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Conceitos Psicopedagógicos

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Conceitos Psicopedagógicos
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Conceitos Psicopedagógicos
Autoria: Prof.ª Rafaela de Menezes Souza Brissac
Como citar este documento: BRISSAC, Rafaela de Menezes Souza. Conceitos Psicopedagógicos. Va-
linhos: 2017.
Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: Perspectiva Histórica: A Construção da Psicopedagogia 04
34Unidade 2: Psicopedagogia no Brasil
64
98
Unidade 3: A Profissão e a Ética do Psicopedagogo
123
149
Unidade 4: Proposições e Papel da ABPp
179
211
2/244
Unidade 5: O Psicopedagogo e seu Objeto de Estudo
Unidade 6: A Questão da Aprendizagem
Unidade 7: Intervenção Psicopedagógica no Fracasso Escolar
Unidade 8: Apoio das Neurociências
2/235
4/244
Apresentação da Disciplina
A disciplina “Conceitos psicopedagógi-
cos” aborda de forma clara e objetiva os 
conceitos que embasam a psicopedagogia 
como um campo de conhecimento teórico e 
prático. Inicialmente será apresentada uma 
perspectiva histórica da psicopedagogia, 
contextualizando a origem dela no mundo 
e no Brasil. O entendimento do processo 
histórico, que envolve a prática e o nasci-
mento dessa área como uma área do conhe-
cimento, permite ao leitor compreender os 
principais aspectos que levaram os profis-
sionais da época a buscar um tipo de inter-
venção voltada para crianças que apresen-
tavam dificuldades de aprendizagem. 
Entender o papel profissional do psicopeda-
gogo também é um dos objetivos que se es-
tabelece com esta disciplina. Para tal, serão 
abordados pontos importantes previstos 
no código de ética, que foi elaborado pela 
ABPp – Associação Brasileira de Psicopeda-
gogia. Este conhecimento se mostra impre-
scindível para todos os profissionais que já 
atuam ou que pretendem atuar como psi-
copedagogos. 
Além disso, serão explicitados o objeto de 
estudo da psicopedagogia, quem é o sujeito 
que recebe este atendimento e qual o campo 
de atuação para os profissionais dessa área. 
Os estudos mais recentes, que envolvem o 
impacto das neurociências frente ao fra-
casso escolar, também serão apresentados 
nesta disciplina. De forma geral, os assun-
tos que serão aqui abordados irão constituir 
uma base importante para o entendimento 
da psicopedagogia como área de conheci-
mento e prática profissional.
3/235
5/244
Unidade 1
Perspectiva Histórica: A Construção da Psicopedagogia
Objetivos
1. Contextualizar o período histórico em que se iniciam as preocupações com os
problemas de aprendizagem;
2. Propiciar a compreensão dos aspectos que levaram ao surgimento da Psicope-
dagogia enquanto área de conhecimento;
3. Contribuir para o entendimento do caráter multidisciplinar da psicopedagogia,
localizando as bases teóricas que serviram de respaldo para a sua construção;
4. Elucidar os movimentos iniciais ocorridos na França, que contribuíram para o
fortalecimento da psicopedagogia e sua especificidade;
5. Promover o conhecimento das etapas do desenvolvimento da psicopedagogia
na Argentina.
4/235
Unidade 1 • Perspectiva Histórica: A Construção da Psicopedagogia6/244
Introdução 
A psicopedagogia enquanto área do conhe-
cimento pode ser considerada recente em 
relação a outras áreas. A preocupação com 
os problemas de aprendizagem foi o que deu 
início a construção dessa área que hoje se 
encontra mais consolidada. Esta preocupa-
ção despertou o interesse de profissionais 
de diversas formações, incluindo médicos, 
pedagogos, psicólogos, entre outros. 
Conhecer as origens da psicopedagogia, 
bem como compreender o momento his-
tórico em que se deu o seu início contribui 
para a formação do profissional que preten-
de atuar nesta área. O tema a seguir abor-
dará toda a trajetória do desenvolvimento 
da psicopedagogia, desde o seu surgimento 
na França até o momento de sua chegada 
no Brasil. Para isso, serão apresentados os 
principais fatos históricos que influencia-
ram o pensamento dos primeiros estudio-
sos que se dedicaram a entender os chama-
dos “distúrbios de aprendizagem” no século 
XIX. Você terá a oportunidade de conhecer 
a trajetória dos cursos de formação em psi-
copedagogia na Argentina, país que mais 
influenciou o Brasil em suas práticas psico-
pedagógicas. 
A importância deste tema “Perspectiva his-
tórica: a construção da Psicopedagogia” 
é imprescindível, uma vez que propicia o 
entendimento de aspectos que sustentam 
hoje a prática e as intervenções realizadas 
por psicopedagogos.
5/235
Unidade 1 • Perspectiva Histórica: A Construção da Psicopedagogia7/244
1. O conceito de Psicopedagogia
A princípio, ao ouvirmos a palavra “psico-
pedagogia”, é natural pensarmos que este é 
um termo que combina ou tenta fazer a jun-
ção entre dois campos do conhecimento, o 
da psicologia e o da pedagogia. A própria 
explicação do que vem a ser psicopedago-
gia, muitas vezes, se baseia nessa combi-
nação/junção destes dois campos, ou da 
incidência de um sobre o outro, por exem-
plo: a aplicação da psicologia na prática pe-
dagógica, ou a aplicação da pedagogia na 
prática psicológica. Não é incomum haver 
equívocos na explicação do que vem a ser a 
psicopedagogia, até mesmo por parte da-
queles que estão diretas ou indiretamente 
envolvidos com educação. 
Ao buscarmos as definições de psicopeda-
gogia em dicionários da língua portuguesa, 
temos como resultados:
• Pedagogia baseada na psicologia
científica, especialmente da criança.1
• Utilização pedagógica da psicologia
(por meio de testes, prática de méto-
dos ativos ou emprego da psicanálise2.
Vários autores contribuíram na tentativa da 
formação da psicopedagogia como uma ci-
ência com um corpo teórico próprio, a co-
meçar pela tentativa em defini-la. Muitos 
concordam que ela surgiu na fronteira entre 
1 Fonte: <https://dicionariodoaurelio.com/psicopeda-
gogia>. Acesso em: 1 out. 2017.
2 Fonte: <https://www.dicio.com.br/psicopedagogia>. 
Acesso em: 1 out. 2017.
6/235
https://dicionariodoaurelio.com/psicopedagogia
https://dicionariodoaurelio.com/psicopedagogia
https://www.dicio.com.br/psicopedagogia
Unidade 1 • Perspectiva Histórica: A Construção da Psicopedagogia8/244
a pedagogia e a psicologia, mas é preciso 
cautela nesta afirmação. 
Kiguel (1991 apud BOSSA, 2007) refere que 
a psicopedagogia tem como objetivo aten-
der às crianças que não conseguiam apren-
der no sistema convencional de educação, e 
que, portanto, eram consideradas crianças 
com “distúrbios de aprendizagem”. O au-
tor destaca a utilização de fatores etiológi-
cos para explicar índices altos do fracasso 
escolar, envolvendo principalmente: desnu-
trição, problemas neurológicos, psicológi-
cos, entre outros. Durante muito tempo foi 
aceita no Brasil e no mundo, a ideia de que 
os problemas de aprendizagem estivessem 
relacionados a fatores neurológicos. Isso 
demonstra a valorização de uma concepção 
organicista. 
Apesar de ter surgido na fronteira entre es-
sas duas ciências, não é possível reduzir este 
campo somente a elas, principalmente por-
que o ser humano é um ser pluridimensio-
nal (COSTA; PINTO; ANDRADE, 2013). Para 
Bossa (2007) é preciso reconhecer o caráter 
interdisciplinar desse campo de estudo, e 
Para saber mais
Em 1981, o National Joint Comitee for Learning Di-
sabilities trouxe como definição de distúrbios de 
aprendizagem que “é um termo genérico que se 
refere a um grupo heterogêneo de alterações ma-
nifestas por dificuldades significativas na aqui-
sição e uso da audição, fala, leitura, escrita, ra-
ciocínio ou habilidades matemáticas” (MOYSES; 
COLLARES, 1992).
7/235
Unidade 1 • Perspectiva Histórica: A Construção da Psicopedagogia9/244
ao mesmo tempo fortalecer a sua especifi-
cidade enquanto prática profissional. Nes-
te sentido, a autora resgata a ideia de que 
a psicopedagogia surgiu inicialmente como 
área de aplicação, para depois se tornar 
uma área de estudos.
O objeto de estudo da psicopedagogia, as-
sim como sua definição, passou por diversas 
fases, em função dos diferentes momentos 
históricos, contudo, é possível afirmar que, 
inicialmente, o principal objetode prática e 
estudo da psicopedagogia remetia ao cui-
dar ou tratar dos problemas de aprendiza-
gem (BOSSA, 2007).
Com o passar do tempo, a visão do que se-
ria o objeto de estudo da psicopedagogia 
começa a ser ampliada e discutida sob di-
versos aspectos. Nesse sentido, a contri-
buição de Kiguel (1991) merece destaque. 
Para o autor, num primeiro momento, havia 
um interesse da psicopedagogia em desen-
volver metodologias que atendessem me-
lhor àqueles que tinham dificuldades para 
aprender, ou seja, o foco estava na reedu-
cação, ou na remediação e o objetivo era 
fazer com que o sintoma (dificuldade) desa-
parecesse. Num segundo momento, a psi-
copedagogia passa a se ocupar com a com-
preensão do processo de aprendizagem, 
buscando entender como ocorre a relação 
entre o aprendiz e o processo de aprendiza-
gem. Neste momento, o objeto de estudo da 
psicopedagogia torna-se mais abrangente, 
e envolve o conhecimento de como se dá o 
processo de aprendizagem como um todo, 
e não só em corrigir os problemas de apren-
dizagem.
8/235
Unidade 1 • Perspectiva Histórica: A Construção da Psicopedagogia10/244
Podemos dizer então que, no início, o ob-
jeto de estudo era o sujeito que não podia 
aprender. Foi um período em que se bus-
cava estabelecer a “normalidade”, e tudo 
que se diferenciava disso, caracterizando a 
anormalidade, se tornava objeto da psico-
pedagogia. Posteriormente, a psicopeda-
gogia passa a ter uma visão mais ampla, ao 
considerar a complexidade do ser humano e 
compreender que o “não aprender” pode ser 
visto como uma forma diferente de apren-
der. Abre-se espaço para a singularidade do 
sujeito que aprende. Leva-se em conta di-
versos fatores que podem influenciar nesse 
processo, principalmente o contexto. A vi-
são organicista passa a ter menos valor, e 
o conceito de anormalidade começa a cair 
em desuso, propiciando a compreensão por 
parte dos profissionais da área, de que a for-
ma de aprender de cada indivíduo, pode se 
dar de modos diferentes, singulares (BOS-
SA, 2007).
Com isso, ao estabelecer como objeto de es-
tudo as questões relativas à aprendizagem, 
este campo de conhecimento ganha espe-
cificidade. Ao mesmo tempo que ganha es-
pecificidade, se constitui como um campo 
multidisciplinar, se ancorando em ciências 
já estruturadas na época. Inicialmente re-
cebeu a influência da medicina, psicanálise, 
psicologia e pedagogia, para se fortalecer 
enquanto uma área do conhecimento. 
É consenso que o objetivo da psicopedago-
gia é contribuir com a diminuição do fra-
casso escolar, a partir do entendimento dos 
problemas de aprendizagem e do processo 
9/235
Unidade 1 • Perspectiva Histórica: A Construção da Psicopedagogia11/244
que leva o indivíduo a aprender, permitindo assim a elaboração de práticas que se mostrem efi-
cientes, considerando a singularidade do aprendiz (BOSSA, 2007; FONTES, 2005; COSTA, PINTO; 
ANDRADE, 2013).
Um conceito utilizado atualmente pode ser encontrado no código de ética formulado pela ABPp 
(Associação Brasileira de Psicopedagogia). O artigo 1° traz que:
A Psicopedagogia é um campo de atuação em Educação e Saúde que se 
ocupa do processo de aprendizagem considerando o sujeito, a família, a 
escola, a sociedade e o contexto sócio-histórico, utilizando procedimentos 
próprios, fundamentados em diferentes referenciais teóricos (CÓDIGO DE 
ÉTICA E ESTATUTO DA ABPp, 2011).
Ao apontarmos os aspectos acima, fica claro que entender o conceito de psicopedagogia implica 
muito mais do que buscar uma definição, requer uma compreensão do seu objeto de estudo, do 
seu objetivo enquanto prática e campo de conhecimento e também das teorias que embasam 
essa prática. Todos estes aspectos se tornam mais claros quando conhecemos a história da psi-
copedagogia, compreendendo os fatores que contribuíram para o seu surgimento, como poderá 
ser visto no próximo tópico.
10/235
Unidade 1 • Perspectiva Histórica: A Construção da Psicopedagogia12/244
2. O surgimento da psicopeda-
gogia: o resgate histórico
De acordo com Bossa (2007), a psicopeda-
gogia teve origem, ainda no século XIX na 
Europa, mais precisamente na França. O 
resgaste histórico deste período faz-se ne-
cessário, na medida em que contextualiza 
as bases que permearam o pensamento dos 
teóricos da época. 
No século XIX consolida-se fortemente o ca-
pitalismo industrial. Com isso, a maior par-
te dos regimes políticos, que neste período 
eram conduzidos pela monarquia, passam 
a adotar outros tipos de regime político. A 
extinção dos regimes monárquicos promo-
ve, de certa forma, a chegada da burguesia 
ao poder. Assim, a burguesia passa a deter, 
além do poder econômico, também o poder 
político (BOSSA, 2007; FONTES, 2005). 
Além disso, o capitalismo industrial, por 
conta de suas próprias características en-
quanto sistema econômico, contribui para 
o enfraquecimento dos ideais burgueses de
“igualdade e fraternidade”. Em outras pa-
Link
MACHADO, Fernanda. Capitalismo industrial: 
capitalismo e revoluções das novas tecnologias. 
Pedagogia e Comunicação. Especial para a página 
3 - Uol Educação: 2005. Disponível em: <https://
educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/
capitalismo-industrial-capitalismo-e-revo-
lucoes-das-novas-tecnologias.htm>. Acesso 
em: 1 out. 2017.
11/235
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/capitalismo-industrial-capitalismo-e-revolucoes-das-novas-tecnologias.htm
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/capitalismo-industrial-capitalismo-e-revolucoes-das-novas-tecnologias.htm
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/capitalismo-industrial-capitalismo-e-revolucoes-das-novas-tecnologias.htm
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/capitalismo-industrial-capitalismo-e-revolucoes-das-novas-tecnologias.htm
Unidade 1 • Perspectiva Histórica: A Construção da Psicopedagogia13/244
lavras, este tipo de sistema não favorece a 
possibilidade real de uma sociedade frater-
na e igualitária para todos.
Como consequência, surge a necessidade de 
justificar as desigualdades que se apresen-
tam como frutos dessa “sociedade de clas-
ses”, inerente ao capitalismo. A explicação 
para as desigualdades presentes nesta so-
ciedade emergente será fundamentada na 
ciência e nas formulações teóricas da épo-
ca. Hobsbawn (1998, apud BOSSA, 2007) 
aponta que a sociedade burguesa desse pe-
ríodo estava orgulhosa de seus avanços na 
ciência. E mais do que isso, estava prepara-
da para subordinar todas as outras ativida-
des intelectuais a estes avanços científicos. 
Havia uma crença no cientificismo, que su-
geria a existência de um conhecimento se-
guro e certo, quando produzido por meio da 
aplicação de um método científico. 
O conhecimento produzido por meio da 
aplicação de métodos e da racionalidade 
empírica tem início no final do século XVI, 
com Francis Bacon, que pode ser conside-
rado o precursor da chamada ciência mo-
derna e positiva. Apesar de ter surgido no 
século XVI, será somente a partir do século 
XIX que as ideias de Bacon ganham força. 
A influência do seu pensamento domina o 
pensamento científico até os dias de hoje 
(BOSSA, 2007).
12/235
Unidade 1 • Perspectiva Histórica: A Construção da Psicopedagogia14/244
Quando a ciência positiva ganha força, prin-
cipalmente por operar com fatos objetivos 
e precisos, que se mostram ligados entre si, 
numa espécie de cadeia de causa e efeito, 
a forma de se produzir conhecimento muda 
completamente. Qualquer conhecimento 
que era produzido por métodos advindos do 
racionalismo empírico era aceito na época, 
como leis uniformes e invariantes. É possível 
considerar que este período do século XIX, 
com a concepção positiva de ciência, marca 
o fim de um estágio da humanidade em que 
o entendimento dos fenômenos do Univer-
so era proveniente de superstição e especu-
lação metafísica (HOBSBAWM, 1988).
Todas as teorias que apareceram no decor-
rer do século XIX possuíam a concepção po-
sitivista. Como exemplo, Bossa (2007) des-
taca a psicologia, que neste períodosurge 
como ciência independente, e que assim 
como outras ciências e teorias da época, 
se ancorou nos princípios da biologia para 
construir seu corpo teórico. Percebe-se um 
movimento de aplicar as leis que regem a 
natureza sendo aplicadas também para a 
compreensão do homem e da sociedade 
Para saber mais
Francis Bacon (1561-1626) foi um filósofo, políti-
co e ensaísta inglês, que contribuiu para uma mu-
dança na forma de produzir conhecimento. Uma 
breve biografia que pode auxiliar na compreen-
são do pensamento do filósofo pode ser vista em: 
<https://www.ebiografia.com/francis_ba-
con/>. Acesso em: 18 out. 2017.
13/235
https://www.ebiografia.com/francis_bacon/
https://www.ebiografia.com/francis_bacon/
Unidade 1 • Perspectiva Histórica: A Construção da Psicopedagogia15/244
como um todo. No que se refere à psicolo-
gia, Patto (1996, apud BOSSA, 2007) refere 
que o comportamento passa a ser medido 
e controlado no laboratório. O caráter he-
reditário e genético é valorizado, e alguns 
testes psicológicos, principalmente os de 
inteligência, tentam comprovar que a capa-
cidade intelectual do ser humano é resulta-
do de aptidões naturais e humanas, geneti-
camente herdadas.
3. O Reflexo da Ciência Moderna 
na Escola: O Início da Psicope-
dagogia Curativa
Todo o percurso histórico apresentado até 
o momento contribui para o entendimento 
do contexto em que nasceu a Psicopedago-
gia e das raízes científicas por trás do pen-
samento dos profissionais envolvidos com a 
educação na época. 
Os testes psicológicos, conforme citados 
anteriormente, passam a ser valorizados, em 
virtude do seu caráter científico. Na escola, 
os testes irão tentar explicar as diferenças 
de rendimento entre os alunos. Como este 
conhecimento (dos testes) era produzido 
cientificamente, era considerado, portanto, 
único e verdadeiro, direcionando as ações 
de psicólogos e pedagogos da época. Todo 
esse percurso histórico nos ajuda a compre-
ender o enfoque orgânico, que inicialmente 
orientou médicos, educadores e terapeu-
tas na forma de entender os problemas de 
aprendizagem.
14/235
Unidade 1 • Perspectiva Histórica: A Construção da Psicopedagogia16/244
Bossa (2007) aponta que estudos neuroló-
gicos, neurofisiológicos e neuropsiquiátri-
cos passam a ser estimulados, e passam a 
classificar de forma taxativa como “anor-
mais” os pacientes que não alcançam os ín-
dices considerados “normais” como resul-
tados destes estudos. Dos centros psiquiá-
tricos para a escola, o conceito de anorma-
lidade passou a ser utilizado com as crian-
ças que não conseguiam aprender. Por trás 
dessa visão, havia a interpretação de que o 
fator causador do fracasso escolar da crian-
ça que não aprendia era alguma anomalia. 
Dessa forma, a criança que não conseguia 
aprender era vista como “anormal”. Sua di-
ficuldade era vista como um distúrbio, uma 
anomalia anatomofisiológica. 
O início da Psicopedagogia estava marca-
do por uma maior preocupação com as de-
ficiências sensoriais e debilidades mentais 
do que propriamente pela desadaptação 
infantil. Em 1946, após a segunda guerra 
mundial, é fundado o primeiro Centro Médi-
Para saber mais
Binet (1857-1911), pesquisador de Psicologia Ex-
perimental criou uma escala de inteligência, que 
tentava separar a inteligência natural da inteli-
gência desenvolvida pela educação. Aqueles que 
não conseguiam atingir a “norma” eram categori-
zados como anormais. Esse conceito de anorma-
lidade no cotidiano escolar evidenciou problemas 
que os professores não se sentiam preparados 
para resolver.
15/235
Unidade 1 • Perspectiva Histórica: A Construção da Psicopedagogia17/244
co-Psicopedagógico em Paris, pelos psica-
nalistas franceses Juliette Boutonier e Ge-
orge Mauco. Este centro tinha por objetivo 
articular Medicina, Psicologia, Psicanálise e 
Pedagogia, com a finalidade de entender e 
resolver os problemas de aprendizagem na 
escola. Este primeiro enfoque estava am-
parado na Biologia e Medicina, e o objeti-
vo final era conseguir uma readaptação do 
aluno ao sistema de ensino, de modo a al-
cançar o sucesso escolar (FONTES, 2005).
A “psicopedagogia curativa”, termo cria-
do pela autora francesa Janine Mery, tam-
bém segue nessa linha, e pode ser enten-
dida como um método que favorecia a re-
adaptação pedagógica do aluno, buscando 
tratar crianças e adolescentes que tinham 
problemas escolares (BOSSA, 2007). Uma 
outra definição para “psicopedagogia cura-
tiva” seria: “uma terapêutica para entender 
a criança e adolescentes desadaptados que, 
embora inteligentes, tinham maus resulta-
dos escolares” (COSTA; PINTO; ANDRADE, 
2013, p. 11). 
4. Os Avanços da Psicopedago-
gia na Argentina
A psicopedagogia argentina exerce gran-
de influência na psicopedagogia brasileira, 
portanto, é indispensável conhecer sua his-
tória e seus pressupostos teóricos para en-
tão, compreendermos as bases que susten-
tam a prática da psicopedagogia no Brasil. 
Como primeiro país da América Latina a se 
envolver mais fortemente com as questões 
16/235
Unidade 1 • Perspectiva Histórica: A Construção da Psicopedagogia18/244
de aprendizagem, e com a psicopedagogia 
de fato, a Argentina teve papel importante 
no desenvolvimento deste campo de conhe-
cimento. O início da psicopedagogia no país 
é definido mais por suas práticas, pelas inter-
venções, para depois se estruturar como um 
curso de formação. Bossa (2007) refere que 
alguns profissionais de outras áreas viram a 
necessidade de uma prática que pudesse re-
solver os fracassos escolares e começaram 
fazendo reeducação, trabalhando principal-
mente com as funções egoicas: memória, 
percepção, atenção, motricidade e pensa-
mento, medindo esses déficits e propondo 
tratamentos para resolver as falhas presen-
tes. Havia forte influência do pensamento 
francês nas práticas e nas formas de conce-
ber a psicopedagogia na Argentina (COSTA; 
PINTO; ANDRADE, 2013).
Foi em 1956 que a profissão de psicopeda-
gogia se torna mais estruturada no país, com 
a abertura do primeiro curso universitário, 
na Universidade de Salvador em Buenos 
Aires (RENAULT, 2006). O curso funcionava 
junto à Faculdade de Psicologia, e possuía 
um enfoque de especialização para profes-
sores (COSTA; PINTO; ANDRADE, 2013).
Diversos autores apontam que é possível 
observar que houve três momentos distin-
tos na psicopedagogia da Argentina, que 
Link
Confira os artigos da Revista de Psicología y Psico-
pedagogía – Universidad del Salvador – n. 1, 2016. 
Disponível em: <http://p3.usal.edu.ar/index.
php/psicol/index>. Acesso em: 18 out. 2017.
17/235
http://p3.usal.edu.ar/index.php/psicol/index
http://p3.usal.edu.ar/index.php/psicol/index
Unidade 1 • Perspectiva Histórica: A Construção da Psicopedagogia19/244
podem ser observados principalmente em 
função das mudanças no curso, e conse-
quentemente na formação do profissional 
de psicopedagogia (BOSSA, 2007; FONTES, 
2005; COSTA; PINTO; ANDRADE, 2013). Es-
tes mesmos autores apontam as principais 
características presentes em cada um des-
tes momentos, observados na forma como 
os cursos se estruturavam, conforme ex-
posto a seguir:
1° MOMENTO (referente aos planos de es-
tudos dos anos de: 1956, 1958 e 1961):
• Para participar do curso era necessá-
rio ter o título de docente, ou seja, o 
diploma da escola normal.
• O profissional de psicopedagogia ti-
nha como principal objetivo enfrentar 
os graves problemas que a pedago-
gia enfrentava, a saber: crise na es-
cola, métodos inadequados, aumento 
no número de matrículas (expansão 
demográfica pós-guerra), evasão es-
colar, repetência e dificuldades na 
aprendizagem sistemática.
• A proposta do curso tinha uma ênfase 
na formação filosófica, psicológica e 
na nova prática, a psicopedagogia. 
• A duração do curso era de 3 anos.
2° MOMENTO (referente aos planos de es-
tudos dos anos de 1963, 1964 e 1969):
• Em função da influência da Psicologia 
Experimental, a formação do psico-
pedagogo passou a incluir o conheci-
mento de instrumentos de medição,18/235
Unidade 1 • Perspectiva Histórica: A Construção da Psicopedagogia20/244
que pudesse contribuir para a avalia-
ção das funções cognitivas e afetivas 
do estudante.
• A inclusão de disciplinas relativas a 
instrumentos e testes psicológicos 
aumenta a duração do curso que pas-
sa a ter quatro anos.
• Em 1969, a escola normal é extinta 
na Argentina e o curso começa a re-
ceber alunos com título secundário de 
várias procedências, que não neces-
sariamente possuíam conhecimentos 
de pedagogia ou didática. 
• Torna-se imprescindível uma refor-
mulação do currículo.
3° MOMENTO (referente ao plano de ensino 
do ano de 1978):
• Cria-se a licenciatura em psicopeda-
gogia, tornando o curso uma carreira 
de graduação.
• O curso passa a ter duração de cinco 
anos. 
• Inclui-se as disciplinas “Clínicas Pe-
dagógicas I e II”, com o objetivo de va-
lorizar o papel do profissional do psi-
copedagogo enquanto terapeuta. 
As mudanças ocorridas em função do plano 
de ensino de 1978 se mantêm até hoje na 
Argentina, e a inclusão do olhar e da escu-
ta clínica psicanalítica retrata o perfil atual 
do profissional de psicopedagogia do país. 
Valorizou-se a área clínica, incluindo diag-
nóstico e tratamento (FONTES, 2005).
19/235
Unidade 1 • Perspectiva Histórica: A Construção da Psicopedagogia21/244
No processo do desenvolvimento da psico-
pedagogia ocorrido na Argentina nota-se 
que houve uma mudança na abordagem 
desta prática, que foi da “reeducação” à “clí-
nica”. Esta mudança é decorrente da per-
cepção de alguns profissionais, que ao con-
seguirem cuidar dos problemas de aprendi-
zagem dos indivíduos, após algum tempo, 
surgiam outros problemas mais graves de 
natureza psicológica. Os profissionais en-
tenderam que a questão da aprendizagem 
podia ser vista como um sintoma de alguma 
enfermidade mais grave, e por isso, viu-se 
a necessidade de incluir em seu trabalho o 
olhar e a escuta clínica, que traduz o perfil 
do profissional de psicopedagogia da Ar-
gentina até os dias de hoje (BOSSA, 2007).
Bossa (2007) ressalta que a atuação psi-
copedagógica na Argentina está então li-
gada às áreas de educação e saúde. Sendo 
a principal função do psicopedagogo na 
educação contribuir para a diminuição do 
fracasso escolar, e na saúde, sua função é 
reconhecer e atuar sobre as alterações da 
aprendizagem sistemática, buscando des-
cobrir como o sujeito aprende, por meio de 
diagnósticos, testes, entrevistas com pais, 
entre outros recursos. 
Para saber mais
A partir de 1984, com a Resolução nº 2473/84 do 
Ministério da Educação Argentina, são definidas, 
oficialmente, as incumbências da profissão na-
quele país. Assim, a partir de então a clínica passa 
a ser praticada somente por licenciados. 
20/235
Unidade 1 • Perspectiva Histórica: A Construção da Psicopedagogia22/244
De acordo com Fontes (2005), as autoras 
que mais contribuíram nesta última fase 
de desenvolvimento da psicopedagogia na 
Argentina foram Alicia Fernandez e Sarah 
Pain. 
A psicopedagogia no Brasil recebe forte 
influência destas autoras. Argenti e Escott 
(2001) referem que as autoras possuem 
uma visão psicopedagógica mais ampla, e 
que consideram a aprendizagem como uma 
articulação da inteligência, desejo, corpo e 
organismo, aproximando mais a teoria psi-
canalítica da psicopedagogia.
A história da psicopedagogia nos possibili-
ta o entendimento de como se desenvolveu 
esse campo de conhecimento no Brasil, que 
será o assunto do próximo tema desta disci-
plina: A psicopedagogia no Brasil.
Link
Cruzando as fronteiras da história da psicopeda-
gogia: uma entrevista com Alicia Fernández.
LELIS, Maria Terezinha Carrara. Cruzando as fron-
teiras da história da psicopedagogia: uma entre-
vista com Alicia Fernández. Rev. Psicopedagogia, 
São Paulo, v. 25, n. 78, p. 186-197, 2008. Dispo-
nível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psi-
coped/v25n78/v25n78a02.pdf>. Acesso em: 3 
out. 2017.
21/235
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v25n78/v25n78a02.pdf
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v25n78/v25n78a02.pdf
Unidade 1 • Perspectiva Histórica: A Construção da Psicopedagogia23/244
Glossário
Cientificismo: é a tendência intelectual ou concepção filosófica de matriz positivista que afirma 
a superioridade da ciência sobre todas as outras formas de compreensão humana da realidade 
(religião, filosofia, metafísica etc.).
Funções egoicas: são forças do ego importantes para a compreensão dinâmica do comporta-
mento, e podem ser divididas em: a) funções egoicas básicas – voltada para o mundo exterior e 
para aspectos de si próprio: percepção atenção, memória, pensamento, previsão (programação 
da ação) execução, controle e coordenação de ação; b) funções defensivas – têm a finalidade de 
neutralizar ansiedades criadas entre condições de realidade, fantasias, impulsos e proibições: 
dissociação, negação e evitação e trabalham simultaneamente com as funções básicas psicoló-
gicas; c) funções integradoras, sintéticas ou organizadoras – A força destas funções integrado-
ras é “posta àa prova” quando diante de mudanças na situação de vida, o sujeito tem que reor-
ganizar suas relações com o mundo , através de uma mobilização seletiva de novas funções de 
adaptação.
Visão organicista: visão pautada no organicismo, que é uma teoria segundo a qual as doenças 
são resultadas de lesões em algum órgão.
22/235
https://pt.wikipedia.org/wiki/Filos%C3%B3fica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Positivista
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Compreens%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Metaf%C3%ADsica
Questão
reflexão
?
para
24/244
A psicopedagogia possui uma história construída por 
muitas mãos. Psicólogos, médicos, pedagogos, filó-
sofos, entre outros profissionais. Após a leitura deste 
tema, é possível identificar que os problemas de apren-
dizagem possuem uma causa única? Vivemos uma épo-
ca de intensa medicalização na escola. Em sua opinião, 
este ainda pode ser considerado um reflexo da “biologi-
zação” dos problemas de aprendizagem?
23/235
25/244
Considerações Finais (1/2)
• O conceito de psicopedagogia não pode ser reduzido à aplicação dos co-
nhecimentos psicológicos à pedagogia e tampouco dos conhecimentos pe-
dagógicos à psicologia. 
• No início, o objeto de estudo da psicopedagogia era o sujeito que não apren-
dia. Foi um período em que se buscava estabelecer a “normalidade” dentro 
do processo de aprendizagem, e tudo que se diferenciava disso era consi-
derado como “anormal” e se tornava objeto de estudo da psicopedagogia.
• O capitalismo industrial contribuiu para que as desigualdades ficassem mais 
evidentes, em função das próprias características deste sistema econômico. 
• A explicação para as desigualdades presentes nesta sociedade emergen-
te será fundamentada na ciência e nas formulações teóricas da época, ga-
nhando força a ciência moderna e positiva.
• Ocorre uma valorização da testagem, e de todo conhecimento objetivo, 
passível de mensuração.
24/235
26/244
Considerações Finais (2/2)
• A criança que não conseguia aprender era considerada anormal, de forma
que não se adaptava ao sistema educacional.
• A “psicopedagogia curativa” surge com o objetivo de favorecer a readapta-
ção pedagógica do aluno.
• A psicopedagogia na Argentina recebeu forte influência da França e tem
início na prática para depois focar nos cursos de formação.
• A psicopedagogia, de forma geral, passa a ter um caráter clínico e institu-
cional, tanto na Argentina quanto em outros países.
25/235
Unidade 1 • Perspectiva Histórica: A Construção da Psicopedagogia27/244
Referências
ARGENTI, P. W.; ESCOTT, C. M. A formação em psicopedagogia nas abordagens clínica e insti-
tucional: uma construção teórico-prática. Novo Hamburgo: Feevale, 2001.
BOSSA, N. A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 2. ed., Porto Alegre: 
Artmed, 2007.
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DAABPp, 2011. Disponível em: <http://www.abpp.com.br/docu-
mentos_referencias_codigo_etica.html>. Acesso em: 10 set. 2017.
COSTA, A. A.; PINTO, T. M. G.; ANDRADE, M. S. Análise Histórica do surgimento da psicopedagogia 
no Brasil. Id On Line Revista De Psicologia, ano 7, número 20, julho/2013.
FONTES, M. A. Concepções de psicopedagogia no Brasil: reflexões a partir da teoria crítica da 
sociedade. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, São 
Paulo, 2005.
HOBSBAWN, E. J. A era do capital: 1848-1875. 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988, p. 140.
KIGUEL, S. M. Reabilitação em neurologia e psiquiatria infantil: aspectos psicopedagógicos. Con-
gresso brasileiro de neurologia e psiquiatria infantil: a criança e o adolescente na década de 
80. Porto Alegre: Abenepe, 1991. v. 3.
26/235
http://www.abpp.com.br/documentos_referencias_codigo_etica.html
http://www.abpp.com.br/documentos_referencias_codigo_etica.html
Unidade 1 • Perspectiva Histórica: A Construção da Psicopedagogia28/244
MOYSÉS, M. A. A.; COLLARES, C. A. L. A história não contada dos distúrbios de aprendizagem. 
Caderno Cedes, n. 28, 1992, p. 31-47.
PATO, M. H. S. A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia. São Paulo: T. 
A. QUEIROZ, 1996. v. 6.
RENAULT, G. La Universidad Del Salvador, cumple sus primeros 50 anõs. La carrera de Psicopeda-
gogia, se encuentra cumpliéndolos también. Aprendizaje Hoy: Revista de Actualidad Psicopeda-
gogica, Buenos Aires, julho de 2006. Ano 26, n. 64, p. 7-10.
RUBINSTEIN, E. R. O estilo de aprendizagem e a queixa escolar: entre o saber e o conhecer. São 
Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.
27/235
30/244
1. O primeiro centro médico psicopedagógico, fundado por Boutonier e
Mauco, teve como sede:
a) Alemanha.
b) França.
c) Brasil.
d) Argentina.
e) Estados Unidos.
Questão 1
28/235
31/244
2. Desde o seu surgimento, o objetivo da psicopedagogia passou por algu-
mas modificações em função do seu próprio desenvolvimento enquanto 
campo de conhecimento, e também, em função da influência dos diversos 
teóricos que contribuíram para o fortalecimento da prática psicopedagó-
gica. No entanto, é correto afirmar, que no início o principal objetivo da 
psicopedagogia era o de:
a) Promover a escuta psicanalítica das crianças que apresentavam distúrbios de aprendizagem.
b) Colaborar para a melhoria no relacionamento entre professor X aluno.
c) Impedir que crianças com dificuldades de aprendizagem interferisse negativamente na edu-
cação de crianças normais.
d) Aplicar testes que buscavam mensurar a inteligência de cada criança.
e) Desenvolver metodologias que atendessem melhor aqueles que tinham dificuldades para 
aprender, promovendo a reeducação ou remediação, fazendo com que o sintoma (dificulda-
de) desaparecesse.
Questão 2
29/235
32/244
3. É possível observar que no decorrer do desenvolvimento da psicopeda-
gogia enquanto campo do conhecimento, algumas ciências contribuíram
mais fortemente para trazer especificidade para a área. São elas:
a) Medicina, psicologia, psicanálise e pedagogia.
b) Medicina, psicologia, fonoaudiologia e pedagogia.
c) Filosofia, psicologia, psicanálise e sociologia.
d) Astrologia, psicologia, psicanálise e pedagogia.
e) Medicina, física, psicanálise e pedagogia.
Questão 3
30/235
33/244
4. A psicopedagogia curativa, termo criado pela psicopedagoga francesa 
Janine Mery, pode ser entendida como:
a) Uma pedagogia que buscava uma associação de terapias com medicações.
b) Um método que favorecia a readaptação pedagógica de crianças e adolescentes desadap-
tados que, embora inteligentes, tinham maus resultados escolares. 
c) Uma intervenção que tinha por objetivo criar salas especiais que visavam à cura dos proble-
mas de aprendizagem.
d) Um método que só poderia ser utilizado com crianças com retardo mental.
e) A psicopedagogia aplicada aos professores.
Questão 4
31/235
34/244
5. A psicopedagogia na Argentina pode ser dividida em três momentos,
que dizem respeito às reformulações ocorridas em seus planos de en-
sino no curso de psicopedagogia. Sobre o terceiro momento, é correto
afirmar que:
a) O curso tem duração de quatro anos.
b) Só são aceitos no curso alunos que tenham a titulação de docente.
c) Todos os professores do curso precisam ser psicólogos.
d) O curso passa a ter as disciplinas “Clínicas pedagógicas I e II, valorizando o papel do profis-
sional do psicopedagogo enquanto terapeuta.
e) A psicopedagogia começa a ser aplicada exclusivamente em clínicas.
Questão 5
32/235
35/244
Gabarito
1. Resposta: B.
Foi na França que surgiu o primeiro centro 
médico psicopedagógico.
2. Resposta: E.
O foco era na reeducação, buscando corri-
gir aquilo que não ia bem com o aluno. Ao 
identificar as suas dificuldades, o profissio-
nal tentava auxiliá-lo naquele aspecto, bus-
cando a correção.
3. Resposta: A.
A medicina, psicanálise, psicologia e peda-
gogia são as bases para a prática da psico-
pedagogia até os dias de hoje.
4. Resposta: B.
A psicopedagogia curativa também busca a 
readaptação do aluno ao sistema de ensino, 
buscando intervir em aspectos que estejam 
contribuindo para o seu fracasso escolar.
5. Resposta: D.
A influência da psicanálise traz para a psi-
copedagogia argentina a necessidade de o 
profissional desenvolver a escuta psicanalí-
tica, visto que os problemas de aprendiza-
gem podem ser apenas o sintoma de outras 
questões de natureza emocional.
33/235
36/244
Unidade 2
Psicopedagogia no Brasil
Objetivos
1. Conhecer os principais fatos ocorri-
dos na construção da psicopedago-
gia brasileira;
2. Elucidar a tendência contemporânea
da psicopedagogia no Brasil e sua
forma de caracterizar o objeto de es-
tudo desta área do conhecimento;
3. Identificar os principais desafios pre-
sentes no Brasil em relação à psico-
pedagogia.
34/235
Unidade 2 • Psicopedagogia no Brasil37/244
Introdução
A psicopedagogia no Brasil, assim como 
em outros países, possui uma história que 
se construiu a partir de diversas práticas e 
influências teóricas vindas de outros países 
e adaptadas, na medida do possível, para 
a nossa realidade. As passagens históricas 
que auxiliam na compreensão desse pro-
cesso de construção da identidade da psi-
copedagogia brasileira serão expostas nes-
te tema. 
Ao conhecer os fatos históricos e remon-
tar o percurso da psicopedagogia, é possí-
vel compreender o momento atual da área 
e pontuar com clareza suas características 
enquanto área do conhecimento em expan-
são. Neste sentido, você conseguirá visua-
lizar o momento inicial da psicopedagogia 
no Brasil, o momento presente e também 
vislumbrar os rumos futuros dessa área. A 
formação do psicopedagogo precisa estar 
pautada também neste percurso histórico, 
uma vez que ele também está construindo 
essa história, por isso a importância deste 
tema em nosso curso.
1. A Psicopedagogia no Brasil:
Uma Identidade em Construção
O momento atual da psicopedagogia no 
Brasil é vivido por uma diversidade de práti-
cas e enfoques teóricos, que têm contribuí-
do significativamente para o fortalecimen-
to da área em nosso país. É um campo que, 
apesar de já ter avançado em alguns aspec-
tos, ainda podemos dizer que está em cons-
trução. Como um campo em construção, 
35/235
Unidade 2 • Psicopedagogia no Brasil38/244
pressupõe-se que ainda existem muitos ca-
minhos a serem percorridos, mas também é 
possível fazermos algumas considerações 
do que já foi alcançado até este momento. 
De acordo com Rubinstein, Castanho e Nof-
fs (2004), a psicopedagogia, enquanto área 
de atuação, no Brasil:
• É fundamentada em referenciais teó-
ricos, sendo assim, é uma práxis psi-
copedagógica;
• É reconhecida academicamente, em 
função das diversas produções cien-
tíficas (teses, publicações) e de reuni-
ões científicas organizadas pela Asso-
ciação Brasileira de Psicopedagogia 
(ABPp);
• A formação em psicopedagogia no 
Brasil se dá por meio de cursos de es-
pecialização em instituições deensi-
no superior1;
• Contribui para a integração de crian-
ças, adolescentes e adultos que se 
encontram desarticulados de institui-
ções de ensino;
• É um campo interdisciplinar, que pos-
sui como bases principais a psicologia, 
pedagogia e psicanálise;
• Surgiu para atender a crianças e ado-
lescentes com problemas na aprendi-
zagem, mas está voltada para a apren-
dizagem de modo geral.
1 Estas informações são referentes ao ano de 2004, sendo que 
no Brasil já é possível encontrar a formação em psicopedago-
gia também em cursos de graduação. A maior parte dos cur-
sos ainda é em nível de pós-graduação. 
36/235
Unidade 2 • Psicopedagogia no Brasil39/244
Rubinstein, Castanho e Noffs (2004) nos 
lembram que a Psicopedagogia, principal-
mente no início do século XXI, tinha como 
verdade que as razões do insucesso escolar 
das crianças na escola estavam localizadas 
apenas nos alunos, e nas suas caracterís-
ticas individuais. Este aspecto foi visto no 
tema anterior, quando falamos da visão or-
ganicista da psicopedagogia, que atribuía 
ao organismo as causas do fracasso esco-
lar. De acordo com Bossa (1994) nas déca-
das de 1960 e 1970, houve um forte movi-
mento que difundia a teoria da “carência 
cultural”, sendo que as explicações sobre 
o fracasso escolar começaram a ser atribu-
ídas ao meio cultural deficitário que os alu-
nos viviam. Nesta perspectiva, o insucesso 
escolar passou a ser visto como um sintoma 
social, e não mais como uma patologia do 
aluno. A tendência contemporânea da Psi-
copedagogia no Brasil corrobora com esta 
Para saber mais
“A Associação Brasileira de Psicopedagogia – 
ABPp – é uma associação de direito privado, de 
âmbito nacional, sem fins lucrativos e econômi-
cos, de caráter técnico, científico e social, com 
atividade preponderante no exercício da psicope-
dagogia. Fundada em 12 de novembro de 1980, 
a ABPp agrega psicopedagogos brasileiros com a 
finalidade de propiciar-lhes o desenvolvimento, 
a divulgação e o aprimoramento desta área do 
conhecimento”. Disponível em: <http://www.
abpp.com.br/psicopedagogo_quem_so-
mos.html>. Acesso em: 5 out. 2017.
37/235
http://www.abpp.com.br/psicopedagogo_quem_somos.html
http://www.abpp.com.br/psicopedagogo_quem_somos.html
http://www.abpp.com.br/psicopedagogo_quem_somos.html
Unidade 2 • Psicopedagogia no Brasil40/244
percepção, de que as questões de contexto 
também precisam ser avaliadas quando se 
buscam as causas do fracasso escolar.
Rubinstein, Castanho e Noffs (2004) apon-
tam que nenhuma análise parcial pode 
contribuir para a compreensão do fracas-
so escolar. É preciso entender o fenômeno 
em sua complexidade, pois qualquer análi-
se parcial, seja ou atribuindo tudo ao orga-
nismo ou tudo ao contexto, pode conduzir a 
erros no entendimento do mesmo. 
A tendência contemporânea na psicopeda-
gogia busca compreender o insucesso esco-
lar a partir dos seguintes aspectos: – relação 
do sujeito com o objeto de conhecimento; 
– relação professor/aluno; – condução ina-
dequada das instituições de ensino; – vi-
são integral do aluno; e – conhecimento do
contexto em que o aluno vive. Essa tendên-
cia ressalta o caráter mais dinâmico do pro-
cesso de aprendizagem, e considera o sujei-
to da aprendizagem como um todo. O ob-
jetivo da psicopedagogia contemporânea é
a aprendizagem e a relação do sujeito com
a aprendizagem, e o modo de fazer o diag-
nóstico psicopedagógico envolve observar
o potencial de aprendizagem do aluno e
Link
“A culpa do fracasso escolar gera discursos con-
flitantes”. Confira o artigo da Agência USP de no-
tícias.
Disponível em: <http://www.usp.br/
agen/?p=5934>. Acesso em: 5 out. 2017.
38/235
http://www.usp.br/agen/?p=5934
http://www.usp.br/agen/?p=5934
Unidade 2 • Psicopedagogia no Brasil41/244
identificar quais são as melhores condições 
que podem contribuir para uma aprendiza-
gem de sucesso neste aluno (RUBINSTEIN; 
CASTANHO; NOFFS, 2004).
Até o momento foi contextualizado de uma 
forma geral como a psicopedagogia se en-
contra atualmente no Brasil, e em que sen-
tido avançamos na forma de perceber o 
fenômeno da aprendizagem, porém para 
atendermos ao objetivo do nosso tema, 
passaremos agora a conhecer os principais 
marcos presentes na construção da história 
deste campo de conhecimento no Brasil.
2. Principais fatos na História da 
Psicopedagogia Brasileira
Durante muito tempo, no Brasil, os fatores 
orgânicos foram considerados responsá-
veis pelo fracasso escolar desde o início da 
história da psicopedagogia (BOSSA, 2004). 
Talvez por esse motivo, assim como ocorreu 
em outros países do mundo, os problemas 
de aprendizagem muitas vezes eram asso-
ciados a problemas de saúde. 
Em 1906 foi criado um Laboratório de Psico-
logia Pedagógica no Rio de Janeiro. A preo-
cupação de psicólogos e educadores, neste 
período, era com a saúde mental, indicando 
uma abordagem médica para as questões 
associadas ao insucesso na escola (RUBINS-
TEIN; CASTANHO; NOFFS, 2004). As auto-
39/235
Unidade 2 • Psicopedagogia no Brasil42/244
ras apontam que, ainda no Rio de Janeiro, 
na década de 1940, a Secretaria de Saúde 
promoveu o atendimento a estudantes com 
dificuldades diversas. 
Os anos 1950 no Rio de Janeiro foram mar-
cados pela criação de classes especiais para 
alunos que eram considerados deficientes 
mentais. Na década de 1950 havia um ou-
tro movimento ocorrendo no Rio Grande do 
Sul, que também pode ser visto como uma 
prática que retrata as preocupações com as 
questões de aprendizagem no Brasil: o iní-
cio de pesquisas voltadas para a educação e 
linguagem. 
Na década de 1960 surge a psicopedagogia 
clínica, com a finalidade de compreender as 
questões de insucesso escolar em nível in-
dividual, buscando intervir sobre a pessoa 
que apresenta dificuldades de aprendiza-
gem, seja por motivos individuais ou fami-
liares (FONTES, 2005). Nestes casos, o pro-
blema de aprendizagem é diagnosticado 
como sintoma (quando o não aprender pos-
sui um significado inconsciente) ou inibição 
(quando ocorre uma retração intelectual do 
ego, diminuindo assim as funções cogniti-
vas do sujeito). De acordo com Fernandez 
(1991, apud Fontes, 2005, p. 85; grifo da 
autora), “o sintoma ou inibição causam um 
aprisionamento da inteligência do indivíduo 
que não aprende, a partir da estrutura sim-
bólica inconsciente”. Esse caráter clínico da 
psicopedagogia surge ao mesmo tempo na 
Argentina e no Brasil.
40/235
Unidade 2 • Psicopedagogia no Brasil43/244
De acordo com Rubinstein, Castanho e No-
ffs (2004), no final dos anos 1960, o esta-
do do Rio Grande do Sul, preocupado com 
o aumento no número de alunos que apre-
sentavam dificuldades com a aprendizagem 
da leitura e da escrita, cria a Clínica de lei-
tura. Dados apontam que nos anos 1970, 
já havia em torno de 300 Clínicas de leitura 
em funcionamento no estado. As autoras 
apontam que “nesta ocasião, a abordagem 
era reeducativa, havia uma parceria entre a 
medicina e a educação. A tendência era por 
uma concepção adaptacionista para alcan-
çar a integração das crianças” (RUBINSTEIN; 
CASTANHO; NOFFS, 2004, p. 229).
Link
Confira esta entrevista com a autora Alicia Fer-
nández, que completou 40 anos contribuindo 
para a área de psicopedagogia.
OLIVA, Luiza. Entrevista com Alicia Fernández. 
Matéria publicada na Revista Direcional Educador 
– edição 43, agosto/2008. Disponível em: <http://
vivainfancia.org.br/Entrevista_Alicia%20Fer-
nandez.pdf>. Acesso em: 5 out. 2017.
41/235
http://vivainfancia.org.br/Entrevista_Alicia%20Fernandez.pdf
http://vivainfancia.org.br/Entrevista_Alicia%20Fernandez.pdf
http://vivainfancia.org.br/Entrevista_Alicia%20Fernandez.pdf
Unidade 2 • Psicopedagogia no Brasil44/244
Em São Paulo, na década de 1970, a PUC-
-SP oferecia cursos voltados para as difi-
culdades escolares. Estes cursos buscavam 
capacitar profissionais para o atendimento 
de crianças, em caráter preventivo, tanto 
na escola quanto na clínica. Sobre a década 
de 1970, é importante relembrar que havia 
aindauma prevalência da visão organicista 
para explicar o fracasso escolar. Foi a dé-
cada da DCM – Disfunção Cerebral Míni-
ma, que era entendida como as disfunções 
neuromotoras, que causavam as dificulda-
des nos alunos. Implícito a esta visão, havia 
um discurso que tornava o fracasso esco-
lar patológico, e localizado exclusivamente 
no aluno (RUBINSTEIN; CASTANHO; NOFFS, 
2004). 
Para saber mais
As clínicas de leitura foram implantadas por meio 
do Decreto nº 18415/67, no estado do Rio Gran-
de do Sul, e tinham por finalidade diminuir os pro-
blemas de desadaptação escolar. As professoras 
especializadas trabalhavam com os alunos da 
rede que apresentassem os distúrbios de leitura 
e escrita. Era oferecido um curso de preparação 
para os professores, denominado como “Curso de 
atendentes de clínica de leitura”, com duração de 
766 horas/aula. A demanda de trabalho sempre 
foi bem maior do que a capacidade de atendi-
mento das especialistas (PORTELLA, 2005).
42/235
Unidade 2 • Psicopedagogia no Brasil45/244
O primeiro curso regular de psicopedagogia 
no Brasil foi criado em São Paulo, no ano de 
1979, no Instituto Sedes Sapientae. Havia 
no curso a proposta de uma visão mais in-
tegrada do sujeito da aprendizagem. 
Rubinstein, Castanho e Noffs (2204) refe-
rem que a década de 1980 foi marcada por 
uma mudança na forma de compreender o 
fracasso escolar, principalmente, a partir de 
dois movimentos que se destacaram:
1) Compreensão do fracasso escolar:
foco na investigação de aspectos es-
truturais, funcionais e da dinâmica in-
terna da instituição escolar.
2) Clínica: foco na compreensão da rela-
ção que o aluno estabelecia com o co-
nhecimento, que implicava uma visão
mais dinâmica da queixa escolar.
Um dos fatos mais importantes ocorridos 
na década de 1980, mais precisamente no 
ano de 1980, foi a criação da Associação 
Brasileira de Psicopedagogia – ABPp, que 
pode ser considerada um marco inicial na 
direção da institucionalização da profissão 
de psicopedagogo (COSTA; PINTO; ANDRA-
DE, 2013).
Link
Confira neste artigo as principais características 
da Disfunção cerebral mínima.
BAZ, Erika Infante. Integração sensorial e distúr-
bios escolares. Disponível em: <http://www.sb-
neurociencia.com.br/erikainfante/artigo3.
htm>. Acesso em: 5 out. 2017.
43/235
http://www.sbneurociencia.com.br/erikainfante/artigo3.htm
http://www.sbneurociencia.com.br/erikainfante/artigo3.htm
http://www.sbneurociencia.com.br/erikainfante/artigo3.htm
Unidade 2 • Psicopedagogia no Brasil46/244
Costa, Pinto e Andrade (2013) ressaltam 
que a década de 1990 foi marcada pelas 
contribuições principalmente de psicope-
dagogas argentinas, como as autoras Sara 
Paín e Alicia Fernandez. Ambas ampliaram 
a visão teórica da psicopedagogia no Bra-
sil, enfatizando o sujeito psicológico que 
aprende e introduzindo a abordagem da 
dinâmica familiar no entendimento dos 
problemas de aprendizagem. 
Além dessas autoras, observa-se a presença 
da influência de outros autores argentinos, a 
saber: Ana Maria Rodriguez Muñiz, Ana Te-
berowsky, Bernardo Quirós, Emília Ferrero, 
Jorge Visca, Jacob Feldman e Mabel Conde-
marin. Direta ou indiretamente, por meio de 
seminários, cursos, palestras, textos, estes 
autores influenciaram a construção de um 
novo modelo de intervenção clínica. 
Tal modelo envolvia uma nova compreensão 
do sujeito que aprende, que levava em con-
ta os conhecimentos advindos da Psicologia 
Genética, Antropologia, Sociologia, Psica-
nálise, Psicologia Social Operativa, Psico-
linguística, Educação e Neurologia. A partir 
de então, a visão organicista não tem mais a 
primazia no que se refere aos problemas de 
aprendizagem, que passam a ser vistos em 
sua complexidade, envolvendo muitos as-
pectos, e de forma mais dinâmica (RUBINS-
TEIN, CASTANHO; NOFFS, 2004).
Em 1997, o Projeto de Lei Federal nº 3124, 
do deputado federal Barbosa Neto sugere a 
criação dos Conselhos Regionais de Psico-
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Unidade 2 • Psicopedagogia no Brasil47/244
pedagogia. Ainda no trajeto da legalização da profissão de psicopedagogo, o Projeto de Lei nº 
128/2000, do deputado Claury Santos Alves da Silva, foi aprovado em 2001 e estabeleceu que 
a assistência psicopedagógica estivesse presente em todas as instituições de Ensino Básico da 
rede pública do Estado de São Paulo (COSTA; PINTO; ANDRADE, 2013).
Em termos de formação profissional, em 2013 era possível identificar no Brasil: quatro cursos de 
graduação, sendo um localizado no estado de São Paulo e os outros três localizados no estado 
do Rio Grande do Sul e diversos cursos de pós-graduação lato sensu espalhados pelos estados 
brasileiros (COSTA; PINTO; ANDRADE, 2013). 
Para saber mais
A psicopedagogia no Brasil é considerada uma ocupação. A tentativa de criar os conselhos é um reflexo 
da busca pela legalização da psicopedagogia como profissão. Existem muitos equívocos neste sentido. 
A ABPp – Associação Brasileira de Psicopedagogia se difere de um Conselho. Os conselhos federais são 
autarquias criadas pelo governo federal que exercem o papel de emissão de números de registro profis-
sional, fiscaliza e representa uma categoria profissional.
45/235
Unidade 2 • Psicopedagogia no Brasil48/244
4. A Psicopedagogia no Brasil 
Hoje
Para falarmos de psicopedagogia hoje no 
Brasil, é necessário fazer um recorte em 
função dos aspectos relativos: ao exercício 
da profissão de psicopedagogo; à concep-
ção atual de psicopedagogia no Brasil, e aos 
desafios futuros presentes em nossa reali-
dade.
4.1 O exercício da profissão de 
psicopedagogo 
Noffs (2016) contribui trazendo uma visão 
atualizada que se ampara nos aconteci-
mentos mais recentes. Em termos da Clas-
sificação Brasileira de Ocupações, a psico-
pedagogia, desde 2002, está inserida na 
família 2394-5, que diz respeito aos “pro-
gramadores, avaliadores e orientadores de 
ensino da grande área Educação” (NOFFS, 
2016 p. 111).
Em junho de 2008, o Projeto de Lei sob o nº 
3512 é reapresentado pela Deputada Fede-
ral Raquel Teixeira (GO), quando argumenta 
a necessidade de se regulamentar a profis-
são de psicopedagogo, de modo a melhorar 
a qualidade do que se ensina nas escolas, do 
como se ensina, e também do que se apren-
de e como se aprende. Ao argumentar dessa 
forma, refere a necessidade de um profis-
sional da área de psicopedagogia, especia-
lizado, que contribua para aumentar as po-
tencialidades de aprendizagem dos alunos. 
Ainda sobre este projeto: 
46/235
Unidade 2 • Psicopedagogia no Brasil49/244
Em 2009, o projeto ao ser analisado pela comissão de trabalho, de admi-
nistração e serviço público entende que o projeto ao preservar as atribui-
ções dos profissionais em Psicopedagogia não propõe reserva de mercado, 
garantindo assim o exercício da Psicopedagogia por profissionais com for-
mação em Psicologia, Pedagogia e Licenciatura, desde que tenham o certi-
ficado de conclusão de curso em Psicopedagogia a nível de especialização 
ou graduação (NOFFS, 2016, p. 114).
Em 2010, este mesmo projeto sofre mudanças e se amplia a prática da psicopedagogia para 
profissionais que sejam portadores de diplomas em Psicologia, Pedagogia, Licenciaturas ou Fo-
noaudiologia. O projeto ainda aguarda aprovação no Senado Federal. 
Estes são os aspectos que foram apresentados em artigo mais recente que contribui para o en-
tendimento de quem pode exercer a psicopedagogia hoje no Brasil. Em relação aos rumos que 
devem ser tomados, a autora sugere “regulamentar o bem formado e legalizar o que a sociedade 
já legitimou” (NOFFS, 2016).
47/235
Unidade 2 • Psicopedagogia no Brasil50/244
4.2 A concepção atual de psicopedagogia no Brasil
Para definirmos a concepção atual da psicopedagogia, buscou-se no código de ética, elaborado 
pela ABPp – Associação Brasileira de Psicopedagogia, e reformulado em 2011, como ele estabe-
lece o conceito de psicopedagogia:
A Psicopedagogia é um campo de atuação em Educação e Saúde que se ocu-
pa do processo de aprendizagem considerando o sujeito,a família, a escola, 
a sociedade e o contexto sócio-histórico, utilizando procedimentos próprios, 
fundamentados em diferentes referenciais teóricos (ABPp, 2011, p. 1).
Essa concepção retrata a diversidade das práticas atuais no Brasil e estabelece como objeto não 
o aluno que não aprende, mas sim o processo de aprendizagem com toda a sua complexidade,
envolvendo o sujeito, família, escola, sociedade e contexto sócio-histórico.
48/235
Unidade 2 • Psicopedagogia no Brasil51/244
4.3 Desafios futuros da psicope-
dagogia no Brasil
No último simpósio realizado pela ABPp, 
em 20162, coloca-se como tema de reflexão 
para o congresso, as diversas transforma-
ções vividas na atualidade de uma socie-
dade nomeada de aprendente, em que se 
observa que o conhecimento se torna um 
valor para estabelecer a convivência entre 
as pessoas. Também foram citados os dife-
rentes modos de conhecimento e as novas 
formas de ensinar e de aprender. 
Entende-se como um dos desafios implíci-
tos a necessidade do profissional de psico-
pedagogia de acompanhar e entender essas 
mudanças no cenário da aprendizagem.
2 Fonte: <http://www.abppeventos.com.br/>. Acesso em: 
5 out. 2017.
Em outro texto não tão recente, porém atu-
al, Peres (1998) destaca como desafios na-
quele momento alguns que, ao nosso ver, 
ainda se fazem presentes:
• o aumento de cursos de formação em 
psicopedagogia com qualidade;
• delimitação do campo de atuação do 
psicopedagogo;
• a incorporação de ações psicopeda-
gógicas aos projetos pedagógicos nas 
unidades educacionais;
• a popularização da psicopedagogia, 
ampliando sua intervenção para além 
das clínicas e escolas particulares.
49/235
http://www.abppeventos.com.br/
Unidade 2 • Psicopedagogia no Brasil52/244
Certamente, o tema é vasto e conclui-se 
que o profissional de psicopedagogia preci-
sa estar presente nas discussões que ainda 
se fazem necessárias para o avanço da área 
em nosso país.
50/235
Unidade 2 • Psicopedagogia no Brasil53/244
Glossário
Concepção adaptacionista: concepção que, na área de psicopedagogia, visa à adaptação do 
aluno a um modo sistematizado de aprender, instituído pelas escolas.
Diagnóstico psicopedagógico: o objetivo do diagnóstico é identificar os desvios e os obstáculos 
básicos no modelo de aprendizagem do sujeito.
Sintoma social: refere-se às alternativas que uma determinada cultura oferece aos sujeitos que 
nela se inserem para resolução de seus conflitos. O sintoma social só é social porque faz sentido 
em relação ao momento histórico de certa cultura; social ou particular, no entanto, o sintoma 
sempre fará sentido em relação à experiência do sujeito. De alguma forma, o sintoma sempre é 
relativo, em psicanálise, a uma história única, seja de uma sociedade ou de um sujeito.
51/235
Questão
reflexão
?
para
54/244
O artigo a seguir é de uma das principais autoras sobre a psicope-
dagogia no Brasil, Nádia Bossa. Ao ler o texto, identifique sua con-
cepção de psicopedagogia e como ela se relaciona com a história 
da psicopedagogia no Brasil.
O TRATAMENTO PSICOPEDAGÓGICO
A especificidade do tratamento psicopedagógico consiste no fato 
de que existe um objetivo a ser alcançado: a eliminação do sin-
toma – os obstáculos na aprendizagem, diferentemente do que 
ocorre no tratamento psicoanalítico. Assim, a relação do psicope-
dagogo-paciente é mediada por atividades bem-definidas, cujo 
objetivo é solucionar rapidamente as consequências do sintoma, 
para logo depois mobilizar e desenvolver os recursos cognitivos.
52/235
Questão
reflexão
?
para
55/244
 
Esta é a maior complexidade na atuação do psicopedagogo, pois está 
relacionado com a operacionalização do trabalho e consequente-
mente com o êxito. Tal afirmação decorre da minha atuação como 
Supervisora. Frequentemente me deparado com situações em que, 
não podendo suportar as pressões (internas ou externas), o psico-
pedagogo opta por uma abordagem mais emergente, introduzindo 
o conteúdo escolar atual como tarefa nas seções, ou seja, buscando 
eliminar de pronto o sintoma. A pressão é interna e externa, porque 
muitas vezes o profissional, devido à sua ansiedade, tenta apressar o 
processo, pois, assim como a criança, a sua autoestima depende de 
avaliação externa, de modo que chega a experimentar a mesma frus-
tração que a criança vive na Escola.
53/235
Questão
reflexão
?
para
56/244
 
BOSSA, N. A. O tratamento psicopedagógico. Disponível em: 
<http://www.nadiabossa.com.br/index.php/o-tratamento-psico-
pedagogicohtml>. Acesso em: 10 out. 2017.
54/235
57/244
Considerações Finais 
• Em relação às dificuldades de aprendizagem, o aspecto orgânico do aluno
não deixa de ser considerado, mas passa a ser visto em conjunto com ou-
tros aspectos, que envolvem, por exemplo, o cenário cultural.
• A psicopedagogia pode ser vista no Brasil como um campo ainda em cons-
trução.
• Ao longo da história, os fatores orgânicos perdem a primazia e ganha força
a visão integrada do estudante que passa por um processo de aprendiza-
gem, considerando a multiplicidade de fatores que estão envolvidos neste
processo, para além do sujeito que aprende.
• A década de 1980 merece destaque no desenvolvimento da Psicopedago-
gia no Brasil com a criação da ABPp – Associação Brasileira de Psicopeda-
gogia.
• Nos dias atuais ainda existem desafios acerca da identidade do profissional
de psicopedagogia e de delimitação de sua área de atuação.
55/235
Unidade 2 • Psicopedagogia no Brasil58/244
Referências 
BOSSA, N. A. A psicopedagogia no Brasil: construção a partir da prática. Porto Alegre: Artes 
Médicas, 2000.
BOSSA, N. A. O tratamento psicopedagógico. (2004). Disponível em: <http://www.nadiabossa.
com.br/index.php/o-tratamento-psicopedagogico.html>. Acesso em: 10 out. 2017.
ABPp. Código de ética. 2011. Disponível em: <http://www.abpp.com.br/documentos_referen-
cias_codigo_etica.html>. Acesso em: set. 2017.
COSTA, A. A.; PINTO, T. M. G.; ANDRADE, M. S. Análise Histórica do surgimento da psicopedagogia 
no Brasil. Id On Line Revista De Psicologia, ano 7, n. 20, jul./2013.
FONTES, M. A. Concepções de psicopedagogia no Brasil: reflexões a partir da teoria crítica da 
sociedade. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, São 
Paulo, 2005.
NOFFS N. A. A formação e regulamentação das atividades em psicopedagogia. Rev. Psicopeda-
gogia, 2016; 33(100):110-120.
PERES, M. R. Psicopedagogia: aspectos históricos e desafios atuais. Revista de Educação PUC – 
Campinas, 1998; v. 3 n. 5: 41-45.
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http://www.nadiabossa.com.br/index.php/o-tratamento-psicopedagogico.html
http://www.nadiabossa.com.br/index.php/o-tratamento-psicopedagogico.html
http://www.abpp.com.br/documentos_referencias_codigo_etica.html
http://www.abpp.com.br/documentos_referencias_codigo_etica.html
Unidade 2 • Psicopedagogia no Brasil59/244
PORTELLA, F. O. Percursos históricos da psicopedagogia no Rio Grande do Sul. Rev. Psicopeda-
gogia, 2005; 22(67):41-50.
RUBINSTEIN, Edith; CASTANHO, Marisa; NOFFS, Neide. Rumos da psicopedagogia brasileira. Rev. 
Psicopedagogia, v. 21, n. 66, p. 225-238, 2004.
57/235
61/244
1. Um dos países que mais influenciou a história da psicopedagogia no Brasil
foi:
a) Chile.
b) Argentina.
c) Colômbia.
d) México.
e) Uruguai.
Questão 1
58/235
62/244
2. A Teoria da carência cultural teve um impacto sobre os problemas de
aprendizagem. Sendo que muitos teóricos, apoiados nas bases desta visão,
consideravam que:
Questão 2
a) Os problemas de aprendizagem eram originados da falta de professores bem formados.
b) Os problemas de aprendizagem eram reflexos de uma cultura empobrecida, que oferecia
poucos recursos as suas crianças.
c) Os problemas de aprendizagem tinham relação com a deficiência de algumas vitaminas no
organismo.
d) Os problemas de aprendizagem eram oriundos de escolas que não utilizavam livros didáti-
cos.
e) Os problemas de aprendizagem tinham como causa principal o difícil relacionamento entre
professor e aluno.
59/235
63/2443. Assinale a alternativa que se refere ao que a tendência contemporânea na 
psicopedagogia acredita que possa contribuir para a compreensão do insu-
cesso escolar:
Questão 3
a) A relação do sujeito com o objeto de conhecimento.
b) O número de horas que o sujeito passa na escola.
c) O grau de instrução dos pais do estudante.
d) A idade em que o estudante começou a falar.
e) A quantidade de vezes que o estudante reprovou.
60/235
64/244
4. Um dos fatos mais importantes ocorridos no ano de 1980 para a psicopeda-
gogia no Brasil foi:
Questão 4
a) A criação das clínicas de leitura.
b) A aprovação de um projeto de lei que regulamenta a profissão do psicopedagogo.
c) O surgimento de um grande autor brasileiro na área de psicopedagogia.
d) A criação da Associação Brasileira de Psicopedagogia.
e) O fechamento das classes especiais nas escolas.
61/235
65/244
5. Em relação aos desafios futuros da psicopedagogia, para o seu avanço no 
Brasil, é INCORRETO afirmar como um dos desafios:
Questão 5
a) O aumento dos cursos de psicopedagogia com qualidade.
b) A popularização da psicopedagogia.
c) A delimitação do campo de atuação do psicopedagogo.
d) A incorporação de ações psicopedagógicas aos projetos pedagógicos nas unidades educa-
cionais.
e) A reabertura das classes especiais para alunos com dificuldades de aprendizagem.
62/235
66/244
Gabarito
1. Resposta: B.
A Argentina foi o primeiro país da América 
Latina a produzir conhecimentos na área 
de psicopedagogia, sendo, portanto, o que 
mais influenciou o Brasil em suas práticas e 
cursos de formação.
2. Resposta: B.
A teoria da “carência cultural” explicava que o 
fracasso escolar poderia ser atribuído ao meio 
cultural deficitário que os alunos viviam.
3. Resposta: A.
Um dos aspectos que a Tendência Contem-
porânea acredita que deve ser avaliado no 
processo de entendimento do que leva o su-
jeito a não conseguir obter sucesso na es-
cola é justamente verificar como se dá a sua 
relação com o conhecimento.
4. Resposta: D.
A criação da ABPp foi um marco para a pro-
dução do conhecimento em Psicopedago-
gia e também para a expansão da área de 
uma forma geral.
5. Resposta: E.
Cada vez mais, o que se busca em relação 
a psicopedagogia, é compreender as for-
mas de aprendizagem do sujeito. As classes 
especiais vão contra essa direção e não se 
constituem de forma alguma como um de-
safio a ser superado.
63/235
67/244
Unidade 3
A Profissão e a Ética do Psicopedagogo
Objetivos
1. Compreender os aspectos que diferen-
ciam uma ocupação de uma profissão;
2. Esclarecer sobre os processos de for-
mação em psicopedagogia existentes
no Brasil;
3. Apresentar a trajetória dos profissio-
nais em busca da legalização da pro-
fissão de psicopedagogo;
4. Conhecer os artigos que compõem o
Código de Ética elaborado pela Asso-
ciação Brasileira de Psicopedagogia.
64/235
Unidade 3 • A Profissão e a Ética do Psicopedagogo68/244
Introdução
A psicopedagogia, apesar de ser um traba-
lho exercido por inúmeros profissionais no 
Brasil, ainda não foi legalizada como uma 
profissão, ou seja, ainda não é reconheci-
da e, portanto, não possui Conselho que 
possa supervisionar suas atividades. Neste 
percurso ocorreram algumas iniciativas na 
tentativa de tornar a psicopedagogia reco-
nhecida como profissão, e que serão apre-
sentadas no decorrer da leitura.
Os cursos de formação oferecidos em nos-
so país possuem papel fundamental no 
processo de fortalecimento da profissão de 
psicopedagogo. Neste tema iremos explo-
rar também a formação do psicopedagogo.
O Código de Ética, elaborado pela Associa-
ção Brasileira de Psicopedagogia, será apre-
sentado com o objetivo de contribuir para a 
compreensão do papel do psicopedagogo 
na prática profissional.
1. A Psicopedagogia é Uma Pro-
fissão?
A Constituição Brasileira de 1988 garan-
te o livre exercício de qualquer trabalho ou 
profissão. A psicopedagogia está inserida 
na CBO (Classificação Brasileira de Ocu-
pações) na família 2304-2, desde o ano de 
2002. A CBO é um documento elaborado 
pelo Ministério do Trabalho que reconhe-
ce, nomeia e codifica os títulos e descreve 
quais são as características das ocupações 
do mercado de trabalho no Brasil. A última 
versão da CBO contém as ocupações orga-
nizadas e descritas por famílias. Cada fa-
65/235
Unidade 3 • A Profissão e a Ética do Psicopedagogo69/244
mília constitui um conjunto de ocupações 
similares. No que se refere à psicopedago-
gia, ela está inserida na família 2304-2, que 
inclui programadores, avaliadores e orien-
tadores de ensino da grande área da educa-
ção (NOFFS, 2016).
Conforme ressalta Noffs (2016), nem todo o 
trabalho pode ser caracterizado como pro-
fissão. É possível identificar muitas práticas 
profissionais que são legitimadas pela so-
ciedade, como é o caso da psicopedagogia, 
sem ser legalmente reconhecida enquanto 
profissão. Culturalmente, no Brasil, esse re-
conhecimento ocorre quando um órgão re-
gulatório emite um certificado de conclusão 
de curso. A autora refere sobre o equívoco 
com o qual nos deparamos na psicopeda-
gogia, pois o governo brasileiro credencia 
cursos de formação e especialização na 
área, “e que profissionalmente têm validade 
como conhecimento, mas que não se trans-
formam em reconhecimento profissional” 
(NOFFS, 2016, p. 113).
Além disso, o reconhecimento legal assegu-
ra às pessoas formadas o direito de exercer 
as atividades para as quais foram formadas, 
sendo regulamentados pelos conselhos fe-
derais os direitos e deveres para este exer-
cício profissional. 
Link
Entenda melhor o que é a CBO (Classificação Bra-
sileira de Ocupações), elaborada pelo Ministé-
rio do Trabalho e Emprego (MTE). Disponível em: 
<http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/
saibaMais.jsf>. Acesso em: 8 out. 2017.
66/235
http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/saibaMais.jsf
http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/saibaMais.jsf
Unidade 3 • A Profissão e a Ética do Psicopedagogo70/244
A partir do exposto, podemos considerar a 
psicopedagogia como uma prática profis-
sional, que se origina de uma necessidade 
localizada na compreensão dos processos 
de aprendizagem, a princípio na compreen-
são dos motivos que levam ao fracasso es-
colar. Argenti e Escott (2001) afirmam que o 
trabalho do psicopedagogo tem por objeti-
vo que as pessoas consigam obter qualida-
de em suas relações com o conhecimento. 
O caminho para se tornar uma profissão re-
gulamentada já conta com alguns anos de 
história, porém ainda sem sucesso. Veremos 
agora os principais movimentos ocorridos 
na busca pela regulamentação da psicope-
dagogia.
1.1 O percurso para a legaliza-
ção da profissão de psicopeda-
gogo no Brasil: principais ini-
ciativas
A busca pela legalização da profissão do 
psicopedagogo pode ser observada a partir 
Para saber mais
Os conselhos federais são autarquias criadas pelo 
governo federal que exercem o papel de emissão 
de números de registro profissional, fiscalizam e 
representam uma categoria profissional. A fun-
ção primária dos conselhos profissionais é defen-
der a sociedade dos maus profissionais. Também 
cabe ao conselho, por exemplo, redigir e fiscalizar 
a utilização do código de ética profissional e o ju-
ramento profissional.
67/235
Unidade 3 • A Profissão e a Ética do Psicopedagogo71/244
de alguns movimentos ocorridos principalmente nos últimos 20 anos (FONTES, 2005; NOFFS, 
2016; GONÇALVES, 2007; BOSSA, 2007). Alguns movimentos são observados na esfera jurídica, 
e envolvem a apresentação de projetos de lei, entre os quais se destacam os seguintes: 
Projeto de Lei nº 3124/97: o deputado federal Barbosa Neto (GO), apresenta 
o projeto em 1997, indicando a necessidade da inserção de um profissio-
nal nas escolas, que tivesse como principal função a redução do fracasso 
escolar. Este profissional deveria ser o psicopedagogo. Este projeto passou 
por aprovação na Comissão de Trabalho e educação, mas em 2007 foi ar-
quivado e se encontra assim até o momento1. 
Projetode Lei nº 128/2000: em 2001 foi aprovado no estado de São Paulo 
este projeto, de autoria do deputado Claury Santos Alves da Silva, que au-
toriza o Poder Executivo a implantar Assistência Psicológica e Psicopeda-
gógica em todos os estabelecimentos de ensino público. O principal obje-
tivo deste serviço era diagnosticar e prevenir problemas de aprendizagem. 1
1 Fonte: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=19139>. Acesso em: 9 dez. 2017.
68/235
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=19139
Unidade 3 • A Profissão e a Ética do Psicopedagogo72/244
Projeto de Lei nº 3512/2008: apresentado pela deputada federal Raquel Teixeira, 
trata-se do mesmo projeto nº 3124/97, do deputado Barbosa Neto. A deputada 
apresenta novamente este projeto sob o nº 3512/2008 e argumenta sobre a ne-
cessidade de uma revisão do projeto educacional brasileiro, que precisa investir 
na melhoria dos processos de aprendizagem, e que para isso, faz-se necessário 
um serviço desempenhado por um profissional especializado, o psicopedagogo. 
A deputada ressalta o papel deste profissional como aquele que pode aumentar 
as potencialidades de aprendizagem dos estudantes. Atualmente, este projeto 
está aguardando apreciação pelo senado federal2. 2
2 Fonte: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=398499>. Acesso em: 9 dez. 2017.
Para saber mais
Após a aprovação do Projeto de Lei nº 128/2000, o município de Ourinhos/SP incorporou o profissional 
psicopedagogo em seu Quadro de Magistério, através da Lei nº 387/2002, que dispõe sobre o Estatuto e 
Plano de Carreira do Magistério Público Municipal de Ourinhos. Este estatuto prevê o cargo de psicope-
dagogo como efetivo das instituições auxiliares da educação. 
69/235
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=398499
Unidade 3 • A Profissão e a Ética do Psicopedagogo73/244
Além dos movimentos citados acima, a cria-
ção da Associação Brasileira de Psicope-
dagogia ABPp também pode ser considera-
da como mais uma ação que visa à constru-
ção da identidade deste campo do conhe-
cimento, buscando uma maior estruturação 
dos seus saberes e criando uma comissão 
responsável pelo processo de legalização. A 
ABPp foi fundada em 1980 (FONTES, 2005). 
De acordo com Bossa (2007), a questão da 
formação do psicopedagogo assume um 
papel de grande importância no Brasil, pois 
ela pode ser vista como um ponto de par-
tida para a formação da identidade deste 
profissional. Ao mesmo tempo, se existe 
um conjunto de conhecimentos que subsi-
dia um curso de formação para uma deter-
minada prática profissional, é possível que 
este espaço, sendo bem delimitado, seja 
mais uma iniciativa rumo à regulamenta-
ção da profissão. 
Link
Conheça o site da Associação Brasileira de Psico-
pedagogia e veja como ela se estrutura. Disponí-
vel em: <http://www.abpp.com.br/>. Acesso 
em: 8 out. 2017.
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2. A Formação em Psicopeda-
gogia
Um dos grandes embates presentes nas dis-
cussões sobre a prática da psicopedagogia, 
e consequentemente em sua legalização 
como profissão é a questão da formação do 
psicopedagogo. 
Rubinstein, Castanho e Noffs (2004) referem 
que os cursos de especialização em Psico-
pedagogia já eram oferecidos por institutos 
particulares e associações de classe mesmo 
antes de haver cursos formais de especiali-
zação dentro das instituições de Ensino Su-
perior. A psicopedagogia nasceu da “falta” 
de um conhecimento e de uma prática que 
pudesse atender às questões relativas às di-
ficuldades de aprendizagem nos estudan-
tes. Muitos profissionais que começaram a 
atender a estes alunos, principalmente das 
áreas de pedagogia, psicologia e fonoau-
diologia, perceberam que a formação es-
pecífica em seus cursos de origem não era 
suficiente para atender a estas demandas. 
Era necessária uma formação interdisci-
plinar, que auxiliasse no entendimento do 
Para saber mais
Nadia Bossa é doutora em psicologia pela Univer-
sidade de São Paulo (USP), possui graduação em 
Psicologia, especialização em Neuropsicologia 
e em Psicopedagogia e Mestrado em Psicologia 
e Educação. É conhecida por seus livros, artigos, 
vídeos, cursos e palestras e tem contribuído sig-
nificativamente para a formação dos psicopeda-
gogos no Brasil.
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aluno e do seu processo de aprendizagem, 
considerando a complexidade dos fatores 
envolvidos.
Para Noffs (2016) o conceito de formação 
está vinculado ao conceito de desenvolvi-
mento pessoal, envolvendo um trabalho de 
autoconhecimento por parte do profissio-
nal, para que possa assumir o seu papel de 
facilitador da aprendizagem para as pesso-
as de forma geral. A autora comenta sobre 
o fato da formação se constituir como um 
processo de aprendizagem contínua, em to-
das as fases da vida do sujeito. 
No artigo em que propõe uma reflexão so-
bre a formação do psicopedagogo, a autora 
Neide Noffs (2016) faz um paralelo com os 
princípios apontados por Garcia (1995) em 
relação à formação de professores. A pro-
posta foi a de buscar uma referência para 
pautar alguns princípios que pudessem ser-
vir de base para os cursos de formação de 
psicopedagogos. Uma síntese dessa refle-
xão pode ser observada no Quadro 1. 
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Quadro 1 | Princípios norteadores para a formação em psicopedagogia
Princípios da formação de professores 
(Garcia, 1995)
Considerações em relação à psicopedagogia (Noffs, 2016)
1. Conceber formação como um processo 
contínuo, mantendo os princípios éticos, 
didáticos, pedagógicos onde a formação 
inicial e a permanente se articulam para 
o desenvolvimento profissional.
Geralmente, a formação em Psicopedagogia se inicia na gra-
duação (independente de qual seja o curso) e se especializa em 
cursos posteriores de psicopedagogia, se aprofundando na área 
de interesse do profissional. Desta forma, também se constitui 
como um processo permanente onde o profissional opta por 
ações de formação que o mantenham em constante desenvol-
vimento.
2. A formação deve se integrar a proces-
sos de mudança, inovação e desenvolvi-
mento curricular.
A psicopedagogia está concebida como uma proposta de mu-
dança, de estimular a aprendizagem e também de descoberta 
de novos processos de ensino-aprendizagem.
3. A formação deve estar ligada ao de-
senvolvimento organizacional da escola.
A psicopedagogia também está comprometida com o ambiente 
de aprendizagem na instituição, podendo ser a escola ou qual-
quer outra instituição em que se encontre espaços de aprendi-
zagem, como hospitais, empresas, entre outros. 
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Princípios da formação de professores 
(Garcia, 1995)
Considerações em relação à psicopedagogia (Noffs, 2016)
4. A formação deve integrar conteúdos 
acadêmicos e disciplinares e a formação 
pedagógica do professor.
O psicopedagogo tem que possuir um conhecimento específico 
que possa colaborar com o processo do desenvolvimento dos 
aprendentes. Tais conhecimentos podem ser advindos da lin-
guagem, da Pedagogia e da Psicologia.
5. A formação integra a teoria e a prática. Neste caso, a formação em psicopedagogia valoriza a prática 
como fonte de conhecimento, não como mais uma disciplina 
que compõe o currículo, mas sim como um espaço curricular 
que constrói o pensamento prático do profissional.
6. A formação deve procurar o isomorfis-
mo entre a formação recebida e o tipo de 
educação que posteriormente será pedi-
do que se desenvolva.
Os cursos de psicopedagogia deveriam deixar claro para qual 
ambiente de trabalho estão focados, pois a generalização muitas 
vezes dificulta a inserção do profissional no mercado de trabalho.
7. A formação destaca o princípio da in-
dividualização como elemento integran-
te

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