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1 Otorrinolaringologia GDs – Ester Barbosa 7°P Rinossinusite aguda (RSA) Introdução e Epidemiologia Pode-se apresentar com uma grande variedade de sintomas inespecíficos. Prevalência em estudos dos EUA: 10 a 15% ao ano. Nos acometimentos virais, resfriado e gripe, há comprometimento dos seios paranasais e 2% dos adultos e 5 a 15% das crianças evoluem para infecção bacteriana. Definição Processo inflamatório dos seios paranasais que não só atinge a fossa nasal em conjunto, como se inicia nela. Exceção: grandes sinusites odontogênicas agudas, em que ocorre contaminação do seio maxilar. Os seios paranasais são revestidos por uma unidade mucociliar, formada pelo epitélio respiratório pseudoestratificado ciliado com células caliciformes e glândulas submucosas. Todo o muco produzido é varrido pelos cílios em direção ao óstio natural e depois do nariz para a rinofaringe e assim sucessivamente até o trato aerodigestivo. A resposta inflamatória e o desequilíbrio do sistema mucociliar que são responsáveis pelos sinais e sintomas. A resposta inflamatória pode destruir o revestimento ciliar, gerar a produção de mais muco e obstruir os óstios de drenagem. Etiologia A microbiologia bacteriana dos quadros rinossinusais agudos mostra Haemophilus influenzae, streptococcus pneumoniae e, mais raramente, Moraxella catarrhalis ou Streptococcus pyogenes. A progressiva vacinação da população para diferentes cepas de S. pneumoniae tem determinado aumento nos percentuais de H. influenzae como agente etiológico Fatores de risco Estações do ano (outono e inverno) Creches, convivências com crianças Fumo passivo Alterações anatômicas e funcionais da cavidade nasal e seios paranasais Alérgenos Diagnóstico Clínico! Dois ou mais sintomas compatíveis, dos quais um deve ser: Obstrução nasal ou gotejamento nasal associado ou não à pressão/dor facial e/ou alteração do olfato. Outros propõem: Sintomas um dos sintomas maiores (Obstrução nasal ou gotejamento nasal, pressão/dor facial e/ou alteração do olfato) + 2 ou mais dos menores: Febre Halitose Tosse Pressão nos ouvidos Dor dentária Classificação Aguda: Até 4 semanas de duração As agudas são divididas em: RSA viral: até 10 dias de duração RSA pós-viral: duração maior que 10 dias RSA bacteriana (RSAB): pode ocorrer como complicação de qualquer um dos dois acima. Pequena porcentagem dos casos. A RSAB só deve ser considerada nos quadros agudos diante da presença de três dos seguintes sinais e sintomas: Qualquer tipo de secreção com predominância de um lado ou francamente purulenta no cavum Dor intensa de aspecto unilateral Febre > 38 ºC Elevação da velocidade de sedimentação globular/proteína e reativa. Recaída dos sinais e sintomas 2 Otorrinolaringologia GDs – Ester Barbosa 7°P Exames complementares Punção maxilar para coleta de material via meato inferior e fossa canina é considerada padrão-ouro para confirmação de RSAB, mas é invasiva e realizada em casos muito específicos (imunossupressão, complicações). Endoscopia nasal RX de seios da face: não é mais recomendada para confirmação de diagnóstico. TC dos seios da face: somente se suspeita de complicações ou para planejamento cirúrgico. Diagnóstico é clínico! Tratamento RSA viral e pós viral Apenas sintomáticos (antitérmicos, solução fisiológica no nariz) e aguardar a resolução espontânea, que geralmente ocorre entre 7 e 10 dias. RSA bacteriana A amoxicilina em dose habitual (45 mg/kg), 500mg 3x/dia por 10 dias é considerada a primeira escolha, especialmente nos pacientes com baixa probabilidade de portar o S. pneumoniae resistente. A reavaliação em 48 a 72 horas pode indicar a troca para ATBs de maior espectro ou aumento da dose (90 mg/kg) com ou sem um inibidor da betalactamase. São fatores importantes nessa decisão pacientes < 2 anos; pacientes > 65 anos; quadro clínico grave que não permita falha terapêutica; pacientes não responsivos ao primeiro A TB; sinusite frontal e esfenoidal pela maior chance de complicações; sintomas acima de quatro semanas; alcoolismo, doença ou terapia imunossupressora; pacientes institucionalizados; crianças que frequentam creches; uso de betalactâmico nos últimos três meses. Duração do tratamento: 10 dias. Se após esse período não houver melhora ou o quadro piorar, considerar o uso de Amox + Clavulanato 4g VO de amox /dia ou Levofloxacino. Estudos recentes indicam que o uso de corticoide tópico, mometasona em duas doses diárias, isolado pode ser utilizado nas 48h anteriores ao início do ATB em casos leves e não complicados. Rinossinusite crônica (RSC) Introdução e Epidemiologia Segunda doença crônica mais prevalente, afeta a qualidade de vida dos pacientes. Prevalência de 5 a 15% no Brasil, Europa e EUA. Antigamente, acreditava-se que todo paciente com RSC desenvolvia polipose nasal, hoje isso passou a ser um mito. Definição Inflamação da mucosa de revestimento do nariz e dos seios paranasais que persiste por mais de 12 semanas. Classificação RSC sem polipose nasossinusal (RSCsPN) RSC com polipose nasossinusal (RSCcPN) São consideradas doenças diferentes, com fisiopatologia distinta. Fisiopatogenia RSC é uma doença imunológica inflamatória de causa ainda desconhecida. Estudos sugerem a combinação de fatores genéticos, ambientais e do próprio hospedeiro. Há quebra da barreira epitelial (infecções virais, tabagismo, alergia, etc), o que permite que agentes como fungos e bactérias ajam modificando a inflamação. No pct que possui predisposição genética, essa inflamação é perpetuada, pelo estímulo ao Th0. Pct que apresentam estímulo Th1 mais exacerbado: RSCsPN. Fibrose. Pct que apresentam estímulo Th2 ou Th17 mais exacerbado: RSCcPN. Remodelamento tecidual > polipose. 3 Otorrinolaringologia GDs – Ester Barbosa 7°P Fatores associados com cada subtipo Quadro clínico e diagnóstico Diagnóstico é clínico! QC e sinais endoscópicos nasossinusais. O paciente deve apresentar pelo menos 2 dos seguintes sintomas: Obstrução nasal/congestão facial Rinorreia anterior/posterior Hiposmia/anosmia Dor ou pressão facial Obrigatoriamente um dos sintomas deve ser a obstrução nasal/congestão facial ou rinorreia anterior/posterior. A endoscopia nasal pode mostrar: Secreção purulenta em meatos nasais Edema/obstrução no meato acústico Pólipos nasais Além dos sintomas listados, existem vários sintomas menores, incluindo otalgia, tontura, halitose, dor dental, pigarro, irritação traqueal, disfonia, tosse, sonolência, mal-estar e distúrbios do sono, que, apesar de inespecíficos, podem se manifestar em inúmeras combinações e devem ser lembrados no raciocínio diagnóstico. A rinorreia tende a se apresentar em menor quantidade nos casos crônicos e pode ser perceptível apenas como drenagem retronasal. Crianças podem ter exacerbação da tosse no período noturno. Sintomas de anosmia/hiposmia são ainda mais comuns entre os que possuem RSCcPN. Exames de imagem somente para excluir causas que possam estar perpetuando a inflamação crônica. 4 Otorrinolaringologia GDs – Ester Barbosa 7°P Tratamento Só usamos ATB se houver infecção aguda vigente, pois a doença em si é de caráter inflamatório, não infeccioso (no caso da RSC). ATB é coadjuvante apenas, se necessário. RSCsPN Corticoides tópicos nasais + irrigação salina nasal com SF. Macrolídeos em dose baixa e tempo prolongado em pct que não tenha IgE aumentada. (Funciona como imunomodulador). Controverso. A cirurgia está indicada na falha do tratamento clínico para abertura, drenagem e aeração dos seios paranasais. Não há, no entanto, tempo mínimo definido pela literatura comofalha terapêutica. No pós-operatório desses pacientes, o corticoide tópico nasal, assim como a irrigação salina nasal, estão indicados. Estudos recentes mostram o benefício da diluição do hipoclorito sódico a 0,05% na solução fisiológica, assim como do xilitol, superiores ao uso exclusivo da solução fisiológica. RSCcPN Corticoides nasais tópicos + corticoides VO. Irrigação nasal com solução salina. Anti-IgE em paciente com polipose e asma grave. Quando persistem os sintomas mesmo após o TTO clínico, está indicada a cirurgia. Pós-operatório com corticoides tópicos nasais, VO, e anti-IL5.