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Dimensões Humanas e Sistemas de Relações no século XXI - (DHSR)

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Dimensões Humanas e Sistemas de 
Relações no século XXI (DHSR) 
 
 
 
Sumário 
UNIDADE I .................................................................................................................... 3 
O Contexto Atual de Mudanças .................................................................................. 3 
UNIDADE II ................................................................................................................. 10 
E a Educação Diante das Mudanças? ...................................................................... 10 
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................... 22 
UNIDADE I 
 
O Contexto Atual de Mudanças 
 
É bem provável que já tenha se tornado um verdadeiro modismo, a 
afirmação de que o mundo está mudando constantemente e que a única 
constante na sociedade seja a mudança. 
 
De fato, os avanços tecnológicos contínuos e ao mesmo tempo 
impactantes, os desequilíbrios econômicos, as crises sociais, a competitividade 
exacerbada, o aumento e as exigências da sociedade por maior sustentabilidade, 
exercem elevadas pressões por mudanças sobre os profissionais e 
organizações, incluindo aqueles e aquelas ligados à educação. 
 
Sem dúvida, nesse contexto, a intensidade, a velocidade e o impacto 
dos avanços tecnológicos são impressionantes. Hoje, não há como não 
olharmos para nosso dia-a-dia pessoal e profissional e não observarmos 
a profusão de novas tecnologias: internet, telefones celulares de última 
geração (agora, presentes em nossas vidas em todos os momentos), 
softwares de comunicação online, redes sociais, as impressoras 3D, os 
carros elétricos, os carros autônomos, a realidade virtual, a realidade 
aumentada, o poder da inteligência artificial, apenas para citar alguns 
exemplos do que já está ou estará em curso brevemente. 
 
Atualmente, as comunicações e conexões antes lentas ou 
impossíveis de serem realizadas são criadas em frações de segundos, 
realizadas em tempo real e com alcances nunca antes imaginados, bem 
como se tornou exponencial a capacidade de processamento de dados e 
informações. Em resumo, estamos diante de uma verdadeira revolução 
digital. 
 
 
Nesse sentido, ainda é interessante notar a velocidade da entrada 
no mercado de massas das novas tecnologias. Enquanto o primeiro 
telefone demorou cerca de 60 anos, entre sua invenção e entrada no 
mercado, atualmente novos equipamentos e aplicações tecnológicas têm 
levado apenas alguns meses e em certos casos alguns dias para 
alcançarem grandes contingentes populacionais em todo o mundo. 
 
 
 
Em soma, é importante também observarmos as mudanças sociais. 
O envelhecimento da população e o aumento substancial da expectativa 
de vida, a busca por educação permanente, o desemprego elevado, o 
aumento das famílias sem filhos e de solteiros, a formação de novos 
modelos de família, o isolamento social, os relacionamentos via redes 
sociais, a depressão como uma epidemia global, entre tantas outras 
velozes e intensas mudanças. 
 
Em suma, não é modismo dizermos que a sociedade está em 
constante movimento e transformação e que tais movimentos podem 
trazem consequências para o aprimoramento e desenvolvimento da 
educação. 
 
Nesta direção, entendermos com sensibilidade esse contexto é o 
primeiro passo. Ou seja, como profissionais de educação devemos pelo 
menos ter consciência das mudanças em curso, bem como de seus 
impactos. Ainda nessa perspectiva, é provável que Zigmunt Bauman, 
sociólogo e filósofo polonês tenha sido um dos autores que mais tenha 
captado e traduzido com grande sensibilidade esses novos tempos, 
marcados pela tecnologia e seus impactos negativos e positivos. 
 
Bauman ganhou popularidade mundial com seus livros, onde os 
títulos traziam a palavra “líquida”. Termo que de maneira geral, segundo 
as obras produzidas pelo autor traduzia a natureza das relações atuais. 
Isto é, demonstrava a fragilidade e superficialidade dos relacionamentos 
do mundo moderno. 
 
Em seu livro 44 Cartas do Mundo Líquido Moderno, no capítulo 
“Sozinho na Multidão” o autor faz intrigantes indagações, mediante a 
realidade das relações por meio das redes sociais. 
 
Vejamos na íntegra alguns parágrafos do autor e façamos a 
nossa própria reflexão! 
 
“Com esses aparelhinhos na mão, você pode inclusive se afastar de 
uma situação de pânico, se quiser, instantaneamente – no momento exato 
em que a companhia se acerca demais de você e parece opressiva para 
seu gosto. Você não tem de jurar fidelidade até que a morte os separe; por 
outro lado, pode esperar que todo mundo esteja “acessível” quando você 
precisar, sem ter de suportar as consequências desagradáveis de estar 
sempre disponível para os outros. 
 
Isso será o paraíso na Terra? Nosso sonho enfim realizado? Será 
esta a solução definitiva para a pungente ambivalência da interação 
humana, a um só tempo confortadora e estimulante, mas incômoda e cheia 
de ciladas? As opiniões se dividem a esse respeito. O que parece estar 
fora de dúvida é que pagamos um preço por tudo isso – um preço que 
pode se revelar alto demais. Se você está sempre “conectado”, pode ser 
que nunca esteja verdadeira e completamente só. Se você nunca está só, 
então “tem menos chance de ler um livro por prazer, de desenhar um 
retrato, de contemplar a paisagem pela janela e imaginar outros mundos 
diferentes do seu. É menos provável que você estabeleça comunicação 
com pessoas reais em seu meio imediato. Quem vai querer conversar com 
parentes quando os amigos estão a um clique do teclado?” (E esses 
amigos são incontáveis, de uma diversidade fascinante; há cerca de 
quinhentos ou mais “amigos” no Facebook). 
Fugindo da solidão, você deixa escapar a chance da solitude: dessa 
sublime condição na qual a pessoa pode “juntar pensamentos”, ponderar, 
refletir sobre eles, criar – e, assim, dar sentido e substância à 
comunicação. Mas quem nunca saboreou o gosto da solitude talvez nunca 
venha a saber o que deixou escapar, jogou fora e perdeu.” 
Fonte: Zigmunt Bauman. 44 cartas do mundo líquido moderno. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. 
Outra reflexão do autor, também contida no mesmo livro é sobre o 
“o futuro dos jovens”. Novamente, vejamos na íntegra alguns parágrafos 
do autor e façamos a nossa própria reflexão! 
 
“Contudo, enquanto escrevo estas palavras, nuvens escuras vêm se 
acumulando sobre esse mundo, nuvens cada dia mais sombrias. O estado 
de felicidade, otimismo e confiança que o jovem pensava ser o estado 
“natural” do mundo pode não durar muito tempo. O sedimento da última 
depressão econômica – o prolongado desemprego que diminui as 
oportunidades de vida das pessoas e obscurece suas perspectivas de 
futuro – pode se recusar a desaparecer depressa, se é que um dia 
desaparecerá; e não há mais tanta certeza quanto a um retorno rápido aos 
dias ensolarados. 
 
Assim, ainda é muito cedo para determinar se as atitudes e visões 
de mundo que impregnam os jovens de hoje acabarão se ajustando ao 
mundo que está por vir, nem como esse mundo se ajustará às suas 
expectativas mais profundas.” 
Fonte: Zigmunt Bauman. 44 cartas do mundo líquido moderno. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. 
 
 
Há quem dia que as obras do autor eram um tanto pessimistas. Por 
outro lado, outros afirmam que apenas retratam de forma profícua a 
realidade presente. 
 
 
 
Sem querer estabelecer, elencar ou esgotar quais transformações são e 
irão continuar mais impactantes, é importante destacarmos certas 
mudanças ligadas ao mundo do trabalho, dado a envergadura dos 
desafios educacionais impostados por tais transformações e o impacto 
econômico e social provocado pelos desafios do mundo do trabalho. 
 
Nessa perspectiva, outro pensador que apresenta contribuições 
importantes sobre o tema e que ganhou notoriedade mais recente foi o 
historiador Yuval Noah Harari com seus livrosSapiens, Homo Deus e o 
mais atual 21 lições para o século 21. 
 
 
Em seu último livro o autor, dentre uma séria de provocações, sobre 
relevantes temas faz uma importante reflexão sobre o futuro do trabalho. 
Vejamos: “não temos ideia de como será o mercado de trabalho em 2050. 
Sabemos que o aprendizado de máquina e a robótica vão mudar quase 
todas as modalidades de trabalho – desde a produção de iogurte até o 
ensino da ioga. Contudo, há visões conflitantes quanto à natureza dessa 
mudança e sua iminência. Alguns creem que dentro de uma ou duas 
décadas bilhões de pessoas serão economicamente redundantes. Outros 
sustentam que mesmo no longo prazo a automação continuará a gerar 
novos empregos e maior prosperidade para todos”. 
 
Nessa mesma ótica já se foram mais de vinte anos, quando Jeremy 
Rifkin, em seu livro “Fim dos Empregos” (1996), afirmou que mais de 75% 
da força de trabalho na maior parte das nações industrializadas já 
desempenhavam funções que podiam ser automatizadas, robotizadas ou 
terceirizadas. 
 
Portanto, uma característica já marcante do século XXI é a mudança 
crescente nas exigências do mercado de trabalho para os mais diversos 
profissionais. Pois, a competição entre as empresas é constante e enorme, 
assim como, as oscilações na economia e seus impactos no mercado de 
trabalho. 
 
Neste contexto, o perigo de uma demissão está sempre presente e 
o sonho do emprego seguro por um longo período em grandes 
organizações tem desaparecido, até mesmo para os profissionais mais 
qualificados. 
 
De fato, o contexto para o emprego mudou, a conjuntura é outra e 
há a necessidade de criação de alternativas para um “mundo sem 
empregos”. No Brasil, não é diferente. Seja pelas sucessivas e graves 
crises econômicas ou pela própria realidade imposta pelas mudanças no 
mundo do trabalho. 
 
O que podemos observar é que estudos recentes tem apontado 
fortemente o alto impacto da automação no mercado de trabalho. Em um 
de seus estudos sobre o futuro do trabalho a OCDE – Organização para a 
Cooperação e Desenvolvimento Econômico estimou que 14% dos 
empregos do bloco europeu tem alta probabilidade (70% de probabilidade) 
de serem automatizados em um futuro próximo. Outro estudo também 
nesta direção, publicado no Brasil pelo IPEA – Instituto de Pesquisa 
Econômica Aplicada concluiu por meio da avaliação de cerca de 2000 
ocupações no Brasil que aproximadamente 25 milhões de empregos estão 
alocados em funções com alta probabilidade (60 a 80%) ou muito alta 
(80%) de automação. Nessas estão incluídas funções como: cobradores 
de ônibus, operadores de telemarketing, mas outras funções até então não 
pensadas como passíveis de automação, como fonoaudiólogos e 
advogados. 
 
Segundo extrato do próprio estudo é possível perceber que: 
 
“Apesar da porcentagem aparentemente alarmante de profissões 
em risco no futuro próximo, há diversos cenários de transformação a se 
considerar na dinâmica do mercado de trabalho brasileiro. Por um lado, 
atividades tipicamente rotineiras e não cognitivas, como a de ascensorista, 
devem de fato ser automatizadas. Por outro, outras profissões que 
integram tanto subtarefas facilmente automatizáveis quanto as de difícil 
execução por robôs devem sofrer transformações em função do 
desenvolvimento da tecnologia e da inteligência artificial. A tendência é 
que essas ocupações fiquem cada vez mais centradas em tarefas 
intensivas em criatividade e análise crítica e gradualmente se afastem de 
atividades corriqueiras e repetitivas – profissões como as de secretariado 
e contador se encaixam nessa categoria”. Fonte: Texto para discussão. 
Na era das máquinas, o emprego é de quem? Estimação da probabilidade de Automação de ocupações no Brasil. 
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Brasília. Ipea, 2019. 
 
 
De fato, não há como prever o que irá prevalecer, ou se até mesmo 
teremos uma combinação das duas visões. Isto é, se os avanços 
tecnológicos irão trazer novas ocupações ou se simplesmente irão 
provocar o desaparecimento de inúmeras ocupações. O fato é que 
ocupações já estão em substituição e outras surgindo. Um exemplo é o 
atendimento por telefone ou telemarketing, onde boa parte, dos serviços 
de mensagem já foram automatizados; e por outro lado, o surgimento de 
novas profissões como designer de games e mundos virtuais. Em suma, 
estamos diante de perguntas sem respostas prontas ou fáceis! 
UNIDADE II 
 
E a Educação Diante das Mudanças? 
 
Para entendermos melhor o contexto até então apresentado, vale a pena 
recorrermos aos trabalhos de Edgar Morin. Antropólogo, Filósofo e Sociólogo 
francês. 
 
Morin nos chama atenção para o denominado pensamento complexo. 
 
 
Conforme transcrições e análises dos trabalhos do autor, primeiramente, 
devemos procurar entender o termo complexidade. Segundo o mesmo, 
“complexidade” vem do latim complexus, “aquilo que é tecido”. Nesse sentido, 
ainda segundo o autor nosso sistema educacional tem nos tornado incapazes de 
conceber e entender a complexidade. Isto é, as inumeráveis ligações entre os 
diferentes aspectos do conhecimento. E isto é mais grave no contexto atual, onde 
há uma extrema interação entre fatores diversos: econômicos, religiosos, 
políticos, étnicos, demográficos etc. Fatores estes extremamente necessários 
para o entendimento e resolução dos problemas enfrentados pela sociedade. 
 
Ao contrário do pensamento simplificado, onde por meio da divisão de um 
problema em várias partes, se preconiza que será mais fácil resolvê-lo, o 
pensamento complexo nos impulsiona para a compreensão do todo e das 
interligações entre os diversos aspectos que compõe um determinado tema, 
situação, problema ou conjunto de conhecimentos. 
 
Por exemplo, segundo MORIN (2000), “a economia, que é das ciências 
humanas, a mais avançada, a mais sofisticada, tem um poder muito fraco e erra 
muitas vezes nas suas previsões, porque está ensinando de um modo que 
privilegia o cálculo e esquece todos os outros fatores, os aspectos humanos; 
sentimento, paixão, desejo, temor, medo. Quando há um problema na bolsa, 
quando as ações despencam, aparece um fator totalmente irracional que é o 
pânico, que, frequentemente, faz com que o fator econômico tenha a ver com o 
humano, e por sua vez se liga à sociedade, à psicologia, à mitologia. Essa 
realidade social é multidimensional, o econômico é uma dimensão dessa 
sociedade, por isso, é necessário contextualizar todos os dados”. 
 
 
Nesse contexto e perspectiva multidimensional observado por Morin e 
diante do cenário de transformações de diversas naturezas (econômicas, 
tecnológicas, sociais, entre tantas outras), além das incertezas crescentes, uma 
das questões mais prementes é sobre o papel da educação. Ou seja, qual é, e 
será a Educação necessária ao presente e ao futuro? Uma pergunta ampla e 
complexa com toda certeza. 
 
Nesta direção, vamos voltar aos trabalhos de Yuval Noah Harari. Em seu 
livro 21 lições para o século 21 o autor aborda o tema Educação nesse contexto. 
Já no primeiro parágrafo da unidade do livro dedicada ao tema nos deparamos 
com suas pertinentes indagações: 
 
 
 
 
 
 
“Como podemos nos preparar e a nossos filhos para um mundo repleto de 
transformações sem precedentes e de incertezas tão radicais? Um bebê nascido 
hoje (2019) terá trinta anos por volta de 2050. Se tudo correr bem, esse bebê 
ainda estará por aí em 2100, e até poderá ser um cidadão ativo no século XXII. 
O que deveríamos ensinar a esse bebê que o ajude, ou a ajude, a sobreviver e 
progredir no mundo de 2050 ou no século XXII? De que tipo de habilidades ele 
ou ela vai precisar para conseguir um emprego, compreender o que está 
acontecendo a sua volta e percorrer o labirinto da vida?” 
 
Observemos que o autor em suas indagações aponta alguns importantes 
elementos do contexto atual, assim como levanta possíveis consequências. 
Apesar das enormes carênciassociais e econômicas ainda presentes em boa 
parte do mundo, as pessoas estão vivendo mais tempo e a tendência é de que a 
expectativa de vida continuará a aumentar ao longo dos próximos anos. Portanto, 
não só o bebê hipotético criado pelo autor poderá passar dos 100 anos de vida, 
mas milhões de pessoas. Assim, tudo indica que teremos mais tempo de vida 
produtiva, mas não necessariamente um mesmo emprego por um longo tempo. 
 
Em adição, como talvez já tenhamos percebido, a estabilidade em um 
emprego já tende a ser apenas uma lembrança do passado. Conforme os 
professores Mandelli e Cortella no interessante livro Vida e Carreira - Um 
Equilíbrio Possível, neste novo contexto, pode ser preciso mudar de emprego 
com mais frequência, mudar de cidade, mudar de carreira ou até mudar de país. 
 
Nessa mesma linha, conforme Hariri em seu livro 21 lições para o século 
21: “Aos cinquenta anos, você não quer mudar, e a maioria das pessoas desistiu 
de conquistar o mundo. Já esteve lá, já fez o que fez. E prefere a estabilidade. 
Há razões neurológicas para isso. Embora o cérebro adulto seja mais flexível e 
volátil do que se imagina, ela ainda é menos maleável do que o cérebro de um 
adolescente. Reconectar neurônios e religar sinapses é um trabalho duríssimo. 
Mas no século XXI dificilmente você pode se permitir ter estabilidade. Se tentar 
se agarrar a alguma identidade, algum emprego ou alguma visão de mundo 
estáveis, estará se arriscando a ser deixado para trás quando o mundo passar 
voando por você. Como a expectativa de vida aumentará, você poderia ter de 
passar muitas décadas como um fóssil. Para continuar a ser relevante não só 
economicamente, mas acima de tudo socialmente você vai precisar aprender e 
se reinventar o tempo inteiro, numa idade tão jovem como a dos cinquenta anos.” 
 
Ainda analisando as indagações e ponderações acima, podemos inferir 
que já não é e não será nada fácil lidar emocionalmente com tantas incertezas e 
mudanças. Sabemos que mudar não é necessariamente algo agradável para 
muita gente, assim como lidar constantemente com o incerto pode trazer sérias 
consequências para nossa saúde mental e emocional. 
 
Voltando ao bebê do século XXI! 
 
 
Quais as competências deverá possuir diante do que está em curso e 
está por vir? Como a educação e os educadores podem contribuir neste sentido 
para formação dos estudantes do século XXI? 
Mais uma vez perguntas complexas e sem respostas prontas. Contudo, 
esforços em direção à compreensão acerca das competências necessárias a um 
contexto de transformações e incertezas têm sido empreendidos. 
 
Mas antes de avançarmos para essa compreensão, é importante 
relembrarmos o conceito de competências. De maneira objetiva, competência é 
o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes de um indivíduo, ou de 
forma popularmente reconhecida significa CHA (Conhecimentos, Habilidades e 
Atitudes). 
 
Imagine um médico reconhecido por sua competência. Em resumo, ele 
possui conhecimentos apurados para identificar as necessidades dos pacientes, 
habilidade para aplicar esses conhecimentos, utilizando os métodos e 
instrumentos adequados, motivado por uma atitude diferenciada de sempre fazer 
o melhor trabalho. 
 
Imagine agora um executivo que lide com exportações. No mínimo ele 
precisará ter conhecimentos relacionados às regras e leis de comércio 
internacional, ter habilidades de negociação e uma atitude de persistência para 
enfrentar os obstáculos e a concorrência envolvida. 
 
Agora, avancemos para importantes trabalhos que abordaram e 
identificaram um conjunto de competências necessárias aos desafios 
educacionais de hoje e de amanhã, isto é, para o século 21. 
 
Em estudo coordenado pelo National Research Council, relevante organização 
de pesquisa americana, foi identificado um conjunto de competências 
necessárias ao século XXI. O estudo foi denominado como Education for Life 
and Work (Educação para a vida e trabalho): Developing Transferable 
Knowledge and Skills in the 21st Century. Logo, por meio da figura abaixo 
podemos destacar e observar algumas das competências identificadas e 
agrupadas em três domínios. 
Domínio Cognitivo 
 
• Pensamento 
Crítico 
• Alfabetização em 
TICs 
• Inovação 
Domínio 
Interpessoal 
• Colaboração 
• Responsabilidade 
• Resolução de 
Conflitos 
Domínio 
Intrapessoal 
• Ética 
• Iniciativa 
• Flexibilidade 
• Aprendizado 
contínuo 
 
Figura 1 – Síntese de Competências 
 
 
 
 
 
Conforme as definições do próprio estudo, em síntese, o domínio cognitivo 
envolve o raciocínio e a memória; o domínio intrapessoal envolve a capacidade 
de gerenciar o comportamento e as emoções para que o indivíduo alcance suas 
próprias metas (incluindo metas de aprendizado); e o domínio interpessoal 
envolve o expressar ideias, interpretar e responder a mensagens de outros. 
 
Com a realização de outros estudos com estruturas semelhantes, ao longo 
dos anos foram também definidas as chamadas habilidades críticas para o 
século 21. Nesse sentido, vale destacar as habilidades divulgadas pelo Fórum 
Econômico Mundial no ano de 2015, conforme as tabelas abaixo: 
 
Habilidades críticas para 
tarefas diárias 
Habilidades críticas para 
desafios complexos 
Habilidades críticas 
para lidar com 
ambientes em 
constantes mudanças 
Domínio da Linguagem Pensamento Crítico Curiosidade 
Alfabetização numérica Criatividade Iniciativa 
Alfabetização científica Colaboração Persistência 
Educação financeira Comunicação Adaptabilidade 
Alfabetização nas TIC´s 
(Tecnologias de Informação e 
Comunicação) 
 Liderança 
Educação cultural e cívica Consciência social e 
cultural 
Tabela 1 – Habilidades Críticas para o Século XXI 
Habilidades Críticas para tarefas diárias 
Habilidade Descrição Resumida 
Domínio da Linguagem Habilidade de ler, 
linguagem escrita. 
entender e usar a 
Alfabetização numérica Habilidade de usar números e outros 
símbolos para entender e expressar 
relacionamentos quantitativos. 
Alfabetização científica Habilidade de usar os princípios e o 
conhecimento científico para entender o 
ambiente e testar hipóteses. 
Educação financeira Habilidade de entender e aplicar conceitos 
e práticas para a gestão financeira 
pessoal. 
Alfabetização nas TIC´s Habilidade de usar, aplicar e criar 
conteúdo e interações por meio das 
tecnologias de informação e 
 comunicação. 
Educação cultural e cívica Habilidade para entender, apreciar e 
aplicar o conhecimento relacionado à área 
de humanidades. 
Tabela 2 – Tarefas Diárias 
 
 
Habilidades Críticas para desafios complexos 
Habilidade Descrição Resumida 
Pensamento Crítico Habilidade para identificar, analisar e 
avaliar situações, ideias e informações 
para formular respostas e soluções. 
Criatividade Habilidade para imaginar e criar o novo, 
bem como soluções fora do lugar comum 
para os problemas. 
Colaboração Habilidade de trabalhar em time em prol de 
objetivos comuns. 
Comunicação Habilidade de interagir, contextualizar as 
informações e se expressar por meio da 
linguagem oral e escrita. 
Tabela 3 – Desafios Complexos 
 
• Conhecimento; 
• Pensamento Científico, crítico e criativo; 
• Repertório Cultural; 
• Comunicação; 
• Cultura Digital; 
• Trabalho e Projeto de Vida; 
• Argumentação; 
• Autoconhecimento e autocuidado; 
• Empatia e cooperação; 
• Responsabilidade e Cidadania. 
Habilidades Críticas para lidar com ambientes em constantes mudanças 
Habilidade Descrição Resumida 
Curiosidade Habilidade e desejo de questionar e 
aprender. 
Iniciativa Habilidade de fazer acontecer, de realizar 
antes de ser solicitado. 
Persistência Habilidade de manter o esforço e a 
disciplina rumo a determinados objetivos. 
Adaptabilidade Habilidade de mudar/adaptar planos, 
caminhos e metas. 
Liderança Habilidade de envolver as pessoas em 
torno de objetivos. 
Consciência social e cultural Habilidade de interagir,se relacionar e 
cuidar do meio onde vive. 
Tabela 4 – Ambientes em constante mudanças 
Ainda, nessa mesma direção é também importante observarmos as 10 
competências gerais estabelecidas em nosso país, por meio da BNCC (Base 
Nacional Comum Curricular): 
 
Uma análise geral e preliminar dos três estudos, sem a pretensão de 
esgotar o tema e/ou priorizar um determinado conjunto de habilidades, nos 
mostra claramente a importância das habilidades sociais e emocionais. 
 
Ainda, segundo outro estudo publicado pelo Fórum Econômico Mundial em 
2016 (New Vision for Education: Fostering Social and Emotional Learning 
through Technology) os estudantes para prosperarem no século XXI 
necessitam aprender além das habilidades tradicionais e das competências 
tecnológicas. 
 
Conforme o estudo e como já observamos os estudantes devem estar 
aptos, sobretudo, para a colaboração, comunicação e resolução de 
problemas, que são algumas das habilidades desenvolvidas por meio do 
aprendizado emocional e social, como aponta o trabalho. Assim, juntamente 
com o domínio das tradicionais habilidades, a proficiência social e 
emocional pode equipar os alunos desse novo século a não terem 
“sucesso”, mas principalmente, lidarem com uma sociedade digital e em 
rápida evolução. 
 
Como já observamos estamos diante de um mundo com profissões que 
acabaram de nascer, com profissões que ainda nem nasceram e com novas 
formas de trabalho (não necessariamente um emprego); o que por si só, já 
seria motivo suficiente para colocar o desenvolvimento de cidadãos dotados 
de habilidades como criatividade, iniciativa e adaptação na prioridade da 
agenda de governos e educadores. 
 
Mas o que poderia ser feito em relação ao processo de ensino 
aprendizagem para o desenvolvimento das habilidades sociais e 
emocionais? 
O mesmo estudo ainda aponta algumas possibilidades e iniciativas, 
como pode ser visualizado na figura abaixo: 
 
 
Consciência 
Cultural e Social 
Encorajar a empatia 
Adotar a tolerância e 
respeito aos outros 
Pensamento 
Crítico 
 
 
 
 
Como Ensinar todas as 
Habilidades 
 
Oferecer feedback 
construtivo 
 
 
 
Colaboração 
Adotar a tolerância e 
respeito aos outros 
Criar oportunidades para 
o trabalho em grupo 
Liderança 
Fomentar a negociação 
Encorajar a empatia 
 
 
 
Adaptabilidade 
Incentivar a gestão das 
emoções 
Praticar a flexibilidade e 
a estruturação 
• Incentivar a aprendizagem baseada em jogos; 
• Dividir o aprendizado em peças menores e coordenadas ; 
• Criar um ambiente seguro para aprender; 
• Desenvolver uma mentalidade de crescimento ; 
• Fomentar relacionamentos carinhosos; 
• Fornecer tempo para a concentração; 
• Fomentar o raciocínio e análise reflexiva; 
• Oferecer elogios apropriados; 
• Guiar a descoberta de tópicos de uma criança; 
• Ajudar as crianças a aproveitarem sua personalidade 
• e forças; 
• Fornecer desafios apropriados; 
• Fornecer objetivos claros de aprendizado, visando 
habilidades explícitas ; 
• Usar uma abordagem prática. 
 
Comunicação 
Criar um ambiente rico 
para o desenvolvimento 
da linguagem 
 
 
Criatividade 
Oferecer oportunidades 
para construir e inovar 
 
Persistência Curiosidade 
Incentivar os 
questionamentos 
Construir oportunidades 
para aprender com os 
erros 
 
Iniciativa 
 
Prover oportunidades 
de engajamento em 
projetos de longo prazo 
Fornecer autonomia 
Instigar conhecimento 
para questionamentos e 
inovação 
Evocar a contradição 
Fonte: WEF – New Vision for Education para fazer escolhas 
Segundo a pesquisa realizada, dentre os exemplos visualizados na figura 
acima é importante destacar a criação de um ambiente de aprendizado 
seguro para as crianças, com o desenvolvimento e a nutrição de 
relacionamentos, tempo para brincar livre e de forma criativa. Por exemplo, 
a aprendizagem baseada em jogos sem um agenda programada pode 
fornecer oportunidades para a exploração criativa sem restrições, regras ou 
pressão (uma componente central de um criativo e ativo processo de 
aprendizado). 
 
Outro exemplo, citado no mesmo estudo, está centrado na nutrição, ou 
seja, no fomento à criação de uma mentalidade de crescimento (frase criada 
por Carol Dwek), Professora de Psicologia da Universidade de Stanford nos 
Estados Unidos. Quando as pessoas possuem a “mentalidade fixa”, não 
voltada para o crescimento, elas acreditam que qualidades básicas como 
inteligência e talento são traços físicos que comandam/governam o que as 
crianças podem fazer. 
Ainda segundo o trabalho, ao contrário, uma mentalidade de crescimento, 
sustenta que o cérebro funciona como um músculo (fica mais forte e melhor 
com a prática e com “trabalho duro”). Ensinar, adotando uma mentalidade 
de crescimento motiva os alunos e pode criar uma sala de aula onde os 
alunos são encorajados a aceitar desafios, experimentar novas coisas e 
aprender com seus erros. 
 
Portanto, a criatividade e uma mentalidade aberta para o 
crescimento serão fundamentais. E para validarmos a importância dessas 
capacidades não necessariamente precisamos nos prender ao futuro. 
Podemos também voltar ao passado. 
 
 
No livro a Emoção e a Regra o sociólogo italiano Domenico de Masi 
apresenta a história de grandes empreendimentos criativos, como a 
revolucionária e lendária escola de arquitetura alemã Bauhaus, cuja 
existência foi de 1919 a 1933. Constituindo-se como uma ponte entre 
artesanato, arte, indústria e academia, em um ambiente capaz de 
desenvolver profissionais capazes de conhecer todo o processo produtivo e 
de expressar uma criatividade constante, a escola cunhou a chamada 
criatividade racional da Bauhaus, onde, conforme o autor destacavam-se as 
características dos grupos criativos como: 
 
• A habilidade de concentração de energias de cada um no objetivo comum; 
• A capacidade de encontrar recursos; 
• O estilo de liderança informativo, orientado para a integração e para o 
intercâmbio contínuo; 
• Uma alta cooperação e participação nos processos decisórios; • As 
relações informais e processos informativos incentivados ao máximo; 
• Um clima de trabalho estimulante, flexível e entrosado. 
Em continuidade à importância do 
desenvolvimento das habilidades sócio emocionais ainda vale a pena 
voltarmos aos trabalhos de Morin. Em seu livro os sete saberes 
necessários à educação do futuro o autor destaca que: 
 
“o século XX produziu avanços gigantescos em todas as áreas do 
conhecimento científico, assim como em todos os campos da técnica. Ao 
mesmo tempo, produziu nova cegueira para os problemas globais, 
fundamentais e complexos, e esta cegueira gerou inúmeros erros e ilusões, 
a começar por parte dos cientistas, técnicos e especialistas. Por quê? 
Porque se desconhecem os princípios maiores do conhecimento pertinente. 
O parcelamento e a compartimentação dos saberes impedem apreender “o 
que está tecido junto”. 
 
Nesse contexto, em soma, ainda segundo o autor: 
 
 
“O problema da compreensão tornou-se crucial para os humanos. E, por 
este motivo, deve ser uma das finalidades da educação do futuro. 
Compreender significa intelectualmente apreender em conjunto, 
comprehendere, abraçar junto (o texto e seu contexto, as partes e o todo, o 
múltiplo e o uno). Lembremo-nos de que nenhuma técnica de comunicação, 
do telefone à Internet, traz por si mesma a compreensão. A compreensão 
não pode ser quantificada. Educar para compreender a matemática ou uma 
disciplina determinada é uma coisa; educar para a compreensão humana é 
outra. Nela encontra-se a missão propriamente espiritual da educação: 
ensinar a compreensão entre as pessoas como condição e garantia da 
solidariedade intelectual e moral da humanidade.” 
 
Por último e em síntese, parece haver certo consenso quanto às questões 
relacionadas às habilidades necessárias ao século XXI, bem como o desafio 
de um cenário de mudanças constantes e intensas. Por outro lado, nesse 
contexto, temos outras questõessem posições e respostas ainda 
claramente definidas: quais novos modelos educacionais serão 
necessários? Quais novos formatos de escolas serão necessários? Como 
poderemos aproveitar o potencial das novas tecnologias? Quais novos 
métodos de ensino-aprendizagem serão necessários? Qual deve/deverá 
ser o papel do professor nesse cenário? 
 
Portanto, a única certeza é a Mudança! 
 
 
 
Leia também síntese do Livro Os Sete Saberes necessários à Educação do Futuro. 
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA 
 
ALBUQUERQUE, Pedro. et al. Na era das máquinas, o emprego é de quem? 
Estimação da probabilidade de automação de ocupações no Brasil. Brasília: 
Ipea, mar. 2019. (Texto para Discussão, n. 2457). 
 
BAUMAN, Zigmunt. 44 Cartas do Mundo Líquido Moderno. Rio de Janeiro: 
Jorge Zahar Editor, 2011b. 
 
CORTELLA, Mário Sergio; MANDELLI, Pedro. Vida e Careira – um equilíbrio 
possível? Campinas: Papirus 7 Mares, 2011. 
 
HARARI, Yuval Noah. 21 lições para o século 21. 1ª ed. São Paulo: Companhia 
das Letras, 2018. 
 
MASI, Domenico de. A Emoção e a Regra: os grupos criativos na Europa de 
1850 a 1950. Rio de Janeiro/Brasília: José Olympio/UnB Editora, 1999. 
 
MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. 3ª ed. São 
Paulo: Cortez, Brasília, 2001 
 
World Economic Forum. New Vision for Education: Fostering Social and 
Emotional Learning through Technology. Disponível em www.weforum.org. 
Consultado em Ago 2019. 
 
 
Education for Life and Work: Developing Transferable Knowledge and Skills in 
the 21st Century. Disponível em www.nap.edu. Consultado em Ago 2019. 
http://www.weforum.org/
http://www.nap.edu/

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