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Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.2 -1 20.08.21 DEFINIÇÃO É o acúmulo excessivo de tecido adiposos derivado de um aporte calórico excessivo e crônico em relação ao gasto energético (metabolismo basal, efeito termogênico e atividade física) interagindo com fatores genéticos, endocrinometabólicos, ambientais e psicológico TRATAMENTO CIRÚRGICO DA OBESIDADE MÓRBIDA Introdução • Um dos maiores problemas de saúde pública dos EUA e no mundo todo • Homens com IMC > 40 e idade entre 25 a 34 anis têm aumento da mortalidade em 12 vezes IMPACTO GERAL Qualidade de vida, comorbidades, limitações, mortalidade e aumento de custos médicos. COMPLICAÇÕES Pulmonar, hepática, doenças de vesícula (colelitíase), hérnias de disco, lesões de joelho e tornozelo (articulações), catarata, infartos, neoplasias (mama, cólon, próstata, útero, pâncreas), gota, pancreatite OBESIDADE E MORTALIDADE • 2 bilhões de pessoas possuem obesidade • 4 milhões de morte por ano • Aumento em 3x a prevalência de obesidade desde 1975 • Abrevia muito a qualidade de vida • Aumento da incidência da obesidade, aumenta a incidência de diabetes EPIDEMIOLOGIA NO BRASIL • Brasileiros atingem maior índice de obesidade nos últimos treze anos. • Pesquisa do Ministério da Saúde mostra que o número de obesos no país aumentou 67,8% entre 2006 e 2018. Ao mesmo tempo, a população passou a adquirir hábitos mais saudáveis. • 11,8% da população obesa em 2018. • Desde 2015, a prevalência de obesidade se manteve constante. CÁLCULO DO IMC Peso/(Altura)2 Classificação IMC Abaixo do peso < 18,5 Peso normal 18,5 – 24,9 Sobrepeso 25 – 29,9 Obesidade grau I 30 – 34,9 Obesidade grau II 35 – 39,9 Obesidade grau III (mórbida) > ou = 40 Avaliar no contexto da composição corporal Quando o paciente tem o IMC entre 35 e 40 (grau II) e tem alguma comorbidade (diabetes), o paciente é considerado obeso mórbido (grau III) • IMC acima dos 50 considera o paciente superobeso → o risco de complicações par ao paciente e complicações cirúrgicas aumenta muito. • IMC 50 é indicação de cirurgia. • IMC acima de 60 considera super superobeso → o risco de complicações é ainda maior. Até IMC 30 não tem risco. ETIOLOGIA Fatores genéticos, sociais, comportamentais, culturais e metabólicos. Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.2 -2 GENÉTICOS • Ambos os pais obesos → 80% de chance do filho ser obeso • Um dos pais obesos → 50% de chance do filho ser obeso • Nenhum dos pais → 9% de chance do filho ser obeso Envolve os fatores comportamentais também. AMBIENTAIS • Hábitos alimentares • Comidas multiprocessadas TRATAMENTO CIRÚRGICO DA OBESIDADE MÓRBIDA Tratamento Clínico A despeito dos importantes avanços no tratamento medicamentoso da obesidade, em média estes tratamentos não asseguram mais de 10% de perda de peso, e devem ser utilizados por longos períodos para garantir este resultado modesto. Alguns medicamentos para diabetes como Victosa tem sido utilizado para diminuir o esvaziamento gástrico e aumentar a sensação de plenitude. CIRURGIA BARIÁTRICA Etimologia • Tratamento de peso • Cirurgia para o tratamento do excesso de peso • Cirurgia é o único tratamento efetivo a longo prazo para a obesidade mórbida Objetivo: induzir e manter a perda de peso de pelo menos 50% do excesso de peso Paciente tende a perder 30% a 40% do peso após a cirurgia. Virada do jogo da cirurgia bariátrica → by-pass gástrico (1986 – Capella e Fobi) e by-pass laparoscópico (1993 – Wittgrove) QUANDO INDICAR Consenso do NIH sobre cirurgia gastrointestinal para obesidade grave. Cirurgia é opção válida em pacientes com: • IMC > 40 • IMC > 35 com comorbidades Comorbidades da obesidade incluem: • HAS • DM 2 • Degeneração ósteo-articular • Apneia do sono • Síndrome da hipoventilação • Estase venosa e tromboflebite • Dislipidemia • Cardiopatias (CFM – conselho federal de medicina) • Paciente com refluxo (CFM) • Cálculo de vesícula (CFM) • Pancreatite (CFM) • Esteatose hepática (CFM) • Incontinência urinária (CFM) • Infertilidade (CFM) • Disfunção erétil (CFM) • SOP (CFM) • Estigmatização social e depressão (CFM) • Idade o Entre 18 e 65 anos Pode ser entre 16 e 18 anos com restrições (boa avaliação multiprofissional, consentimento paterno, estrutura familiar adequada para suporte). Até 65 anos é norma (não é lei), pode operar com acima disso CONSIDERAR • Expectativa de vida e comorbidades • Qualidade de vida • Pode ser até abaixo de 16, tem que considerar diversos fatores (exceção) • Risco cirúrgico • Vontade do paciente CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DE PACIENTES • Falha em todas as tentativas não cirúrgicas de perda de peso (período de 2 anos) – atividade física, dieta... CUIDAR COM O QUE É CONSIDERADO TRATAMENTO CLÍNICO. • Ausência de alterações endócrinas que possam causar obesidade, como Síndrome de Cushing. • Obesidade a mais de 5 anos (algumas agências de saúde brasileiras) • Estabilidade psicológica (psicólogo ou psiquiatra): o Entendimento do mecanismo da perda de peso pela cirurgia o Compreender que a cirurgia isoladamente não induz perda de peso o Ausência de consumo de drogas e de uso abusivo de álcool o Comprometimento de manter seguimento pós- operatório PREPARO NO PRÉ-OPERATÓRIO Avaliação inicial com cirurgião ou endócrino (alguém que entende que a cirurgia é a melhor opção para o paciente). Indicação cirurgia (laudado por profissional médico clínico – endocrinologista, nutrólogo ou clínico) Avaliação da equipe multiprofissional Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.2 -3 • Nutricionista ou nutrólogo • Psicólogo ou psiquiatra • Endócrino ou nutrólogo ou clínico • Cirurgião bariátrico SOLICITAÇÃO DE EXAMES • Laboratoriais • USG • EDA • RXT / ECG quando indicado (avaliação com cardiologista) • Espirometria quando indicada • Outros (depende da condição clínica do paciente) Cada equipe tem sua rotina, e ela é variável. Exames complementares pré-operatórios • Avaliação laboratorial geral (a critério da equipe clínica ou cirúrgica – INDIVIDUALIZAR) • Glicose em jejum • HbA1C • Peptído C (mede a reserva pancreática – importante em pacientes com diabetes) • Colesterol total e frações • Triglicerídeos • TGO e TGP • Creatinina • Sódio • Potássio • TAP e KPTT • Se paciente com DM → peptídeo C • Se mulher em idade fértil → beta-HCG Avaliação laboratorial nutricional • Hemograma completo • Ferro sérico • Ferritina • Capacidade total de ligação ao ferro • Saturação de transferrina • Ácido fólico • Vitamina B12 • Vitamina B1 (tiamina) • 25OHVitamina D (paciente obeso costuma ter hipovitaminose D) • Cálcio total • Zinco (em casos selecionados) • Vitamina A (em casos selecionados) • Vitamina E (em casos selecionados) • Vitamina K (em casos selecionados) • Albumina (se baixa, indica baixa quantidade de proteína na alimentação) Avaliação laboratorial hormonal • TSH (sempre) • T4L (sempre) • PTH (sempre) • ACTH (se suspeita clínica de hipercortisolismo) • Cortisol sérico (se suspeita clínica de hipercortisolismo) • DHEAS (se suspeita clínica de hipercortisolismo) • Teste de supressão dexametasona 1mg overnight (se suspeita clínica de hipercortisolismo) • Testosterona total (homens com queixa sugestiva de hipogonadismo) • SHBG (homens com queixa sugestiva de hipogonadismo) • LH (homens com queixa sugestiva de hipogonadismo) Exames de imagem • USG de abdome total (sempre) • EDA com teste de uréase (sempre) • Densitometria óssea da coluna lombar e fêmur proximal (mulheres na perimenopausa ou na pós menopausa e homens > 50 anos) • A maioria dos aparelhos suporta até 160kg → se o peso do pacientefor maior, usar antebraço como sítio de avaliação • SEMPRE em pacientes em tratamento para CA de mama em uso de tamoxifeno/anastrazol/zoladex e CA de próstata em uso de zoladex • ECG (a critério da equipe clínica e cirúrgica – INDIVIDUALIZAR) • Radiografia de tórax PA e perfil (a critério da equipe clínica e cirúrgica – INDIVIDUALIZAR) • Polissonografia (a critério da equipe clínica e cirúrgica – INDIVIDUALIZAR) Outros exames para avaliar as comorbidades se necessário CIRURGIAS • Gastroplastia vertical com banda • Banda gástrica ajustável • Sleeve gastrectomy • Plicatura gástrica • Balão intragástrico • Bypass gástrico em Y de Roux • Derivação biliopancreática (disabsortivo0 • Duodenal Switch (disabsortivo) PROCEDIMENTOS RESTRITIVOS BALÃO INTRAGÁSTRICO • Procedimento endoscópico • Enche o balão dentro do estômago com azul de metileno para se romper identificar na urina ou nas fezes • 500 a 700ml • Pode permanecer por 6 meses a 1 ano • Chance de reganho de peso é muito grande (menos de 10% consegue manter) Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.2 -4 • Em geral a perda é de 20% do peso • Pacientes de alto risco cirúrgico • Obesidade extrema (diminuir o peso antes da cirurgia – ventilação, fígado, permite um campo maior na laparoscopia) • Problemas psiquiátricos (dificuldade de entender e colaborar com a cirurgia) • IMC < 35 com comorbidades • Efetivo para “binge eaters” mas não para “sweet eaters” (perfil de pessoas que come muito) • Investimento alto CIRURGIA DE PAYNE (JÁ NÃO É MAIS FEITA • Procedimento malabsortivo • Bypass jejuno ileal • É PROSCRITA • Desnutrição grave • Fatal BANDA GÁSTRICA AJUSTÁVEL • Colocar uma banda no começo do estômago, deixando um reservatório gástrico de 20 a 30ml • Faz uma constrição e deixa um pequeno reservatório no estômago (diminui bem o tamanho do estômago) • É ajustável para aumentar ou diminuir a perda de peso • Realidade: reganho quase certo, migração da banda com muita frequência • Colocadas por laparoscopia • Podem ser ajustáveis • Perda ponderal insatisfatória • Não é mais uma possibilidade de tratamento Complicações relacionadas à banda • Erosão • Sangramento • Obstrução • Pseuso acalasia • Refluxo SLEEVE GASTRECTOMY • Gastrectomia vertical • Tira fora 90% do estômago • Novo estômago com capacidade de 90 a 100ml • Diminui a quantidade que o paciente come • Alteração de grelina (muda o perfil de saciedade do paciente) Desvantagem: refluxo, esofagite severa, esôfago de Barret. Mais feita no mundo para tratar obesidade. PROCEDIMENTOS COMBINADOS RESTRITIVO E MALABSORTIVO By-pass: diminui o tamanho do estomago e agrega um desvio jejunal de 1 metro mais ou menos. BYPASS BILIOPANCREÁTICO - SCOPINARO • Resseca 50% do estômago • Faz um desvio jejuno ileal e sobra apenas 70 a 100cm do íleo para fazer a absorção (alimento vai para o cólon e não absorve mais) • Muita desnutrição no pós operatório Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.2 -5 BYPASS BILIOPANCREÁTICO COM DUODENAL SWITCH - MARCEAU • Faz uma gastrectomia vertical • Anastomose do íleo com o duodeno e fica 50cm para digerir e absorver o alimento • Restritiva e malabsortiva • Ambos esses procedimentos são muito efetivos, induzem e mantém grande perda de peso • Indicados nos super obesos (IMC > 50) Riscos potencialmente graves: Malabsorção de • Ferro, cálcio, vitamina B12 • Deficiência de vitaminas lipossolúveis • Hipoalbuminemia em 20% dos pacientes em 6 meses BYPASS GÁSTRICO EM Y DE ROUX • Diminui o tamanho do estômago para 30 a 50ml • Faz um desvio com o jejuno de forma que tenham duas alças de aproximadamente 1,5m • O desvio é menor que o duodenal swith, mas o estômago é menor • Era a mais utilizada, mas hoje foi passada pelo sleeve • Perda de 50 a 60% do excesso de peso (30 a 40% do peso pré-operatório) • Redução do IMC em 10kg/m2 em 1 a 2 anos • Manutenção da perda de peso em longo prazo (variável, depende do paciente, equipe...) Melhora das Comorbidades COMPLICAÇÕES DA CIRURGIA BARIÁTRICA • Trombose venosa profunda ou embolia pulmonar (2%) • Atelectasia Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.2 -6 • Fístulas • Catástrofe abdominal – deiscência anastomótica (aberta – 1,2% / laparoscópica – 3%) • Hérnia incisional (15 a 20%) – principalmente em aberta • Hérnia interna (1,8%) • Ulceração de boca anastomótica (12 a 15%) • Estenose do estômago (12 a 20%) • Complicação da banda gástrica o Dilatação da bolsa gástrica, sangramento e erosão o 15 a 23% necessitam de reoperação Paciente diabético → preferível fazer o bypass Paciente com cirrose, doença de Crohn ou muito obeso → preferível fazer o sleeve Sleeve dá muito refluxo para o paciente Se paciente muito obeso eu posso fazer sleeve e depois fazer um bypass MORTALIDADE ALTERAÇÕES NUTRICIONAIS PÓS-OPERATÓRIAS • Anemia por deficiência de ferro • Deficiência de vitamina B12 e de vitaminas lipossolúveis • Formação de cálculos biliares • Cálculos renais de oxalato • Osteoporose • Hipoalbuminemia BYPASS GÁSTRICO 1. Com uso de grampeadores, vai na transição esofagogástrica e faz uma secção da pequena curvatura em direção à cárdia de 4 a 5cm com grampeamento e em seguida faz grampeamento vertical indo para próximo do ângulo de Hiss 2. Vai no delgado e faz uma secção (distância do ângulo de Treitz até a secção é de 1m a 1,5m) 3. Levar a alça de jejuno e anastomosar no Pouch gástrico 4. O resto do estômago fica ali produzindo ácido normal e a anatomia da bile e suco pancreático também ficam normais SLEEVE 1. 5 a 6 trocaters e 1 câmera 2. Ligas os vasos da grande curvatura com pinça bipolar 3. Usas os grampeadores e fazer uma secção a partir de 2 a 4cm do piloro até o ângulo de Hiss (ou junção esofagogástrica)
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