). Quando a resposta de fase aguda termina, a PCR diminui, com uma meia-vida relativamente curta de 18 horas. O número de diferentes patologias capazes de induzir produção de PCR é muito grande, logo, uma PCR ele- vada não tem especificidade diag- nóstica. Porém, a elevação da PCR denota indício de uma doença infla- matória da qual haja suspeita clínica, como polimialgia reumática ou arteri- te de células gigantes, na ausência de outros achados objetivos. Em termos gerais, valores de PCR > 10mg/L são considerados indicadores de inflama- ção clinicamente significativa. Apesar de sua aparente natureza inflamatória, a esclerodermia, a poli- miosite e a dermatomiosite, em geral, induzem pouca ou nenhuma respos- ta de PCR. Os níveis de PCR também tendem a permanecer baixos no lúpus eritematoso sistêmico (LES), salvo se houver serosite ou sinovite. [box se liga!: Em comparação com a PCR, a resposta da VHS é muito mais lenta (em dias), tanto no início quanto após a resolução da resposta de fase aguda. Em outras palavras, a variação dinâmica da VHS é menor que a PCR. A VHS também é mais influenciável que a PCR por outros fatores que não a resposta de fase aguda.] EFPSE A eletroforese de proteínas séricas (EFPSE) é um método simples, que permite separar proteínas do plasma humano em frações. O exame consis- te em aplicar a amostra do soro em um meio sólido e submetê-la a um potencial elétrico. As proteínas per- correm distâncias diferentes, forman- do bandas denominadas: albumina, alfa-1-globulina, alfa-2-globulina, betaglobulina e gamablobulina. • Observa-se diminuição da concen- tração da albumina em situações que promovam sua perda, como baixa ingesta proteica e elevação do catabolismo. • As frações alfaglobulinas apresen- tam níveis aumentados em pro- cessos inflamatórios e infecciosos. • O aumento da betaglobulina é ob- servado em situações de pertur- bação do metabolismo lipídico ou na anemia ferropriva. 5LABORATÓRIO EM REUMATOLOGIA • A ausência ou diminuição da ban- da gama indica imunodeficiências congênitas ou adquiridas. O seu aumento sugere elevação polici- clonal das imunoglobulinas asso- ciado às condições inflamatórias, neoplásicas ou infecciosas, além da elevação monoclonal obser- vada no mieloma múltiplo e em outras desordens linfoproliferati- vas, como macroglobulinemia de Waldenstrom. A α1 α2 β γ EFPSE normal A α1 α2 β γ Estado inflamatório Figura 1. EFPSE em estado normal e estado inflamatório. Fonte: Rosa Neto et. Al. O uso de provas de atividade inflamatória em reumatologia. Revista Brasileira de Reumatologia. 2009. 3. SISTEMA COMPLEMENTO O sistema complemento é compos- to por proteínas séricas e de super- fície celular que interagem umas com as outras e com moléculas do siste- ma imune para gerar produtos que têm a função de eliminar microrga- nismos. O complemento é um dos principais mecanismos efetores da imunidade humoral e um importante efetor da imunidade inata. Ele é ativa- do por agentes microbiológicos e por anticorpos que estão ligados a micro- -organismos e outros antígenos. Três vias principais participam da ativa- ção do sistema complemento. A via clássica é o principal mecanismo da imunidade humoral adaptativa e é ativada por certos isotipos de anti- corpos ligados aos antígenos. Já a via alternativa é ativada sobre a superfí- cie das células microbianas na ausên- cia de anticorpos. Por fim, a via das lecitinas, é ativada por uma lecitina plasmática, que se liga aos resíduos 6LABORATÓRIO EM REUMATOLOGIA de manose presentes nas superfícies celulares microbianas. Essas últimas duas vias são mecanismos efetores da imunidade inata. Independente do mecanismo de ativação, a cascata de eventos do sistema complemento sempre geram os complexos prote- olíticos C3-convertase e C5-conver- tase que são essenciais para o des- fecho final no qual há a formação do complexo de ataque a membrana de micro-organismos para subsequente lise celular. Você pode conferir mais detalhes sobre as vias de ativação do Sistema Complemento nosso mate- rial sobre Sistema Imune! Avaliação clínica do complemento O estudo clínico do complemento tem aplicabilidade nos estados de imu- nodeficiência em que se suspeita de deficiência congênita ou adquirida de algum dos componentes do comple-mento e nas enfermidades associa- das à deposição de imunocomplexos. Nessas últimas, a medida do consumo do sistema complemento é importan- te para a monitoração da atividade da doença, visto que os imunocomple- xos depositados fixam C1q e ativam a via clássica do complemento. Na prática clínica, existem algumas medidas de complemento utilizáveis, como CH50 e dosagem dos níveis de C3 e C4. CH50 O CH50 é um ensaio funcional da via clássica, considerando de C1 a C9, que mede a lise dependente de com- plemento de eritrócitos de carneiro usando o soro de paciente como fonte de complemento e anticorpos de co- elho contra os eritrócitos de carneiro. As unidades são padronizadas com uma fonte conhecida de complemen- to, que pode variar de um laboratório para outro se houver variação entre os reagentes padrões. As doenças por imunocomplexos podem resultar em ativação da via clássica, redução dos componentes do complemento e queda do CH50. Em geral, uma que- da no CH50 requer uma diminuição de pelo menos 50% de um ou mais componentes. Como cada compo- nente da via clássica tem um papel importante nesse ensaio, o CH50 é um excelente rastreamento para de- ficiência na via clássica. O CH50 é indetectável quando há deficiência completa de quaisquer dos compo- nentes. Já um CH50 detectável per- mite descartar deficiência total de qualquer componente da via clássica. 7LABORATÓRIO EM REUMATOLOGIA COMPONENTE SÍNDROME Componentes da via - C1q, C4, C2 Síndromes semelhantes ao lúpus - C3 Infecções piogênicas recorrentes; glomerulonefrite por imunocomplexos - C5, C6, C7, C8 Infecções recorrentes por Neisseria Proteínas reguladoras - Inibidor de C1 Angioedema Tabela 1. Síndromes clínicas associadas a deficiências de componentes da via clássica da ativação do complemento. Fonte: IMBODEN, John B; HELLMANN, David B.; STONE, John H. Current reumatologia: diagnóstico e tratamento. 2. ed. São Paulo, SP: McGraw-Hill, 2008. Níveis de C3 A concentração de C3 é determinada por imunoensaio por nefelometria em geral. As vias clássica e alternativa convergem no C3. A diminuição si- multânea de C4 e C3 indica ativação da via clássica e a depressão de C3 com C4 normal sugere ativação da via alternativa. A deficiência completa de C3 é rara e em geral se manifes- ta na infância como infecções graves e recorrentes por micro-organismos piogênicos. Níveis de C4 A concentração de C4 é medida por imunoensaio por nefelometria na maioria das vezes. Níveis baixos de C4 ou de C4 e C3 costumam indicar ativação da via clássica por doença de imunocomplexos. SE LIGA! É importante considerar que em todos esses testes, mesmo que os resultados estejam na faixa da normali- dade, pode estar havendo consumo do complemento. Isso porque o organismo pode sintetizar complemento em ritmo suficiente para manter o pool dentro da normalidade. LUPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO Vasculite - Vasculite hipocomplementêmica com urticária - Poliarterite nodosa (sobretudo associada à he- patite B) Glomerulonefrite - Pós-estreptocócica - Membranoproliferativa Crioglobulinemia (dos tipos II e III) Endocardite bacteriana subaguda Doença do soro Tabela 2. Doenças por imunocomplexos associadas a hipocomplementenemia. Fonte: IMBODEN, John B; HELLMANN, David B.; STONE, John H. Current reuma- tologia: diagnóstico e tratamento. 2. ed. São Paulo, SP: McGraw-Hill, 2008. 8LABORATÓRIO EM REUMATOLOGIA 4. CRIOGLOBULINAS Crioglobulinas são imunoglobulinas que precipitam em temperaturas abaixo de 37º C e tornam a entrar em solução quando reaquecidas. Elas estão níveis patológicos quando aci- ma de 80 µg/ml e podem ocorrer em condições neoplásicas, infecciosas e autoimunes. As crioglobulinas são classificadas em três tipos conforme a composição de imunoglobulinas. • TIPO I: apresentam apenas um componente monoclonal, fre- quentemente em altas concentra- ções, em geral, associadas a do- enças linfoproliferativas. Suas manifestações clínicas são rela- cionadas a hiperviscosidade oca- sionada pela alta concentração dessas crioglobulinas. Os princi- pais sinais e sintomas incluem ce- faleia, sonolência, torpor e púpura. • TIPO II: possuem um componen- te monoclonal e um componente policlonal, e podem estar associa- das a doenças linfoproliferativas, síndrome de Sjogren e hepatite C. Clinicamente se manifestam como vasculite mediada por imunocom- plexos com púrpura palpável. • TIPO III: possuem apenas com- ponentes policlonais e estão, ge- ralmente, associadas a doenças autoimunes, como LES e artrite reumatoide, ou a processos infec- ciosos crônicos, inclusive a endo- cardite bacteriana subaguda. TIPO COMPOSIÇÃO ALTERAÇÕES LABORATORIAIS ALTERAÇÕES CLÍNICAS DOENÇAS ASSOCIADAS I Monoclonal (IgG, IgM, IgA, cadeia leve) Pico monoclonal, hiperviscosidade Acrocianose, Raynaud, necro- se (extremidades), síndrome de hiperviscosidade Mieloma, macroglobuli- nemia, linfoma idiopático II Componentes mococlonal e policlonal FR, C4, transaminases Nefrite, púrpura, neuropatia, artrite, ceratoconjuntivite Infecção HCV, LLC, ma- croglobulinemia, síndro- me de Sjögren, linfoma II Apenas compo- nente policlonal FR Vasculite, artralgia, artrite, nefrite Infecções crônicas, doen- ças autoimunes Fr: fator reumatoide; HCV: hepatite por vírus C; LLC: leucemia linfocítica crônica Tabela 3. classificação das crioglobulinas. Fonte: Carvalho MA. Reumatologia - Diagnóstico e Tratamento. 4ª ed. 2014. 9LABORATÓRIO EM REUMATOLOGIA A pesquisa de crioglobulinas está indicada quando as manifestações clínicas forem sugestivas ou se sus- peitar de enfermidade que habitual- mente cursa com crioglobulina. É fun- damental que a coleta do sangue seja feita em seringa pré-aquecida a 37º C e que todo o processo de coagula- ção ocorra nessa temperatura. Caso contrário, pode ocorrer precipitação da crioglobulina e seu aprisionamen- to no coágulo, resultando em teste falso-negativo. 5. FATOR ANTINUCLEAR Anticorpos antinúcleo (AAN) ou fator antinúcleo (FAN) é a denominação dada ao teste de imunofluorescência indireta para a pesquisa de autoan- ticorpos. Porém, esse teste permite detectar também anticorpos que rea- gem com componentes presentes no nucléolo, na membrana nuclear, nas organelas citoplasmáticas e no apa- relho mitótico. O FAN traz três tipos básicos de in- formação. A primeira é a presença ou a ausência de autoanticorpos. A se- gunda, de caráter semiquantitativo, refere-se à concentração do autoan- ticorpo no soro. Essa informação é traduzida pelo título, que representa a mais alta diluição que ainda apresenta reação positiva. A terceira informação refere-se ao padrão de fluorescência. Sua importância reside no fato de que o padrão morfológico pode sugerir a presença de algumas especificida- des de autoanticorpos. Dessa forma, o padrão de fluorescência modula a relevância clínica de um teste FAN e sugere as próximas etapas de inves- tigação laboratorial dos autoanticor- pos envolvidos. Na maior parte dos casos, o padrão de fluorescência não define a especi- ficidade do autoanticorpo. Para essa definição são necessários os testes de identificação. Entretanto, a infor- mação dada pelo padrão de fluores- cência pode fornecer direcionamento para o raciocínio clínico e sugerir os próximos testes a serem executados. Um padrão nuclear homogênio, por exemplo, é sugestivo de autoanticor- pos anti-DNA nativo ou antinucleos- somo. Esse achado sugere determi- nado contexto patológico que deve ser esclarecido mediante a pesquisa específica desses autoanticorpos. O mesmo acontece com o padrão nu- clear pontilhado grosso, sugestivo de anticorpos anti-Sm ou anti-RNP. Por outro lado, o padrão pontilhado fino denso, sugere autoanticorpos sem contexto clínico específico, que frequentemente estão presentes em indivíduos hígidos ou com condições não relacionadas à autoimunidade. O mesmo acontece com o padrão pon- tilhado fino simples. Outros, ainda, têm seusignificado modulado pelo título. Assim, o padrão citoplasmáti- co pontilhado polar usualmente não tem significado clínico quando em 10LABORATÓRIO EM REUMATOLOGIA baixos títulos, mas pode está asso- ciado a doenças autoimunes quando em altos títulos. Figura 2. PADRÃO PONTILHADO HOMOGÊNIO Figura 3. PADRÃO PONTILHADO GROSSO. Fonte: Carvalho MA. Reumatologia - Diagnóstico e Tratamento. 4ª ed. 2014. 11LABORATÓRIO EM REUMATOLOGIA É importante salientar que os anticor- pos antinúcleo são encontrados não só em condições reumáticas autoimu- nes, mas também em diversas condi- ções inflamatórias crônicas, neopla- sias e mesmo em indivíduos hígidos. No LES não tratado e em atividade, a pesquisa de FAN é positiva em 99% dos pacientes, fato muito importante, pois a ausência de anticorpos antinú- cleo é um forte argumento contra o diagnóstico dessa doença. DOENÇAS REUMATOLÓGICAS DOENÇAS AUTO-IMUNES ESPECÍFICAS DE ÓRGÃOS OUTRAS Lupus eritematoso sistêmico Tireoidopatia auto-imune Lupus medicamentoso Doença mista do tecido conjuntivo Hepatite auto-imune Infecções crônicas Esclerodermia Cirrose biliar primária Fibrose pulmonar idiopática Síndrome de Sjögren Colangite auto-imune Hipertensão pulmonar primária Artrite reumatoide Distúrbios linfoproliferativos Polimiosite Dermatomiosite Lupus discoide Tabela 4. PATOLOGIAS ASSOCIADAS À DETECÇÃO DE FAN. Fonte: IMBODEN, John B; HELLMANN, David B.; STONE, John H. Current reumatologia: diagnóstico e tratamento. 2. ed. São Paulo, SP: McGraw-Hill, 2008. 6. FATOR REUMATÓIDE A denominação fator reumatoide (FR) refere-se aos anticorpos que reco- nhecem epítopos presentes na fração cristalizável (Fc) da molécula de IgG. A maioria desses anticorpos é da classe IgM, porém são também encontrados FR da classe IgG e da classe IgA. Em aproximadamente 70 a 80% dos ca- sos de artrite reumatoide do adulto são encontrados FR circulantes. Na síndrome de Sjogren, títulos de FR também são comumente encontra- dos. Uma vez que o FR é encontra- do em frequência variável em grande número de outras condições mórbi- das, sua especificidade e seu valor preditivo positivo (VPP) para o diag- nóstico de artrite reumatoide não são elevados. 12LABORATÓRIO EM REUMATOLOGIA GRUPO DE DOENÇAS ENFERMIDADES ESPECÍFICAS Doenças virais Hepatite B ou C, mononucleose, influenza, AIDS, pós-vacinação Doenças autoimunes Artrite reumatoide, LES, esclerose sistêmica, polimiosite, dermatomiosite, síndrome de Sjögren, crioglobulinemia mista, cirrose biliar primária, hepatite autoimune, fibrose pulmonar idiopática (Harman-Hirsch), doença mista do tecido conjunti- vo, vasculites Neoplasias Principalmente após irradiação ou quimioterapia Infecções bacterianas Tuberculose, sífilis, hanseníase, Salmonelose, endocardite bacteriana subaguda, brucelose, borreliose Doenças parasitárias Malária, calazar, esquistossomose, filariose, tripanossomíase Tabela 5. ENFERMIDADE NA QUAL É COMUM A PRESENÇA DO FR. Fonte: IMBODEN, John B; HELLMANN, David B.; STONE, John H. Current reumatologia: diagnóstico e tratamento. 2. ed. São Paulo, SP: McGraw-Hill, 2008. 7. ANCA Os Anticorpos Anticitoplasma de Neutrófilos (ANCA) são considerados marcadores de vasculites de peque- nos vasos. Dois padrões principais de fluorescência podem ser observados: c-ANCA e p-ANCA. Os antígenos reconhecidos por esse grupo de an- ticorpos estão localizados nos grâ- nulos presentes no citoplasma dos neutrófilos. O padrão c-ANCA está associado, geralmente, à presença de anticorpos antiproteinase 3. Esses anticorpos são considerados marca- dores diagnósticos da granulomato- se de Wegener, ocorrendo em 80 a 90% dos casos com doença sistêmica em atividade e, em menor frequência, naqueles com doença localizada ou fora de atividade. O padrão p-ANCA está frequentemente associado a an- ticorpos antimieloperoxidase (MPO). Esses anticorpos são encontrados em poliangites microscópicas e glomerulonefrite rapidamente pro- gressiva, podendo também ser vistos em algumas dermovasculites por fár- macos, especialmente o propitiouracil. 8. AUTOANTICORPOS Anti ds-DNA Anticorpos anti-DNA nativo são en- contrados quase exclusivamente em pacientes com LES, sendo considera- dos maçadores dessa doença. Ocor- rem com maior frequência e em títulos mais altos no LES com glomerulone- frite proliferativa em atividade (nefrite lúpica) sem comprometimento renal, 13LABORATÓRIO EM REUMATOLOGIA e em baixa frequência no LES inativo. Portanto, são também considerados marcadores de atividade de doença. O método mais usado para detectar anti ds-DNA é o ELISA. Anti-ENA Os anticorpos contra antígenos nu- cleares extraíveis (Anti-ENA) são, na verdade, antígenos celulares extraí- veis, e não apenas antígenos nucle- ares. Inicialmente, a denominação se referia apenas aos antígenos Sm e RNP. Entretanto, vários outros au- toantígenos foram posteriormente identificados. Alguns dos autoanticorpos identi- ficados pela pesquisa de anti-ENA apresentam associação clínica sufi- cientemente restrita para serem con- siderados marcadores diagnósticos. É o caso dos anticorpos anti-Sm, que ocorrem especificamente no LES, com frequência de 10 a 15% em in- divíduos caucasoides e 30 a 40% em negros. Da mesma forma, anticorpos anti-Jo-1 e anti-Scl-70 têm associa- ção clínica estreita com polimiosite e esclerose sistêmica, respectivamen- te. Por outro lado, os anticorpos an- ti-UI-RNP podem aparecer no LES e na doença mista do tecido conjuntivo (DMTC). Anti-RO (SS-A) Os anticorpos anti-Ro são pouco co- muns da população normal e em pa- cientes com doenças reumáticas, com exceção da síndrome de Sjogren e do LES. Os anticorpos anti-RO es- tão presentes em 75% dos pacientes com síndrome de Sjogren primária, mas em apenas 10 a 15% daqueles com artrite reumatoide e síndrome de Sjogren secundária. No LES, os anti- corpos anti-RO estão presentes em até 50% dos pacientes e associados a fotossensibilidade, lúpus cutâneo subagudo e pneumopatia intersticial. A passagem do anti-RO materno pela placenta parece ser importante na fi- siopatologia do lúpus cutâneo neona- tal e do bloqueio cardíaco congênito. Anti-Histona Os anticorpos Anti-Histona nos casos de lúpus induzido por medicamentos. Esses são de caráter temporário e desaparecem poucos meses após o término do tratamento com medica- ção indutora. Na prática, sua aplicabi- lidade clínica é restrita, pois não ajuda a diferenciar o lúpus farmacoinduzido do LES. Nesse, contexto a história clí- nica apresenta mais valia. 14LABORATÓRIO EM REUMATOLOGIA Anti-Centrômero Os anticorpos contra proteínas do centrômero produzem um padrão ca- racterístico de coloração em ensaios de imunofluorescência direta com cé- lulas HEp-2 (padrão centromérico). Ocorrem na esclerodermia limitada e na esclerodermia. São raríssimos em outras doenças reumatológicas e em pessoas saudáveis. Anti-Topoisomerase Os anticorpos anti-Scl-70 ou topoi- somerase I produzem coloração e pa- drão nucleolar à imunofluorescência indireta e podem ser dosados por ensaios de imunodifusão, imunoblot e ELISA. Ocorrem na esclerodermia e são raros em pacientes com outras doenças reumáticas sistêmicas e em indivíduos saudáveis. 15LABORATÓRIO EM REUMATOLOGIA Anti ds-DNA • Obtido por ELISA ou IFI • Útil para diagnóstico e acompanhamento de LES Anti-ENA • Antígenos nucleares extraíveis • Presentes no LES Anti-Ro Contra ribonucleoproteínas • Diagnóstico de síndrome de Sjögren primária • LES Anti-histonas Proteínas que compõem o nucleosssomo LES e LES induzido por fármaco LABORATÓRIO EM REUMATOLOGIA Fator reumatoide (FR) Auto-anticorpos Nefelometria IgM contra a porção Fc de uma IgG • Auxilia no diagnóstico • Muito frequente na síndrome de Sjögren e artrite reumatoide • Serve para estabelecimento de prognóstico Anti-CCP Auto-anticorpo para peptídeos citrulinaddos cíclicos • Obtido por ELISA • Altamente específico Transformaçãode ARGININA em CITRULINA Fator antinuclear FAN Pesquisa de auto- anticorpos contra antígenos celulares Imunofluorescência indireta em Hep 02 • Nuclear homogêneo • Nuclear pontilhado grosso • Nuclear pontilhado fino Anti-centrômero Contra proteínas centroméricas Esclerose sistêmica Anti-topoisomerase Antígeno nucleolar Esclerose sistêmica difusa e pneumopatia intersticial Padrões Não são exclusivas de doenças reumáticas EFPSE Eletroforese de proteínas séricas Gel de agarose submetido à corrente elétrica Mais sensível para inflamação Presença de bandas de contraste Alfa 1 Alfa 2 Gama Albumina ANCA Anticorpos anti- citoplasma de neutrófilos C- ANCA P-ANCA Infecção, traumas e neoplasias Reagentes de fase aguda PCR Proteína C reativa Produzida pelo fígado Específica e sensível Proteína de fase aguda direto Crioglobulinas Imunoglobulinas que se precipitam em baixas temperaturas e se solubilizam quando são reaquecidas Tipo I Tipo II Tipo III Devem estar associadas a sintomas clínicos Resposta ao dano tecidual VHS Velocidade de hemossedimentação Medida da pilha de hemácias precipitada em 01 hora Método inespecífico e indireto Sistema do complemento Participa da imunidade inata e humoral Conjunto de mais de 30 proteínas produzidas pelo fígado Diferentes vias de ativação Via lectina-manose Via alternativa Via clássica 16LABORATÓRIO EM REUMATOLOGIA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARVALHO MA; LANNA CCD; BERTOLO, MB; FERREIRA, GA. Reumatologia - Diagnóstico e Tratamento. 4ª ed. São Paulo: AC Farmacêutica, 2014. IMBODEN, John B; HELLMANN, David B.; STONE, John H. Current reumatologia: diagnósti- co e tratamento. 2. ed. São Paulo, SP: McGraw-Hill, 2008. ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. H. I. V. Imunologia celular e molecular. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. 17LABORATÓRIO EM REUMATOLOGIA
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