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As independências dos países da América espanhola podem ser compreendidas como parte de um processo revolucionário muito mais amplo. Portanto, seu entendimento deve passar primeiro pela compreensão das estruturas políticas, econômicas, culturais e sociais que envolvem a história do continente e pelos acontecimentos que motivam os movimentos emancipacionistas. Bolívar e San Martín foram lideranças capazes de direcionar as insatisfações generalizadas rumo a um objetivo, no caso as emancipações, que, por sua vez, não solucionaram os problemas coloniais. As estruturas socioeconômicas se mantiveram, e a própria dinâmica política interna fez daquelas novas repúblicas palcos de constantes golpes de Estado que caracterizaram a contínua instabilidade do século XIX. Portanto, para a América Latina, o século XIX foi um período de grandes mudanças, que, entre- tanto, não significaram o início de um tempo de estabilidade na história do continente. PARA CONCLUIR PRATICANDO O APRENDIZADO 1 Identifique os principais fatores que motivaram o desejo emancipatório das elites criollas na América espanhola. Entre os fatores podemos citar a estrutura social e administrativa, cujo poder político era limitado aos cabildos. Além disso, a influência de princípios liberais sobre os filhos das elites criollas que muitas vezes terminavam sua formação na Europa e de lá retornavam influenciados por ideias iluministas de liberdade. 2 Apresente os resultados do Congresso do Panamá com relação à implementação dos planos unitaristas de Simón Bolívar. O projeto bolivarista fracassou, uma vez que os países latino-americanos não abraçaram a causa unitarista. Houve apenas promessas de aproximações futuras que nunca se concretizaram efetivamente. 3 Que determinações da Emenda Platt transformaram Cuba em uma espécie de protetorado dos Estados Unidos? O reconhecimento do direito de intervenção estadunidense sobre Cuba, desconsiderando sua soberania e transformando aquela ilha em um país entregue à política intervencionista dos Estados Unidos. 4 Explicite as rupturas e as permanências – políticas, so- ciais ou econômicas – vivenciadas na América Latina após seus processos de independência. Entre as rupturas, a política é a mais explícita, uma vez que a autoridade dos países independentes não mais emanava da vontade espanhola, e sim dos interesses das elites locais, representadas pelos caudilhos. A opção pela república simbolizou o afastamento do passado colonial, durante o qual os países foram administrados pela monarquia. Entre as permanências, a manutenção das estruturas socioeconômicas baseadas no latifúndio e nas atividades agroexportadoras desponta como a mais evidente. Observando o mapa da página anterior e, após pesquisar as diferenças entre os blocos econô- micos representados nele, discuta qual das propostas em questão mais se aproxima dos ideais bolivaristas presentes na Carta da Jamaica (1815) e defendidos no Congresso do Panamá (1826). 210 H IS T Ó R IA M Ó D U LO 1 0 PH_EF2_8ANO_HIS_200a213_CAD2_MOD10_CA.indd 210 12/10/19 15:21 1 Leia o trecho a seguir e responda ao que se pede. Poucas vezes a incapacidade dos governos em conter o curso da história foi demonstrada de forma mais decisiva do que na geração pós-1815. Evitar uma segunda Revolu- ção Francesa, ou ainda a catástrofe pior de uma revolução europeia generalizada tendo como modelo a francesa, foi o objetivo supremo de todas as potências que tinham gasto mais de vinte anos para derrotar a primeira. HOBSBAWM, Eric J. A era das revoluções: 1789-1848. São Paulo/Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2016. p. 179. Essa incapacidade também teve seus desdobramentos no continente americano. Explique de que maneira as Américas teriam sido palco desse “descontrole”, a partir de 1815. Os processos separatistas das Américas foram desdobramentos da conjuntura revolucionária à qual Hobsbawm se refere no trecho acima. Ideais de liberdade fugiram do controle das metrópoles europeias, que muito pouco puderam fazer para evitar as rupturas. 2 Caminhar pelas ruas de Buenos Aires é deparar-se com lugares que trazem lembranças constantes de San Martín, o Libertador. Apresente os ideais políticos dele para a América Latina pós-independências. San Martín acreditava não apenas na libertação dos países americanos, como também simpatizava com a formação de monarquias criollas. Além disso, não acreditava na viabilidade de um projeto unitarista e reconhecia que as profundas diferenças e obstáculos diversos levariam a América Latina independente à fragmentação. 3 Os caudilhos foram líderes importantes nos processos emancipacionistas e também responsáveis pela insta- bilidade política comum aos países de origem hispânica nas Américas. Quais fatores tornavam o caudilhismo responsável por esse cenário de incertezas no conti- nente? O caudilhismo foi responsável por esse cenário porque as disputas pelo poder entre seus representantes dificultaram a construção de projetos de desenvolvimento para o continente. Provocada pela incapacidade de articulação daquela liderança política, a fragmentação da antiga América espanhola se aprofundou. A tudo isso se somou o aspecto autoritário e elitista de suas administrações, que reafirmaram modelos econômicos igualmente elitistas e baseados no latifúndio, impedindo transformações efetivas para grande parte do continente. 4 As independências de Cuba e do Panamá têm uma intercessão que as diferencia dos demais processos separatistas do continente. Identifique esse ponto em comum. Em ambos os casos, as independências foram viabilizadas pela intervenção dos Estados Unidos, que, motivados por interesses imperialistas territoriais, participaram diretamente dos processos de luta contra os países dominantes daqueles territórios. 5 A imagem está representando o famoso encontro entre Simón Bolívar e San Martín em Guaiaquil. Conjecturas são feitas sobre o que foi dito no encontro, mas não passam de suposições. Na ilustração, é representado o encontro entre Bolívar e San Martín em Guaiaquil, no Equador. APLICANDO O CONHECIMENTO A R T C o lle c ti o n /A la m y /L a ti n s to ck 211 H IS T Ó R IA M Ó D U LO 1 0 PH_EF2_8ANO_HIS_200a213_CAD2_MOD10_CA.indd 211 12/10/19 15:21 1 Bolívar não foi um simples líder militar. Foi um dos mais importantes personagens das libertações latino-ameri- canas. Filho da aristocracia, teve sua educação baseada na leitura de clássicos do Iluminismo e da Antiguidade. As independências da Venezuela, da Bolívia, do Peru e do Equador não se basearam somente em vontades e insatisfações, mas tiveram sólidas bases intelectuais e filosóficas. Essa breve biografia de um dos libertadores das Amé- ricas nos permite perceber que: a) sua origem humilde foi o combustível de sua sede por mudanças sociais profundas nas Américas. b) sua formação europeia lhe permitiu o acesso a ideo- logias absolutistas com as quais, ao retornar à Amé- rica, impulsionaria os processos de emancipação. c) sua formação no seio da elite colonial lhe permitiu acesso a uma educação baseada em preceitos libe- rais que inspirariam sua luta pelas independências. d) por pertencer ao grupo dos chapetones, usufruiu privilégios administrativos e sociais que, ao serem suprimidos, motivaram as revoluções americanas. e) por ter origem nobre, ocupou cargos administrativos coloniais de alto escalão, por meio dos quais pôde assumir a liderança pela libertação colonial. 2 O torneio de futebol conhecido como Copa Libertado- res, objeto de desejo de tantas torcidas do continente americano, tem um pouco de história em seu nome. Criada em 1958 com o intuito de reunir os principais times campeões de cada país do continente, é tam- bém uma homenagem às principais lideranças ameri- canas dos processos de independência: GeneralAnto- nio Sucre, da Bolívia, dom Pedro I, do Brasil, Bernardo O’Higgins, do Chile, Simón Bolívar, da Venezuela, José San Martín, da Argentina. Esses são alguns dos nomes que o campeonato reveren- cia a cada edição, mesmo que boa parte dos torcedores envolvidos não saiba disso. O texto anterior elucida as razões para o nome do cam- peonato de futebol mais importante da América Latina. A origem do seu nome nos remete: a) à importante participação estrangeira nos processos de independência latino-americanos. b) ao uso do esporte como estratégia espanhola para a superação dos embates coloniais. c) à total independência entre os processos de liber- tação latino-americanos. d) ao caráter violento que caracterizou todos os pro- cessos emancipacionistas das Américas. e) à construção de uma memória nacional positiva com a lembrança dos líderes libertadores. 3 Sobre o sonho de Bolívar para a América Latina pode- mos dizer que: a) nunca foi alcançado e nada do que propôs chegou perto de se realizar, sendo totalmente fracassado desde 1826. b) apesar da fragmentação política imediata, hoje volta à tona sob nova roupagem, na forma dos blocos econômicos americanos. c) foi nitidamente bem-sucedido, uma vez que a maio- ria dos países latino-americanos optou pelo regime monárquico. d) jamais teve grande adesão, ainda mais diante da disputa feroz contra San Martín pela liderança lati- no-americana. e) sempre fez parte dos planos emancipacionistas dos países latino-americanos que tinham Simón Bolívar como seu único líder. DESENVOLVENDO HABILIDADES Veja, no Manual do Professor, o gabarito comentado das alternativas sinalizadas com asterisco. Depois desse encontro, San Martín retirou-se da vida pública deixando que Bolívar assumisse a liderança la- tino-americana. À frente do exército, ele libertaria a Bolívia e investiria em seus projetos de liberdade. Quais eram os pontos de afastamento entre as ideias e os projetos políticos de Simón Bolívar e San Martín? Enquanto San Martín defendia a inevitabilidade da fragmentação territorial e a opção por monarquias formadas pelas lideranças locais, Simón Bolívar defendia a república e o unitarismo dos países recém-independentes. 212 H IS T Ó R IA M Ó D U LO 1 0 PH_EF2_8ANO_HIS_200a213_CAD2_MOD10_CA.indd 212 12/10/19 15:21 B a n c o d e i m a g e n s /A rq u iv o d a e d it o ra OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO Tró pic o d e C apri córn io Equador Trópic o de C ânce r Golfo do México Mar das Antilhas 50º O Porto Rico (EUA) ESTADOS UNIDOS MÉXICO CUBA GUATEMALA HONDURAS BELIZE JAMAICA HAITI EL SALVADOR COSTA RICA NICARÁGUA PANAMÁ REP. DOMINICANA BAHAMAS Guiana Francesa (FRA) VENEZUELA COLÔMBIA EQUADOR PERU BOLÍVIA BRASIL PARAGUAI URUGUAI CHILE ARGENTINA TRINIDAD E TOBAGO DOMINICA SANTA LÚCIA GUIANA SURINAME 1105 km0 N S LO Fonte: Atlas geogr‡fico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. América Latina (2018) O desenho atual das fronteiras nos permite perceber, a respeito dos processos emancipacionistas, que: a) os caudilhos foram os principais líderes daqueles processos de libertação, influenciados por ideais liberais vindos da Europa. b) a república foi a opção de regime político da grande maioria dos países independentes, com exceção do México e do Brasil. c) as estruturas econômicas agroexportadoras se man- tiveram praticamente intactas após as liberdades conquistadas. d) a influência da Inglaterra se fortaleceu ainda mais assim que os exclusivos metropolitanos foram rompidos. e) a fragmentação do território da antiga América es- panhola se mostrou inevitável, como havia previsto San Martín. ANOTAÇÕES 4 Observe o mapa político da América Latina (2018) e responda ao que se pede. 213 H IS T Ó R IA M Ó D U LO 1 0 PH_EF2_8ANO_HIS_200a213_CAD2_MOD10_CA.indd 213 12/10/19 15:21
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