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Cap. 51 - Princípios Básicos da Quimioterapia Antimicrobiana CONSIDERAÇÕES GERAIS · Quimioterapia · Fármacos seletivamentes tóxicos para patógenos, tendo efeito mínimo no hospedeiro HISTÓRICO · Organismos · Organismos vivos são vulneráveis a infecção · Microorganismo compartilham espaços corporais sem causar doenças, podendo ser patógenos sob circunstâncias adversas BASE MOLECULAR DA QUIMIOTERAPIA · Agentes quimioterápicos · São agentes que pretendem ser tóxicos para o organismo patogênico, mas inócuos para o hospedeiro · Tipos de organismos · Podem ser · Procariontes · Células sem núcleo · Bactérias · Eucariontes · Células com núcleo · Protozoários · Fungos · Helmintos · Vírus · Príons · Bactérias · Parede celular · Em torno da bactéria, contém peptidoglicanos · Peptidoglicanos · Único das células procariontes e não tem equivalente em eucariontes · Membrana plasmática · Na parede celular · Parede Celular · Suporta a membrana plasmática subjacente, sujeita a pressão osmótica de 5 atmosfera nos organismos de gram-negativo e 20 atmosfera nos organismos de gram-positivo · Invólucro bacteriano · Membrana plasmática e parede celular juntas · Citoplasma · Rodeado pela membrana plasmática · Reações Bioquímicas · Classe I: · As reações catabólicas envolvidas na utilização de glicose, ou outra fonte de carbono alternativa, para a geração de energia (ATP) e síntese de compostos de carbono simples usados como precursores na próxima classe de reações · Classe II: · Vias sintéticas que utilizam estes precursores em uma síntese dependente de energia de todos os aminoácidos, nucleotídeos, fosfolipídios, aminoaçúcares, carboidratos e fatores de crescimento necessários para sobrevivência e crescimento celular · Classe III: · Reações anabólicas que juntam essas pequenas moléculas em macromoléculas – proteínas, RNA, DNA, polissacarídeos e peptidoglicano · Reações Bioquímicas como Potenciais Alvos · Reações de Classe I · Células bacterianas e humanas usam mecanismos semelhantes para obter energia a partir da glicose · Mesmo se a oxidação da glicose for bloqueada, outros componentes podem ser utilizados pelas bactérias como fonte de energia alternativa · Reações de Classe II · Algumas vias existem nas células patogênicas, mas não humanas · Biossíntese e utilização de folato · Folato necessário para síntese de DNA nas bactérias e nos seres humanos · Sulfonamidas - essencial para a síntese bacteriana de folato. Contém PABA e inibem o crescimento bacteriano sem alterar a função celular das células dos mamíferos · Reações de Classe III · Alvos bons para a toxicidade seletiva · Síntese de Peptidoglicano · Parede celular contém peptidoglicano · Bolsa de fio não distensível que envolve toda a bactéria · Gram-negativa: saco consiste em monocamada, mas nas bactérias gram-positivas pode haver até 40 camadas de peptidoglicano · Para construir a camada de peptidoglicano: célula bacteriana tem o problema de como transportar os “blocos de construção” citoplasmáticos hidrofílicos através da estrutura da membrana celular hidrofóbica · Síntese Proteica · Ribossomo bacteriano consiste em uma subunidade 50S e uma subunidade 30S · Ribossomo em mamífero são 60S e 40S · mRNA, forma o modelo para a síntese proteica e o tRNA que transfiere específicamente os aminoácidos individuais para o ribossomo · Síntese de Ácidos Nucleicos · Interferir na síntese de ácido nucleicos: · Por inibição da síntese dos nucleotídeos · Por alteração das propriedades de correspondência de bases do modelo de DNA · Por inibição da DNA ou RNA polimerase · Por inibição da DNA girase, que desenrola o DNA superenrolado para permitir a transcrição · Por um efeito direto no próprio DNA. Alguns fármacos anticâncer, mas nenhum antimicrobiano, funcionam dessa forma · Inibição da Síntese de Nucleotídeos · Efeito nas vias metabólicas que geram precursores de nucleotídeos · Alteração das propriedades de pares de bases do modelo · Inibição da DNA ou RNA polimerase · Atuam por meio de ligação a esta enzima em células procariontes, mas não eucariontes, incluem rifamicina e rifampicina - úteis para tratamento de tuberculose · Aciclovir - células infectadas com o herpesvírus · Inibição da DNA girase · Fluoroquinolonas - úteis no tratamento de infecções por organismos gram-negativos · Estruturas Formadas da Célula como Potenciais Alvos · Membrana · Membrana de células fúngicas contêm grandes quantidades de ergosterol · Organelas Intracelulares · Microtúbulos e/ou microfilamentos · Benzimidazóis: exercem ação anti-helmíntica por meio de ligação seletiva a tubulina do paraíso e da prevenção da formação de microtúbulos · Vacúolos Alimentares · Forma eritrocitária do plasmódio da malária alimenta-se de hemoglobina do hospedeiro, sendo o produto final -heme- destoxificado por polimerização · Cloroquina - ações antimaláricas pela inibição da heme polimerase dos plasmódio · Fibras Musculares · Fármacos anti-helmínticos tem ação seletiva nas células musculares dos helmintos · Piperazina - agonistas nos canais de cloreto controlados por GABA específicos dos parasitos nos músculos nematódeo · Avermectinas - aumentam a permeabilidade ao Cl- no músculo helmíntico · Pirantel e Levamisol - agonistas dos receptores nicotínicos de acetilcolina do músculo nematódeo RESISTÊNCIAS A FÁRMACOS ANTIBACTERIANOS · Muitos antibióticos usados clinicamente são substâncias químicas complexas, naturais, derivadas de bactérias ou fungos do solo · Disseminação da Resistência aos Antibióticos · Resistências aos antibióticos pode ser inatas ou adquirida de alguma forma a partir de outras células bacterianas · Mecanismos Básicos · Por transferência de genes de resistência entre elementos genéticos dentro da bactéria, em transposons. · Por transferência de genes entre bactérias, por intermédio de elementos móveis (como plasmídeos). · Por transferência de bactérias resistentes entre pessoas ou animais · Movimento da Informação Genética · Plasmídeos e elementos móveis · Plasmídeos têm genes para resistência a antibióticos são referidos como plasmídios R · O Staphylococcus aureus, por exemplo, é um histórico mestre na arte da resistência a antibióticos. Tendo-se tornado completamente resistente à penicilina por intermédio de mecanismos mediados por plasmídeos, esse organismo, dentro de apenas 1 a 2 anos, conseguiu adquirir resistência à sua descendente resistente às beta lactamases, a meticilina · Transposons · Os transposons podem transportar um ou mais genes de resistência e podem ser transportados de “carona” de um plasmídio para uma nova espécie de bactéria. Mesmo se o plasmídio for incapaz de se replicar no novo hospedeiro, o transposon pode integrar-se no seu cromossomo ou nos seus plasmídeos nativos · Cassetes de genes e íntegros · A resistência pode disseminar por um elemento móvel (cassete de genes), consiste em resistência ligado a um pequeno local de reconhecimento · Vários cassetes juntos formam o íntegron · Transferencia de genes de resistencia entre bacterias · Conjunção · Contato célula-célula durante o qual o DNA cromossômico ou extracromossômico é transferido de uma bactéria para outra, mecanismo de propagação de resistência · Transdução · Processo pelo qual o DNA do plasmídio é encerrado em um vírus que afeta bactérias · Transformação · Mutações cromossômicas · A taxa de mutação nas populações bacterianas para qualquer gene é muito baixa. No entanto, como existem muitas células no curso de uma infecção, a chance de surgir uma mutação causadora de alteração de sensibilidade para resistência farmacológica pode ser muito elevada. · Mecanismos bioquímicos de resistencia a antibióticos · Os genes de resistência são traduzidos em proteínas que subvertem a ação dos antibióticos de várias formas: · Produção de enzimas que inativam fármacos · Inativação de antibióticos betalactâmicos · Inativação do cloranfenicol · Inativação dos aminoglicosídeos · Alteraçãodo local de ligação do fármaco · Diminuição do acúmulo de fármacos pelas bactérias · Alteração da seletividade enzimática Cap. 52 - Fármacos Antibacterianos INTRODUÇÃO · Técnica de gram e estrutura da parede celular bacteriana · A maioria das bactérias é classificada como gram-positiva ou gram-negativa, dependendo se mudarem de coloração quando sujeitas à técnica de Gram. · Essa coloração reflete as diferenças fundamentais na estrutura da parede celular das bactérias e tem implicações importantes para a ação dos antibióticos · Parede celular dos microrganismos gram-positivos · É uma estrutura relativamente simples, com cerca de 15 a 50 nm de espessura, englobando aproximadamente 50% de peptidoglicano, 40 a 45% de polímero acídico, bem como 5 a 10% de proteínas e polissacarídeos. · A superfície celular é altamente polarizada e tem carga elétrica negativa, e isso influencia a penetração de alguns antibióticos. · A parede celular de microrganismos gram-negativos é muito mais complexa e consiste no seguinte (a partir da membrana plasmática): · Um espaço periplásmico que contém enzimas e outros compostos · Uma camada de peptidoglicano com 2 nm de espessura, que representa 5% da massa da parede celular e que, com frequência, está ligada por lipoproteínas que se projetam para fora · Uma membrana externa constituída por uma camada dupla lipídica, em alguns aspectos semelhante à membrana plasmática, que contém proteínas e (no interior) lipoproteínas ligadas ao peptidoglicano. · Outras proteínas formam canais aquosos transmembrana, denominados porinas, através dos quais alguns antibióticos hidrofílicos conseguem se movimentar livremente · Polissacarídeos complexos que formam compostos importantes da membrana externa. Diferem-se entre espécies de bactérias e são os principais determinantes de seu potencial antigênico. Também são fonte de endotoxinas, um lipopolissacarídeo que, quando aplicado in vivo, incita vários aspectos da resposta inflamatória ao ativar o complemento e as citocinas, causando febre e outros sintomas AGENTES ANTIBACTERIANOS QUE INTERFEREM NA SÍNTESE OU NA AÇÃO DO ÁCIDO FÓLICO · Sulfonamidas · Hoje em dia são fármacos que tiveram importância diminuída, já que apresentam muita resistência bacteriana. · Os únicos sulfonamidas ainda usados são antibacterianos sistêmicos · Sulfametoxazol · Em geral, combinado com trimetoprima, como cotrimoxazol · Sulfassalazina · Mal absorvida no tubo gastrointestinal [GI], utilizada para tratar a colite ulcerativa e a doença de Crohn · Sulfadiazina de prata é aplicada de forma tópica para, por exemplo, tratar queimaduras infectadas. · Alguns fármacos com usos clínicos diferentes (p. ex., o prasugrel, inibidor da ativação das plaquetas e a acetazolamida, um inibidor da anidrase carbônica) são sulfonamidas e partilham alguns dos efeitos adversos comuns a essa classe. · Mecanismo de ação · A sulfanilamida é um análogo do ácido p-aminobenzoico (PABA) que é um precursor essencial na síntese do ácido fólico, necessário para a síntese de DNA e RNA nas bactérias · As sulfonamidas são inibidores competitivos da enzima di-hidropteroato sintetase, e os efeitos da sulfonamida podem ser sobrepostos, adicionando PABA suplementar. · Por essa razão, alguns anestésicos locais, e que são ésteres PABA (tais como a procaína) podem antagonizar o efeito antibacteriano desses agentes. · Aspectos farmacocinéticos · Administrada via oral · Há risco de sensibilização ou de reações alérgicas quando são aplicadas topicamente. · Os fármacos passam para exsudatos inflamatórios e atravessam tanto a barreira placentária quanto a barreira hematoencefálica. · São essencialmente metabolizados no fígado e o principal produto é um derivado acetilado sem ação antibacteriana. · Efeitos adversos · Os efeitos adversos graves que implicam a descontinuação do tratamento incluem hepatite, reações de hipersensibilidade, insuficiência da medula óssea e insuficiência renal aguda decorrente de nefrite tubulo intersticial ou cristalúria. Esta última é provocada pela presença de metabólitos acetilados na urina · Também pode ocorrer cianose provocada por metemoglobinemia, mas essa é uma reação menos preocupante do que aparenta ser. · Os efeitos adversos menos graves incluem náuseas e vômitos, dores de cabeça e depressão. · Trimetoprima · Mecanismo de ação · Esta relacionado com o fármaco antimalárico (pirimetamina) sendo ambos antagonistas do ácido fólico · Estruturalmente assemelha-se a porção pteridina do ácido fólico, e com isso, consegue enganar a di-hidrofolato redutase bacteriana · É comumente utilizada no tratamento de infecções urinárias, pulmonar e etc. · Normalmente são combinados com cotrimoxazol, pois as sulfonamidas inibem diferentes etapas no mesmo metabolismo bacteriano e com isso são capazes de potencializar a ação · Aspectos farmacológicos · A trimetoprima é bem absorvida por via oral e distribuída pelos tecidos e líquidos corporais. · Atinge altas concentrações nos pulmões e rins, além de concentrações consideravelmente elevadas no líquido cefalorraquidiano (LCR). · Quando administrada em conjunto com sulfametoxazol, cerca de metade da dose de cada um é excretada em 24 horas. · Como a trimetoprima é uma base fraca, sua eliminação pelos rins aumenta na proporção inversa ao pH da urina. · Efeitos adversos · A deficiência de ácido fólico – e a consequente anemia megaloblástica pode ser causada pela administração a longo prazo de trimetoprima. · Outros efeitos adversos incluem náuseas, vômitos, alterações hematológicas e eritemas. ANTIBIÓTICOS BETALACTÂMICOS E OUTROS AGENTES QUE INTERFEREM NA SÍNTESE DA PAREDE OU MEMBRANA CELULAR BACTERIANA · Penicilinas · As penicilinas, frequentemente combinadas com outros antibióticos, mantêm importância crucial na quimioterapia antibacteriana, mas infelizmente são destruídas por enzimas amidases e betalactamases. Isso representa a base de um dos principais tipos de resistência aos antibióticos. · Mecanismo de ação · Todos os antibioticos betalamicos interferem na síntese do peptidoglicano. · Depois de se fixarem às proteínas de ligação à penicilina nas bactérias inibem as transpeptidases que cruzam as cadeias peptídicas ligadas à estrutura do peptidoglicano. · A ação bactericida final é a inativação de um inibidor de enzimas autolíticas na parede celular, provocando a lise da bactéria. · Alguns microrganismos, denominados “tolerantes”, contêm enzimas autolíticas deficientes, razão pela qual não ocorre a lise em resposta ao fármaco. · A resistência à penicilina pode derivar de inúmeras causas · Tipos de penicilina e atividade antibacteriana · As primeiras penicilinas foram a benzilpenicilina (penicilina G) e congêneres, incluindo a fenoximetilpenicilina (penicilina V). · A benzilpenicilina é ativa em uma grande variedade de microrganismos, representando o fármaco de eleição em muitas infecções · As principais desvantagens são a má absorção pelo sistema digestório (o que significa que tem de ser injetada) e sua suscetibilidade às betalactamases. · As penicilinas semissintéticas, com diferentes cadeias laterais ligadas ao núcleo de penicilina incluem penicilinas resistentes às beta lactamases (p. ex., meticilina, flucloxacilina, temocilina) e penicilinas de amplo espectro (p. ex., ampicilina, amoxicilina). · As penicilinas de amplo espectro (p. ex., ticarcilina, piperacilina) com atividade contra Pseudomonas conseguiram superar o problema causado por infecções graves decorrentes de P. aeruginosa. · A amoxicilina e a ticarcilina são, por vezes, combinadas com o ácido clavulânico, um inibidor das beta-lamamases. Pivmecilinam é um profármaco do mecilinam, que também apresenta amplo espectro de ação. · Aspectos farmacocinéticos · A absorção oral das penicilinas varia, dependendo de sua estabilidade em meio ácido e de sua adsorção às partículas alimentares no intestino. · As penicilinas também podem ser administradas por meio de injeção intravenosa. · Também existem compostos parainjeções intramusculares, incluindo compostos de ação prolongada como a benzilpenicilina benzatínica, que se revela útil no tratamento de sífilis, uma vez que Treponema pallidum é um microrganismo de desenvolvimento muito lento. Não se administra mais benzilpenicilina por injeção via intratecal (historicamente usada para tratar meningite), uma vez que pode causar convulsões. · As penicilinas são amplamente distribuídas pelo corpo, penetrando nas articulações; nas cavidades pleural e pericárdica; na bile, saliva e leite; e através da placenta. Pelo fato de serem lipossolúveis, não penetram nas células dos mamíferos e apenas atravessam a barreira hematoencefálica se as meninges estiverem inflamadas; nesse caso, podem atingir concentrações terapeuticamente efetivas no LCR. · A eliminação da maior parte das penicilinas ocorre rápida e majoritariamente nos rins, sendo 90% por meio de secreção tubular. · A meia-vida plasmática relativamente curta é um problema no uso clínico da benzilpenicilina, mas, como a penicilina funciona ao impedir a síntese da parede celular em microrganismos, a exposição intermitente e não contínua pode ser uma vantagem. · Efeitos adversos · As penicilinas estão relativamente isentas de efeitos tóxicos diretos (exceto as convulsões quando administradas por via intratecal). · Os efeitos adversos principais consistem em hipersensibilidade causada pelos compostos degradáveis da penicilina, que se combinam com as proteínas do hospedeiro e se tornam antigênicos. · Erupções e febre são comuns; um tipo tardio de doença do soro ocorre raramente. · Muito mais grave é o choque anafilático agudo, que pode, embora raro, ser fatal. · Quando as penicilinas são administradas por via oral, em especial as de amplo espectro, alteram a flora bacteriana do intestino. · Isso pode estar associado a distúrbios GI e, em alguns casos, a suprainfecções por outros microrganismos resistentes à penicilina, provocando problemas como a colite pseudomembranosa (causada por Clostridium difficile) · Uso clinico das penicilinas · As penicilinas são administradas por via oral ou, no caso de infecções mais graves, por via intravenosa e, com frequência, combinadas com outros antibióticos · Estão reservadas a microrganismos sensíveis e podem incluir: · Meningite bacteriana (p. ex., causada por Neisseria meningitidis, Streptococcus pneumoniae): benzilpenicilina, doses altas por via intravenosa · Infecções ósseas e articulares (p. ex., por Staphylococcus aureus): flucloxacilina · Infecções da pele e dos tecidos moles (p. ex., por Streptococcus pyogenes ou S. aureus): benzilpenicilina, flucloxacilina; mordidas de animais: amoxicilina + ácido clavulânico · Faringite (por S. pyogenes): fenoximetilpenicilina · Otite média (os microrganismos normalmente incluem S. pyogenes, Haemophilus influenzae): amoxicilina · Bronquite (infecções variadas comuns): amoxicilina · Pneumonia: amoxicilina · Infecções urinárias (p. ex., por Escherichia coli): amoxicilina · Gonorreia: amoxicilina (combinada com probenecida) · Sífilis: benzilpenicilina procaína · Endocardite (p. ex., por Streptococcus viridans ou Enterococcus faecalis): doses altas por via intravenosa de benzilpenicilina combinada, por vezes, com um aminoglicosídeo · Infecções por Pseudomonas aeruginosa: ticarcilina, piperacilina. · Por vezes, o tratamento com penicilinas inicia-se de forma empírica, caso se acredite que o microrganismo potencialmente causador seja suscetível à penicilina, enquanto se aguardam os resultados dos testes para identificar os microrganismos e determinar sua suscetibilidade aos antibióticos. · Cefalosporina e cefamicinas · As cefalosporinas e as cefamicinas são antibióticos betalactâmicos, inicialmente isoladas a partir de fungos. A · Apresentam o mesmo mecanismo de ação das penicilinas. · As cefalosporinas semissintéticas de amplo espectro foram produzidas por meio da adição de diferentes cadeias laterais em R1 e/ou R2 ao núcleo da cefalosporina · Esses agentes são hidrossolúveis e relativamente estáveis em meio ácido; variam em sua suscetibilidade às betalactamases. · Muitas cefalosporinas e cefamicinas estão agora disponíveis para uso clínico · A resistência a esse grupo de fármacos tem aumentado devido às betalactamases codificadas por plasmídios ou cromossomos. Este último está presente em quase todas as bactérias gram-negativas e é muito mais ativo nas cefalosporinas hidrolisadas do que nas penicilinas. · Em vários microrganismos, uma simples mutação pode resultar em elevada produção dessa enzima. · A resistência também ocorre quando há baixa penetração do fármaco como resultado de alterações nas proteínas da membrana exterior ou de mutações nas proteínas de ligação. · Aspectos farmacocinéticos · Algumas cefalosporinas são administradas por via oral, porém a maioria é administrada por via parenteral, intramuscular (o que pode ser doloroso) ou intravenosa. · Após absorção, são amplamente distribuídas no corpo e algumas, como cefotaxima, cefuroxima e ceftriaxona, atravessam o líquido cefalorraquidiano. · A excreção é feita majoritariamente pelos rins, principalmente por secreção tubular, mas 40% da ceftriaxona é eliminada na bile · Efeitos adversos · Podem ocorrer reações de hipersensibilidade muito semelhantes às que ocorrem com as penicilinas, e pode haver alguma sensibilidade cruzada; cerca de 10% dos indivíduos sensíveis à penicilina apresentaram reação alérgica às cefalosporinas. · Foi relatada nefrotoxicidade (especialmente com cefadrina), uma vez que existe intolerância ao álcool induzida pelo fármaco. A diarreia também é comum e pode ser causada por C. difficile. OUTROS ANTIBIÓTICOS BETALACTÂMICOS · Carbapenêmicos · O imipeném, um carbapenêmico, atua da mesma forma que outros betalactâmicos · Apresenta espectro muito amplo de atividade antimicrobiana e é ativo em muitos microrganismos gram-positivos e gram-negativos aeróbios e anaeróbios. · No entanto, muitos dos estafilococos “resistentes à meticilina” mostram-se menos suscetíveis, com o surgimento de espécies resistentes de P. aeruginosa durante o tratamento. · No início, a resistência ao imipeném era baixa, mas tem aumentado devido a certos microrganismos que agora contêm genes cromossômicos que codificam as betalactamases, as quais hidrolisam o imipeném. · O fármaco é administrado em conjunto com a cilastatina, que inibe sua inativação pelas enzimas renais. · O meropeném é semelhante, mas não é metabolizado pelos rins. · O ertapeném tem amplo espectro de ações antibacterianas, mas está autorizado a um número limitado de indicações. · A maioria dos carbapenêmicos não é ativa quando administrada por via oral, sendo utilizada apenas em situações específicas. · Efeitos adversos · São geralmente semelhantes aos de outros beta lactâmicos, e os mais frequentes são náuseas e vômitos. · Pode ocorrer neurotoxicidade com concentrações plasmáticas elevadas · Monobactâmicos · O monobactémico principal é o aztreonam, que é resistente à maioria das betalactamases. · É administrado por injeção e tem meia-vida plasmática de 2 horas. · O aztreonam tem um espectro de atividade incomum e é efetivo apenas contra bacilos gram-negativos aeróbios, como as espécies de Pseudomonas, Neisseria meningitidis e Haemophilus influenzae. Não tem ação contra microrganismos gram-positivos ou anaeróbios. · Efeitos adversos · Esse agente não apresenta necessariamente reação imunológica cruzada com a penicilina e seus subprodutos e, assim, não provoca, habitualmente, reação alérgica em indivíduos sensíveis à penicilina. OUTROS ANTIBIÓTICOS QUE INIBEM A SÍNTESE DO PEPTIDOGLICANO DA PAREDE CELULAR BACTERIANA · Glicopeptídeos · A vancomicina é um antibiótico glicopeptídeo · Teicoplanina é semelhante, mas de duração mais longa. · A vancomicina inibe a síntese de parede celular · É eficaz principalmente contra as bactérias gram-positivas. A vancomicina não é absorvida pelo intestino e é apenas administrada por via oral para o tratamento da infecçãoGI por C. difficile. · O principal uso clínico da vancomicina é o tratamento do Staphylococcus aureus meticilino-resistente (MRSA). · Muitas vezes, é o fármaco de último recurso para essa condição, uma consideração alarmante, uma vez que o S. aureus vancomicino-resistente, VRSA, emergiu. · É também útil em várias outras infecções graves, incluindo infecções estafilocócicas em pacientes alérgicos a penicilinas e cefalosporinas. · Aspectos farmacocinéticos · Para uso sistêmico, é administrado por via intravenosa e tem um tempo de meia-vida plasmática de cerca de 8 horas. · Efeitos adversos · Incluem febre, eritemas e flebite no local de infusão. Podem ocorrer ototoxicidade e nefrotoxicidade, e as reações de hipersensibilidade são ocasionalmente observadas. · Daptomicina · É um lipopeptídeo antibacteriano relativamente novo com um espectro de ação semelhante ao da vancomicina. É usado, em combinação com outros fármacos, para o tratamento do MRSA. · A telavancin (outro lipopeptídeo) é também ativo contra o MRSA e tem duração de ação mais longa que a vancomicina. · Polimixinas · Compreendem: · Polimixina B · Colistimetato · As polimixina têm propriedades de detergentes catiônicos e rompem a membrana celular bacteriana externa · Ambos apresentam ação seletiva e rapidamente bactericida nos bacilos gram-negativos, especialmente organismos Pseudomonas e coliformes. · Aspectos farmacocinéticos · Não são absorvidos no sistema digestório. · O uso clínico desses fármacos é limitado pela sua toxicidade e está confinado basicamente à esterilização do intestino e ao tratamento tópico de infecções otológicas, oftálmicas ou cutâneas causadas por microrganismos suscetíveis. · Efeitos adversos · Podem ser sérios e incluem neurotoxicidade e nefrotoxicidade. AGENTES ANTIMICROBIANOS QUE AFETAM A SÍNTESE DAS PROTEÍNAS BACTERIANAS · Tetraciclinas · São antibióticos de amplo espectro · Esse grupo inclui: · Tetraciclina · Oxitetraciclina · Demeclociclina · Limeciclina · Doxiciclina · Minociclina · Tigeciclina. · Mecanismo de ação · Depois de serem absorvidas por microrganismos suscetíveis via transporte ativo, as tetraciclinas atuam inibindo a síntese proteica · As tetraciclinas são bacteriostáticas (Inibem o crescimento e a reprodução bacteriana sem provocar sua morte imediata, sendo reversível o efeito, uma vez retirada a droga) · Espectro antibacteriano · O espectro de ação antimicrobiana das tetraciclinas é muito amplo e inclui bactérias gram-positivas e gram-negativas, Mycoplasma, Rickettsia, Chlamydia spp., espiroquetas e alguns protozoários (p. ex., ameba). · A minociclina também é efetiva contra N. meningitidis e tem sido utilizada para eliminar esse microrganismo da nasofaringe de indivíduos portadores. · A resistência é transmitida principalmente por plasmídios e, como os genes que controlam a resistência às tetraciclinas estão intimamente relacionados com os genes de resistência a outros antibióticos, os microrganismos podem desenvolver simultaneamente resistência a muitos fármacos. · Aspectos farmacocinéticos · Em geral, as tetraciclinas são administradas por via oral, mas também é possível usar a via parenteral. · A minociclina e a doxiciclina são bem absorvidas após a administração oral. · A absorção da maior parte das outras tetraciclinas é irregular e incompleta, mas é melhorada na ausência de alimentos. · Como as tetraciclinas são quelantes de íons metálicos (cálcio, magnésio, ferro e alumínio) que formam compostos não absorvíveis, a absorção é diminuída na presença de leite, alguns antiácidos e preparações com ferro. · Efeitos adversos · Os efeitos adversos mais comuns são distúrbios GI causados inicialmente pela irritação direta e, após, pela modificação da flora intestinal. Podem ocorrer deficiência de vitaminas do complexo B e superinfecção. · Como as tetraciclinas absorvem Ca2 +, são depositadas nos ossos e dentes em crescimento, provocando manchas e, por vezes, hipoplasia dentária e deformidades ósseas. · Cloranfenicol · O cloranfenicol foi originalmente isolado de culturas de Streptomyces. · O cloranfenicol inibe a síntese das proteínas bacterianas ao se ligar à subunidade 50S do ribossomo bacteriano · Espectro antibacteriano · O cloranfenicol tem amplo espectro de ação antimicrobiana e é ativo contra microrganismos gram-negativos, gram-positivos e Rickettsiae. · É um bacteriostático para a maioria dos microrganismos, mas elimina H. influenzae. · A forma de resistência, provocada por uma cloranfenicol acetiltransferase, é mediada por plasmídios. · Aspectos farmacocinéticos · Administrado por via oral, o cloranfenicol é absorvido rápida e completamente, alcançando concentração máxima no plasma após 2 horas. · Também pode ser administrado por via parenteral. · O fármaco apresenta ampla distribuição nos tecidos e líquidos corporais, incluindo o LCR; a meia-vida é de aproximadamente 2 horas. · Cerca de 10% do cloranfenicol é excretado, inalterado, pela urina, e o restante é inativado no fígado. · Efeitos adversos · O principal efeito adverso do cloranfenicol é a depressão medular grave idiossincrática, que resulta em pancitopenia · O cloranfenicol deve ser utilizado com muito cuidado em recém-nascidos, com o monitoramento das concentrações no plasma, uma vez que a inativação ou excreção inadequadas do fármaco podem resultar na “síndrome do bebê cinzento” – vômitos, diarreia, flacidez, baixa temperatura e cor acinzentada · Podem surgir reações de hipersensibilidade, bem como distúrbios GI, na sequência da alteração da flora microbiana intestinal. · Aminoglicosídeos · Os aminoglicosídeos são um grupo de antibióticos com uma estrutura química complexa · Os agentes principais são: · Gentamicina · Estreptomicina · Amicacina · Tobramicina · Neomicina · Mecanismo de ação · Os aminoglicosídeos inibem a síntese das proteínas bacterianas · Existem vários locais de ação. · A penetração através da membrana celular da bactéria depende parcialmente do transporte ativo, dependente de oxigênio, por um sistema transportador de poliaminas , e tem ação mínima contra microrganismos anaeróbios. · Resistência · A resistência aos aminoglicosídeos vem se tornando um problema. · A resistência ocorre por intermédio de vários mecanismos diferentes, e o mais importante é a inativação por enzimas microbianas · A amicacina foi considerada um substrato fraco para essas enzimas, mas alguns microrganismos também podem inativar esse agente. · A resistência como resultado da falta de penetração pode ser compensada pelo uso concomitante de penicilina e/ou vancomicina, à custa do risco de aumento de efeitos adversos graves. · Espectro antibacteriano · Os aminoglicosídeos mostram-se efetivos contra muitos microrganismos gram-negativos e alguns gram-positivos. S · Aspectos farmacocinéticos · Devido à sua carga positiva, os aminoglicosídeos são altamente polarizados. · Não são absorvidos pelo trato gastrintestinal e, em geral, são administrados por via intramuscular ou intravenosa. · Os aminoglicosídeos atravessam a placenta, mas não a barreira hematoencefálica, embora seja possível atingir elevadas concentrações nos líquidos articulares e pleurais. · A meia-vida plasmática é de 2 a 3 horas. · A eliminação ocorre totalmente por meio de filtração glomerular nos rins, sendo que 50 a 60% da dose é excretada inalterada após 24 horas. · Efeitos adversos · Os maiores riscos são: · Ototoxicidade · A ototoxicidade envolve lesões progressivas, e até mesmo destruição, das células sensoriais na cóclea e no órgão vestibular do ouv · Nefrotoxicidade · consiste em lesões nos túbulos renais, e pode ser necessária a realização de diálise, embora a função geralmente se recupere caso a administração seja suspensa assim que a toxicidade renal for detectada · Macrolídios · Os macrolídeos principais e os antibióticos relacionados são eritromicina, claritromicina e azitromicina. · Mecanismo de ação · Os macrolídeos inibem a síntese das proteínas bacterianaspor meio do efeito na translocação ribossômica · Os fármacos ligam-se à subunidade 50S do ribossomo bacteriano tais como o cloranfenicol e a clindamicina · Espectro antimicrobiano · Eritromicina · É efetiva contra bactérias e espiroquetas gram-positivos, mas não contra microrganismos gram-negativos, exceto no caso de N. gonorrhoeae e, em menor escala, H. influenzae. · São também suscetíveis Mycoplasma pneumoniae, Legionella spp. e alguns microrganismos clamidiais · Pode ocorrer resistência, resultante da alteração controlada por plasmídios do local de ligação da eritromicina no ribossomo bacteriano · Azitromicina · É menos ativa que a eritromicina contra bactérias gram-positivas, porém é consideravelmente mais eficaz contra H. influenzae, e pode ser mais ativa contra Legionella. · Pode ser utilizada para tratar Toxoplasma gondii, uma vez que elimina os cistos. · Claritromicina · É tão ativa quanto a eritromicina contra H. influenzae, e seu metabólito é duas vezes mais ativo. · Também é eficaz contra Mycobacterium avium-intracellulare (que pode infectar pacientes imunologicamente comprometidos e pacientes idosos com doenças crônicas dos pulmões) e útil no tratamento de hanseníase e contra Helicobacter pylori · Esses macrolídeos são ambos eficazes na doença de Lyme. · Aspectos farmacocinéticos · Os macrolídeos são administrados por via oral ou parenteral, embora as injeções intravenosas possam provocar tromboflebites locais. · Difundem-se rapidamente na maioria dos tecidos, mas não atravessam a barreira hematoencefálica, havendo fraca penetração no líquido sinovial. · A meia-vida plasmática: · Eritromicina é de cerca de 90 minutos; · Claritromicina é três vezes mais longa; · Azitromicina é 8 a 16 vezes maior. · Os macrolídeos entram e, de fato, estão concentrados nos fagócitos e podem aumentar a eliminação intracelular das bactérias pelos fagócitos. · A eritromicina é parcialmente inativada no fígado · Azitromicina é mais resistente à inativação · A claritromicina é convertida em um metabólito ativo. · A inibição do sistema do citocromo P450 por esses agentes pode afetar a biodisponibilidade de outros fármacos, conduzindo a interações clinicamente importantes, como, por exemplo, com a teofilina · A principal via de eliminação é por meio da bile. · Efeitos adversos · Com o uso da eritromicina, também foram relatados: reações de hipersensibilidade como erupções cutâneas e febre, distúrbios temporários de audição e, raramente, em tratamentos superiores a 2 semanas, icterícia colestática. · Oxazolidinonas · As oxazolidinonas inibem a síntese proteica bacteriana por um novo mecanismo: inibição da ligação do N-formilmetionil-tRNA ao ribossomo 70S. · A linezolida é o primeiro membro desta nova família de antibióticos · É ativa contra uma grande variedade de bactérias gram-positivas e é particularmente útil para o tratamento das bactérias resistentes a fármacos como MRSA, Streptococcus pneumoniae resistente à penicilina e enterococos resistentes à vancomicina. · A linezolida pode ser usada para tratar pneumonia, septicemia e infecções da pele e tecidos moles. · Seu uso está restrito a infecções bacterianas graves em que outros antibióticos falharam, e até agora houve poucos registros de resistência. · Os efeitos adversos · Incluem trombocitopenia, diarreia, náuseas e, raramente, eritema e tonturas. · A linezolida é um inibidor não seletivo da monoamina oxidase, e precauções apropriadas devem ser observadas · Ácido Fusídico · O ácido fusídico é um antibiótico esteróide de espectro estreito ativo principalmente contra bactérias gram-positivas. · Atua por meio da inibição da síntese proteica bacteriana, mas a resistência surge com frequência se for usado como agente isolado. · É usado em combinação com outros agentes antiestafilocócicos na sepse estafilocócica, e é administrado topicamente para infecções estafilocócicas (p. ex., gotas oftálmicas ou creme). · Aspectos farmacocinéticos · Tal como o sal de sódio, o fármaco é bem absorvido pelo intestino e é amplamente distribuído pelos tecidos. · Alguns são excretados na bile e outros são metabolizados. · Efeitos adversos · Os efeitos indesejados como distúrbios GI são relativamente comuns. · Podem ocorrer erupções cutâneas e icterícia. · A resistência ocorre se for usado de forma sistêmica como agente isolado; portanto, é sempre combinado com outros fármacos antibacterianos quando usado de forma sistêmica. · Estreptograminas · A quinupristina e a dalfopristina são peptídeos cíclicos que inibem a síntese proteica bacteriana por meio da ligação da subunidade 50S do ribossomo bacteriano. · A dalfopristina altera a estrutura do ribossomo de modo a promover a ligação da quinupristina. · A combinação é usada para tratar infecções graves, normalmente quando mais nenhum antibacteriano é adequado. · Aspectos farmacocinéticos · Ambos os fármacos são submetidos a um extenso metabolismo hepático de primeira passagem e, portanto, devem ser administrados por infusão intravenosa. · A meia-vida de cada composto é de 1 a 2 horas. · Efeitos adversos · Incluem inflamação e dor no local de infusão, artralgia, mialgia e náuseas, vômitos e diarreia. · Até o momento, a resistência a quinupristina e dalfopristina não parece ser um grande problema. · Clindamicina · A lincosamida clindamicina é ativa contra cocos gram-positivos, incluindo muitos estafilococos penicilino-resistentes e bactérias anaeróbias como a Bacteroides spp. · Atua da mesma forma que os macrolídeos e o cloranfenicol · Além do seu uso nas infecções causadas por organismos do gênero Bacteroides, é usada para tratar infecções estafilocócicas de ossos e articulações. · Também é administrada topicamente, na forma de gotas oftálmicas, para a conjuntivite estafilocócica e como fármaco antiprotozoário AGENTES ANTIMICROBIANOS QUE AFETAM A TOPOISOMERASE · Quinolonas · As quinolonas incluem agentes de amplo espectro, como ciprofloxacino, levofloxacino, ofloxacino, norfloxacino e moxifloxacino e ácido nalidíxico. · A maioria é fluorada (fluoroquinolonas). · Esses agentes inibem a topoisomerase II (uma DNA girase bacteriana), a enzima que produz a super-helicoidização negativa do DNA e que possibilita, desse modo, a transcrição ou replicação · Espectro antibacteriano e uso clínico · Ciprofloxacino · É o mais utilizado. · Tem amplo espectro antibiótico efetivo, tanto contra microrganismos gram-positivos quanto contra os gram-negativos, · Aspectos farmacocinéticos · As fluoroquinolonas são bem absorvidas após a administração oral. · Os fármacos acumulam-se em vários tecidos, principalmente em rins, próstata e pulmões. · Todas as quinolonas estão concentradas em fagócitos; · A maioria não atravessa a barreira hematoencefálica, mas o ofloxacino consegue atravessá-la. · Os antiácidos de alumínio e magnésio interferem na absorção das quinolonas. · A eliminação de ciprofloxacino e norfloxacino é parcialmente feita via metabolismo hepático pelas enzimas P450 e parcialmente via excreção renal. · O ofloxacino é excretado na urina. · Efeitos adversos · São pouco frequentes, normalmente leves e reversíveis. · As manifestações mais frequentes são distúrbios GI e erupções cutâneas. · Existe uma interação clinicamente importante entre ciprofloxacino e teofilina (via inibição das enzimas P450), que pode provocar toxicidade devido à teofilina em pacientes asmáticos tratados com fluoroquinolonas. · O moxifloxacino prolonga o intervalo QT do eletrocardiograma OUTROS AGENTES ANTIBACTERIANOS · Fidaxomicina · Fármaco relativamente novo · Inibe a RNA polimerase bacteriana. · Não é usada para tratar infecções sistêmicas porque é má absorvida no intestino, mas desempenha um papel no tratamento das infecções por C. difficile. · Metronidazol · Foi apresentado como um agente anti protozoário, mas também é ativo nas bactérias anaeróbias como Bacteroides, Clostridium spp. e alguns estreptococos. · É eficaz na terapia da colite pseudomembranosae importante no tratamento de infecções anaeróbias graves · Tem ação semelhante à do dissulfiram, portanto, os pacientes devem evitar bebidas alcoólicas enquanto estiverem sendo tratados com metronidazol. · Nitrofurantoína · É um composto ativo contra vários microrganismos gram-positivos e gram-negativos. · O desenvolvimento da resistência em microrganismos suscetíveis é raro · É provável que seu mecanismo de ação esteja relacionado com sua capacidade de danificar o DNA bacteriano. · A metenamina tem aplicação clínica semelhante à da nitrofurantoína e apresenta alguns efeitos adversos similares. · Exerce os seus efeitos após conversão lenta (em urina ácida) a formaldeído. · Aspectos farmacocinéticos · A nitrofurantoína é administrada por via oral e é rapidamente absorvida pelo sistema digestório e também rapidamente excretada pelos rins. · Está limitada ao tratamento das infecções urinárias. · Efeitos adversos · Os distúrbios GI são relativamente comuns, e podem ocorrer reações de hipersensibilidade da pele e da medula óssea (p. ex., leucopenia). Também foram relatadas hepatotoxicidade e neuropatia periférica. AGENTES ANTIMICOBACTERIANOS · Principais infecções micobacterianas nos seres humanos · Tuberculose (TB) · Hanseníase · Infecções crônicas causadas por Mycobacterium tuberculosis e M. leprae, respectivamente. · Outras infecções são causadas por M. avium-intracellulare · Micobactérias · Um problema específico com as micobactérias é que podem sobreviver nos macrófagos após a fagocitose, a não ser que essas células sejam “ativadas” por citocinas produzidas pelos linfócitos Th1 A - Fármacos Utilizados Para Tratar Tuberculose · Tratamentos · Os tratamentos são liderados pelos fármacos de primeira linha: · Isoniazida, rifampicina, rifabutina, etambutol e pirazinamida. · Os fármacos de segunda linha incluem : · Capreomicina, ciclosserina, estreptomicina, claritromicina e ciprofloxacino. · Esses são utilizados para tratar infecções provavelmente resistentes aos fármacos de primeira linha ou quando os agentes de primeira linha não podem ser usados devido a efeitos adversos. · Dois novos fármacos, bedaquilina e delamanida, foram recentemente introduzidos para uso em casos de TB multirresistente, normalmente em conjunto com outros agentes. · Para diminuir a probabilidade de surgimento de microrganismos resistentes, é obrigatório o tratamento combinado de fármacos, o qual costuma envolver: · Fase inicial (cerca de 2 meses) com combinação de isoniazida, rifampicina e pirazinamida · Segunda fase (cerca de 4 meses) de tratamento com isoniazida e rifampicina. São necessários tratamentos mais prolongados em pacientes com meningite, problemas nas articulações, ósseos ou infecção resistente. · Isoniazida · A atividade antibacteriana da isoniazida está limitada às micobactérias. · Ela interrompe o crescimento dos microrganismos em repouso (i. e., bacteriostáticos), mas também pode eliminar as bactérias que se dividem. · A isoniazida penetra livremente nas células dos mamíferos e, por isso, revela-se eficaz contra microrganismos intracelulares. · A isoniazida é um profármaco que deve ser ativado pelas enzimas bacterianas antes de poder exercer sua atividade inibitória na síntese dos ácidos micólicos, constituintes importantes da parede celular específica das micobactérias. · Aspectos farmacocinéticos · A isoniazida é rapidamente absorvida pelo sistema digestório e apresenta ampla distribuição nos tecidos e líquidos corporais, incluindo o LCR. · A meia-vida nos inativadores lentos é de 3 horas, e de 1 hora nos inativadores rápidos. · A isoniazida é excretada na urina – uma parte inalterada e outra sob a forma acetilada ou outra forma inativa. · Efeitos adversos · Dependem da dosagem · O mais comum as reações alérgicas cutâneas. · Foram relatados outros efeitos adversos, incluindo febre, hepatoxicidade, alterações hematológicas, artroses e vasculite. · Rifampicina · A rifampicina atua via ligação e inibição de RNA polimerase DNA-dependente nas células procarióticas, mas não nas eucaróticas · Trata-se de um dos antituberculosos conhecidos mais ativos e também é ativo contra hanseníase e grande parte das bactérias gram-positivas, bem como em muitas espécies gram-negativas. · Ação : · Penetra nas células fagocitárias e elimina os bacilos intracelulares da tuberculose. · A resistência pode desenvolver-se rapidamente em um processo único em que uma mutação cromossômica modifica o alvo na RNA polimerase DNA-dependente · Aspectos farmacocinéticos · Administrada por via oral e exibe boa distribuição nos tecidos e líquidos corporais (incluindo o LCR), conferindo uma tonalidade laranja a saliva, expectoração, lágrimas e suor. · É parcialmente excretada na urina e parcialmente na bile, parte da qual entra no ciclo êntero-hepático. · O metabólito retém a atividade antibacteriana, mas é mal absorvido pelo sistema digestório. · A meia-vida é de 1 a 5 horas e torna-se inferior durante o tratamento devido à indução de enzimas microssômicas hepáticas. · Efeitos adversos · Erupções cutâneas, febre e distúrbios GI. · Foram relatados danos no fígado acompanhados por icterícia, que, em uma proporção muito pequena de pacientes, revelaram-se fatais; a função hepática deve ser avaliada antes de iniciar o tratamento. · A rifampicina acelera o metabolismo dos hepatócitos, aumentando a degradação de varfarina, glicocorticóides, analgésicos narcóticos, hipoglicemiantes orais, dapsona e estrógenos (daí ser desaconselhado o uso de contraceptivos orais). · Etambutol · O etambutol afeta apenas as micobactérias. · É captado por estas e exerce efeito bacteriostático 24 horas após, provavelmente pela inibição da síntese micobacteriana da parede celular. · A resistência surge rapidamente se for utilizado de forma isolada. · Aspectos farmacocinéticos · O etambutol é administrado por via oral e é bem absorvido · Pode atingir concentrações terapêuticas no LCR, no caso da meningite tuberculosa. · No sangue, é captado pelos eritrócitos e liberado lentamente. · O etambutol é parcialmente metabolizado e excretado na urina. · Efeitos adversos · São pouco comuns, · Distúrbios visuais que se manifestam inicialmente por alteração das cores, em particular do vermelho e do verde, ocorrendo decréscimo progressivo da acuidade visual. · Pirazinamida · A pirazinamida é inativa em pH neutro, mas turbeculostática em pH ácido. · É eficaz contra os microrganismos intracelulares nos macrófagos porque, após a fagocitose, os microrganismos ficam contidos em fagolisossomos, em que o pH é baixo. · O fármaco provavelmente inibe a síntese de ácidos graxos. · A resistência desenvolve-se rapidamente, mas a resistência cruzada não ocorre com isoniazida. · Aspectos farmacocinéticos · O fármaco é bem absorvido após administração oral e é distribuído por todo o corpo, penetrando nas meninges. · É excretado pelos rins, principalmente por filtração glomerular. · Efeitos adversos · Incluem gota, associada às altas concentrações de uratos no plasma. Também foram relatados transtornos GI, mal-estar e febre. · Capreomicina · É um antibiótico de ligação peptídica administrado por injeção intramuscular. · Principal mecanismo de ação · Ligação à unidade ribossômica 70S, inibindo, assim, a síntese proteica bacteriana, mas pode ter outros efeitos na membrana celular bacteriana. · Efeitos adversos · Incluem lesões nos rins e no nervo vestibulococlear, com consequentes surdez e ataxia. · O fármaco não deve ser administrado em combinação com estreptomicina ou outros fármacos que possam causar surdez. · Ciclosserina · É um antibiótico de amplo espectro que inibe o crescimento de muitas bactérias, incluindo coliformes e micobactérias. · É hidrossolúvel e destruída em pH ácido. · Atua via inibição competitiva da síntese da parede celular bacteriana; · É absorvida por via oral e distribuída nos tecidos e líquidos corporais, incluindo LCR. Seu uso está limitado à TB resistente a outrosfármacos. · Aspectos farmacocinéticos · A maior parte do fármaco é eliminada na forma ativa na urina · Efeitos adversos · Majoritariamente no SNC. · Vários distúrbios, de cefaléia e irritabilidade a depressão, convulsões e estados psicóticos. B - Fármacos Utilizados Para Tratar A Hanseníase · Hanseníase · O microrganismo causador é M. leprae. · Trata-se de uma doença crônica desfigurativa com longa latência. · Existem duas formas: · Hanseníase paucibacilar · Caracterizada por uma a cinco lesões cutâneas, é majoritariamente do tipo tuberculóide, sendo geralmente tratada durante 6 meses com dapsona e rifampicina · Hanseníase multibacilar · Caracterizada por mais de cinco lesões cutâneas, é majoritariamente do tipo virchowiano, sendo tratada durante 2 anos no mínimo, com rifampicina, dapsona e clofazimina. · Dapsona · A dapsona está quimicamente relacionada com as sulfonamidas e, como sua ação é antagonizada pelo PABA, atua provavelmente por meio da inibição da síntese do folato bacteriano. · A resistência ao fármaco tem aumentado de forma consistente desde a sua introdução e, atualmente, recomenda-se o tratamento combinado com outros fármacos. · Aspectos farmacocinéticos · A dapsona é administrada por via oral · É bem absorvida e amplamente distribuída pela água corporal por todos os tecidos. · A meia-vida plasmática é de 24 a 48 hora · A dapsona também é empregada no tratamento da dermatite herpetiforme, uma dermatose crônica pruriginosa associada à doença celíaca. · Efeitos adversos · Ocorrem com razoável frequência e incluem hemólise (em geral, sem gravidade suficiente para provocar anemia grave), metemoglobinemia, anorexia, náuseas e vômitos, febre, dermatite alérgica e neuropatia. Podem ocorrer reações virchowia-nas (exacerbação das lesões virchowianas) e, vez ou outra, uma síndrome potencialmente fatal semelhante à mononucleose infecciosa. · Clofazimina · A clofazimina é um corante com estrutura complexa. · Seu mecanismo de ação contra o bacilo da hanseníase pode envolver alterações no DNA. · Também tem ação anti-inflamatória e é útil em pacientes em que a dapsona causa efeitos secundários inflamatórios. · Aspectos farmacocinéticos · A clofazimina é administrada por via oral e acumula-se no corpo, sendo capturada pelo sistema mononuclear fagocitário. · A meia-vida plasmática pode prolongar-se até 8 semanas. · O efeito anti-hansênico é lento e só se torna evidente a partir de 6 a 7 semanas. · Efeitos adversos · Podem estar relacionados com o fato de a clofazimina ser um corante. · A pele e a urina podem desenvolver uma coloração avermelhada, e as lesões, uma descoloração negro-azulada. · Também podem ocorrer distúrbios relacionados com a dosagem, como náuseas, tonturas, cefaléia e de natureza GI.
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