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Gestão Financeira Orçamental Manual do Curso de Licenciatura de Gestão de Recursos Humanos ENSINO ONLINE. ENSINO COM FUTURO ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária i Direitos de autor (copyright) Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED). A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos judiciais em vigor no País. Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) Direcção Académica Rua Dr. Almeida Lacerda, No 212 Ponta - Gêa Beira – Moçambique Telefone: +258 23 323501 Cel: +258 82 3055839 Fax: 23323501 E-mail: isced@isced.ac.mz Website: www.isced.ac.mz mailto:isced@isced.ac.mz http://www.isced.ac.mz/ ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária ii Agradecimentos O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) agradece a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: Autor Esmeraldo Tomé Inácio Coordenação Design Financiamento e Logística Revisão Científica Revisão Linguística Ano de Publicação Local de Publicação Direcção Académica do ISCED Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED) xxxx Helga Libânio dos Santos 2016 ISCED – BEIRA ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária iii ÍNDICE Visão geral .................................................................................................................................................... 1 Benvindo à Disciplina/Módulo de Gestao Financeira e Orçamental ............................................ 1 Objectivos do Módulo ................................................................................................................................ 1 Objectivos Específicos ............................................................................................... 1 Quem deveria estudar este módulo ...................................................................................................... 1 Como está estruturado este módulo ..................................................................................................... 2 Ícones de actividade ................................................................................................................................... 3 Habilidades de estudo ................................................................................................................................ 3 Precisa de apoio? ......................................................................................................................................... 5 Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ...................................................................................................... 6 Avaliação ........................................................................................................................................................ 6 Apresentação da disciplina ...................................................................................................................... 8 TEMA – I: PRINCÍPIOS DE ANÁLISE FINANCEIRA ................................................................................. 9 UNIDADE TEMÁTICA 1.1 Análise financeira ......................................................................................... 9 1.1.1. Objecto do estudo da Análise Financeira .......................................................................... 10 1.1.2. Objectivos do estudo da Análise Financeira ..................................................................... 10 1.1.3. Análise completa ....................................................................................................................... 11 1.1.4. Limitações da análise financeira........................................................................................... 11 1.1.5. Quem são os interessados pela análise financeira? ....................................................... 12 1.1.6. Tipos de análise ......................................................................................................................... 14 Sumário ......................................................................................................................................................... 14 Exercícios desta unidade Temática ...................................................................................................... 15 UNIDADE TEMÁTICA 1.2 Informação de apoio à análise financeira ........................................... 16 1.2.1. As demonstrações financeiras .............................................................................................. 17 1.2.1.1. O balanço ...................................................................................................................... 19 1.2.1.2. A demonstração dos resultados ............................................................................. 19 1.2.1.3. O anexo ao balanço e à demonstração de resultados ..................................... 20 1.2.1.4. A demonstração dos fluxos de caixa ..................................................................... 20 1.2.2. Informações extra-contabilísticas: internas e externas ................................................ 20 Sumário ......................................................................................................................................................... 21 Exercícios desta unidade Temática ..................................................................................................... 21 UNIDADE TEMÁTICA 1.3 Metodologia de análise económico-financeira ................................. 22 1.3.1. A análise económico-financeira ........................................................................................... 23 1.3.2. Indicadores económico-financeiros .................................................................................... 23 1.3.2.1. Indicadores Económicos ........................................................................................... 23 1.3.2.2. Indicadores de Rendibilidade Económica ............................................................ 24 1.3.2.3. Indicadores de Funcionamento .............................................................................. 24 1.3.2.4. Indicadores de Liquidez ............................................................................................ 24 1.3.2.5. Indicadores da Estrutura Financeira ..................................................................... 25 1.3.2.6. Indicadores de Financiamento do Crescimento ................................................ 25 Sumário ......................................................................................................................................................... 26 Exercícios desta Unidade Temática ...................................................................................................... 26 Sumário ......................................................................................................................................................... 32 UNIDADE TEMÁTICA 1.4 Exercícios deste TEMA .............................................................................. 32 TEMA – II: ANÁLISE DA RENTABILIDADE............................................................................................ 34 ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária iv UNIDADE TEMÁTICA 2.1 Rentabilidade económica ........................................................................ 34 2.1.1. Rentabilidade económica ....................................................................................................... 34 UNIDADE TEMÁTICA 2.2 Rentabilidade financeira .......................................................................... 36 2.2.1. Definição ...................................................................................................................................... 37 2.2.2. Decomposição da rentabilidade financeira ...................................................................... 38 UNIDADE TEMÁTICA 2.3 Alavancagem financeira ........................................................................... 40 2.3.1. Definição ...................................................................................................................................... 40 2.3.2. Alavanca Financeira ................................................................................................................. 40 Sumário ......................................................................................................................................................... 43 Exercícios destas unidades temáticas .................................................................................................. 43 Sumário ......................................................................................................................................................... 47 UNIDADE TEMÁTICA 2.4 Exercícios deste TEMA .............................................................................. 47 TEMA – III: GESTÃO FINANCEIRA .......................................................................................................... 48 UNIDADE TEMÁTICA 3.1 Introdução a Gestão Financeira ............................................................. 48 3.1.1. Gestão Financeira, Análise Financeira e Função Financeira ........................................ 49 3.1.2. O papel e o perfil dos profissionais de gestão financeiro ............................................. 50 3.1.3. Objectivos da gestão financeira ........................................................................................... 51 3.1.4. Desafios da gestão financeira ............................................................................................... 52 Sumário ......................................................................................................................................................... 53 Exercícios desta Unidade Temática ...................................................................................................... 53 UNIDADE TEMÁTICA 3.2 A evolução da gestão financeira ............................................................ 55 3.2.1. Evolução histórica da gestão financeira ............................................................................. 55 Sumário ......................................................................................................................................................... 58 Exercícios desta Unidade Temática ...................................................................................................... 58 UNIDADE TEMÁTICA 3.3 Impacto da inflação e da depreciação na Gestão Financeira ....... 59 3.3.1. Impacto da inflação na Gestão Financeira ........................................................................ 59 3.3.2. Impacto da depreciação na Gestão Financeira ................................................................ 61 Sumário ......................................................................................................................................................... 61 Exercícios desta Unidade Temática ...................................................................................................... 61 Sumário ......................................................................................................................................................... 62 UNIDADE TEMÁTICA 3.4 Exercícios deste Tema .............................................................................. 62 TEMA – IV: GESTÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO ....................................................................... 65 UNIDADE TEMÁTICA 4.1 Política de Capital Circulante .................................................................. 65 4.1.1. Política de Capital Circulante ................................................................................................. 65 Sumário ......................................................................................................................................................... 67 Exercícios desta Unidade Temática ...................................................................................................... 67 UNIDADE TEMÁTICA 4.2 O equilíbrio financeiro de curto prazo ................................................. 68 4.2.1. O conceito de fundo de maneio necessário ..................................................................... 71 4.2.2. O Equilíbrio Estrutural da Tesouraria .................................................................................. 72 Sumário ......................................................................................................................................................... 74 Exercícios desta Unidade Temática ...................................................................................................... 75 UNIDADE TEMÁTICA 4.3 Gestão do disponível ................................................................................ 80 4.3.1. Objetivo da gestão do disponível ......................................................................................... 81 4.3.2. Reserva de Segurança de Tesouraria: ................................................................................. 82 4.3.2.1. Modelos de determinação do RST ......................................................................... 82 Sumário ......................................................................................................................................................... 85 ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária v Exercícios desta Unidade Temática ...................................................................................................... 85 UNIDADE TEMÁTICA 4.4 Gestão do realizável .................................................................................. 89 4.4.1. Gestão do realizável ................................................................................................................. 89 UNIDADE TEMÁTICA 4.5 Gestão das Existências ............................................................................. 90 4.5.1 Gestão das Existências ............................................................................................................ 91 UNIDADE TEMÁTICA 4.6 Gestão de dividas de curto prazo .......................................................... 91 Sumário ......................................................................................................................................................... 94 Exercícios desta Unidade Temática ...................................................................................................... 94 Sumário ......................................................................................................................................................... 97 UNIDADE TEMÁTICA 4.7 Exercícios deste TEMA .............................................................................. 97 TEMA – V: PLANEAMENTO FINANCEIROA MÉDIO E LONGO PRAZO ........................................ 102 UNIDADE TEMÁTICA 5.1 Estrutura de capitais da empresa ....................................................... 102 5.1.1. Estrutura de capital ................................................................................................................ 103 5.2.1. Nível de Capitais Permanentes Adequados e Métodos Empíricos para determinar a estrutura dos Capitais Permanentes Adequados .................................................................... 104 5.2.2. Estrutura de capital e custo de capital ............................................................................. 105 5.2.2.1. Custo de fontes específicas de capital ................................................................ 107 5.2.2.1.1. Custo de capital alheio ........................................................................ 108 5.2.2.1.2. Custo de capital próprio ...................................................................... 109 5.2.2.1.3 Custo Médio Ponderado de Capital - CMPC ................................. 114 Sumário ....................................................................................................................................................... 115 Exercícios desta Unidade Temática .................................................................................................... 115 Sumário ....................................................................................................................................................... 116 UNIDADE TEMÁTICA 5.2 Exercícios deste TEMA ............................................................................ 117 TEMA – VI: O ORÇAMENTO .................................................................................................................. 118 UNIDADE TEMÁTICA 6.1Conceito de orçamento ........................................................................... 118 6.1.1. Definição geral: âmbitos privados e público ................................................................... 118 6.1.2. Orçamento público ................................................................................................................. 120 Sumário ....................................................................................................................................................... 123 Exercícios desta Unidade Temática .................................................................................................... 123 UNIDADE TEMÁTICA 6.2 Os princípios orçamentais ..................................................................... 124 6.2.1. Princípios políticos .................................................................................................................. 125 6.2.2. Princípios contabilísticos ...................................................................................................... 127 6.2.3. Princípios económicos ........................................................................................................... 128 Sumário ....................................................................................................................................................... 129 Exercícios desta Unidade Temática .................................................................................................... 130 UNIDADE TEMÁTICA 6.3 Elementos principais do orçamento .................................................. 132 Sumário ....................................................................................................................................................... 133 Exercícios desta Unidade Temática .................................................................................................... 133 UNIDADE TEMÁTICA 6.4 Objectivos do orçamento ...................................................................... 134 6.4.1. Definição dos objetivos do orçamento ............................................................................ 135 6.4.2. Outras considerações sobre objetivos ............................................................................. 135 Sumário ....................................................................................................................................................... 136 Exercícios desta Unidade Temática .................................................................................................... 136 UNIDADE TEMÁTICA 6.5 Funções e classificação do orçamento .............................................. 137 6.5.1. As funções ou finalidades do orçamento ........................................................................ 137 ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária vi 6.5.2. Classificação do orçamento ................................................................................................. 138 Sumário ....................................................................................................................................................... 150 Exercícios desta Unidade Temática .................................................................................................... 150 UNIDADE TEMÁTICA 6.6 Vantagens e limitações do orçamento .............................................. 152 6.6.1 Vantagens dos Orçamento ................................................................................................... 152 6.6.2 Limitações do orçamento ..................................................................................................... 153 Sumário ....................................................................................................................................................... 155 Exercícios desta Unidade Temática .................................................................................................... 155 UNIDADE TEMÁTICA 6.7 O processo orçamentário nas organizações .................................... 155 6.7.1. O processo orçamentário geral .......................................................................................... 156 6.7.2. Orçamentário Anual de Tesouraria ................................................................................... 158 Sumário ....................................................................................................................................................... 160 Exercícios desta Unidade Temática .................................................................................................... 161 Sumário ....................................................................................................................................................... 162 UNIDADE TEMÁTICA 6.8 Exercícios deste TEMA ............................................................................ 162 EXERCÍCIOS DO MÓDULO ...................................................................................................................... 163 Sumário ....................................................................................................................................................... 163 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................................... 167 ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 1 Visão geral Benvindo à Disciplina/Módulo de Gestão Financeira e Orçamental Objectivos do Módulo Ao terminar o estudo deste módulo de Gestão Financeira e Orçamentária deverás ser capaz de emitir de uma opinião sobre o desempenho económico e financeiro de uma organização ou projecto, tomar decisões ao nível da gestão financeira de curto prazo da empresa de investimento e de financiamento a médio e longo prazo. Desenvolver raciocínio lógico, crítico e a n a l í t i c o para o p e r a r com v a l o r e s e formulaçõesmatemáticas, presentes nas relações formais e causais entre fenómenos produtivos, administrativos e de controlo, expressando-se de modo crítico e criativo diante da problemática organizacional. Objectivos Específicos ▪ Preparar os alunos para exercer funções no domínio da gestão financeira das empresas; ▪ Capacitar os alunos para a tomada de decisões de investimento e de financiamento a médio e longo prazo; ▪ Capacitar os alunos para a tomada de decisão ao nível da gestão financeira de curto prazo da empresa; ▪ Competência para exercer funções no domínio da gestão financeira da empresa; ▪ Competência para a tomada de decisões de investimento e de financiamento a médio e longo prazo, em particular para as decisões de estrutura de capital e de política de dividendos; Competência para análise e tomada de decisão ao nível da gestão financeira de curto prazo da empresa. Quem deveria estudar este módulo Este Módulo foi concebido para estudantes do 3º ano do curso de licenciatura em Gestão de Recursos Humanos do ISCED. Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem-vindos, não sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o manual. ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 2 Como está estruturado este módulo Este módulo de Gestão Financeira e Orçamentária, para estudantes do 3º ano do curso de licenciatura em Recursos Humanos, à semelhança dos restantes do ISCED, está estruturado como se segue: Páginas introdutórias • Um índice completo. • Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo, como componente de habilidades de estudos. Conteúdo desta Disciplina / módulo Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente unidades, Cada unidade temática se caracteriza por conter uma introdução, objectivos, conteúdos. No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só depois é que aparecem os exercícios de avaliação. Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e actividades práticas algumas incluído estudo de caso. Outros recursos A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED, pensando em si, num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos. ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 3 Auto-avaliação e Tarefas de avaliação Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios de auto-avaliação apresentam duas características: primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, exercícios que mostram apenas respostas. Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto- avaliação mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de avaliação é uma grande vantagem. Comentários e sugestões Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza diadáctico-Pedagógica, etc., sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser melhorado. Ícones de actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Habilidades de estudo O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a aprender. Aprender aprende-se. Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, procedendo como se segue: 1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de leitura. ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 4 2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as de estudo de caso se existirem. IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço- tempo, respectivamente como, onde e quando. Estudar, como foi referido no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-de- semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc. É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior. Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos de cada tema, no módulo. Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das actividades obrigatórias. Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência entre os conhecimentos, perde sequência lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente incapaz! ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 5 Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda sistematicamente), não estudar apenas para respondera questões de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que está a se formar. Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado não conhece ou não lhe é familiar; Precisa de apoio? Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página trocada ou invertidas, etc.). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, SMS, Correio electrónico, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a preocupação. Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc. As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigitada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 6 período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa. O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida em que permite-lhe situar, em termos do grau de aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade temática, no módulo. Tarefas (avaliação e auto-avaliação) O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e auto−avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da disciplina/módulo. Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor. O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). Avaliação Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, estando eles fisicamente separados e muito distantes do docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma avaliação mais fiável e consistente. 1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 7 Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A avaliação do estudante consta detalhada do regulamentado de avaliação. Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de frequência para ir aos exames. Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) trabalhos e 1 (um) (exame). Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados como ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de Avaliação. ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 8 Apresentação da disciplina A direcção financeira entre as empresas não apresenta sensíveis diferenças, nem de formação nem de gestão, razão pela qual seria um erro estabelecer diferenciações pelo tipo ou sector empresarial. Ao nível financeiro, todas as empresas enquadradas em quaisquer dos sectores produtivos têm, ademais, objectivos idênticos. Entre todos eles, hoje assume-se plenamente que o objectivo financeiro prioritário é a maximização da rentabilidade dos accionistas ou proprietários da empresa. Contudo, esse objectivo não deve ser perseguido exclusivamente pelos profissionais do sector financeiro, mas por todos os directores dos diferentes subsistemas que estruturam a empresa. Os subsistemas básicos da gestão empresarial, ou seja, a produção, a comercialização, a organização e o financiamento devem actuar de forma integrada, pois são eles que garantirão o devenir da empresa e suas possibilidades de gerar benefícios e de maximizar seu valor no futuro. Nessa gestão integrada, quatro são os objectivos estratégicos atribuídos preferencialmente ao subsistema financeiro: - Seleccionar os investimentos que propiciem uma maior rentabilidade ao futuro da actividade empresarial. - Fazer com que, junto com sua rentabilidade, a empresa seja ainda solvente atendendo ao coerente pagamento de suas dívidas. - Optimizar o uso dos recursos financeiros, fazendo com que o custo médio ponderado do capital seja o menor possível. - Controlar para que esses objectivos, em coerência com os demais objectivos funcionais, permitam a continuada geração de valor para o accionista. Consequentemente, essa disciplina orienta-se a destacar os aspectos mais relevantes a configurarem conceitualmente a direcção financeira de qualquer empresa, apresentando, ao longo dos capítulos, exemplos e exercícios práticos de fácil estudo e compreensão. ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 9 TEMA – I: PRINCÍPIOS DE ANÁLISE FINANCEIRA UNIDADE TEMÁTICA 1.1 Introdução a análise financeira UNIDADE TEMÁTICA 1.2 Informação de apoio à análise financeira UNIDADE TEMÁTICA 1.3 Metodologia de análise económico- financeira UNIDADE TEMÁTICA 1.4 Exercícios de Auto-avaliação UNIDADE TEMÁTICA 1.1 Análise financeira Objectivos Destacar os aspectos mais relevantes dos objectivos financeiros e das trajetórias económico-financeiras da empresa Introdução A análise financeira refere-se à avaliação ou estudo da viabilidade, estabilidade e lucratividade de um negócio ou projecto. Engloba um conjunto de instrumentos e métodos que permitem realizar diagnósticos sobre a situação financeira de uma empresa, assim como prognósticos sobre o seu desempenho futuro. Para que o analista possa verificar a situação económico-financeira de uma empresa, torna-se fundamental o recurso a alguns indicadores, sendo que os mais utilizados são aqueles que assumem a forma de rácios. Estes apresentam uma vantagem, não só de tornar mais precisa a informação, como também de facilitar comparações, quer para a mesma empresa, ao longo de um certo período de tempo, quer entre empresas distintas, num mesmo referencial de tempo. Contudo, convém salientar que os rácios apenas constituem um instrumento de análise, que deve, ser complementado por outros tantos. Com efeito, a análise de indicadores, fornece apenas alguns indícios que o analista deverá procurar confirmar através do recurso a outras técnicas. Segundo João Carvalho das Neves, a técnica estabelecida pelos analistas financeiros consiste em estabelecer relações entre contas e agrupamentos de contas do Balanço e de Demonstração de resultados entre outras grandezas económico – financeiras". A análise financeira é assim capacidade de avaliar a rentabilidade empresarial, tendo em vista, em função das condições actuais e futuras verificar se os capitais investidos são remunerados e reembolsados de modo a que as receitas superem as despesas de investimento e de funcionamento. ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 10 De forma a alcançar a sobrevivência e desenvolvimento pretendido pela empresa, a avaliação e interpretação da situação económico- financeira de uma empresa centra-se nas seguintes questões fundamentais: • Equilíbrio financeiro; • Rentabilidade dos capitais; • Crescimento; • Risco; • Valor criado pela gestão. O recurso à análise financeira é extremamente importante para as diversas partes interessadas numa boa gestão empresarial, sendo que essas partes interessadas são gestores, credores, trabalhadores e as respectivas organizações, Estado, investidores e clientes. Cada grupo ou indivíduo tem diferentes interesses, por isso fazem a análise financeira mais adequada aos objectivos pretendidos. Apesar desses objectivos poderem ser diferentes, as técnicas utilizadas baseiam-se, fundamentalmente, no mesmo conjunto de informações económico-financeiras: • Balanço patrimonial; • Demonstração de resultados líquidos; • Demonstração dos fluxos de caixa. A técnica mais utilizada pela análise financeira é a que recorre aos rácios, um instrumento de apoio para sintetizar uma enorme quantidade de informação, e comparar o desempenho económico- financeiro das empresas ao longo do tempo. Constituem assim uma base da análise financeira, mas não dão respostas. Essas encontrar-se- ão nos aspectos qualitativos da gestão 1.1.1. Objecto do estudo da Análise Financeira O objecto da análise financeira é constituído pela empresa e, mais especificamente, pela gestão empresarial A informação fornecida pelas demostrações financeiras oferece a imagem fiel da situação financeira, patrimonial e de resultado da empresa em um período específico. Tal situação é o resultado da gestão empresarial. Por isso, o analista deve julgar qual foi a evolução da empresa e, portanto, sua gestão, analisar a situação anual e orientar acerca de sua gestão futura. 1.1.2. Objectivos do estudo da Análise Financeira O objectivo do estudo da análise financeira deve ser constituído pelo conhecimento da situação da empresa para, a partir daí, oferecer informação útil para a tomada de decisões. ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 11 Trata-se de estabelecer previsões futuras a partir do conhecimento da situação passada e presente, com o fim de facilitar a tomada de decisões. Em suma, com a análise pretende-se, partindo de dados de tipo quantitativo contidos nas demostrações financeiras de uma empresa e de outros aspectos adicionais mais difíceis de quantificar, chegar ao conhecimento mais profundo possível da situação dessa empresa. Para isso, estudam-se de forma sistemática esses demostrações, aplicando diferentes técnicas que destaquem e deixem manifestos os pontos específicos sobre de diversas situações de seu comportamento passado, permitindo elaborar prognósticos relativos ao comportamento futuro das variáveis determinantes da gestão empresarial. 1.1.3. Análise completa Uma análise completa não deve limitar-se à empresa considerada individualmente, mas deve levar em conta a posição da empresa dentro do conjunto de concorrentes, ampliando a visão individual com uma análise comparativa, de forma que se possa observar, de uma perspectiva ampla, a posição da empresa na esfera do sector a que pertence. O analista deve buscar a máxima homogeneidade quanto às condições das empresas que integram o grupo de comparação: - Coincidências de estruturas: devem ser selecionadas as empresas com as mesmas actividades principais, nem mais nem menos, já que se alteraria sua estrutura patrimonial; - Semelhanças em grandeza dentro de uma mesma estrutura: de forma que possamos comparar patrimónios que se movam dentro de uma mesma escala empresarial. A medida mais homogénea costuma ser o volume de altivos; - Analogia de situação: eliminando do grupo - base aquelas instituições que suponham um desajuste patrimonial por razões extraordinárias. As empresas, por exemplo, em suspensão de pagamentos ou em falência devem ter um tratamento específico, pois suas singulares condições patrimoniais desequilibram qualquer análise genérica. 1.1.4. Limitações da análise financeira O analista financeiro enfrenta uma série de limitações que, necessariamente, vai conhecer, entre as quais estão: ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 12 - Não existe qualquer estado financeiro, coeficiente, razão, regra, etc., que, por si mesmo, permita obter conclusões definitivas na análise; - A análise financeira trata de estabelecer um método de trabalho para acercar-se a intuir qual pode ser a realidade da instituição analisada; - Os instrumentos utilizados na análise financeira não conduzem a exactidões matemáticas, já que, à parte da qualidade dos dados contabilísticos de partida, os instrumentos são afectados por critérios subjetivos, normas de avaliação alternativas, peso da inflação, etc., que o analista deve conhecer e avaliar o efeito; - Para realizar uma análise razoavelmente correcta, é necessário contar com informação suficiente e de qualidade comparada, conhecer os instrumentos de análise e ter ideias claras e os objectivos bem definidos; - o analista deve interpretar os resultados à luz de sua experiência e deve considerar outros dados, externos ou internos, que possam influir na situação actual ou futura da empresa; - Finalmente, o analista deve levar em conta a oportunidade da informação, assim como sua relação eficácia - custo, isto é, deve-se cumprir o objectivo da análise a um custo razoável e no tempo oportuno 1.1.5. Quem são os interessados pela análise financeira? Esta análisepode ter duas vertentes: 1. Vertente Eexterna - acompanhamento da situação da empresa pelos públicos externos da mesma; 2. Vertente interna - obtenção de uma visão que permita diagnosticar tendências menos positivas e delinear medidas correctivas. Entre os interessados mais relevantes destacam-se: A. VERTENTE EXTERNA Investidores, analistas e auditores Os accionistas, já que como tais, podem com tal informação aprovar ou não a gestão dos directores e decidir comprar mais acções ou vendê-las. Os investidores potenciais, que através dos mercados de capitais, desejarão obter informação confiável para optimizar suas decisões financeiras de investimento em uma ou outra empresa. Os ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 13 analistas dos citados mercados, buscando-se aconselhar melhor nas decisões de compra e venda, e os auditores externos, que devem cumprir as práticas de auditoria externa. Credores Os credores da empresa também estarão interessados na sua informação contabilístico-financeira, tanto se o são a título de fornecedores como se o são a título de penhoristas, como as entidades financeiras e os subscritores de obrigações. O prestamista estará interessado, fundamentalmente, no reembolso do principal e dos juros por parte do precatório, assim como em cláusulas concretas de segurança de seu empréstimo tais como o valor dos activos penhorados. A administração pública Através de suas regulamentações fiscais para efeitos impositivos, e também por sua capacidade normativa em temos de direito financeiro e direito contabilístico. Os clientes A continuidade no fornecimento, a confiabilidade, a estabilidade económica da empresa e a possibilidade de cumprimento dos contratos que se possam firmar entre empresa e clientela podem ser critérios determinantes nas decisões de compra.A análise financeira assume uma enorme importância em termos de previsão do futuro, aumentando assim a capacidade de resposta das empresas (por antecipação) e a sua competitividade. B. VERTENTE INTERNA Do ponto de vista interno, a própria direcção da empresa estará interessada em saber qual foi a evolução do negócio, como foi desenvolvido a gestão dando lugar à situação actual e sobretudo, qual é a previsível evolução futura para tomar as decisões adequadas no presente pensando no futuro. De igual forma, interessa conhecer como está situada a empresa dentro do conjunto de concorrente, detectando, assim, seus pontos fracos e fortes com o fim de tomar as decisões oportunas a respeito. Os trabalhadores Os demais trabalhadores porque a divisão do valor agregado originado pela empresa também devem contar com o consenso deles e com sua aceitação. ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 14 1.1.6. Tipos de análise Uma vez feitas as contas anuais, dispõe-se de um resumo da empresa com sua situação financeira. É a este ponto que nos leva o processo contabilístico realizado correctamente. Agora, então, é possível, através de uma série de técnicas e análises, obter mais informação da que existe, aparentemente, por exemplo, em um balanço. Essas técnicas e procedimentos estão demarcados na chamada Análise de Balanços ou Análise das demonstrações Financeiras, cujo objectivo principal é proporcionar elementos de juízo sobre uma situação económica e como se chegou a tal situação, permitindo tomar decisões futuras de maneira racional. Análise Estrutural: estuda a composição e estrutura do balanço e da conta de perdas e ganhos, suas inter-relações, mudanças ou variações, tendências, etc. Análise Financeira: analisa as necessidades financeiras da empresa, seu grau de liquidez, sua solvência, a exigibilidade do passivo, etc. Análise Económica e de Rentabilidades: centra-se nos resultados da empresa, ou seja, analisa a conta de perdas e ganhos. São aspectos clássicos da análise económica a rentabilidade, a produtividade, o controle dos custos, etc. Análise estática do balanço Uma maneira de conhecer a estrutura do activo e do passivo é a de expressar cada uma das rubricas em percentagem sobre o total do activo, com o fim de conhecer o peso de cada uma delas sobre o total. % de participação = conta × 100 Activo Análise dinâmica Trata-se da comparação inter-temporal da empresa, com fim de conhecer a evolução e tas tendências de cada rubrica. O instrumento utilizado é a Percentagem de Variação. Sumário Nesta Unidade Temática 1.1 estudamos e discutimos fundamentalmente seis subcapítulos em termos de princípios de análise financeira, nomeadamente: ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 15 1. Objecto do estudo da Análise Financeira; 2. Objectivos do estudo da Análise Financeira; 3. Análise completa; 4. Limitações da análise financeira; 5. Os interessados pela análise financeira e; 6. Tipos de análise Exercícios desta unidade Temática Exercício de AUTO-AVALIAÇÃO 1. O analista financeiro enfrenta uma série de limitações. Quais são estas limitações? R// Limitações do analista financeira: não existe qualquer estado financeiro, coeficiente, razão, regra, etc., que, por si mesmo, permita obter conclusões definitivas na análise; a análise financeira trata de estabelecer um método de trabalho para acercar-se a intuir qual pode ser a realidade da instituição analisada; os instrumentos utilizados na análise financeira não conduzem a exactidões matemáticas, já que, à parte da qualidade dos dados contabilísticos de partida, os instrumentos são afectados por critérios subjetivos, normas de avaliação alternativas, peso da inflação, etc., que o analista deve conhecer e avaliar o efeito; para realizar uma análise razoavelmente correcta, é necessário contar com informação suficiente e de qualidade comparada, conhecer os instrumentos de análise e ter ideias claras e os objectivos bem definidos; o analista deve interpretar os resultados à luz de sua experiência e deve considerar outros dados, externos ou internos, que possam influir na situação actual ou futura da empresa; 2. A quem interessa a análise financeira? R// A analise financeira interessa aos investidores, analistas e auditores, credores a administração pública, aos clientes, a própria direcção da empresa estará, aos trabalhadores Exercício de AVALIAÇÃO 1. Distinga a análise estática da análise dinâmica. 2. Qual é o objectivo principal da análise financeira? 3. Identifique os três tipos de análise e comente cada um deles. ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 16 4. Uma determinada empresa, registou um crescimento anual do seu volume de negócio em 25% em relação ao exercício economia do ano anterior. a) Identifique o tipo de análise patente nesta frase. 5. Quando é que se diz uma análise é completa? UNIDADE TEMÁTICA 1.2 Informação de apoio à análise financeira Objectivos Informação Contabilística à Informação Financeira. Documentos base da Análise Financeira. Introdução A análise financeira se apoia, visando tomar decisões, acima de qualquer outro documento, nas demostrações financeiras, sendo fundamentalmente: - Balanço; - Demonstração dos Resultados; - Anexo as DF’s (relatório de actividades), onde se divulga as bases de preparação e politicas contabilísticas adoptadas e outras divulgações explicativas Constituindo-se em documentos nucleares tanto das técnicas de análise e diagnóstico empresarial quanto de gestão e planeamento económico-financeiro. Esses documentos se complementam com outros nitidamente financeiros: - Demonstração das Alterações no Capital Próprio; - Demonstração de Fluxos de Caixa Ambos propostos pelas novas Normas Internacionais de Contabilidade (Normas NIC). Partindotodos eles em sua elaboração dos sistemas de informação contabilística de que disponha a empresa. Daí a estreita vinculação entre finanças e contabilidade. A contabilidade é entendida assim como o idioma económico- financeiro dos negócios empresariais, constitui-se na linguagem comum para representar e informar, codificando e registando sistematicamente o conjunto de acontecimentos de carácter económico e financeiro que afectam os negócios. ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 17 Acresce ainda para algumas das entidades a necessidade de verem as suas contas auditadas por entidades independentes. Auditoria Independente. E ainda o Relatório do Conselho Fiscal 1.2.1. As demonstrações financeiras De uma forma sintética, podemos dizer que é objectivo da Contabilidade, a recolha, registo e tratamento dos factos decorrentes das operações efectuadas pelas organizações, de forma a elaborar demonstrações económico-financeiras, as quais revelam: - A situação patrimonial e financeira; - A situação económica e a capacidade de gerar excedentes; - O grau de cumprimento das obrigações para com terceiros, incluindo as de carácter fiscal. Características qualitativas da informação financeira Quanto ao seu objectivo, “As Demostrações financeiras (DF’s) devem proporcionar informação acerca da posição financeira, das alterações desta e dos resultados das operações para que seja útil a investidores, a credores e a outros utentes, a fim de investirem racionalmente, concederem crédito e tomarem decisões semelhantes contribuindo assim para o funcionamento eficiente dos mercados de capitais”. O Plano Geral de Contabilidade enumera como destinatários da informação contabilística: Investidores; Financiadores; Trabalhadores; Fornecedores e Outros Credores; Administração Pública; Público em Geral. A responsabilidade pela preparação da informação financeira e da sua apresentação é primordialmente da Administração. Os utentes estarão tanto melhor habilitados a analisar a capacidade da empresa de gerar fundos, com oportunidade e razoável segurança, quanto melhor forem providos de informação que foque a posição financeira, os resultados das operações e as alterações naquela posição.” Características qualitativas As Demonstrações Financeiras devem proporcionar informação que seja compreensível aos utentes, sendo a sua utilidade determinada por três características qualitativas: - Relevância Qualidade que a informação tem de influenciar as decisões dos seus utentes. A informação é materialmente relevante se a sua omissão ou erro for susceptível de influenciar as decisões dos utilizadores da informação. ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 18 - Fiabilidade Qualidade que a informação tem de estar liberta de erros materiais e de juízos prévios. As operações ou acontecimentos devem ser apresentados de acordo com a sua substância e realidade económica e não necessariamente com a sua forma legal. - Comparabilidade A divulgação e a quantificação dos efeitos financeiros de operações similares e de outros acontecimentos devem ser registados de forma consistente pelo conjunto da empresa e durante a sua vida, para identificar tendências na sua posição financeira e nos resultados das suas operações. As empresas devem adoptar a normalização, a fim de se conseguir comparabilidade entre elas. Estas características, juntamente com conceitos, princípios e normas contabilísticas adequadas, fazem que surjam demonstrações financeiras geralmente descritas como apresentando uma imagem verdadeira e apropriada da posição financeira e dos resultados das operações da empresa. Princípios Contabilísticos 1. Da continuidade – a empresa opera continuadamente, com duração ilimitada. 2. Da consistência – não alteração das políticas contabilísticas de um ano para o outro. Se isso acontecer, e tiver efeitos materialmente relevantes, tal facto deve ser referido no anexo ao Balanço e Demonstração de Resultados. 3. Da especialização (ou do acréscimo) – Os proveitos e os custos são reconhecidos quando obtidos ou incorridos, independentemente do seu recebimento ou pagamento, devendo incluir-se nas demonstrações financeiras dos períodos a que respeitam. 4. Do custo histórico – Os registos contabilísticos devem basear- se em custos de aquisição ou de produção. 5. Da prudência – Significa que é possível integrar nas contas um grau de precaução ao fazer as estimativas exigidas em condições de incerteza sem, contudo, permitir a criação de reservas ocultas ou provisões excessivas ou a deliberada quantificação de activos e proveitos por defeito ou de passivos e custos por excesso. ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 19 6. Da substância sob a forma – As operações devem ser contabilizadas atendendo à sua substância e à realidade financeira e não apenas à sua forma legal. 7. Da materialidade – As demonstrações financeiras devem evidenciar todos os elementos que sejam relevantes e que possam afectar avaliações ou decisões pelos utentes interessados. 1.2.1.1. O balanço O balanço é o elemento básico da informação financeira, pois todas as operações que se registam nos diversos livros e documentos que integram a contabilidade se reflectem, no fim do exercício, no balanço, o qual tem mapas auxiliares que esclarecem, com pormenor, os valores que constam no mesmo. O balanço pode ser definido segundo duas perspectivas: 1. Perspectiva patrimonialista – quadro que nos evidencia a situação patrimonial da organização, ou seja, os bens, direitos e obrigações que lhe estão afectos. 1º Membro 2º Membro Bens Direitos ACTIVO Obrigações - para com sócios/accionistas SITUAÇÃO LÍQUIDA - Para com terceiros PASSIVO 2. Perspectiva Financeira – traduz um conjunto de aplicações de capital, bem como as correspondentes origens. 1º Membro 2º Membro Aplicações de Capital - Imobilizado - Existências - Dívidas de Terceiros - Disponibilidades ACTIVO Origens - dos sócios/gerados pela empresa CAPITAL PRÓPRIO - de terceiros CAPITAL ALHEIO 1.2.1.2. A demonstração dos resultados Segundo Santos (1997), a demonstração de resultados “apresenta o resultado do exercício da empresa, evidenciando os proveitos e ganhos bem como os custos e perdas”, dividindo entre resultados correntes (operacionais e financeiros) e extraordinários, ou seja, os resultados por natureza. Ainda segundo o mesmo autor, “ a ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 20 demonstração dos resultados (por funções) tem, como finalidade, evidenciar vários níveis dos resultados da empresa, o que permite uma análise mais pormenorizada. 1.2.1.3. O anexo ao balanço e à demonstração de resultados O anexo ao balanço e à demonstração de resultados é constituído por um conjunto de notas que pretendem clarificar alguns valores que constam naqueles dois mapas. 1.2.1.4. A demonstração dos fluxos de caixa Segundo Rodrigues (2003), a demonstração dos fluxos de caixa é uma demonstração financeira da maior importância. Por um lado, não está sujeita à denominada “contabilidade criativa”, por outro lado, apresenta-nos os fluxos de caixa das actividades operacionais, das actividades de investimento e das actividades de financiamento, permitindo-nos apreciar quais os fluxos de caixa gerados pelas operações (ou aplicados nelas), que investimentos (ou desinvestimentos) está a empresa a efectuar e quais as fontes de financiamento.” 1.2.2. Informações extra-contabilísticas: internas e externas Além das informações contabilísticas, constantes das demonstrações financeiras e demais mapas contabilísticos de publicação não obrigatória,é importante ainda a pesquisa e análise de informações de carácter não contabilístico, entre as quais se destacam: - Factores conjunturais (do meio envolvente) que afectam a actividade da empresa, ou seja, avaliação da envolvente externa; - Comparação com estatísticas sectoriais; - Capacidade da administração de tomar medidas nas diversas áreas que afectam o desempenho económico-financeiro, isto é, qualidade da administração quanto à análise das opções estratégicas tomadas e concretizadas; - Sistema de Informação da empresa; - Relatório de Gestão da empresa (análise da sua natureza e conteúdo). A pertinência deste tipo de informações acentua-se se considerarmos que a informação contabilística tem como limitação a revelação de sintomas e não causas da situação da empresa, além de que a análise de indicadores é pobre pois não fornece aos utilizadores as razões do nível de desempenho. Resta aqui salientar que a principal dificuldade da análise financeira não é a aplicação de técnicas de análise, mas sim seleccionar o tipo de ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 21 informação mais fiável para, de seguida, aplicar essas mesmas técnicas. Sumário Nesta Unidade Temática 1.2 estudamos e discutimos fundamentalmente sobre informação de apoio a análise financeira, sintetizada de seguinte forma: 1. Conjunto das demostrações financeiras 2. Características qualitativas da informação financeira 3. Princípios Contabilísticos; 4. Perspectiva patrimonialista e financeira do balanço; 5. Informações extra-contabilísticas: internas e externas Exercícios desta unidade Temática Exercício de AUTO-AVALIAÇÃO 1. Fale sobre os documentos que se apoia a análise financeira. R// A análise financeira se apoia, visando tomar decisões, acima de qualquer outro documento, nas demostrações financeiras, sendo fundamentalmente: Balanço; Demonstração dos Resultados; Anexo as DF’s (relatório de actividades), onde se divulga as bases de preparação e politicas contabilísticas adoptadas e outras divulgações explicativas. Esses documentos se complementam com outros nitidamente financeiros: Demonstração das Alterações no Capital Próprio e Demonstração de Fluxos de Caixa. Acresce ainda para algumas das entidades a necessidade de verem as suas contas auditadas por entidades independentes. Auditoria Independente. E ainda o Relatório do Conselho Fiscal. 2. A análise de rácios é uma técnica de interpretação e crítica apoiada na contabilidade e estatística que tem como objectivo a apreciação de balanço e documentos correlativos e complementares. Tal apreciação comporta juízos sobre a evolução de certos fenómenos ou grandezas observadas, através de documentos referentes a um ou vários períodos a) No seu entender, qual é a finalidade principal do uso dos rácios? R// Os rácios têm como finalidade principal permitir a extração de tendências e compará-las com padrões preestabelecidos. A finalidade dessa análise – que pode ser tanto no âmbito da empresa quanto em relação ao segmento/concorrentes - é, ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 22 mais do que retratar o que aconteceu no passado, fornecer algumas bases para inferir o que acontecerá no futuro. Exercício de AVALIAÇÃO 1. Certamente, já ouviu falar sobre as demostrações financeiras. Com base nos seus conhecimentos, quais são as principais peças financeiras (demostrações financeiras) mais usadas em Moçambique? Faça uma breve descrição sobre cada uma delas. 2. Além das informações contabilísticas, constantes das demonstrações financeiras e demais mapas contabilísticos de publicação não obrigatória, é importante ainda a pesquisa e análise de informações de carácter não contabilístico. a) Mencione pelo menos 3 elementos de informação extra-contabilísticas. 3. Mencione os princípios de contabilidade geralmente aceites que conhece. 4. Em que consiste o princípio contabilístico substância quanto a forma? 5. O que são bens e direitos no balanco patrimonial? 6. De pelo menos 3 exemplos a cada um deles. UNIDADE TEMÁTICA 1.3 Metodologia de análise económico-financeira Objectivos Estudo dos Métodos e Técnicas de Análise Económica e Financeira Introdução Propõe-se nesta unidade temática o estudo da metodologia de análise económico-financeira a qual será objecto de desenvolvimento neste capítulo. A análise financeira é um processo, baseado num conjunto de técnicas, que tem por fim avaliar e interpretar a situação económico-financeira de uma empresa. Esta avaliação e interpretação centra-se em torno de questões fundamentais para a sobrevivência e desenvolvimento da empresa, tais como o equilíbrio, risco, rentabilidade e valor da empresa. ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 23 1.3.1. A análise económico-financeira A análise financeira tem como base de suporte os documentos contabilísticos, os quais nem sempre respondem aos objectivos da análise financeira, pelo que a utilização do balanço exige um trabalho de preparação metodológica dos documentos contabilísticos, pois estes, dada a necessidade de normalização, não privilegiam a perspectiva do diagnóstico financeiro. Impõe-se deste modo a construção de mapas económico-financeiros. Comparação das demonstrações financeiras sucessivas A análise económico-financeira inicia-se com a construção de mapas de mutação de valores, ou seja, demonstrações financeiras sucessivas e respectivas comparações. 1.3.2. Indicadores económico-financeiros2 Os indicadores a seguir apresentados estão agrupados em categorias, cujo critério base é a natureza dos fenómenos que os indicadores pretendem retratar. 1.3.2.1. Indicadores Económicos Os indicadores económicos pretendem analisar a rendibilidade da empresa, tendo por base a informação constante da demonstração de resultados. Abordam aspectos como a estrutura de custos, de proveitos, margens de rendibilidade e capacidade de autofinanciamento. Ênfase em alguns indicadores económicos, nomeadamente: ▪ Vendas + Prestações de Serviços (V.+P.S.) ▪ Produção ▪ Valor Acrescentado Bruto (V.A.B.) ▪ Excedente Bruto de Exploração (E.B.E.) ▪ Autofinanciamento Bruto ▪ Autofinanciamento Líquido ▪ Resultado Económico Bruto (R.E.B.) ▪ Meios Libertos (M.L.) 2 A maior parte dos indicadores usados na análise económico-financeira assumem a forma de rácios (quociente entre duas grandezas com significado económico ou financeiro). É de notar que o aumento do nº de rácios utilizados na análise nem sempre constitui verdadeiro acréscimo de informação, devendo evitar-se a utilização de rácios que não contribuem positivamente para a apreensão da situação da empresa. De notar ainda que interpretar não é apenas ler cada indicador, mas sim definir tendências por áreas e pela conjugação dos diferentes indicadores entre si, além de exigir um conhecimento adequado da empresa e do ambiente que a rodeia (produtos, mercados, concorrência e condições do sector/indústria). Ainda é de salientar que a análise de indicadores deve ser comparativa, quer ao nível temporal (período não inferior a 3 anos), quer sectorial (Centrais de Balanços, por exemplo). ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 24 1.3.2.2. Indicadores de Rendibilidade Económica Rendibilidade Operacional das Vendas = Resultados Operacionais / (Vendas + Prestação de Serviços) Rendibilidade Líquida das Vendas = R.L.E. / (Vendas +Prestação de. Serviços) 1.3.2.3. Indicadores de Funcionamento Os indicadores de funcionamento (de actividade e/ou de produtividade) medem a eficiência com que a empresa está a gerir os seus activos, quer sejam imobilizados quer sejam circulantes. - Rotação do Activo =(Vendas + Prestação de Serviços) / Activo Total - Prazo Médio de Pagamento (PMP) = [Fornecedores / (Compras + Fornecimento e serviços de terceiros) com IVA]*360 ou 12 - Prazo Médio de Recebimento (PMR) = [Clientes / (V+P.S.) com IVA] * 360 ou 12 - Prazo Médio de Permanência das Matérias-primas = (Existências M.P. / C.M.C.) * 360 ou 12 - Prazo Médio de Permanência das Mercadorias = (Existências Mercadorias / C.M.V.) * 360 ou 12 - Prazo Médio de Permanência dos Produtos Acabados = (Existências P.A. / CIPA) * 360 ou 12 - Produtividade do Trabalho = V.A.B. / Nº médio de trabalhadores - Produtividade do Equipamento = V.A.B. / Imobilizações Corpóreas (valor bruto) - Coeficiente Capital/Emprego = Imobilizado Corpóreas (valor bruto) / Nº médio de trabalhadores 1.3.2.4. Indicadores de Liquidez Óptica Tradicional: - Fundo de Maneio (F.M.) = Activo Circulante – Passivo de Curto Prazo - Liquidez Geral = Activo Circulante / Passivo de Curto Prazo - Liquidez Reduzida = (Activo Circulante – Existências) / Passivo de Curto Prazo - Liquidez Imediata = Disponibilidades / Passivo de Curto Prazo Estes indicadores devem ser analisados em conjunto com os prazos médios. Óptica Moderna: - Fundo de Maneio = Capitais Permanentes – Activo Fixo ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 25 - Necessidades em Fundo de Maneio (N.F.M.) - Tesouraria Líquida (T.L.) = Fundo de Maneio – Necessidades de Fundo de Maneio 1.3.2.5. Indicadores da Estrutura Financeira Estes indicadores evidenciam o equilíbrio das componentes patrimoniais constantes do balanço, relacionado apenas aspectos financeiros. - Cobertura do Activo Fixo = Capitais Permanentes / Activo Fixo Líquido - Autonomia Financeira = Capitais Próprios / Activo Total - Endividamento = Passivo / Activo Total - Taxa (ou grau) de endividamento = Passivo / Capitais Próprios - Taxa (ou grau) de endividamento a Médio/Longo Prazo = Passivo MLP / Capitais Próprios - Estrutura do Endividamento = Passivo de Curto Prazo / Passivo - Solvabilidade = Capitais Próprios / Passivo - Estrutura de capital = Capitais Próprios / Passivo de Médio e Longo Prazo - Capacidade de Endividamento = Capitais Permanentes / Passivo MLP 1.3.2.6. Indicadores de Financiamento do Crescimento - Taxa de Crescimento Nominal (g) = (Activo Económico1 / Activo Económico0) - 1 - Taxa de Crescimento Financeiramente Sustentável (g*) = (R.L.E. 1 / Capitais Próprios0 ) * (1-d) em que d é a taxa de distribuição de resultados Estes indicadores permitem analisar o financiamento da empresa, na medida em que procura verificar, em situação de manutenção das condições de gestão financeira (sem aumentos de capital) e das condições de gestão operacional, se ela é capaz de financiar o respectivo crescimento. A taxa de crescimento financeiramente sustentável aparece determinada em função da rendibilidade dos capitais próprios e da taxa de retenção dos resultados (1-d). A partir da taxa de crescimento nominal (g) verificada pela empresa e da taxa de crescimento sustentável (g*) pode inferir-se o seguinte: - Se g*>g a empresa tem excedentes de recursos financeiros, face ao crescimento verificado; - Se g*<g a empresa tem insuficiência de recursos financeiros. ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 26 Sumário Nesta Unidade Temática 1.3 estudamos e discutimos a metodologia de análise financeira. O nosso estudo foi direcionado aos indicadores económicos e financeiros, nomeadamente: 1. Indicadores Económicos 2. Indicadores de Rendibilidade Económica 3. Indicadores de Funcionamento 4. Indicadores de Liquidez 5. Indicadores da Estrutura Financeira 6. Indicadores de Financiamento do Crescimento Exercícios desta Unidade Temática Exercício de AUTO-AVALIAÇÃO 1. A análise Financeira estuda de forma sistemática as demostrações, aplicando diferentes técnicas que destaquem e deixem manifestos os pontos específicos sobre de diversas situações de seu comportamento passado, permitindo elaborar prognósticos relativos ao comportamento futuro das variáveis determinantes da gestão empresarial. a) A análise financeira comporta uma série de limitações. Comente a afirmação. − Não existe qualquer DF’s, coeficiente, razão, regra, etc., que, por si mesmo, permita obter conclusões definitivas na análise; − A análise financeira trata de estabelecer um método de trabalho para acercar-se a intuir qual pode ser a realidade da instituição analisada; − Os instrumentos utilizados na análise financeira não conduzem a exactidões matemáticas, já que, à parte da qualidade dos dados contabilísticos de partida, os instrumentos são afectados por critérios subjectivos, normas de avaliação alternativas, peso da inflação, etc., que o analista deve conhecer e avaliar o efeito; − Para realizar uma análise razoavelmente correcta, é necessário contar com informação suficiente e de qualidade comparada, conhecer os instrumentos de análise e ter ideias claras e os objectivos bem definidos; − O analista deve interpretar os resultados à luz de sua experiência e deve considerar outros dados, externos ou internos, que possam influir na situação actual ou futura da empresa; ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 27 − Finalmente, o analista deve levar em conta a oportunidade da informação, assim como sua relação eficácia - custo, isto é, deve-se cumprir o objectivo da análise a um custo razoável e no tempo oportuno 2. A empresa BITALA, LDA, dedica-se ao negócio de explora pedreiras de mármore. Com a pedra extraída a empresa fornece, a empresas de construção civil e armazenistas, materiais para equipar e decorar cozinhas. No exercício económico de 2013 e 2014, a empresa apresenta os seguintes elementos contabilísticos: Britalar, Lda Balanço para o ano findo em 31 de Dezembro de 2013 e 2014. BALANÇO 2013 2014 Activo Imobilizado Imobilizado Incorpóreo 1.064,00 3.362,00 Imobilizado Corpóreo 122.000,00 197.968,00 Investimentos Financeiros 5.002,00 5.002,00 Amortizações Acumuladas -58.536,00 -104.374,00 Activo Circulante Existências 146.657,00 234.006,00 Clientes 37.417,00 18.333,00 Depósitos bancários e caixa 22.217,00 1.411,00 Activo Total 275.821,00 355.708,00 Capital Próprio Capital Social 20.003,00 20.003,00 Reservas 1.841,00 36.883,00 Resultados Transitados 7.731,00 12.209,00 Resultado Líquido 4.378,00 3.335,00 Total do Capital Próprio 33.953,00 72.430,00 Passivo Dívidas a terceiros médio e longo prazo 61.506,00 48.287,00 Dívidas a terceiros de curto prazo Fornecedores 128.018,00 84.661,00 Estado e Outros Entes Públicos 52.344,00 150.330,00 Total do Passivo 241.868,00 283.278,00 Total do Capital Próprio e Passivo 275.821,00 355.708,00 ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 28 Britalar, Lda. Demonstração de Resultados para o ano findo em 31 de Dezembro de 2013 e 2014 PROVEITOS OPERACIONAIS 2013 2014 Vendas líquidas 381.742,00 438.297,00 TOTAL DOS PROVEITOS 381.742,00 438.297,00 CUSTOS OPERACIONAIS Custo das existências vendidas e matérias consumidas 168.423,00 161.023,00 Custos Fixos 182,657.00 226,847.00 TOTAL DOS CUSTOS OPERACIONAIS 351.080,00 387.870,00 RESULTADOS OPERACIONAIS 30,662.00 50,427.00 Custos financeiros 30,628.00 46,964.00 Receitas financeiras 5,596.00 3,477.00 RESULTADOS FINANCEIROS -25,032.00 -43,487.00 RESULTADOS CORRENTES 5,630.00 6,940.00 Impostos 1,252.00 3,605.00 RESULTADOS LÍQUIDOS 4,378.00 3,335.00 Serviços de Produção As existências de produtos no fim do ano 2013 e as quantidades mínimas que a empresa deve manter no final de 2014
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