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Passeriformes parte I - Resumo do Tratado de Animais Selvagens

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Passeriformes
Parte I
Biologia
A ordem dos passeriformes é dividida em
duas subordens conforme a estrutura da
siringe: suboscines e oscines.
Suboscines: filogeneticamente mais
primitivos, com siringe mais simples.
Oscines: mais evoluídos, com siringe mais
complexa (aves canoras). Duas famílias de
oscines foram introduzidas no Brasil, sendo
elas Estrildidae (bico-de-lacre) e Passeridae
(pardal).
Existem aves híbridas, um exemplo é o
pintagol - cruzamento entre canário-belga
(Serinus canaria) e pintassilgo (Sporagra
magellanica).
Anatomia e fisiologia
A maioria das espécies é anisodáctila - tem
três dedos posicionados para frente e um
para trás.
Possuem um músculo extra para realizar a
extensão do primeiro dígito (hálux) -
chamado extensor longo do hálux.
Asas curtas com 9 a 10 rêmiges primárias,
nove secundárias e doze retrizes.
Língua estreita com formato triangular,
possuem inglúvio;
- Aves granívoras têm a camada
muscular do inglúvio bem
desenvolvida.
Passeriformes não precisam ingerir
pedriscos para auxílio na digestão.
Na maioria das espécies, os sacos aéreos
torácicos são fundidos com o clavicular - 7
sacos aéreos.
Seios nasais direito e esquerdo não se
comunicam > Em quadros de secreção nasal
bilateral, deve-se realizar a colheita de
amostra em cada seio nasal.
A habilidade de canto é decorrente da
complexidade anatômica da siringe > Os
machos normalmente cantam melhor na
primavera, por conta do aumento da
testosterona endógena.
A porção média dos rins parece estar
ausente em muitas espécies.
Machos não possuem falo - Possuem um
aumento significativo das gônadas no
período reprodutivo.
- Ducto deferente se alonga
distalmente formando um
promontório cloacal denominado
glomus seminal - Armazenamento de
esperma e manutenção da
temperatura mais baixa que a
corpórea.
Fêmeas possuem somente o ovário e oviduto
esquerdo desenvolvidos, direito é atrofiado.
Glândulas nasais/de sal, tendem a ser
ausentes ou vestigiais.
Os passeriformes apresentam a maior
taxa metabólica basal entre todos os
vertebrados.
- Ingestão alimentar frequente para
manutenção dos níveis energéticos.
Ingerem diariamente 30% do peso corporal
em alimentos e cerca de 250 a 300 ml de
água/Kg de peso vivo.
Temperatura normal: 39 a 42°C;
Baixa tolerância a altas temperaturas - 46°C
temperatura fatal.
Reprodução
Período reprodutivo em vida livre: primavera
e verão (varia conforme a espécie).
Os filhotes de passeriformes são altriciais -
Nascem sem penas, com os olhos fechados e
dependem totalmente do cuidado dos pais.
Nutrição
As misturas de sementes não suprem as
necessidades nutricionais, pois são
deficientes em diversos minerais, vitaminas,
aminoácidos essenciais e muito ricas em
gorduras.
Ingestão recorrente de sementes:
- Hipovitaminose - A, colina, niacina,
ácido pantotênico, riboflavina (B2),
cianocobalamina (B12), biotina (H),
D3, E, K, ácido fólico (M).
- Deficiência de minerais: sódio,
selênio, ferro, cobre, zinco,
manganês, iodo, cromo, boro e
bismuto.
- Distúrbios ósseos: desbalanço
cálcio:fósforo.
- Falta de aminoácidos: lisina e
metionica > Falta ou ausência de
pigmentos (clorofila e cantaxantina).
- Baixa ingestão de fibras.
- Ingestão excessiva de lipídeos:
lipidose e esteatose hepática.
As sementes perdem grande quantidade de
vitaminas após o processo de secagem -
principalmente vitamina A e D.
- Além de aumentar a chance de
contaminação por fungos e toxinas.
Alimentos extrusados são a melhor opção,
devendo ser gradual a troca da mistura de
sementes pela ração.
Em cativeiro dificilmente ocorre a aceitação
de formulações comerciais, sendo necessário
fornecer alimentos in natura conforme a
espécie e seu hábito alimentar.
No caso de passeriformes nectívoros
pode-se utilizar formlações comerciais à
base de néctar.
Instalação e manejo
Evitar a colocação de gaiolas em locais que
recebam muita corrente de vento, chuva ou
fumaças (cozinha, cigarro).
Poleiros de diferentes diâmetros
confeccionados em madeira ou material
semelhante que possibilite o pouso
equilibrado da ave.
Movimentação: mantém tônus muscular,
previne obesidade e diminui o estresse.
Contenção e anestesia
A contenção física deve ser rápida e
delicada diminuindo o estresse e evitando
um colapso cardiorrespiratório.
Pode-se utilizar luvas de algodão para
manipular espécies que possuem bico
robusto.
Posiciona-se a cabeça da ave entre dois
dedos (indicador e médio ou, em aves
maiores o polegar e indicador), com o
restante do corpo apoiado na palma da mão.
Após uma contenção física que dure 2 min a
frequência respiratória retorna em 3 a 5
min.
Particularidades fisiológicas que devem
ser levadas em conta no procedimento
anestésico:
- Alta taxa metabólica - Frequência
respiratória e cardíaca são altas.
- Veia jugular esquerda mais calibrosa
que a direita (em algumas espécies
pode estar ausente).
- A pneumonização do espaço medular
é mínima em aves pequenas.
- Grande área de superfície dos sacos
aéreos e alta temperatura corpórea
> Perda contínua de líquidos pela
respiração.
- Rápido transito grastrointestinal e
alta demanda metabólica - Favorece
hipoglicemia > Não é recomendado
jejum pré-operatório.
- Obesidade: favorece doenças
cardiovasculares e lipidose hepática.
- Doenças tireoidianas: podem afetar
o metabolismo e a termorregulação.
Antes da contenção química e anestesia >
Exame clínico.
- Ruídos respiratórios pulmonares ou
em sacos aéreos.
Para diminuir a utilização de reservas
corpóreas:
- Estimular a ingerir alimentos por um
período maior.
- Prolongar a quantidade de horas no
sol.
- aumentar a temperatura do
ambiente.
Estabilização do quadro clínico:
aquecimento, oxigenoterapia, fluidoterapia e
administração de glicose.
- MPA raramente utilizada.
- Anestésicos de escolha para indução
e manutenção: isoflurano e
sevoflurano.
Aves pequenas (inferior a 50g) > manutenção
com a máscara facial.
Aves maiores (superior a 50g) > indução na
máscara e manutenção por intubação
endotraqueal.
Sondas adaptadas > Pequenas sondas
uretrais utilizadas em cães e gatos.
Também pode-se utilizar câmaras de
inalação para indução em aves pequenas >
Diminui estresse.
Isoflurano:
Indução: 3% a 4%.
Manutenção > 1,5% a 2%.
Oxigênio: 600 ml/min a 1 L/min.
Sevoflurano:
Indução para aves saudáveis: 8%.
Indução para aves doentes: 4% a 5%.
Manutenção: 4%.
*Fluxo de ar das aves é unidirecional e
contínuo, o que possibilita uma indução e
recuperação mais rápida*
- Pequenas variações do fluxo
anestésico alteram rapidamente o
plano.
Agentes inalatórios promovem inconsciência
e hiporreflexia (diminuição dos reflexos) -
Porém não conferem analgesia, portanto, em
procedimentos dolorosos indica-se agentes
anestésicos injetáveis.
Anestesia injetável também pode ser
utilizada, principalmente para
procedimentos rápidos.
- Retorno mais prolongado;
- Limitação do tempo de procedimento
cirúrgico;
- Risco de aprofundamento excessivo;
- Administração fracionada > Risco de
parada cardiorrespiratória;
Raramente se utiliza anestesia regional
isoladamente em aves > Risco de sobredose e
intoxicação.
Monitoração:
- Frequência cardiorrespiratória;
- Temperatura corpórea;
- Reflexo palpebral, cloacal, pedal;
- Tônus da mandíbula e grau de
relaxamento muscular.
Administração de epinefrina em casos de
parada cardiorrespiratória.
Bradicardia > Sulfato de atropina.
Depressão cardiorrespiratória e apneia >
Ventilação mecânica.
Diagnóstico
Diagnóstico clínico > Histórico clínico.
Anamnese detalhada > Quantidade de aves
doentes, quantidade de aves por
recinto/gaiola, idade, espécies e raças
envolvidas, dieta, suplementação, manejo
sanitário e reprodutivo, instalações,
contactantes, participação em
eventos/campeonatos, manifestações
clínicas e medicações administradas
previamente.
Atendimento em clínica > Ave deve ser
transportada na própria gaiola.
- Remover poleiros;
- Cobrira gaiola;
- Não limpar a gaiola - Ou coletar
amostra de fezes (24 a 48H);
O estresse do transporte resulta em
poliúria, portanto é interessante instruir o
cliente a colher fezes antes do transporte.
Observar na gaiola ou recinto:
- Área útil disponível;
- Condições higiênicas;
- Tipo e tamanho de poleiros;
- Tipo de substrato;
- Material e posicionamento dos
comedouros e bebedouros;
- Qualidade da água e alimentos;
- Brinquedos;
- Suplementação;
- Aspectos dos excrementos;
Observação a distância:
- Estado geral, atitude e postura do
paciente;
- Respiração;
- Posicionamento dos membros
(empoleirado ou não).
Exame físico:
- Auscuta de ruídos respiratórios;
- Cavidade oral e cloacal;
- Estado nutricional;
- Grau de hidratação;
- Empenamento;
- Tecido cutâneo;
- Integridade do sistema exquelético;
- Volumes e massas na cavidade
celomática;
- Pesagem do paciente.
A contenção pode aumentar em 2 a 3 vezes
a FC, e em 1,5 a 2 vezes a FR.
Em repouso:

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