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1 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – Aula 11 CASO CLÍNICO • Paciente, 66 anos, masculino, admitido com hemiplegia à direita, afásico, sonolento há 1 hora; • Comorbidades: HAS, DM; • FC 88, FR 20, TA 170x110; • Pupilas isocóricas e fotorreagentes. Em todo paciente com hemiplegia e/ou afasia, é preciso fazer o diagnóstico diferencial para AVC. O AVC pode não ser sempre tromboembólico, mas diante de um déficit motor agudo, temos que suspeitar de AVC. O déficit motor quando é insidioso, abre um leque muito grande de outros diagnósticos diferenciais, mas no AVC, o déficit motor é agudo. O paciente estava bem, eu consigo pontuar uma faixa de horário em que o paciente começou a apresentar os sintomas. Não necessariamente o paciente precisa estar hipertenso ou hipotenso, ele pode estar simplesmente normotenso para ocorrer o AVC. E tem diversas possibilidades para isso. • Provável diagnóstico: AVC. Esquecer em relação ao quadro clínico do paciente ser isquêmico ou hemorrágico, não vai mudar em nada a conduta. Para saber se o paciente tem AVC isquêmico ou hemorrágico, é preciso tomografia de crânio. Antes de 2018, era assim: quando vier junto com cefaleia, tem mais associação com hemorrágico. Ter maior associação ou não, não vai mudar nem medicação, muito menos trombólise, nem outra medicação, até porque não vai estar liberado o uso de AAS quando fizer a tomografia, por exemplo. Então o provável diagnóstico é AVC, e a principal coisa do AVC, antes mesmo da trombólise, é o alvo pressórico. Então quando o paciente chega com suspeita de AVC, a gente vai comparar o AVC isquêmico com ou sem trombólise e o AVC hemorrágico com GLASGOW ≤ 8. Então, nos primeiros minutos de um paciente com suspeita de AVC, a principal coisa é o controle pressórico. Segunda coisa é a realização de tomografia e a terceira coisa é a perspectiva de trombólise ou não. Essa sequência não pode demorar. tendo que acontecer nos primeiros minutos da chegada do paciente à emergência. EXAMES • Hemograma completo com coagulação; • Eletrólitos: ❖ Sódio, principalmente. Se for um AVC grande, é preciso que o sódio do paciente esteja lá pra cima, no limite superior, para proteger o cérebro de edema; ❖ Potássio: o potássio não lesiona diretamente o cérebro, mas dá arritmia e ela pode soltar um trombo para o cérebro causando um evento tromboembólico; ❖ Magnésio: diminui o limiar de crise convulsiva. Então temos que deixar o magnésio no nível normal. Um paciente com AVC que tem intercorrência com crise convulsiva, tem sua mortalidade multiplicada por três; ❖ Cálcio: para poder fazer diagnóstico diferencial com estados catatônicos. • Gasometria arterial com lactato: para todo e qualquer paciente grave ou potencialmente grave; • Função renal; • Função e enzimas hepáticas; • Glicemia sérica (HGT); • ECG: no mesmo potencial do potássio, para identificar possíveis arritmias, e também para descartar AVC tromboembólico de origem cardíaca; • Toxicologia, dosagem de anticonvulsivantes, hormônios; • TAC de crânio: exame modificador de conduta: OBS.: A função da tomografia de crânio em um paciente neurocrítico não é dar diagnóstico de AVC hemorrágico. É descartar qualquer evento hemorrágico. Esse é o objetivo da tomografia logo na admissão desses pacientes. Diante de um paciente com AVC, os exames são os mesmos para crise convulsiva. Todo e qualquer paciente com afecção neurológica, os exames de AVE Isquêmico 2 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – Aula 11 investigação são os mesmos. Porque assim como na síndrome coronariana aguda, infarto, existe o infarto tipo I, II, III e agora o tipo IV. O tipo II, que é por hipofluxo, o AVC também tem. Existe o AVC isquêmico tipo II que é por hipofluxo. O paciente tem uma obstrução de 80, 90% e como reduz o fluxo sanguíneo cerebral, por qualquer motivo (choque, hipotensão mesmo que transitória), esses 80-90% acaba virando 100%. Então precisa saber se teve alguma infecção, se teve alguma anemia grave (como a falciforme) ou então a policitemia, em casos de paciente com DPOC, em que aumenta a viscosidade sanguínea. E a coagulação também, independente do paciente fazer uso de medicação prévia ou não, a gente pode ter algum distúrbio de coagulação. Ginkgo biloba, que pessoas utilizam para memória, como fitoterápico, faz distúrbio de coagulação tipo o AAS. Inclusive quando o paciente é submetido a uma cirurgia, é suspendido o Ginkgo biloba 7 dias antes. Nessa tomografia observa-se a ausência de sangramento, mas a presença de calcificação (pontos brancos). Como diferenciar sangue de calcificação? A calcificação é bem delimitada. O sangue, por ser móvel e decantar com a gravidade, pensar como se fosse uma areia em um copo de água. Eu posso até misturar, mas com o tempo, ela decanta no fundo. Então ele assumiria essa forma no fundo, como se fosse uma areia decantando no líquido. Mas o mais importante de se observar nessa tomografia é que não tem lesões hemorrágicas. Podemos dizer que essa imagem corresponde a um AVC isquêmico? Não. O paciente tem o diagnóstico clínico de AVC isquêmico, mas não tem o diagnóstico tomográfico de AVC. Então a tomografia acima é dita como normal. Diante de um paciente com déficit motor agudo, mas uma tomografia normal, temos o diagnóstico de AVC isquêmico até que se prove o contrário. OBS.: Pode ser AVC ou AVE. Desde 2011, pelo consenso, eles queriam colocar de forma traduzida: acidente vascular encefálico. Mas também está correto acidente vascular cerebral. AVE • Perda rápida de função neurológica, decorrente de isquemia ou hemorragia de vasos cerebrais; • Início súbito + hemiplegia/paresia parcial ou total + dificuldade na fala ou articulação das palavras + déficit visual súbito de uma parte do campo visual (hemianopsia): Lembrar que enxaqueca também pode dar hemianopsia. • Pode ainda evoluir com coma e outros sinais. AVE ISQUÊMICO • Mais comum – 80%; • Falta de fluxo sanguíneo cerebral: ❖ Sofrimento do parênquima do sistema nervoso (obstrução: edema, tumor, dentre outros); • Queda no fluxo sanguíneo pode ser decorrente: ❖ Obstrução arterial: Trombo ou êmbolo; ❖ Pressão de perfusão baixa: Estado de choque; ❖ Obstrução na drenagem do sangue venoso: Trombose venosa, causando dificuldade de entrada do sangue arterial no cérebro; • Primeiros momentos: ❖ Não há morte celular; ❖ Tempo – espera até 4h30. Os pacientes que conseguem fazer o trombolítico em até 3 horas têm o prognóstico extremamente melhor. Em alguns pacientes, pode esperar até 6 horas para fazer o trombolítico. Só que a trombólise não é venosa, é arterial (mais difícil de fazer). Resumo: a trombólise venosa é até 4 horas e meia, mas, em alguns pacientes, é possível fazer trombólise arterial em até 6 horas. O que define a escolha entre trombólise venosa ou arterial é o tipo de vaso cerebral acometido, tamanho do trombo, risco de sangramento e a possibilidade de acompanhamento fisioterápico; • Pode ser reversível: 3 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – Aula 11 ❖ Espontâneo – AIT (AVC isquêmico transitório): pode se resolver em até 24 h. OBS: o trombolítico para o AVC “verdadeiro” tem que ser feito em 4:30h. então, algumas vezes acaba trombolisando o AIT. ❖ Definitivo – farmacológico. TC DE CRÂNIO • Exame modificador de conduta; • Crucial; • FUNÇÃO NOS PRIMEIROS MOMENTOS EM SUSPEITA FORTE DE AVC → AFASTAR TODO E QUALQUER EVENTO HEMORRÁGICO. Sempre eu comparo os dois lados do cérebro e comparo no mesmo hemisfério vários níveis. Na imagem, existe uma área acinzentada de hipodensidade correspondendo a artéria cerebral média. O AVC isquêmico habitualmente, quase sempre, não aparece nas primeiras horas, por exemplo:paciente que há duas horas apresentou déficit motor e solicitou uma TC e visualiza-se uma área de isquemia deve-se investigar melhor para saber se realmente foi há duas horas, perguntar o que esse paciente estava fazendo antes desse tempo, pois a imagem (hipodensa) aparece no decorrer do tempo, em torno de 18 a 36 horas, podendo ir até 48 horas para aparecer a imagem. DEFINE TROMBÓLISE/CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ❖ Pacientes >18 anos e < 80 anos: Abaixo de 18 e acima de 80 não existem trabalhos que comprovem eficácia. ❖ Diagnóstico clínico de AVEi: ou seja, inclui tomografia normal. ❖ Déficit neurológico de intensidade significativa: pode utilizar a escala de Cincinnati, porém não é utilizada para trombólise e sim para ambiente pré-hospitalar. No ambiente intra-hospitalar é o NIH. ❖ Tempo de ictus < 4,5h (até 6h? – 3?). ❖ TAC de crânio sem evidências de hemorragia. ❖ TA < 185x110: é preciso abaixar a pressão. A tomografia de crânio que define a trombólise. É necessário gravar os critérios de inclusão acima. Tudo que for de evento hemorrágico recente, seja no cérebro ou fora dele, ou que favoreça a hemorragia (exemplo: colher exames de laboratório), deve-se incluir nos critérios de exclusão. ESCALA NIH 4 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – Aula 11 Antes de trombolizar o paciente, na sua admissão deve-se fazer a escala NIH que vai te dar uma pontuação e nas próximas 24h, de hora em hora, deve-se realizá-la novamente, pois se o paciente está melhorando ou piorando a estratégia utilizada deve ser mantida ou reanalisada. Toda e qualquer doença crítica existe uma escala, a do AVC é o NIH. Redução do NIH → paciente melhorando. Aumento do NIH → paciente piorando. Avalia-se: nível de consciência (não é Glasgow), orientação (idade e mês), comandos (abrir e fechar os olhos e soltar e apertar as mãos), motricidade ocular (voluntária ou olhos de boneca), campos visuais, paresia facial, motor membro superior (analisando direito e esquerdo), motor membro inferior (analisando direito e esquerdo), ataxia apendicular, sensibilidade dolorosa, linguagem, disartria, extinção/negligência O déficit neurológico de intensidade significativa é um NIH entre 4 e 22, que são os pacientes que serão trombolisados. Acima de 22 não trombolisa, sem nenhuma exceção. Porém, entre 4 e 22 há UMA EXCEÇÃO, que NÃO iremos trombolisar, se for AVC de tronco, pois quando trombolisa cria um pouco de edema, e devemos lembrar que a ponte, o tronco e o bulbo têm uma circunferência muito menor do que cérebro em si, portanto, se edemaciar é um risco de herniação e edema cerebral por não fazer o fluxo adequado, mudando assim o motivo do avc, tirando a isquemia por trombo para uma isquemia por edema (baixo fluxo). Outra exceção é um NIH < 4 com afasia que deve trombolisar. O NIH é também uma escala para guiar a conduta do paciente. Normalmente, um AVCi de ponte, tronco e bulbo apresentam um NIH maior que 22. TROMBÓLISE • Rt-PA (Alteplase): a trombólise é com o trombolítico que tivermos a mão. Pelo consenso é o Alteplase. ❖ 0,9mg/kg – máx 90mg. ❖ 10% da dose em bolus (em 1 min). ❖ Não utilizar antiagregante ou anticoagulante nas primeiras 24h. • Quem não vai usar o rt-PA: ❖ Preencheu algum critério de exclusão. ❖ Lesão hemorrágica. ❖ Não tem medicação. ❖ Não fez TAC: lembrar que a não realização da tomografia impede o uso do trombolítico. MEDIDAS – AVEI SUPORTE CLÍNICO: ❖ Garantir o ABCD: em qualquer paciente crítico, é necessário fazer monitorização cardíaca contínua, oximetria de pulso, PAM invasiva, sondagem vesical (avaliação do débito urinário). Lembrar que NIH>4 é critério para ir para UTI. ❖ Hidratação/Euvolemia. Supondo que optamos por trombolisar um paciente, não precisa passar acesso central, exceto em alguns casos, por exemplo: paciente com IOT, em uso de droga vasoativa → pega o acesso central o quanto antes, faz compressão, e normalmente é na femoral, espera um momento para trombolisar o paciente. A sondagem vesical, bem como a nasoenteral é antes de trombolisar, pois se esperar trombolisar tem que esperar 24 horas para iniciar esses procedimentos. ❖ Corrigir glicemia e hipertermia: paciente neurocrítico não pode fazer febre, pois é resposta inflamatória e gera um hipermetabolismo (aumento da temperatura → aumento do fluxo sanguíneo → aumento do edema). ❖ Avaliar jejum oral nas primeiras 24h (VSNE) no paciente NIH >4. Se achar necessário, sempre indicar uma dieta via oral assistida para evitar problemas com broncoaspiração. ❖ Profilaxia TVP e LAMG: não se pode usar heparina nas primeiras 24 horas em pacientes trombolisados. Se não trombolisou, é para todos, pois o paciente ficará mais de 8 horas acamado fora as horas do sono. Profilaxia de LAMG (lesão aguda de mucosa gástrica) é a úlcera de estresse. ❖ Fisioterapia. ❖ Alvo pressórico: principal. 5 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – Aula 11 O alvo pressórico é sempre avaliado para não dar sangue de menos e nem sangue de mais para esse cérebro. Por esse motivo existe um intervalo de alvo pressórico. Nesse gráfico podemos inferir que não se pode deixar a PA nem muito alta nem muito baixa, porém, se for preciso escolher entre PA baixa ou alta, é de escolha a elevada, pois a mortalidade é menor, ou seja, a mortalidade em pacientes com a pressão baixa é maior do que em pacientes com a pressão alta. Existem alguns pacientes que, por exemplo, estão com a PAS de 130 e iremos usar noradrenalina. O que precisamos saber é que a pressão baixa (120/140) a mortalidade é maior do que em pacientes hipertensos. Essa faixa pressórica é o ideal para 95% dos pacientes, ou seja, 5% da população mundial não se encaixa nesse gráfico, e é aí que entra o papel do intensivista, para poder identificar qual é o alvo pressórico para esses pacientes. Existe uma faixa que vai reduzir a mortalidade desses pacientes. ALVO PRESSÓRICO – AVC ISQUÊMICO SEM TROMBÓLISE: • Vaso ainda está total ou parcialmente ocluído. • Prioridade: manter perfusão. Exemplo: quando se tem um cano obstruído em casa, ou joga um produto químico (no caso do vaso – o trombolítico) ou passa um arame (no caso do vaso – a hemodinâmica) ou coloca pressão. Então, se não é colocado o produto químico, porque tem contraindicação, se não vai passar o arame porque não tem como fazer agora, o que sobra é a pressão, aumentando-a o máximo possível para fazer com que o que está entupindo saia. • TA sistólica: 220 mmHg. • TA diastólica: 110 (105 – 120) mmHg. Acima desse valor não tem trabalho adequado, além de que aumenta o risco de sangramento, e se o paciente sangrar, fica muito mais fácil atingir o alvo do AVCh. • Caso seja necessário tratar a TA: ❖ Evitar reduções > 15% nas primeiras 24h. Se reduzir mais que isso (o paciente está acostumado com a PA alta), pode fazer AVC tipo III, levando à isquemia mesentérica (ou angina mesentérica), piora da função renal em 2-3 dias. Não adianta evitar que o paciente tenha uma hemorragia se ele sai dialítico, infartado ou com cirurgia para retirada de parte do intestino. O paciente que se pode reduzir > 15% nas primeiras 24h é aquele com lesão de órgão alvo, por exemplo, aquele que se encontra com PA de 320x180 mmHg, fez um sangramento, não teve tempo de reduzir de forma adequada, porque se não o paciente vai morrer. Então pesa-se risco e benefício (descrever no prontuário). 15% de uma sistólica de 220 vai dar 34 mmHg que dá quase próximo do alvo do AVCh. O alvo do AVCi sem trombólise é maior porque é mais difícil de fazer AVCh, mas quando é feita trombólise, o alvo é menor. ❖ Usar drogas de ação rápida e meia vida curta. 1. Nada de captopril SL ou qualquer outro IECA: o pico de ação e a biodisponibilidadedo SL é a mesma do oral (captopril), com um adendo, pois em 15% da população, o captopril SL dá isquemia de língua. 2. Labetalol – recomendado – 1º linha (betabloqueador - droga de escolha no consenso): não faz edema cerebral, aumento de fluxo sanguíneo cerebral. Além disso, a meia vida é curta (se o paciente começar a complicar, desliga o labetalol e o efeito acaba em 2 minutos). Não existe no Brasil (se tiver em algum hospital é porque foi importando do mercado americano sem o consentimento da ANVISA e da ANS). 3. Esmolol – aceitável: meia vida curta, mas não tanto quanto o labetalol. Nem todo hospital tem. 4. Nitroprussiato de sódio não usa em 1º linha: Não usa vasodilatador porque ele aumenta o fluxo das meninges (que é hipervascularizada), e no início da década de 90 dizia que ao fazer 6 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – Aula 11 vasodilatador, ele aumenta o fluxo sanguíneo cerebral. Nesses pacientes não é adequado aumentar esse fluxo (pelo menos não na maior parte deles), então o NIPRID não era muito adequado. No entanto, não teve nenhum estudo falando que o nitroprussiato apresenta essa possibilidade, mas se for considerar essa droga do ponto de vista farmacodinâmico e farmacocinético o nitroprussiato de sódio pode fazer aumento de fluxo na meninge por conta do Niprid estar com uma dose muito alta, e não espera-se que essa dose chegue a ser tão alta, até porque esses pacientes com este descontrole pressórico acabam indo para o centro cirúrgico em algum momento. Inclusive, no último consenso este medicamento está liberado como segunda ou terceira linha (coloca niprid e esmolol na segunda linha) de tratamento. O problema da clonidina é que, primeiro, sua meia vida não é curta, o pico de ação é curto, mas ela se mantém por algumas horas. Então se ela for desligada, vai demorar de passar (entre 4 – 6h) e o efeito rebote, sendo este último o grande problema da clonidina. ALVO PRESSÓRICO – AVC ISQUÊMICO COM TROMBÓLISE: • Há um risco de transformação hemorrágica. • Recomendação: manter TAS < 180/185 mmHg e TAD < 105/110 mmHg. • Preferir drogas parenterais de meia vida curta. • Estudos mostram que reduzir a TA > 10/15% e/ou TA média < 85 mmHg e/ou PAS < 140 mmHg estão associadas com pior prognóstico. Nesse paciente existe um risco de transformação hemorrágica maior do que no AVCi, então por isso há recomendação de manter os níveis pressóricos nos valores citados acima. Se quiser reduzir 15% desse valor, para atingir 150 – 160 da sistólica é muito mais fácil, pois não vai causar lesão em outros órgãos do paciente. MEDIDAS – AVEI • Heparina profilática: no paciente que foi feita trombólise, espera 24h, e no paciente que não foi feita trombólise, administra de imediato. • AAS e/ou clopidogrel – 24h após fibrinólise. O AAS usa para todos os pacientes, e para alguns pacientes usa AAS + Clopidogrel. Exemplo, aquele paciente que já usa AAS por algum motivo e faz um AVC já em uso do AAS de maneira correta. Então, o AAS sozinho não sustenta esse paciente, sendo necessário usar então AAS + Clopidogrel (clop não deve ser usado nos pacientes > 75 anos pelo risco de sangramento). ❖ Estudo POINT – dose de ataque dos dois. 1. AIT/AVC minor (NIH < 4 sem afasia – exceto fossa posterior). Recentemente, faz uso do AAS + Clopidogrel nos pacientes que tem ataque isquêmico transitório (AIT) porque o paciente que tem AIT tem 5x mais chance de ter um evento isquêmico, um AVCi; também usa no paciente com AVC minor, que é aquele paciente com NIH < 4 sem afasia – exceto fossa posterior. 2. Uso anterior. • Não anticoagular. Não existe anticoagulação para AVC. Exemplo: o paciente tem FA, um trombo, ou qualquer outra coisa, anticoagula esse paciente, mas não vai ser pelo AVC. • Vigilância neurológica. ❖ Convulsões/edema cerebral se intenso/transformação hemorrágica. É importante fazer a vigilância neurológica desse paciente, devido ao risco de crise convulsiva, edema cerebral, que vai ser visto antes de se manifestar clinicamente pela tomografia (o mesmo se aplica para transformação hemorrágica). Por exemplo, se o paciente chega, e é feita a tomografia, a próxima tomografia de controle deve ser feita 48h depois. 7 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – Aula 11 Se a TC tivesse assim, não seria feito nada, pois esse paciente está com uma lesão hemorrágica, devendo ser tratado como qualquer AVCh. Qualquer lesão hemorrágica contraindica fibrinólise. Além disso, vai contraindicar o AAS e a heparina. O paciente com AVCh vai ficar acamado, pois o risco de trombose de membro inferior e de membro superior é alto. O que deve ser feito para reduzir o risco de trombose é o uso de meia compressiva, CPI e fisioterapia. Depois de 48h repete essa tomografia, e caso essa imagem de sangramento reduzir, está liberado o uso de profilaxia, e ao contrário, numa hemorragia subaracnoide, só pode liberar profilaxia se for feito o clampeamento do aneurisma, que pode demorar meses. Essa redução é de qualquer valor, no entanto, se manteve ou aumentou, não faz. • AVCi: ocorre uma obstrução ao fluxo sanguíneo. • AVCh: ocorre o extravasamento do sangue para fora do vaso. No AVCi, a imagem é hipodensa, enquanto que no AVCh a imagem é hiperdensa. Na imagem da esquerda, o vaso está túrgido (linha mais hiperdensa), não está chegando sangue, provavelmente tem algum trombo ocluindo, deixando esse vaso congesto, e esse paciente precisa ir para o centro cirúrgico para fazer a craniotomia descompressiva. A trombose está atingindo a artéria cerebral média e boa parte da artéria posterior (?) Às vezes a imagem pode sair esverdeada, mas isso depende da qualidade de cada tomógrafo. Observa- se na imagem esquerda uma imagem hipodensa na porção anterior da artéria cerebral média esquerda, e a direita, uma imagem hiperdensa, de um AVCh. AVCh é quando tem extravasamento de sangue no parênquima cerebral, e o grau de hemorragia é na subaracnoide, que tem extravasamento do sangue com rompimento aneurismático no espaço subaracnóide. Quando for colocado para a prova qualquer imagem tomográfica, vai estar de forma clara. Então para hemorragia subaracnoide a imagem vai ser a da esquerda (pode ser chamada de estrela do mar, aranha ... ). IMAGEM DE PROVA!!! 8 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – Aula 11 Nesse paciente não se sabe se ele fez primeiro AVCi e depois fez AVCh (transformação hemorrágica), ou se ele fez transformação hemorrágica e essa lesão hemorrágica está expandindo, fazendo uma lesão isquêmica ao redor. Inclusive esse paciente tem indicação de centro cirúrgico para fazer craniotomia descompressiva. (Passou várias outras imagens – não explicou essa). • Paciente com AVCi sem trombólise → alvo da PAS < 220 e a PAD < 120. • AVCi com trombólise → alvo da PAS < 180/185 e da PAD < 105/110. • No AVCh, de Glasgow >8, o alvo é 160x110. • Se tiver < 8 → o paciente precisa ir para o centro cirúrgico, colocar um cateter de PIC, e de acordo com a pressão intracraniana diz-se qual é o alvo pressórico desse paciente, que pode ser 160, mas às vezes pode ser 240x140. CONSIDERAÇÕES • Dieta: ❖ NIH < 4. ❖ Afasia (ficar atento a pacientes com afasia). Se achar que o paciente tem condições de dieta oral, colocar dieta oral branda assistida. • Controle glicêmico: ❖ HGT > 400 é igual a insulinoterapia venosa (mede a glicemia de hora em hora). ❖ Entre 180 e 400 é possível usar a insulina NPH subcutânea com regular de resgate. Se tiver hipoglicemia, corrigir. Por exemplo, se esse paciente vier da rua, é feito glicose com tiamina, pois não se sabe o status prévio desse paciente, então ele entra no protocolo de hipoglicemia na emergência. No entanto, seessa glicemia for feita dentro do hospital, não precisa de tiamina. • Fisioterapia: sempre. • Profilaxias: já foi discutido.
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