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Desenvolvimento Infantil 02 1. Psicologia do Desenvolvimento 4 Princípios Básicos 4 Fatores que Influenciam o Desenvolvimento Humano 7 Aspectos Relevantes do Desenvolvimento Humano 8 Plasticidade Neural 8 2. O Desenvolvimento Infantil 11 A História da Educação Infantil 12 Os Objetivos e Práticas da Educação Infantil 15 A Relações Entre o Brincar, a Criança e o Docente 16 3. Jean Piaget 22 Os Estágios do Desenvolvimento Cognitivo 26 Inteligência Eensório-Motora 26 Pensamento Pré-Operacional 27 Operações Concretas 27 Operações Formais 28 4. Lev Vigotsky 30 5. Referências Bibliográficas 35 03 4 DESENVOLVIMENTO INFANTIL 1. Psicologia do Desenvolvimento Fonte: Medicalia Salud1 Princípios Básicos m um texto clássico sobre a psi- cologia do desenvolvimento humano, Biaggio (1978) discute a di- fícil tarefa de conceituá-lo. A contro- vérsia emana sem dúvida do vasto campo de estudo que envolve esta disciplina, principalmente porque sabemos que o desenvolvimento hu- mano envolve o estudo de variáveis afetivas, cognitivas, sociais e bioló- gicas em todo ciclo da vida. 1 Retirado em https://clinicamedicalia.com/ Desta forma faz interface com diversas áreas do conhecimento co- mo: a biologia, antropologia, socio- logia, educação, medicina entre outras. Tradicionalmente o estudo do desenvolvimento humano focou o estudo da criança e do adolescente, ainda hoje muitos dos manuais de psicologia do desenvolvimento abordam apenas esta etapa da vida dos indivíduos (BEE, 1984; COLE & COLE, 2004). E 5 DESENVOLVIMENTO INFANTIL O interesse pelos anos iniciais de vida dos indivíduos tem origem na história do estudo científico do desenvolvimento humano, que se inicia com a preocupação com os cuidados e com a educação das crianças, e com o próprio conceito de infância como um período parti- cular do desenvolvimento (Cole & Cole, 2004; Mahoney, 1998), princi- palmente porque são muitos os fa- tores que influenciam o desenvolvi- mento humano e a qualidade da aprendizagem, e esta por sua vez impulsiona o seu desenvolvimento. O objetivo desse primeiro tó- pico, além de introduzir o assunto é justamente demonstrar a importân- cia e aplicabilidade prática da disci- plina Psicologia do Desenvolvimen- to humano para o curso de Especia- lização em Psicopedagogia. Falar em desenvolvimento nos remete neces- sariamente à aprendizagem e pode- mos inferir que ambos acontecem de forma simultânea, embora nem sempre no mesmo ritmo ou qualida- de. Aprendizagem deriva de apren- der, que provém do latim apprehen- dere, o que significa segurar, apa- nhar, agarrar, tomar conta de algo, apoderar-se. Pode-se compreendê-la como o ato de tomar conhecimento e guar- dar na memória, mas também de apropriar-se de algo, segurando-o, de tomar conta de algo que passa a ser próprio. É importante, desse mo- do, não considerar a aprendizagem apenas como processo de memori- zação, e sim como construção e apropriação vivida do conhecimen- to. É a partir do conhecimento dos processos e etapas do desenvol- vimento e da aprendizagem que o psicopedagogo poderá analisar e re- fletir a respeito: Do desenvolvimento e apren- dizagem normal para cada fase em que a criança se encontra, sempre relacionado-a com os estímulos ambientais que re- cebe; Do comportamento humano quanto às respostas a estímu- los de aprendizagem, conside- rando sua fase de desenvolvi- mento; Da reflexão sobre o processo de desenvolvimento e apren- dizagem para planejar a inter- venção psicopedagógica e fi- nalmente, Da importância dos conheci- mentos de desenvolvimento e aprendizagem para a compre- ensão de novos conceitos espe- cíficos da psicopedagogia. Falar em aprendizagem, em desenvolvimento remete ao contex- to onde estas ações não acontecem, ou seja, existe uma situação, princi- palmente na escola, onde os profis- sionais deparam cotidianamente com dificuldades e problemas de 6 DESENVOLVIMENTO INFANTIL aprendizagem que precisam detec- tar e resolver, uma vez que dentre os objetivos da escola está a construção do conhecimento do aluno. Muitos estudos apontam para uma constituição dos problemas de aprendizagem que, se estão vincu- lados ao aluno e à sua relação com o professor, possuem também impor- tantes fatores sociais, políticos, ins- titucionais e históricos. Fonte: https://docplayer.se/ No entanto, historicamente, a compreensão individual dos proble- mas de aprendizagem acompanhou muitos períodos da Psicologia, da Medicina e da Educação. O desen- volvimento de testes psicológicos e medidas de seleção e avaliação de habilidades ocorreu justamente em atendimento a uma demanda de classificação de habilidades e adap- tação de indivíduos ao mercado e à sociedade industrial capitalista, as- sim como o próprio sistema de ensi- no desenvolveu-se com esta finali- dade (PATTO, 1984). Desse modo, a existência de indivíduos fora do padrão das esca- las montadas a partir de necessida- des de mercado não poderia ser ob- servada a partir de outro olhar senão o de uma diferenciação individual, cuja responsabilidade é, portanto, da constituição de cada sujeito. Nessa conjuntura, a aplicação desses testes e medidas no contexto escolar tomou a forma de um sis- tema de identificação de problemas de desenvolvimento individuais uti- lizado com a finalidade de sanar, através de mecanismos técnicos, os problemas encontrados, muitas ve- zes com causas mais profundas na política educacional, na falta de for- mação e condições de trabalho do professor e no preconceito em rela- ção a alunos de baixa renda. Esse contato da Psicologia com a queixa escolar que se dá a par- tir dos estudos sobre o desenvolvi- mento cognitivo da criança coloca o enfoque desenvolvimentista como centro das explicações sobre a quei- xa escolar, concebida como fruto de dificuldades nos processos de apren- dizagem. É neste âmbito que perdu- rou, até a década de 1960, a utili- zação das terapias de reeducação psicomotora, dos testes de inte- ligência e dos inventários de habili- 7 DESENVOLVIMENTO INFANTIL dades e interesses, no qual entender as dificuldades escolares era, segun- do Patto (1997), medir capacidades e habilidades, o que fazia dos testes ferramentas imprescindíveis à atua- ção escolar dos psicólogos. O caminho para o profissional da Psicopedagogia é justamente es- te: descobrir, aceitar, entender as causas e consequência de determi- nados comportamentos e, com segu- rança, poder distinguir o normal do patológico e assim em conjunto com todas as outras disciplinas atuar de forma coerente, ética e eficaz. Enfim, a importância e aplica- bilidade prática da disciplina Desen- volvimento e humano reside no fato de ser uma disciplina complementar e fundamental para a ação do Psi-co- pedagogo, tendo em vista que explo- ra as diversas teorias que visam a fundamentação da construção do conhecimento necessário a prática psicopedagógica. Fatores que Influenciam o De- senvolvimento Humano Dentre os fatores que influen- ciam o desenvolvimento humano Paín (1992) cita os fatores orgâni- cos, os específicos, os psicógenos e os ambientais que podem ser tra- duzidos em hereditariedade, cres- cimento orgânico, maturação neu- rofisiológica e meio. Fonte: https://manualusa.com/ Ao tratar sobre os fatores or- gânicos, Paín (1992, p. 29) esclarece que a orige de toda aprendizagem está nos esquemas de ação desdo- brados mediante o corpo. Como o indivíduo é um todo e não partes que trabalham isoladas, é necessária uma integração entre anatomia, bom funcionamento de todos os ór- gãos, bem como do sistema nervoso central. No que se refereaos fatores específicos, a autora afirma existi- rem diversas desordens específicas ligadas a determinadas áreas tam- bém específicas, as quais perpassam questões cognitivas e motoras. Quanto aos fatores psicóge- nos, subsidia-se na teoria psicanalí- tica, mas Paín afirma que se devem levar em consideração também as disposições orgânicas e ambientais do sujeito. Ela destaca (1992, p. 32) que, na concepção de Freud, os pro- blemas de aprendizagem não são er- ros, [...]mas são perturbações pro- duzidas durante a aquisição e não nos mecanismos de conservação e 8 DESENVOLVIMENTO INFANTIL disponibilidade [...]; é necessário procurar compreender os proble- mas de aprendizagem não sobre o que se está fazendo, mas sim sobre como se está fazendo. Para Smith e Strick (2001, p. 31) um ambiente estimulante e en- corajador em casa produz estudan- tes adaptáveis e muito dispostos a aprender, mesmo entre crianças cu- ja saúde ou inteligência foi compro- metida de alguma maneira. Segundo Paín (1992, p. 33) o fator ambiental é especialmente de- terminante no diagnóstico do pro- blema de aprendizagem, na medida em que nos permite compreender sua coincidência com a ideologia e os valores vigentes no grupo. Por isso, cada caso deve ser avaliado particularmente, incluindo na avaliação o entorno familiar e es- colar. Se os problemas de aprendi- zagem, estão presentes no ambiente escolar e ausentes nos outros luga- res, o problema deve estar no am- biente de aprendizado. Às vezes, a própria escola, com todas as suas fontes de tensão e ansiedade, pode estar agravando ou causando as difi- culdades na aprendizagem. Aspectos Relevantes do De- senvolvimento Humano Os aspectos mais relevantes do desenvolvimento são: Aspecto Físicomotor: que refere- se ao crescimento orgânico e à matu- ração neurofisiológica. Aspecto Intelectual: é a capaci- dade do pensamento, o raciocínio. Aspecto Afetivo-emocional: é o modo particular de o indivíduo inte- grar as suas experiências. Aspecto Social: é a maneira como o indivíduo reage diante das situa- ções que envolvem outras pessoas. Plasticidade Neural Como sabemos, o processo ensino-aprendizagem pode ser com- prometido pelas chamadas dificul- dades de aprendizagem, as quais re- sultam de fatores que interferem na aquisição de habilidades, ou seja, na reorganização do cérebro que pro- duzirá os novos comportamentos. Nesse contexto podemos falar em plasticidade neural que diz res- peito ao fato de que a estrutura do sistema nervoso central não é fixa ou impermeável à influência do am- biente e dos padrões de atividade funcional. A plasticidade neural é a ca- pacidade do cérebro em desenvolver novas conexões sinápticas entre os neurônios a partir da experiência e do comportamento do indivíduo. A partir de determinados estímulos, mudanças na organização e na loca- lização dos processos de informação 9 DESENVOLVIMENTO INFANTIL podem ocorrer. Através da plastici- dade, novos comportamentos são aprendidos e o desenvolvimento hu- mano torna-se um ato contínuo. Esse fenômeno parte do princípio de que o cérebro não é imutável, uma vez que a plasticidade neural permi- te que uma determinada função do Sistema Nervoso Central (SNC) pos- sa ser desenvolvida em outro local do cérebro como resultado da apren- dizagem e do treinamento (NO- VAES, 2007). A cada novo comportamento aprendido desde o nascimento até a fase adulta, várias conexões neurais ocorrem e se fixam no SNC, contri- buindo para seu desenvolvimento normal e evolutivo. A plasticidade neural é natural e essencial para o aprendizado, para o desenvolvimen- to das funções neuropsicológicas e motoras do indivíduo. Assim, é pos- sível continuar a estimular o indi- víduo, seja por meio de psicoterapia, de exercícios específicos e de treina- mentos, de maneira que quanto maior a quantidade de estímulos, melhor será o nível de funciona- mento (NOVAES, 2007). Lima (2005) acredita que o conhecimento dos processos bioló- gicos, neurológicos e culturais que levam o ser humano a aprender é es- sencial para o professor desenvolver melhor seu papel. Segundo a mesma autora, quando o professor se percebe como um indivíduo em contínua aprendi- zagem, ele muda a relação que tem com o saber. Ele precisa voltar a ser aluno para aprender a ensinar por outra perspectiva. E isso faz com que o educador se sinta um instrumento fundamental no processo antropo- lógico. Ela defende que o professor não pode perder a dimensão de que a escola é o lugar da ampliação da experiência humana, onde gente co- mo ele constrói conhecimentos. Pa- ra isso, é necessário um currículo bem estruturado que deve funda- mentar-se nos cinco pilares que nor- teiam o processo de formação do ser humano: memória, atenção, percep- ção, pensamento e imaginação. Ao tratar dos atuais métodos de ensino vigentes, a autora aponta que, do ponto de vista neurológico, para aprender é preciso rever o que está na memória. As duas primeiras semanas de aula deveriam ser dedicadas à revi- são, à construção do novo grupo na sala de aula e ao conhecimento da comunidade, da cultura dos alunos e de seus pais. Esse trabalho de apro- ximação, além de prazeroso, facilita o processo no decorrer do ano letivo‖ (LIMA, 2005). 11 DESENVOLVIMENTO INFANTIL 2. O Desenvolvimento Infantil Fonte: Só Escola2 brincar na educação infantil é o meio mais importante da criança se expressar, pois uma vez brincando, entre outras realiza- ções, ela estará conversando, facili- tando o seu crescimento e inician-do sua integração social, ou seja, apren- dendo a conviver com os outros e situando-se frente ao mundo que a cerca. Kramer (2002) acredita na importância do brincar e afirma que brincando a criança aprende, com- preende e experimenta suas emo- ções além de elaborar novas emo- ções. 2 Retirado em https://www.soescola.com/ Assim, é preciso dar ênfase às metodologias que se alicerçam no brincar, no facilitar as coisas do aprender através do jogo, da brin- cadeira, da fantasia, do encanta- mento, uma vez que estão presentes em todas as fases da vida do ser hu- mano, tornando especial sua exis- tência. Frente a estas premissas, este capítulo tem como objetivo geral delinear e analisar a importância do brincar na educação infantil focando o papel do psicopedagogo nas orien- tações ao professor, a prevenção e detecção precoce de possíveis pro- O 12 DESENVOLVIMENTO INFANTIL blemas de aprendizagem para que este desenvolva um trabalho cons- trutivo com os alunos do ensino infantil. Na primeira infância as contri- buições da Psicopedagogia são im- portantes para o desenvolvimento da criança e esperamos que perce- bam que essas contribuições se dão mais numa perspectiva de preven- ção do que de intervenção propria- mente dita. A História da Educação In- fantil Na Idade Média, a criança era considerada um pequeno adulto, que executava as mesmas ativida- des dos mais velhos, possuindo pe- quena expectativa de vida por causa das precárias condições de vida e sendo importante crescer rápido pa- ra entrar na vida adulta. Assim aos sete anos a criança (tanto rica quan- to pobre) era colocada em outra fa- mília para aprender os trabalhos do- mésticos e valores humanos, atra- vés de aquisição de conhecimento e experiências práticas. Os colégios existentes nesta época, dirigidos pe- la Igreja, estavam reservados para um pequeno grupo de clérigos (prin- cipalmente do sexo masculino), de todas as idades (FARIA, 1997). Na Idade Moderna, a Revolu- ção Industrial, o Iluminismo e a constituição de Estados laicos trou- xeram transformações sociais e inte-lectuais, modificando a visão que se tinha da criança. A criança nobre passa a ser tratada diferentemente da criança pobre. Tinha-se amor, piedade e dor por essa criança. La- mentava-se a morte de dela, guar- dando retratos para torná-la imor- tal, já a criança da plebe, não tinha esse tratamento. Contudo, aí come- çam a surgir as primeiras propostas de educação e moralização infantil. Se na sociedade feudal, a criança co- meçava a trabalhar como adulto logo que passava a faixa da mortalidade, na sociedade burguesa ela passou a ser alguém que precisava ser cuida- da, escolarizada e preparada para uma atuação futura. Essa missão fora incumbida aos colégios. Inicial- mente, o ensino foi direcionado para os meninos (meninas, só a partir do século XVIII). A educação se tornou mais pedagógica, menos empírica. Nessa época surgiu o castigo corporal como forma de educação disciplinar, por considerar a criança frágil e incompleta, sendo utilizado tanto pelas famílias quanto pelas es- colas. Isso legitimava o poder do adulto sob criança. Com a educação e com os castigos, crianças e adoles- centes foram se unindo cada vez mais devido ao mesmo tratamento, passando a se distanciar da vida adulta. Também surgem nessa épo- 13 DESENVOLVIMENTO INFANTIL ca, as primeiras creches para abriga- rem filhos das mães que trabalha- vam na indústria (FARIA, 1997). Com o advento do capitalismo e suas mudanças científicas e tecno- lógicas, a criança passa a ser vista como um ser que precisava ser pre- parada para atuar no futuro, mas a sociedade capitalista ainda vê a criança como um ser a-histórico, a- crítico, fraco e incompetente, econo- micamente não produtivo, que o adulto deve cuidar. Na educação, cria-se o primário para as classes populares, de pequena duração, com ensino prático para formação de mão de obra; e o ensino secundário para a burguesia e para a aristocra- cia, de longa duração, com o obje- tivo de formar eruditos, pensantes e mandantes. A educação tem um valor de investimento a médio ou longo pra- zo e o desenvolvimento da criança contribuíra futuramente para au- mentar o capital familiar (KRAMER, 1992, p. 23). Ainda segundo Kramer (1992, p.26) a educação pré-escolar come- çou a ser reconhecida como necessá- ria tanto na Europa quanto nos Es- tados Unidos durante a depressão de 1930. Seu principal objetivo era o de garantir emprego a professores, enfermeiros e outros profissionais e, simultaneamente, fornecer nutri- ção, proteção e um ambiente saudá- vel e emocionalmente estável para crianças carentes de dois a cinco anos de idade. Assim, somente depois da Se- gunda Guerra Mundial é que o aten- dimento pré-escolar tomou novo impulso, pois a demanda das mães que começaram a trabalhar nas in- dústrias bélicas ou naquelas que substituía o trabalho masculino au- mentou. Houve uma preocupação assistencialista-social, onde se tinha a preocupação com as necessidades emocionais e sociais da criança. Crescia o interesse de estudiosos pelo desenvolvimento da criança, a evolução da linguagem e a interfe- rência dos primeiros anos em atua- ções futuras e ressurgia a preocu- pação com o método de ensino rea- parecia. No Brasil Escravista, a criança escrava entre 6 e 12 anos já fazia pe- quenas atividades como auxiliares. A partir dos 12 anos eram vistos co- mo adultos tanto para o trabalho quanto para a vida sexual. A criança branca, aos 6 anos, era iniciada nos primeiros estudos de língua, gra- mática, matemática e boas manei- ras. Vestia os mesmos trajes dos adultos (KRAMER, 1992). Com a Abolição da Escravatu- ra e a Proclamação da República, a sociedade abre portas para uma nova sociedade, impregnada com ideias capitalista e urbano-indus- 14 DESENVOLVIMENTO INFANTIL trial. Kramer (1992) analisa que nes- te período o país era dominado pela intenção de determinados grupos de diminuir a apatia que dominava as esferas governamentais quanto ao problema da criança. Eles tinham por objetivo: [...] elaborar leis que regulas- sem a vida e a saúde dos recém- nascidos; regulamentar o servi- ço das amas de leite; velar pelos menores trabalhadores e crimi- nosos; atender às crianças po- bres, doentes, defeituosas, mal- tratadas e moralmente abando- nadas; criar maternidades, cre- ches e jardins de infância (KRA- MER, 1992, p. 52). Assim, observa-se que no Bra- sil, o surgimento das creches foi um pouco diferente do restante do mun- do. Enquanto no mundo a creche servia para as mulheres terem con- dição de trabalhar nas indústrias, no Brasil, as creches populares serviam para atender não somente os filhos das mães que trabalhavam na in- dústria, mas também os filhos das empregadas domésticas. As creches populares atendiam somente o que se referia à alimentação, higiene e segurança física. Eram chamadas de Casa dos Expostos ou Roda. O estado de bem-estar social, surgido nos anos 1930, a partir do processo de industrialização, não atingiu todos da população da mes- ma forma, trazendo desenvolvimen- to e qualidade só para alguns. A teo- ria foi muito trabalhada, mas pouco colocada em prática. Neste sentido, as políticas sociais reproduziam o sistema de desigualdades existentes na sociedade. A partir da década de 1960 até meados de 1970, tem-se um período de inovação de políticas sociais e a Constituição passa a garantir o nível básico obrigatório e gratuito, esten- dendo para oito anos esse nível. Sur- ge ainda a Lei n. 5692/71 com o prin- cípio de municipalização do ensino fundamental. Em meados de 1970, observa- se uma crescente evasão escolar e re- petência das crianças das classes po- bres no primeiro grau e, por causa disso, foi instituída a educação pré- escolar (chamada educação com- pensatória) para crianças de quatro a seis anos para suprir as carências culturais existentes na educação fa- miliar da classe baixa. Kramer (1992) aponta que es- sas pré-escolas não possuíam um ca- ráter formal; não havendo contrata- ção de professores qualificados e re- muneração digna para a construção de um trabalho pedagógico sério, sendo que muitas vezes, a mão de obra, que constituía as pré-escolas, era formada por voluntários, que ra- pidamente desistiam desse trabalho. Ainda observava-se, nas creches e escolas públicas, um caráter assis- 15 DESENVOLVIMENTO INFANTIL tencialista, que consistia na oferta de alimentação, higiene e segurança física, sendo muito vezes prestado de forma precária e de baixa quali- dade, enquanto as creches partícula- res desenvolviam atividades educa- tivas, voltadas para aspectos cogniti- vos, emocionais e sociais. Consta-se um maior número de creches parti- culares, devido à privatização e à transferência de recursos públicos para setores privados. Kramer (1992) relata que atra- vés de congressos da ANPED (Asso- ciação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Educação) e da Consti- tuição de 1988 é que a educação pré- escolar passou a ser vista como ne- cessária e de direito de todos, além de ser dever do Estado devendo ser integrada ao sistema de ensino (tan- to creches como escolas). A partir daí, tanto a creche quanto a pré-escola foram incluídas na política educacional, seguindo uma concepção pedagógica, comple- mentando a ação familiar, e não mais assistencialista, passando a ser um dever do Estado e direito da criança. Esta perspectiva pedagógi- ca vê a criança como um ser social, histórico, pertencente a uma deter- minada classe social e cultural. Concluindo, a educação infan- til é muito nova, sendo aplicada real- mente no Brasil a partir dos anos 19 30, quando surge a necessidade de formar mão de obra qualificada para a industrialização do país, mas a criança somente no final dos anos 90 e início do século XXI passa aser percebida como um ser integral e social. Os Objetivos e Práticas da Educação Infantil Na década de 1970, Kramer (1992) lembra que o discurso oficial do governo era no sentido de que a pré-escola tinha como função pri- mordial suprir as carências e defi- ciências que trazia a criança das classes menos favorecidas, partin- do do pressuposto que a família não conseguia dar às crianças condições para o seu bom desempenho na es- cola. A pré-escola, dentro desta vi- são, serviria para prever estes pro- blemas (carências culturais, nutri- cionais, afetivas), proporcionando a partir daí, a igualdade de chances a todas as crianças, garantindo seu bom desempenho escolar. Contudo, nos últimos anos, se ampliou o questionamento dos pro- gramas compensatórios na medida em que se foi estabelecendo um con- senso de que não prestam um be- nefício efetivo às crianças das clas- ses populares, servindo, muito ao contrário, para descriminá-las e marginaliza-las com maior precoci- dade. 16 DESENVOLVIMENTO INFANTIL Assim, nos dias atuais, sabe-se que a pré-escola tem uma função pedagógica para com a criança, quer seja ela de classes baixas ou abasta- das. Tem, sim, a função de formar hábitos e atitudes, mas não como sua função básica. Fundamental na pré-escola é o incentivo à criativida- de e as descobertas das crianças, ao jogo e à espontaneidade, que deve- riam permear as relações infantis. O formar hábitos significa aqui, treinar, condicionar a regras e padrões estabelecidos, enquanto que, propiciar o jogo criativo, num clima―espontâneo e livre requer fle- xibilidade e possibilidade de inven- ção, então se vê que essas duas fina- lidades não levam em consideração a sua inserção social. Mas faltam a ambos a percep- ção das crianças como sendo parte de um todo que as envolve, o que a prática pedagógica pode e deve pre- encher, substituindo a prática―for- madora permissiva por uma prática política e social. Enfim, como objetivo, a escola para o ensino infantil precisa reali- zar um trabalho que toma a realida- de e os conhecimentos infantis como ponto de partida e os amplia, através de atividades que têm um significa- do concreto para a vida das crianças e que, simultaneamente, asseguram a aquisição de novos conhecimen- tos. Desta forma, um programa que pretenda atingir tais objetivos não pode prescindir de capacitação dos recursos humanos nele envolvi- dos, nem tampouco de supervisão constante do trabalho. A capacitação (prévia e em serviço) e a supervisão, aliados à dotação de recursos finan- ceiros específicos, bem como à defi- nição da vinculação trabalhista dos recursos humanos, se constituem em condições capazes de viabilizar, então, um tipo de educação pré-es- colar que não apenas eleve seus nú- meros, mas, principalmente, a qua- lidade do serviço prestado à popu- lação. A Relações Entre o Brincar, a Criança e o Docente Os dizeres de Bettelheim (19 88, p.168) ―brincar é muito impor- tante porque, enquanto estimula o desenvolvimento intelectual da criança, também ensina, sem que ela perceba, os hábitos necessários ao crescimento”, leva à convicção de que é através do brincar que a crian- ça se desenvolve e se constitui. Assim, pensar a importância do brincar remete às mais diversas abordagens existentes, tais como: A cultural, que analisa o jogo como expressão da cultura, es- pecificamente a infantil; A educacional que analisa a contribuição do jogo para a 17 DESENVOLVIMENTO INFANTIL educação, desenvolvimento e/ ou aprendizagem da criança e, A psicológica que vê o jogo co- mo uma forma de compreen- der melhor o funcionamento da psique, enfim, das emo- ções, da personalidade dos in- divíduos (RAMOS, 2000). Por outro lado, tem-se a preo- cupação com a formação de educa- dores da Educação Infantil que vem se tornando mais importante e visí- vel uma vez que tem-se reconhecido que a educação de 0 a 6 anos passou da simples visão de ―creche onde os pais colocavam seus filhos enquanto trabalhavam, para a primeira etapa da educação das crianças, onde elas constituem a base para todo seu de- senvolvimento como pessoa, como ser integrado ao meio social em que vivemos. Neste processo estão envolvi- das as relações professor-aluno, pro- fessor-supervisor, bem como as me- todologias e os materiais a serem utilizadas. No tocante às metodologias e aos materiais, o brincar e os brin- quedos são suportes primordiais. Brincando, a criança vai gradativa- mente aprendendo a supor o que os outros pensam, buscando coordenar ativamente seu comportamento com o de seus parceiros. Jogos são adequados para a expressão de fantasiar e de expe- riência de todos os tipos e com gran- de detalhe. Os vários pensamentos nas brincadeiras da criança e os afe- tos a eles associados (que podem em parte ser adivinhados a partir do as- sunto dos seus jogos em parte são claramente expressos) são apresen- tados um ao lado do outro e dentro de um espaço pequeno, com o obje- tivo de representar a contiguidade temporal, da ordem no tempo das várias fantasias e experiências da criança (KLEIN, 1997, p. 52). De acordo com Wajskop, o brincar [...] cria na sua criança uma nova forma de desejos. Ensina-a a desejar, relacionando os seus dese- jos a um eu fictício, ao seu papel na brincadeira e suas regras. Dessa ma- neira, as maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinque- do, aquisições que no futuro torna- se seu nível básico de ação real e mo- ralidade (WAJSKOP, 1995, p. 34). Para Vygotsky (1991), a brin- cadeira é uma situação privilegiada de aprendizagem infantil, onde o de- senvolvimento pode alcançar níveis mais complexos como possibilida- des de interação e negociação de re- gras. Na utilização dos brinquedos, a criança cria normas e funções que apenas tem significado naquelas re- lações específicas. Para tanto, o brinquedo representa uma parte do 18 DESENVOLVIMENTO INFANTIL universo que conhece e que se des- cobre a cada dia. É importante que se concilie o brincar e o ensinar, pois somente estimulando as áreas de desenvolvi- mento infantil é que esta se desen- volverá. Para que a criança consiga exercer a capacidade de criar, ela tem que primeiramente aprimorar aquilo que já lhe foi ensinado. Hoje em dia, o conteúdo da brincadeira tem mudado, mas a essência não alterou, a criança ainda brinca de mamãe e filhinha, de bola, de queimada, como muitos anos atrás. Cada criança é única e vê as coisas de forma diferente umas das outras. É no ato do brincar que se observa como elas enfrentam alguns problemas e/ou dificuldades, mos- trando-se a aceitação do outro, ex- pressando suas habilidades (moto- ra, cognitiva, afetiva, social e lin- guística). É de grande importância que os professores valorizem e utilizem o brincar como recursos, porque a brincadeira é um tipo de atividade cuja base genética é comum à da ar- te, ou seja, trata-se de uma atividade social, dos quais a criança recria a realidade através da utilização de sistemas simbólicos próprios. Ao mesmo tempo é uma atividade espe- cífica da infância, considerando que esta foi ocupando um lugar diferen- ciado na sociedade. Considerando o papel educa- cional da pré-escola para as crianças de 0 a 6 anos, a compreensão da brincadeira enquanto atividade so- cial infantil poderia auxiliar no es- clarecimento de sua ligação com es- se grau de ensino. Passa a ser obrigatório então, que os centros de educação infantil e pré-escola tenham autorização de funcionamento e atendam às nor- mas pedagógicas, administrativas e físicas adequadas a essa faixa etária. A escola tem a importante função de contribuir para as transformações necessárias de formar na sociedade cidadãos mais democráticos,favore- cendo assim um desenvolvimento infantil e um conhecimento básico, para sua iniciação no ensino funda- mental. Enquanto a pré-escola é por um lado um fenômeno educacional urbano, por outro, acolhe crianças cuja atividade fundamental, do pon- to de vista afetivo, motor, social, cognitivo e linguístico, estão marca- das pelos acontecimentos e relações sociais vividas por ela. Nesse contexto, os estudos da Psicologia têm contribuído para se conhecer o desenvolvimento infantil nas diferentes áreas faladas acima: Social: Envolve a socialização, a descoberta, a autonomia, a seguran- 19 DESENVOLVIMENTO INFANTIL ça e a autoconfiança, a criança aprende a conviver com as dife- renças; Afetivo: A criança aprende a com- preender a si mesma e aos outros, as atitudes no convívio social, constrói sua autoestima. Estudos mostram que a maioria dos casos de dificul- dades de aprendizagem tem como causa a questão afetiva; Motor: Uso que a criança faz do seu corpo, inclui expressão corporal, equilíbrio, lateralidade, habilidade. Entende-se que a criança precisa manifestar seus movimentos e ex- plorar seu corpo; Cognitivo: A capacidade de apren- der e aplicar, resolver problemas, impor regras. Refere-se, também, ao desenvolvimento progressivo das estruturas mentais que viabilizam o conhecimento físico e o recurso para o pensar. É no decorrer das ativida- des que as crianças incluem dados e enfrenta desafios trocando informa- ções umas com as outras e é com os adultos que elas desenvolvem seu pensamento; Linguístico: É fundamental para a socialização, e por meio dela que se comunica. Podemos expressar de várias formas: historinhas, música, conversas, etc. São linguagens cada vez mais conhecidas e trabalhadas que proporcionam à criança uma vi- são de mundo para seu processo de construção da linguagem escrita. Esses aspectos estão presentes na vida da criança e cada vez mais, favorecem a exploração, a descober- ta e construção para a função peda- gógica da pré-escola. Isso significa que as crianças são diferentes, cada uma tem sua classe e cultura que precisam ser discutida e respeitada. Para tanto, a escola deve buscar alternativas para atender as crianças e compreender suas experiências, as condições de vida de cada uma delas e valorizar a relação família/escola, para desen- volver um trabalho e enfrentar as di- ficuldades e contradições para que possam beneficiar as crianças. Atualmente, muitas escolas destinadas a crianças de 4 a 6 anos, adotam o modelo escolar. Poucos são os espaços para brincadeiras li- vres. Os horários são rígidos, com turmas homogêneas, atividades pa- dronizadas e pouca escolha da criança. Para tanto, com a evolução dos materiais, cria a necessidade de ade- quar o espaço da brincadeira, sem que se perca a característica do brin- car como ação livre, iniciada e man- tida pela criança. A escola deve preocupar com a qualidade de vida das famílias e com as condições que as crianças acom- panhadas têm para se desenvolver, procurar conscientizar sobre a im- portância do brincar para o desen- 20 DESENVOLVIMENTO INFANTIL volvimento infantil. É neste mo- mento que entra o professor, como peça fundamental para o desenvol- vimento da criança, acolhendo as mesmas, em uma busca constante de si mesma, através do ato de brin- car, onde elas têm a possibilidade de se libertarem criando um novo mun- do, expressando o que estão real- mente sentindo, permitindo assim, ao professor com sua sabedoria e percepção, interpretar aquilo que a criança está tentando lhe dizer, de uma forma mais simples e abstrata, que só terá efeito àquele professor que se adere ao lúdico. Enquanto se divertem, as crianças nem imaginam que estão se conhecendo, aprendendo e desco- brindo o mundo. Os jogos e as brin- cadeiras propiciam a ampliação dos conhecimentos infantis, sendo fun- damental que a escola veja as brin- cadeiras como algo sério, que deva ser utilizado por todo o currículo es- colar, por isso, é papel da escola ga- rantir espaços para atividades lúdi- cas, tanto em sala de aula quanto ao ar livre. Qualquer atividade para a criança e com a criança tem um sen- tido educativo: o olhar estabelece uma troca de sentimentos de con- fiança (ou desconfiança), manifesta carinho e compreensão (ou indife- rença e raiva), desperta entusiasmo e alegria (ou inibe e amedronta); o toque da mão do adulto pode trans- mitir segurança ou medo; intriga ou retraimento); a forma de dar de ma- ma na mamadeira comunica as emo- ções do adulto e desperta emoções na criança (DIDONET, 2003, p. 9). A diferença de uma pré-escola de qualidade resulta do critério de qualidade, em que se tem como objetivo uma educação democrática, pois a diferença se faz no momento em que as crianças atingem o mes- mo objetivo independente de suas origens, sejam elas, sociais, culturais ou econômicas. A base para que ocorra um bom desenvolvimento da criança está nas funções complementares e adquiridas como: cuidar e educar. Cuidar e educar, de acordo com as novas diretrizes, devem ca- minhar juntos, possibilitando que ambas as ações construam a iden- tidade e a autonomia da criança. Essas ações conjuntas dos educado- res e das demais equipes é que ga- rantem para que essas duas práti- cas aconteçam de forma integrada, contando que haja uma parceria fa- mília-escola para o sucesso do edu- cando. 22 DESENVOLVIMENTO INFANTIL 3. Jean Piaget Fonte: Medium3 ean Piaget (1896-1980) foi um psicólogo e filósofo suíço, co- nhecido pelo seu trabalho pioneiro no campo da inteligência infantil. Ele passou grande parte de sua car- reira profissional interagindo com crianças e estudando o seu processo de raciocínio. Os seus estudos tive- ram um grande impacto sobre os campos da Psicologia e Pedagogia. Para Piaget toda necessidade tende primeiro a incorporar as pes- soas e as coisas na atividade própria do sujeito, portanto, assimilar o 3 Retirado em https://medium.com/ mundo exterior às estruturas já construídas e, segundo, a reajustar estas em função das transformações sofridas, portanto, acomodá-las aos objetos externos. De acordo com as ideias de Piaget, os atos biológicos são atos de adaptação ao meio físico e organi- zações do meio ambiente, sempre procurando manter um equilíbrio. Assim, Piaget entende que o desen- volvimento intelectual age do mes- mo modo que o desenvolvimento J 23 DESENVOLVIMENTO INFANTIL biológico (WADSWORTH, 1993 e KAMII, 2003). A Epistemologia Genética é a teoria desenvolvida por Jean Piaget, e consiste numa síntese das teorias então existentes, o apriorismo e o empirismo. Piaget não acredita que o conhecimento seja inerente ao próprio sujeito, como postula o apriorismo, nem que o conhecimen- to provenha totalmente das observa- ções do meio que o cerca, como pos- tula o empirismo. Fonte: https://www.ithistory.org/ Para Piaget, o conhecimento é gerado através de uma interação do sujeito com seu meio, a partir de es- truturas existentes no sujeito. Assim sendo, a aquisição de conhecimen- tos depende tanto das estruturas cognitivas do sujeito como de sua re- lação com os objetos. Durante ses- senta anos, Jean Piaget coordenou projetos de pesquisas, que deram base à compreensão contemporânea do desenvolvimento infantil. Piaget estava interessado em investigar co- mo o conhecimento se desenvolvia nos humanos. Piaget fez sua forma- ção inicial em Biologia e por isso al- guns conceitos desta disciplina in- fluenciaram sua teoria e descobertas sobre o desenvolvimento infantil. Epistemologia Genética O trabalho do epistemólogo (A epistemologiaé a parte da filosofia que tenta enterder conceitos, conhe- cidos que estão apoiados por dados. Os epistemólogos tentam avaliar a ideia, própria do senso comum que possuímos realmente conhecimen- to) suíço Jean Piaget é, sem dúvida alguma, uma das principais contri- bui-ções ao entendimento de como o ser humano se desenvolve (ROSA, 2010). A Epistemologia Genética proposta é essencialmente baseada na inteligência e na construção do conhecimento e visa responder à questão não só de como os indiví- duos, sozinhos ou em conjunto, constroem conhecimentos, mas também por quais processos e por 24 DESENVOLVIMENTO INFANTIL que etapas eles conseguem fazer isso (ROSA, 2010; PÁDUA, 2009). A tese fundamental do pensa- mento piagetiano é a de que so- mente uma visão desenvolvimentis- ta e articulada do conhecimento – quer dizer não calcada em estrutu- ras pré-formadas, sejam racionalis- tas, focadas na anterioridade do su- jeito, sejam empiristas, focadas na do objeto — pode prover uma res- posta a problemas que, tradicional- mente, são evitados pela filosofia de caráter meramente especulativo (ROSA, 2010; DOWNS; LIBEN apud ABREU ET AL, 2010). O nome Epistemologia Gené- tica, dado por Piaget a sua obra, de- nota a sua principal preocupação. A Epistemologia é definida como uma reflexão sobre os princípios funda- mentais das Ciências: Episteme (Ciência, no sentido mais amplo, pa- ra os gregos, e, sobretudo, mas não apenas, fundamentos do conheci- mento científico, para nós moder- nos) + logos (tratado, estudo), des- tacando, o autor, sua preocupação metodológica a respeito da forma como o conhecimento surge no ser humano, inclusive das raízes mes- mas do conhecimento mais elemen- tar, as quais não se absolutizam em um conhecimento primeiro, como, aliás, adverte o próprio Piaget logo na introdução: a grande lição con- tida no estudo da gênese ou das gê- neses é, pelo contrário, mostrar que não existem jamais conhecimentos absolutos (ROSA, 2010; PÁDUA, 2009). E nesse sentido, ele destaca que a Epistemologia Genética obje- tiva explicar a continuidade entre processos biológicos e cognitivos, sem tentar reduzir os últimos aos primeiros, o que justifica, e ao mes- mo tempo delimita, a especificidade de sua pesquisa epistemo-lógica: o termo genético. Destaca ainda que a inteligên- cia é a solução de um problema novo para o indivíduo, sendo uma coor- denação dos meios para atingir certo fim, o qual não é acessível de manei- ra imediata; daí o método genético, essencialmente retrospectivo. Já o pensamento é a inteligência interio- rizada e se apoiando não mais sobre a ação direta, mas sobre um simbo- lismo, sobre a evocação simbólica pela linguagem, pelas imagens mentais. Mas como diz Piaget, ainda anterior ao objeto constituído sim- bolicamente enquanto tal por um, apenas por então, efetivo sujeito do conhecimento, existe enquanto ação direta, retrospectivamente falando, a zona de contato entre o corpo pró- prio e as coisas [onde] eles [sujeitos determinados apenas enquanto de- terminam simultaneamente seu ob- jeto] se empenharão, então, sempre 25 DESENVOLVIMENTO INFANTIL mais adiante nas duas direções com- plementares do exterior e do inte- rior, e é desta dupla construção pro- gressiva que depende a elaboração solidária do sujeito e dos objetos (ROSA, 2010; PÁ-DUA, 2009). Nesse sentido, ele sugere que há evolução natural-cognitiva da aquisição de conhecimentos. Assim, há quatro estágios nos quais os su- jeitos são quiescentes para evoluí- rem, de um estado de total desco- nhecimento do mundo que o cerca até o desenvolvimento da capacida- de de conhecer o que ultrapassa os limites do que está a sua volta (RO- SA, 2010; PÁDUA, 2009). Estágio 1: Do nascimento até apro- ximadamente dois anos de idade, a criança se encontra no estágio sen- sório-motor, atingindo um nível de equilíbrio biológico e cognitivo que permite constituir uma estrutura linguística, isto é propriamente con- ceitual; e isso por volta dos 12 - 18 meses. Estágio 2: Terminado este período, ela adentra no estágio pré-operató- rio, calcado na constituição ainda in- cipiente de uma estrutura operató- ria, e permanece nele até completar mais ou menos 7 - 8 anos, sendo que o equilíbrio próprio é atingido aqui quando a criança está com a idade de 4 - 5 anos. Estágio 3: Operatório concreto. Com início no final do segundo está- gio e calcado na capacidade de co- ordenar ações bem ordenadas em sistemas de conjunto ou estruturas, suscetíveis de se fecharem enquan- to tais, ele tem duração, em média, até os 11 - 12 anos. E quanto, especi- ficamente, ao nível de equilíbrio próprio, este acontece aqui por volta dos 9 - 10 anos. Estágio 4: operatório formal, que se inicia ao final do terceiro estágio e no qual o ser humano permanece por toda a vida adulta, atingindo um estado de equilíbrio próprio por vol- ta dos 14 – 15 anos de idade. Independentemente do está- gio em que os seres humanos se en- contram, a aquisição de conheci- mentos segundo Piaget acontece por meio da relação sujeito/objeto. Esta relação é dialética e se dá por pro- cessos de assimilação, acomodação e equilibração, num desenvolvimen- to sintético mútuo e progressivo. O dinamismo da equilibração acontece por meio de sucessivas si- tuações de equilíbrio – desequilíbrio - reequilíbrio que visam, por assim dizer, -dominar o objeto do conheci- mento que vai se constituindo nesse processo (ROSA, 2010; PERRET- CLERMONT, 1987 apud ABREU ET AL, 2010). A necessidade de conheci- mento do objeto pelo sujeito leva-o a executar desde simples ações até operações sobre o objeto. Por um 26 DESENVOLVIMENTO INFANTIL lado, os estágios foram estabeleci- dos evolutivamente, a partir do que inicialmente faltava enquanto pura necessidade ainda não identificada com um objeto específico enquanto tal, até que se chegasse à capacidade de realizar operações formais pelas quais se abstrai de um objeto visto subjetivamente como puramente em si, e isso após a constituição para si de objetos propriamente concretos. Mas, por outro lado, para além de um puro fluxo contínuo abstrata- mente determinante dos estágios em seu abstrato para si, as próprias ope- rações perpassariam três grandes etapas estruturantes que as levariam a se libertar da duração objetiva- mente do contexto psicológico das ações do sujeito, com o que estas comportam de dimensão causal, pa- ra finalmente atingirem esse caráter extemporâneo, essencialmente es- trutural e pensado apenas através da reconstituição de sua gênese tempo- ral, que é próprio das ligações ló- gico-matemáticas depuradas (PIA- GET, 1973; LOURENÇO, ORLAN- DO; 1998). O professor tem o papel de coordenar as atividades, perceber como cada aluno se desenvolve e propor situações de aprendizagem significativas. O conteúdo é impor- tante, mas o processo pelo qual o aluno chega a ele é a prioridade. Seus defensores afirmam que mais importante do que a informação me- ramente transmitida é saber chegar a ela e estabelecer relações e compa- rações.A aplicação dessa teoria tem possibilitado a formação de crianças que vão além do mero conteúdo as- similado. São mais críticas, opinati- vas, investigativas. Sua disciplina está voltada para a reflexão e auto- avaliação, portanto, não é conside- rada rígida. Os Estágios do Desenvolvi- mento Cognitivo Inteligência Eensório-Motora Neste estágio, a partir de refle- xos neurológicos básicos, o bebê co- meça a construir esquemas de ação para assimilar mentalmente o meio. Também é marcado pela construção prática das noções de objeto, espaço, causalidade e tempo. As noções de espaço e tempo são construídas pela ação, configurando assim, uma inte- ligência essencialmenteprática (TA- FNER, 2007). É assim que os esquemas vão "pouco a pouco, diferenciando-se e integrando-se, no mesmo tempo em que o sujeito vai se separando dos objetos podendo, por isso mesmo, interagir com eles de forma mais complexa". Nitzke et al (s.d) (apud TAFNER, 2007) dizem que o conta- to com o meio é direto e imediato, sem representação ou pensamento. 27 DESENVOLVIMENTO INFANTIL Fonte: https://medium.com/ Exemplos: O bebê pega o que está em sua mão; "mama" o que é posto em sua boca; "vê" o que está diante de si. Aprimorando esses esquemas, é capaz de ver um objeto, pegá-lo e levá-lo a boca. Pensamento Pré-Operacional É nesta fase que surge, na criança, a capacidade de substituir um objeto ou acontecimento por uma representação (PIAGET e INHELDER apud TAFNER, 2007), e esta substituição é possível, con- forme Piaget, graças à função sim- bólica. Assim este estágio é também muito conhecido como o estágio da Inteligência Simbólica. Contudo, Macedo (s.d apud TAFNER, 2007) lembra que a ativi- dade sensório-motor não está es- quecida ou abandonada, mas refi- nada e mais sofisticada, pois veri-fi- ca-se que ocorre uma crescente me- lhoria na sua aprendizagem, permi- tindo que a mesma explore melhor o ambiente, fazendo uso de mais e mais sofisticados movimentos e per- cepções intuitivas. A criança deste estágio: É egocêntrica, centrada em si mesma, e não consegue se co- locar, abstratamente, no lugar do outro. Não aceita a ideia do acaso e tudo deve ter uma explicação (é fase dos "por quês"). Já pode agir por simulação, "como se". Possui percepção global sem discriminar detalhes. Deixa se levar pela aparência sem relacionar fatos. Exemplos: Mostram-se para a criança, duas bolinhas de massa iguais e dá-se a uma delas a forma de salsicha. A criança nega que a quan- tidade de massa continue igual, pois as formas são diferentes. Não rela- ciona as situações. Operações Concretas Conforme Nitzke et al (s.d apud TAFNER, 2007), neste estágio a criança desenvolve noções de tem- po, espaço, velocidade, ordem, ca- sualidade, sendo então capaz de re- 28 DESENVOLVIMENTO INFANTIL lacionar diferentes aspectos e abs- trair dados da realidade. Apesar de não se limitar mais a uma represen- tação imediata, depende do mundo concreto para abstrair. Um importante conceito desta fase é o desenvolvimento da reversi- bilidade, ou seja, a capacidade da re- presentação de uma ação no senti- do inverso de uma anterior, anulan- do a transformação observada. Exemplos: Despeja-se a água de dois copos em outros, de forma- tos diferentes, para que a criança di- ga se as quantidades continuam iguais. A resposta é afirmativa uma vez que a criança já diferencia aspec- tos e é capaz de "refazer" a ação. Operações Formais Segundo Wadsworth (1993) é neste momento que as estruturas cognitivas da criança alcançam seu nível mais elevado de desenvolvi- mento. A representação agora per- mite à criança uma abstração total, não se limitando mais à representa- ção imediata e nem às relações pre- viamente existentes. Agora a criança é capaz de pensar logicamente, for- mular hipóteses e buscar soluções, sem depender mais só da observa- ção da realidade. Em outras palavras, as estru- turas cognitivas da criança alcançam seu nível mais elevado de desenvol- vimento e tornam-se aptas a aplicar o raciocínio lógico a todas as classes de problemas. Exemplos: Se lhe pedem para ana- lisar um provérbio como "de grão em grão, a galinha enche o papo", a criança trabalha com a lógica da ideia (metáfora) e não com a ima- gem de uma galinha comendo grãos. Enfim, os períodos de desen- volvimento que delimitam as formas de organização da atividade mental de uma criança tornam-se um dos aspectos mais importantes dos estu- dos de Piaget. 29 30 DESENVOLVIMENTO INFANTIL 4. Lev Vigotsky Fonte: Medium4 igotsky, professor e pesquisa- dor viveu na Rússia, em plena efervescência da Revolução Comu- nista. Tendo sido contemporâneo de Piaget, Vigotsky elaborou uma teo- ria que tem por base o desenvolvi- mento do indivíduo como resultado de um processo sócio- histórico e o papel de linguagem e da aprendiza- gem neste desenvolvimento. Para Vigotsky, as origens da vida consciente e do pensamento abstrato deveriam ser procuradas na 4 Retirado em https://medium.com/ interação do organismo com as con- dições de vida social e nas formas histórico-sociais de vida da espécie humana e não, como muitos acredi- tavam, no mundo espiritual e senso- rial dos homens. Sendo, portanto, necessário analisar o reflexo do mundo exterior no mundo interior dos indivíduos a partir da interação destes com a realidade. Enquanto no referencial Cons- trutivista o conhecimento é entendi- do como ação do sujeito sobre a rea- V 31 DESENVOLVIMENTO INFANTIL lidade (sendo o sujeito considerado ativo), o referencial Histórico Cultu- ral enfatiza a construção do conhe- cimento como uma interação media- da por várias relações. Na troca com outros sujeitos e consigo próprio vão se internalizando os conhecimentos, papéis e funções sociais, o que per- mite a constituição de conhecimen- tos e da própria consciência. De acordo com a visão sócio- interacionista, o conhecimento não está no sujeito nem no objeto, e sim na interação entre ambos. Agindo sobre os objetos do mundo e sofren- do a ação destes, o homem vai am- pliando sua capacidade de conhecer e, consequentemente, o próprio co- nhecimento. É importante que não se entenda a interação como um me- ro processo de troca, um toma lá dá cá. Nos estudos de Vygotsky, intera- ção é muito mais do que a ação de uma pessoa que desencadeia uma reação em outra. Trata-se de um processo dialético de bidirecionali- dade, de interferência e produção de mudanças mútuas. Na medida em que confere novos significados ao objeto conhecido, o homem trans- forma-se e transforma o objeto, agindo sobre ele, podendo-se afir- mar que, a partir daí, nunca mais os dois serão os mesmos (MOTA, 2007). Vygotsky muito reconhecido como o teórico social da inteligên- cia, considera a vivência em socieda- de como essencial para a transfor- mação da criança, de ser biológico, em ser humano. Na teoria vygots- kiana, a aprendizagem humana é um processo intrinsecamente relacio- nal. Vygotsky (1987) postula que o desenvolvimento cognitivo dos indi- víduos é impulsionado fortemente pelas trocas interpessoais estabele- cidas nas e pelas interações entre su- jeitos que pertencem a um mesmo contexto cultural, no âmbito das quais, pela utilização de ferramentas e signos culturais, estes sujeitos ela- boram e reelaboram o próprio pen- samento e o pensamento de seus parceiros. Portanto, para Vygotsky, as interações sociais constituem o terreno no qual fixa raiz a gênese das funções psicológicas superiores, tais como a atenção deliberada, a per- cepção, o raciocínio lógico, a memó- ria mediada, a formação de concei- tos. Estes processos interativos são, na perspectiva vygotskiana, media- dos por um instrumento psicológico fundamental - a linguagem – cujos signos e significados permitem que o desenvolvimento humano se dê em dois planos: primeiro num plano interpsicológico, entre pessoas e, se- gundo, num plano intrapsicológico, ou seja, no interior do sujeito. Assim, para Vygotsky (1987), a interação social tem como pilar bá- sico dois pólos: um indivíduo que 32 DESENVOLVIMENTO INFANTIL ensina (o ensino aqui está sendo visto na perspectiva de apontar sig- nos) e outro que aprende. O ensino é compreendido dialeticamente co- mo tempo e espaço humano em que aquele que ensina também aprende. A referênciaacerca do papel de en- sinar não está, portanto neste ins- tante, vinculada ao ensino escolar, mas ao ensino realizado por pessoas mais experientes da cultura que co- laboram com e para o aprendizado cultural de indivíduos menos expe- rientes, num processo de mediação. É importante compreender- mos a concepção vygotskiana sobre ―mediação. Vygostsky (1987) a defi- ne como sendo um elemento inter- mediário entre o estímulo e uma res- posta simples frente a um evento imediato; ou seja, trata-se de uma intervenção que se coloca entre a ex- periência direta de um indivíduo e o objeto de conhecimento (seja este fí- sico, social, linguístico) a ser explo- rado, a qual possibilita que a respos- ta emitida ao estímulo evolua quan- to ao seu grau de complexidade. Este conceito vygotskiano de mediação nos permite compreender a inter- venção pedagógica enquanto um elemento social fundamental para o desenvolvimento das funções psico- lógicas superiores, ou seja, é na in- teração com indivíduos mais expe- rientes da cultura, os quais dispõem de instrumentos psicológicos mais estruturados, que são provocados saltos qualitativos no e para o desen- volvimento ontogenético do indiví- duo menos experiente. Vygotsky (1987), trata de for- ma dialética e indissociada o binô- mio aprendizagem-desenvolvimen- to, na medida em que parte do pres- suposto de que a aprendizagem de- pende da maturação do sistema ner- voso central e que este avança pros- pectivamente por influência da aprendizagem socialmente cons- truída, nas e pelas interações sociais. Para especificar melhor a in- terrelação aprendizagem-desenvol- vimento, Vygotsky concebe o desen- volvimento psíquico dos sujeitos hu- manos a partir de duas instâncias: a primeira é a que compreende as ações que a criança consegue reali- zar sozinha. Esta possibilidade ocor- re devido às funções psicológicas que a criança já estruturou filo e on- togeneticamente A segunda instân- cia compreende a realização de tare- fas com sentido cultural, para cuja concretização a criança necessita da colaboração, da mediação, do desa- fio, da intervenção de seus parceiros mais experientes. Esta segun-da ins- tância Vygotsky chama de ―Zona de Desenvolvimento Pro-ximal – ZDP. É indiscutível a contribuição que o conceito de Zona de Desenvol- vimento Proximal proposto por Vy- gotsky traz à nossa interpretação 33 DESENVOLVIMENTO INFANTIL acerca da aprendizagem de crianças em idade pré-escolar. Especialmen- te se considerarmos a forte influên- cia, ainda hoje, das teses inatistas e ambientalistas nos contextos educa- cionais, atribuindo à aprendizagem e desenvolvimento infantis um cará- ter ora de maturação estritamente biológica - para os inatistas, que prescrevem propostas curriculares lineares e gradativamente mais complexas à medida que as crianças avançam em idade e, consequen- temente, em capacidades cognitivas; ora um caráter de preparação, trei- namento/condicionamento - para os ambientalistas, que insistem em ambientes e propostas que possam moldar as crianças de acordo com as expectativas dos adultos que com eles convivem. O conceito desenvolvido por Vygotsky nos permite compreender o desenvolvimento cultural da crian- ça concreta, inserida em determi- nado tempo e contexto histórico, pa- ra a qual a aprendizagem e o desen- volvimento não estão vinculados apenas à faixa etária ou às suas capa- cidades psíquicas esperadas para determinada idade; e sim impulsio- nados e sustentados pelas trocas in- terpessoais, pelas ferramentas e ins- trumentos culturais, pelas possibili- dades de imitação, de trocas de pon- tos de vista, pelos discursos sociais que impregnam de significado os contextos educacionais e familiares nos quais as crianças trocam expe- riências cotidianamente (DIAS; BHERING, 2004). Fonte: https://novaescola.org.br/ 34 34 35 DESENVOLVIMENTO INFANTIL 35 5. Referências Bibliográficas ABREU, Luiz Carlos de et al. A epistemo- logia genética de Piaget e o construtivismo. Rev. bras. crescimento desenvolv. Hum. 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