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1 Referência: aula do prof. Chavier Introdução O pé diabético é uma das complicações da DM, porque é a estrutura mais vulnerável. Temos uma classificação de pé diabético neuropático, isquêmico e infeccioso. Na verdade, é uma classificação didática, pois tudo está presente no mesmo pé. Se procurar neuropatia autonômica, observa-se pele descamada, seca e ressecada. Se procurar neuropatia sensitiva, vemos ceratose aberta no ponto de apoio (que o paciente usa para pisar no chão). No que se refere à neuropatia motora, vemos deformidade no dedo – em garra. Já o pé diabético infeccioso aparece quando abre a ceratose e faz infecção. O pé diabético isquêmico ocorre por obstrução vascular, caracterizando-se por unha atrófica, quebradiça, absorção muscular etc. Todas essas características estão nesse pé abaixo: Definição É um conjunto de anomalias, tais como: infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos moles associados a alterações neurológicas e vários graus de doença arterial periférica (DAP) nos membros inferiores. Atualmente, existem quase 500 milhões de pessoas diabéticas no mundo. Estima-se que 19-34% desses pacientes terão uma úlcera durante a vida. Essas úlceras causam infecções graves, amputações e mortalidade elevada. É estimado que haja uma amputação a cada 20 segundos, mundialmente. Diabetes mellitus É uma doença metabólica, em consequência de uma hiperglicemia crônica, decorrente de déficit e resistência ao uso da insulina. A prevalência estimada é 9,3% e chegará a 10,4% até 2040, com 90% DM tipo II. Atualmente, os quase 500 milhões de diabéticos devem aumentar em 50% até 2045. A DM representa a nona causa de morte mundial. • Complicações: isquemia, infecção, neuropatia. Complicações macro e microvasculares da hiperglicemia crônica A neuropatia é a grande responsável pelas alterações a nível do pé, que fica insensível e desestruturado, levando a lesões na pele, com abertura para entrada de micróbios e infecções. Síndrome do pé diabético • Doença arterial • Neuropatia o Neuroartropatia de Charcot: desestruturação osteoarticular. • Ulceração do pé: porta de entrada para infecção. • Infecção • Osteomielite • Amputação Etiopatogenia O corpo precisa de glicose como fonte de energia. Na hiperglicemia diabética, a glicose não entra nas células, 2 porque não tem insulina ou há resistência a ela. Assim, há uma ativação da via do poliol, que é um álcool, com grupos de hidroxila, que tem a função de transformar a glicose em um poliol acíclico, que é o sorbitol. Este último, em seguida, é reoxidado, transformando-se em um hidrato de carbono, chamado frutose, o qual consegue ser absorvido pelas células sem precisar de insulina. Essas reações, no entanto, levam a muitas alterações no organismo, sobretudo com produção de radicais livres e redução do mio-inositol, que é uma proteína protetora da bainha de mielina. Havendo uma redução dela, diminui também a condução nervosa. Somado a isso, também se gera uma glicação não enzimada de proteínas e nervos, levando a uma série de alterações. Então, ocorre redução da prostaciclina – potente vasodilatador e antiagregante plaquetário, ao mesmo tempo em que se aumenta tromboxano A2 – potente agregante plaquetário e vasoconstritor. Tudo isso leva ao aumento da viscosidade sanguínea, produção elevada de colesterol e oxidação do LDL. Enfim, o LDL oxidado pode se implantar na parede arterial e iniciar um processo aterosclerótico. O aumento da viscosidade sanguínea leva a uma obstrução da vasa nervorum, causando neuropatia. Havendo desnervação simpática, vai abrir fístulas arteriovenosas, com desvio de sangue de arteríola para vênula e roubando fluxo do nervo. Assim, desenvolve-se uma neuropatia periférica, que é caracterizada pela presença de pé turgido, quente, com veias dilatadas e, ao mesmo tempo, seco, pois há um bloqueio das glândulas sudoríparas. Essa neuropatia periférica sofre ação de fatores genéticos e ambientais, tais como álcool e fumo. Outros agentes envolvidos são a autoimunidade, os fatores neurotróficos e os radicais livres oxidantes. Neuropatia Pode ser autônoma e somática. • Autônoma o Pé seco: por inibição de glândulas sudoríparas, devido à neuropatia simpática. o Pé quente e rosado: desvio de sangue da arteríola para a vênula. A partir desse shunt arteriovenoso, o pé fica hipervascularizado, causando reabsorção óssea. Assim, os ossos ficam frágeis e vão fraturando, formando pé desestruturado, que vai favorecer isquemia cutânea. • Somática o Fibras finas: sensibilidade tátil, dolorosa e térmica reduzida à medida em que a doença progride. o Fibras grossas: sensibilidade vibratória diminuída, hiporreflexia tendínea, redução da propriocepção. Ocorre, em consequência de tudo isso, atrofia dos mm. intrínsecos do pé e dos mm. extensores da perna. Isso faz o indivíduo perder força dos MMII. Essa neuropatia leva a lesões por traumas, causando ulceração, que é porta aberta para infecção. Depende muito do indivíduo que tem condições sociais deficientes. Iniciando infecção, há destruição de tecidos ósseos, osteomielite e amputação. Hiperglicemia como causa de aterosclerose • Microangiopatia: acomete capilares, principalmente nos pés, em que a camada basal fica espessada, sem deixar passar oxigênio nem trocas de fagocitose. Fatores genéticos e ambientais também interferem. Glicação não-enzimática de proteínas Altera o metabolismo de proteínas e oxida LDL, o qual adere à parede arterial, causando inicialmente doença aterosclerótica com degeneração da parede. Além disso, promove queda de prostaciclina, aumento da tromboxana A2 e de fator VII. Isso aumenta viscosidade sanguínea e altera cascata de coagulação, com tendência 3 à trombose. A microangiopatia prejudica a nutrição tecidual, principalmente nos pés. Quanto mais longo for o axônio, mais rápida é a degeneração. As fibras autonômicas são amielínicas e se destroem antes das fibras somáticas e dos gânglios. Polineuropatia periférica somática e autonômica • Degeneração dos axônios inicia-se pela parte terminal • Quanto mais longos os axônios, mais fácil a degeneração • Fibras autonômicas são amielínicas, finas e degeneram antes dos gânglios e das fibras somáticas • Perda simpática causa pé seco, quente e veias túrgidas (Shunts AV) o Hiperperfusão causa o pé de Charcot o Causa médio calcinose (doença de Monckeberg): provoca necrose asséptica da camada média, que é substituída por camada de cálcio, formando um tubo rígido, que palpa e sente como se fosse uma traqueia de pássaro, bem endurecida. • Perda somática causa pé insensível e deformado (sensitiva e motora). Quadro clínico do pé neuropático A neuropatia sensitiva é predominante sobre a motora – parestesia, hiperestesia, queimação e câimbras. A dor, inicialmente, não existe, mas à medida que o tempo passa, ela aparece como ora lancinante, mais noturna e se reduz com progressão da neuropatia. Além disso, também há dificuldade para caminhar (pela atrofia muscular) e edema de MMII. Há uma diminuição ou ausência de sensibilidade térmica, tátil e dolorosa (fibras finas), bem como diminuição da sensibilidade vibratória, da propriocepção e hiporreflexia (fibras grossas). Há também a perda da estereognosia (capacidade de identificar objeto apenas palpando, sem o ver) e hipotrofia de músculos interósseos dos pés. A pele é seca, levando a dermatites, que favorecem fissuras, as quais são portas de entrada para infecções. O pé é quente, rosado e com veias túrgidas nos pés (shunt AV). A hipervascularização leva à reabsorção óssea, fraturas e desestruturação do pé, gerando deformidades (pé de Charcot). Os pontos de pressão insensíveis levam à formação de ceratose, que causa ulceração, malperfurante plantar e infecção. Pé de Charcot • Imagem esquerda: desabamento do tarso. • Imagem direita: ceratose aberta. Testes diagnósticos de neuropatia periférica • Sensibilidade tátil, através do monofilamento (10 g): se alterado, o indivíduo já perdeu um pouco da sensibilidade protetora. É o mais usado no diabético. • Sensibilidade térmica, através de tubo de ensaio com água quente ou fria. • Sensibildiade dolorosa, através de um pino ou palito • Sensibilidade vibratória (palestesia), através de diapasão 128 Hz • Reflexos tendíneos: avaliar a sensação profunda, através do martelo. Saber se tem neuropatia de fibras grossas. • Realizar ENMG (eletroneuromiografia) para classificar melhor velocidade de condução motora: essa alteração de condução do nervo ocorre por diminuição do mio-inositol. Monofilamento de teste diagnóstico – “Semmes Weinstein” 4 O principal é o de 10 gramas, pois já indica perda de sensibilidade protetora. Se anormal, já é paciente de risco. A qualquer hora, pode abrir úlcera no pé, por trauma. Pontos de marcação Pontos de pressão: à medida que o paciente vai pisando, vai formando calo. É obrigatório passar a mão na planta do pé do diabético, para identificar se está havendo alguma formação de ceratose, porque tudo começa por aí. A seguir, a imagem mostra um início de ceratose. É a hora de se fazer palmilha para o paciente, a fim de deixar essa área flutuante, pois é questão de tempo para essa área abrir e formar úlcera. Fixe bem essa imagem abaixo, do lado direito, a qual corresponde ao mal perfurante plantar. É uma úlcera cujo fundo é limpo e as bordas são bem duras e altas. Deve-se evitar que isso progrida, porque pode terminar em amputação. Muitas vezes, mesmo revascularizando esse pé, tem que amputar, porque a infecção não controla, uma vez que a microcirculação que nutre a pele é atapetada, ou seja, a camada basal é hialinizada, não deixando passar oxigênio para os tecidos. Assim, as trocas gasosas não ocorrem. O cuidado é não deixar glicemia elevada muito tempo para evitar neuropatia, formando ceratose (imagem abaixo, do lado esquerdo). Usar palmilha para evitar chegar a esse ponto. Neuropatia motora Abaixo, as mãos apresentam dedos em garra e atrofia muscular. No pé, tem dedos em martelo e desestruturação, cabeça dos metatarsos protusos para frente. 5 Diapazão de 128 hz: avaliação da sensibilidade vibratória. Pega um pouco mais baixo e bate as hastes; ele fica vibrando, então você pergunta ao paciente se ele sente, comparando sempre com a sua própria sensibilidade à vibração (sensibilidade do avaliador). Reflexo tendíneo Aquileu Reflexo patelar Eletroneuromiografia: avalia condução nervosa Classificação de Wagner-Merrit (1981) Sabendo essa classificação, vai saber tratar. Portanto, aprenda!!! Classificação clínica do pé diabético • Pé diabético neuropático o Pé diabético osteoarticular: neuropatia em fase mais avançada. • Pé diabético isquêmico (vascular) • Pé diabético infeccioso Pé diabético infectado • Manifestações clínicas: calor, hiperemia, edema, úlcera, infecção, crepitação quando palpa, secreção purulenta em úlcera, fístula cutânea eliminando secreção - suspeita de ostiomielite • Manifestações sistêmicas: calafrios, febre, hipotensão e taquicardia. • Osteomielite: fístula cutânea, úlcera > 2 cm, duração > 2 semanas, osso exposto. A infecção pode progredir rapidamente, formando bolhas cutâneas, gases nos tecidos moles, necrose e gangrena. A necrose pode ser seca ou úmida, a gangrena (existe seca e gasosa) é quando tem putrefação. Por haver envolvimento ósseo ou articular extenso, crepitação ou fasceíte necrosante. Na imagem acima, temos um pé infectado, em que a necrose começou no dedo médio e foi pelo trajeto do linfático, subindo na face medial da perna. Afecções cutâneas heterogêneas • Xantomas eruptivos (lesão amarelada, avermelhada, de lipídio), bolha diabética (bolha citrina), acantose nigricans (espessamento em 6 decorrência de glicose alta, que depois vai ficando escura), atrofias acastanhadas nos MMII. • Prurido: localizado ou generalizado por alergia medicamentosa • Lipodistrofia pela insulina, dermatoangiopatias diabéticas • Lesões isquêmicas • Calcinose do tecido subcutâneo pode perfurar a pele • Nódulos sobre os ossos ou tendões muito dolorosos • Calcinose cútis universalis – Síndrome de Thibierge-Weissenbach Diagnóstico laboratorial • Avaliação metabólica, dislipidemia, inflamatória e imunológica. • CPK (creatinofosfoquinase), que aumenta com a necrose muscular. • VHS ≥ 70 aumenta a probabilidade de osteomielite. • PCR elevado • Cultura e antibiograma de tecidos profundos e tecido ósseo • Coloração pancromática PAS o Avaliar espessamento da membrana basal (microangiopatia) o Avaliar lesões da túnica elástica (aterosclerose) Sempre fazer cultura de material profundo, nunca fazer SWAB, pois são micróbios múltiplos, não dá pra detectar tudo só na parte superficial. Não espera resultado da cultura, faz tratamento empírico. Diagnósticos por imagem • Sondagem óssea (sinal do probe – áster de metal): se tocar o interior da úlcera e sentir que está tocando em osso, é porque ali tem osteomielite. • Cintilografia óssea (leucócito marcado com tecnécio 99): onde tiver osteomielite, vai haver concentração de contraste. • Radiografia simples: pode ser inespecífica para osteomielite; se houver destruição da cortical, ela mostra. • Tomografia computadorizada • RNM: evidencia destruição cortical e edema de medula óssea; sensibilidade 90% e especificidade 79%. Acima, dedo em salsicha, com úlcera na base. Se pegar um instrumento metálico, tocar e sentir osso, é porque tem osteomielite. No RX simples, é mostrado que não tem cortical de osso. Osteomielite – sondagem óssea Observar, acima, maior concentração do contraste na área da osteomielite. O melhor é a RNM, mas pode fazer com esses exames supracitados também. Pé diabético isquêmico • Manifestações clínicas: claudicação prévia, unhas atrofiadas e quebradiças, palidez, cianose, pele 7 fina e brilhante, ausência de pelos, rubor postural, sinal de Leo Burger (+), pé frio. De modo geral, o paciente já conta história de claudicação ou já chega com amputação de membro. Ao pensar em doença isquêmica, observar sinais para doença arterial: rubor postural (quando o paciente fica em pé, os capilares dilatam ao máximo para suprir a necessidade de sangue, dando uma hiperemia reativa), pulsos diminuídos, pele fina e brilhante, sinal de Leo Burger (quando eleva o pé a 60°, ele fica branco e cadavérico; quando baixa o pé, ele volta a ficar na coloração normal). • DAOP é mais intensa, extensa e grave no DM. Menor oportunidade para uma revascularização. • Arteriopatias cursam com isquemias mais graves por obstruções extensas. • Lesões neurotróficas associadas à infecção com repercussão sistêmica: muitas vezes não tem o que fazer, tem que amputar para salvar a vida. • Revascularização bem sucedida, pode não evitar amputação. • Reabilitação é limitada pela obesidade, deficiência visual e lesões no membro contralateral. Esclerose de Monckeberg É uma necrose asséptica da musculatura média arterial, seguida de uma calcificação difusa, convertendo a artéria em um tubo rígido com aspecto radiológico de uma traqueia de pássaro. Se medir a pressão no braço, chegar a 300 mmHg de pressão sistólica e continuar ouvindo batimento, é porque a artéria está espessada. Diagnóstico diferencial Diagnósticos por imagem • ITB: índice tornozelo braquial. Faz na suspeita de pé isquêmico, o normal é 1, mas pode variar de 0,9 a 1,2. • Doppler colorido: para avaliar o padrão arterialnos membros inferiores • Angiografias digital para avaliar o leito arterial proximal-distal: mostra luz do vaso e artéria toda irregular. Não dá diagnóstico, pois só mostra onde passa sangue. • Angiotomografia computadorizada: mostra se as placas são calcificadas ou não e se tem aneurisma. Tratamento clínico do pé diabético • Dieta baseada nas necessidades metabólicas • Regime rico em vitaminas, sais minerais, proteínas suficientes. • Proibir o excesso de carboidratos para evitar elevação da glicemia • Evitar gorduras saturadas ricas em colesterol e triglicerídeos • Hipoglicemias repetidas causam vasoconstrição, aterogênese e retinopatia: cuidado com insulina. • Evitar o sedentarismo e a obesidade para reduzir a hiperlipidemia • Controle da HAS, da glicemia e da hemoglobina glicada. • Uso de antiagregantes, vasodilatadores e estatinas, em caso de doença arterial. Vasodilatadores não dilatam artérias obstruídas calcificadas, mas dilatam a microcirculação e também melhoram a viscosidade sanguínea – ação hemorreológica. A estatina age na estabilização da placa aterosclerótica e também na doença inflamatória degenerativa, que é a aterosclerose. 8 Prevenção da microangiopatia nos vasa nervorum • Proibir o alcoolismo e tabagismo, pois agravam a neuromiopatia • Medicamentos: bloqueiam o centro da dor para o cérebro. o Carbamazepina, clorpromazina, analgésicos o Ácido tiótico (Thioctacid) o Amitriptilina, imipramina, clomipramina, venlafaxina e desipramina o Pregabalina o Gabapentina o Capsaicina tópica Neuroartropatia de Charcot (NC) Abaixo, fase aguda e fase crônica. Na fase aguda, os menos avisados vão abrir esse pé na sala de cirurgia, se for isquêmico, causa desastre. 1. Fase aguda • Conservador: imobilizar por 2 a 12 meses. Faz isso para evitar carga (pois pode fraturar os ossos e desabar todo o pé), pode ser usada imobilização por 6 semanas e, a seguir, trocar por calçados terapêuticos, evitando que toda a pressão não fique em apenas um lugar do pé. 2. Fase crônica Deve-se proteger o pé contra pressões excessivas. Se não fizer palmilha, com o tempo, forma ceratose nos pontos de maior pressão, abrindo a porta para infecção. Calçados e órtese reduzem ulceração e queda, exostosectomia das proeminências ósseas (ressecção desses pontos), artrodese com fixação interna ou externa (em 70% dos casos, o tratamento é esse). Em alguns casos não tem jeito, termina em amputação. Não colocar hidratante entre os dedos, porque favorece micose. Comprar lixa de unha para lixar de forma reta. Microbiologia no pé diabético infectado • 5 a 7 micróbios, dependendo da extensão da infecção • Infecção superficial: gram positivos aeróbios – S. aureus, Streptococcus agalactiae, S. pyogenes, Staphylococcus coagulase negativos. Espera-se que tenham os micróbios da pele mesmo. • Úlceras profundas: polimicrobiana (Enterococcus, Pseudomonas aeruginosa, anaeróbios) • Úlceras com infecção extensa, secreção fétida, gangrena (anaeróbios, Clostridium) • Staphylococcus aureus multirresistente a meticilina (MRSA): principalmente tratada previamente, tratamento incorreto ou interrompido. • Pseudomonas aeruginosa prevalente em 20% das culturas • Bacilos gram negativos beta-lactamase Antibioticoterapia empírica conforme a gravidade 9 • Paciente chega com infecção: colhe material para cultura + ATB empírica. • Infecção profunda tem que fazer cirurgia para debridar. Tratamento cirúrgico do pé diabético infectado • Desbridamento cirúrgico de necrose superficial e profunda • Amputação de dedos, perna ou coxa se necessário • Oxigenioterapia hiperbárica (câmara hiperbárica): se tem musculatura viável, pode fazer para receber oxigênio pelo pulmão mesmo. É para melhor oxigenar o sangue e tratar infecções. • Curativos e produtos para cicatrização de úlcera • Enzimas, géis, hidrocoloides, carvão ativado Se a úlcera for superficial, pode fazer desbridamento químico com colagenase, que destrói colágeno, tira tecido desvitalizado, aparece de granulação e vai cicatrizando. Quando já tem granulação, pode usar géis para manter o ambiente úmido. Usa carvão ativado quando tem infecção. • Antissépticos contendo sais de iodo ou prata • Dispositivos para aliviar pontos de pressão plantar no pé, moldes e sapatos • Protetização de membros e reabilitação: é complicado e tem limitação, porque o paciente muitas vezes é cego e não dá para desenvolver bem, ou então ele já tem membro contralateral amputado ou doente. Compartimentos do pé Se deixar infecção no meio, ela vai progredir e vai ter que amputar no final. Nunca fazer isso que foi feito na imagem abaixo, pois nesse caso só foi drenado, mas não desbridado, então teve que amputar. Tratamento do pé diabético isquêmico • Revascularizações femoropoplíteas, demorodistais para salvar membros: pode ser com ponto de safena, endarterectomia (tirar a placa que está obstruindo, desde aorta, ilíacas ou femoropoplíteas). • Angioplastia transluminal percutânea com ou sem stent: vai botar o fio guia, passar balão, dilatar e, se totalmente obstruído, coloca stent, se é só estenose, apenas faz angioplastia. • Amputação aberta, sempre que existir infecção local extensa. • Amputação transmetatarsiana aberta, quando há vários dedos necróticos • Comprometimento tibiotársica: a amputação é ao nível da perna • Em anquilose de joelho, amputação ao nível da coxa. No paciente isquêmico, se apertar no dígito e ficar branco, mas logo quando tira, o sangue volta, significa que tem perfusão, mesmo que seja deficiente. Nesse caso, pode tentar revascularizar. Se apertar e continuar preto (escuro), tem que amputar mesmo.
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