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1 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – Aula 7 RESOLUÇÕES E PARECERES DO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA Procedimento Administrativo (PA): que não tem função punitiva, não é uma sanção, não coloca o médico como réu, ele não está se defendendo, pois ninguém estará atacando-o. É um dever de cuidado, monitoramento, cuidado do médico. A denúncia percorrerá o caminho da sindicância → PEP → sentença (inocente, absorvido ou culpado, sancionado/punido). No portal médico, o site do CFM (www.cfm.org.br) estão as normas do CFM e dos CRMs. Lá existem serviços para o cidadão e não só para os médicos, já que as normas do CFM e dos conselhos regionais todos não são só do interesse dos médicos, mas são normas que dizem respeito a todas sociedade Brasileira. OBS.: Os advogados têm intimidade com esse site, fuçam, procuram a resolução que fundamenta a sua tese... QUAIS SÃO OS TIPOS DE NORMAS QUE TEM? As normas do CFM podem ser: • Resoluções; • Pareceres; • Recomendações; • Notas Técnicas; • Despachos. RECOMENDAÇÕES Às vezes, o CFM faz uma norma mais nova, que já revoga/invalida expressamente a mais velha, para não ficar duas normas dizendo coisas diferentes. Então, aparece o status de “situação íntegra” quando a recomendação ainda está valendo. Os “considerandos” que estão descritos nas recomendações são uma explicação de onde foi que o CFM tirou a ideia de que precisaria fazer essa recomendação. OBS.: O STF reconheceu que os estados e municípios tinham competência para decretar isolamento, distanciamento e não só União Federal poderia fazer isso. Exemplo: Diante de tudo isso que se considerou, o CFM recomendou: Art. 1º Nos estados onde não houver determinação do CRM para a suspensão de procedimentos eletivos, as cirurgias bariátricas e metabólicas poderão ser realizadas, nos termos das resoluções CFM nº 2.131/2015 e CFM nº 2.172/2017. O CFM diz que se o CRM daquele estado não tomou decisão para todo o estado... I – Cabe ao diretor técnico da instituição definir o momento para o retorno das cirurgias bariátricas e metabólicas. Uma recomendação é um conselho, que não é lei, nem ¨norma cogente¨, que é uma que obriga, que tem que obedecer. É uma diretriz assim “vá por esse caminho que é melhor”. É claro que quando o médico toma uma decisão calçada por uma decisão do governo federal, é como se dissesse a decisão nem foi dele, ele está seguindo um conselho do órgão. Então, deixa mais blindado, tranquilo. NOVAS TÉCNICAS Então veja, notas técnicas são uma norma jurídica, do jurídico do CFM, não é uma nota dos conselheiros médicos. O CFM tem 27 conselheiros de cada estado e do distrito federal e mais um da associação médica brasileira, são 28 titulares e mais 28 suplentes, então 56 ao todo, mas só tem 28 trabalhando de cada vez, porque os suplentes só entram em campo quando os titulares não podem. Quando se fala em nota técnica, é nesse sentido que é um despacho jurídico. Então, a consultoria jurídica do CFM está fazendo uma análise jurídica. Exemplo: Imagine que você é perito do INSS e que saiu uma decisão do TCU mandando você fazer perícia a distância e você está completamente insegura, como vai reconhecer que o trabalhador está totalmente Normas, Pareceres e Resoluções 2 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – Aula 7 incapaz se não posso botar a mão nele, se não posso ver se a moleta dele é nova ou velha, se ele tem calos na mão, tudo que vocês estão aprendendo com Adriana Melo para aprender a fazer perícia, como é que você vai fazer isso olhando pela câmera, mas ai o TCU está mandando fazer e ele tem poder, ai você se apoia no CFM que também tem poder jurídico. Futuramente vão ter instituições que queiram que você faça uma coisa que você sente que está errada, então veja o conselho de medicina o regional da Bahia ou o Federal de Brasília, se já se manifestou a respeito e você vai ter um papel para te calçar, você vai chegar lá e falar “auto lá, não é bem assim não, olhe aqui”. É como se o CFM estivesse fornecendo para nós médicos uma consultoria jurídica que você não pagou, você não precisou contratar um advogado para resolver esse problema. Lei 3268 de 1857, é a lei que cria os conselhos de medicina. Para que servem os conselhos de medicina? Art. 2º O conselho Federal e os Conselhos Regionais de Medicina são os órgãos supervisores da ética profissional em toda a República e ao mesmo tempo, julgadores e disciplinadores da classe médica, cabendo-lhes zelar e trabalhar por todos os meios ao seu alcance, pelo perfeito desempenho ético da medicina e pelo prestígio e bom conceito da profissão e dos que a exerçam legalmente. Quer dizer, quer garantir o desempenho ético da medicina, pelo prestígio e do conceito da profissão e dos profissionais. Queremos garantir a reputação, o prestígio, o nome limpo da profissão médica e de quem a prática. • Supervisor: Uma das funções do conselho de medicina é supervisionar a prática da ética médica. • Julgadora: eles são órgão julgadores além de supervisores, então outra coisa que temos que fazer é o julgamento. • Disciplinadores da classe médica: outra coisa que tem que fazer é o disciplinamento. Outra coisa interessante que tem é “por todos os meios ao seu alcance”. Quando se pega essas quatro expressões, entende-se para que existe o CREMEB e o CFM. Quando essa lei foi criada na década de 50, a cultura da época tinha a face julgadora do conselho como mais forte, era visto como um tribunal, p. ex., alguém denunciou o médico e o conselho tinha que dizer quem tinha a razão. Era processo, punição, castigo. Porém, o tempo foi passando e os conselhos foram assumindo outras funções. Exemplo: ciclo de aulas voltado para alunos do curso de medicina não se encaixa em supervisão, julgamento e nem em disciplina. Isso não era possível quando os conselhos foram criados. A expressão “todos os meios ao seu alcance” é o que tem permitido aos conselhos regionais e federal de medicina coisas como essa. OBS.: o que se entende como disciplinar faz normas, resoluções, dizendo o que é ou não a obrigação do médico. Então, o CREMEB oferece vários cursos gratuitos e com certificados, podendo ser apresentado como carga horária extra para a coordenação de medicina. É importante lembrar dessa questão da lei! Essa diferença entre julgamento, disciplina e supervisão. Mas claro que existe uma tendência dos conselhos de medicina a serem também educadores, promover eventos, seminários, congressos, cursos, fóruns … Alguns dos temas discutidos nos congressos: • O que pode e não pode na divulgação de assuntos médicos? • O que é uma propaganda médica legal e ética? • O que é uma propaganda médica publicitária/apelativa? • O que é mercantilização da medicina? Esses eventos realizados são sempre o médico mais os comunicadores. CÓDIGOS DE ÉTICA MÉDICA O código de ética médica atual é o de 2018, teve um outro código de ética médica que saiu no diário oficial em 2019, mas entrou em vigência em 2010. Tem outro de 1988, e até um quadro comparativo que mudaram de um código para o outro. Mas o que interessa é o código de ética médica de 2018. Tem o índice remissivo, o texto na integra, tem o processo de elaboração do código .... 3 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – Aula 7 Para ter acesso ao código de ética medica de 2018, é só apertar em “acesse aqui o novo texto na integra”. É dividido em: pré-ângulo; princípios fundamentais; direitos dos médicos; responsabilidade profissional, entre outros. Chama-se atenção que ele é uma resolução do CFM. Ao lembrar que a norma maior do país é a Constituição Federal e, abaixo disso vem as leis. Elas podem ser ordinárias e complementares. Quem faz as leis é o congresso federal(legislativo), portanto, abaixo da constituição vem as leis. Abaixo das leis vem os decretos (executivo). Abaixo disso vem as portarias ministeriais e resoluções de órgãos colegiados. Veja que o CFM vem lá embaixo. Por exemplo: A portaria do Ministro da Saúde diz a lista de doenças de notificação compulsória, e quando o médico suspeita que seu paciente é portador dessa doença, é necessário notificar para a vigilância epidemiológica. PORTARIA Essa portaria obriga o médico quando, por exemplo, atende uma pessoa e faz o diagnóstico de hanseníase e pede o exame, já é obrigado a preencher uma ficha individual de notificação que é envidada para a vigilância epidemiológica do município. Quando uma pessoa é atendida com dengue hemorrágica e vai a óbito, a notificação é imediata, feita no mesmo dia! Não pode esperar acumular para enviar na próxima semana. RESOLUÇÃO Resolução é uma norma que vem de um órgão colegiado, ou seja, não é feita por apenas uma pessoa. Por exemplo: As Resoluções da Diretoria Colegiada (RDC) da ANVISA. A tomada de decisão é feita por esse colegiado. Por exemplo, para comprar o remédio X precisa da receita azul. Tem remédio que preenche na receita normal em 1 via, já tem outros que precisa ser em 2 vias, pois 1 fica retida na farmácia. Tem receita que é amarela – tipo A (ritalina), tem outras que é azul - tipo B1, B2 (psicotrópicos/ tarja preta). O CFM também toma decisões de maneira colegiada. É uma reunião/sessão plenária com a participação dos 28 conselheiros titulares, podendo algum deles ser substituído pelo suplente. Então, quando eles se reúnem num plenário e fazem uma norma, eles estão exercendo o poder disciplinador que a lei deu a eles. A Resolução para os médicos tem força de lei, obrigando o médico exercer a profissão daquela maneira. Não dá o direito de escolher. E entres as resoluções existentes, a mais importante é a do Código de Ética Médica, pois é lá que fala de tudo. LIVRO DO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA Ao passar as páginas do livro, tem-se o pré-ângulo explicando como é a estrutura do código: 26 princípios fundamentais; 11 normas diceológicas (direito); 117 normas deontológicas (obrigações/proibições). Percebe-se que o código tem mais obrigações do que direito, limita mais do que favorece. Isso porque reconhece que na relação médico-paciente, o paciente é mais fraco e o médico mais forte. Portanto, a função do código de ética médica é reequilibrar a balança. CAPÍTULO 1 – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Os princípios fundamentais dão uma ideia geral. Ninguém vai ser julgado com base nos princípios fundamentais, eles não servem para embasar julgamentos/punição. Exemplo: Princípio IV: O médico tem que trabalhar pelo bom prestigio da profissão. Nenhum médico vai ser punido com base no princípio fundamental. O princípio fundamental é uma chave ampla de abertura para entender a lógica do sistema. Princípio XX: A natureza personalíssima da atuação profissional do médico não caracteriza relação de consumo. Portanto, defende-se e acredita-se que a relação médico paciente não é prestação de serviço! Até porque, o médico não recebe salário, e sim honorários. Ficando claro que não é uma relação de consumo. São apenas 11 direitos do médico. E chegamos na página seguinte as vedações, a parte deontológica, obrigações, que já começa as frases da seguinte maneira: “É vedado ao médico....”, “É proibido....”, coisas que não podem ser feitas. Uma delas diz : “ É vedado ao médico, causar danos ao paciente por ação ou por omissão, então você pode causar danos por 4 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – Aula 7 fazer o que não devia ou por que deixou de fazer o que devia, ou seja, você se omitiu, e que essa ação ou omissão, possa ser caracterizada como imperícia, imprudência ou negligência. Por tanto, o primeiro artigo deontológico, na qual você será julgado, e esse é o principal, pois a maioria dos médicos que são apenados, são apenados por descumprir o artigo primeiro. Esse é o artigo que mais suscitas sindicâncias, (PEP, TEP? Não consegui entender) e condenações, esse é o que se visita a todo momento, seja por causar dano ou por deixar de fazer ou fazer e que essa questão seja de natureza característica de imperícia, imprudência ou negligência. O QUE É IMPERÍCIA? É a modalidade de culpa decorrente da inaptidão técnica no exercício de arte, ofício ou profissão. Configura-se a imperícia quando o agente causa dano a outrem por falta de conhecimentos técnicos, isto é, por não possuir o conhecimento que deveria, em virtude de qualificação profissional. O QUE É IMPRUDÊNCIA? É uma modalidade de culpa, expressamente referida no diploma penal, que consiste no agir sem precaução, de forma precipitada, imponderada, como, por exemplo, no caso uma pessoa que não sabe lidar com arma de fogo a manuseia e provoca o disparo, matando alguém. O QUE É NEGLIGÊNCIA? Decorre da omissão, quando o sujeito causador do dano deixa de observar o dever de cuidado. É um comportamento passivo, ao contrário do que ocorre na imprudência, onde há um fazer sem cautela, insensato. Em resumo, essa divisão dos conceitos é meramente didática, pois frequentemente, a pessoa que comete um desses três atos, comete uma segunda junto. Então assim, a negligência é você fazer menos, deixar de observar o mínimo, a exemplo que uma aluna trouxe, ao trazer uma arma de fogo para dentro de casa, guardar em uma gaveta e não trancar o local, permitindo um fácil acesso. Por tanto, é o mínimo dever de cuidado, é você colocar uma tranca, escondida, em um lugar de difícil acesso. Outro exemplo é deixar o remédio, produtos de limpeza, em casa ao alcance de crianças e animais, que podem ingerir, passar mal e vir a óbito. Isso é negligência, não fazer nem mesmo o mínimo, é fazer pouco, fazer menos do que deveria ter feito. A conduta negligente é uma conduta de falta, uma conduta de omissão, de pobreza e esvaziamento. Já a imprudência é fazer demais, é andar na velocidade de 150km/h na paralela, assumindo um risco, é aquela coisa “eu me garanto, assumo o risco, ninguém consegue mais eu consigo” só que o risco quem corre é o paciente e não você. A imprudência é exorbitar, fazer demais, ir além. A imperícia, algumas pessoas acham que é impossível, mas vejamos, todo médico é perito em medicina, pode praticar a medicina inteira, mas o professor discorda, pois tem algumas especialidades que são muito terminais e se você não fez residência ou não fez cirurgias daquele tipo, assistido por um preceptor antes de começar a fazer sozinho, você não tem como comprovar uma curva de aprendizado, então realmente você está fazendo errado. O estelionato é uma questão jurídica, não é usado em medicina, você está vendendo uma ilusão para a pessoa, você diz que vai fazer algo mas você não é (?? Ficou meio confuso). Em tese, você estaria correta, mas na prática do professor, isso não tem sido visto, o médico não tem sido acusado desse tipo de crime, responder pelo 171. Geralmente, na prática, as pessoas não buscam o direito penal, não buscam a tipificação como crime, os pacientes estão interessados em processar o médico no civil, pois nessa área é possível ganhar indenização, dinheiro e no penal você só ganha prisão e a pessoa na prisão não lhe serve pra nada, o indivíduo vai preferir que o médico esteja livre pra trabalhar e pagar sua indenização, digamos assim. Então, o professor tem visto uma tendência maior dos pacientes não processarem os médicos no CREMEB pois as punições são de mera reputação, vergonha e também não estão processando no crime, pois não resolveria para eles se o médico estivesse preso, portanto eles tem procurado mais a esfera civil para indenização pecuniária. 5 Beatriz Machado de Almeida Deontologiae Ética médica – Aula 7 Imperícia também é você fazer o que não tem conhecimento e não está apto para exercitar aquela área. Só que a questão de estar apto é uma das escolas do pensamento, não estar apto é não estar formado em medicina, não estar registrado no conselho, isso seria o charlatão, o exercício ilegal da medicina. Mas você tem a pessoa que está apta do ponto de vista documental, pois ele é um médico formado com registro no conselho, lembrando que se você, usando o exemplo de Marina, se você é um ortopedista e cuida do coração, no caso dele cuidar do coração e acertar, ele não fez nada errado, o ortopedista pode exercer a cardiologia, desde que ele acerte e não cause danos ao paciente, e na hora que ele causar danos, haverá grandes argumentos contra ele, pois ele não tem como comprovar que se habilitou, domina aquela especialidade. A questão da negligência é quando você não observa um dever de cuidado, você faz a cirurgia sem pedir um pré operatório mínimo, dá um remédio sem perguntar se a pessoa tem alergia ou já tomou alguma vez na vida. Pergunta: E um paciente internado sem prescrever? Resposta: Ele é seu paciente? Você só vai ser negligência se ele for seu paciente. Se ele não é seu paciente, não era você que tinha que prescrever. Mas de fato, fazer a prescrição e evolução TODOS os dias é o MÍNIMO, se o paciente está no hospital há 24h e ninguém foi lá prescrever nada, essa conduta é negligência de alguém. Então é isso gente, o artigo 1, o mais importante, causar dano ao paciente por ação ou omissão. Depois vem o artigo 2, delegar a outros profissionais atos ou atribuições exclusivas da profissão médica, então é quando você tá ajudando outra pessoa a exercer a medicina sem ser médico, exemplo: deixar umas folhas em brando assinadas e carimbadas pra outra pessoa, um enfermeiro, amigo poder evoluir e prescrever, delegando o ato médico para quem não é médico. O artigo 3, deixar de assumir a responsabilidade, deixar a bomba na mão de outra pessoa. O artigo 4, deixar de assumir a responsabilidade por ato que você praticou mesmo quando foi o paciente que tomou a iniciativa. Assumir a responsabilidade por um ato que você não praticou, por exemplo, tem cirurgião que coloca o nome do colega na guia como primeira ajuda, você está operando sozinho mas eu boto o nome de fulano como primeiro ajudante, para no momento da fatura, ele receber honorários e nem estava no centro cirúrgico. Atribuir seu sucesso a terceiros, exemplo, foi você que fez mas a culpa é de outra pessoa. Deixar de atender em setor de urgência emergência, exemplo, você está escalado no plantão e você não comparece, desguarneceu o plantão e não é por conta de atestado, foi atropelado, abdome agudo, é porque você faltou mesmo, não estava afim e isso não pode. Afastar de suas atividades profissionais no artigo 8, isso aí é quando você não vai prescrever seu paciente internado, abandona e não manda nenhum substituto. Para o plantão, nós temos o artigo 9, você sair do plantão antes do plantão acabar antes de chegar o colega para te render. Parágrafo único. Na ausência de médico plantonista substituto, a direção técnica do estabelecimento de saúde deve providenciar a substituição. Então você não pode sair do plantão na hora que ele acaba se não chegar alguém para te tirar, substituir. E quando tem um furo na escala é a direção técnica que tem que providenciar a substituição ou então é o próprio diretor técnico que tem que ir lá. Então não dá pra o diretor técnico dizer que “há não tem ninguém na terça a noite, vamos deixar pra lá” arranje quem vá ou então ele mesmo tem que ir. Ele mesmo tem que garantir que a escala não tenha furos se não ele mesmo vai ter que comparecer para tampar os furos. Artigo 10 Acumpliciar-se com os que exercem ilegalmente a Medicina ou com profissionais ou instituições médicas nas quais se pratiquem atos ilícito, então pensem no médico que pega um estudante de medicina e deixando o estudante atender com o carimbo dele, por tanto o médico está se acumpliciando com o exercício ilegal da medicina. Art. 11. Receitar, atestar ou emitir laudos de forma secreta ou ilegível, sem a devida identificação de seu número de registro no Conselho Regional de Medicina da sua jurisdição, bem como assinar em branco folhas de receituários, atestados, laudos ou quaisquer outros documentos médicos. Você também não pode receitar, atestar, emitir laudos de forma secreta ou 6 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – Aula 7 ilegível, nem a própria pessoa consegue decifrar o que está escrito. Temos os outros artigos, eu não vou ler todos para vocês. Temos a questão de colaborar com o exercício ilegal da medicina para quem não é médico, largar o paciente, causar dano ao paciente, escrever com letra ilegível, então o código de ética médica é uma ótima resolução que fala sobre tudo. Eu vou colocar pra vocês no blackboard no pós-aula para você darem uma lida, obviamente. São 117 artigos no código de ética médica, não quer dizer que todos eles vão cair na prova. Em uma próxima aula eu vou falar sobre publicidade médica, que vai do artigo 111 ao 117, vocês vão ler uma resolução específica sobre o assunto que é o manual de publicidade médica do conselho federal de medicina, redes sociais, postagens no Instagram, então pra essa prova de agora, eu não vou precisar disso, vocês não vão ler o capítulo de publicidade. Também vamos ter uma aula de documentos médicos no capítulo 10, um pouco diferente de medicina legal, vai do artigo 80 até o 91, mais pra frente. Eu não quero que vocês estudem todo o código de ética médica, mas folheiem e entendam a estrutura, entendam o que cada capítulo aborda pra poderem ter essa compreensão. Agora para finalizar a aula, eu gostaria de mostrar para você o último tipo de norma que é o parecer, onde tem as resoluções e os pareceres, então eu utilizei o código de ética médica como um exemplo de resolução. Resolução quer dizer que obriga, que você tem que seguir, independentemente de sua opinião. O parecer é diferente, ele é uma opinião abalizada, temos um exemplo abaixo (segunda imagem), o cremeb fez um parecer em 2017 que foi aprovado no dia 20/06/2017, na qual o professor foi o relator, ele escreveu o parecer que foi submetido a votação pela plenária, deixando de ser do professor para ser um parecer do cremeb. E o que o parecer diz: que não é nada demais o médico do trabalho checar, itens formais de documentos do PCMSO (programa de controle médico de saúde ocupacional), e o médico do trabalho pode pegar dados desses documentos, exemplo o ASO do exame admissional, o ASO do exame periódico, o laudo técnico de condições ambientais de trabalho e registrar no sistema informatizado. Prosseguindo, por que isso? Vejamos... 6 médicos consulentes (quem faz a consulta) perguntaram se era ético os médicos de uma empresa pública ter que conferir, validar e registrar em prontuário a ficha clínica, os resultados dos exames se as vias do ASO realizados por médicos terceirizados. Olha que coisa interessante, um órgão público, uma empresa pública, tem os seus médicos do trabalho, mas essa empresa terceiriza para uma clínica privada realizar os exames então quem examina o trabalhador são os médicos da clínica privada, fazem o ASO, relatório e isso vai para a empresa pública, ai o médico da empresa pública que não examinou o paciente, pode colocar os dados no sistema informatizado? Pode, e não é uma questão de opinião, iremos olhar lá na CLT, na portaria do ministério do trabalho, normas regulamentadoras, plano de carreiras, cargos e salários da empresa pública e olha a NR7 para saber o que compete ao médico e o coordenador do PCMSO, olha o código de ética médica e diz que você não pode assumira responsabilidade por ato que você não praticou mas que nesse caso é apenas uma validação formal, você não está assumindo que o ato médico é seu, você está fazendo nos termos que foi descrito, mas é muito pouco eficiente desperdiçar horas de trabalho de profissionais com escolaridade superior apenas para checklist mecânico de formalidades e digitação de dados em sistema computacional sem análise de mérito do conteúdo técnico dos documentos manuseados. Não precisa, mas isso não é proibido. Isso é uma decisão da empresa, os conselhos de medicina não têm que fazer juízo de valor sobre a interpretação de normas trabalhistas e nem se isso é pertinente ou não aos superiores hierárquicos. Em resumo, a empresa pode validar as informações, será apenas uma checagem formal e eles podem inserir isso no sistema informatizado, uma mera transcrição, deixando claro que quem fez foi o médico fulano e você está só validando o documento. Um outro exemplo que eu trago para vocês é sobre o parecer do DIU (dispositivo intra uterino), uma outra médica ia fazer o primeiro parecer e o professor discordou e pediu “vistas” então ele se tornou o relator de vistas e o parecer dele foi o vencedor. Explicando melhor, uma médica, ginecologista vai 7 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – Aula 7 colocar o DIU em uma paciente, só que no dia, ela gastou o tempo da consulta, tinha um sinequia no colo do útero, ela não conseguiu dilatar, a paciente sentiu dor e foi cancelado o procedimento, ela não imprudente, ela foi cuidadosa e marcou o procedimento em um centro cirúrgico. A pergunta é: eu posso cobrar por um procedimento que não foi realizado? E o professor fez um parecer confirmando que pode ser cobrado, pois veja, foi gasto o tempo, usou o material de antissepsia, gastou-se mais tempo do que se desse certo. Por tanto, o professor está defendendo no parecer que isso seria vincular a atuação do médico ao resultado, pois a obrigação que o médico assume é de meios, não se vinculando os seus esforços profissionais ao fim de conseguir inserção do DIU, mas ao emprego dos meios disponíveis para tanto. Então se ele conseguiu resultado ou não, não importa, ele usou todos os meios a disposição para inserir o DIU. Por uma variação anatômica da paciente não deu certo e por isso ele não ganha? Se ele está tentando inserir fizer um falso trajeto, a paciente pode processar o médico, vai gastar dinheiro indenizando. Em resumo, é ético cobrar pela primeira tentativa que não teve sucesso e tornar a cobrar pelo segundo procedimento e os conselheiros concordaram com o professor. Então o parecer é uma opinião abalizada, ele não é obrigatório, ele não vincula, por isso que o parecer muitas vezes diz que o médico pode, mas não diz que ele deve. Vejam os dois casos, um dizendo que o médico pode colocar no sistema informatizado as informações do documento do colega e outro caso dizendo que ele pode cobrar pelo DIU que ele não teve sucesso inserir. O parecer é opinativo, facultado.
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