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Deontologia e Ética médica - Aula 7 - Normas, pareceres e resoluções

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1 
Beatriz Machado de Almeida 
Deontologia e Ética médica – Aula 7 
RESOLUÇÕES E PARECERES DO 
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA 
Procedimento Administrativo (PA): que não tem 
função punitiva, não é uma sanção, não coloca o 
médico como réu, ele não está se defendendo, pois 
ninguém estará atacando-o. É um dever de cuidado, 
monitoramento, cuidado do médico. 
A denúncia percorrerá o caminho da sindicância → 
PEP → sentença (inocente, absorvido ou culpado, 
sancionado/punido). 
No portal médico, o site do CFM (www.cfm.org.br) 
estão as normas do CFM e dos CRMs. Lá existem 
serviços para o cidadão e não só para os médicos, já 
que as normas do CFM e dos conselhos regionais 
todos não são só do interesse dos médicos, mas são 
normas que dizem respeito a todas sociedade 
Brasileira. 
OBS.: Os advogados têm intimidade com esse site, 
fuçam, procuram a resolução que fundamenta a sua 
tese... 
QUAIS SÃO OS TIPOS DE NORMAS QUE 
TEM? 
As normas do CFM podem ser: 
• Resoluções; 
• Pareceres; 
• Recomendações; 
• Notas Técnicas; 
• Despachos. 
RECOMENDAÇÕES 
Às vezes, o CFM faz uma norma mais nova, que já 
revoga/invalida expressamente a mais velha, para não 
ficar duas normas dizendo coisas diferentes. Então, 
aparece o status de “situação íntegra” quando a 
recomendação ainda está valendo. 
Os “considerandos” que estão descritos nas 
recomendações são uma explicação de onde foi que o 
CFM tirou a ideia de que precisaria fazer essa 
recomendação. 
OBS.: O STF reconheceu que os estados e municípios 
tinham competência para decretar isolamento, 
distanciamento e não só União Federal poderia fazer 
isso. 
Exemplo: 
Diante de tudo isso que se considerou, o CFM 
recomendou: Art. 1º Nos estados onde não houver 
determinação do CRM para a suspensão de 
procedimentos eletivos, as cirurgias bariátricas e 
metabólicas poderão ser realizadas, nos termos das 
resoluções CFM nº 2.131/2015 e CFM nº 2.172/2017. 
O CFM diz que se o CRM daquele estado não tomou 
decisão para todo o estado... I – Cabe ao diretor 
técnico da instituição definir o momento para o 
retorno das cirurgias bariátricas e metabólicas. 
Uma recomendação é um conselho, que não é lei, nem 
¨norma cogente¨, que é uma que obriga, que tem que 
obedecer. É uma diretriz assim “vá por esse caminho 
que é melhor”. É claro que quando o médico toma uma 
decisão calçada por uma decisão do governo federal, 
é como se dissesse a decisão nem foi dele, ele está 
seguindo um conselho do órgão. Então, deixa mais 
blindado, tranquilo. 
NOVAS TÉCNICAS 
Então veja, notas técnicas são uma norma jurídica, do 
jurídico do CFM, não é uma nota dos conselheiros 
médicos. 
O CFM tem 27 conselheiros de cada estado e do 
distrito federal e mais um da associação médica 
brasileira, são 28 titulares e mais 28 suplentes, então 
56 ao todo, mas só tem 28 trabalhando de cada vez, 
porque os suplentes só entram em campo quando os 
titulares não podem. 
Quando se fala em nota técnica, é nesse sentido que 
é um despacho jurídico. Então, a consultoria jurídica 
do CFM está fazendo uma análise jurídica. 
Exemplo: Imagine que você é perito do INSS e que 
saiu uma decisão do TCU mandando você fazer perícia 
a distância e você está completamente insegura, como 
vai reconhecer que o trabalhador está totalmente 
Normas, Pareceres e Resoluções 
 
2 
Beatriz Machado de Almeida 
Deontologia e Ética médica – Aula 7 
incapaz se não posso botar a mão nele, se não posso 
ver se a moleta dele é nova ou velha, se ele tem calos 
na mão, tudo que vocês estão aprendendo com 
Adriana Melo para aprender a fazer perícia, como é 
que você vai fazer isso olhando pela câmera, mas ai o 
TCU está mandando fazer e ele tem poder, ai você se 
apoia no CFM que também tem poder jurídico. 
Futuramente vão ter instituições que queiram que 
você faça uma coisa que você sente que está errada, 
então veja o conselho de medicina o regional da Bahia 
ou o Federal de Brasília, se já se manifestou a 
respeito e você vai ter um papel para te calçar, você 
vai chegar lá e falar “auto lá, não é bem assim não, 
olhe aqui”. 
É como se o CFM estivesse fornecendo para nós 
médicos uma consultoria jurídica que você não pagou, 
você não precisou contratar um advogado para 
resolver esse problema. 
Lei 3268 de 1857, é a lei que cria os conselhos de 
medicina. 
Para que servem os conselhos de medicina? Art. 2º O 
conselho Federal e os Conselhos Regionais de 
Medicina são os órgãos supervisores da ética 
profissional em toda a República e ao mesmo tempo, 
julgadores e disciplinadores da classe médica, 
cabendo-lhes zelar e trabalhar por todos os meios ao 
seu alcance, pelo perfeito desempenho ético da 
medicina e pelo prestígio e bom conceito da profissão 
e dos que a exerçam legalmente. 
Quer dizer, quer garantir o desempenho ético da 
medicina, pelo prestígio e do conceito da profissão e 
dos profissionais. Queremos garantir a reputação, o 
prestígio, o nome limpo da profissão médica e de quem 
a prática. 
• Supervisor: Uma das funções do conselho de 
medicina é supervisionar a prática da ética 
médica. 
• Julgadora: eles são órgão julgadores além de 
supervisores, então outra coisa que temos que 
fazer é o julgamento. 
• Disciplinadores da classe médica: outra coisa que 
tem que fazer é o disciplinamento. 
Outra coisa interessante que tem é “por todos os 
meios ao seu alcance”. Quando se pega essas quatro 
expressões, entende-se para que existe o CREMEB e 
o CFM. 
Quando essa lei foi criada na década de 50, a cultura 
da época tinha a face julgadora do conselho como 
mais forte, era visto como um tribunal, p. ex., alguém 
denunciou o médico e o conselho tinha que dizer quem 
tinha a razão. Era processo, punição, castigo. 
Porém, o tempo foi passando e os conselhos foram 
assumindo outras funções. Exemplo: ciclo de aulas 
voltado para alunos do curso de medicina não se 
encaixa em supervisão, julgamento e nem em 
disciplina. Isso não era possível quando os conselhos 
foram criados. A expressão “todos os meios ao seu 
alcance” é o que tem permitido aos conselhos 
regionais e federal de medicina coisas como essa. 
OBS.: o que se entende como disciplinar faz normas, 
resoluções, dizendo o que é ou não a obrigação do 
médico. 
Então, o CREMEB oferece vários cursos gratuitos e 
com certificados, podendo ser apresentado como 
carga horária extra para a coordenação de medicina. 
É importante lembrar dessa questão da lei! Essa 
diferença entre julgamento, disciplina e supervisão. 
Mas claro que existe uma tendência dos conselhos de 
medicina a serem também educadores, promover 
eventos, seminários, congressos, cursos, fóruns … 
Alguns dos temas discutidos nos congressos: 
• O que pode e não pode na divulgação de assuntos 
médicos? 
• O que é uma propaganda médica legal e ética? 
• O que é uma propaganda médica 
publicitária/apelativa? 
• O que é mercantilização da medicina? 
Esses eventos realizados são sempre o médico mais 
os comunicadores. 
CÓDIGOS DE ÉTICA MÉDICA 
O código de ética médica atual é o de 2018, teve um 
outro código de ética médica que saiu no diário oficial 
em 2019, mas entrou em vigência em 2010. Tem outro 
de 1988, e até um quadro comparativo que mudaram 
de um código para o outro. Mas o que interessa é o 
código de ética médica de 2018. Tem o índice 
remissivo, o texto na integra, tem o processo de 
elaboração do código .... 
 
3 
Beatriz Machado de Almeida 
Deontologia e Ética médica – Aula 7 
Para ter acesso ao código de ética medica de 2018, é 
só apertar em “acesse aqui o novo texto na integra”. 
É dividido em: pré-ângulo; princípios fundamentais; 
direitos dos médicos; responsabilidade profissional, 
entre outros. 
Chama-se atenção que ele é uma resolução do CFM. 
Ao lembrar que a norma maior do país é a Constituição 
Federal e, abaixo disso vem as leis. Elas podem ser 
ordinárias e complementares. Quem faz as leis é o 
congresso federal(legislativo), portanto, abaixo da 
constituição vem as leis. Abaixo das leis vem os 
decretos (executivo). Abaixo disso vem as portarias 
ministeriais e resoluções de órgãos colegiados. Veja 
que o CFM vem lá embaixo. Por exemplo: A portaria 
do Ministro da Saúde diz a lista de doenças de 
notificação compulsória, e quando o médico suspeita 
que seu paciente é portador dessa doença, é 
necessário notificar para a vigilância epidemiológica. 
PORTARIA 
Essa portaria obriga o médico quando, por exemplo, 
atende uma pessoa e faz o diagnóstico de hanseníase 
e pede o exame, já é obrigado a preencher uma ficha 
individual de notificação que é envidada para a 
vigilância epidemiológica do município. Quando uma 
pessoa é atendida com dengue hemorrágica e vai a 
óbito, a notificação é imediata, feita no mesmo dia! 
Não pode esperar acumular para enviar na próxima 
semana. 
RESOLUÇÃO 
Resolução é uma norma que vem de um órgão 
colegiado, ou seja, não é feita por apenas uma pessoa. 
Por exemplo: As Resoluções da Diretoria Colegiada 
(RDC) da ANVISA. A tomada de decisão é feita por 
esse colegiado. Por exemplo, para comprar o remédio 
X precisa da receita azul. Tem remédio que preenche 
na receita normal em 1 via, já tem outros que precisa 
ser em 2 vias, pois 1 fica retida na farmácia. Tem 
receita que é amarela – tipo A (ritalina), tem outras 
que é azul - tipo B1, B2 (psicotrópicos/ tarja preta). 
O CFM também toma decisões de maneira colegiada. 
É uma reunião/sessão plenária com a participação dos 
28 conselheiros titulares, podendo algum deles ser 
substituído pelo suplente. Então, quando eles se 
reúnem num plenário e fazem uma norma, eles estão 
exercendo o poder disciplinador que a lei deu a eles. 
A Resolução para os médicos tem força de lei, 
obrigando o médico exercer a profissão daquela 
maneira. Não dá o direito de escolher. E entres as 
resoluções existentes, a mais importante é a do 
Código de Ética Médica, pois é lá que fala de tudo. 
LIVRO DO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA 
Ao passar as páginas do livro, tem-se o pré-ângulo 
explicando como é a estrutura do código: 26 
princípios fundamentais; 11 normas diceológicas 
(direito); 117 normas deontológicas 
(obrigações/proibições). Percebe-se que o código 
tem mais obrigações do que direito, limita mais do que 
favorece. Isso porque reconhece que na relação 
médico-paciente, o paciente é mais fraco e o médico 
mais forte. Portanto, a função do código de ética 
médica é reequilibrar a balança. 
CAPÍTULO 1 – PRINCÍPIOS 
FUNDAMENTAIS 
Os princípios fundamentais dão uma ideia geral. 
Ninguém vai ser julgado com base nos princípios 
fundamentais, eles não servem para embasar 
julgamentos/punição. Exemplo: 
Princípio IV: O médico tem que trabalhar pelo bom 
prestigio da profissão. 
Nenhum médico vai ser punido com base no princípio 
fundamental. O princípio fundamental é uma chave 
ampla de abertura para entender a lógica do sistema. 
Princípio XX: A natureza personalíssima da atuação 
profissional do médico não caracteriza relação de 
consumo. 
Portanto, defende-se e acredita-se que a relação 
médico paciente não é prestação de serviço! Até 
porque, o médico não recebe salário, e sim honorários. 
Ficando claro que não é uma relação de consumo. 
São apenas 11 direitos do médico. E chegamos na 
página seguinte as vedações, a parte deontológica, 
obrigações, que já começa as frases da seguinte 
maneira: “É vedado ao médico....”, “É proibido....”, 
coisas que não podem ser feitas. Uma delas diz : “ É 
vedado ao médico, causar danos ao paciente por ação 
ou por omissão, então você pode causar danos por 
 
4 
Beatriz Machado de Almeida 
Deontologia e Ética médica – Aula 7 
fazer o que não devia ou por que deixou de fazer o 
que devia, ou seja, você se omitiu, e que essa ação ou 
omissão, possa ser caracterizada como imperícia, 
imprudência ou negligência. 
Por tanto, o primeiro artigo deontológico, na qual você 
será julgado, e esse é o principal, pois a maioria dos 
médicos que são apenados, são apenados por 
descumprir o artigo primeiro. Esse é o artigo que mais 
suscitas sindicâncias, (PEP, TEP? Não consegui 
entender) e condenações, esse é o que se visita a todo 
momento, seja por causar dano ou por deixar de fazer 
ou fazer e que essa questão seja de natureza 
característica de imperícia, imprudência ou 
negligência. 
O QUE É IMPERÍCIA? 
É a modalidade de culpa decorrente da inaptidão 
técnica no exercício de arte, ofício ou profissão. 
Configura-se a imperícia quando o agente causa dano 
a outrem por falta de conhecimentos técnicos, isto é, 
por não possuir o conhecimento que deveria, em 
virtude de qualificação profissional. 
O QUE É IMPRUDÊNCIA? 
É uma modalidade de culpa, expressamente referida 
no diploma penal, que consiste no agir sem precaução, 
de forma precipitada, imponderada, como, por 
exemplo, no caso uma pessoa que não sabe lidar com 
arma de fogo a manuseia e provoca o disparo, matando 
alguém. 
O QUE É NEGLIGÊNCIA? 
Decorre da omissão, quando o sujeito causador do 
dano deixa de observar o dever de cuidado. É um 
comportamento passivo, ao contrário do que ocorre 
na imprudência, onde há um fazer sem cautela, 
insensato. 
Em resumo, essa divisão dos conceitos é meramente 
didática, pois frequentemente, a pessoa que comete 
um desses três atos, comete uma segunda junto. 
Então assim, a negligência é você fazer menos, deixar 
de observar o mínimo, a exemplo que uma aluna 
trouxe, ao trazer uma arma de fogo para dentro de 
casa, guardar em uma gaveta e não trancar o local, 
permitindo um fácil acesso. Por tanto, é o mínimo 
dever de cuidado, é você colocar uma tranca, 
escondida, em um lugar de difícil acesso. Outro 
exemplo é deixar o remédio, produtos de limpeza, em 
casa ao alcance de crianças e animais, que podem 
ingerir, passar mal e vir a óbito. Isso é negligência, 
não fazer nem mesmo o mínimo, é fazer pouco, fazer 
menos do que deveria ter feito. A conduta negligente 
é uma conduta de falta, uma conduta de omissão, de 
pobreza e esvaziamento. 
Já a imprudência é fazer demais, é andar na 
velocidade de 150km/h na paralela, assumindo um 
risco, é aquela coisa “eu me garanto, assumo o risco, 
ninguém consegue mais eu consigo” só que o risco 
quem corre é o paciente e não você. A imprudência é 
exorbitar, fazer demais, ir além. 
A imperícia, algumas pessoas acham que é impossível, 
mas vejamos, todo médico é perito em medicina, pode 
praticar a medicina inteira, mas o professor discorda, 
pois tem algumas especialidades que são muito 
terminais e se você não fez residência ou não fez 
cirurgias daquele tipo, assistido por um preceptor 
antes de começar a fazer sozinho, você não tem como 
comprovar uma curva de aprendizado, então 
realmente você está fazendo errado. 
O estelionato é uma questão jurídica, não é usado em 
medicina, você está vendendo uma ilusão para a 
pessoa, você diz que vai fazer algo mas você não é (?? 
Ficou meio confuso). Em tese, você estaria correta, 
mas na prática do professor, isso não tem sido visto, 
o médico não tem sido acusado desse tipo de crime, 
responder pelo 171. Geralmente, na prática, as 
pessoas não buscam o direito penal, não buscam a 
tipificação como crime, os pacientes estão 
interessados em processar o médico no civil, pois 
nessa área é possível ganhar indenização, dinheiro e 
no penal você só ganha prisão e a pessoa na prisão não 
lhe serve pra nada, o indivíduo vai preferir que o 
médico esteja livre pra trabalhar e pagar sua 
indenização, digamos assim. Então, o professor tem 
visto uma tendência maior dos pacientes não 
processarem os médicos no CREMEB pois as punições 
são de mera reputação, vergonha e também não estão 
processando no crime, pois não resolveria para eles 
se o médico estivesse preso, portanto eles tem 
procurado mais a esfera civil para indenização 
pecuniária. 
 
5 
Beatriz Machado de Almeida 
Deontologiae Ética médica – Aula 7 
Imperícia também é você fazer o que não tem 
conhecimento e não está apto para exercitar aquela 
área. Só que a questão de estar apto é uma das 
escolas do pensamento, não estar apto é não estar 
formado em medicina, não estar registrado no 
conselho, isso seria o charlatão, o exercício ilegal da 
medicina. Mas você tem a pessoa que está apta do 
ponto de vista documental, pois ele é um médico 
formado com registro no conselho, lembrando que se 
você, usando o exemplo de Marina, se você é um 
ortopedista e cuida do coração, no caso dele cuidar 
do coração e acertar, ele não fez nada errado, o 
ortopedista pode exercer a cardiologia, desde que ele 
acerte e não cause danos ao paciente, e na hora que 
ele causar danos, haverá grandes argumentos contra 
ele, pois ele não tem como comprovar que se habilitou, 
domina aquela especialidade. 
A questão da negligência é quando você não observa 
um dever de cuidado, você faz a cirurgia sem pedir 
um pré operatório mínimo, dá um remédio sem 
perguntar se a pessoa tem alergia ou já tomou alguma 
vez na vida. Pergunta: E um paciente internado sem 
prescrever? Resposta: Ele é seu paciente? Você só 
vai ser negligência se ele for seu paciente. Se ele não 
é seu paciente, não era você que tinha que prescrever. 
Mas de fato, fazer a prescrição e evolução TODOS 
os dias é o MÍNIMO, se o paciente está no hospital 
há 24h e ninguém foi lá prescrever nada, essa 
conduta é negligência de alguém. 
Então é isso gente, o artigo 1, o mais importante, 
causar dano ao paciente por ação ou omissão. 
Depois vem o artigo 2, delegar a outros profissionais 
atos ou atribuições exclusivas da profissão médica, 
então é quando você tá ajudando outra pessoa a 
exercer a medicina sem ser médico, exemplo: deixar 
umas folhas em brando assinadas e carimbadas pra 
outra pessoa, um enfermeiro, amigo poder evoluir e 
prescrever, delegando o ato médico para quem não é 
médico. 
O artigo 3, deixar de assumir a responsabilidade, 
deixar a bomba na mão de outra pessoa. O artigo 4, 
deixar de assumir a responsabilidade por ato que você 
praticou mesmo quando foi o paciente que tomou a 
iniciativa. Assumir a responsabilidade por um ato que 
você não praticou, por exemplo, tem cirurgião que 
coloca o nome do colega na guia como primeira ajuda, 
você está operando sozinho mas eu boto o nome de 
fulano como primeiro ajudante, para no momento da 
fatura, ele receber honorários e nem estava no 
centro cirúrgico. Atribuir seu sucesso a terceiros, 
exemplo, foi você que fez mas a culpa é de outra 
pessoa. Deixar de atender em setor de urgência 
emergência, exemplo, você está escalado no plantão e 
você não comparece, desguarneceu o plantão e não é 
por conta de atestado, foi atropelado, abdome agudo, 
é porque você faltou mesmo, não estava afim e isso 
não pode. 
Afastar de suas atividades profissionais no artigo 8, 
isso aí é quando você não vai prescrever seu paciente 
internado, abandona e não manda nenhum substituto. 
Para o plantão, nós temos o artigo 9, você sair do 
plantão antes do plantão acabar antes de chegar o 
colega para te render. 
Parágrafo único. Na ausência de médico plantonista 
substituto, a direção técnica do estabelecimento de 
saúde deve providenciar a substituição. Então você 
não pode sair do plantão na hora que ele acaba se não 
chegar alguém para te tirar, substituir. 
E quando tem um furo na escala é a direção técnica 
que tem que providenciar a substituição ou então é o 
próprio diretor técnico que tem que ir lá. Então não 
dá pra o diretor técnico dizer que “há não tem 
ninguém na terça a noite, vamos deixar pra lá” arranje 
quem vá ou então ele mesmo tem que ir. Ele mesmo 
tem que garantir que a escala não tenha furos se não 
ele mesmo vai ter que comparecer para tampar os 
furos. 
Artigo 10 Acumpliciar-se com os que exercem 
ilegalmente a Medicina ou com profissionais ou 
instituições médicas nas quais se pratiquem atos 
ilícito, então pensem no médico que pega um 
estudante de medicina e deixando o estudante 
atender com o carimbo dele, por tanto o médico está 
se acumpliciando com o exercício ilegal da medicina. 
Art. 11. Receitar, atestar ou emitir laudos de forma 
secreta ou ilegível, sem a devida identificação de seu 
número de registro no Conselho Regional de Medicina 
da sua jurisdição, bem como assinar em branco folhas 
de receituários, atestados, laudos ou quaisquer 
outros documentos médicos. Você também não pode 
receitar, atestar, emitir laudos de forma secreta ou 
 
6 
Beatriz Machado de Almeida 
Deontologia e Ética médica – Aula 7 
ilegível, nem a própria pessoa consegue decifrar o que 
está escrito. 
Temos os outros artigos, eu não vou ler todos para 
vocês. 
Temos a questão de colaborar com o exercício ilegal 
da medicina para quem não é médico, largar o 
paciente, causar dano ao paciente, escrever com letra 
ilegível, então o código de ética médica é uma ótima 
resolução que fala sobre tudo. Eu vou colocar pra 
vocês no blackboard no pós-aula para você darem uma 
lida, obviamente. 
São 117 artigos no código de ética médica, não quer 
dizer que todos eles vão cair na prova. Em uma 
próxima aula eu vou falar sobre publicidade médica, 
que vai do artigo 111 ao 117, vocês vão ler uma 
resolução específica sobre o assunto que é o manual 
de publicidade médica do conselho federal de 
medicina, redes sociais, postagens no Instagram, 
então pra essa prova de agora, eu não vou precisar 
disso, vocês não vão ler o capítulo de publicidade. 
Também vamos ter uma aula de documentos médicos 
no capítulo 10, um pouco diferente de medicina legal, 
vai do artigo 80 até o 91, mais pra frente. 
Eu não quero que vocês estudem todo o código de 
ética médica, mas folheiem e entendam a estrutura, 
entendam o que cada capítulo aborda pra poderem ter 
essa compreensão. 
Agora para finalizar a aula, eu gostaria de mostrar 
para você o último tipo de norma que é o parecer, 
onde tem as resoluções e os pareceres, então eu 
utilizei o código de ética médica como um exemplo de 
resolução. Resolução quer dizer que obriga, que você 
tem que seguir, independentemente de sua opinião. O 
parecer é diferente, ele é uma opinião abalizada, 
temos um exemplo abaixo (segunda imagem), o 
cremeb fez um parecer em 2017 que foi aprovado no 
dia 20/06/2017, na qual o professor foi o relator, ele 
escreveu o parecer que foi submetido a votação pela 
plenária, deixando de ser do professor para ser um 
parecer do cremeb. 
E o que o parecer diz: que não é nada demais o médico 
do trabalho checar, itens formais de documentos do 
PCMSO (programa de controle médico de saúde 
ocupacional), e o médico do trabalho pode pegar 
dados desses documentos, exemplo o ASO do exame 
admissional, o ASO do exame periódico, o laudo 
técnico de condições ambientais de trabalho e 
registrar no sistema informatizado. Prosseguindo, 
por que isso? Vejamos... 6 médicos consulentes (quem 
faz a consulta) perguntaram se era ético os médicos 
de uma empresa pública ter que conferir, validar e 
registrar em prontuário a ficha clínica, os resultados 
dos exames se as vias do ASO realizados por médicos 
terceirizados. Olha que coisa interessante, um órgão 
público, uma empresa pública, tem os seus médicos do 
trabalho, mas essa empresa terceiriza para uma 
clínica privada realizar os exames então quem 
examina o trabalhador são os médicos da clínica 
privada, fazem o ASO, relatório e isso vai para a 
empresa pública, ai o médico da empresa pública que 
não examinou o paciente, pode colocar os dados no 
sistema informatizado? Pode, e não é uma questão de 
opinião, iremos olhar lá na CLT, na portaria do 
ministério do trabalho, normas regulamentadoras, 
plano de carreiras, cargos e salários da empresa 
pública e olha a NR7 para saber o que compete ao 
médico e o coordenador do PCMSO, olha o código de 
ética médica e diz que você não pode assumira 
responsabilidade por ato que você não praticou mas 
que nesse caso é apenas uma validação formal, você 
não está assumindo que o ato médico é seu, você está 
fazendo nos termos que foi descrito, mas é muito 
pouco eficiente desperdiçar horas de trabalho de 
profissionais com escolaridade superior apenas para 
checklist mecânico de formalidades e digitação de 
dados em sistema computacional sem análise de 
mérito do conteúdo técnico dos documentos 
manuseados. Não precisa, mas isso não é proibido. 
Isso é uma decisão da empresa, os conselhos de 
medicina não têm que fazer juízo de valor sobre a 
interpretação de normas trabalhistas e nem se isso é 
pertinente ou não aos superiores hierárquicos. 
Em resumo, a empresa pode validar as informações, 
será apenas uma checagem formal e eles podem 
inserir isso no sistema informatizado, uma mera 
transcrição, deixando claro que quem fez foi o médico 
fulano e você está só validando o documento. 
Um outro exemplo que eu trago para vocês é sobre o 
parecer do DIU (dispositivo intra uterino), uma outra 
médica ia fazer o primeiro parecer e o professor 
discordou e pediu “vistas” então ele se tornou o 
relator de vistas e o parecer dele foi o vencedor. 
Explicando melhor, uma médica, ginecologista vai 
 
7 
Beatriz Machado de Almeida 
Deontologia e Ética médica – Aula 7 
colocar o DIU em uma paciente, só que no dia, ela 
gastou o tempo da consulta, tinha um sinequia no colo 
do útero, ela não conseguiu dilatar, a paciente sentiu 
dor e foi cancelado o procedimento, ela não 
imprudente, ela foi cuidadosa e marcou o 
procedimento em um centro cirúrgico. A pergunta é: 
eu posso cobrar por um procedimento que não foi 
realizado? E o professor fez um parecer confirmando 
que pode ser cobrado, pois veja, foi gasto o tempo, 
usou o material de antissepsia, gastou-se mais tempo 
do que se desse certo. Por tanto, o professor está 
defendendo no parecer que isso seria vincular a 
atuação do médico ao resultado, pois a obrigação que 
o médico assume é de meios, não se vinculando os seus 
esforços profissionais ao fim de conseguir inserção 
do DIU, mas ao emprego dos meios disponíveis para 
tanto. Então se ele conseguiu resultado ou não, não 
importa, ele usou todos os meios a disposição para 
inserir o DIU. Por uma variação anatômica da 
paciente não deu certo e por isso ele não ganha? Se 
ele está tentando inserir fizer um falso trajeto, a 
paciente pode processar o médico, vai gastar dinheiro 
indenizando. Em resumo, é ético cobrar pela primeira 
tentativa que não teve sucesso e tornar a cobrar pelo 
segundo procedimento e os conselheiros concordaram 
com o professor. 
Então o parecer é uma opinião abalizada, ele não é 
obrigatório, ele não vincula, por isso que o parecer 
muitas vezes diz que o médico pode, mas não diz que 
ele deve. Vejam os dois casos, um dizendo que o 
médico pode colocar no sistema informatizado as 
informações do documento do colega e outro caso 
dizendo que ele pode cobrar pelo DIU que ele não 
teve sucesso inserir. O parecer é opinativo, 
facultado.

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