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Conservação do Solo: Processos de Degradação e Métodos de Conservação

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Plant, Soil and Water Project 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Apontamentos de 
 
 TECNOLOGIA E CONSERVAÇÃO DO SOLO 
 
 Conservação do Solo 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maputo, 2006 
 
Por: 
U.A. Boot 
M. van den Berg, 
K.J. van Dijk 
Felicidade Massingue 
 
 
 
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE 
 Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal 
 Departamento de Engenharia Rural 
 
 2 
Índice 
I. PROCESSOS DE DEGRADACAO DO SOLO E MÉTODOS DE CONSERVACAO ...................................... 3 
I.1 Deterioração biológica .................................................................................................................................... 3 
I.2 deterioração química ....................................................................................................................................... 3 
I.3 Deterioração física ......................................................................................................................................... 3 
II. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................... 5 
II.1 História da Erosão ......................................................................................................................................... 5 
II.2 distribuição geográfica da erosão .................................................................................................................. 8 
II.2.1 Erosão pela água ..................................................................................................................................... 8 
II.2.2 Erosão pelo vento ................................................................................................................................... 9 
II.3 conservação de solos ................................................................................................................................... 10 
II.4. O PROBLEMA DA EROSÃO ....................................................................................................................... 12 
II.4.1 Tipos de erosão ......................................................................................................................................... 12 
II.4.2 Erosão geológica....................................................................................................................................... 12 
II.4.3 Erosão acelerada ou erosão causada pelo homem .................................................................................... 13 
II.4.4 Limites aceitáveis de erosão ..................................................................................................................... 13 
II.5 EROSÃO EÓLICA ......................................................................................................................................... 15 
II. 5.1 Ocorrência ............................................................................................................................................... 15 
II.5.2 Sintomas ................................................................................................................................................... 15 
II.5.3 Mecanismo da erosão eólica ..................................................................................................................... 15 
II.5.4 Modelos para a erosão eólica .................................................................................................................... 17 
II.5.5 Impacto da erosão eólica .......................................................................................................................... 18 
II.5.6 Controlo .................................................................................................................................................... 18 
Questões ............................................................................................................................................................. 30 
II.6 O mecanismo da erosão hídrica ....................................................................................................................... 31 
II.6.1 Introdução ................................................................................................................................................. 31 
II.6.2 Erosão pelo impacto das gotas de chuva................................................................................................... 31 
II.6.3 Erosão laminar .......................................................................................................................................... 32 
II.6.4 Erosão em sulcos ...................................................................................................................................... 33 
II.6.5 Erosão em ravinas ..................................................................................................................................... 34 
II.6.6 Sedimentação e acumulação ..................................................................................................................... 36 
II.6.7 Factores que influenciam a erosão pela água ............................................................................................ 36 
II.6.7.1 Introdução .......................................................................................................................................... 36 
II.6.7.2 Clima e erosividade da chuva ............................................................................................................ 38 
II.6.7.3 Características físicas do solo (K) ..................................................................................................... 44 
II.6.7.4 Relevo ................................................................................................................................................ 45 
II.6.7.5 Prácticas de conservação ................................................................................................................... 47 
II.6.7.6 Vegetação e maneio de culturas (cobertura do solo) ......................................................................... 49 
II.6.7.7 Erosão actual e potencial ................................................................................................................... 53 
II.6.7.8 Efeitos práticos da erosão hídrica ...................................................................................................... 53 
III CONSERVAÇÃO DE SOLOS E CONTROLE DA EROSÃO ........................................................................ 56 
III.1 Plano de conservação ................................................................................................................................. 56 
III.2 Objectivos e tipos de medidas de conservação ........................................................................................... 57 
III.2.1 Medidas biológicas (influenciam os factores C e K) ........................................................................... 57 
III.2.2 Melhoramento do solo (influencia os factores K e C) ......................................................................... 60 
III.2.3 Operações adaptadas de cultivo........................................................................................................... 61 
III.2.4 Maneio do terreno (influencia o factor P (e LS)) ................................................................................ 62 
III.2.5 Medidas mecânicas (terraplanagem) ................................................................................................... 66 
IV. Controle e reabilitação de ravinas .............................................................................................................. 72 
V. Planeamento de conservação do solo ...............................................................................................................80 
VI DESENHO DE TERRAÇOS DE VALAS ....................................................................................................... 83 
V.I Descrição geral ............................................................................................................................................ 83 
IV.2 Distâncias entre os terraços de valas .......................................................................................................... 84 
IV.3 Comprimento dos terraços de valas ........................................................................................................... 86 
VII. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................ 88 
 
 3 
I. PROCESSOS DE DEGRADACAO DO SOLO E MÉTODOS DE CONSERVACAO 
 
Os processos de deterioração do solo são as principais causas da deterioração das qualidades da 
terra. Distinguem-se três tipos de deterioração do solo: Física, biológica e química, cada um dos 
quais apresentando diferentes processos. 
 
I.1 Deterioração biológica 
Por deterioração biológica entende-se a perturbação e/ou a redução da actividade e diversidade 
da fauna do solo bem assim como a redução do teor da matéria orgânica do solo. isto pode ser 
causado pela remoção da cobertura vegetal aliada as elevadas temperaturas nos trópicos ou a 
aplicação excessiva de fertilizantes e outros químicos poluentes. A prevalência de excesso de 
humidade devido a regas excessivas, deficiente ou má drenagem criam condições de 
anaerobiose, promovendo uma fraca diversidade da fauna do solo e vegetação. A deterioração 
biológica muitas vezes acompanha a deterioração física e química. 
 
I.2 deterioração química 
Este parágrafo abarca todos os processos que resultam na deficiência ou excesso de um certo 
componente químico. Por deficiência geralmente refere-se aos nutrientes da planta e por excesso 
as substancias toxicas quer pela quantidade ou natureza para o desenvolvimento das plantas. 
A depleção dos nutrientes é a principal causa da deterioração química do solo. Solos com argila 
de baixa actividade aliam o facto de sofrerem de lixiviação excessiva de catiões, o que reduz a 
saturação de bases no complexo de troca catiónica. 
 
 
I.3 Deterioração física 
Com a deterioração física entende-se a degradação das propriedades físicas do solo. Algumas 
causas da degradação física do solo são: 
 
a) Compactação do solo pelas máquinas 
A Compactação resulta da redução da porosidade estrutural aliada ao aumento da densidade do 
solo pela tracção das maquinas afectando negativamente a relação planta-solo. 
 
 4 
A compactação pode ser definida como sendo a compressão da massa do solo para um volume 
menor. Ao longo do processo da compactação as propriedades estruturais, as conductividades 
hidráulica e térmica, a transferencia de gases, etc mudam. Isto por outro lado vai afectar os 
processos químicos e biológicos. O grau de compactação pode ser expresso em termos de 
densidade, porosidade ou consistência do solo. 
 
O efeito da compactação do solo é a redução dos espaços entre os agregados (poros) com a 
consequente redução da agua a armazenar e a circulação do ar outro efeito directo é o aumento 
da resistência do solo, pelo adensamento deste pela acção das maquinas, com a consequente 
dificuldade de penetração das raízes. A Consequência final sobre as culturas é de longe obvia 
uma vez reduzido o volume do solo facilmente explorável pelas raízes das plantas. A 
compactação do solo pelo uso das maquinas induz a mudança no regime de ar-água, afectando 
assim a actividade microbiana de tal maneira que o azoto no solo tenda a expressar-se mais na 
forma de amónio que na forma de nitrados. A impossibilização das raízes poderem explorar 
nutrientes e agua nas zonas mais profundas pode resultar também numa menor resistência das 
plantas aos efeitos dos agentes patogénicos das camadas superficiais. 
 
A acção das maquinas não se restringe simplesmente a compactação, tal é o caso das lavouras 
feitas com o tractor equipado com arado de discos, no sentido que a mesma é feita com o 
objectivo de destruir a camada compacta (lavoura profunda. A resposta da planta a esta pratica 
seria, portanto, contraria a aquela dada pela compactação. 
 
b) crostas superficiais 
Crosta é uma camada dura e fina formada na superfície do solo como resultado das forcas 
dispersivas das gotas de chuva ou agua de irrigação seguida pela secagem. A formação da crosta 
envolve o colapso parcial ou total dos agregados de estrutura do solo resultado do impacto 
directo das gotas de agua durante a fase de humedecimento. nesta fase as partículas de textura 
inferior a de limo ficam dispersas e durante o processo de secagem preenchem os poros 
superficiais do solo. 
 
Enquanto os processos de secagem descritos acima se restringem a camada superficial do solo, 
outras formas naturais de formação de camadas compactas no subsolo podem ocorrer; tal é o 
caso do fragipan e do duripan. 
 5 
c) Fragipan 
Camada natural e dura quando seca, mas que se desmorona quando humedecida, formada 
naturalmente numa profundidade geralmente compreendida entre 40 e 80 cm. Sua origem pode 
dever-se: 
- Compactação devido a ligeiros processos de embebimento de água (Swelling) e 
encolhimento (Shriking), sem lugar a compensações verticais por falta de superfícies 
de deslizamento (Slikensides). 
 
- Desihidratação dos silicatos amorfos acumulados numa certa descontinuidade 
litológica. A desidratação pode dever-se a presença de raízes que absorvem a agua 
para a transpiração das plantas. 
 
- Translocação da argila para camadas profundas resultando num adensamento das 
mesmas. 
 
- Em diferença dos duripans, os fragipans podem apresentar fendas e quando 
humedecidas perdem estrutura. 
 
d) Duripans 
Os duripans são camadas cimentadas por sílica de tal maneira que não perdem a sua 
estrutura durante prolongado período sob acção da humidade. A sílica não acumula 
nos poros ou canais do solo, mas cimenta as partículas da matriz do solo. Esta sílica é 
resultante da desihidratação da sílica amorfa derivada mais de rochas vulcânicas ricas 
em vidro vulcânico que de granitos e outros sedimentos. 
Porque a formação de fragipans e duripans faz parte da génese do próprio solo a 
acção do homem no sentido de contrariar é quase nula. Este tipo de camadas é 
tomado como uma característica significativa no uso e maneio do solo ("fase do 
solo") pela FAO-UNESCO soil Map of the world. 
 
e) Erosão 
 
II. INTRODUÇÃO 
II.1 História da Erosão 
 6 
 A erosão é um processo natural: deslocamento e transporte de partículas do solo pela 
água e vento dum sítio para outro. Muitas das nossas terras mais férteis foram formadas pelo 
mar e pelos rios como sedimentação de material erodido noutros locais (montanhas) exº vales do 
Infulene, Umbelúzi, Incomati, Limpopo, Nilo, Tigris e Eufrates. 
 
 As primeiras civilizações cresceram todas em superfícies aluvionares (Nilo, Tigris, 
China, Eufrates) e dependeram das sedimentações (especialmente de material limoso) durante 
as cheias para manter a fertilidade dos solos. 
 
 Certamente elas não tinham nenhum interesse nos problemas de erosão nas partes altas 
das bacias, e provavelmente nem tinham conhecimento disso. 
 
 Naquela altura a erosão era principalmente um fenómeno natural chamado erosão 
geológica (processo muito lento). Com o crescimento populacional as planícies ficaram 
demasiadamente povoadas. Resultados de estudos sobre as primeiras civilizações mostram que a 
maior causa de queda de muitas civilizações florescentes foi a degradação dos solos (p.e. 
Lowdermilk, 1953: Ruínas do grande Zimbabwe). 
 
 Quando a densidade demográfica excessiva e a (consequente) falta de terras 
obrigaram as pessoas a intensificar a utilização das terras e a ocupar as terras mais altas até às 
montanhas,a erosão começou a acelerar, até chegar ao nível actual, tão elevado que está a 
ameaçar a sobrevivência humana. A população derruba florestas e remove a vegetação para fazer 
agricultura, deixando a terra susceptível à agressividade da chuva e do vento. 
 Os resultados são: 
- O vento ou a enxurrada remove o material fino do horizonte superficial do solo, 
diminuindo a fertilidade do solo; 
- O impacto directo das gotas de chuva na superfície do solo causa a degradação estrutural 
do solo e o selamento (formação de crostas pouco permeáveis). 
- O vento cobre com areia as terras férteis na margem do deserto (exº atrás das dunas) 
- Menor infiltração da chuva, provocando níveis freáticos mais baixos e menores caudais 
nos rios no tempo seco. 
 7 
- Maior escoamento superficial de água, provocando aumento da erosão dos solos, 
 
maior perda de terras para agricultura, maior transporte de sedimentos pelos rios, maior 
sedimentação no fundo destes, cheias maiores com inundações mais frequentes, etc. 
 EXº erosão na HIMALAIA ----> resultados no Bangladesh. 
 
Mas não é só nos países em desenvolvimento que existem problemas de erosão. O problema 
também é grave na Europa e EUA: 
 
 Em 1934 uma investigação nos EUA mostrou que dos 160 milhões de ha de terras 
aráveis: 
 20 milhões estavam arruinados 
 20 milhões estavam quase arruinados 
 40 milhões tinham perdido mais de metade do solo 
 40 milhões tinham perdido mais de um quarto do solo!! 
 Então, 75% da área total dos EUA estava seriamente afectada. 
A Figura 1 mostra esquematicamente a actuação dos processos de erosão em escala mundial. 
 
Infiltração 
Esc. 
Superf. 
 
Chuva 
Nuvens 
Erosão 
Transporte 
Evapotranspiração 
Sedimentação 
Fluxo subterrâneo 
Planície 
Mar 
 
Figura 1: Processo de erosão 
 8 
II.2 distribuição geográfica da erosão 
II.2.1 Erosão pela água 
 Em escala global, pode-se notar uma relação 
interessante entre a erosão pela água é a precipitação 
média anual (Figura 2). Regiões com pouca precipitação 
geralmente não têm problemas de erosão pela água, 
porque geralmente toda água pluvial infiltra, e não há 
muito escoamento superficial. No entanto, em regiões 
com uma precipitação elevada (maior que 1000 mm/ano), 
normalmente existe uma vegetação permanente (floresta) 
densa que protege os solos contra a erosão; então as áreas 
mais susceptíveis à erosão pela água são as regiões com 
precipitação média! 
 
 Não é só a quantidade de precipitação anual que conta, mas também a distribuição anual. 
Chuvas tropicais intensas provocam muito mais erosão do que as chuvas regulares de climas 
mais moderados. Então as áreas com precipitação destrutiva estão globalmente entre as latitudes 
40
o
 N e 40
o
 S. 
 
 Exemplo de excepções: 
 - condições semi áridas com pouca chuva, mas muito concentrada; 
- declives fortes e solos sensíveis podem dar erosão nos climas moderados. 
 
A Figura 3 mostra a distribuição da precipitação média anual no Mundo, e a Figura 4 as áreas 
susceptíveis à erosão hídrica. 
 
 
pela 
 água (Fonte: Hudson, 1981) 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. Relação entre precipitação anual e 
erosão hídrica 
 
E
ro
sã
o
 h
íd
ri
c
a
 
Precipitação media anual (mm) 
 
Erosão quando a vegetação 
natural e removida 
Erosão quando a vegetação 
natural não e perturbada 
 9 
 
II.2.2 Erosão pelo 
vento 
 Existem duas condições para criar problemas sérios de erosão pelo vento: 
 
 (1) só material de solo seco pode ser levantada pelo vento; então as áreas susceptíveis devem 
ter pouca precipitação média anual: menos que 250 - 300 mm/ano. 
 
 
Figura 3: Mapa de precipitação média anual no Mundo (Fonte: Hudson, 1981) 
 
Figura 4: Mapa de distribuição geográfica de erosão pela água (Fonte: Hudson, 1981) 
 
 10 
 (2) para poder haver transporte de material de solos a grande escala precisa-se de ventos 
prevalecentes constantes a todos os níveis, não só na terra mas também em níveis mais 
altos; e estes estão associados com grandes planícies (Figura 5). 
 
 Juntando as áreas susceptíveis à erosão hídrica com aquelas susceptíveis à erosão eólica, 
vemos que a maior parte do Mundo é susceptível à erosão! 
 
II.3 conservação de solos 
 Hoje em dia toda a gente sabe que a erosão do solo é uma séria ameaça ao bem estar do 
Homem, ou mesmo à sua sobrevivência. No início do século a ciência do solo era quase 
desconhecida, e o Homem levou muito tempo a realizar-se da seriedade deste problema. 
Começou então o desenvolvimento de programas de conservação de solos. 
- A conservação de solos pode ser definida como o conjunto de medidas de preservação 
do solo, mantendo a fertilidade e o balanço entre a perda de solos e a sua formação. Então 
a conservação de solos é principalmente preventiva. 
- Controle de erosão: é uma parte da conservação de solos que pode ser definida como o 
conjunto de medidas usadas para diminuir a perda de solos, até a equilibrar com a 
 
Figura 5. Mapa de distribuição geográfica de erosão pelo vento (Fonte: Hudson, 1981) 
 11 
formação de solos, e reparar os danos de erosão já feitos, então o controle de erosão é 
mais curativo. 
- Engenharia de conservação de solos: É a aplicação dos princípios de engenharia à 
solução dos problemas de maneio dos solos e água com respeito à sua conservação. 
 A engenharia de conservação de solos envolve: 
 - protecção do solo 
 - controlo da erosão 
 - drenagem superficial do excesso de chuva 
 - diminuir o efeito do vento 
 Tudo o que se pode resumir como: conservação da água e diminuir o efeito do vento. 
 
 Problemas de erosão acelerada são principalmente causados pelo Homem, ao remover a 
cobertura protectora da vegetação natural. 
 
- Medidas agronómicas têm como objectivo proteger o solo através de: cobertura vegetal, 
uso de cobertura morta (mulch), rotação de culturas, cultivo em faixas de defesa 
(bufferstrips), etc. 
- drenagem superficial é a remoção do excesso de água de maneira controlada por meio 
de terraços, sulcos ("ridging"), valas, controlo de "gullies" e pequenas obras de arte. 
- conservação da água são todas as medidas para manter a água no campo, aumentar a 
capacidade de infiltração do solo, diminuir a evaporação, por meio de práticas 
modificadas de maneio de culturas e preparação de solos, incluindo técnicas de cobertura 
morta ou adubação verde, trabalhos segundo as curvas de nível, terraços, buracos, 
represas, etc. 
 
 O motor da erosão é a água e/ou o vento, então todas as medidas de conservação da água 
e diminuição dos efeitos do vento são: Medidas de conservação de solos. 
 
 12 
II.4. O PROBLEMA DA EROSÃO 
II.4.1 Tipos de erosão 
 Erosão é o processo de separação e transporte de partículas do solo pela água ou vento 
(Ellison, 1947). Uma distinção deve ser feita entre erosão geológica e acelerada. 
 Na erosão geológica o processo de formação do solo e o processo de erosão mantêm um 
balanço favorável, adequado ao crescimento da maioria das plantas. 
 Na erosão acelerada, a deterioração e perda do solo é usualmente resultado das 
actividades do Homem. 
 
II.4.2 Erosão geológica 
 A erosão geológica, usualmente referida como a erosão natural, ocorre quando o solo está 
no seu meio ambiente natural, geralmente protegido por uma capa de vegetação nativa. Este tipo 
de erosão auxiliado pelo complexo processo de meteorização das rochas, é o factor 
preponderantemente responsável pela formação dos solos. O processo contínuo da erosão 
produziu a maioria dos actuais traços topográficos, e as produtivas planícies aluvionares resultam 
da erosão geológica. O transporte do material da superfície do solo na erosão geológica resulta da 
acção da água e/ou vento e/ou da força gravitacional. 
 A água causa erosão através do impacto das gotas de chuva no solo (splash erosion); o 
escoamento superficial de água que resulta em erosão laminar (sheet - interrill erosion),ou em 
erosão em sulcos e em ravinas, devido ao fluxo superficial concentrado (rill - e gully erosion); 
erosão causada pelos rios, pela acção das ondas (erosão da praia ou "foreshore"), e pelo fluxo de 
água subsuperficial ("tunnel" ou erosão de túnel). 
 
 O vento leva e transporta partículas de solo causando a perda de partículas de limo e areia 
muito fina do solo (tempestades de poeira - dust storms) e o transporte e acumulação de areia fina 
e média no lado sotavento da área (tempestades de areia - sand storms), deixando o material mais 
grosseiro no seu lugar original (pavimento de deserto). 
 
 A força da gravidade pode causar (além do transporte de partículas em suspensão pelo 
escoamento superficial de água) movimentos em massa como queda de rochas, terra, 
arrastamento de solos e fluxos de lama no qual a água joga um papel como peso, lubrificante ou 
agente transportador. 
 13 
II.4.3 Erosão acelerada ou erosão causada pelo homem 
 A erosão acelerada é a perda em excesso à erosão geológica e é causada principalmente 
pela água e vento. Avança mais rapidamente que a erosão geológica e está associada com 
mudanças na cobertura natural ou condições do solo; geralmente tem lugar depois que o Homem 
perturba o balanço natural, removendo a cobertura vegetal protectora para introduzir as suas 
actividades de exploração da terra, principalmente a agricultura. 
 
 A agricultura acelera todos os processos físicos e químicos da Natureza, e também o 
processo de erosão. Isto, combinado com o uso de técnicas impróprias de maneio da terra, e a 
falta de respeito pela protecção do solo dá à água e ao vento a oportunidade de danificar a terra. 
Menos vegetação para travar o vento, origina erosão pelo vento; menos vegetação para absorver 
a energia da chuva, dá mais erosão pela água (erosão de impacto, superficial) etc. 
 
II.4.4 Limites aceitáveis de erosão 
 Parar a erosão totalmente é praticamente impossível porque sempre existiu erosão 
(geológica), mas ao menos devemos de travar a erosão acelerada até um nível aceitável para não 
continuar a perder terreno agrícola. Definir um nível aceitável de erosão é difícil. A resposta 
usual é que o objectivo da conservação do solo é que a terra só é usada de tal modo que o uso 
pode continuar indefinidamente [uso sustentável (sustainable land use)], i.e. sem afectar a 
fertilidade do solo, productividade, etc.). Isso quer dizer que a erosão do solo não pode ser maior 
que a sua formação. A velocidade de formação dos solos depende de muitos factores (clima, 
solo, material de origem etc) e é difícil medir mas a melhor estimativa é: 
 
 ± 0.025 mm - 0.080 mm (0.3 - 1 ton/ha)/ano (condições não perturbadas) 
 ± 0.250 mm (3.4 ton/ha)/ano (com lavoura) 
 
N.B.- a agricultura acelera a formação do solo com um factor 3 -10 (Hudson, 1981). 
 
 A perda aceitável de solo depende também das condições do mesmo. Perder solo num 
local com apenas alguns dm de solo em cima da rocha é muito pior que perder solo num local 
com solo fértil profundo. Uma indicação qualitativa da perda aceitável de solo chama-se 
tolerância à erosão. 
 
 14 
 O limite máximo aceitável de perda de solo foi estabelecido em 0.8mm (11 ton/ha)/ano 
nos EUA (Hudson, 1981). A federação Central Africana usa metas de 9 ton/ha/ano para solos 
arenosos e 11/ha/ano para argilosos. Note bem que estes limites são ainda 3 vezes maiores que a 
velocidade de formação do solo, e mesmo estas metas ainda não foram conseguidas! 
 15 
II.5 EROSÃO EÓLICA 
II. 5.1 Ocorrência 
A erosão eólica ocorre predominantemente em regiões planas, de pouca chuva, onde a vegetação 
natural é escassa e sopram ventos fortes. Embora geralmente considerada um fenómeno típico 
das regiões áridas e semi-áridas, como a zona Sul de Moçambique, a erosão eólica pode ocorrer 
também em outras regiões, sob as seguintes condições de solo, vegetação e clima: 
 solo solto, seco e com textura fina; 
 superfície lisa; 
 cobertura vegetal rala ou inexistente; 
 terreno aberto, sem nenhuma obstrução para redução da força do vento; 
 vento suficientemente forte para iniciar o movimento das partículas de solo. 
 
As regiões mais sujeitas à erosão eólica localizam-se no Norte da África, na Ásia, Austrália e 
partes da América do Norte. 
 
II.5.2 Sintomas 
A erosão eólica não pode ser classificada pela forma, como no caso de erosão hídrica, apenas 
pela intensidade. Pode afectar uma área pequena, mas também pode tomar a forma duma 
"tempestade de areia" ("dust storm"), cobrindo vários países. Isso ocorre, por exemplo, no 
Sahara. A areia levantada do Sahara pode afectar o movimento de aviões nos aeroportos de Cabo 
Verde, a 500 km da costa. 
Áreas sujeitas à erosão eólica podem ser reconhecidas pelos seguintes sintomas: 
 Pavimento desértico (“Desert pavement”), i.e. superfície do solo com concentração de areia 
grosseira e cascalho; 
 (mini-)dunas; 
 ocorrência de nuvens de poeira durante as ventanias; 
 estradas parcialmente cobertas com areia; 
 exposição das raízes das plantas erectas e árvores; arbustos semi-enterrados; 
 
II.5.3 Mecanismo da erosão eólica 
O movimento das partículas de solo é causado pela força do vento, exercida contra a superfície 
do terreno. Junto à superfície, a velocidade do vento é muito pequena. Com o aumento da altura, 
aumenta a velocidade, e ocorrem turbulências causadas pela rugosidade da superfície, por 
 16 
exemplo relacionada com a cobertura vegetal ou construções (Bertoni e Neto, 1990:81). Quanto 
mais irregular o terreno, maior a altura sem ou com pouco vento (Figura 6). A mudança de 
velocidade com a altura é conhecida como gradiente de velocidade. 
 
Há três tipos de movimentos de partículas de solo: 
 suspensão (suspension), 
 saltação (saltation), 
 arrastamento (creep). 
 
 
 
 
 
 
Esses tipos são semelhantes ao movimento de partículas em líquidos. Os três mo 
 
 
 
 
Esses tipos são semelhantes ao movimento de partículas em liquido. Os três movimentos 
ocorrem normalmente em simultâneo. A maior parte do movimento ocorre perto da superfície, a 
uma altura de não mais que um metro. Acima dessa altura, o único tipo de movimento possível é 
normalmente a suspensão, enquanto perto da superfície todos os tipos ocorrem (Frevert et al, 
1955:117). Na Tabela 1 apresenta-se uma indicação da importância de cada tipo de movimento. 
 
 
 
 
Segundo Bertoni e Neto 
(1990:81) a velocidade mínima 
do vento, necessária para iniciar 
o movimento das partículas mais susceptíveis do solo (de 0,1 mm de diâmetro) é de cerca de 15 
km/h a uma altura de 0,30 m da superfície. As partículas de 0,1 a 0,5 mm de diâmetro são 
Tabela 1. Importância relativa dos três tipos de 
movimento de partículas pelo ar à base de experimentos 
laboratoriais (Fonte: Frevert et al, 1955:117). 
 
Tipo de Movimento % do solo movimentado 
Saltação 55 – 72% 
Suspensão 3 – 38% 
Arrastamento 7 – 25% 
 
Figura 6. Gradiente do vento sobre uma superfície lisa (A) e irregular (B). Fonte: 
Hudson, 1986, p 267 (com pequenas modificações). 
 
 
Velocidade do vento 
Lisa 
Velocidade do vento 
Lisa 
rugosa 
rugosa 
 17 
conduzidas a saltos, percorrendo cada vez uma distância de 10 a 15 vezes a altura ao que estão 
levantadas e retornam à superfície. As partículas de 0,5 a 1,0 mm são arrastadas. As partículas 
menores que 0,1 mm de diâmetro podem ser transportados em suspensão, em geral iniciado pelo 
impacto das partículas saltitantes. Uma vez que entram nas camadas de ar turbulentas podem ser 
carregadas vários quilómetros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A capacidade do ar para o transporte de partículas pode ser grande. Uma estimativa comumente 
referenciada indica que um quilómetro cúbico pode carregar aproximadamente 30.000 toneladas 
de solo (Frevert et al, 1955:118). Alguns autores consideram isto um grande exagero (p.e. 
Hudson, 1986, p. 272). 
 
 
 
A deposição do sedimento ocorrequando a força da gravidade ultrapassa as forças que sustentam 
as partículas no ar. Isto ocorre quando o vento diminui ou quando obstruções na superfície 
alteram a turbulência (Bertoni e Neto, 1990:82). 
 
II.5.4 Modelos para a erosão eólica 
A perda de solo pela erosão eólica, é mais difícil de medir do que a perda de solo pela erosão 
hídrica, pois os sedimentos no primeiro caso são muito mais difíceis de captar. Chepil e 
Woodruff (1963) apresentaram a seguinte equação, baseada em numerosos experimentos com 
túneis de vento: 
 E = f (I, K, C, L, V), (6.2) 
com: E = Perda de solo em toneladas por hectare por ano; 
 I = Índice de erodibilidade do solo; 
Questão: O valor de 30.000 ton.km
-3
 corresponde com quantas g.m
-3 
? 
Figura 7. O caminho percorrido por uma partícula saltitante. Fonte: Hudson, 1986, p. 
268 (com pequenas modificações). 
 
Cerca de 10 * h 
 
 18 
 K = Rugosidade da superfície do solo; 
 C = Factor climático relacionado com a velocidade do vento e a Humidade do solo; 
 L = Comprimento (na direcção do vento predominante) do campo afectado; 
 V = Factor que refere à cobertura vegetal. 
 
As relações matemáticas entre estes factores são complexas, e não podem ser simplesmente 
multiplicados, como no caso da USLE. A equação foi principalmente desenvolvida para - e 
testada em – as chamadas “grandes planícies” dos Estados Unidos da América. Recentemente, 
foi publicada a “Revised Wind Erosion Equation”, com pretensão de aplicação mais geral, 
implementado em programa de computador.# 
 
II.5.5 Impacto da erosão eólica 
Um aspecto importante para levar em conta na estimativa do prejuízo causado pela erosão eólica, 
é que o vento sempre leva as partículas mais leves, que são basicamente as partículas mais finas e 
a matéria orgânica. Daí que resulta uma grande redução da fertilidade do solo. Por essa razão, a 
erosão eólica pode ser mais desastrosa do que se percebe pelo volume de solo perdido. É 
provável que o impacto relativo do vento sobre a perda de nutrientes é maior durante os 
primeiros anos depois duma área ser cultivada porque nos anos seguintes, as partículas finas já 
têm sido removidas do solo superficial. Por essa razão, o prejuízo causado pela erosão eólica 
pode ser muito grande, mesmo quando a perda total de solo em si não seja excessiva (Frevert et 
al, 1955:125-6). 
 
II.5.6 Controlo 
Os mecanismos que ocasionam a erosão eólica indicam que ha três métodos básicos para o seu 
combate: 
 aumentar a estabilidade do solo e a rugosidade da sua superfície; 
 manter uma cobertura na superfície do solo; 
 colocar barreiras perpendiculares à direcção dos ventos dominantes. 
Esses três métodos básicos podem ser implementados através de vários tipos de medidas: 
 medidas vegetais (por exemplo: tipo de cultura) 
 práticas de cultivo 
 medidas mecânicas 
 controle do solo 
 19 
 
A. Medidas vegetais 
A vegetação tem numeroso efeitos no controle da erosão eólica: 
 Aumento da rugosidade do terreno; 
 captação de partículas do ar; 
 estabilização da estrutura do solo; 
 protecção física pela vegetação rasteira. 
A manutenção duma cobertura vegetal é a maneira mais eficaz para controlar a erosão eólica. A 
vegetação modifica a rugosidade da superfície, adaptando assim a velocidade do vento. A Figura 
8 mostra como trigo, beterraba, relva e neve influenciam a velocidade de vento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 É possível ver que o efeito não se limita à altura da vegetação, mas pode ser notado até mais que 
16 pés (ca. 5 metros) da superfície. A altura zo é a chamada "altura de rugosidade". A partir dessa 
altura o incremento da velocidade torna-se exponencial. A distribuição da velocidade do vento no 
caso de neve é semelhante àquela do solo sem cobertura (Frevert et al, 1955:128-130). 
 
 
Zo = Altura de rugosidade 
A
lt
ur
a 
em
 p
és
 T
ri
go
 
B
et
er
ra
ba
 
R
el
va
 
C
ob
er
tu
ra
 d
e 
ne
ve
 
Velocidade do vento (mph) 
Figura 8 Distribuição da velocidade do vento com diferentes tipos de 
cobertura vegetal (fonte: Frevert et al, 1955:129). 
 
 20 
Há três métodos principais para a utilização da vegetação como meio no combate à erosão eólica 
(Frevert et al, 1955:130-134): 
 Culturas densas 
 Quebra-ventos de arbustos e árvores 
 Combinações de culturas em faixas 
 
A.1 Culturas densas 
Culturas densas dão uma maior protecção do que culturas ralas. Geralmente, é mais eficaz que a 
combinação de culturas descritas sob A.3. A erva numa área de pastagem tenda a acumular 
partículas de solo provenientes de campos lavrados vizinhos. Plantar ervas ou arbustos é a 
melhor solução para a estabilização de dunas no combate à erosão eólica. Plantas herbáceas que 
podem ser utilizadas para a fixação de areias são, por exemplo: Carnavalia Roseus, Carpobrotus 
dimidiatus, Canavalia maritima, Cyperus maritimus, Ipomaea pes-caprae, e Vigna marina. 
Entre os arbustos destacam-se: Mimusops caffra e Diopyros rotundifolia. Essas espécies foram 
identificadas como colonizadores na pensínsula de Macaneta (Berg et al., 1996) e/ou na Ilha de 
Inhaca (com. oral, Ton Rulkens, 21-1-1997), mas ocorrem ao longo de toda costa moçambicana. 
 
A.2 Arbustos e árvores 
A plantação de árvores como quebra-ventos é talvez o método mais conhecido para o combate à 
erosão eólica. Entre 1850 e 1955 plantou-se nos Estados Unidos quase 200.000 km de quebra-
ventos. Além de combater a erosão, também contribuem para a produção de combustível (lenha, 
carvão), melhoram as condições para o gado (protecção contra chuva, sol, ventos gelados) e 
assim a sua produtividade, reduzem a perda de água pelas culturas através da evapotranspiração, 
protegem as culturas dos estragos causados por ventos quentes, melhoram a frutificação em 
pomares, e melhoram a eficácia de medidas de combate de pragas (Frevert et al, 1955:131-134). 
Em adição, podem fornecer vários produtos não madereiros como frutos, pasto para o gado, 
medicinas, etc. 
 
O efeito dum quebra-vento é mostrado nas Figuras 9 e 10 Os dados da figura 10 foram obtidos a 
partir de experimentos com uma barreira tipo “persiana”, com relação entre comprimento e altura 
de 19:1 e com uma densidade média de 50%, mas mais aberta na parte baixa do que na parte 
superior. Podem ser esperados resultados semelhantes duma linha de árvores com uma densidade 
equivalente. Como pode ser verificada na figura 9, a velocidade do vento é modificadas em 
ambas as direcções, na direcção barlavento a mudança é notável a uma distância de cerca de 8 
 21 
vezes a altura da barreira, e na direcção sotavento 24 vezes. Em geral, a redução de velocidade de 
vento ocorre a uma distância de entre 5 a 10 vezes a altura das árvores na direcção barlavento e 
10 a 30 vezes a altura na direcção sotavento. Assim, árvores com uma altura de 15 metros 
protegem uma área de 225 a 600 m (Frevert et al, 1955:131). 
 
Deve-se evitar quebra-ventos estreitos com uma densidade elevada na parte superior e uma 
densidade muito baixa na parte inferior, visto que isso pode conduzir ao efeito “túnel” ou “funil”, 
i.e. ventos fortes concentrados na área sotavento (Frevert et al, 1955:131). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em geral, nos limites do quebra-vento, a velocidade aumenta. Por essa razão deve se evitar 
quebra-ventos curtos e aberturas ou rupturas. Deve-se evitar que o quebra-vento seja atravessado 
perpendicularmente por caminhos ou estradas. Sempre quando for necessário interromper, é 
preciso adaptar o desenho do quebra-vento e da estrada (Frevert et al, 1955:132). 
 
Figura 9 Padrões da supressão do vento na vicinidade de quebra-ventos 
com densidades diferentes (fonte: Caborn, 1965:33) 
 
 22 
A largura do quebra-vento pode variar. Quanto à sua composição específica deve se lembrar que 
é preciso evitar aberturas nas partes inferiores. Isso pode ser atingido através da plantação dearbustos (no lado barlavento) em combinação com as árvores. As árvores devem ter folhas 
durante a época de risco e por essa razão se prefere normalmente espécies perenifólias (sempre-
verdes) (Frevert et al, 1955:132-134). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 10. Percentagem da velocidade do vento normal na vizinhança dum 
quebra-vento com uma densidade média de 50% (fonte: Frevert et al, 1955:132). 
 
 
 23 
 
 
 
 
 
 
Para o desenho de quebra-ventos é preciso tomar em conta os seguintes aspectos (Caborn, 
1965:200-206): 
 
a. Orientação: 
O quebra-vento deve ser plantado perpendicularmente à direcção do vento predominante ou mais 
erosivo. Para esse efeito é necessário recolher dados sobre direcção e velocidade do vento, 
principalmente durante as épocas de alto risco (Frevert et al, 1955:132). 
A orientação óptima é perpendicular à direcção do vento mais forte ou mais prejudicial. Na 
prática isso pode ser difícil por causa de divisões existentes no terreno (posse). Mas como a 
direcção do vento é sempre um pouco variável, há uma margem de digamos 45
o
 dentro de qual o 
quebra-vento continua eficaz embora com uma área protegida menor. 
 
b. Comprimento: 
Para contribuir significativamente à protecção, o comprimento tem que ser pelo menos doze 
vezes a altura (portanto: 120 m para um quebra-vento com 10 m de altura). Caso haver variação 
na direcção do vento, o cumprimento deve ser maior, por exemplo pelo menos 24 vezes a altura. 
 
c. Desenho: 
Quando possível, deve-se aproveitar dos elementos existentes no terreno como pequenas 
manchas florestais ou grupos de árvores. Assim é possível reduzir os custos de estabelecimento. 
Isolados, esses elementos têm um impacto reduzido sobre a velocidade do vento, mas integrados 
numa barreira tornam-se úteis. Também deve-se olhar para áreas ainda não aproveitadas ou sub-
aproveitadas que se possam tornar rentáveis pela sua integração em quebra-ventos. No desenho 
deve-se evitar aberturas ou brechas. Caminhos devem atravessar a barreira numa protecção 
especial. 
 
Figura 11: Efeito de plantações de árvores sobre a velocidade do vento (fonte: Bosworth & 
Foster, 1982:266) 
 
 24 
O intervalo entre as filas deve ser não mais que 26 "alturas". A redução da erosão eólica exige 
filas mais densas, com uma distância não superior a 10 a 15 "alturas". Para áreas férteis 
recomenda-se na Alemanha a desatinação de um por cento da área a quebra-ventos, em áreas 
mais sensíveis, a área ocupada pode ultrapassar os cinco porcentos. 
 
d. Largura 
A largura depende principalmente do nível de satisfação de outras exigências, isso é, da 
capacidade de reduzir a velocidade do vento e da relação entre a área perdida para culturas (em 
campos de cultivo) e o aumento nos rendimentos resultantes da protecção contra o vento. O 
crescimento das árvores depende largamente da qualidade do solo. Se o solo for muito fértil, 
talvez não seja necessário plantar uma faixa muito larga para chegar à densidade e altura 
desejada. 
 
É possível manter quebra-ventos que são compostos por apenas uma fila. No entanto, têm a 
desvantagem de ser pouco flexíveis. No processo da regeneração, é preciso estabelecer primeiro 
uma outra fila antes de ser possível remover a antiga sem prejudicar muito a protecção do solo 
(Caborn, 1965:209). Outra vantagem duma largura maior é que é possível chegar a um perfíl 
menos regular, que é favorável à redução de turbilhões (“eddying”). Porém, a largura não pode 
ser muito grande, porque isso reduz o desvio do corrente de ar. 
 
f. Permeabilidade 
O quebra-vento ideal deve “filtrar” o vento, sem provocar turbilhões prejudiciais e sem bloquear 
completamente a passagem do vento. O ar que sai do outro lado do quebra-vento tem uma 
velocidade menor e faz com que o ar que vem de cima não possa descer rapidamente para o solo 
e resumir a sua velocidade anterior a pouca distância da fila. Portanto a largura da "sombra" 
criada pelo quebra-vento é maior do que no caso de quebra-ventos fechados que podem ser 
perigosos no sentido de a turbulência criada durante a descida do ar poder estragar as culturas 
imediatamente atrás da fila (Caborn, 1965:31). A figura 9 mostra também o efeito da variação da 
densidade sobre a velocidade do vento. De preferência a parte mais baixa seja mais densa que a 
parte superior, que sirva para "pentear" a turbulência do ar (Caborn, 1965:35). 
 
A densidade óptima normalmente é entre 50 e 60%, significando que 40 a 50% do vento deve ser 
capaz de passar pela barreira, e as folhas, ramos e toros ocupam 50-60% da superfície olhando de 
 25 
frente. Aquela densidade corresponde a um abatamento do vento de 20%#? (vide figura 9e figura 
10). É importante que a porosidade seja distribuída homogeneamente. 
A densidade de 60% corresponde normalmente a uma situação em que é possível distinguir 
objectos do outro lado da faixa sem ser capaz de vê-los claramente e reconhecê-los com 
facilidade. 
 
g. Perfil 
É recomendável ter um perfil variável através da aplicação de espécies diferentes (vide Figura 
12). Bosworth e Foster (1982:268) recomendam ainda plantar outras culturas como o girassol 
entre as filas para chegar a uma protecção melhor na fase inicial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As exigências que se deve fazer às espécies para serem aplicadas em quebra-ventos são: 
 
 devem obter rapidamente a altura desejada: 
 devem permitir, quando adultas, o crescimento duma camada arbustiva inferior para fechar as 
brechas; 
Figura 12: Um perfil irregular (c) é mais eficaz que estruturas 
uniformes (a) e (b) quanto à redução de turbilhões (fonte: Caborn, 
1965:207). 
 
 26 
 devem ser resistentes ao vento; 
 devem produzir um produto útil (madeira, frutos, lenha, etc.) 
 não devem competir (muito) com a cultura na área a ser protegida (p.e. sistema radicular não 
deve ser muito proliferado no sentido lateral; árvores muito altos ou com copas largas 
competem para a radiação solar. 
 não devem hospedar pragas ou vectores de pragas (em campos de cultivo). 
 
Espécies recomendadas para quebra-ventos sob as condições de Moçambique são: 
 Casuarina equisetifolia (proposta: combinação com talhadia de Leucaena leucocephala) 
 Eucalyptus spp. 
 Pinus spp. (para as terras altas e mais húmidas, por exemplo Manica ou Namaacha) 
 Leucaena leucocephala 
 Bambu (Oxytenenthera abyssenica) 
 Azadyrachta indica (neem) 
 Hibiscus tiliae (ao longo da costa, por exemplo Július Nyerere, Marginal) 
 
De Van Wyk (1994) ainda tirei algumas espécies que têm um crescimento rápido e ocorrem no 
Kruger Parque (olhei principalmente para a velocidade do desenvolvimento da planta). Os 
números entre parênteses referem à classificação Sul-africana. 
 
 Albizia adianthifolia: cresce rapidamente até uma altura de 18 metros mas tem uma forma 
desfavorável com uma copa larga (148). 
 Acácia robusta: cresce rapidamente até 20 metros de altura, decídua, copa tenda a se alargar 
(183.1). 
 Ekbergia capensis: atinge 18 metros e sob condições húmidas sempre-verde. Tem uma copa 
larga e densa, cresce rapidamente (298). 
 Trichilia emitica (mafurreira): sempre-verde, com uma altura de 20 metros. Copa redonda e 
densa, precisa de água. Tem um crescimento extremamente rápido (301). 
 Antidesma venosum: árvore pequena (8 metros), semi-decídua até sempre-verde com uma 
ramificação baixa e copa densa e redonda (318). 
 27 
 Bridelia micrantha: árvore média com uma altura até 18 metros. Decídua, com tronco alto e 
nu. As sementes germinam facilmente. Crescimento extremamente rápido. Precisa de água 
permanente (324). 
 Combretum erythrophullum: Altura até 12 metros; decídua ramificação baixa cresce 
depressa, mas é uma espécie ribeirinha (536) 
 Syzygym cordatum: árvore média com altura ate 15 metros; sempre-verde, com copa densa, 
redonda e tronco curto. Cresce rapidamente, mas precisa de água (555). 
Syzygum guineense: semelhante ao Syzygum cordatum (557). 
 Sclerocarya birrrea (canhú): até 15 metros. Decídua, com tronco alto e copa densa e 
redonda; cresce relativamente rapidamente de sementes e estacas (360) 
 Croton megalobotrys: pode atingir 15 metros, mas normalmente é mais baixa (5 metros). 
Tronco é curto, a copa densa e redonda. Precisa de água (terras aluviais). Crescimento 
extremamente rápido (8 m em 4 anos) (329). 
 
Nota-se que a maioria dessas espécies apresenta uma copa larga ou redonda, o que é considerada 
uma desvantagem para seu uso como quebra-vento. 
 
Uma combinação recomendada é: 
1. espécie de crescimento rápido 
2. espécie sombrófila para a camada inferior 
3. espécie de crescimento mais lente que vai constituir o cernel do quebra-vento ao longo prazo. 
 
Para manter uma protecção algo irregular pode-se fazer uma configuração desses três tipos como 
a seguir: 
 
 1 2 3 2 1 2 3 2 
 2 3 2 3 2 3 2 3 
 3 2 1 2 3 2 1 2 
 
Um problema é que, normalmente, se desconhecem as características ecológicas das espécies 
indígenas. Assim, a aplicação dessas espécies significa efectivamente a execução dum ensaio. 
Seria bom que fosse tratada dessa maneira. 
 
 28 
A.3 Combinação de culturas 
Esse sistema é composto pela combinação de culturas mais altas com culturas mais baixas (p.e., 
milho com batata doce ou vegetais). Também pode consistir de uma combinação de terras em 
estágios diferentes de cultivo ou desenvolvimento da cultura: uma faixa de terreno em preparo ou 
com uma cultura jovem é combinada com uma faixa com uma cultura já bem desenvolvida. 
 
B. Métodos de maneio 
Há vários métodos de maneio que ajudam a controlar a erosão eólica: 
 plantar ou semear culturas em faixas alternadas, 
 sulcos e camalhões, 
 aplicação de resíduos orgânicos como mulch 
 
B.1 Culturas em faixas ("Strip cropping") 
Este método também já foi considerado como método de combinação de culturas (ítem A3). Há 
varias opções para as culturas em faixas. Consiste da alternância de áreas cultivadas com áreas 
não cultivadas, com a terra ainda sem cobertura. Às vezes é necessário fazer um compromisso no 
desenho das faixas: para efeitos de erosão hídrica opta-se para faixas paralelamente às curvas de 
nível; para a erosão eólica deve se tomar em conta a direcção predominante dos ventos erosivos. 
A largura das faixas depende da força do vento, da erodibilidade do solo, e das exigências 
agrícolas. 
 
B.2 Sulcos e camalhões 
Através de técnicas de lavoura é possível criar sulcos e camalhões. Sulcos perpendiculares à 
direcção predominante do vento aumentam a rugosidade do terreno e travam a velocidade do 
vento. 
 
B.3 Resíduos de vegetação 
Manter no terreno restos das culturas tais como os caules (por exemplo no caso de milho), raízes 
ou outros resíduos (feno, palha, folhas) aplicados sob forma de mulch aumenta a rugosidade e 
trava a erosão. Em adição captam partículas e promovem a sua deposição (Frevert et al, 
1955:137). 
 
C. Métodos mecânicos 
Métodos mecânicos consistem na aplicação de estruturas mecânicas como redes, tábuas, etc. 
Estes métodos não são comuns na agricultura, devido aos custos elevados. Aplica-se 
 29 
normalmente em quintais e nas fases iniciais dos projectos de estabilização de dunas. O efeito é 
semelhante aos dos quebra-ventos discutidos anteriormente (Frevert et al, 1955:138-139). No 
caso da estabilização de dunas, onde grande parte do movimento das partículas é na forma de 
arrastamento e saltação a uma altura de poucos decímetros (partículas de areia grosseira), as 
redes de #… cm de altura (sand fences) formam uma barreira eficaz. 
A aplicação de terraços também pode contribuir no combate contra a erosão eólica. 
 
D. Controlo do solo 
Há duas medidas de controlo do solo que devem ser mencionadas: conservação da humidade e o 
melhoramento das características da camada superficial. 
 
D.1 Conservação da humidade do solo 
Em particular nas regiões secas, a conservação da humidade do solo é uma medida importante no 
combate à erosão eólica. A irrigação é um método muito efectivo, pois o solo pode ser mantido 
permanentemente húmido, o que reduz a susceptibilidade à erosão eólica a praticamente zero. 
Deve-se levar em conta que, para um controle total, será necessário irrigar sempre, mesmo 
quando não tem cultura no campo. Isto muitas vezes não é economicamente viável. 
 
A conservação da humidade do solo também pode ser atingida através do aumento da infiltração 
(para diminuir escoamento superficial), da redução da evapotranspiração, e da prevenção de 
crescimento de plantas desnecessárias. As práticas normalmente aplicadas são a construção de 
terraços, aplicação de mulch, e selecção de culturas apropriadas (Frevert et al, 1955:139). 
 
D.2 Melhoramento da camada superficial 
O objectivo central deste tipo de medidas é aumentar o tamanho e a estabilidade dos agregados: 
agregados maiores não podem ser levantados com facilidade pelo vento. Em regiões semi-áridas 
deve-se lavrar imediatamente depois da queda da chuva. Deve-se também reduzir o número de 
operações para evitar a deterioração da estrutura do solo. A rotação de culturas diferentes 
também favorece a estabilidade da camada superior (Frevert et al, 1955:141-142). 
 
Importantes são também a inclusão de pastagens (melhoradas) no sistema de rotação, e a 
manutenção da fertilidade do solo. A aplicação de estrume e calcário (ou gesso) podem ser 
recomendáveis. Cálcio tem um efeito directo na estrutura do solo. Uma fertilidade mais elevada 
resulta num desenvolvimento melhor da vegetação, conduzindo assim a uma cobertura vegetal 
 30 
mais densa, forte, resistente e viável e mais resíduos orgânicos que possam ser aplicados como 
mulch (Euroconsult, 1989:462). 
 
Questões 
1. As nuvens de poeira consistem principalmente de partículas em suspensão. Porém, em geral 
o movimento por saltação é considerado o mais importante na erosão eólica. Indique duas 
razões porque. 
2. Em muitos casos, o pousio (ou pastagem) como parte da rotação de culturas, resulta num 
aumento da fertilidade química do solo (p.e. teores de P, K, Ca, Mg), maior do que pode 
ser explicado pela meteorização dos minerais. Alguns cientistas têm uma explicação para 
este fenómeno, que envolve a erosão eólica. Tem uma ideia de como isto pode funcionar? 
 31 
II.6 O mecanismo da erosão hídrica 
II.6.1 Introdução 
Podemos classificar as Formas de erosão conforme o grau de concentração do escoamento 
superficial. Em ordem progressiva: 
 - erosão por impacto de gotas de chuva (splash erosion); 
 - erosão laminar (sheet erosion, interrill erosion); 
 - erosão em sulcos (rill erosion); 
 - erosão em ravinas (Br: em voçorocas; gully erosion); 
 - erosão pelos rios (river erosion). 
 
 Até pouco há pouco tempo a erosão por impacto não foi considerada nesta classificação, 
o que já não está de acordo com os conhecimentos actuais porque ignora a transferência da 
energia da gota de chuva ao cair na terra o qual é o primeiro passo do processo da erosão hídrica. 
O termo "erosão laminar" em sensu estrito também não está correcto porque sugere que o 
escoamento superficial aparece como uma lâmina de água fluindo para baixo, o que quase nunca 
corresponde à realidade; e, só a velocidade não é suficiente para erodir as partículas de solo, 
como se vê com pedestais. Por isso foi introduzido um novo termo para indicar a erosão que 
ocorre homogeneamente em todo superfície: erosão entre sulcos (interrill erosion). Como os 
termos "erosão laminar" e sheet erosion são muito popularizados (Vide por exemplo os 
Guidelines for soil description (FAO, 1990)) preferimos empregar estes termos neste texto. 
 
II.6.2 Erosão pelo impacto das gotas de chuva 
 O processo de erosão começa com o impacto das gotas de chuva, as quais podem atingir 
uma velocidade de 30 km/h. Estas gotas têm muitaenergia e arrancam as partículas finas, 
espalhando-as em todas as direcções, especialmente para baixo do declive, podendo causar a 
desintegração (slaking) dos elementos estruturais (Figura 13). 
O efeito dessa erosão num solo não protegido pode ser considerável. As pequenas partículas são 
lavadas do campo ou depositadas perto e podem conduzir ao "fecho/selamento" da superfície, 
também por causa da compactação pelas gotas. O fecho da superfície (surface sealing) tende 
principalmente a ocorrer em solos de textura limosa (Br. siltosa), já que as partículas de limo não 
mostram coerência como as partículas de argila enquanto ainda são tão finos que podem 
facilmente ser transportados em suspensão 
 
 32 
 
Figura 13: Transporte de partículas de solo pelo impacto das gotas de chuva (Zaslavsy & Sinai, 
1977). 
 
 O humedecimento por todos os lados de agregados de solo seco pode causar que o ar 
preso saia bruscamente dos agregados pela força, destruindo o torrão de terra (explosão de ar). 
Este fenómeno tem tendência especial para solos de textura franca, siltosa e arenosa, onde a 
coesão é menor que na argila e o potencial de plasticidade (mudança gradual de forma) é baixo 
ou ausente (Bergsma, 1977)! 
 
 
II.6.3 Erosão laminar 
 A erosão laminar é a remoção uniforme do solo em camadas finas ou superficiais de 
terras inclinadas. Passa muitas vezes despercebida porque ocorre gradualmente. Opera contudo 
em grandes áreas e geralmente causa a maioria das perdas do solo. A desnudação ocorre mais 
que a incisão (Bergsma, 1977). 
 
 O escoamento superficial (runoff, overland flow) tem lugar localmente sobre a superfície 
da terra. Este tipo de erosão ocorre principalmente como resultado da turbulência causada pelo 
impacto das gotas de chuva. O material fino que foi desligado é transportado na camada fina de 
água superficial. Este material seria depositado devido à baixa velocidade se não fosse mantido 
em suspensão pela turbulência das gotas de água caindo na camada fina da chuva correndo. 
 
 A água do escoamento superficial é muita vezes colorida pelo material em suspensão, na 
maioria partículas de argila e material orgânico. Partículas maiores como limo, areia e cascalho 
são movidas por um processo de rolamento, salto ou arraste. 
 
 33 
 O transporte pelo escoamento superficial é selectivo. É principalmente o material fino 
que é removido pela erosão, o material grosseiro do solo é geralmente deixado na superfície, 
como cobertura que protege o solo duma futura e severa erosão. 
 
 O microrrelevo, plantas e a rugosidade superficial logo providenciam pequenas 
concentrações locais na lâmina de água onde a protecção é menor que noutros sítios. Nestes 
locais a profundidade e consequentemente a velocidade do fluxo tornam-se maiores e um 
processo de "micro rilling" (rill = sulco) tem lugar. 
 
 A velocidade do fluxo é aproximadamente 0.3-0.5 m/s (1-2 km/h). Remoinhos podem 
ocorrer como transição a fluxos turbulentos. 
 Características conhecidas de solos afectados pela erosão laminar são: 
 - horizonte superficial (horizonte A) fino e exposição do subsolo (manchas mais 
claras e possível exposição de rocha mãe no terreno) 
 - Acumulações relativamente grandes de areia grosseira, cascalho e pedras na 
camada arável, o material fino foi lavado. 
 - Exposição de raízes, pedras, pedestais etc. 
 - Depósito do material fino, sedimentado no lado mais baixo do campo. 
 
 Factualmente a remoção do solo em camadas finas, da terra inclinada não ocorre. 
"microrilling" tem lugar quase simultaneamente com a primeira separação e movimento das 
partículas do solo. 
 
II.6.4 Erosão em sulcos 
 A erosão em sulcos (Ing: rill erosion) tem sido definida como a remoção do material do 
solo por pequenas concentrações de água corrente com a formação de canais (sulcos) que são 
suficientemente pequenos para serem alisados completamente pelos métodos de cultivo normais 
(anonymus, 1970). 
 
 A erosão laminar pode tornar-se erosão em sulcos, quando diferenças locais na 
velocidade do fluxo levam a diferenças no poder erosivo. A velocidade aumentada nas passagens 
fáceis leva ao aumento da erosão, um processo chamado "micro rilling". 
 
 34 
 Sulcos ocorrem quando a água do escoamento superficial se concentra em correntes com 
volume e velocidade suficientes para deixar pequenas incisões na superfície da terra. Não existe 
uma definição muito clara para o limite entre a erosão laminar e a erosão em sulcos. 
 
 Embora a erosão em sulcos seja mais aparente que a erosão laminar, também passa 
muitas vezes despercebida. O maneio de machambas (farm management) pode interromper o 
desenvolvimento de sulcos e a lavra pode obliterá-los por algum tempo. Mas eventualmente o 
processo recomeçará, com a formação de novos sulcos. 
 
 A erosão em sulcos é mais séria em lugares onde tempestades intensas ocorrem sobre 
solos que apresentam muito escoamento superficial e que tem um horizonte superficial pouco 
coerente e pouco profundo. 
 
 Os sulcos têm profundidade de 30-50 cm e as paredes dos seus lados são verticais por um 
tempo imediato após um aguaceiro. Somente chuvas muito leves não afectam a forma do sulco e 
podem deixar algumas paredes como eram, num estado colapsado ou alisado. 
 
II.6.5 Erosão em ravinas 
 A erosão em ravinas (Ing: gully erosion; Bras: Erosão em voçorocas) É definida como a 
remoção de material do solo por concentrações de água suficientemente fortes para causar a 
formação de canais ou valas que não podem ser aplainados completamente por métodos usuais 
de cultivo (anonymus, 1970). 
 
 Este tipo de erosão produz canais mais largos que sulcos (profundidade > 50 cm). Estas 
valas levam a água durante e imediatamente após as chuvas e sendo distintas dos sulcos não 
podem ser obliteradas pelo cultivo da terra, assim, a erosão em ravinas é um estado avançado da 
erosão em sulcos, tanto como aquela é um estado avançado da erosão laminar: uma ravina 
desenvolve-se por processos que podem ter lugar tanto simultaneamente como durante diferentes 
períodos do seu crescimento: 
 35 
 - Erosão por queda de água (wat-
erfall) na cabeça do canal; 
 - Erosão de canal - causada pelo 
fluxo de água através do canal e/ou 
por gotas de chuva caindo no solo 
desprotegido do canal; 
 - Derrubamento ou movimentos 
em massa de solo num canal; 
 
 A Figura 14 mostra esquematica-
mente o desenvolvimento duma ravina. 
 
 A erosão em ravinas é quantitati-
vamente menos importante que a erosão 
laminar, mas é mais aparente e localmente 
muito destrutiva. É predominantemente 
um processo de incisão. Tem um certo 
desenvolvimento com o tempo: a incisão é 
seguida por alargamento e envelhecimento 
do canal até que atinge um estado 
estabilizado. 
 
 A capacidade aumentada do canal 
para aguentar com um aguaceiro e a 
diminuição na sua bacia ou área de captura 
(catchment area) significam que o canal 
não é rejuvenescido por cada aguaceiro 
sobre o seu total comprimento, mas, 
tipicamente manifesta características 
precoces de desenvolvimento só na cabeça 
e afluentes. O colapso e retraimento das paredes laterais com o seu envelhecimento contribuem 
de certa maneira para a desnudação da terra (Bergsma, 1977). A extensão contínua do sistema de 
canais não só ameaça a terra arável, como também afecta estradas, construções, estruturas, cursos 
 
 Fi
Figura 14: Fases de desenvolvimento de 
uma ravina (Fonte: Morgan, 1979) 
 36 
dos rios e pode causar derrubamentos de terra e "undercutting". O resultado final da erosão em 
ravinas não controlada é a total devastação da paisagem. 
 
 Formação pronunciada ou prolongada de canais leva ao aparecimento de aspectos 
denominados barrancos. Estes são muito fundos e têm lados relativamente escarpados, em forma 
de V, U ou \_/. 
 
 Os canais podem alcançar as dimensões de pequenos vales; as diferenças entre ravinas e 
vales estão no tamanho, naturezaperiódica do caudal, perfil mal "graded" com usualmente 
alguns níveis básicos e um declive irregular, assim como grande instabilidade das paredes no 
caso da ravina. 
 
II.6.6 Sedimentação e acumulação 
 Remoção descontrolada de materiais de solo de um lugar significa sedimentação 
descontrolada e acumulação de solo noutro lugar. No caso da erosão causada pela água isto pode 
ser em qualquer lugar "downslope" ou ajuzante no sistema do rio. 
 
 A sedimentação ocorre onde e quando a velocidade da água carregada com sedimentos 
diminui. Primeiro o material grosseiro será depositado e à medida que a velocidade do fluxo con-
tinua a diminuir, as fracções de menor tamanho entrarão em "descanso". A carga mais fina atinge 
normalmente o mar onde contribui para a lodosidade do delta do rio. 
 
 
II.6.7 Factores que influenciam a erosão pela água 
 
II.6.7.1 Introdução 
 Os factores mais importantes que influenciam na erosão são: clima, relevo, solos, 
vegetação e maneio (homem). 
 
 Durante muitos anos foram feitas tentativas para qualificar e quantificar os efeitos do 
clima, solos, relevo, vegetação e maneio da terra sobre a erosão. A equação mundialmente mais 
aceite para estimar a perda de solo pela erosão foi desenvolvida na base de mais de 40 anos de 
medições em muitos Estados dos EUA (Wischmeier, 1958). Esta equação, pretensiosamente 
 37 
chamada de Equação Universal de Perda de Terras (Universal Soil Loss Equation: USLE), está 
esquematicamente apresentada na Figura 8. 
 
 
 
 A USLE calcula/estima a perda te terras A (ton.ha
-1
) como função de: 
 
 R: factor erosivo da chuva (EtI 30) (MJ.mm.ha
-1
.h
-1
) 
 K: factor de erodibilidade do solo (ton.ha
-1
R
-1
) 
 L: factor do comprimento do declive (proporção) 
 S: factor da inclinação do declive ( " ) 
 P: factor da prática de conservação ( " ) 
 C: factor do maneio de culturas ( " ) 
 
 
Figura 15: Equação universal da perda de solo (USLE) (Fonte: Hudson, 1981) 
 38 
 Sabemos que o uso indevido desta equação (sem validação) pode produzir resultados 
totalmente irrealísticos. O adjectivo "Universal" não corresponde a realidade. Infelizmente ainda 
não existe nenhum método que combina as qualificações "verdadeiramente universal", "fácil", 
"eficaz", "prático" e "quantitativo". 
 
II.6.7.2 Clima e erosividade da chuva 
 
 Os factores climáticos que afectam a erosão são: precipitação, temperatura, vento, 
humidade e radiação solar. Destes, a precipitação é de longe o mais importante. Tanto a 
quantidade como a intensidade da precipitação afectam a perda de solo, contudo, a intensidade é 
mais importante que a quantidade total. Em muitas ocasiões uma ou duas chuvas torrenciais 
podem causar mais perda de terra do que todas as outras ocorrências de chuva juntas durante a 
estação. 
 
 Ao considerar a influência da precipitação os seguintes elementos são de importância: 
 
 - energia da precipitação 
 - intensidade da precipitação 
 - quantidade de " 
 - duração 
 - distribuição 
 - erosividade 
 
Energia da precipitação 
 A energia cinética das gotas de chuva ao cair (E = 1/2 mv
2
) 
é o factor mais importante. Uma gota de chuva, ao cair alcança um nível energético de 
erosividade após uma queda de 5m, e um nível máximo de energia (velocidade terminal) é 
alcançado por uma gota de qualquer tamanho após 10 m de queda; porém gotas maiores, 
formadas nas folhas e caindo de 1-2 m de altura também podem causar erosão por impacto. A 
velocidade terminal das gotas de chuva de 1 mm é 4 m/s e as maiores de 5 mm alcançam 9 m/s 
(30 Km/h) 
Intensidade de precipitação 
 39 
 A intensidade da chuva (p.e. mm/hora) é muito importante. Se a intensidade da chuva for 
maior que a taxa de infiltração, haverá armazenamento de água na superfície do terreno. Depois 
de esgotar a capacidade de armazenamento superficial (surface storage capacity) ocorrerá 
escoamento superficial, causando erosão. A energia da precipitação está altamente 
correlacionada com a intensidade da precipitação (C.Q. diâmetro das gotas de chuva). Uma 
equação empírica mostra a seguinte relação (Morgan, 1979): 
 
 Ei = 0.119 + 0.0873 log Ii (MJ.ha
-1
mm
-1
) (J = NM) (1) 
 = 11.9 + 8.7 log Ii (J.m
-2
mm
-1
) 
 
com: Ei = energia cinética por mm de precipitação por unidade de superfície; 
 Ii = intensidade da precipitaçãoi (mm/h). 
 
 Em regiões tropicais e subtropicais as intensidades de chuva são muito maiores do que 
em regiões de clima temperado. Isto explica porquê os perigos da erosão são muito mais 
importantes em regiões tropicais (Figuras 16 e 17). 
 
Questão: Calcule analiticamente a relação entre intensidade de chuva e energia, para chuvas 
com gotas esféricas, caindo com uma velocidade terminal de 8 m/s 
Questão: Porque a velocidade terminal de gotas grandes é maior do que de gotas pequenas? 
 
 
Figura 16: Distribuição de 
precipitação em intensidades 
diferentes (Fonte: Hudson, 1981) 
 
Figura 17: distribuição de 
precipitação em intensidades 
diferentes (Fonte: Hudson, 1981) 
 40 
Quantidade de precipitação: --> saturação do solo --> esgotamento do armazenamento 
superficial --> escoamento superficial --> erosão 
 
 Em geral chuvas fortes resultam em maiores riscos de erosão. Especialmente com 
aguaceiros de longa duração: o horizonte superficial do solo fica saturado com água diminuindo 
a estabilidade do solo, e consequentemente promovendo riscos de erosão e escoamento 
superficial. A estabilidade estrutural do solo joga aqui um papel importante. Quando uma grande 
quantidade de precipitação é bem distribuída, o solo pode absorver a água que é percolada 
(drenada) para camadas mais profundas, resultando em menor risco de erosão. 
 Da EQ.(1) pode entender-se que a erosividade está também relacionada com a quantidade 
de precipitação: 
 
 Eti = piEi = pi (0.119 + 0.0873 log Ii) [MJ.ha
-1
] 
com: 
 Ii = intensidade de precipitação, [mm.hr
-1
]; 
 Eti = energia cinética total de precipitação pi com intensidade Ii, [MJ.ha
-1
]; 
 Ei = energia cinética por mm de precipitação; [MJ.mm
-1
.ha
-1
] 
 pi = quantidade de precipitação, [mm] 
 
Erosividade (R) 
 É a capacidade potencial da precipitação para causar erosão. Índices diferentes têm sido 
desenvolvidos para quantificar a erosividade. O mais importante é o factor de precipitação de 
Wischmeier & Smith (1958): 
 
 Rj = (Et.I30)j = Etj.I30j, [MJ.mm.ha
-1
h
-1
] 
 
com: Rj=a erosividade duma tempestade j com energia cinética total Etj [MJ.ha
-1
] e intensidade 
máxima durante 30 min daquela tempestade I30j [mm.hr
-1
]; 
 I30 = a maior intensidade de precipitação durante 30 min durante essa tempestade j, 
[mm.ha
-1
] 
 Uma tempestade é uma quantidade de chuva com Pj > 12.5 mm ou I > 25mm/hr e 
separado das outras tempestades pelo intervalo de pelos menos 6 horas sem precipitação. 
 
 41 
 R = Rj (R= erosividade diária, semanal, mensal ou anual) 
 
 Exemplos de estimativas para R anual: 
 
 Ateshian (1974) : EUA: 
 
 Ra = 1.11 * 10
-3
 . PA .(P 24 h
T = 2
).(P1 h
T=2
) + 660;área plana, subhúmida, semiárida, oeste 
dos EUA 
 RA = 0.95 * 10
-3
 . PA. (P24h
T=2
).(P
T=2
1h) + 470 ; Mississipi, Estados do Golfo. 
 RA = 0.82 * 10
-3
 . PA.(P24h
T=2
).(P1h
T=2
) + 350; Estados nordeste 
 
 PA = P média anual [mm] 
 P24h
T=2
 = P durante 24 horas com T3 = 2 anos [mm] 
 P6h
T=2
 = P ,, 6 ,, ,, ,, 
 P1h
T=2
 = P ,, 1 ,, ,, ,, 
 
(LITERATURA : mais fórmulas, também para países Africanos 
AVISO: Utilizar com cuidado para outras áreas com outros climas. 
 
 O factor R da erosividade anual é a soma de todos os factores Rj do ano sob 
consideração. 
 
 R = Rj [MJ.mm.ha
-1
.h
-1
] o factor R da erosividade anual da chuva é um valor que indica 
a erosividade da chuva numa escala baseada no index Et.I30 [MJ.mm.ha
-1
.hr
-1
] 
 
 A distribuição da probabilidade dos R - valores pode ser representada por curvaslog 
normal; em termos gerais o valor R que ocorre uma vez em 20 anos é 2 vezes maior do que a 
média dos R - valores (P=50%) 
 42 
 
 
A Tabela 2 apresenta valores (anuais) indicativos de R para vários países. A Figura 18 dá a 
distribuição da erosividade média estimada (R) ao longo do ano. Os valores de R foram estimados 
na base de quantidades médias de precipitação, não sabendo as intensidades, supondo então uma 
relação linear (proporcional) entre a precipitação e R. 
 
 
Figura 18: Distribuição da erosividade estimada (R) sobre o ano 
P
re
c
ip
ita
ç
ã
o
(P
) 
 
Erosividade R=f(P,I) 
P 
R? 
Tempo 1 ano 
 
 43 
Tabela 2. Valores de R (MJ*mm*ha
-1
*hora
-1
*ano
-1
) para alguns países e locais 
País Local Erosividade Maneira de estimar 
Argentina 
Bélgica 
 
Brasil 
 
Camerões 
 
Tchad 
Alemanha 
 
India 
 
Costa de marfim 
 
 
Indonesia 
Jordania 
 
Luxemburg 
Madagascar 
 
 
 
 
Mexico 
Marrocos 
 
 
Holanda 
Niger 
 
Nigéria 
Zimbabwe 
Senegal 
 
Espanha 
Tunesia 
 
Estados Unidos de América 
 
 
Burkina Faso 
Corrientes 
géral 
Brussel 
Belém 
Campinas 
Dschong 
Douala 
Deli 
Regensburg 
Berchtesgaden 
Bombay 
Mangalore 
Abidjan 
Bouaké 
Divo 
Jakarta 
Janin 
Amman 
norte 
Béfandriana 
Taheza 
Manankazo 
Ampamaherana 
Nanokely 
Ciudad Lerdo 
géral 
Fes 
Melenes 
De Bilt 
Allokoto 
Ngumi 
Kano 
géral 
Bambey 
Sifa 
Mérida 
géral 
centro 
géral 
Birmingham 
Des Moines 
Louisana 
géral 
Bobo Dioulasso 
Dori 
Ouagadougou 
 5600 
500-2000 
600-700 
15000 
12000 
 6100 
34000 
 5400 
 700 
 2300 
11000 
25000 
12000 
 5100 
 8200 
39000 
 1500 
 1200 
 300 
13000 
 4900 
 8700 
 6000 
 6200 
 400 
500-2900 
 800 
 1000 
 800 
 2500 
 1100 
 4300 
 3700 
 3200 
 6400 
 900 
600-2900 
 2300 
900-11000 
 6000 
 2300 
10000 
2000-6400 
 5600 
 2600 
 4300 
F 
A 
 
F 
 
E 
 
E 
A 
A 
F 
 
E 
E 
E 
 
F 
B 
B 
D 
D 
D 
D 
D 
F 
 
 
 
B 
E 
F 
F 
A 
E 
E 
B 
 
A 
A 
 
A 
 
 
E 
E 
E 
 
Maneiras de estimar: 
A: R= EI30 D: R= a Pb*I30+b 
B: R= a*Pa*P24h*P1h+b E: R= D com adaptacoes 
C: R= a*P6h
2.17
 F: R= método KLINGEBIEL 
 
 44 
II.6.7.3 Características físicas do solo (K) 
 As propriedades físicas do solo afectam a capacidade de infiltração e a facilidade com 
que o material de solo pode ser deslocado e transportado. 
 
 Estas propriedades que influenciam a erosão incluem: 
 Estrutura do solo, textura, matéria orgânica, humidade e densidade, assim como 
características químicas e biológicas do solo. A estabilidade estrutural da camada arável joga um 
papel muito importante. Uma estrutura estável resiste à desintegração de agregados do solo, e 
estes solos mantêm-se porosos, com uma elevada taxa de infiltração. Neste contexto, a 
distribuição do tamanho das partículas, a saturação em Na do complexo sortivo do solo (PST), os 
tipos de minerais argilosos e a matéria orgânica, são de grande importância. Teores elevados de 
areia e limo correspondem com estabilidade estrutural fraca. O solo com uma estrutura instável 
desintegra-se rapidamente: o efeito compactador e enlameador das gotas de chuva promove o 
escoamento superficial. Um bom solo de estrutura estável apresenta agregados granulares ou 
grumosos no horizonte A, com porosidade elevada e heterogénea. 
 
 Além da estabilidade estrutural da camada arável a profundidade do perfil do solo é 
também muito importante. Um perfil profundo (sem horizontes impedindo o movimento da 
água) significa uma boa capacidade de armazenamento de água e consequente pequeno risco de 
saturação do horizonte superficial. A vulnerabilidade do solo à erosão é geralmente chamada 
erodibilidade do solo, definida como a quantidade de solo perdida como consequência da acção 
de agentes erosivos (exº chuva, velocidade do fluxo), num terreno descoberto, sem praticas 
conservacionistas. 
 
 Até agora nenhuma característica ou índice de solo foi encontrada que produz um meio 
satisfatório de predizer a erodibilidade de todos os solos. 
 
 O factor K da erodibilidade do solo na "equação universal de perda de solo" é a perda de 
solo em ton/ha por unidade de erosividade da chuva (R) [(MJ.mm)/(ha.h)] dum capo 
padronizado. 
 
 Um campo padronizado tem as seguintes características: 
 - comprimento do campo = 22.1 m --> L=1 
 45 
 - inclinação do campo = 9 % --> S=1 
 - A terra está nua sem culturas --> C=1 
 - lavrada de cima para baixo do declive -> P=1 
 
 A correlação da perda de solo com propriedades físicas e químicas não foi ainda 
totalmente desenvolvida. Valores indicativos de K para alguns solos de textura diferente são 
dados na Tabela 3. 
 
 
II.6.7.4 Relevo 
 Os traços topográficos que influem na erosão são: grau e comprimento do declive, 
tamanho e forma da bacia. Em declives fortes altas velocidades causam erosão séria por arraste e 
transporte de sedimentos. A velocidade da água de escoamento superficial varia com a raiz 
quadrada da queda vertical mas, a erosão aumenta exponencialmente por causa do efeito 
conjunto do maior splash erosion, maior volume do "run off"(menos infiltração), e maior 
velocidade do run off (Figura 19). 
Tabela 3. Valores de K (ton*hr*MJ
-1
*mm
-1
) da erobilidade do solo (Schwab, 1981) 
 
 matéria orgânica (%) 
Classe de textura 0.5 2 4 
areia fina 
areia muito fina 
areia franca 
areia franca muito fina 
franco arenoso 
franco arenoso muito fino 
franco limoso 
franco argiloso 
franco argilo limoso 
argila limosa 
0.021 
0.055 
0.016 
0.058 
0.036 
0.062 
0.063 
0.037 
0.049 
0.033 
0.018 
0.047 
0.013 
0.050 
0.032 
0.054 
0.055 
0.033 
0.042 
0.030 
0.013 
0.037 
0.011 
0.040 
0.025 
0.043 
0.043 
0.028 
0.034 
0.025 
 
 46 
 
 Além disso o comprimento do declive é muito importante; quanto maior o comprimento, 
maior será o volume de excesso de água acumulado sobre ele, todo o qual escoará do declive 
num volume e velocidade sempre crescente (Figura 19). 
 
 A Figura 20 sugere que a curvatura do declive (convexo, côncavo ou uniforme) também 
tem influência na erosão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 19: Relação entre erosão e inclinação e comprimento do declive (Fonte: Hudson, 
1981) 
 
Declive concavo 
Erosão 1 
Declive uniforme 
Erosão 2 
Declive convexo 
Erosão 3 
 
Figura 20: Relação entre erosão e curvatura do declive 
Inclinação 
 
 
 
 
E
ro
s
ã
o
 (
to
n
/m
) 
 
 
 
 
 E
ro
s
ã
o
 (
to
n
/m
) 
Comprimento 
 47 
Em muitos países a falta de terra e a densidade populacional tem um efeito sobre o uso de 
declives os quais são considerados como aceitáveis para terra arável. O declive máximo varia em 
diferentes países de acordo com estes factores: 
 
 Em países da África Central o declive máximo é considerado 12%, nas Filipinas 25% e 
em Israel 35% (Anonymus, 1981). (Hudson (1981) dá: África Central 12%, Filipinas 25% e 
Israel 15%.) 
 
 Na Equação Universal de Perda de Solo, o factor L do comprimento do declive é uma 
proporção que compara a perda de solo dum campo com comprimento x m. com a perda de solo 
dum campo padrão com comprimento de 22.1 m. O factor S da inclinação do declive é uma 
proporção da perda de solo dum campo com inclinação y% em relação à perda do campo padrão 
com inclinação de 9%. 
 
 O produto de L e S é também chamado o factor topográfico LS dado por 
Smith/Wischmeier (1962), que dá a relação com a perda do solo num declive de comprimento 
padrão de 22.1 m e inclinação de 9%. Estes factores podem ser calculados pelas equações 
empíricas (fonte#): 
 
 O comprimento do declive é medido no ponto onde o fluxo superficial se origina 
(usualmente o topo do cume) até ao canal de saída ou um ponto no declive mais abaixo, onde a 
deposição começa (Schwab et al, 1981). 
 
 
II.6.7.5

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