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Francisco Vieira - Atividade Individual de Seguro e Resseguro Matriz - FGV

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1 
 
ATIVIDADE INDIVIDUAL 
 
Matriz de análise 
Disciplina: Direito de Seguro e Resseguro Módulo: 2 e 3 
Aluno: Francisco das Chagas Vieira Junior Turma: 0421-1_2 
Tarefa: Atividade Individual 
Introdução 
 
A Construtora XPTO assinou em em 25 de maio de 2014 um contrato 
administrativo para construção de uma nova rodovia interestadual orçado de 
980.000.000,00 (novecentos e oitenta milhões de reais) após vencer licitação federal. O 
objetivo da obra era interligar as Regiões Norte e Centro-Oeste aos portos de Rio de 
Janeiro e Santos em vista do escoamento da produção do agronegócio. 
 
Com previsão para entrega em 25 de maio de 2019, o pagamento se daria 
nos termos do cronograma preestabelecido de medições. Como exigência do Governo 
Federal para garantia no maior valor da lei de licitações, a construtora ofereceu seguro 
garantia que seguiu o texto padrão da SUSEP – Superintendência de Seguros Privados. 
Em 20 de fevereiro de 2016, o Governo Federal comunicou à construtora a rescisão 
contratual. 
 
A notificação tinha como motivo informações apuradas acerca de 
irregularidades no processo administrativo, o que resultou na condenação da 
Construtora XPTO ao pagamento de multa no monante de R$ 120.000.000,00 (cento e 
vinte milhões de reais). Em virtude na inércia da construtora, o governo cobrava a multa 
da seguradora em razão do seguro garantia. 
 
Sob o argumento de que o segurado não cumpriu com as suas obrigações 
previstas na apólice, a seguradora negou cobertura em notificação recebida pelo 
Governo Federal em 03 de março de 2016. Submetido para análise a negativa de 
coberturo de sinistro, o presente parecer visa questionar a validade da postura da 
seguradora na atual divergência de entendimento entre as partes envolvidas. 
 
 
 
 
 
2 
 
Desenvolvimento 
 
Primeiramente, convém observar o fato de que o Governo Federal deixou de 
notificar a seguradora do início do processo administrativo, em descumprimento do item 
7.1 da Circular SUSEP nº 477, de 31 novembro de 2013. 
 
No que se refere ao seguro garantia, é obrigação do segurado comunicar à 
seguradora de expectativa de sinistro, oriunda da instauração de processo administrativo 
que possa resultar em irregularidades na execução do contrato que resultariam em sua 
inadimplência. 
 
A referida lógica provêm do fato de que o interesse das partes envolvidas não 
se sobrepõe, devendo haver a preservação dos direitos do segurador e segurado 
(MARTINS, 2018). No que se refere à expectativa, reclamação e caracterização do 
Sinistro, a Circular supramencionada dispõe: 
 
7.1. Expectativa: tão logo tome conhecimento de qualquer inadimplência 
do tomador que possa implicar em prejuízo, o segurado deverá 
imediatamente notificá-lo extrajudicialmente, indicando claramente os 
itens não cumpridos e concedendo-lhe prazo para regularização da 
inadimplência apontada, remetendo cópia da notificação para a 
seguradora, com o fito de comunicar e registrar a Expectativa de Sinistro. 
 
O procedimento é amparado pelo Código Civil – Lei nº 10.406 de 10 de 
janeiro de 2022, que dispõe em seu Art. 771 que “Sob pena de perder o direito à 
indenização, o segurado participará o sinistro ao segurador, logo que o saiba, e tomará 
as providências imediatas para minorar-lhe as conseqüências”. 
 
Esse é o entendimento dos Tribunais: 
 
SEGURO - GARANTIA. FALTA DE COMUNICAÇÃO. ISENÇÃO DE 
RESPONSABILID ADE DA SEGURADORA. 1. Ao deixar de ter conheci 
mento cerca do inadi mplemento contratual por parte da Tomadora, a 
seguradora apelada se viu impossibilitada de tomar providências para 
minorar as consequências, tanto para a segurada, como para a própria 
seguradora , trazendo prejuízo à apelada. (…) 3. A cláusula que 
isenta a responsabilidade das egur adora, bem como a que exige a 
comunicação imediata do sinistro, são plenamente válidas e aplicáveis 
ao caso concreto, não havendo falar em abusividade das mesmas. 
4. Improcedência do pedido de condenação da ré ao pagamento do 
valor de apólice de seguro - garantia relativo ao contrato de prestação 
do servi ço de vigilância. (TRF-4 - AC: 502876891 20134047000 PR 502 
8768 - 91. 2013 .404 .7000, Relator: FERNANDO QUADROS DA SILVA , 
Data de Julgamento: 24 de fevereiro de 3016 , 3ª Turma, Publicado 
no DJE em 25 de fevereiro de 2016) 
 
Pela demora na comunicação, cumpre ainda lembrar que nos termos do Art. 
206, §1, II –b do Código Civil, a prescrição do segurado contra o segurador ocorrerá 
no prazso de 1 ano contado da ciência do fato gerador: 
 
“Art. 206. Prescreve: § 1º Em um ano: 
(...) 
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a dest e 
contra aquele, contado o prazo: 
(...) 
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato ge rador da 
pretensão;” 
 
Por fim, o valor máximo para a multa para garantias de obra de grande vulto, 
complexidade técnica e alto risco financeiro está delimitado pelo teto de 10% do valor do 
contrato. 
 
O contrato administrativo de R$ 980 milhões, possuía multa no valor de R$ 
120 milhões imposta pelo Governo Federal. Acerca do tema, o Art. 56 da Lei de 
Licitações – 8.666 de 21 de junho de 1993 dispõe taxativamente: 
 
“Art. 56. A critério da autoridade competente, em cada caso, e desde 
que prevista no instrumento convocatório, poderá ser exigida 
prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e compras. 
§ 1o Caberá ao contratado optar por uma das seguintes modalidades 
de garantia: (…) 
II - seguro-garantia; 
(…) 
§ 3o Para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto envolvendo 
alta complexidade técnica e riscos financeiros consideráveis, 
demonstrados através de parecer tecnicamente aprovado pela 
autoridade competente, o limite de garantia previsto no parágrafo 
anterior poderá ser elevado para até dez por cento do valor do 
contrato. 
(…) ” grifo nosso. 
 
No mesmo sentido, a Circular SUSEP nº 477, de 31 novembro de 2013 
 
 
4 
 
determina no item 1.2, Modalidade II que “Encontram-se também garantidos por este 
contrato de seguro os valores das multas e indenizações devidas à Administração 
Pública, tendo em vista o disposto na Lei nº 8.666/93”. 
 
Dessa forma, o valor da referida multa seria de 98 milhões de reais, e não 
120 milhões como exigiu o Governo Federal, o que independe do fato da multa por si 
só ser inexigível pelo procedimento adotado. 
 
As consequências para as irregularidades procedimentais do Governo 
Federal estão no item 11. “Perda de Direitos”, inciso V da Circular SUSEP nº 477 que 
determina que “O segurado não cumprir integralmente quaisquer obrigações previstas 
no contrato de seguro”. 
 
 
Conclusão 
 
É correta a conduta por parte da seguradora em negar a cobertura do sinistro, 
em razão do Governo Federal não ter agido no correto cumprimento das obrigações 
dispostas na apólice de seguro garantia. Dentro das irregularidades estão: I – A ausência 
de comunicação imediata do sinistro à seguradora. II – A multa em valor que ultrapassa 
os 10% referentes ao valor global do contrato administrativo firmado, III – A prescrição. 
 
É o parecer. 
 
 
Referências bibliográficas 
 
BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da 
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração 
Pública e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 22 jun. 1993. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l8666cons.htm>. Acesso 
em: 15 maio 2021. 
 
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial 
da União: seção 1, Brasília, DF, ano 139, n. 8, p. 1-74, 15 maio 2021. 
 
MARTINS, João Marcos Brito. Direito de seguro: responsabilidade civil das 
seguradoras: doutrina, legislação e jurisprudência. 4ª Ed. Kindle Edition: Amazon,2018. 
 
SUSEP - SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS. Circular SUSEP nº 477, de 31 
novembro de 2013. Disponível em: <https://www.editoraroncarati.com.br/v2/Diario-
Oficial/Diario-Oficial/circular-susep-no-477-de-30092013.html#item5>. Acesso em: 15 
maio 2021.

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