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trabalho de sociologia 7 grupo

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INSTITUTO SUPERIOR DE GASTÃO E EMPREENDEDORISMO GWAZA MUTHINI
	
 Curso: Licenciatura em Direito
 Periodo Laboral
 Disciplina : Sociologia do Direito
Tema : Resolução de conflitos nas comunidades de pescadores da zona de angoche-moma,província de Nampula
7. Grupo:
1. NUVUNGA ; Edna 20210382
2. MABJAIA ; Ana 20210303
3. MUNGUAMBE ; Judite 20210563
4. EULIVIO ; Majid 20210489
5. LEVI; Felomena 20200174
6. MAGAIA ; Esmeralda 20210145
 Docentes : Mussagy e Carla
 Marracuene, Dezembro de 2021
1. INTRODUÇÃO
No presente trabalho iremos falar da resolução de conflitos nas comunidades de pescadores na zona de angoche onde no presente capitolo iremos analisar aspectos inerentes a gestão de conflitos nas comunidades de pescadores da zona norte de moçambique,avaliando as questões de meio ambiente ( em temos de recursos ) e sua relação com a sociedade ( dinâmica sociais resultantes da exploração dos recursos ) no que concerne a gestão dos recursos do sistema económico,pois é nesse aspecto que provoca meros conflitos entre grupos ou individuos da mesma colectividade. A relação meio ambiente e sociedade,numa perspectiva dialéctica, constitui o palco em que se estrururam relações sociais vitais, relacções essas que ajudam a compreender o modo de apropriação, desapropriação e reapropriação, pelas populações ,dos recursos marinhos.
2. DETERMINAÇÃO DOS OBJECTIVOS
2.1 OBJECTIVO GERAL
Conhecer as formas a melhor forma para a Resolução de conflitos nas comunidades de pescadores da zona de angoche-moma,província de Nampula
2.2 OBJECTIVOS ESPECÍFICOS 
- Mencionar seu breve historial;
- Descrever sua organização social;
3. METODOLOGIA 
O presente trabalho teve um cunho histórico, pois obedeceu na discrição dos factos e fenómenos baseados em texto existente sobre a resolução de conflitos nas comunidades de pescadores da zona de Angoche em moma provincia de Nampula. Desta forma, os dados foram obtidos através da análise e interpretação da literatura pertinente estudada,baseando se no entanto,da pesquisa bibliográfica como instrumento para conhecimento da literatura. Os procedimentos são planeados em função de cada um dos objectivos estabelecidos,sendo assim a coleta de dados expressada na forma do objectivo especÍfico ocorrerão do objectivo geral.
 
4. QUADRO TĖORICO
Analisar os conflitos de pesca requer uma operação que consiste na identificação e analise do grupo social para a definição das regras coletivas de gestão e de apropriacao de um recurso colectivo. Uma analise sobre os conflitos na pesca passa por um modelo que poe em relação os concitos,as instituições e o principal recurso em causa.Assim, o debate gira em torno da possibilidade ou não de se estabelecer um sistem de gestao dos recursos que envolva as comunidades. Na tentativa de compreender os fenómenos sociais em processos que põem em relação o recurso e a maneira como as pessoas,comunidades ou povos se relacionam entre si e com um dado recurso,importa ter me atenção dversos problemas,como as estrategias de acção,os processos normativos e as formas e mecanimos informais de conflitos.
O estudo da sociedade de angoche é realizado a apartir de dados empíricos e de observaações sobre os modos de resolução de conflitos produzidos durante a actividade pesqueira,privilegiando se em particular a perspectiva histórica na busca de configurações sociais,com destaque para a organização social especifica desta região costeira.
5. ALGUNS DADOS SOBRE A REGIÃO DE ANGOCHE
5.1 Breve resenha hitorica e geografica
A zona de angoche tem uma area económica com largas com medidas administrativas do disstrito de angoche. É formado pelos distritos de mongiqual,moma e mogovola da província de Nampula.O distrito de angoche,situado a suldeste da ilha de moçambique,tem por capital a cidade do mesmo nome.Possuí 4 sede,Boila,Namaponda e kilwa,finalmente,angoche é também o nome de uma das vàrias ilhas exitentes na região.
A costa de angoche caracteriza se pela existência de diferentes ilhas e baixos,e pelo facto de vàrios rios e pequenos cursos de àgua desaguarem nesta região costeira. Alguns dados históricos indicam a presença de arabes na antiga região,provavelmente datada dos primórdios da constituição do sultanato de Zanzibar. O poder do sultão de angoche é constituido a partir da familia beikh,estabelecida na ilha de kilwa.
Com a presença do colonial português como aconteceu em outras zonas de moçambique,introduziu se uma dinâmica na área socio-politico nos modelos de organização social.
A presenca colonial portugesa foi a criação de um aparelho administrativo para o controle da população que integrava sa chefias tradicionais chamadas de poder tradicinal.
6. ORGANOZAÇÃO SOCIAL
As relações históricas com outras regiões da costa oriental de África,bem como a existência de uma fauna marítima diversificada, são dois aspectos que contribuiram para o desenvolvimento de uma económia e cultura especificamente costeiras.
Umas das caracteristicas das sociedades costeiras do norte de moçambique é o seu caracter híbrido em termos étnicos,o qual se manifesta,tanto na composição humana,como nas principais instituições sociais e politicas presentes. A população de angoche pertence a area linguística emakhuwa, onde possui ainda uma caracteristica espeial na faixa costeira,as caracteristicas prorias de cultura swahili. 
Na organização linhageira e uma forma dominante na sociedade makhuwa. Existiu sempre uma hierarquia entre as linhagens,as quais são constituidas por unidades funcionais de dimensão mais reduzida e com expressão no campo do económico.
7. ECONOMIA, ECOLOGIA E GESTAO DOS RECURSOS NATURAIS
7.1 O SISTEMA ECONOMICO DE ANGOCHE
As pontencialidades económicas de zona de angohe sao predominantemente agriculas,sendo que na zona costeira a população desenvolve acividades económicas derivdas do uso ou exploração dos rescursos marinhos e costeiros ,tais como a pesca, o pequeno comércio de produtos provenientes da económia costeira e o transporte de cabotagem( mercadoria e passageiros).
A agricultura representa a príncipal fonte de provimentos em alimentos básicos para a populacao de angoche. Segundo Aiuba (1992),80% da população de angoche prática esta actividade. Umas das caracteristicas principais deste tipo de agricultura ( principalmente a produção de arroz) é a utilização de mão-de-obra que nao pertence a unidade domestica,havendo,recurso,sob várias formas, a forca do trabalho que é remunerada em produtos ou em dinheiro. A falta de terras cultivaveis nos arredores da cidade de angoche,leva a que as pessoas abram machambas em lugares afastados da urbe, o que exige uma gestão particular dos campos de cultivo e das respectivas produções. Deste modo estabelecem se relações socias,onde as camadas urbanas empregam os camponeses mais pobres para manter ou aumentar os seus índices de produção agricula,principalmente no que diz respeito a produção do arroz.
As mulheres sao reponsáveis pelas manchabas,e fazem a comercialização e o dinheiro proveniente das vendas destes produtos fica a guarda da esposa. A maior parte das casas comerciais do distrito instalaram se na costa,o que demonstra que angoche pemanece um importante ponto na estrutura das relações mercantins da costa oriental africana inclusivamente em termos de comercio internacional. Hoje em dia,junto aos principais pontos de descarga do pescado possivel ver os (comerciante ambulantes),os quais se encaregam da comercialização do peixe nos mercados mais proximos da cidade. Para álem do sector comercial e importante referir a existencia de algumas infra-estruturas industrias,nomeadamente fábricas de processamentos de castanha de caju,as quais empregavam um numero considerável de mulheres,provenientes de outrosdistritos,e áte mesmo da província de zambezia,onde atravessam actualmente uma grave crise de reconversao,o que levou ao despedimento de milharees de trabalhadores.
Nas ilhas,a secagem do peixe é actividade que recai tambem sobre a mulher. Na altura que foi realizado o trabalho de campo(1997) os pescadores queixavam se da falta de apetrechos para a pescas. Diziam eles serem constrangidos a irem procurar redes muito longe,mesmo fora do país,a deslocação torna mais onerosos os instrumentos de pesca,facto que tem repercurssões directas sobre os preços práticados na venda do peixe.
Por exemplo,as redes devem ser renovadas permanentimente. Em apenas um ano o seu preço duplicou,passando a custar tres milhões de meticais.
Apesar de a maioria da população de angoche recorrer a agricultura,a importância da pesca,o seu valor emocional e cultural suplanta o da agricultura,como acontece com outras comunidades de pescadores ( Acheson,1981).
7.2 CARACTERIZACAO GERAL DAS PESCAS
 Moçambique é um pais com uma costa longa,rica em especies marinhas e com uma tradição maritima antiga. Enquanto a actividade productiva,a pesca envolve um número considerável de pessoas e, em muitos casos,estrutura as relações sociais e politicas dentro das comunidades dispersas ao longo da costa. De um modo geral,este sector carece de uma ánalise sistemáticas e regulaares sobre as consequencias sociais desta actividade,apesar de os produtos pesqueiros fazerem parte da alimentação base de receitas para o país,principalmente átraves da exportação de camarão. A estratégia governamental para a extração de camarão preponizava os seguintes aspectos:
a) Reducao do esforço de pesca;
b) O aumento do periodo de veda;
c) Reducao do numero de barcos de pesca industrial;
d) O desenvolvimento de acções de investigacao e experimentação de novas zonas de pesca.
Na ultima decada (1986 a 1996) as exportações cresceram de 34 p eara 79 milhoes de dólares norte amaricano. Estima se que o banco de de sofala operassem então 64 enbarcacoes industriais,e 28 semi industriais e 12.500 pescadores artesanais. A exportação de produtos pesqueiros representava cerca de 40% das divisas de mocaçambique estando a participação da pesca artesanal o produto bruto comercializado estimada em 1.500 toneladas por mês. A pesca é uma actividade antiga e fundamental para a sobrevivência destas populações costeiras,é neste contexto que os recursos marinhos e costeiros ganham um estatuto estrategico. Isto explica a existência de conflitos e diversificados,inluindo estuàrios,pântanos,florestas de mangal,lagoas costeiras,bancos e recifes de corais,ervas marinhas(Menete & Van der Berg,1996:35). Em relação a estes recursos foram desenvolvidas estratégia de utilizaçã,colectivas e individuais,tendendo a maximizar a sua exploração,num comtexto de empobrecimento crescente das categorias sociais mais vulneravéis. Consequêntemente situações conflituosas tendem a irromper,sobre tudo em em relação ao acesso a estes recursos. Na pesca,em moçambique,intervêm várias categorias sociais, varios utlizadores de recursos naturais e vários agentes reguladores,onde estes recorrem a diferentes meios para alcançar os seus objectivos últimos. Para moçambique,a actividade constitui uma forma de auto-subsistência.
Em contexto da crise económica,a pesca surge como uma importante forma de garantir o mínimo vital em termos de alimentação e em alguns casos,como fonte de acumulação de riqueza por parte de alguns pescadores ou comerciantes. Nesta perspectiva,a actividade pesqueira transforma-se num lugar de tensões e conflitos,numa dinâmica que encerra estratégica de simples sobrevivência e de maximização dos modos de exploração dos recursos dos recuros marinhos,para fins comerciais. Esta actividade económica é,simultaneamente,um modo de vida,uma maneira de ser e uma forma de estar na sociedade.
O sub-grupo da pesca artesanal organiza as sua actividades de pesca contando,fundamentalmente,com 4 categorias sociais:
1) Os patrões ou patrões de barcos;
2) Os mestres ou donos de barcos;
3) Mestres ou contratados;
4) Os marinheiros,tripulantes ou pescadores.
As primeiras duas categorias são consstituidas pelos proprietarios de embarcações e de artes de pesacas,enquanto que as duas últimas categorias sociais trabalham a troco de um pagamento.
8. ANÁLISE DOS CONFITOS NA PESCA EM MOÇAMBIQUE
Em julhos de 1999,a imprensa moçambicana,através da estação televisiva pública(TVM),reportou uma acusação feita pelos comités de pescadores de Angoche contra a pesca industrial de um modo geral,culpada ,segundo eles,de exercer a actividade pesqueira em zonas protegidas em um período de defeso(veda). Ao mesmo tempo,a pesca industrial era acusada de invadir de forma persistente as zonas de pesca dos pescadores artesanais. Num encontro realizado com o vice-Ministro da agricultura e pescas, os pescadores artesanais acusavam a pesca industrial de destruial sistemáticamente os apetrechos dos pescadores locais,referindo-se à praticas de uma concorrências desleal por partes de grandes empresas.
Para completar alguns quadros relativamente aos conflitos,é tambem necessário referir os problemasa existentes entres os pescadores artesanais e a própria administração Marítima,ou seja, a instituição que representa o Estado. Estes resultam da acção julgada compulsiva visando levar a que todos paguem as taxas devidas ao Estado ( licenças que não são concedidas ou que levem imenso tempo a ser concedidas),dos preços cobrados pelas diferentes taxas ainda a problemática das multas e das inspecções. Para minimizar os efeitos produzidos por estas situações de conflito, o Estado tem tentado promover formas de co-gestão dos recursos,visando aumentar a participação das diferentes categorias implicadas na pesca.É assim que nos foi revelado que,em Angoche existia uma comissão de mediação,envolvendo o régulo,administração marítima e os representantes dos pescadores artesanais. A um outro nível, a falta de controle por parte do Estado sobre as actividades das empresas industriais depesca,levou a Dinamarca,um dos parceiros tradcionais neste sector, a formalizar a sua retirada do sector das pescas devido á continua falta de estrategia clara de gestão quanto a tornar a pesca industrial sustentável.
Esta formulação coloca claramente os termos do problema: O derespeito sistemático pelas normas de gestão vigentes particularmente as que visam garantir a reconstituição normal do recurso,por parte das empresas de pesca,mas não só. Com efeito,o Estado não consegue fiscalizar a actuação de nemhum dos intervenientes,nem sequer dos pescadores artesanais. No encontro mantindo com Director Distrital de Agricultura e Pesca de Angonche,este afirmou haver uma tentativa de controlar a actividade dos pescadores,instalando-se nas zonas de controlo,onde os ficais andam pelos principais mercados com o objectivo de conhecer as quantidades de pescado. Um outro aspecto resulta de não existir,de um modo geral,respeito pela veda. Por outro lado,a administração marítima encontra-se desprovida dos meios necessários para exercer a sua actividade de fiscalização. Como consequencia, o mangal esta a ser destruido, havendo serios pronlemas de erosão. 
Analistas consideram que uma das razões que explica este episódio,é facto de a pesca do camarão estar a ser feita de forma descontrolada pelas empresas de pesca industrial,a coberto do subterfúgio de que ela resulta da actividade de pescadores mais pequenos,os ditos seme-industriais. A outra razão,derrivada da anterior,é o modo como são feitas as concessões,isto é, o papel do suborno na atribuição das quotas de pesca. A reacção dos pequenos pescadores deve ser analisada face a esta situação de corrupção aberta e desenfreada.
A pesquisa levada a cabo em Angoche (IDPPE,1996) e na ilha de moçambique ( Loforte & conceição,1997) revelam a existência de dois tipos de conflitos: o primiro,coloca em situação de conforto e aberta hostilidade os pequenos pescadores e a pesca semi-industrial e industrial. O segundo tipo de conflito diz respeito particularmenteao grupo dos pescadores artesanais e é decorrente da procura de novas zonas de pesca que redunda,muitas vezes,na invasão de zonas de pesca de outros grupos de pescadores. O primeiro tipo de conflito na pesca é geral e verifica-se com mais acuidade no banco de sofala,enquanto que o segundo é a nosso ver mais localizado e limitado na sua amplitude. Todavia tem importância quanso se pretende analisar especificamente o grupo de pescadores artesanais. É aqui que intervêm as autoridades ou chefias tradicionais. O problema da invasão de zonas de pesca deve ser discutido na sua mais profunda complexidade. Alguns autores utilizam a noção de território de pesca para fazer menção á demarcação de uma zona,área ou território para a pesca artesnal,facto que decorre de dois processos distintos. Por um lado,estas zonas foram definidas historicamente,resultam de uma prática antiga de exploração do mar,pois que junto à costa operam os pescadores artesanais,membros de comunidades que habitam há muito junto à costa ou lugar de actividades de pesca e colheita de moluscos e que consideram esses recursos como sendo seus. Este primeiro tipo de definição resulta,por tanto,de um consenso entre comunidades e grupos que gerem as suas relações com base no principio de que o direito de pescar e ulizar os outros recursos costeiros e marinhos é inquesionável para as comunidades que vivem na costa,como é o caso das experiências de abribuição de direitos territorias para as zonas de pesca ( Robelus,1987:39). A segunda forma de delimitação do espaço para a pesca decorre de um acto formal de divisão do mar no mapa com intervenção das modernas administrações.
Sobre a existência ou não de zonas de pesca o régulo de Angoche ( Bairro de nʼguri) foiperemptório em afirmar que não existe delimitação nemhuma de zonas de pesca. Os pescadores de Angoche pescam tambémnas costas de Moma. Eles são igualmente aceites nas ilhas. Os conflitos entre pescadores de moma e os de Angoche são arbitrados pelo régulo. A admisnistração afirma que para se poder pescar em moma,é apenas necessário ser portador de uma guia para efeito. Apesar disso foi dito,que,caso os pescadores desta zona queiram pescar em moma,estes devem ter a auorização do chefe ( Régulo ou mwene) da zona vão pescar,devendo pagar uma espécie de tributo chamado de pagamento ao chefe como condição para se poder pescar nessa zona. Um pescador afirmou: uma vez fui para lá em moma pescar sem pagar,mas multaram-nos.
Os pescadores de Angoche também vão pescar nas costas do Distrito de pebane,na província da zambézia,onde acontece o mesmo fenómeno. Estas deslocações de pescadores são verdadeiras migarções,para o sul por grandes períodos de tempo. Elas acontecem em julho e dezembro.
Antes de se deslocarem,os pescadores levam consigo uma guia. Chegados ao local de pesca,entram em contacto com régulo a quem pagavam mais 210.000,00 meticais,para além de 1 saco ( cerca de 30 quilogramas) de peixe por cada lancha. Esta quantidade era destinada á autoridade local tradicional ou ainda,180.000,00 meticais 24.000,00 meticais correspondntes a pedido de deslocação as autoridades de angoche para se poder legalmente pescar em pembane. Não ficou claro se o valor monetário ia directamente para o mwene,ou se se destinava apenas para custear as despesas com a realização das cerimónias. Um outro informador afirmou que naquela ilha os pescadores de outras zonas apresentam-se,mas não pagam nada. Basta a licença anual que é paga à administração marítima.
9. O PAPEL DA AUTORIDADELOCAL
Em língua ekoti o equivalente do mwene é o mahutamo. Actualmente, a autoridade mais influente no bairro de nʼguri ( arredores de Angoche) é o descendente do régulo de Angche ( ilha). Este é coadjuvado por cinco chefes de grupo e cinco chefes de povoação.
Há todo um conjunto de práticas,rituais e cerimónias de carácter propiciatório que se reslizam nas comunidades de pescadores de um modo geral. Estas cerimónias podem ser resultado de iniciativas individuais ou colectivas. Na pesca intervêm também as autoridades religiosas muçulmanos ( os ʼwalumu),encarregues de conduzir as cerimónias do início da faina,em caso de maus resultados na pesca,e por isso mais perigosas,como é o caso das deslocações para a zambézia.
Antes de se deslocarem para uma campanha de pesca,os pescadores de um bairro convidam três ou quatro walimu,para realizarem a cerimómia religiosa a ʺtopolowaniʺ. Uma vez chegados ao local de pesca,comunica-se ao mwene da zona para realizar,antes de mais,uma cerimónia,segundoos mesmos rituais.para isso contribuem uma soma em dinheiro,que é variável segundo os casos. Só nestas condições se pode exercer a actividade piscatória. Dependendo do número de barcos envolvidos na peregrinação,esta cerimónia poderá ser dirigida por um número de walimu que vai de dez a quinze.
Em geral,as cerimónias para as gentes do mar,consitem numa oferenda,constituída por uma refeiçaco mais esmerada para os principantes,em cuja confecçao entra em lanho,arroz,cabritos,galinhas e carne de vaca;esta é acompanhada ou seguida de orações,e um pano branco que é depois colocado no mar. Passa se pelo embondeiro sagrado do bairro e segue se em direcçao à cerimonia de evocaçao dos ante-passados.
As cerimonias colectivas sao dirigidas pelo proprio mwene. Os pescadores à linha também organizam cerimonia de propiaçao. Depois das habituais oraçoes,o imam que conduz a cerimonia obriga os pescadores a deitarem se numa rede de pesca,depois de terem compartilhado uma refeição condicionada para o efeito e de terem lavado as mãos.
Podem surgir suspeitas de intervenção na actividade pesqueira de forças negativas que interferem na captura de pescado. Neste caso imam prepara um amuleto o ebirisi para desgraçar a pessoa suspeita. Este tipo de pratica é um bom indicador da existência de conflitos no interior da própria comunidade de pescadores artesanais. As formas mais privilegiadas de intervenção nos conflitos inter-pessoais os rituais de benção das redes( icapu), as cerimonias do lançamento do barco à agua, e a actuação do advinho na presença do mwene, dos imamos e do walimu,constituem as instancias reguladoras proprias do sistema social e político local. Estas praticas derimonias e os rituias de cariz religioso transcendem a actividade pesqueira,sendo parte dos dispositivos e esquemas colectivos de caracter mágico ou religioso que operam no sentido de conter, dominar ou resolver conflitos que afectam a comunidade como um todo.
No caso da actividade pesqueira,o sistema de crenças e supertições locais intervém para restabelecer equilibrios nas relações sociais fundamentais.
Keleni uma das ilhas habitadas por pescadores diz se que quando ha muitos peixe no mercado,os comerciantes vão ter com xehe para ele provocar mau tempo. As diferentes concepções e práticas de gestao de conflitos e de maneio comunitario de recursos atestam a importância local de uma correcta utilização dos recursos costeiros e marinhos, incluindo o pescado. De um modo geral, a comunidade julga se no direito de explorar,sem constrageimentos,os recursos que que a natureza colocou à sua disposicao. O conflito surge quando intervém tambem pescadores vindos de outros distritos, outras províncias ou áte mesmo estrageiros, mesmo se devidamente autorizados pela administraçao estatal. São, de facto, duas logicas distintas operar a visão local e a dimensão nacional as quais acabam por se confrontar no dóminio da pesca
10. CONCLUSÕES
Este trabalho podemos aferrir que o acesso aos recursos marinhos ou pesqueiros é condicionado pela ideia segundo a qual os recursos pesqueiros constituem uma propriedade colectiva,como acontence em muitas outras comunidades de pescadores ( Acheson,1981).
Os recursos marinhos,mais concretamente os pesqueiros,são um locus de forte competição entre os próprios pescadores locais, e entre os que se dedicam à pesca artesanal à semi-industrial e à industrial. Enquanto houver competição, o conflíto permanecerá latente na relações entre as diferentes categorias. A principal regra a aplicar paraevitar conflítos entre pescadores artesanais, e que é aplicada por eles mesmos,é a forte disciplina em relação aos pontos onde se colocam os engenhos de pesca,redes, armadilhas,ect. Em angoche,apesar de nao existir uma delimitacao fisica ou espacial rigorosa do espaço de pesca, na pratica estao presentes situações diferentes no que respeita aos direitos territoriais de pesca. Cremos ser sta uma das alternativas a promover por forma a garintir a proteção e maneio de recursos e evitar a eclosão de conflitos. Nalguns casos, são os proprios pescadores que se organizam par controlar a actividade pesqueira, limitando o acesso ao espaço de pesca ( por exemplo,autorizando apenas que a pesca se realiza num so período do dia: o período da manha).
O problema central parece ser a falta,no mercado de Angoche, de material e de instrumentos tradicionalmente utilizados na pesca. É igaulmente notória,em muitos casos,a falta de experiência de gestao de tipo empresarial. As condições de amortização de credito tambem nao sao realistas,o próprio sistema de credito aos pescadores não permite sequer a necessária poupança para reinvestir.
11. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ACHESON,J.M (1981) anthropology of fishing,anmual review of antthopology,10,275-316.AIUBA, ALI A.(1992) particularidades geograficas do distrito de Angoche,Naputo,Dissertação de Licenciatura em Geografia ,UP,Faculdade de ciêncais Sociais.
AZEVEDO COUTINHO,J.DE(s̸d) As duas conquintas de Angoche, bolentim da Agencia Geral do Ultamar.
BUKALI,FLORENCE L.(1996). O IDPPE. In Dias,D; Scarlett,P;Hatton,J;Macia,A.(orgs). O papel da integracao na geastao da zona costeira ( actas do workhop). Maputo, faculdade de Ciencias da UEM, Departamento de Ciencias Biologicas.
TOBISSON,E;WOODFORD-BERGER, P. (1993) Socio-economic and socio-cultural aspects of integrated coastal zone management.Development Studies Unit, Dept. of social Anthropology, University of Stockholm(mimeo).
WYNTER, PAULINE (1991) Propriedade, mulheres pescadoras e luta pelos direitos da mulher em moçambique, 9,7-17.

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