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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JATAÍ MEDICINA VETERINÁRIA ICA – 0334 – SANIDADE DE AVES CUIDADOS PRÉ-NATAIS DE CADELAS E GATAS E SEUS IMPACTOS NA SAÚDE DA FÊMEA E SEUS FILHOTES Gabriel Camargo Costa Alves; Iago de Sá Moraes; Larine Mendonça de Souza; Marlon Santos Silva; Thainá Aparecida de Castro Ramos. Orientadora: Prof.ª Drª Paula Piccolo Maitan JATAÍ 2021 UNIVERSIDADE FEDERAL DE JATAÍ MEDICINA VETERINÁRIA ICA – 0334 – SANIDADE DE AVES ATIVIDADE AVALIATIVA CUIDADOS PRÉ-NATAIS DE CADELAS E GATAS E SEUS IMPACTOS NA SAÚDE DA FÊMEA E SEUS FILHOTES Gabriel Camargo Costa Alves; Iago de Sá Moraes; Larine Mendonça de Souza; Marlon Santos Silva; Thainá Aparecida de Castro Ramos. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Paula Piccolo Maitan Atividade avaliativa em Ensino Remoto apresentado para a disciplina de Fisiopatologia de Reprodução de Cães e Gatos do curso de Bacharelado em Medicina Veterinária da Universidade Federal de Jataí - UFJ, como composição complementar ao seminário sob o mesmo tema. JATAÍ - GO 2021 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 4 2. EXAME GERAL .................................................................................................. 6 3. NUTRIÇÃO ......................................................................................................... 9 4. CONTROLE PARASITÁRIO ........................................................................... 11 5. ANOMALIAS CONGÊNITAS .......................................................................... 12 6. VISITA DE DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO ................................................ 14 7. EXAMINAÇÃO PRÉ-NATAL .......................................................................... 17 8. O PARTO ........................................................................................................... 19 9. CONCLUSÃO .................................................................................................... 22 10. REFERÊNCIAS ................................................................................................. 23 4 1. INTRODUÇÃO Os cães e gatos, por serem animais de companhia, não despertam interesse ou não são destinados, com frequência, à multiplicação intencional como observadas em outras espécies animais de produção. Inclusive, é observado que são constantemente empregados métodos com intuito de se evitar uma gestação indesejada nos animais de companhia, por parte dos tutores, onde são realizadas orquiectomia em machos, ovariossalpingohisterectomia (OSH) nas fêmeas etc. Entretanto, apesar desta crescente demanda pelos métodos anticoncepcionais, diversos fatores tais como: problemas comportamentais, físicos, de distância entre os reprodutores, aproveitamento de animais com boa genética raciais e o próprio desejo do tutor de manter perpetuar os genes de um animal querido, fortaleceram as biotécnicas da reprodução de pequenos animais (MIGAKI, 1982). Essa demanda crescente pelo emprego de biotécnicas reprodutivas em cães e gatos fez reacender a pesquisa, investimentos e inovação tecnológica na área que ficou por muito tempo apagada, apesar dos primeiros estudos acerca do uso de biotécnicas da reprodução terem sido realizados em cães ao final do século XVIII, a reprodução de pequenos animais passou por um grande vazio concernente ao desenvolvimento e a difusão de novas biotécnicas reprodutivas. Apenas nos últimos 15 anos tem-se observado um crescente interesse por parte dos médicos veterinários em desenvolver e aplicar rotineiramente essas biotécnicas na criação de cães e gatos (SILVA et al.; 2008). Mas muito além da reprodução em si e suas biotécnicas, são necessários os cuidados pré-natais que se iniciam antes mesmo da cópula, inseminação ou fertilização. Os cuidados pré- natais são fundamentais, evitando ou reduzindo consideravelmente a mortalidade ou aborto dos fetos quando o acompanhamento com o veterinário é conduzido de forma correta. Segundo Mila et al. (2017) ao avaliarem cães até a desmama verificaram uma alta mortalidade, com média de 20 a 30%, podendo chegar a 100% em algumas ninhadas, de acordo com a experiência dos autores. Considerando-se que o intervalo interestro médio na cadela é de 6-7 meses (Concannon, 2011), essa perda neonatal causa prejuízos econômicos e genéticos ao criador, além de emocionais (Souza, 2017). As causas de mortalidade neonatal são variáveis, como por exemplo: falha na implantação embrionária, falha de manutenção hormonal da gestação, reabsorção embrionária, morte fetal com ou sem abortamento, hipóxia associada a distocia, tríade neonatal (hipotermia, hipoglicemia e desidratação), doenças genéticas, condições higiênicas precárias no canil, gatil, doenças infecciosas e sepse (Souza, 2017). Tonnessen et al. (2012) afirmaram que a raça é um 5 ator de risco mais importante que o tamanho da raça (pequena, média, grande ou gigante), mas que cada ninhada individualmente é mais importante que as raças em si, quando se avalia mortalidade neonatal. Segundo Münnich e Küchenmeister (2014), a distocia é a principal causa de mortalidade neonatal em cães e gatos. Em contraste, Souza (2017) demonstrou que outros fatores, como infecções bacterianas primárias ou secundárias associadas a sepse seriam a principal causa de mortalidade fetal e neonatal, em estudo realizado no Brasil. O cuidado pré-natal para cadelas e gatas devem começar com o seleção dos membros mais desejáveis de uma população potencial de reprodução com intuito de avaliação de características hereditárias para reduzir a incidência de doenças genéticas e para selecionar características desejáveis. Já que mais de 400 doenças genéticas foram reconhecidas em cães e as doenças genéticas são responsáveis por 25% de todos os problemas de doenças que afetam os cães. Criar cães ou gatos envolve um compromisso gigantesco de tempo, espaço, conhecimento e recursos financeiros. Devendo o profissional veterinário, aconselhar os criadores em potencial sobre as considerações éticas envolvidas na criação incluindo a dificuldade em viabilizar os filhotes de cães e gatos a novas casas permanentes e a responsabilidade incorrida na criação dessas novas vidas. As cadelas selecionadas para reprodução devem ser maduras o suficiente para expressar com clareza suas caracteristicas genéticas, mas também deve ser jovem o suficiente para produzir ninhadas de tamanho razoável e com boa capacidade de sobrevivência. Segundo Johnson C.A. (1986), uma cadela está em seu pico de potencial reprodutivo entre 2 e 4 anos de idade e ao analisar dados de cadelas beagle, as fêmeas que apresentavam 5 anos ou mais de idade apresentavam mais de 50% de falha na concepção. Da mesma forma, o risco de distocia aumenta, a mortalidade neonatal aumenta e o tamanho da ninhada diminui com aumento da idade materna. O tamanho médio da ninhada é conhecido por a maioria das raças puras, com perdas neonatais médias de aproximadamente 30%. Portanto, os cuidados pré-natais podem ser uma forma eficaz de se reduzir a mortalidade, a incidência de abortos e até mesmo patologias do trato reprodutivo. Objetivando- se com o presente trabalho verificar os cuidados pré-natais de cadelas e gatas e o seu impacto na saúde gestacional das fêmeas e sua prole (SOUZA, TD. 2017) 6 2. EXAME GERAL A cadela deve ser levada ao médico durante o proestro do ciclo reprodutivo previsto. Um físico completo exame deve incluir um exame retal para avaliar a pelve óssea e um exame vaginal digital para detectar quaisquer anormalidades vaginais. Deve-se realizar a sorologia para Brucella canis usando o testede aglutinação rápida em lâmina deve ser realizado. Sendo que caso seja detectado resultados positivos deve-se recorrer a testes adicionais para a confirmação do caso, o que implica em um atraso na reprodução durante o tempo em que os testes são realizados. Independentemente do histórico das cadelas, estas devem ser testadas pois a doença se dissemina facilmente por via oral, bem como venéreamente (AGUIAR, D.M. 2018) Além disso os testes sorológicos para herpes vírus deve ser realizado em cadelas virgens ou em cadelas com resultados negativos anteriores. Quando a fêmea apresenta titulação negativa para o herpes vírus, esta deve ser protegida da exposição ao vírus. A testagem para o herpes vírus canino (CHV) se faz importante pois este agente etiológico ja foi reconhecido com um dos mais comuns e virulentos em cães neonatais, onde relatórios recentes indicaram que este vírus pode ser transportado subclinicamente por até 70% de algumas populações caninas. Entretanto, fêmeas em fase reprodutiva e que nunca tiveram contato com o herpes virus Além disso os testes sorológicos para herpes vírus deve ser realizado em cadelas virgens ou em cadelas com resultados negativos anteriores. Quando a fêmea apresenta titulação negativa para o herpes vírus, esta deve ser protegida da exposição ao vírus. A testagem para o herpes vírus canino (CHV) se faz importante pois este agente etiológico ja foi reconhecido com um dos mais comuns e virulentos em cães neonatais, onde relatórios recentes indicaram que este vírus pode ser transportado subclinicamente por até 70% de algumas populações caninas. Entretanto, fêmeas em fase reprodutiva e que nunca tiveram contato com o herpes virus para a criação de memória imunológica contra a cepa, podem apresentar morte fetal, mumificação no início da prenhez, bem como parto prematuro e doenças neonatais durante o final da gravidez. Indica-se um isolamento da cadela prenhe por 3 semanas antes e 3 semanas após o parto para se prevenir doenças infectocontagiosas que possam a vir a infectar as fêmeas que durante esse período se encontram em estresse pré e pós-parto o que leva a uma queda do sistema imunológico, além disso esta fêmea pode se tornar fonte de infecção para os seus filhotes o que também é problemático devido a imaturidade do sistema imune dos filhotes. Deve ser coletado e corado material para a realização de citologia vaginal para avaliar as células epiteliais presentes. A cadela deve estar com suas vacinas atualizadas e em dia ou minimamente aresentarem bons títulos, indicando bons níveis de anticorpos, sendo que a cadela 7 deve, minimamente, estar bem protegida contra cinomose canina e parvovírus canino, com intuito de maximizar os niveis de anticorpos maternos (FEITOSA, M.M. 2013). A placenta da cadela é do tipo endoteliocorial. Logo, os filhotes dependem da transferência mamária de anticorpos porque a tranferência transplacentária é mínima. Entretanto, através da ingestão e absorção de colostro, o nível de anticorpos do filhote pode chegar a 95% do necessário para sua imunidade neonatal. Sendo que, a ingestão de colostro deve ser realizada nas primeiras horas após a o nascimento, já quea permeabilidade intestinal às imunoglobulinas começa a diminuir com 8 horas após o nascimento e não é mais possível após 48 a 72 horas após o nascimento. Além dos testes relativos a doenças infecciosas, as cadelas devem fazer exames laboratorias comuns, como hemograma, leucograma, bioquímica sérica, urinálise e etc. Isso se faz necessário pois estes exames revelam o real estado de saúde da cedal e ela está apta para uma gravidez e uma lactação saudável. Por exemplo, uma cadela que apresenta níveis de proteínas plasmáticas abaixo do mínimo esperado (5,0 gm/dl) é muito improvável que possa parir uma ninhada com cachorros fortes e saudáveis. Cadelas com disfunções renais ou hepáticas tambem não sao tidas como reprodutoras bem sucedidas. Se a cadela apresenta histórico de infertilidade ou perda de gravidez uma cultura vaginal deve ser realizada durante os 5 dias do proestro. Embora o valor da cultura vaginal seja controvérsio, muitos clínicos consideram uma ferramenta útil para se identificar patógenos quando em números significantes na cultura. A cultura vaginal deve ser interpretada levando em consideração todo o contexto de histórico, exame físico e citologia vaginal da cadela em questão, em alguns casos o histórico das outras fêmeas de um mesmo canil é levado em consideração também. B. canis e Salmonella spp. quando identificados em exames de cultura vaginal, são sempre tidos como patógenos, sendo que o B. canis raramente é tratado em situações de canis ou colônias de cães, pois são altamente transmissíveis e de díficil erradicação com terapias. Sendo que quando diagnosticada em canis, é adotado o método de descarte em casos de teste positivo, com intuito de se conter a transmissão da doença para outros animais. Durante uma gestação normal, a progesterona pode atingir picos de 15 a 90 ng/ml. Durante o ultimo trimestre de gestação, a progesterona decais até atingir níveis inferiores a 2ng/ml quando próximo de um dia antes do parto. Um nível de progesterona acima de 2 ng/ml é necessário para a manutenção da gestação na cadela. Se a progesterona cair para 10ng/ml o monitoramento dos níveis de progesterona são recomendados, sendo que valores de 5ng/ml podem justificar a intervenção médica com o uso de suplementação de progestagênio exógeno. 8 A administração de progestagênio exógeno deve ser realizada mediante uma autorização assinada do tutor na qual defina detalhadamente os riscos e com intrução e educação cuidadosa do cliente a cerca do tratamento. A gata, assim como a cadela, também deve ser examinada antes de procriar. Quando levada ao médico veterinária, a gata deve passar por um exame físico completo, incluindo exames laboratoriais de rotina e uma análise de fezes. Além disso, deve-se realizar exames sorológicos para Vírus da Leucemia Felina (FeLV) e para o Vírus da Imunodeficiência Felina (FIV). Sendo que somente gatas com resultados negativos para ambos os agentes etiológicos podem ser destinadas à reprodução, sem exceções. Outro exame indispensável é o de tipagem sanguínea, pois os gatos de raça pura podem apresentar isoeritrólise neonatal, isso ocorre devido a incompatibilidade sanguínea do macho e da fêmea, logo a tipagem sanguínea pode ser empregada com a finalidade de cruzar machos e fêmeas com tipos sanguíneos apropriados e assim evitando a condição. Os tipos sanguíneos dos felinos domésticos são A, B e AB. Sendo que as raças com a maior frequência de animais com o tipo B são o British Shorthair, o Devon Rex e o Cornish Rex. O sangue do tipo B apresenta alelo recessivo (B), logo só se expressa antígeno B em seus eritrócitos quando se tem observa homozigotos recessivos (BB), já gatos com tipo sanguíneo A, possuem alelo dominante (A), logo são homozigotos dominantes (AA) ou heterozigotos (AB). O tipo sanguíneo AB é condição rara quando é herdado separadamente como um terceiro alelo recessivo para A e codominante com B. Logo, animais tipo A, apresentam fracos anticorpos para o sangue tipo B, em contrapartida os animais tipo B, possuem anticorpos fortes anti-A. A isoeritrólise neonatal ocorre quando o anticorpo Anti-A materno ganha acesso à circulação neonatal após a ingestão do colostro e assim destruindo os eritrócitos do tipo A e AB. Logo filhotes do tipo A e AB, estão em risco se são filhos de uma fêmea B e um macho A ou AB. Esses gatinhos podem então desenvolver icterícia, anemia, taquicardia e taquipnéia, levando à morte. Gatinhos que sobrevivem podem desenvolver necrose das extremidades ou ponta da cauda, que pode mais tarde se desprender. No caso de cruzamentos dentro de gatis, o status de todos gatos em relação ao coronavírus felino (FCOR) devem ser avaliados. Paraprevenir a propagação do coronavírus, o macho e a fêmea devem ter o mesmo status sorológico. O status de clamídia dos membros do gatil também deve ser determinado usando sorologia, também devendo ser cruzados apenas 9 animais com o mesmo status sorológico. Já ao que se trata de FIV e FELV, como anteriormente mencionado, os animais obrigatóriamente devem ser negativos. Ao que se trata da vacinação de felinos, espera-se que as fêmeas sejam vacinadas contra o vírus da Panleucopenia (FPV), Herpesvírus (FHV) e Calicivirus (FCV) para prevenir a incidência da doença em gatis, bem como evitar a transmissão para a prole. Há um consenso de que a vacinação de gatos para FeLV e FIV não é recomendada e que somente a vacinação não é suficiente para evitar a disseminação de FHV, FPV e FCV. (AHAA, 2019) Alguns autores ainda defendem o reforço da vacinação um pouco antes da reprodução, para que a fêmea apresente níveis elevados de anticorpos durante a gestação e que possa apresentar uma imunidade mais robusta para ser passada para os filhotes através do colostro (FEITOSA, M.M. 2013). Assim como a cadela, a gata também apresenta placente endoteliocorial, logo o colostro também é o principal meio de transferência de imunoglobulinas para os filhotes. Para a manutenção da prenhez na gata, é necessario também a presença de corpo lúteo que ira produzir a progesterona, sendo que os níveis de progesterona e o corpo lúteo regridem logo após o parto. Comumente, a gata aresenta niveis de progesterona entre 1.0 e 1.6ng/ml no 60º dia de gestação. Portanto, é provável que a gravidez na gata envolva a secreção específica de hormônios luteotróficos de origem placentária ou hipofisária. Vários estudos indicam que a prolactina é um fator luteotrófico em gatas grávidas após a implantação. O hipoluteoidismo não tem sido observado em gatas. A terapia de suplementação de progesterona para evitar perdas gestacionais só deve ser feita mediante a certeza de qua a perda não foi motivada por causas infecciosas. 3. NUTRIÇÃO A dieta adequada para a gestação se inicia antes mesmo que a cadela fique prenhe. A cadela deve ser alimentada com uma dieta de qualidade, ou seja, que tenha os nutrientes necessários, nas quantidades necessárias e provenientes de alimentos de qualidade. Nos Estados Unidos da América, esses padrões são determinados pela Association of American Feed Control Officials (AAFCO), que inclusive se utilizam de selos e certificações para atestar a qualidade de um alimento destinado à nutrição animal. No Brasil, a regulamentação se dá através do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), entretanto as Instruções Normativas vigentes deixam muito vagos os parâmetros para se estipular o que de fato é uma ração de qualidade para animais gestantes. 10 Há níveis mínimos de exigências energéticas a serem incrementados durante a primeira metade da gravidez, sendo que a cadela deve ser mantida em boas condições e sua ingestão calórica deve ser adequada para permitir um ganho de peso de aproximadamente 36% em relação ao peso normal pré-prenhez. Os níveis proteicos devem se encontrar entre 25% a 34%, enquanto o nível de gordura deve ser de 18%. Vale ressaltar que a gordura da ração da gestante deve apresentar um perfil de ácidos graxos e lípideos saudáveis e de qualidade, devendo ser incluso um percentual mínimo de ácidos graxos ⍵ -3 e ⍵ -6, bem como vitaminas e minerais. A suplementação deve ser evitada, priorizando sempre o uso de uma ração balanceada que já forneça de prontidão os nutrientes necessários, suplementos podem levar a desequilibrios e toxicidade (OGOSHI et al. 2015). A suplementação de calcio é desnecessáriae pode resultar em redução do estímulo de reabsorção óssea promovido pelo hormônio paratireoidiano (PTH). A eclâmpsia (hipocalcemia puerperal) pode ocorrer quando a cadela depende da absroção intestinal de cálcio, em vez do cálcio ósseo mobilizado pelo estimulo do PTH. Após a confirmação da prenhez, a dieta de filhotes de cães e gatos é indicada durante a segunda metade da prenhez. Imediatamente após o parto, a cadela e gata devem pesar, aproximadamente, 5% a mais do que o peso oservado a pré- prenhez. É quase impossível superalimentar a cadela ou rainha durante a lactação. Recentemente, foi estabelecido que os nutrientes podem influenciar a expressão gênica materna ou fetal, dessa forma influenciando o estado metabólico de um animal por toda a vida. Foi estabelecido que a nutrição pré-natal e pós-natal contribuiem para a programação metabólica (Smith, 2011). Muitas cadelas experimentam um período de apetite reduzido ou inapetência durante o segundo trimestre da gravidez. Este período pode ser breve ou prolongado. A cadela dever ser encorajada a comer, através da adicção de alimentos saborosos à sua dieta, como carnes cozidas, rações úmidas, petiscos e etc. Se a inapetência persistir, forçar a alimentação pode ser necessária. A deficiência nutricional de taurina, um aminoácido essencial para gatos, pode resultar em reabsorção, aborto e natimortalidade dos filhotes de gatos. Os efeitos de uma dieta deficiente em taurina pode persistir além da perda de gravidez. Essa deficiência é improvável de ser visto em gatas que são alimentados com dietas comerciais felinas, mas podem ser vistos em situações onde a comida de cachorro é dada aos gatos. Suplementos dietéticos não são recomendado. As gatas prenhes e lactantes podem ter necessidades nutricionais que são quatro vezes maiores que as necessidades de manutenção. Alimentos enlatados podem ser mais 11 saborosos, do ponto de vista da gata, e devem ser oferecidos se o apetite da gata se apresentar reduzido (OGOSHI et al. 2015). 4. CONTROLE PARASITÁRIO É possível e recomendado tratar cadelas para prevenir transmissão transplacentária e transmamária de larvas de Toxocara canis e Ancylostoma caninum. Não há anti-helmínticos que são completamente eficazes contra o estágios somáticos e larvais. As larvas somáticas de T. canis se encontram encistadas no tecido muscular, mas podem voltar a entrar em um estado ativo durante o último trimestre de gravidez, o que possibilita que migrem por via transplacentária aos fetos. A transmissão de T. canis também pode ocorrer por via transmamária, enquanto o A. caninum é transmitido apenas por via transplacentária (BURKE et al. 1972). O Center for Disease Control (CDC) e o Companion Animal Parasite Council (CAPC) recomendam protocolos agressivos antiparasitários em cadelas prenhes, gatas prenhes e sua prole para prevenir a contaminação ambiental com ovos dos parasitas e para reduzir o risco zoonótico em potencial. Uma série de diferentes protocolos têm sido sugeridos usando doses múltiplas de fenbendazol e ivermectina por via oral em cadelas (tabela 1) (BURKE et al. 1972). Tabela 1 - Esquema de prevenção pre-natal de transmissão de parasitas. Parasita Fármaco Dose Intervalo Toxocara canis Ancylostoma caninum Fenbendazol¹ 50mg/kg 40º dia de gestação 14º dia de lactação T. canis Ivermectina¹ 1mg/kg 20º e 42º dia de gestação 0,5mg/kg Dia 38, 41, 44 e 47 de prenhez A. caninum Ivermectina¹ 500μg/kg 4º-9º dia pré-parto e 1 dose 10 dias após A. caninum Ivermectina¹ 200μg/kg Semanalmente, 3 semans antes e 3 semanas após o parto T. canis T. cati Selamectina² 6mg/kg 6 semanas e 2 semans antes do parto e 2 semanas e 6 semanas após o parto. ¹ medicamentos que devem ser administrados por via oral; ² medicamentos que devem ser administrados por via tópicas. 12 Em ambas as cadelas e rainhas, selamectina tópica 6 mg/kg tem se mostrado eficaz em reduzir significativamente a carga de vermes em ambos os filhotes de cães (98%) e de gatos (100%) até a 7 semana de idade. Os exoparasitas devem ser controlados com produtos aprovado para cadelas e gatas prenhes. Frontline Plus e Revolutionsão aprovados devido a segurança quando usados em animais prenhes. Produtos contendo carbaril não devem ser usado porque pode causar braquignatia, perda de cauda, extra dedos, falha na formação do esqueleto e distocia causada pela inércia uterina em cadelas (BROW, A.J. 1974). O tratamento preventivo de dirofilariose preventiva deve ser continuada durante a gravidez e apresenta uma alta margem de segurança, mesmo em cadelas ou gatas gestantes. 5. ANOMALIAS CONGÊNITAS As anomalias de nascença são desvios da morfologia ou da fisiologia normal que ocorre durante a gravidez e é suficientemente grave para interferir na viabilidade ou no bem-estar físico dos descendentes. A teratologia é a ciência que estuda a etiologia de defeitos de nascença. Existem três períodos críticos no desenvolvimento do feto. O primeiro período é a pré- implantação (pré-gastrulação), que ocorre desde a fertilização até a implantação (JOHNSTON et al. 2001). O segundo é o período embrionário, que é quando ocorre a organogênese, e é um período importante pois é quando as anomalias se desenvolvem. O terceiro é o período fetal, que abrange aproximadamente as últimas 3 semanas de gravidez, durante o qual oocorre o crescimento e a maturação dos sistemas orgânicos. Danos e lesões sérias durante a fase de pré- implantação podem resultar em um fenômeno denominado de “tudo ou nada” em que a implantação pode não ocorrer ou as células sobrevivem e continuam o desenvolvimento normalmente. Defeitos mais sérios ocorrem durante o período embrionário (do dia 22 ao 44 a partir do Aumento de LH) no cão. Durante a fase fetal, anomalias estruturais grosseiras raramente ocorrem, exceto em estruturas que estejam passando por crescimento e maturação, como o palato, o cerebelo, e partes do sistema cardiovascular e urogenital (BORGE et al. 2011). Em humanos, 60% das malformações congênitas não têm causa identificável, 20% são uma combinação de fatores hereditários e não hereditários e 3% são causados por fatores cromossômicos anormalidades. As causas remanescentes são em decorrência de por fatores ambientais ou mutações de um único gene. Vale ressaltar que os fatores ambientais incluem 13 doenças e infecções maternas, poluentes, pesados metais, toxinas e drogas. Mais de 400 doenças genéticas foram identificados em canídeos e mais de 150 em felinos, embora a maioria dessas doenças não está associada à perda fetal. A seguir, a tabela 2 e apresentam as doenças que causam perdas de gestação em cadelas e gatas. Certas raças de cães têm maior incidência de anomalias congênitas. O bulldog inglês, o pug, o Boston Terrier, e o buldogue francês apresentam um aumentao na incidência de doenças fetais anasarcas resultando em aumento da perda fetal e um grande aumento da taxa de cesarianas. O anasarca ou edema congênito letal envolve edema subcutâneo generalizado e quantidades variáveis de fluido em outras cavidades corporais. A condição é conhecida por ser hereditária, provavelmente proveniente de um traço recessivo. Muitos dos filhotes caninos anasarcosos também apresentam com defeitos cardíacos congênitos. As anomalias das fendas palatinas são comuns em todas as raças braquicefálicas e pode ser causada por características genéticas ou por agentes teratogenéticos. A griseofulvina e os corticosteroides foram evidenciados como teratógenos, logo podem causar a anomalia da fenda palatina. Até mesmo em ensaios com a aspirina foi verificado a capacidade de se causar esta anomalia. Em geral, todas as drogas devem ser evitadas na cadela ou gatas gestantes, incluindo todas as vacinas de vírus vivos, a menos que sejam necessárias para manter o bem-estar de a mãe e quando os medicamentos a serem utilizados são considerados seguros para fêmeas prenhes (FEITOSA, M.M. 2013). Tabela 2 – Doenças que podem resultar em perdas de gestação em gatas e cadelas. Espécie Doença Canina Herpesvírus canino, Parvovírus Canino tipo 2, Distemper Canino, Adenovírus canino, Campylobacter spp. Escherichiacoli, Mycoplasma spp. Ureaplasma spp. Salmonella spp. Brucella spp. Cinomose canina. Felina FeLV, FHV, FPV, FIP (Coronavirus felino), FIV, Toxoplasma, Chlamydia 14 Os fatores nutricionais podem contribuir para ocasionar defeitos congênitos. O excesso de vitamina A entre os dias 17 e 22 apresentou capacidade de formas fenda palatina, caudas torcidas e aurículas deformadas em gatos neonatos. O excesso de vitamina D foi associado a calcinose tecidual, fechamento prematuro de fontanelas e estenose supravalvar. Malformações congênitas podem ser melhor avaliadas por necropsia cuidadosa de todos os cachorros ou gatinhos que não sobreviveram à anomalia. Essa necrópsia é importante de ser realizada com o objetivo de identificar a causa de tais defeitos e assim poder diminuir a incidência de anomalias através da intervenção nos fatores que a causam. Existem vários medicamentos que são contra-indicados durante a gestação porque eles podem causar o nascimento defeitos (Altrenogest, aspirina,ciprofloxacino, corticosteróides, dietilestilbestrol, doxiciclina, cipionato de estradiol, excesso de vitamina A e D, griseofulvina, misoprostol, mitotano, oxitetraciclina, pentobarbital, estanozolol, estreptomicina, testosterona, tetraciclina, varfarina e etc). Os clínicos deve obter um bom histórico de medicamentos, incluindo o uso de tópicos, fitoterápicos e outras modalidades alternativas para identificar possiveis medicamentos que possam desencadear as malformações (Carbaril, Dexametasona fosfato de sódio oftalmico, spray tópico genesis, oftalmológicos contendo corticosteróides, creme panolog, Poejo, Rotenone, Erva São-João, Pomada TriTop etc) (KAPLAN et al. 2018). 6. VISITA DE DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO A cadela deve ter sua gravidez confirmada 25 a 30 dias após seu primeiro acasalamento (Conforme a tabela 3). Em cadelas magras, pode ser possível detectar inchaços discretos no útero bem cedo, em aproximadamente 21 dias após o acasalamento. No entanto, não é possível usar a palpação para diferenciar edemas uterinos associados à patologias uterinas do desenvolvimento uterino normal associado à gravidez. Após o dia 35, o inchaço uterino aumenta, resultando em uma confluência, tornando a palpação da gravidez ainda mais não confiável. A ultrassonografia em tempo real é valiosa para o diagnóstico no início da gestação, bem como durante a segunda metade da gestação sempre que houver uma dúvidas em relação a viabilidade fetal ou perda fetal. A ultrassonografia na cadela é precisa para o diagnóstico de gestação nas mãos de um ultrassonografista experiente usando equipamento de qualidade, sendo possível obter um diagnóstico preciso com 19 a 21 dias após o pico de LH na cadela. Quando o pico de LH é conhecido, o diagnóstico de gravidez na cadela é muito preciso após os dias 21 a 23. Se o O pico de LH é desconhecido, a ultrassonografia para detecção de gravidez 15 deve ser realizada em aproximadamente 30 dias após o ultimo acasalamento conhecido. Os batimentos cardíacos fetais são detectado pela primeira vez 23 a 25 dias após o pico de LH ou 16 dias após o início do diestro citológico (FROES et al, 2019). Além diagnóstico da gestação, a ultrassonografia pode ser usada para identificar a possíveis perdas fetais. Sendo que Smith F.O. (2011) observou disparidade entre os tamanhos dos sacos gestacionais em algumas gestações. Esta disparidade de tamanho dos sacos parece ser acompanhada por baixo volume de fluido embrionário, cessação do batimento cardíaco fetal nas bolsas menores, encolhimento e finalmente reabsorção (FROES et al, 2019). O ultrassom não se mostrou confiável para determinar o tamanho da ninhada. A determinação da idade fetal envolve várias medições do biparietal ou do diâmetro do tronco e deve levar em consideração as diferenças em relação à raça e ao tamanho da ninhada (LOPATE,C. 2018). Tabela 3 – Métodos de diagnóstico de prenhez e o periodo ideal para sua realização em cadelas e gatas. Tipo de Diagnóstico Período de tempo apropriado Palpação abdominal • 23-30 dias depois do acasalamento • 25-30 dias após pico de LH • Não após 30 dias Ultrassonografia (US) • 25 dias após o pico de LH até o parto Radiografia • 45 dias depois da reprodução. • Maior confiabilidade perto do parto Relaxina • Radioimunoensaio • ELISA • Não tão confiável quanto US As vesículas embrionárias podem ser detectadas mais cedo nas gatas do que nas cadelas (Tabela 3). O diagnóstico da gestação através da ultrassonografia é preciso na gata desde o dia 11-16 após a reprodução. Os batimentos cardíacos fetais podem ser detectados a partir do dia 16. As vesículas embrionárias mais próximas da bifurcação uterina são detectadas mais cedo, e 16 o exame precoce pode deixar passar despercebido alguns fetos. O ultrassom deve ser repetido 5 a 7 dias depois se nenhuma vesícula fetal for vista. O ultrassom na gata pode ser usado para detectar perda fetal e pode ser usado na tentativa de estimar a idade fetal (LOPATE C. 2018). O diagnóstico hormonal da gestação varia conforme as espécies. Em cadelas, as elevações de progesterona não são diferentes entre cadelas prenhes ou ou não. Os níveis de progesterona, no entanto, pode ser usado para confirmar a falha da ovulação. Na gata, os níveis de progesterona podem ser usados 40 dias após o acasalamento para se diferenciar pseudogravidez de gravidez. Na gata pseudográvida, a progesterona diminui para os níveis mínimos em 40 dias após a reprodução, mas permanece em 1ng/ml ou acima em gatas grávidas. Os níveis de prolactina aumentam em tanto na cadela quanto na gata que está prenhe, no entanto, um teste comercial para mensurar os níveis de prolactina não está disponível. A Relaxina é o único hormônio relatado que é específico da gravidez em carnívoros e produzido pela unidade fetoplacentária. A relaxina é melhor medida por radioimunoensaio ou por técnicas de ensaio de imunoabsorção enzimática (ELISA) técnicas. Nessa visita, o exame físico deve ser repetido. A condição corporal da cadela ou gata deve ser avaliada, e recomendações devem ser feitas para ajustes conforme o necessário. Se a cadela ou gata estava em dieta de manutenção, ela deve ser trocada por uma ração adequada para a gestação e a lactação. Nos casos em que a cadela ou rainha é baixo do peso e anorexica, um multivitamínico equilibrado devem ser, excepcionalmente, considerados. Existem alterações hematológicas ao longo da gestação, e tanto a cadela como a gata experimentará um declínio gradual no hematócrito associado ao aumento do volume plasmático (Tabela 4 e 5). A gravidez pode ser acompanhada por toxemia em cadelas com ninhadas grandes. A cetose pode se desenvolver em cadelas que não se recebem as demandas nutricionais adequadas para suportar a gravidez, o que gera um saldo energético negativo. A anorexia no final da gravidez deve ser corrigida por alimentação forçada ou nutrição parenteral. Tabela 4 – Efeitos da gestação na hematologia das fêmeas canina. Gestação 2 semanas 4 semanas 6 semanas 8 semanas Parto Eritrócitos (milhão/μl) 8,85 7,48 6,73 6,20 4,58 Hematócrito (%) 53 47 44 37 32 Hemoglobina (gm/dl) 19,6 16,4 14,7 13,8 11,0 Leucócitos (mil/μl) 12,0 12,2 15,7 19,0 18,9 17 Tabela 5 – Efeitos da gestação na hematologia das fêmeas felina. Gestação Dia 1 2 semana 4 semana 6 semana 8 semana Parto Eritrócitos (milhão/μl) 8,0 7,9 7,1 6,7 6,2 6,2 Hematócrito (%) 36,1 37,0 33,0 32,0 28,0 29,0 Hemoglobina (gm/dl) 12,5 12,0 11,0 10,8 9,5 10,0 Reticulócitos (%) 9 11 9 10 20 15 O proprietário deve ser questionado sobre quaisquer mudanças no comportamento ou apetite das fêmeas, bem como a respeito do aumento ou diminuição no consumo de água, extensão do desenvolvimento mamário e presença de qualquer corrimento vaginal. Se a cadela ou gata for diagnosticada como negativa para a prenhez nesta visita, uma avaliação a respeito da falha de concepção deve ser discutida, afim de se encontrar a causa desta falha. Esta é uma boa hora para lembrar o proprietário de evitar a exposição a qualquer doença. A cadela ou gata deve permanecer em casa, canil ou ambiente de gatil e não deve compartilhar habitação ou áreas de exercícios com outros animais. Isso inclui áreas compartilhadas para exercícios, mesmo que o contato direto seja evitado. Existem inúmeras doenças virais e bacterianas que têm riscos potenciais para a fêmea grávida. As aulas de treinamento, adestramento e eventos competitivos devem ser descontinuados porque o efeito do estresse na cadela pode ser significativo. Com estresse maternal, há aumento da secreção de adrenalina, diminuição fluxo sanguíneo uterino e placentário, diminuição do oxigênio para o feto, e aumento do hormônio adrenocorticotrópico fetal (ACTH). 7. EXAMINAÇÃO PRÉ-NATAL A cadela ou gata deve ser apresentada a área na qual ela deverá parir e cuidar de seus filhotes durante suas primeiras semanas de vida. Esta área deve ser segura e tranquila e fornecer a privacidade e o conforto necessários para que estas fêmeas se torne sintam a vontade e pronta para o parto. A cadela deve ser introduzida na área do parto e confinada à área onde ela vai parir pelo menos 1 semana antes da previsão parto. A gata costuma procurar uma pequena área confinada para o parto, podendo até mesmo rejeitar o local ao qual o tutor e/ou médico veterinário preparam para ela. 18 A cadela ou gata devem ser submetidas a uma radiografia abdominal lateral dentro de 5 a 10 dias antes da data prevista para o parto para avaliar o número de fetos. A radiografia é um método preciso para determinação do número fetal mas pode subestimar o tamanho da ninhada em ninhadas muito grandes. A radiografia também permitirá a avaliação do esqueleto fetal em busca de sinais de morte fetal (ou seja, colapso do esqueleto fetal ou gás dentro do útero). A radiografia não avalia verdadeiramente o posicionamento fetal por causa da mobilidade do cornos uterinos e além disso, muitos especialistas em diagnóstico por imagem não recomendam a exposição de fêmeas prenhes à radiação ionizante das radiografias. A ultrassonografia é uma excelente ferramenta de diagnóstico para a avaliação da saúde fetal, uma vez que permite o exame de a frequência cardíaca fetal, a quantidade de fluido alantóide, movimento fetal e algumas anormalidades fetais, como defeitos da parede abdominal. Freqüências cardíacas fetais abaixo de 130 batimentos por minuto indicam baixa viabilidade do filhote, e a gravidez requer monitoramento intensivo. As taxas normais do coração fetal costumam ser maiores que 200 batimentos por minuto. Durante a consulta pré-natal, é prudente avaliar o glicose no sangue e níveiscálcio sérico e volume de células compactadas. O exame físico deve incluir um exame vaginal digital para detectar quaisquer obstruções de tecidos moles (estenose ou massas) e para avaliar a presença de qulquer edema vaginal excessivo (HADDAD et al. 2018). Qualquer descarga vaginal garante vaginoscopia, usando um sigmoidoscópio humano ou um endoscópio rígido com um monitor de vídeo para avaliar a patência cervical e a presença de membranas fetais. O tutor deve ser instruido verbalmente e através de instruções escritas sobre o manejo do parto e deve ser encorajado a informar o médico de qualquer mudança na temperatura retal (Tabela 6). A temperatura da cadela geralmente cai para abaixo de 37,2 ° C dentro de 24 horas após o início do parto. A gata pode experimentar uma diminuição semelhante na temperatura retal, embora raramente é relatado pelo proprietário. A queda de temperatura segue a diminuição da progesterona no final da gravidez. Durante o final da gravidez, o padrão de atividade elétrica uterina muda, o quese correlaciona com a diminuição do plasma progesterona. Isso sugere que a progesterona desempenha um papel importante no processo de parto da cadela. O tutor deve ser aconselhado a procurar atendimento veterinário se o trabalho de parto não é iniciado dentro de 24 horas após a diminuição do retal temperatura. O tutor deve receber informações de contato para após o 19 expediente se o médico veterinário for fornecer cuidados ou informações após o expediente para caso seja necessário um atendimento de emergência apropriado. Tabela 6 – Complicações observadas no parto Estagio gestacional Complicações observadas Gestação prolongada • 71 dias após acasalamento; • 65 dias após o pico de LH; • 57 – 59 dias após o diestro • Temperatura cai para 37º2 24h antes do parto Descarga vaginal • Mucóide – normal • Hemorrágico – anormal • Esverdeado – anormal • Escuro – anormal Trabalho de parto estagio I • Inercia uterina • Colapso da cadela • Vômito Trabalho de parto estagio II • Contrações que duram 30min sem parto de um filhote; • 3 horas de contrações intermitentes antes do primeiro filhote • Mais de 3 horas entre filhotes 8. O PARTO 8.1. A Preparação para o Parto Os preparativos para o parto dos filhotes devem se iniciar antes da fêmea dar à luz. Deve-se fornercer uma caixa de parto para a mãe começar dormir para garantir que os filhotes 20 nasçam na área em que você escolheu. Esta caixa deve ser apenas ligeiramente maior do que o mãe, com lados de 15 a 20 centímetros de altura para evitar que os filhotes consigam sair rastejando para fora do ninho. Deve-se colocar a caixa em um local isolado porém em uma área familiar da casa, longe do trânsito familiar, para permitir a solidão da mãe. Jornais são excelentes roupas de cama porque podem ser trocados facilmente, são absorventes e podem ser retalhado pela mãe enquanto ela for fazer seu "ninho". Se forem usados materiais como colchas velhas, cobertores, tapetes ou toalhas, eles deve ser lavado com freqüência. Para se saber exatamente quando o parto está próximo, deve-se mensurar a temperatura retal da mãe duas vezes ao dia a partir do 58º dia da gravidez até o início do trabalho de parto. A temperatura retal normal está entre 38 ° C e 38,9 ° C. Dentro de 24 horas antes do início do trabalho de parto, a temperatura retal cai quase 2 graus para 37,2 ° C ou menos. 8.2. Trabalho de Parto O trabalho de parto na cadela pode ser dividido em três estágios. O segundo e terceiro estágios são repetidos com o nascimento de cada cachorro. Durante a primeira fase, a mãe parece extremamente inquieta e muito nervosa e frequentemente busca isolamento. Ela pode recusar comida mesmo se lhe oferecerem suas guloseimas favoritas. Este estágio pode durar de 6 a 24 horas. Este é um bom momento para exercitar a mãe para permitir que ela urine e defeca. No segundo estágio, contrações uterinas e expulsão dos cachorros começam. Normalmente, um pequeno saco esverdeado de fluido se projeta da vulva, seguido pelo cachorro e sua placa anexa. O posicionamento normal de saída do filhote é o nariz primeiro, estômago para baixo (posição de “mergulho”). Entretanto, cerca de um terço de todos os filhotes nascem primeiro nos quartos traseiros. Esta situação é considerada normal no cão. Após o parto, a mãe abre a bolsa, limpa o filhote e corta o umbilical cordão. O médico veterinário pode ter que executar essas funções para a mãe . Deve-se certificar de que o saco seja removido do cachorro imediatamente se não estiver rompido durante o parto. O terceiro estágio do parto é o estágio de repouso, que segue o parto de cada cachorro. Contrações leves e a expulsão de placenta ocorrem nesta fase. Esse estágio geralmente dura de 10 a 30 minutos, mas pode variar de alguns segundos a uma hora. 21 8.3. Cuidados Obstéricos Depois que um filhote é parido, deve-se remover todas as membranas que cobrem o cachorro, limpando o rosto e removendo o muco da boca e nariz. Os filhotes devem ser esfregados com uma toalha limpa para secá-los, para estimular a respiração e a circulação. Depois de alguns minutos esfregando-o, o cachorrinho deve começar a se contorcer e chorar alto. O cordão umbilical deve ser amarrado cerca de uma polegada da o corpo do filhote com linha fina e depois cortado na lateral. Deve-se aplicar uma gota de Betadine no extremidade do cabo após ser cortado. 8.4. Assistindo o Parto Se um cachorro parece estar alojado no canal de parto e a mãe não consegue expulsá- lo, é necessária uma assistência rápida. Deve-se segurar o filhote com uma toalha limpa e fazer exercício com firmeza, tração firme. Não deve-se sacudir ou puxar repentinamente. A tração pode ter que ser aplicado por até 5 minutos. Caso o tutor não consiga remover o filhote, deve- se chamar o médico veterinário. 22 9. CONCLUSÃO Embora a taxa de mortalidade neonatal na espécie canina seja muitas vezes alta, há diversas maneiras e ferramentas para prevenir ou minimizar a perda neonatal. Cuidados com a saúde materna antes do acasalamento, como vacinação e vermifugações periódicas, e boa nutrição, são fundamentais, assim como cuidados ao longo da gestação. É importante acompanhar a gestação com exames pré-natais periódicos, e evitar o uso de fármacos com potencial embriotóxico ou de toxicidade fetal; deve-se realizar o diagnóstico precoce da gestação e dispensar cuidados extras a fêmea, como alteração da alimentação e realização de vermifugação, principalmente contra T. canis e A. caninum; Por fim, a previsão acurada da data do parto permite ao tutor acompanhar de perto o parto, minimizando as perdas com distocia ou falhas de manejo. 23 10. REFERÊNCIAS AAHA. American Animal Hospital Association. Canine vaccination guidelines. J Am Anim Hosp Assoc. Disponível em: http://www.jaaha.org. Acesso em 10/07/2021. AGUIAR DM. Molecular assessment of the transplacental transmission of Toxoplasma gondii, Neospora caninum, Brucella canis and Erhlichia canis in dogs. Comp Immunol Microbiol Infect Dis, v.49, p.47-50, 2016 BATISTA-CASTAGNO KL, MARTINS LR. Insuficiência luteal em cadela da raça American Bully - Relato de caso. 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