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UNIFBV WYDEN CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFBV CURSO DE ENGENHARIA CIVIL ALLEMBERT CLISTENYS S. DOS SANTOS ANÁLISE TÉCNICA DE BLOCOS CERÂMICOS DE VEDAÇÃO NA CIDADE DO RECIFE RECIFE 2021 ALLEMBERT CLISTENYS S. DOS SANTOS ANÁLISE TÉCNICA DE BLOCOS CERÂMICOS DE VEDAÇÃO NA CIDADE DO RECIFE Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário UNIFBV WYDEN, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Prof. João Ribeiro de Carvalho. RECIFE 2021 Catalogação na fonte - Biblioteca do Centro Universitário UniFBV | Recife/PE S237 Santos, Allembert Clistenys Sabino dos. Análise técnicas de blocos cerâmicos de vedação na cidade do Recife. / Allembert Clistenys Sabino dos Santos. – Recife: UniFBV, 2021. 60 f.: il. Orientador (a): João Ribeiro de Carvalho. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia Civil) -- Centro Universitário UniFBV. 1. Blocos de Vedação. 2. Cerâmica. 3. Blocos Cerâmicos. I. Título. CDU 624 [21.2] Ficha catalográfica elaborada pelo setor de processamento técnico da Biblioteca. ALLEMBERT CLISTENYS S. DOS SANTOS ANÁLISE TÉCNICA DE BLOCOS CERÂMICOS DE VEDAÇÃO NA CIDADE DO RECIFE Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade Boa Viagem, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Prof. João Ribeiro de Carvalho. Aprovado em:_ __/___ / Orientador(a) Avaliador(a) Avaliador(a) RECIFE 2021 Dedico este trabalho à minha obstinação durante todo o curso. Foi uma longa jornada, cheia de desafios dos quais não teria superado sem o afinco de concluir o curso. AGRADECIMENTOS A um ser humano maravilho que fez parte da minha vida por muito tempo, que acreditou em mim mais do que eu em vários momentos, que me incentivou, apoiou e contribuiu para que esse momento pudesse acontecer, ela tem parte nisso e só cheguei até aqui, por causa dela. Obrigado, Juliana! Aos amigos que construí durante a faculdade, ao meu amigo Carlos Eduardo que foi quem esteve mais próximo nos estudos, nas saídas, nas brincadeiras e no dia a dia, apoiamos um ao outro. Aos meus amigos Ismael Antônio, João Leal, Lucas Castro, João Parente, Vinicius Feitoza, Vinicius Nery, Tácio Brito e Thiago Batista que formaram nosso grupo de amizade ao longo da graduação. A minha amiga Lucimária, pela presença e apoio nos ensaios deste trabalho e durante o curso. A meus professores pela paciência e empenho em compartilhar suas experiên cias e conhecimentos, para contribuição da minha construção profissional e crescimento na academia. Em especial, a Methodio Varejão, Julieme Oliveira, Iane Marques, Ives Santos e ao meu orientador João Ribeiro por ter me proposto o tema e por toda a sua orientação no desenvolvimento do trabalho. A Suse do laboratório, pela sua contribuição em disponibilizar o laboratório em horários incomuns para a realização dos ensaios. Agradeço ao tio da parada, funcionário da faculdade que nos primeiros anos esteve presente todos os dias fazendo a nossa segurança. Sou grato, Sr. Roberto! A todos aqueles que de alguma forma contribuíram, seja por apoio moral, amizade, atenção ou ajuda nos momentos mais difíceis. Sou grato ao meu grupo de estudo na biblioteca, quando davamos plantão em dias que antecediam provas e durante a semana de provas, para ajudarmos uns aos outros. Ao meu coordenador de curso, Carlos Frederico, por toda sua disponibilidade e serventia em me atender e resolver minhas demandas durante toda a minha jornada da graduação na academia. Ao laboratório de materiais da construção civil e geotecnia da faculdade boa viagem, por todo o aparato e estrutura necessária para a realização dos ensaios. “A perfeição é o meio-termo entre dois vícios: um por excesso, e o outro por falta.” Aristóteles RESUMO A ideia central que originou a contextualização deste trabalho, parte do príncipio do grande fluxo de comercialização de blocos cerâmicos de vedação para construções na cidade do Recife. A não conformidade dos blocos, pode elevar os custos do processo construtivo e ainda gerar perdas de materiais, além do surgimento de manifestações patológicas. O objetivo deste trabalho, foi o de analisar a conformidade de blocos cerâmicos de vedação em relação a NBR 15270-1 e 2 (2017), que possui dimensões de 9x19x19cm e são classificados como VED15, de três fabricantes regionais, obtidos em dois diferentes armazéns do bairro de San Martin, na cidade do Recife. Foram coletadas amostras de trinta blocos (por segurança) de cada fabricante, de forma aleátoria. As principais características analisadas são quatro: sendo a primeira delas, a análise visual com relação às condições de comercialização do bloco, apenas um dos três fabricantes foi rejeitado neste quesito. A segunda, quanto a geometria, que envolve: planeza, espessura dos septos, desvio em relação ao esquadro e as dimensões. Todos os lotes foram aceitos na avaliação das dimensões e da planeza, porém rejeitados para o desvio de esquadro e espessura dos septos. Há ainda outras duas verificações, a do índice de absorção de água, neste ensaio todos foram aprovados, porém na verificação da resistência à compressão, foram todos reprovados. Todas as verificações foram feitas de acordo com às diretrizes da NBR 15270-1 e 2 (2017). A norma preconiza que a resistência mínima para blocos cerâmicos de vedação, é de 1,5 MPa, e que o índice de absorção d’água precisa estar entre 8 e 25%. Pelos resultados que foram obtidos nas análises, atráves de ensaios das amostras dos lotes, foi possível classificar a aptidão destes blocos para atender as obras do município. Palavras-chave: Blocos de Vedação. Cerâmica. Blocos Cerâmicos. ABSTRACT The central idea that gave rise to the contextualization of this work, starts from the beginning of the great flow of commercialization of ceramic blocks for constructions in the city of Recife. The non-conformity of the blocks can increase the costs of the construction process and also generate material losses, in addition to the emergence of pathological manifestations. The objective of the work was to analyze this compliance of ceramic sealing blocks in relation to NBR 15270-1 and 2 (2017), which has dimensions of 9x19x19cm and are classified as VED15, from three regional manufacturers, selected from two different warehouses in the neighborhood of San Martin, in the city of Recife. They were randomly collected from blocks of thirty blocks (for safety reasons) from each manufacturer. There are four main characteristics analyzed: the first being a visual analysis in relation to the block's commercialization conditions, only one of the three manufacturers was rejected in this regard. The second, regarding geometry, which involves: flatness, thickness of the septa, deviation from the square and dimensions. All batches were accepted in the evaluation of dimensions and flatness, but rejectedfor the deviation of square and thickness of the septa. There are still two other checks, that of the water absorption index, in this test all were confirmed, but in the verification of the compressive strength, all of them failed. All verifications were carried out in accordance with the guidelines of NBR 152.70-1 and 2 (2017). The standard recommends that the minimum resistance for ceramic sealing blocks is 1.5 MPa, and that the water absorption index must be between 8 and 25%. From the results obtained in the analyses, through the groups of lots, it was possible to classify the suitability of these blocks to meet the works of the municipality. Keywords: Sealing Blocks. Ceramics. Ceramic Blocks. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Bloco feito com cerâmica vermelha. ........................................................ 20 Figura 2 – Taça feita com cerâmica branca.............................................................. 21 Figura 3 – Jazida de extração. ................................................................................. 22 Figura 4 – Sazonamento da argila. ........................................................................... 23 Figura 5 – Extrusora à vácuo ou maromba. ............................................................. 24 Figura 6 – Processo de extrusão. ............................................................................. 24 Figura 7 – Boquilha de extrusão. .............................................................................. 25 Figura 8 – Secagem. ................................................................................................ 25 Figura 9 – Queima em forno do tipo túnel. ............................................................... 26 Figura 10 – Queima em forno do tipo abóbada/redondo. ......................................... 27 Figura 11 – Bloco cerâmico alveolar. ....................................................................... 28 Figura 12 – Bloco cerâmico de paredes vazadas. .................................................... 28 Figura 13 – Bloco cerâmico de paredes internas e externas maciças. ..................... 28 Figura 14 – Bloco cerâmico de paredes externas maciças e paredes internas vazadas. ............. ...................................................................................................... 28 Figura 15 – Bloco cerâmico de vedação. ................................................................. 29 Figura 16 – Dimensões usuais de comercialização dos blocos cerâmicos de vedação. ......... .......................................................................................................... 30 Figura 17 – Blocos do fabricante A dispostos no depósito do armazém 1. .............. 33 Figura 18 – Blocos dos fabricantes B e C dispostos no depósito do armazém 2. .... 33 Figura 19 – Localização das faces para medição. .................................................... 35 Figura 20 – Medição das faces com paquímetro. ..................................................... 35 Figura 21 – Localização dos pontos para medição dos septos, paredes externas, desvio e planeza. ...................................................................................................... 36 Figura 22 – Medição dos desvios em relação ao esquadro. .................................... 36 Figura 23 – Medição das paredes externas com paquímetro. .................................. 37 Figura 24 – Medição das flechas. ............................................................................. 37 Figura 25 – Bloco pesado em temperatura ambiente. .............................................. 38 Figura 26 – Estufa. ................................................................................................... 38 Figura 27 – Blocos submersos no tanque com água. ............................................... 39 Figura 28 – Face do bloco capeada. ........................................................................ 40 Figura 29 – Posicionamento do bloco na prensa. ..................................................... 40 Figura 30 – Bloco cerâmico de vedação 9x19x19cm. .............................................. 41 Figura 31 – Tabela para aceitação e rejeição da análise visual. .............................. 42 Figura 32 – Blocos dispostos sobre superfície plana e indeformável. ...................... 42 Figura 33 – Critérios de aceitação para análise geométrica. .................................... 45 Figura 34 – Critérios de aceitação e rejeição para o índice de absorção d’água. .... 52 Figura 35 – Critérios de aceitação para resistência à compressão individual. ......... 54 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Comparativo das médias dos resultados da análise dimensional....... 47 Gráfico 2 – Comparativo dos resultados de desvio e flecha entre fabricantes. ..... 49 Gráfico 3 – Quantitativo de não conformidades na espessura dos septos e paredes externas. ...................................................................................................... 51 Gráfico 4 – Médias do índice de absorção d’água por fabricante. ........................ 54 Gráfico 5 – Médias da resistência à compressão individual. ................................. 57 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Terminologias adotadas durante os ensaios. ........................................... 34 Tabela 2: Resultados da análise visual – Fabricante A. ........................................... 43 Tabela 3: Resultados da análise visual – Fabricante B. ........................................... 44 Tabela 4: Resultados da análise visual – Fabricante C. ........................................... 44 Tabela 5: Resultados da análise dimensional – Fabricante A. ................................. 45 Tabela 6: Resultados da análise dimensional – Fabricante B. ................................. 46 Tabela 7: Resultados da análise dimensional – Fabricante C. ................................. 46 Tabela 8: Resultados do desvio de esquadro e flecha – Fabricante A. .................... 48 Tabela 9: Resultados do desvio de esquadro e flecha – Fabricante B. .................... 48 Tabela 10: Resultados do desvio de esquadro e flecha – Fabricante C. .................. 49 Tabela 11: Resultados espessura dos septos e paredes externas – Fabricante A. . 50 Tabela 12: Resultados espessura dos septos e paredes externas – Fabricante B. . 50 Tabela 13: Resultados espessura dos septos e paredes externas – Fabricante C. . 51 Tabela 14: Resultados do índice de absorção d’água – Fabricante A. ..................... 52 Tabela 15: Resultados do índice de absorção d’água - Fabricante B. ..................... 53 Tabela 16: Resultados do índice de absorção d’água – Fabricante C. ..................... 53 Tabela 17: Resultados da resistência à compressão individual – Fabricante A. ...... 55 Tabela 18: Resultados da resistência à compressão individual – Fabricante B. ...... 56 Tabela 19: Resultados da resistência à compressão individual – Fabricante C. ...... 56 LISTA DE SIGLAS LISTA DE TABELAS AA Índice de Absorção d’água AB Área Bruta ABCERAM Associação Brasileira de Cerâmica ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas A.C Antes de Cristo ALIQ Área Líquida ANFACER Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica ANICER Associação Nacional da Indústria Cerâmica Cm Centímetro D Desvio em relação ao esquadro F Planeza das faces G Grama Hrs Horas IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística LxHxCLargura x Altura x Comprimento Mm Milímetro MPa Mega Pascal Ms Massa seca Mu Massa úmida NBR Norma Brasileira PBQP-H Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat PE Pernambuco PIB Produto Interno Bruto PSQ-BC Programa Setorial da Qualidade dos Blocos Cerâmicos S.D. Sem Data UNIFBV Universidade e Faculdade Boa Viagem VED15 Vedação de 1,5 MPa SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 15 1.1 Contextualização do problema da pesquisa ........................................................ 16 1.2 Objetivos ............................................................................................................ 17 1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................... 17 1.2.2 Objetivos específicos ........................................................................................ 17 1.3 Justificativa .......................................................................................................... 17 2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 19 2.1 A origem da cerâmica vermelha .......................................................................... 19 2.2 A cerâmica vermelha no brasil ............................................................................ 19 2.3 A evolução da cerâmica ...................................................................................... 20 2.4 Caracterização da cerâmica ............................................................................. 20 2.4.1 Cerâmica vermelha .......................................................................................... 20 2.4.2 Cerâmica branca .............................................................................................. 21 2.5 Matéria-prima .................................................................................................... 21 2.6 Processo de fabricação ................................................................................... 23 2.6.1 Tratamento da massa....................................................................................... 23 2.6.2 Formação das peças ........................................................................................ 23 2.6.3 Tratamento térmico ....................................................................................... 25 2.6.3.1 Secagem ....................................................................................................... 25 2.6.3.2 Queima .......................................................................................................... 26 2.6.4 Materiais refratários .......................................................................................... 27 2.6.5 Fritas e corantes ............................................................................................... 27 2.7 Caracterização dos blocos cerâmicos ............................................................ 27 2.7.1 Dimensões usuais dos blocos cerâmicos de vedação ..................................... 29 2.7.2 Características geométricas ............................................................................. 30 2.7.3 Das propriedades físicas .................................................................................. 30 2.7.4 Das características mecânicas ......................................................................... 31 3 METODOLOGIA ................................................................................................... 32 3.1 Classificação da pesquisa ................................................................................... 32 3.2 Materiais .............................................................................................................. 32 3.3 Análise e coleta de dados ................................................................................... 32 3.4 Métodos .............................................................................................................. 34 3.4.1 Análise visual ................................................................................................... 34 3.4.2 Análise geométrica – Medidas das faces(LxHxC), medidas dos septos e paredes externas, planeza (flecha), desvio em relação ao esquadro. ...................... 34 3.4.3 Análise da característica física: Índice de absorção d’água (AA) ..................... 38 3.4.4 Análise mecânica: Determinação da resistência à compressão ....................... 39 4 RESULTADOS ...................................................................................................... 42 4.1 Análise visual: Identificação, quebras, deformação e som cavo. ................. 42 4.2 Análise Geométrica: Dimensões, desvio de esquadro, planeza das faces, espessura dos septos e paredes externas. .......................................................... 45 4.2.1 Dimensões ....................................................................................................... 45 4.2.2 Desvio de esquadro e planeza das faces ......................................................... 47 4.2.3 Espessura dos septos e paredes externas....................................................... 50 4.3 Índice de absorção d’água (AA) ....................................................................... 52 4.4 Resistência à compressão individual .............................................................. 54 5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 58 5.1 Sugestões para trabalhos futuros ........................................................................ 58 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 59 15 1 INTRODUÇÃO A palavra grega kéramos, significa: “terra queimada”, o que quer dizer que o processo de obtenção do material vem do cozimento em altas temperaturas, é através deste processo que são fabricados os blocos cerâmicos de vedação. Estes blocos, são majoritariamente o material mais utilizado na construção civil brasileira para a vedação de ambientes, sendo fácil encontrá-los em quaisquer armazéns de pequeno porte. A não adequação das peças às especificações da norma, trazem diversos prejuízos a consumidores finais que adquirem estes materiais fora das conformidades. A norma de componentes cerâmicos, trás parâmetros para manter a qualidade dos blocos comercializados, desde a identificação do fabricante, até à sua resistência, índice de absorção d’água e dimensões geométricas (ANA PASSOS et al., 2020). Neste trabalho, se atestou a qualidade dos blocos oferecidos na cidade do Recife, mediante ensaios que comprovam se o produto final atende aos requisitos normativos. A Anicer (2018), criou o (PSQ-BC), em conformidade com o (PBQP-H), para garantir a aplicação dos requisitos descritos na NBR 15270-1:2017 e 15270- 2:2017. O programa tem como objetivo a melhoria do desempenho dos blocos nas construções, averiguando não conformidades e submetendo as peças a ensaios especificados pela norma. Blocos cerâmicos, são feitos de argila queimada. “O teor de umidade da argila também pode influenciar na estabilidade dimensional dos blocos que são conformados por extrusão” (BRAGA; SANTOS; SALES apud REIS; SILVA, 2017, p.40). “O não controle tecnológico nessa fase do processo, pode provocar retração por secagem e dimensões variáveis, além de fissuras. A indústriacerâmica brasileira, tem participação de cerca de 1% no PIB nacional, sendo aproximadamente 40% desta participação representada pelo setor de cerâmica vermelha” (MACEDO; MENEZES; NEVES; FERREIRA, 2008, p.411). 16 1.1 Contextualização do problema da pesquisa Devido ao baixo investimento no setor das olarias para controle tecnológico da fabricação dos materiais, comparado ao bloco de gesso e o de concreto, apesar do custo mais baixo, “o bloco cerâmico apresenta maior perda no fluxo de produção” (ANDRADE apud REIS; SILVA, 2017, p.40). E isto, está ligado a não adequação do bloco às normas, ocasionando perdas de materiais, alta geração de resíduos, manifestações patológicas nas alvenarias erguidas, além de elevar o consumo de insumos necessários para a execução na obra. Desvios de esquadro, aumentam o consumo de argamassa de assentamento. Já alto índice de absorção de água, pode aumentar o peso próprio da alvenaria e consequente carga na estrutura, sobretudo, em dias de chuva. O baixo índice de absorção, poderá levar a má aderência da argamassa ao bloco, prejudicando a ligação e o travamento entre eles. No que se refere a resistência à compressão, quando essa for inferior à prescrita pela NBR 15270-1 (2017), que é de 1,5 Mpa, coloca em risco uma das finalidades da alvenaria de vedação, que além de separar ambientes, é a de suportar pequenas cargas: como o peso próprio e cargas de objetos e pequenos equipamentos que são usualmente nelas fixados. Diante disto, as irregularidades geram desperdícios para o construtor e problemas futuros para o proprietário do imóvel. Não há por parte das olarias informações técnicas suficientes sobre as propriedade técnicas das argilas extraídas, o que leva a escolhas empíricas da argila utilizada na fabricação, estas infromações poderiam melhorar o desempenho da produção e aplacar as desconformidades, isto também se deve ao fato do não investimento em novas tecnologias de equipamentos e mão de obra especializada para o setor. Através dessa pesquisa, foi possível identificar a eficiência de alguns dos produtos oferecidos aos consumidores locais, avaliando três fabricantes. 17 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo geral Analisar a conformidade dos blocos cerâmicos de vedação classificados como VED15 e com dimensões 9x19x19cm de três diferentes fabricantes de acordo com a NBR 15270 (2017), que é constituída por duas partes. 1.2.2 Objetivos específicos a) Examinar literaturas sobre blocos cerâmicos de vedação, sua matéria prima, metódos de fabricação, sua aplicação e propriedades físico-químicas; b) Realizar os ensaios previstos nas duas partes NBR 15270:2017, sendo eles: ➢ Análise visual: identificação, quebras, deformação e som cavo; ➢ Análise geométrica: dimensões, desvio em relação ao esquadro, espessura dos septos e das paredes externas, planeza das faces; ➢ Índice de absorção d’água; ➢ Resistência à compressão; c) Comparar os resultados com as diretrizes estabelecidas pela norma; 1.3 Justificativa De acordo com a norma ABNT NBR 15270-1 (2017), “alvenaria de vedação é aquela não admitida como participante da estrutura”. A função desses blocos, é a de realizar a vedação entre ambientes, mas, eles conseguem suportar algumas cargas inexpressivas, e embora seja pequena, sua resistência não é nula. Suportam o peso próprio em uma parede ou muro, além de pequenas cargas de objetos que são neles fixadas. Quando sua fabricação é inadequada, as funções que deveriam ser desempenhadas são comprometidas. A consequência das inadequações chegam até construtores e proprietários, embora haja abundante mão de obra disponível no país para execução de alvenaria 18 com este tipo de material, sua maior parte não é qualificada. De acordo com dados disponíveis no site da ANICER (2021), que exibe dados do ano de 2008 do (IBGE), o número de fabricantes de blocos cerâmicos no Brasil, é de aproximadamente 4.346 empresas, com uma produção mensal de quatro bilhões de peças, e um consumo de sete milhões e oitocentas mil toneladas de argila por mês. O setor é responsável por cerca de 90% das alvenarias construídas no país. Diante de números tão expressivos, a indústria da cerâmica vermelha representa segundo a própria ANICER (2021), 4,8% da indústria da construção civil. Fica evidente o grande volume movimentado no mercado e consequente dificuldade de fiscalização da qualidade oferecida pelos produtores, o que remete a produtos finais não padronizados. A última lista atualizada em março do ano de 2021 de empresas qualificadas no PBQP-H, mostra apenas 6 empresas qualificadas e associadas ao programa no estado de Pernambuco. Em um levantamento sobre o PBQP-H em Pernambuco, Paz apud Magalhães; Moraes; Holanda (2013), declara que existem cerca de 198 empresas legalizadas no estado, o que nos dá um percentual de cerca de 3% de fabricantes associados ao programa de qualidade. Por este motivo, este trabalho buscou analisar a conformidade dos blocos de três fabricantes distintos, escolhidos aleatoriamente em armazéns da cidade do Recife-PE. 19 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 A origem da cerâmica vermelha Segundo a ANICER (2015), “a cerâmica vermelha é o material mais antigo já produzido pelo homem e com registros datados há cerca de dez mil anos. Na pré- história já haviam utensílios cerâmicos, como vasos de barro com a cor natural da argila ou em tons mais escuros, pela presença do óxido férrico”. De acordo com a ANFACER (s.d.), “muitas culturas, desde os primórdios, desenvolveram estilos próprios que, com o passar do tempo, consolidavam tendências e evoluíam no aprimoramento artístico e ela nasceu no momento em que o homem passou a utilizar o barro endurecido pelo fogo”. Cerâmica compreende todos os materiais inorgânicos, não metálicos, geralmente obtidos após tratamento térmico em temperaturas elevadas (ABCERAM, 2016). A cerâmica artística ou para a construção, somente surgiu na antiguidade e apenas em centros comerciais, culturas antigas desenvolveram suas próprias técnicas de manuseio. A primeira queima de argila, ocorreu por volta de 23.000 a.C (OBERMEIER & VIEIRA, 1998). 2.2 A cerâmica vermelha no brasil No Brasil, a cerâmica teve inicio na ilha de marajó, através dos índios da região. Porém, estudos arqueológicos mostraram que havia a presença de uma produção cerâmica mais simples, criada na amazônia por volta de cinco mil anos atrás. Dentre as técnicas da cerâmica marajoara, havia: raspagem, incisão, excisão e pintura. Os formatos eram sempre antropomorfos, haviam outros objetos modelados na época, que mesmo com a ausência de equipamentos mais sofisticados, demonstravam um trabalho valoroso (ANFACER, 2017). O maior avanço do setor cerâmico nacional, ocorreu em meados de 1960 com a implantação de políticas públicas de habitação, como o Banco Nacional de Habitação e o Sistema Financeiro de Habitação. Por volta de 1970, ocorreu um aumento acelerado na construção civil do país, ocasionando a expansão da indústria cerâmica, provocando a incorporação do processo de inovação e o lançamento de novas linhas de produtos, diversificando e estendendo o setor, Rossi apud APL-SE (2008). 20 2.3 A evolução da cerâmica A arte da cerâmica prosperou entre quase todos os povos ao mesmo tempo, refletindo nas formas e nas cores, o ambiente e a cultura dos diversos povos. Nas primeiras peças decoradas, os motivos artísticos eram sempre o dia a dia do povo: caça, os animais, a luta, etc. Hoje em dia, além de sua utilização como matéria- prima constituinte de diversos instrumentos domésticos, da construção civil e como material plástico nas mãos dos artistas, a cerâmica é também utilizada na tecnologia de ponta, mais especificamente na fabricação de componentes de foguetes espaciais (TECCER, 2017). 2.4 Caracterizaçãoda cerâmica 2.4.1 Cerâmica vermelha As cerâmicas vermelhas, são materiais com tonalidade vermelha, ocasionadas pela presença do óxido férrico, que é o composto químico com a fórmula Fe2O3, amplamente utilizados na construção civil, como telhas, tijolos, blocos e etc (TECCER, 2017). A cerâmica, tanto de uso comum como artístico, é produzida hoje por toda parte, seja em grandes estabelecimentos ou por pequenos artesãos. Os sistemas são fundamentalmente os mesmos, mas é inegável que a experiência técnica adquiriu tamanha perfeição que permite resultados extraordinários (ANFACER, 2017). A cerâmica vermelha pode ser designada como revestimento, blocos, tijolos, telhas, utensílios domésticos e etc (ESTIVA, 2018). A figura 1 demonstra blocos feitos de cerâmica vermelha. Figura 1 – Bloco feito com cerâmica vermelha. Fonte: LC MEDEIROS, 2015. 21 2.4.2 Cerâmica branca Este grupo é bastante diversificado, compreendendo materiais constituídos por um corpo branco e em geral recobertos por uma camada vítrea transparente e incolor e que eram assim agrupados pela cor branca da massa, necessária por razões estéticas ou técnicas (ANFACER, 2017). A figura 2 mostra um utensílio doméstico feito com cerâmica branca. Figura 2 – Taça feita com cerâmica branca. Fonte: CAPITAL DECOR, 2019. 2.5 Matéria-prima A argila é a principal matéria-prima para a fabricação de blocos cerâmicos de vedação. A grande maioria das matérias-primas utilizadas para a fabricação de blocos cerâmicos, são encontradas em jazidas minerais espalhadas pela crosta da terra. Após o processo de mineração, os materiais são desagregados, ou moídos e classificados de acordo com a granulometria e em alguns casos, também são purificados. Somente após esses tratamentos, é que se tem inicio o processo de fabricação. Matérias-primas sintéticas, são fornecidas prontas para o uso, necessitando apenas de ajustes de granulometria. Embora em vários países sejam consideradas propriedades físicas, químicas e mecânicas, no Brasil não é comum essa prática ABCERAM (2016). As argilas utilizadas na indústria de cerâmica vermelha ou, como também conhecidas na literatura técnica, argilas comuns (common clays) abrangem uma grande variedade de substâncias minerais de natureza argilosa. Compreendem, 22 basicamente, sedimentos pelíticos consolidados e inconsolidados, como argilas aluvionares quaternárias, argilitos, siltitos, folhelhos e ritmitos, que queimam em cores avermelhadas, a temperaturas variáveis entre 800 e 1.250ºC (CABRAL JUNIOR, 2005). As argilas podem ser também classificadas conforme a maior ou menor quantidade de colóides: as gordas são muito plásticas, devido à alumina deformam-se muito no processo de cozimento; as magras que possuem excesso de sílica são mais porosas e frágeis (SOUSA, 2013). Os principais tipos de argilas encontradas na natureza são: as argilas fluviais que são extremamente abundantes geralmente utilizadas em cerâmica vermelha; as argilas de estuários que contêm camadas ou áreas de laminação grossa, além de resíduos orgânicos de pântanos inter-laminados em camadas argilosas; as argilas de pântanos que são geralmente muito plásticas bastante puras e ricas em caulinitas e matéria orgânica; as argilas de cor de cozimento branca como os caulins e argilas plásticas utilizadas para a fabricação de pisos e azulejos; as argilas refratárias que são os caulins, argilas refratárias e argilas altamente aluminosas utilizada na confecção de tijolos refratários; e as argilas para materiais cerâmicos estruturais, amarelas ou vermelhas que são as argilas encontradas para a fabricação de manilhas, blocos e telhas (SOUSA, 2013). Na figura 3, vemos uma Jazida de extração da matéria-prima. Figura 3 – Jazida de extração. Fonte: CERÂMICA SÃO JOÃO, 2014 23 2.6 Processo de fabricação 2.6.1 Tratamento da massa O processo de fabricação de materiais cerâmicos, são a partir da composição de duas ou mais matérias-primas, além de aditivos e água ou outro meio. No caso da cerâmica vermelha em que se utiliza apenas a argila como matéria-prima, são misturados dois ou mais tipos de argila com características diferentes na composição (ABCERAM, 2016). Raramente se utiliza apenas um tipo de argila. Por isso, se faz necessário o controle da dosagem das matérias-primas e dos aditivos, que seguem formulações de massas previamente estabelecidas. Após aprovada, a matéria-prima é levada para o pátio de sazonamento e lá é depositada em camadas alternadas de silte, o que otimiza a secagem da matéria, formando o que é chamado de sanduíches. O sazonamento aumenta a plasticidade do material e minimiza fissuras durante a secagem (CERÂMICA CONSTRULAR, s.d). A seguir, a figura 4 mostra uma região utilizada para sazonamento da argila. Figura 4 – Sazonamento da argila. Fonte: CERÂMICA CONSTRULAR, s.d. 2.6.2 Formação das peças De acordo com a ABCERAM (2016), “existem diversos processos para a formação das peças, a escolha de cada um deles, depende de fatores econômicos, do formato e das características do produto, sendo os métodos mais comuns:” 24 • Colagem ou fundição; • Prensagem; • Extrusão; • Torneamento. A extrusão é o método mais difundido no Brasil, e ocorre quando a massa plástica é colocada numa extrusora, também conhecida como maromba, onde é compactada e forçada por um pistão ou eixo helicoidal, através de bocal com determinado formato, como mostrado na figura 5 a 7. Como resultado obtém-se uma coluna extrudada, com seção transversal com o formato e dimensões desejados; em seguida, essa coluna é cortada, obtendo-se desse modo peças como tijolos vazados, blocos, tubos e outros produtos de formato regular, ABCERAM (2016). Figura 5 – Extrusora à vácuo ou maromba. Fonte: BERTAN MÁQUINAS, s.d. Figura 6 – Processo de extrusão. Fonte: CERÂMICA TATUÍ, 2019. 25 Figura 7 – Boquilha de extrusão. Fonte: SPOSTO; MORAIS; PEREIRA, 2007. 2.6.3 Tratamento térmico 2.6.3.1 Secagem Após a etapa de formação, as peças em geral continuam a conter água, proveniente da preparação da massa. Para evitar tensões e, conseqüentemente, defeitos nas peças, é necessário eliminar essa água, de forma lenta e gradual, em secadores intermitentes ou contínuos, a temperaturas variáveis entre 50 ºC e 150 ºC, ABCERAM (2016). Na figura 8, um exemplo do material em processo de secagem. Figura 8 – Secagem. Fonte: CERÂMICA SÃO JOÃO DE ITU, 2014. 26 2.6.3.2 Queima ABCERAM (2016), afirma que nessa operação conhecida também por sinterização, os produtos adquirem suas propriedades finais. As peças, após secagem , são submetidas a um tratamento térmico a temperaturas elevadas, que para a maioria dos produtos situa-se entre 800 ºC a 1700 ºC, em fornos contínuos ou intermitentes que operam em três fases: • Aquecimento da temperatura ambiente até a temperatura desejada; • Patamar durante certo tempo na temperatura especificada; • Resfriamento até temperaturas inferiores a 200 ºC. O ciclo de queima compreendendo as três fases, dependendo do tipo de produto, pode variar de alguns minutos até vários dias. Durante esse tratamento ocorre uma série de transformações em função dos componentes da massa, tais como: perda de massa, desenvolvimento de novas fases cristalinas, formação de fase vítrea e a soldagem dos grãos. Portanto, em função do tratamento térmico e das características das diferentes matérias-primas são obtidos produtos para as mais diversas aplicações, ABCERAM (2016). Os fornos podem ter formatos diferentes, como demonstrados nas figuras 9 e 10. Figura 9 – Queima em forno do tipo túnel. Fonte: THERMO INDUSTRIAL, s.d. 27 Figura 10 – Queima em forno do tipo abóbada/redondo.Fonte: SINDICER/PB, 2016. 2.6.4 Materiais refratários “Os materiais refratários compreendem uma ampla gama de produtos que têm como característica principal a capacidade de suportar altas temperaturas, normalmente acima de 1200 °C” (VICTORIA apud McColm, 2013 p.1). 2.6.5 Fritas e corantes “Estes dois produtos são importantes matérias-primas para diversos segmentos cerâmicos que requerem determinados acabamentos. Frita (ou vidrado fritado) é um vidro moído, fabricado por indústrias especializadas a partir da fusão da mistura de diferentes matérias-primas. É aplicado na superfície do corpo cerâmico que, após a queima, adquire aspecto vítreo” (ANFACER, 2017). 2.7 Caracterização dos blocos cerâmicos Blocos cerâmicos podem ser classificados como estruturais ou de vedação. Os blocos cerâmicos estruturais, são peças que exercem função estrutural, em função de serem componentes estruturais para o sistema construtivo em alvenaria estrutural. Podem ser de paredes vazadas, alveolar, de paredes internas e externas maciças ou de paredes externas maciças e parede interna vazada ABNT NBR 15270-1 (2017). As figuras 11 a 14 abaixo, ilustram os tipos de blocos estruturais: 28 Figura 11 – Bloco cerâmico alveolar. Fonte: ABNT NBR 15270-1, 2017. Figura 12 – Bloco cerâmico de paredes vazadas. Fonte: ABNT NBR 15270-1, 2017. Figura 13 – Bloco cerâmico de paredes internas e externas maciças. Fonte: ABNT NBR 15270-1, 2017. Figura 14 – Bloco cerâmico de paredes externas maciças e paredes internas vazadas. Fonte: ABNT NBR 15270-1, 2017. 29 Segundo a NBR 15270-1 (2017), “blocos cerâmicos estruturais devem ter fbk mínimo de 4 Mpa”, a norma ainda classifica esses elementos, como componentes de alvenaria que possuem furos ou vazados prismáticos perpendiculares às faces que os contêm, e devem ser assentados com os furos ou vazados na vertical. A norma ainda caracteriza como bloco, componentes cujo altura seja superior a 115mm. Já para blocos cerâmicos de vedação, a mesma norma estabelece que a resistência mínima, é de 1,5 MPa. A norma define como alvenaria de vedação, aquela não admitida como participante da estrutura. Sendo assim, para tal sistema, admitimos que o componente não recebe cargas da estrutura, apenas o peso próprio e pequenas cargas de utilização pelos usuários. A norma caracteriza ainda, como bloco de vedação, o componente de alvenaria não participante da estrutura que possui furos ou vazados prismáticos perpendiculares às faces que os contêm. A figura 15 exemplifica um modelo de bloco cerâmico de vedação. Figura 15 – Bloco cerâmico de vedação. Fonte: ABNT NBR 15270-1, 2017. Há ainda os tijolos, que são componentes cujo a altura seja de até 115mm. Podem ser maciços, maciços com rebaixo, perfurados, ou com formatos variadas. São permitidos blocos e tijolos com largura de até 70mm em casos excepcionais (ABNT NBR 15270-1, 2017). 2.7.1 Dimensões usuais dos blocos cerâmicos de vedação A figura 16, mostra as dimensões mais comuns de blocos cerâmicos de vedação comercializadas no Brasil, sendo o mais utilizado na região da pesquisa deste trabalho, o bloco de 9x19x19cm. 30 Figura 16 – Dimensões usuais de comercialização dos blocos cerâmicos de vedação. Fonte: GONÇALVES, 2016. 2.7.2 Características geométricas De acordo com a NBR 15270-1 (2017), as características geométricas dos blocos de vedação e estruturais, são: • Medidas das faces (LxHxC) – dimensões efeticas ou reais; • Espessuras dos septos e paredes externas dos blocos; • Desvio em relação ao esquadro (D); • Planeza das faces (F); • Área bruta (Ab) • Área líquida (Aliq), apenas para blocos estruturais. 2.7.3 Das propriedades físicas Nas propriedades físicas, a massa seca representa a massa obtida após submeter o bloco a estufa em temperatura de (105 ± 5) °C, com pesagens a cada hora, até que a diferença entre as pesagens não supere 0,25%. Após isto, com o bloco submerso na água em temperatura ambiente por 24hrs, é possível obter a massa úmida e assim calcular o índice de absorção d’água. • Massa seca (ms); • Índice de absorção d’água (AA). 31 2.7.4 Das características mecânicas A característica mecânica dos blocos e tijolos cerâmicos de vedação, é a resistência a compressão individual (fb). 32 3 METODOLOGIA 3.1 Classificação da pesquisa O método utilizado para esta pesquisa, é o experimental. Quando através de procedimentos feitos em laboratório, observa-se o comportamento dos objetos em relação aos experimentos realizados, testando assim o maior número de variáveis possíveis, afim de se chegar a uma conclusão. Para ser pesquisa experimental, precisa apresentar as propriedades: manipulação das variáveis; amostragem aleatória; coleta de dados imparcial e controle das variáveis pelo pesquisador (GIL, 2002, p. 48). A pesquisa experimental está relacionada a experimentar, gerar inovações, testar materiais, elaborar e formular novos elementos, simular eventos, fazer estudos de laboratório, estudos com protótipos, estudos de amostras criteriosas (JUNG, 2004). 3.2 Materiais Neste estudo, foram utilizados blocos cerâmicos de vedação classificados pela NBR 15270-1 (2017) como VED15, por terem resistência mecânica mínima de 1,5 MPa. Os blocos possuem dimensões de 9x19x19cm e foram escolhidos pelo autor de forma aleatória nos depósitos de armazenamento dos dois armazéns. Foram coletadas três amostras de trinta blocos de cada um dos três fabricantes. 3.3 Análise e coleta de dados O material foi coletado em Abril de 2021 e colocado em ambiente protegido para preservação das características originais, em seguida identificados e removidas as rebarbas, conforme às diretrizes da ABNT NBR 15270-1 e 2 (2017). Em seguida, os blocos foram submetidos aos ensaios e os critérios para aceitação e rejeição, foram os prescritos nas tabelas dispostas na primeira parte da norma. Os blocos são de três fabricantes distintos e adquiridos em dois dos armazéns mais movimentados da região. Durante a coleta, foi verificado em cada bloco a qual fabricante era pertencente. O primeiro fabricante coletado foi chamado de A, o segundo e o terceiro de B e C respectivamente. As figuras 17 e 18 mostram os blocos dispostos nos 33 depósitos dos armazéns durante a coleta. Figura 17 – Blocos do fabricante A dispostos no depósito do armazém 1. Fonte: AUTOR, 2021. Figura 18 – Blocos dos fabricantes B e C dispostos no depósito do armazém 2. Fonte: AUTOR, 2021. A tabela 1, demonstra as terminologias adotadas para as amostras dos fabricantes durante os ensaios. Para todos os ensaios realizados, a amostragem é constituída por 13 corpos de prova, exceto para o ensaio do índice de absorção de água, que é constituído por apenas 6 corpos de prova como descrito na ABNT NBR 15270-1 (2017). 34 Tabela 1: Terminologias adotadas durante os ensaios. Fonte: AUTOR, 2021. 3.4 Métodos 3.4.1 Análise visual Nesta etapa inicial dos ensaios, foram feitas análises de identificação, quebras, deformação e a presença de som cavo. Para a análise da identificação dos blocos, em cada amostra dos fabricantes foi analisado conforme a ABNT NBR 15270-1 (2017), a presença do nome da empresa, cnpj, as dimensões efetivas no formato (LxHxC), contatos da empresa e a data de fabricação do lote. Além disto, foram analisadas quebras, deformação e som cavo. 3.4.2 Análise geométrica – Medidas das faces(LxHxC), medidas dos septos e paredes externas, planeza (flecha), desvio em relação ao esquadro. As medições nas faces, foram realizadas de acordo com as diretrizes dispostas na ABNT NBR 15270-2 (2017), como demonstrado na figura 19. 35 Figura 19 – Localização das faces para medição.Fonte: Adaptado pelo autor - ABNT NBR 15270-1, 2017. A figura 20 mostra as medições das dimensões efetivas realizadas em laboratório, com paquímetro. Figura 20 – Medição das faces com paquímetro. Fonte: AUTOR, 2021. De acordo com a ABNT NBR 15270-2 (2017), as medições das dimensões efetivas, feitas em laboratório, devem ser feitas com paquímetro de sensibilidade mínima de 0,05mm e com os corpos de prova dispostos sobre uma superfície plana e indeformável, como visto na figura 20. As medições dos septos e paredes externas, desvio de esquadro e planeza das faces, foram realizadas de acordo com as diretrizes da ABNT NBR 15270-2, 2017. A figura 21, mostra as posições e localização dos pontos à serem medidos. 36 Figura 21 – Localização dos pontos para medição dos septos, paredes externas, desvio e planeza. Fonte: Adaptado pelo autor - ABNT NBR 15270-2, 2017. A aludida norma recomenda que as medições do desvio em relação ao esquadro, sejam feitas com esquadro metálico de (90° ± 0,5), com os corpos de prova dispostos sobre superfície plana e indeformável, medindo uma das faces destinadas ao assentamento e a maior face destinada ao revestimento do bloco, conforme mostra a figura 22. Figura 22 – Medição dos desvios em relação ao esquadro. Fonte: AUTOR, 2021. Com relação a medição da espessura dos septos e paredes externas, a ABNT NBR 15270-2, 2017, recomenda que as medições sejam feitas nos pontos indicados na figura 21, com utilização de paquímetro, buscando o ponto onde a parede apresenta menor dimensão. Para os septos, a referida norma recomenda que sejam medidos em sua região central. De acordo com a tabela 2 da ABNT NBR 15270-1 (2017), a espessura mínima das paredes externas dos blocos cerâmicos de vedação são de 7mm, já para as paredes internas não há determinação de espessura mínima. A figura 23, mostra as medições nas paredes externas com paquímetro. 37 Figura 23 – Medição das paredes externas com paquímetro. Fonte: AUTOR, 2021. Para determinação da planeza das faces (flecha), diante da impossibilidade da disponibilização do defletômetro recomendado pela ABNT NBR 15270-2 (2017), foram seguidas as diretrizes da norma anterior a esta: a ABNT NBR 15270-1 (2005). Sobre uma superfície plana e indeformável foi utilizado um esquadro metálico de 90°, posicionado na diagonal de uma das faces do bloco destinada ao revestimento, medindo em seguida a flecha com régua metálica, conforme mostra a figura 24. Figura 24 – Medição das flechas. Fonte: AUTOR, 2021. 38 3.4.3 Análise da característica física: Índice de absorção d’água (AA) Para a determinação das características físicas, foram seguidas as diretrizes do anexo B, da ABNT NBR 15270-2 (2017). Os corpos de prova foram pesados primeiramente em temperatura ambiente em uma balança com resolução de 5g, e em seguida colocados em uma estufa com temperatura ajustável a (105 ± 5) °C. Foram feitas pesagens com 1hr de intervalo, até que a diferença entre as pesagens fosse de no máximo 0,25% como recomenda a norma, para obtenção da massa seca. Em seguida, os blocos foram submersos no tanque do laboratório, com água em temperatura ambiente, pelo período de 24hrs, sendo pesados em seguida para obtenção da massa úmida. A figura 25 mostra um corpo de prova sendo pesado em temperatura ambiente. Figura 25 – Bloco pesado em temperatura ambiente. Fonte: AUTOR, 2021. A figura 26, mostra a estufa com temperatura ajustável a (105 ± 5) °C. Figura 26 – Estufa. Fonte: AUTOR, 2021. 39 Na figura 27, é possível ver os blocos submersos no tanque com água em temperatura ambiente, no laboratório de materiais da construção civil e geotecnia da UNIFBV. Figura 27 – Blocos submersos no tanque com água. Fonte: AUTOR, 2021. Após a obtenção dos valores das massas secas e úmidas dos corpos de prova, foi procedido o cálculo para determinação do índice de absorção de água, através da seguinte expressão presente na norma: da equação 1. A tolerância para o índice de absorção d’água (AA), de acordo com a ABNT NBR 15270-1 (2017) é de 8 a 25%. 3.4.4 Análise mecânica: Determinação da resistência à compressão Para a determinação da resistência à compressão individual dos corpos de prova, foram seguidas todas as recomendações do anexo C da ABNT NBR 15270-2 (2017). A norma recomenda que os blocos sejam regularizadas através de capeamento com pasta de cimento, nas faces em contato com as placas da prensa e que a espessura média do capeamento, não pode exceder 3mm. Em seguida, os corpos de prova foram submersos na água por no mínimo 6hrs, antes de serem rompidos na prensa. O capeamento foi procedido da seguinte forma: 40 • Na argamassadeira, foi rodada uma pasta de cimento com fator água cimento de 0,36 e cimento CPV-ARI. Em seguida, foi colocada a pasta em uma forma metálica plana, sobre uma superfície plana e os blocos foram colocados em cima da pasta. Com o nível bolha foi feito o nivelamento da pasta. As figuras 28 e 29, mostram a face do bloco capeada e o posicionamento do mesmo na prensa para o rompimento. Figura 28 – Face do bloco capeada. Fonte: AUTOR, 2021. Figura 29 – Posicionamento do bloco na prensa. Fonte: AUTOR, 2021. 41 Na figura 30, é possível ver uma imagem real da tipologia do bloco que foi objeto deste trabalho. Figura 30 – Bloco cerâmico de vedação 9x19x19cm. Fonte: AUTOR, 2021. 42 4 RESULTADOS 4.1 Análise visual: Identificação, quebras, deformação e som cavo. Os corpos de prova dos fabricantes foram separados e postos sobre uma superfície plana e indeformável. O primeiro ensaio realizado foi o da análise visual, enquadrando identificação, quebras, deformação e som cavo. Para a análise de identificação, a amostragem é simples. Quanto a análise de quebras, deformação e som cavo, a amostragem é dupla, conforme o item 7.3 da ABNT NBR 15270-1 (2017). Conforme o item 8.1.2 da aludida norma, a não conformidade de qualquer amostra na análise de identificação, é suficiente para a rejeição do lote neste quesito. Os critérios de aceitação e rejeição, tiveram como base os parâmetros expressos na tabela 8 da aludida norma, como mostra a figura 31. Figura 31 – Tabela para aceitação e rejeição da análise visual. Fonte: ABNT NBR 15270-1, 2017. Na figura 32, é possível ver uma amostra de blocos de um dos fabricantes, sobre superfície plana e indeformável. Figura 32 – Blocos dispostos sobre superfície plana e indeformável. Fonte: AUTOR, 2021. 43 • Fabricante A Conforme apresentado na tabela 2, o lote do fabricante A não apresentou não conformidades em nenhum dos 13 corpos de prova da primeira amostragem, sendo portanto aceito, de acordo com as exigências da tabela 8 da norma citada na tabela 2. Tabela 2: Resultados da análise visual – Fabricante A. Fonte: AUTOR, 2021. • Fabricante B Os corpos de prova do fabricante B, apresentaram não conformidades nos blocos B3 e B11, ainda assim foram aceitos na primeira amostragem, de acordo com a tabela 8 da norma citada na tabela 3. 44 Tabela 3: Resultados da análise visual – Fabricante B. Fonte: AUTOR, 2021. • Fabricante C O fabricante C, foi o único deste ensaio a ter alta quantidade de não conformidades no quesito de identificação, em que a amostragem é simples, sendo assim rejeitado nesta análise com 9 corpos de prova não conformes. Para as características visuais de quebra, deformação e som cavo, apenas nos blocos C5 e C9 ficou constatada não conformidade, portanto, neste quesito o lote é aceito. A tabela 4 mostra os resultados. Tabela 4: Resultados da análise visual – Fabricante C. Fonte: AUTOR, 2021. 45 4.2 Análise Geométrica:Dimensões, desvio de esquadro, planeza das faces, espessura dos septos e paredes externas. Para o ensaio da análise dimensional, todos os fabricantes foram aceitos pelos requisitos da ABNT NBR 15270-1 (2017), conforme mostram as tabelas 5, 6 e 7. Os critérios de aceitação dos lotes para o ensaio da análise geométrica, são os dispostos na tabela 9 da ABNT NBR 15270-1 (2017), conforme disponível na figura 33. Figura 33 – Critérios de aceitação para análise geométrica. Fonte: ABNT NBR 15270-1, 2017. 4.2.1 Dimensões Tabela 5: Resultados da análise dimensional – Fabricante A. Fonte: AUTOR, 2021. 46 Tabela 6: Resultados da análise dimensional – Fabricante B. Fonte: AUTOR, 2021. Tabela 7: Resultados da análise dimensional – Fabricante C. Fonte: AUTOR, 2021. No gráfico 1, é possível ver um comparativo das dimensões médias obtidas entre os fabricantes. 47 Gráfico 1 - Comparativo das médias dos resultados da análise dimensional. Fonte: AUTOR, 2021. 4.2.2 Desvio de esquadro e planeza das faces Para os quesitos desvio de esquadro e planeza(flecha), foram seguidos para a aceitação e rejeição, os critérios da tabela 9 da ABNT NBR 15270-1 (2017), como visto na figura 33. Todos os fabricantes analisados foram deficientes no quesito desvio em relação ao esquadro, já que a norma permite apenas 3mm de desvio e todos tiveram amostras com valores superiores. Quanto a planeza das faces, todos foram conformes ficando abaixo dos 3mm permitidos por norma, como mostram as tabelas 8, 9 e 10. 89,5 90,1 89,8 188,8 190,2 191,4189 191,7 192,7 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 FABRICANTE A FABRICANTE B FABRICANTE C(mm) COMPARATIVO ENTRE FABRICANTES LARGURA ALTURA COMPRIMENTO 48 Tabela 8: Resultados do desvio de esquadro e flecha – Fabricante A. Fonte: AUTOR, 2021. Tabela 9: Resultados do desvio de esquadro e flecha – Fabricante B. Fonte: AUTOR, 2021. 49 Tabela 10: Resultados do desvio de esquadro e flecha – Fabricante C. Fonte: AUTOR, 2021. No gráfico 2, um comparativo dos resultados obtidos entre os fabricantes. Gráfico 2 – Comparativo dos resultados de desvio e flecha entre fabricantes. Fonte: AUTOR, 2021. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 (DESVIO) (PLANEZA) (DESVIO) (PLANEZA) (DESVIO) (PLANEZA) FABRICANTE A FABRICANTE B FABRICANTE C (mm) COMPARATIVO ENTRE FABRICANTES BLOCO 1 BLOCO 2 BLOCO 3 BLOCO 4 BLOCO 5 BLOCO 6 BLOCO 7 BLOCO 8 BLOCO 9 BLOCO 10 BLOCO 11 BLOCO 12 BLOCO 13 50 4.2.3 Espessura dos septos e paredes externas Neste ensaio, o fabricante A foi rejeitado com 3 não conformidades, enquanto os fabricantes B e C foram rejeitados com valores elevados de não conformidades e aquém da tolerância estipulada na ABNT NBR 15270-1 (2017). As tabelas 11, 12 e 13 mostram os resultados. Tabela 11: Resultados espessura dos septos e paredes externas – Fabricante A. Fonte: AUTOR, 2021. Tabela 12: Resultados espessura dos septos e paredes externas – Fabricante B. Fonte: AUTOR, 2021. 51 Tabela 13: Resultados espessura dos septos e paredes externas – Fabricante C. Fonte: AUTOR, 2021. O gráfico 3 demonstra a quantidade de corpos de prova não conformes de cada fabricante. Gráfico 3 – Quantitativo de não conformidades na espessura dos septos e paredes externas. Fonte: AUTOR, 2021. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 BLOCOS NÃO CONFORMES 3 11 5 Quantidade GRÁFICO DE NÃO CONFORMIDADES FABRICANTE C FABRICANTE B FABRICANTE A 52 4.3 Índice de absorção d’água (AA) Para este ensaio foram necessárias cinco pesagens intervaladas de 1hr, para que a diferença da massa seca entre as pesagens, não superasse 0,25% conforme descrito no item (B.4.2 b) da ABNT NBR 15270-2 (2017). A norma ainda preconiza que para este ensaio, a amostragem simples seja constituída por apenas 6 corpos de prova. A tabela 10 da mesma norma, indica os requisitos para aceitação e rejeição dos lotes neste ensaio, conforme consta na figura 34. Figura 34 – Critérios de aceitação e rejeição para o índice de absorção d’água. Fonte: ABNT NBR 15270-1, 2017. Todos os fabricantes foram aceitos no ensaio de absorção d’água, conforme mostram as tabelas 14, 15 e 16 a seguir. • Fabricante A Tabela 14: Resultados do índice de absorção d’água – Fabricante A. Fonte: AUTOR, 2021. 53 • Fabricante B Tabela 15: Resultados do índice de absorção d’água - Fabricante B. Fonte: AUTOR, 2021. • Fabricante C Tabela 16: Resultados do índice de absorção d’água – Fabricante C. Fonte: AUTOR, 2021. No gráfico 4, é possível ver as médias dos resultados do índice de absorção de água dos corpos de prova dos três fabricantes. 54 Gráfico 4 – Médias do índice de absorção d’água por fabricante. Fonte: AUTOR, 2021. 4.4 Resistência à compressão individual Para o ensaio de resistência à compressão, as condições para aceitação e rejeição, são aquelas dispostas na tabela 11 da ABNT NBR 15270-1 (2017), como mostra a figura 35. A resistência mínima à compressão individual estabelecida pela norma, é de 1,5 MPa. Figura 35 – Critérios de aceitação para resistência à compressão individual. Fonte: ABNT NBR 15270-1, 2017. Médias obtidas Fabricante A 14,62% Fabricante B 12,26% Fabricante C 13,28% 8,00% 12,25% 16,50% 20,75% 25,00% Média do índice de absorção d'água % 55 • Fabricante A O fabricante A obteve uma baixa média de resistência à compressão individual, apenas 1,2 MPa. A ABNT NBR 15270-1 (2017) em sua tabela 11 acima, permite apenas 2 blocos não conformes para a aceitação do lote, porém o fabricante A teve 9 corpos de prova não conformes e teve o lote rejeitado neste ensaio, como mostra a tabela 17. Tabela 17: Resultados da resistência à compressão individual – Fabricante A. Fonte: AUTOR, 2021. • Fabricante B Este fabricante obteve média de apenas 1,4 MPa. Como a ABNT NBR 15270- 1 (2017) permite apenas 2 blocos não conformes, os resultados do fabricante B mostram 5 corpos de prova não conformes, tendo assim o lote rejeitado. Durante o ensaio, houve um evento não previsto, o bloco B9 deste fabricante ao ser retirado da água na condição saturada como recomenda a norma, o mesmo se esfarelou ao simples toque das mãos, não sendo possível realizar o ensaio no mesmo e não alcançando assim a resistência mínima prevista pela norma. A tabela 18 mostra os resultados. 56 Tabela 18: Resultados da resistência à compressão individual – Fabricante B. Fonte: AUTOR, 2021. • Fabricante C Este fabricante, alcançou a média mais baixa, apenas 1 MPa e teve o maior número de corpos de prova rejeitados, 11 no total, sendo assim o lote foi rejeitado pelos critérios da ABNT NBR 15270-1 (2017), como mostra a tabela 19. Tabela 19: Resultados da resistência à compressão individual – Fabricante C. Fonte: AUTOR, 2021. 57 O gráfico 5, demonstra as médias obtidas pelos três fabricantes no ensaio de resistência à compressão individual. Gráfico 5 – Médias da resistência à compressão individual. Fonte: AUTOR, 2021. 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 MÉDIA DE RESISTÊNCIA MPa MÉDIA DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DOS LOTES FABRICANTE C FABRICANTE B FABRICANTE A 58 5 CONCLUSÃO Nos ensaios da análise visual, pode-se concluir que o desempenho dos corpos de prova dos fabricantes A e B foram satisfatórios, no entanto, o fabricante C esteve muito aquém dos parâmetros da norma. Quanto aos ensaios da análise geométrica, todos os três fabricantes foram deficientes no desvio em relação ao esquadro e na espessura dos septos e paredes externas, porém, foram aprovados na planeza das faces e análise dimensional.Para o ensaio do índice de absorção d’água, todos os fabricantes tiveram seus lotes aceitos e ficaram dentro da margem de absorção permitida por norma. No ensaio de resistência à compressão individual, todos os três fornecedores foram deficientes, ficando com valores bem distantes do valor mínimo normatizado e com muitos corpos de prova não conformes nos lotes. Os lotes dos fabricantes A, B e C não atenderam a todos os requisitos constatantes na ABNT NBR 15270-1 e 2 (2017) no período em que foram analisados, sendo assim, nos resultados obtidos ficou nítida a não aptidão para emprego de tais materiais em serviços de obras da construção civil. Isto mostra, que alguns dos blocos comercializados na cidade do Recife, não garantem qualidade e desempenho aos seus consumidores finais, podendo trazer prejuízos materiais e comprometimento da segurança dos serviços com estes utilizados, alguns apresentando inclusive, altas variações de desconformidades com os valores delimitados pela norma nos quesitos da análise mecânica e análise geométrica. 5.1 Sugestões para trabalhos futuros Diante da grande demanda por utilização dos blocos cerâmicos de vedação na cidade e no país, pode-se proceder como continuidade e extensão deste trabalho, analisar maior número de fabricantes, além de comparativos entre materiais diferentes do mesmo segmento, como blocos de concreto para vedação e blocos cerâmicos de vedação, ou análise da resistência e demais propriedades entre bloco estrutural cerâmico e bloco estrutural de concreto. Além disto, outros estudos podem ser realizados no campo de análise das propriedades físicas e químicas da matéria-prima (argila), utilizada para a fabricação dos blocos cerâmicos. 59 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Abceram. (2016). Fonte: Associação Brasileira de Cerâmica. Disponível em: <https://abceram.org.br/definicao-e-classificacao/> Acesso em 05 maio 2021. Anfacer. (s.d.). Fonte: Anfacer. Disponível em: <https://www.anfacer.org.br/historia- da-ceramica> Acesso em 12 fev. 2021. Anicer. (s.d.). Fonte: Anicer - Associação Nacional da Industria Cerâmica. Disponível em: <https://www.anicer.com.br/anicer/setor/> Acesso em 30 jan. 2021. Anicer. (março de 2021). PSQ - Blocos Cerâmicos. Fonte: Anicer. Disponível em: <https://www.anicer.com.br/wp-content/uploads/2021/02/PSQBC-20210331.pdf> Acesso em 04 abril 2021. Ataíde, C. (2019). Disponível em: <https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/mixsustentavel/article/view/3519> Acesso em 03 jan. 2021. Constrular, C. (10 de setembro de 2020). Descubra passo a passo como é feita a fabricação de blocos cerâmicos! Fonte: Cerâmica Constrular. Disponível em: <https://ceramicaconstrular.com.br/fabricacao-de-blocos-ceramicos/> Acesso em 14 março 2021. Ltda, C. S. (2014). Produção. Fonte: Cerâmica São João de Itu. Disponível em: <http://www.ceramicasaojoaoitu.com.br/producao.html> Acesso em 02 abril 2021. Macedo, R. S., Menezes, R. R., Neves, G. A., & Ferreira, H. C. (2008). Estudo de argilas usadas em cerâmica vermelha. Cerâmica 54 , p. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/ce/a/N3MLsnTPzCKxKWy6rQtnt7w/?format=pdf&lang=pt.> Acesso em 18 fev. 2021. 60 Morais, D. (2017). Fonte: Repositório Unesp. Disponível em: <https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/152407/morais_dc_me_sjc.pdf? sequence=3&isAllowed=y> Acesso em 17 dezembro 2020. Neto, L. (26 de junho de 2015). Máquinas para Cerâmica Vermelha: como transformar a produção de toneladas por hora para milheiros por hora. 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