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1
 
ATIVIDADE INDIVIDUAL 
 
Matriz de análise 
Disciplina: Direito do Seguro e Resseguro Módulos: 01, 02 e 03 
Aluno: Larissa Dias Moraes Turma: 05 
Tarefa: Parecer com um prognóstico de êxito, abordando todas as questões jurídicas que 
possam ser utilizadas como matéria de defesa. 
Introdução 
PARECER JURÍDICO 
 
EMENTA 
DIREITO CIVIL. DIREITO CONTRATUAL. DIREITO DO SEGURO. PAGAMENTO DA 
INDENIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL. AUSÊNCIA 
DE COMUNICAÇÃO DA EXPECTATIVA DO SINISTRO. ART. 11 DA CIRCULAR DA 
477/2013 DA SUSEP E ANEXO I. PRETENSÃO QUE EXCEDE O VALOR DA 
COBERTURA. ART. 56 §3º LEI 8.666/93. PRESCRIÇÃO. 
RELATÓRIO: 
Trata-se de parecer formulado por Seguradora a fim de apurar a conduta 
da negativa de cobertura de seguro garantia, as matérias de defesa na hipótese de judicialização da 
demanda e a existência de eventual responsabilidade contratual para o caso. 
Eis o contexto fático. 
A Tomadora, Construtora XPTO, venceu procedidmento licitatório 
promovido pelo Governo Federal (segurado) para construção da rodovia interestadual que 
objetivava fazer a ligação das Regiões Norte e Centro-Oeste aos portos de Santos e do Rio de 
Janeiro. 
Para a execução da obra, considerada vultuosa e orçada em R$ 
980.000.000,00 (novecentos e oitenta milhões de reais) - valores contemporâneos a época da 
contratação - 2014-, o Governo exigiu a contratação de seguro garantia com a maior cobertura 
prevista na legislação específica. 
Fora realizado contratado pela Tomadora, em atendimento a exigência, 
seguro garantia, cuja apólice seguiu o texto padrão da Susep. 
 
 
2 
 
Em 20 de fevereiro de 2016 a Seguradora recebeu notificação do 
Segurado com a informação de que, após regular processo administrativo movido exclusivamente 
em face da Tomadora (Construtora XPTO), o contrato administrativo havia sido rescindido com 
aplicação de multa a Construtora no importe de R$ 120.000.000,00 (cento e vinte milhões de 
reais). 
Em ato contínuo, em 03 de março de 2016, a Seguradora notificou o 
Segurado sobre a negativa de cobertura, ao fundamento de descumprimento das obrigações 
previstas na apólice. 
O presente parecer se destina a apuração dos riscos envolvidos na conduta 
da Seguradora ao negar a cobertura e as matérias de defesa que poderiam ser utilizadas em 
eventual judicialização da questão. 
É o relatório. Passo a análise do caso. 
Desenvolvimento 
FUNDAMENTAÇÃO 
DO SEGURO GARANTIA – SETOR PÚBLICO 
 
Como narrado acima, o presente parecer se destina a análise da conduta da 
Seguradora e suas consequências, ao negar cobertura de seguro garantia de contrato de construção 
de obra pública. 
Embora o seguro seja destinado a garantia de obra do Governo Federal, 
esse tipo de seguro também é regulamentado pela Superintendência de Seguros Privados – Susep. 
A Susep é uma autarquia da Administração Pública criada em 1966 e 
responsável pela autorização, controle e fiscalização do mercado de seguros. 
Na Circular nº 477/2013 a Susep regulamenta e divulga condições 
padronizadas para o Seguro Garantia. 
Segundo a norma prevista no art. 2º da referida Circular, “o Seguro 
Garantia tem por objetivo garantir o fiel cumprimento das obrigações assumidas pelo tomador 
perante o segurado”. 
Quando relativa ao setor público, “objetiva garantir o fiel cumprimento 
das obrigações assumidas pelo tomador perante o segurado em razão de participação em licitação, 
em contrato principal pertinente a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, concessões 
ou permissões no âmbito dos Poderes da União, Estados, do Distrito Federal e dos Municípios” 
(art. 4º - SUSEP 477/2013). 
O seguro garantia relativo ao setor público garante também “os valores 
devidos ao segurado, tais como multas e indenizações, oriundos do inadimplemento das obrigações 
assumidas pelo tomador, previstos em legislação específica, para cada caso.” 
O seguro contratado nos moldes da Circular 477 da Susep, na Modalidade 
II – Seguro Garantia para Construção, Fornecimento ou Prestação de Serviços, apresenta a garantia 
coincidindo com o prazo de vigência do contrato administrativo pertinente à execução da obra. 
No caso em análise, em um primeiro momento, verifica-se que o seguro 
tem cobertura para o sinistro que fora exigido e que a apólice estava vigente, sendo necessário à 
defesa a investigação da existência de para a exclusão da garantia ou para o afastamento da 
indenização. 
Nesse sentido, os professores João Paulo de Sá Freitas e Ilan Goldberg são 
assertivos ao diferenciar os casos, aduzindo que “a garantia é a contraprestação imediata da 
seguradora, da qual a indenização é mera consequência, ou seja, a perda da garantia fulmina o 
contrato, ao passo que a perda da indenização é episódica, com o contrato continuando a gerar seus 
regulares efeitos, se possível”. 
 
DAS CONDIÇÕES DO SEGURO GARANTIA CONTRATADO 
Da ausência de comunicação da Expectativa do Sinistro 
Determina a Circular 477 da Susep, na norma do art. 12, que a seguradora 
deverá deixar claro nas Condições Contratuais do Seguro Garantia as medidas a serem tomadas em 
caso de sinistro, veja-se: 
 
Art. 12 A seguradora deverá deixar claro nas Condições Contratuais, 
para cada modalidade, os procedimentos a serem adotados com a 
finalidade de comunicar e registrar a Expectativa de Sinistro e 
oficializar a Reclamação de Sinistro, além dos critérios a serem 
satisfeitos para a Caracterização do Sinistro. 
§1º A Expectativa de Sinistro deverá descrever o fato que possa gerar 
prejuízo ao segurado, sendo que o sinistro restará caracterizado 
quando comprovada a inadimplência do tomador em relação às 
obrigações cobertas pela apólice. 
 
 
4 
 
§2º Deverão ser especificados e definidos os procedimentos a serem 
adotados pelo segurado, assim como os documentos que deverão ser 
apresentados. 
§3º Tendo em vista a particularidade de cada modalidade, a 
seguradora poderá ficar dispensada de apresentar definição de 
Expectativa e Reclamação do Sinistro. 
§4º A Reclamação de Sinistros poderá ser realizada durante o prazo 
prescricional. 
 
O contrato de seguro, seguindo o padrão da Susep, deixou evidenciado os 
procedimentos para a execução da garantia no item 4, veja-se: 
 
4. Expectativa, Reclamação e Caracterização do Sinistro: 
4.1. Expectativa: tão logo realizada a abertura do processo 
administrativo para apurar possível inadimplência do tomador, este 
deverá ser imediatamente notificado pelo segurado, indicando 
claramente os itens não cumpridos e concedendo-lhe prazo para 
regularização da inadimplência apontada, remetendo cópia da 
notificação para a seguradora, com o fito de comunicar e registrar a 
Expectativa de Sinistro. 
 
Pela análise da documentação verifica-se que a Seguradora fora notificada 
apenas após a conclusão do processo administrativo, havendo o descumprimento da obrigação de 
informar a Seguradora da expectativa do sinistro tão logo aberto o processo administrativo. 
Segundo previsão do Anexo I da Circular 477 da Susep, mais 
precisamente no item 11, inciso V das Condições Gerais – Ramo 0775 – Seguro Garantia – 
Segurado Setor Público, há perda no direito da indenização no descumprimento das obrigações 
previstas no contrato, veja-se: 
 
11. Perda de Direitos: 
O segurado perderá o direito à indenização na ocorrência de uma ou 
mais das seguintes hipóteses: 
(…) 
V – O segurado não cumprir integralmente quaisquer obrigações 
previstas no contrato de seguro; 
 
Não se pode olvidar que o descumprimento contratual no caso em análise 
impossibilitou a Seguradora a chance de minimizar os danos do sinistro que motivou a rescisão 
contratual. Desse modo, também é fundamento para a perda da indenização a norma do artigo 771 
do Código Civil: 
 
Art. 771. Sob pena de perder o direito à indenização, o segurado 
participará o sinistro ao segurador, logo que o saiba, e tomará as 
providências imediatas para minorar-lhe asconseqüências. 
 
Se notificada ao tempo da expectativa de sinistro, a Seguradora poderia ter 
acompanhado o processo administrativo que resultou na rescisão contratual, e poderia realizar o 
objeto do contrato principal por meio de terceiros, reduzindo as consequências do inadimplemento 
do Tomador. 
Nesse sentido o Tribunal Regional Federal da 4ª Região se posicionou em 
caso semelhante: 
 
ADMINISTRATIVO. SEGURO-GARANTIA. INADIMPLEMENTO DA 
TOMADORA. FALTA DE COMUNICAÇÃO. ISENÇÃO DE 
RESPONSABILIDADE DA SEGURADORA. 
1. Ao deixar de ter conhecimento acerca do inadimplemento contratual 
por parte da Tomadora, a seguradora apelada se viu impossibilitada 
de tomar providências para minorar as consequências, tanto para a 
segurada, como para a própria seguradora, trazendo prejuízo à 
apelada. Sabendo da inadimplência da Tomadora, a Seguradora ré 
poderia ter adotado os seguintes procedimentos: acompanhar os 
procedimentos de apuração das infrações contratuais cometidas pela 
Tomadora; realizar, por meio de terceiros, o objeto do contrato 
principal, e minorar as consequências do inadimplemento impugnado 
pela apelante. 
2. Não há em ponto algum das Condições Gerais qualquer dúvida 
acerca das obrigações assumidas pela Segurada, tampouco acerca das 
condições que levam à isenção de responsabilidade ou à perda do 
direito à garantia securitária. 
3. A cláusula que isenta a responsabilidade da seguradora, bem como 
a que exige a comunicação imediata do sinistro, são plenamente 
válidas e aplicáveis ao caso concreto, não havendo falar em 
abusividade das mesmas. 
4. Improcedência do pedido de condenação da ré ao pagamento do 
valor de apólice de seguro-garantia relativo ao contrato de prestação 
do serviço de vigilância. 
(TRF-4 - AC: 50287689120134047000 PR 5028768-91.2013.404.7000, 
Relator: FERNANDO QUADROS DA SILVA, Data de Julgamento: 
 
 
6 
 
24/02/2016, TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: D.E. 
25/02/2016). 
 
Desta feita, forçoso concluir que houve a perda do direito a indenização 
por descumprimento contratual. 
Pelo exposto, unicamente com base o descumprimento contratual a 
Seguradora já estaria autorizada a negar o pedido de indenização do Segurado. 
 
Dos valores contratados para a cobertura 
Em outra vertente, observa-se que o Segurado está pleiteando indenização 
em valor superior a cobertura. Explica-se. 
Por se tratar de contrato de valor vultuoso, fora pactuada a contratação de 
seguro garantia com a maior cobertura prevista em Lei. 
A Lei 8.666/93 apresenta essa limitação na norma do §3º do art. 56, veja-
se: 
 
Art. 56. A critério da autoridade competente, em cada caso, e desde 
que prevista no instrumento convocatório, poderá ser exigida 
prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e compras. 
(…) 
§ 2o A garantia a que se refere o caput deste artigo não excederá a 
cinco por cento do valor do contrato e terá seu valor atualizado nas 
mesmas condições daquele, ressalvado o previsto no 
parágrafo 3o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 
1994) 
§ 3o Para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto envolvendo 
alta complexidade técnica e riscos financeiros consideráveis, 
demonstrados através de parecer tecnicamente aprovado pela 
autoridade competente, o limite de garantia previsto no parágrafo 
anterior poderá ser elevado para até dez por cento do valor do 
contrato. 
 
Desse modo, considerando que o valor do contrato é estimado em R$ 
980.000.000,00 (novecentos e oitenta milhões de reais) o valor máximo da garantia perfaz a 
quantia de R$ 98.000.000,00 (noventa e oito milhões de reais). 
Ou seja, o Segurado está pleiteando indenização superior a garantia em R$ 
24.000.000,00 (vinte e quatro milhões de reais) quando entende ser devida a indenização pela 
totalidade da multa do contrato administrativo. 
Não obstante, ainda que fosse possível contratar a cobertura para os R$ 
120.000.000,00 (cento e vinte milhões de reais) relativos a penalidade aplicada no processo 
administrativo, a indenização deve abater os eventuais serviços prestados pelo Tomador 
(Construtora) no período compreendido entre o início do contrato e a sua rescisão. É o que 
determina a norma do §1º do art. 13 da Circular 477/2013 da Susep: 
 
Art. 13 A seguradora indenizará o segurado, mediante acordo entre as 
partes, segundo uma das formas abaixo: 
(…) 
§1º No caso de rescisão do contrato principal, todos os saldos de 
créditos do tomador no contrato principal serão utilizados na 
amortização do prejuízo e/ou da multa objeto da reclamação do 
sinistro, sem prejuízo do pagamento da indenização no prazo devido. 
 
Na notificação enviada pelo Segurado, não há qualquer menção ou 
informe quanto ao abatimento relativo à parcela do contrato já executado, o que força a conclusão 
de que há excesso no pleito de indenização formulado à Seguradora. 
 
ALEGAÇÕES QUE PODEM SER FEITAS PELO GOVERNO FEDERAL 
Da boa fé objetiva, da Função Social do Contrato e do Código de Defesa do Consumidor 
O Governo Federal, diante da negativa do pagamento da indenização, 
pode tentar se usurpar do Enunciado n. 370 do CJF, aprovado na IV Jornada de Direito Civil, que 
determina que, “nos contratos de seguro por adesão, os riscos predeterminados indicados no art. 
757, parte final, devem ser interpretados de acordo com os arts. 421, 422, 424, 759 e 799 do 
Código Civil e 1.º, III, da Constituição Federal”. 
E mais, poderia tentar se encaixar na figura de Consumidor e buscar a 
atração da normativa consumerista para alcançar a flexibilização dos termos pactuados. 
Em resumo, formular-se-ia a tese de que caberia a Seguradora a prova da 
má-fé do Governo Federal ao não participar da expectativa de sinistro tão logo aberto o 
 
 
8 
 
procedimento administrativo em face da Tomadora para, em consequência, poder negar a 
indenização. 
Trata-se de inversão de valores muito comum na advocacia. 
Tenta-se a forçar a aplicação de norma Geral e afastar a correta aplicação 
das normas específicas. 
Primeiramente, insta reforçar que não há contrato de adesão no presente 
caso. Embora a maioria dos contratos de seguros do Brasil seja na modalidade de adesão, contratos 
de elevada monta tem liberdade contratual. 
Flávio Tartuso bem explica a situação: 
De todo modo, pontue-se que o contrato de seguro também pode ser 
paritário ou negociado, como ocorre, por exemplo, em negócios 
celebrados com grandes empresas, que procuram proteger a sua 
máquina produtiva. 
Em casos tais, o contrato poderá também não ser regido pelo Código 
de Defesa do Consumidor, o que igualmente ocorre no caso de seguro 
empresarial que cobre danos suportados por terceiro. Nesse sentido, 
pronunciou-se a jurisprudência superior: 
“há relação de consumo no seguro empresarial se a 
pessoa jurídica o firmar visando à proteção do próprio patrimônio 
(destinação pessoal), sem o integrar nos produtos ou serviços que 
oferece, mesmo que seja para resguardar insumos utilizados em sua 
atividade comercial, pois será a destinatária final dos serviços 
securitários. 
Situação diversa seria se o seguro empresarial fosse contratado para 
cobrir riscos dos clientes, ocasião em que faria parte dos serviços 
prestados pela pessoa jurídica, o que configuraria consumo 
intermediário, não protegido pelo CDC” (STJ, REsp 1.352.419/SP, 3.ª 
Turma, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 
19.08.2014, DJe 08.09.2014). 
 
No caso em tela, o seguro visa, primariamente, o contrato da construção 
licitada, e não o tomador, que sequer é beneficiário da apólice. Por consequência, é inaplicável o 
Código de Defesa do Consumidor. 
E mais, o contrato de seguro foi pactuado seguindo rigorosamente as 
cláusulas padronizadas pela Susep, órgão que compõe a administração indireta do próprio segurado 
Governo Federal, e sobre o qual o segurado tem poder fiscalizatório. 
Nesse sentido, não pode prosperar qualquer alegação contra as cláusulaspadrão da Susep, eis que formuladas por ramificação da administração pública do próprio 
Segurado Governo Federal. 
Sobre a questão, o advogado Tartaruga menciona Aldemiro Rezende 
Dantas Júnior leciona: 
 
A expressão venire contra factum proprium poderia ser vertida para o 
vernáculo em tradução que se apresentaria em algo do tipo "vir contra 
seus próprios atos" ou "comportar-se contra seus próprios atos", pode 
ser apontada, em uma primeira aproximação, como sendo abrangente 
das hipóteses nas quais uma mesma pessoa, em momentos distintos, 
adota dois comportamentos, sendo que o segundo deles surpreende o 
outro sujeito, por ser completamente diferente daquilo que se poderia 
razoavelmente esperar, em virtude do primeiro. 
 
Pelo exposto, descabidas as eventuais alegações de aplicabilidade do 
Código de Defesa do Consumidor, de ofensa a boa-fé objetiva e de ofensa a função social do 
contrato. 
 
Da supremacia do interesse público sobre o privado. 
O Governo Federal ainda pode argumentar pelo pagamento da 
indenização considerando o princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o privado. 
O cerne dessa argumentação passaria pela concepção de Celso Antônio 
Bandeira de Mello que aduz, “ao se pensar em interesse público, pensa-se, habitualmente, em uma 
categoria contraposta à de interesse privado, isto é, ao interesse pessoal de cada um. Constitui-se 
no interesse do todo, ou seja, do próprio conjunto social.” 
Contudo, admitir que o interesse público se sobreponha ao risco calculado 
do Contrato de Seguro, bem como compactue com a impossibilidade da Seguradora em tentar 
mitigar os riscos do sinistro no momento da Expectativa, importa em insegurança jurídica de 
elevado grau, que poderia inviabilizar o próprio negócio seguro garantia nos contratos de licitação. 
Não se pode olvidar que a adoção do princípio privilegiaria a conduta 
omissiva o Segurado ao não participar a Seguradora da Expectativa do Sinistro. 
 
 
10 
 
Pelo exposto, o parecer entende pelo afastamento da aplicabilidade do 
princípio da supremacia do interesse público sobre o privado. 
 
DA PRESCRIÇÃO 
Segundo a norma do artigo 189 do Código Civil, “violado o direito, nasce 
para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 
e 206” 
O artigo 206 do Código Civil, por sua vez determina: 
 
Art. 206. Prescreve: 
§ 1 o Em um ano: 
(...) 
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra 
aquele, contado o prazo: 
 
(...) 
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da 
pretensão; 
 
Considerando que a informação do sinistro se deu em 20 de fevereiro de 
2016, e que não se tem a comprovação de elementos de interrupção ou suspensão da prescrição, o 
direito a indenização securitária, na presente data está extinto, fulminado pela prescrição. 
Conclusão 
PROGNÓSTICO DE ÊXITO 
A conduta da Seguradora foi acertada ao afastar o pagamento da 
indenização. O descumprimento contratual da cláusula que obriga a informação da Expectativa do 
sinistro foi evidente. Não foi constatado no presente parecer fundamentos fortes para a reversão 
judicial da medida. Ainda que aceitos, os valores da indenização não têm correspondência com os 
valores pleiteados, eis que não consideraram a cobertura securitária, e o abatimento da prestação 
contratual da Tomadora no período entre o início dos trabalhos e a rescisão contratual. De mais a 
mais, sob o contexto atual, a pretensão está prescrita. 
É o parecer. 
 
Brasília, 06 de novembro de 2020. 
Larissa Dias Moraes 
OAB/MG nº 147.642. 
 
 
Referências bibliográficas 
• BRASIL. Lei nº 10.406/2002. Código Civil. Disponível em 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em 04/11/2020. 
• BRASIL, Lei nº 8.666/2013. Lei de licitações. Disponível em 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l8666cons.htm. Acesso em 04/11/2020. 
• BRASIL, Circular 477/2013 - Superintêndencia de Seguros Privados – Susep. Disponível 
em https://www2.susep.gov.br/safe/scripts/bnweb/bnmapi.exe?router=upload/11370. Acesso em 
04/11/2020. 
• FREITAS e GOLDBERG, João Paulo Sá de e Ilan. Direito do Seguro e do Resseguro. 
Apostila do curso de Direito Empresarial FGV, 2020. 
• TARTUCE, Flávio, Manual de Direito Civil - 10ª edição – São Paulo. Ed. Forense. p.1220. 
• TARTARUGA, Pedro Henrique, artigo publicado na plataforma Jusbrasil sob o título: 
“Analises de jurisprudências sobre o Venire Contra Factum proprium” Disponível em 
https://pedrotarta.jusbrasil.com.br/artigos/848141544/analises-de-jurisprudencias-sobre-o-venire-
contra-factum-proprium. Acesso em 07/11/2020. 
• MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 20ª ed. São Paulo: 
Malheiros, 2006.

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