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Engenharia biomédica e gestão de equipamentos médicos

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Engenharia biomédica e gestão de 
equipamentos médicos
APRESENTAÇÃO
A grande demanda de novas tecnologias na área da saúde e o aumento da expectativa e da 
qualidade de vida da população mundial fazem surgir um novo profissional, que ligue o setor 
técnico de Engenharia com os profissionais de saúde. Esse profissional recebe a denominação de 
engenheiro biomédico, e ele surge com a promessa de transformar as demandas de uma 
indústria crescente na área da saúde em produtos com alta qualidade, segurança e eficácia. Entre 
as principais atividades realizadas por essa classe profissional, destaca-se a gestão dos 
equipamentos médicos no ambiente hospitalar.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá aprender sobre a área da engenharia biomédica e o 
surgimento desse ramo de atuação e seu impacto junto às tecnologias em saúde e sobre o 
ambiente hospitalar. Você também será capaz de verificar como a engenharia biomédica pode 
contribuir no funcionamento de um hospital, nos processos de controle de riscos, aquisição de 
tecnologias em saúde, manutenções e todo o processo que envolve a gestão dos equipamentos 
médicos.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Detalhar as características mais importantes a respeito da engenharia biomédica.•
Identificar as formas de organização dos processos de trabalho da área de engenharia 
biomédica. 
•
Definir instrumentos de planejamento e gestão dos equipamentos médicos.•
INFOGRÁFICO
A engenharia biomédica é um curso multidisciplinar tanto de formação quanto de atuação dos 
seus profissionais. Sua grade curricular é composta por conceitos de anatomia humana, cálculos, 
físicas, sistemas de gestão e conhecimento do funcionamento de diversos produtos médicos. Por 
ser uma área de atuação entre saúde e tecnologias, suas práticas relacionam-se a questões 
técnicas, de comunicação, gestão, legislações e sua aplicação no campo prático e do ambiente 
hospitalar.
Dessa forma, uma pluralidade de práticas e características deverá ser desenvolvida para que a 
engenharia biomédica possa ser aplicada no ambiente hospitalar. Veja mais no Infográfico a 
seguir.
CONTEÚDO DO LIVRO
Os processos de diagnóstico e tratamento dos pacientes evoluem muito rápido atualmente. Essa 
grande evolução dá-se por uma demanda crescente de equipamentos médicos presentes nos 
hospitais. Ao encontro dessa demanda de equipamentos médicos, faz-se necessário um setor 
específico que seja dedicado às práticas de gestão destes, permitindo aos profissionais de saúde 
executarem suas práticas sem preocupações com equipamentos e fatores técnicos relacionados a 
estes.
No capítulo Engenharia biomédica e gestão de equipamentos médicos, da obra Hotelaria, 
hospitalidade e humanização, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai 
compreender melhor o que é a engenharia biomédica e a gestão de equipamentos e como esses 
processos de gestão acontecem. Você vai perceber que a engenharia pode atuar de forma a 
auxiliar para a maior segurança e qualidade do atendimento aos pacientes, promovendo um 
trabalho multidisciplinar com as equipes de saúde e administrativas do hospital.
Boa leitura.
HOTELARIA, 
HOSPITALIDADE E 
HUMANIZAÇÃO
Luiz Fernando Junior Rodrigues
Engenharia biomédica e 
gestão de equipamentos 
médicos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Detalhar as características mais importantes a respeito da engenharia 
biomédica.
  Identificar as formas de organização dos processos de trabalho da 
área de engenharia biomédica.
  Definir instrumentos de planejamento e gestão dos equipamentos 
médicos. 
Introdução
A engenharia biomédica é uma área de atuação de profissionais de 
engenharia que surge da crescente demanda por tecnologias dentro do 
ambiente hospitalar, para tratamento e diagnóstico de doenças e para 
garantir melhor qualidade de vida às pessoas. A engenharia biomédica 
surgiu nos anos de 1950–1960 e é caracterizada pelo desenvolvimento 
de dispositivos médicos (ENDERLE; BLANCHARD; BRONZINO, 2005). Atual-
mente, a engenharia biomédica é uma área multidisciplinar e de capaci-
dade plural, podendo atuar no desenvolvimento de dispositivos médicos, 
novos biomateriais, estudos de biomecânica, gestão de tecnologias no 
ambiente hospitalar, engenharia de reabilitação e bioinformática. 
No Brasil, nos anos 1970, o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Gra-
duação e Pesquisa de Engenharia (COPPE), programa de pós-graduação 
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi o pioneiro na área 
de engenharia biomédica. Após cerca de três décadas, surgiram os pri-
meiros cursos de graduação no Brasil, sendo a Universidade do Vale da 
Paraíba (UNIVAP) a pioneira nessa modalidade de práticas. Desde então, 
há crescente demanda da engenharia biomédica, principalmente para 
a gestão dos equipamentos médicos nos hospitais, sendo o profissional 
reconhecido pelo sistema CONFEA/CREA. 
A gestão dos equipamentos médicos é uma das partes mais re-
levantes para a continuidade das práticas em saúde e gestão do 
hospital como um todo. Sua necessidade se refere à segurança dos 
pacientes e dos profissionais de saúde e à otimização de recursos 
financeiros do hospital. Equipamentos que apresentam manutenção 
e calibração em dia tendem a falhar menos, e isso tem impacto direto 
no número de pacientes atendidos e/ou na redução do tempo de 
espera para tratamentos ou diagnósticos. Pacientes, profissionais de 
saúde e administração são beneficiados pela maior eficiência dos 
serviços prestados. 
Neste capítulo, você vai estudar sobre a engenharia biomédica e sua 
importância na qualidade e na segurança nos atendimentos em saúde. 
Você verá como surgiu o conceito de engenharia biomédica e toda a 
sua complexidade para dentro e fora do ambiente hospitalar. Além disso, 
você estudará sobre como a engenharia pode usar suas habilidades e 
competências para a construção de métricas e como estas são aplicáveis 
às práticas diárias da saúde. 
1 Contexto da engenharia biomédica
Nas últimas décadas, a engenharia biomédica tem apresentado um papel 
fundamental no desenvolvimento das mais variadas classes de tecnologias 
com foco na saúde (Figura 1). Grupos de pesquisa ao redor do mundo têm 
procurado desenvolver novas ferramentas para a análise de imagens de 
raios x e ressonância magnética. A inteligência artifi cial se torna a cada 
dia uma ferramenta importante para o setor da saúde e muitos profi ssionais 
e pesquisadores têm procurado, por meio dessa ferramenta, diagnosticar 
doenças e lesões que são praticamente impossíveis de serem detectadas 
por meio do olho humano, na análise de uma imagem de ressonância, mas 
que a máquina consegue encontrar padrões em bancos de dados e, assim, 
diagnosticar com até três anos de antecedência uma doença no joelho, 
por exemplo.
Outros grupos têm procurado formas de criar biomateriais que sejam 
capazes de interagir com o organismo humano, de forma a estimular a 
produção de novos tecidos, garantindo uma recuperação mais rápida de 
Engenharia biomédica e gestão de equipamentos médicos2
uma lesão ou cirurgia. A engenharia de tecidos é uma das formas que a 
engenharia biomédica tem trabalhado para criar dispositivos implantáveis 
que sejam mais biocompatíveis e bioativos. Essas práticas têm uma vasta 
aplicabilidade, principalmente em pacientes que sofreram lesões graves e 
que foram acometidos por doenças como o câncer e que precisaram remover 
grandes quantidades de tecidos. 
Figura 1. Diagrama das diversas áreas de atuação da engenharia biomédica.
Muitos estudos têm focado na questão de engenharia de reabilitação e no 
uso de robótica e microcontroladores para devolver às pessoas o movimento 
de membros superiores e inferiores. Equipes usando as mesmas tecnologias 
aplicadas ao estudo do movimento, importantes no desenvolvimento de 
próteses e na criação de filmes de ação, têm auxiliadoatletas e equipes 
esportivas para maximizar os seus desempenhos e minimizar os riscos de 
lesão deles. 
3Engenharia biomédica e gestão de equipamentos médicos
No ambiente hospitalar, a engenharia biomédica a cada dia se torna mais 
importante. A grande utilização de equipamentos eletrônicos para diagnós-
tico, cuidado e tratamento dos pacientes força a necessidade de uma equipe 
com forte conhecimento na área de eletrônica, programação, biomateriais 
e conhecimento dos tecidos e sistemas do corpo humano. Nesse sentido, a 
engenharia biomédica tem contribuído de maneira ativa e promissora na 
aplicação de habilidade e conceitos de engenharia aplicados à manutenção, à 
calibração, à gestão e aos treinamentos para a melhora das práticas de saúde. 
A engenharia biomédica, como um novo ator dentro do ambiente hospitalar, 
vem somar às demais equipes, principalmente na ampliação da segurança 
ao paciente, mas também aos profissionais de saúde. Em muitos hospitais, 
principalmente nos de alta complexidade, é possível perceber a presença do 
engenheiro biomédico diretamente nos procedimentos cirúrgicos. Nesses 
casos, o engenheiro apresenta dois papéis fundamentais. O primeiro está 
relacionado com a avaliação dos equipamentos médicos pré-cirurgia, de 
forma a evitar qualquer problema no decorrer da cirurgia. No segundo, a 
engenharia biomédica ganha papel de destaque, com a participação de pro-
fissionais no decorrer de processos cirúrgicos, auxiliando a equipe médica 
na utilização e no controle de equipamentos de alta complexidade e custos. 
Esse reconhecimento da importância do cuidado e da gestão dos equipamen-
tos médicos no hospital é referenciado pela RDC nº. 02/2010, que estabelece 
o seguinte texto para o gerenciamento das tecnologias em saúde:
[…] estabelecer os critérios mínimos, a serem seguidos pelos estabeleci-
mentos de saúde, para o gerenciamento de tecnologias em saúde utilizadas 
na prestação de serviços de saúde, de modo a garantir a sua rastreabilidade, 
qualidade, eficácia, efetividade e segurança e, no que couber, desempenho, 
desde a entrada no estabelecimento de saúde até seu destino final, incluindo 
o planejamento dos recursos físicos, materiais e humanos, bem como da 
capacitação dos profissionais envolvidos no processo destes (AGÊNCIA 
NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2010, documento on-line).
Apesar de não especificar no texto a questão de um determinado profis-
sional ou um setor dentro do hospital, o mercado e os órgãos reguladores e 
fiscalizadores elencaram a engenharia biomédica para essas práticas e con-
troles. Assim sendo, a engenharia é realmente um setor necessário em todos 
os hospitais e a engenharia biomédica figura entre uma das principais, pois 
lida diretamente com os profissionais de saúde, pacientes e médicos, seja de 
forma direta ou indireta. 
Engenharia biomédica e gestão de equipamentos médicos4
Quando a engenharia biomédica é aplicada dentro do ambiente hospitalar, ela é, muitas 
vezes, denominada engenharia clínica. Essa nomenclatura é aplicada no sentido de 
demonstrar que o profissional está atuando em um setor específico para o cuidado 
dos equipamentos médicos do hospital. Muitos lugares fizeram essa distinção porque 
a engenharia biomédica é muito mais complexa e maior do que a engenharia clínica, 
sendo esta considerada uma subárea da engenharia biomédica. 
2 Contribuição da engenharia biomédica 
para a gestão dos equipamentos médicos
No ambiente hospitalar, uma das primeiras práticas realizadas pela engenharia 
biomédica está relacionada à parte de manutenção dos equipamentos médicos. 
Esta atividade é certamente uma das mais procuradas quando se recomenda o 
setor de engenharia biomédica/clínica em um hospital. Contudo, a manutenção 
é uma pequena parte do processo de atuação da engenharia biomédica. 
A contribuição da engenharia biomédica é muito mais complexa do que 
simplesmente realizar processos de manutenção, tão pouco realizar consertos 
de equipamentos que estejam estragados e que necessitem de cuidados imedia-
tos. Em um processo de gestão de equipamentos médicos, faz-se necessário o 
entendimento total do parque tecnológico do hospital e conhecer as equipes de 
saúde, de tecnologia da informação (TI) e dos setores administrativo e contábil. 
Somente a partir do conhecimento de todas as variáveis presentes no sistema, 
a engenharia é capaz de articular processos que auxiliem na gestão geral do 
hospital e, principalmente, na gestão dos equipamentos médicos. 
Articulações e práticas diárias da engenharia biomédica
Na Figura 2 é apresentado um diagrama de como o setor de engenharia bio-
médica (aqui denominado de engenharia clínica) deve articular com os demais 
atores do ambiente hospitalar. Somente com essa articulação é possível realizar 
as práticas de gestão dos equipamentos preconizadas por lei e esperadas para 
maior qualidade dos atendimentos em saúde. 
A seguir é descrito em maiores detalhes como podem ser estabelecidas 
essas interações e suas necessidades e motivações.
5Engenharia biomédica e gestão de equipamentos médicos
Enfermeiros: profi ssionais que apresentam nível técnico e superior. São a frente 
de atenção direta com o paciente e usuários diretos de grande parte dos equipa-
mentos médicos. Seu contato com a engenharia biomédica é fundamental para 
registro do parque tecnológico, abertura de chamados de manutenção, controles 
e aplicação de treinamentos e estudo para aquisição de novas tecnologias.
Médicos: profi ssionais de nível superior e que estão diretamente em contato 
com o paciente. Sua relação, assim como para a enfermagem, deve ser direta 
com a engenharia biomédica, pois como consumidores das tecnologias, eles 
detêm grande conhecimento dessas e são fundamentais para a aquisição de 
equipamentos médicos.
Profi ssionais aliados à saúde: neste caso, pode-se incluir outros engenheiros, que 
têm papel do cuidado da estrutura predial. Muitas vezes, esse setor é denominado 
de engenharia hospitalar e engloba setores de engenharia elétrica, civil e mecânica.
Pacientes: na maioria das práticas e atividades, a engenharia biomédica não 
vai ter contato direto. Contudo, deverá ser sempre o foco do setor, fomentando 
a segurança para o atendimento deles. 
Ambiente hospitalar: engloba toda a estrutura física interna e externa ao 
hospital. A engenharia biomédica deve ter total acesso e conhecimento dos 
ambientes, pois os equipamentos médicos necessitam de redes elétricas confi -
áveis, redes lógicas robustas e seguras, além de suprimento de redes de gases 
e vácuo com a qualidade preconizada por lei.
Pesquisas clínicas: observadas somente em hospitais de grande porte e alta 
complexidade. Por ser um setor de alta capacitação técnica e multidisciplinar, 
o ambiente de engenharia biomédica é favorável e muito necessário para o 
desenvolvimento de pesquisas, principalmente quando houver a necessidade 
de equipamentos médicos.
Agências reguladoras: estão no cerne das práticas de engenharia. A engenharia 
deve ser sempre baseada e organizada para cumprir as demandas dos órgãos 
reguladores e fi scalizadores.
Agências de fomento: essenciais para o fomento de pesquisas. Assim como 
para pesquisas clínicas, suas atividades junto à engenharia são normalmente 
observadas em hospitais de grande porte e alta complexidade.
Engenharia biomédica e gestão de equipamentos médicos6
Convênio público/privado: é importante para a redução de custos e otimização 
dos recursos fi nanceiros. Neste caso, esses convênios podem ser favoráveis 
para a otimização do parque tecnológico do hospital.
Administração hospitalar: é fundamental o estreito laço entre a administração 
e a engenharia biomédica. Sem a consciência da alta administração hospitalar 
não existe gestão dos equipamentos médicos. Gestão é um processo que deve 
começar de cima, pois envolve custos e demandas de capital humano e material. 
Vendedores: empresas de vendas de equipamentos, serviços, peças de re-
posição, etc. Importantes para o desenvolvimentoda gestão, pois, fora do 
ambiente hospitalar, a gerência de deslocamento de equipamentos, técnicos 
e peças fi ca fora do controle da engenharia e uma boa comunicação com eles 
se torna fundamental. 
Figura 2. Diagrama que demonstra as práticas do engenheiro dentro do ambiente hospitalar. 
Fonte: Terra et al. (2014, documento on-line).
7Engenharia biomédica e gestão de equipamentos médicos
Como descrito anteriormente, a gestão de equipamentos permeia todos os 
setores e necessita de comunicação e práticas com a mais variada gama de 
profissionais. A engenharia biomédica deve ser a centralizadora desses pro-
cessos de gestão, contudo, deve-se compreender que não é somente ela a sua 
responsável. O impacto da gestão bem estruturada e seu efeito na segurança 
e na qualidade do atendimento corroboram com questões de ética e práticas 
de saúde no ambiente hospitalar (PORTO; MARQUES, 2016).
Para saber mais sobre o impacto da gestão de equipamentos médicos realizada pela 
engenharia biomédica/clínica, leia o artigo Avaliação econômica da implantação de um 
serviço de Engenharia Clínica em hospital público brasileiro (SOUZA; MILAGRE; SOARES, 2012).
3 Engenharia e gestão aplicada à saúde
Para o desenvolvimento da gestão dos equipamentos médicos, muitas ferra-
mentas podem ser aplicadas para auxiliar nas atividades e garantir o desenvol-
vimento das práticas. Dentre essas ferramentas, é possível citar as seguintes: 
engenharia de fatores humanos, análise de modo e efeito de falha no cuidado 
da saúde (HFMEA, do inglês Heathcare Failure Modes, Effects Analysis), 
ciclo PDCA, diagrama de Ishikawa, 5W2H e análise de causa-raiz. 
Análise de modo e efeito de falha no cuidado da saúde
O HFMEA é uma metodologia que foi desenvolvida especifi camente para 
avaliar e controlar os riscos na assistência à saúde (DEROSIER et al., 2002). 
O método propõe a quebra de sistemas em componentes inferiores para se 
evidenciar os modos de falha potenciais. É aplicado para o entendimento de 
um processo ou características de um produto, podendo ser aplicado para 
a aquisição de uma nova tecnologia ou para os equipamentos já existentes. 
Sua prática envolve a criação de uma equipe multidisciplinar, tendo como 
líder uma pessoa com experiência no uso dessa ferramenta. A metodologia 
é caracterizada pela construção de uma tabela (Quadro 1), que é utilizada 
para descrever as falhas potenciais, as consequências, as causas e como elas 
podem ser trabalhadas. 
Engenharia biomédica e gestão de equipamentos médicos8
HFMEA
HFMEA Passo 4 — Análise de riscos
HFMEA Passo 5 — 
Identificar ações 
e resultados
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Quadro 1. Exemplo de planilha do tipo HFMEA
Análise de causa-raiz 
Este tipo de metodologia, como o próprio nome demonstra, tem sua aplicação 
para a determinação da causa central de um problema observado (TERRA et 
al., 2014). Sua metodologia inicial é simplifi cada, pois ela apresenta apenas 
três perguntas primárias para o início do seu estudo: 
1. Qual é o problema?
2. Por que este problema aconteceu?
3. Quais são as atividades que podem ser realizadas para corrigir este 
problema e evitá-lo no futuro?
9Engenharia biomédica e gestão de equipamentos médicos
A ferramenta é iniciada com estas questões, mas as respostas obtidas podem 
ser extremamente complexas e difíceis de serem obtidas. A maneira generalista 
permite sua aplicação em uma variada gama de atividades diárias da engenharia 
biomédica. 
Imagine o caso de um respirador mecânico que apresenta falhas de funcionamento 
e leva a óbito os pacientes que fazem uso dele. Vamos fazer as perguntas:
1. Qual é o problema?
Resposta: O equipamento para sem aviso e alarmes e houve o óbito de um paciente. 
2. Por que este problema aconteceu?
Resposta: Esta resposta precisará de muitos testes no equipamento. A equipe de 
engenharia deverá fazer simulações de funcionamento, conectá-lo a analisadores e 
verificar todos os logs de erro. Isso pode envolver diversos profissionais que atendem 
às empresas que prestam manutenção e calibração desse equipamento — complexo, 
demorado e oneroso para o hospital. Neste caso, o equipamento estava funcionando 
e o problema estava relacionado a uma falha da rede elétrica e a uma conexão de 
tomada feita de forma indevida no leito do hospital. 
3. Quais atividades podem ser realizadas para corrigir este problema e evitá-lo no futuro?
Resposta: após observada a causa-raiz do problema, a tomada foi arrumada e a 
ligação feita de forma indevida foi desfeita. O equipamento não voltou a apresentar 
o mesmo problema. 
Como pode ser observado, a análise de causa-raiz é simples nas perguntas, mas 
isso não significa que as respostas são diretas e fáceis. Para a resolução do caso, foram 
investidas muitas horas de atividades até encontrar a resposta do problema na tomada. 
A equipe precisou desenvolver testes em laboratório e na sala em que ocorreu a falha 
do equipamento e, somente após tudo ter sido avaliado, obteve-se a resposta definitiva. 
5W2H 
A ferramenta do 5W2H apresenta uma grande aplicabilidade em diversas partes 
da gestão dos equipamentos médicos. A sua construção permite a criação de 
uma listagem de pontos importantes conforme são elaboradas cinco perguntas:
1. 1W: What? — O quê?
2. 2W: Why? — Por quê?
Engenharia biomédica e gestão de equipamentos médicos10
3. 3W: Who? — Quem?
4. 4W: Where? — Onde?
5. 5W: When? — Quando?
6. 1H: How? — Como?
7. 2H: How much? — Quanto custa?
Vamos montar um exemplo de como o 5W2H pode funcionar na prática de gestão. 
Você precisa realizar a compra de um novo respirador mecânico para a UTI e pode 
fazer esse estudo usando essa ferramenta. Ela pode ser feita em forma de tabela ou 
em texto, como iremos fazer. 
1. O que comprar?
Resposta: respirador mecânico para o setor de UTI. A compra deverá atender à 
demanda de cinco novos leitos de UTI.
2. Por que comprar? 
Resposta: o hospital vai inaugurar os novos leitos de UTI e não existem equipamentos 
em estoque que atendam a essa demanda. 
3. Quem escolhe o que será comprado?
Resposta: será feita uma reunião entre a equipe de engenharia biomédica, os médicos 
e os enfermeiros da UTI para avaliar as necessidades técnicas. Após a reunião, serão 
mapeados os fornecedores que atendam a essa demanda. 
4. Onde será feita a compra?
Resposta: junto ao fornecedor que apresente a melhor proposta. Nela, o fornecedor 
deverá entregar um descritivo do equipamento, das manutenções, dos treinamentos 
e das peças de reposição. 
5. Como será feita a compra?
Resposta: o setor de compra irá realizar as tratativas legais e o processo de compra 
após as definições técnicas estabelecidas previamente. 
6. Quanto irá custar?
Resposta: o valor final deve ser inferior ao estabelecido pela alta administração do 
hospital para a aquisição dos equipamentos. Não há necessidade de comprar o mais 
barato, porém, deve-se procurar a melhor relação custo e demanda técnica. 
11Engenharia biomédica e gestão de equipamentos médicos
Como foi descrito neste capítulo, o engenheiro biomédico é um profis-
sional multidisciplinar com forte atuação em diversas áreas relacionadas ao 
desenvolvimento de soluções tecnológicas à saúde. Sua atuação no ambiente 
hospitalar se torna cada vez mais necessária e suas habilidades relacionadas 
a conceitos técnicos e de gestãosão importantes para o funcionamento das 
práticas diárias do hospital. Além disso, foi possível perceber que existem 
muitas ferramentas importantes para avaliar e gestar as tecnologias em saúde e 
seu conhecimento e aplicação podem ser o diferencial na solução de diferentes 
casos no ambiente hospitalar. 
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução — RDC nº 2, de 25 de janeiro 
de 2010. Dispõe sobre o gerenciamento de tecnologias em saúde em estabelecimentos 
de saúde. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil: seção 1, Brasília, DF, n. 16, p. 
79, 25 jan. 2010. Disponível em: https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/
index.php/legislacao/item/rdc-2-de-25-de-janeiro-de-2010. Acesso em: 2 maio 2020.
DEROSIER, J. et al. Using health care failure mode and effect analysis: the VA National 
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ENDERLE, J. D.; BLANCHARD, S. M.; BRONZINO, J. D. Introduction to biomedical engineering. 
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PORTO, D.; MARQUES, D. P. Engenharia clínica: nova “ponte” para a bioética? Revista 
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SOUZA, D. B. de; MILAGRE, S. T.; SOARES, A. B. Avaliação econômica da implantação 
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TERRA, T. G. et al. Uma revisão dos avanços da engenharia clínica no Brasil. Disciplinarum 
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em: https://pdfs.semanticscholar.org/feb1/2a60464bbb344176907d451da22bbb1e0e56.
pdf. Acesso em: 2 maio 2020.
Engenharia biomédica e gestão de equipamentos médicos12
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13Engenharia biomédica e gestão de equipamentos médicos
DICA DO PROFESSOR
Os equipamentos médicos fazem parte da grande maioria dos atendimentos em saúde, e o 
conhecimento desse parque tecnológico é fundamental em todo hospital. A engenharia 
biomédica atua como responsável por esses equipamentos, e o seu registro e conhecimento 
fazem parte dos processos de organização e práticas desse setor. A partir desse registro, é 
possível o entendimento das demandas necessárias para manutenções, calibrações e 
cumprimento de resoluções da Anvisa.
Na Dica do Professor, você vai conhecer um pouco mais das práticas diárias da engenharia 
biomédica e como o registro dos equipamentos médicos faz parte dos processos de organização 
desse setor.
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NA PRÁTICA
A gestão de riscos faz parte das práticas diárias de gestão dos equipamentos médicos, e o ciclo 
PDCA é uma importante ferramenta para essa avaliação. Esse tipo de ferramenta permite aos 
seus usuários o planejamento, a ação de mudar, a avaliação posterior ao que foi alterado e a 
aplicação de uma ação de mudança contínua aos processos dentro do hospital.
Veja, Na Prática, a aplicação do ciclo PDCA na UTI de um hospital real e como essa ferramenta 
foi utilizada para avaliar o risco de queda de um monitor multiparamétrico e as ações realizadas 
para redução dos riscos. 
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SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Aplicação de métodos de engenharia de fatores humanos para avaliação e mitigação de 
riscos no processo de radioterapia
Nesta dissertação, a autora descreve a aplicação da engenharia de fatores humanos na área da 
saúde. 
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Carga de hélio em ressonância nuclear magnética (RNM/MRI) — gases medicinais e 
engenharia clínica
Vídeo muito interessante de um momento não muito comum nas práticas diárias da engenharia 
biomédica. A carga de hélio não é algo feito de forma corriqueira, pois envolve alto custo e 
parada de máquina. 
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O desafio da gestão de equipamentos médico-hospitalares no Sistema Único de Saúde
Neste texto, o autor aborda os desafios e as práticas para a gestão de equipamentos médicos 
dentro do Sistema Único de Saúde, apresentando as diferenças entre estruturas públicas e 
privadas e o impacto no qualitativo dos equipamentos.
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