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PAP ± Prática na atenção primária TXXX Acadêmica: Loren Montanha Costa As ISTs estão entre os problemas de saúde pública mais comuns em todo o mundo. 340 milhões de novos casos por ano no mundo de ISTs curáveis na faixa etária entre 15 e 49 anos. Estimativa de 10 milhões de acometidos no Brasil. Deve-se sempre tratar o paciente e seu parceiro, além de fazer rastreio para outras doenças sexualmente transmissíveis. Complicações Doença inflamatória pélvica (DIP). Infertilidade Infecções congênitas e perinatais Aborto espontâneo, natimorto, baixo peso ao nascer. Óbito. Principais caraterísticas da abordagem sindrômica Síndrome: conjunto de sinas e sintomas. Vai possibilitar classificar os principais agentes etiológicos, segundo as síndromes clínicas por eles causadas. Utiliza fluxogramas que ajudem o profissional a identificar as aulas de uma determinada síndrome. Indicar o tratamento para os agentes etiológicos mais frequentes na síndrome. Incluir a atenção dos parceiros, o aconselhamento e à educação sobre redução de riscos, a adesão ao tratamento e o fornecimento e orientação para utilização adequada de preservativos. Rastrear outras DSTs. Incluir a oferta da sorologia por sífilis, hepatites e para HIV. Principais síndromes em DST Corrimento vaginal Corrimento uretral Úlceras genitais Dor pélvica Infecção pelo HPV Hepatites B e C Etiologias mais comuns Vaginose bacteriana e candidíase -> infecções endógenas Tricomoníase, gonorreia e infecção por clamídia -> ISTs Infecção do epitélio glandular do colo uterino causada principalmente pela Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis. Quadro clínico Assintomática em 70 a 80% dos casos. Corrimento vaginal Dispareunia Disúria, polaciúria (podem colonizar o TU). Prurido e ardência vulvar. Hiperemia vaginal. Colo edemaciado e friável (colo sangra fácil). Secreção mucopurulenta no orifício externo do colo. Sangramento vaginal pós-coito. Diagnóstico Sindrômico: anamnese + exame ginecológico Etiológico: para ter certeza de qual agente está causando os sintomas deve fazer cultura do material. Critério de risco para a infecção Na apresentação de qualquer um desses critérios devemos prosseguir com o tratamento para cervicite. o Parceiro com sintomas o Paciente com múltiplos parceiros, sem proteção. o Paciente acredita ter se exposto a DST. o Paciente proveniente de área de alta prevalência de gonococo e clamídia. Tratamento Azitromicina 1g VO dose única (no SUS tem o comprimido de 500mg, então tem q dar 2 comprimidos) ou Doxiciclina 100mg VO 12/12h por 7 dias (exceto para gestantes). Ceftriaxona 500mg IM, dose única ou Ciprofloxacina 500mg VO dose única (casos em que há contraindicação à ceftriaxona). * Deve-se fazer o tratamento para os dois agentes (clamídia e gonorreia) pois é o tratamento da Cerviüte PAP ± Prática na atenção primária TXXX Acadêmica: Loren Montanha Costa síndrome, nem sempre sabemos qual agente está ali e muitas vezes essas infecções andam juntas. Gestantes: Azitromicina 500mg, 2 comprimido VO, dose única + Ceftriaxone 500mg IM dose única. Observações Sempre tratar os parceiros sexuais. Oferecer rastreio para outras DST, como anti-HIV, VDRL e hepatites B e C. Pacientes portadores de HIV recebem o mesmo tratamento. Suspender as relações sexuais até a conclusão do tratamento, desaparecimento de sintomas e adequado tratamento do parceiro. Retorno com 7 dias para reavaliação. Uretrites Infecção da uretra mais comumente causada por ISTs. O diagnóstico da uretrite é baseado na presença de corrimento uretral purulento ou mucopurulento. Mais comum no sexo masculino. O tratamento é igual ao da cervicite e a conduta é igual também. Etiologias mais comuns Gonorreia Infecção por clamídia Tricomoníase Micoplasma Ureoplasma Observações Não ordenhar a uretra durante ou após o tratamento. No retorno (7 a 10 dias), caso ainda houver corrimento ou recidiva, mesmo após o tratamento para gonorreia e clamídia do paciente e de seus parceiros, deverá ser oferecido tratamento para agentes menos frequentes (micoplasma, ureaplasma, tricomoníase). Etiologias mais comuns Herpes genital Sífilis Cancro mole Linfogranuloma venéreo Donovanose Fácil diagnóstico, tratamento eficaz, curativo e barato. Doença infecciosa, sistêmica, de evolução crônica (a pessoa pode passar uma vida inteira com sífilis), sujeita a surtos de agudização e períodos de latência, causada pelo treponema pallidum. Classificação Quanto à transmissão: adquirida (via sexual) ou congênita (via transplacentária). Quanto à clínica: recente (primária, secundária e latente: até 1 ano da contaminação); tardia (terciária: mais de 1 ano da contaminação). Transmissão Via sexual: primária Fluidos corporais: sífilis latente Transpnacentária: congênita. Sinas e sintomas Primária Caracterizada pela presença do cancro duro após uma média de 21 dias do contato sexual. PAP ± Prática na atenção primária TXXX Acadêmica: Loren Montanha Costa Lesão de coloração rósea, ulcerada, única, indolor, base endurecida, fundo limpo e brilhante, acompanhada de adenopatia regional não supurativa e móvel (ínguas). A localização mais comum é nos pequenos lábios, paredes vaginais e colo uterino. Regride espontaneamente em até 3 semanas sem deixar cicatrizes. Não dói, não coça, não causa secreção. Secundária Roséolas: lesões papulares ou planas, eritematoso que acometem principalmente o tronco. Sifilides: lesões pápulo-erosivas, pustulosas e hipertróficas que acometem a cavidade oral, genital, palmas e plantas e caso confluam formam placas infectante denominadas condiloma plano. Ocasionalmente, há sintomas gerais como artralgia, febrícula, cefaleia e adinamia. Alopecia irregular e madarose são outras características da sífilis secundária. Latente Ausência de sinais e sintomas. Pode durar e 3 a 20 anos. Diagnóstico feito por métodos sorológicos. Terciária Sintomatologia aparece de 2 a 40 anos após a infecção, das seguintes formas: Lesões cutâneo-mucosas (tubérculos ou gomas). Neurológicas (demência) Cardiovasculares (aneurisma aórtico) Articulares (artropatia). Diagnóstico Testes não treponêmicos Não são específicos. Vão identificar anticorpos contra algumas substâncias que podem estar no treponema ou em outros agentes. VDRL: torna-se reativo de 3 a 6 semanas após a infecção ou 2 a 3 semanas após o aparecimento da lesão primária. É feito por diluição. Considerar um VDRL sugestivo de infecção quando títulos maiores que 1:4. Três títulos sucessivamente baixos (menores ou iguais a 1:8) sem indicio de reinfecção, é sinal de memória sorológica (cicatriz sorológica). Testes treponêmicos FTA-Abs: é específico. Positiva antes do VDRL (entre 7 e 15 dias) e detecta anticorpos contra as espiroqueta, confirmando o contato com o treponema. São testes mais sensíveis e específicos, mas permanecem positivos após tratamento. Devem ser reservados para a confirmação de um teste não treponêmico positivo. Tratamento Sífilis primária, secundária e latente recente: Penicilina G benzatina (benzetacil) 2,4 milhões UI, IM, dose única (1,2 milhão UI em cada glúteo). Sífilis latente tardia e terciária: penicilina G benzatina 2,4 milhões UI,IM (1,2 milhão UI emcada glúteo), semanal, por 3 semanas. Dose total de 7,2 milhões UI. Moléstia de transmissão exclusivamente sexual causada pelo bacilo Haemophilus ducreyi. O risco de infecção em um intercurso sexual é de 80%. Acomete os homens em maiores proporções. PAP ± Prática na atenção primária TXXX Acadêmica: Loren Montanha Costa Quadro clínico Apresenta-se inicialmente como uma pápula dolorosa, com halo de eritema que em até 48h torna-se pústula, erosão e ulcera. As ulceras apresentam base amolecida, borda irregular, contorno eritematoso e fundo irregular recoberto por exsudato necrótico amarelado, com odor fétido. Pode ter mais de uma lesão. Os sintomas incomodam e faço paciente procurar ajuda. A localização determina os sintomas como: disúria, dor à defecação, sangramento retal, dispareunia e corrimento vaginal. Os locais mais comuns na mulher são os grandes lábios, ânus, clitóris e na fúrcula vulvar. Nos homens no frenologias e sulco balanoprepucial. Pode aparecer adenopatia inguinal inflamatória em 30% a 50% dos casos (geralmente unilateral). Diagnóstico Exame físico: é bem sugestivo; o achado de úlcera dolorosa com adenopatia inguinal dolorosa é praticamente patognomônico quando há presença de supuração. Cultura: faz o diagnóstico definitivo quando identifica o agente. PCR: padrão ouro, mas é caro e não está disponível no SUS. Tratamento Primeira opção: Azitromicina 1g, VO, dose única. Segunda opção: ceftriaxone 250 mg,IM, dose única. Ciprofloxacina 500mg 12/12h por 3 dias. Tratar parceiro, rastrear outras DSTs e retorno com 7 dias. Doença de caráter incurável e recorrente causada pelo vírus simples tipo 2 (HSV-2) e ocasionalmente pelo herpes vírus tipo 1 (HSV-1). É a DST ulcerativa mais frequente, seguida pela cancro duro. A primoinfecção é geralmente assintomática. É de transmissão sexual (inclusive orogenital). Quadro clínico Primária Sintomas prodrômicos compatíveis, ardência, hipersensibilidade, queimação e parestesia são seguidos pelas lesões cutâneas. As lesões são caracterizadas por pápulas eritematosas, seguindo-se de vesículas agrupadas com conteúdo citrino (transparente), que se rompem dando origem a ulcerações dolorosas, com bordas lisas, mínima profundidade, não ultrapassando 1mm, que não sangram à manipulação. Pode ter adenopatias dolorosas inguinais, geralmente bilaterais. Recorrente O risco de recorrência após episódio inicial de herpes genital é de 50% para o tipo 1 e 80% para o tipo 2. Geralmente os episódios são mais curtos e mais brandos que a infecção primária e também precedidos por sintomas prodrômico em 50% dos casos. As lesões costumam aparecer na mesma topografia. Estão relacionados à febre, exposição solar, frio intenso, traumatismo, menstruação, estresse físico e emocional, antibioticoterapia prolongada e à imunodeficiência. A cicatrização ocorre de forma rápida (10 dias) e não deixa sequelas, pois as lesões são bem superficiais. Diagnóstico É clínico. Exame físico e anamnese detalhada. Não tem exame para confirmar. Tratamento A infecção é autoresolutiva. Mas existe tratamento para minimizar os sintomas. Primária: Aciclovir 200mg, 4/4h, 5x ao dia, por 7dias ou 400mg, VO, 8/8h por 7 dias. Recorrente: Aciclovir 400mg, VO, 8/8h, por 5 dias. PAP ± Prática na atenção primária TXXX Acadêmica: Loren Montanha Costa Queixa comum. Inúmeras são as causas, desde psicológicas até causa não ginecológicas. Pode ser classificada em: aguda ou crônica. Caracteriza-se por início súbito, aumento abrupto de intensidade e evolução curta. Descrita como do tipo pressão, profunda, mal localizada, acompanhada por náuseas e vômitos. Sinais de alerta: febre, calafrios, taquicardia, hipotensão, taquipneia e ou sudorese. Na presença desses sintomas devemos encaminhar essa paciente ao serviço de hospitalar com urgência. Nos demais casos, vamos solicitar alguns exames para investigar a causa: hemograma, PCR, EAS, beta-HCG, ecografia (sempre que possível transvaginal). Principais causas Não ginecológicas: obstrução intestinal, diverticulite, apendicite, colites, ITUs, gastroenterite, urolitíase, aneurisma, tromboflebite pélvica, hematoma de parede abdominal. Ginecológicas: abortamento, gravidez ectópica, ovulação, Rotura/distensão/torção de cisto ovariano, DIP, obsesso tubo-ovariano, Endometrite. Dor com duração maior que 6 meses, não associada com gestação, ato sexual ou menstruação. Causas mais comuns: endometriose, aderências, congestão pélvica, DIP, massas pélvicas (miomas, tumores), síndromes cólon irritável, distúrbios urológicas, distúrbios psicológicos, abuso físico e sexual. É uma síndrome clínica secundária à ascensão de microrganismos da vagina e/ou endocérvice ao trato genital feminino, acometendo útero, tubas uterinas, ovários, superfície peritoneal e outras estruturas contíguas do trato genital superior. É uma infecção iniciado por um gente sexualmente transmissível. Epidemiologia É a doença infecciosa mais comum em mulheres de países industrializados. É a infecção bacterina transmitida sexualmente mais séria e dispendiosa. É a quinta causa de hospitalização entre mulheres. Fatores de risco Idade (adolescentes adultos jovens). Estado socioeconômico. Multiplicidade de parceiros sexuais ou parceiro recente com uretrite. Coito no período menstrual: nesse período algumas barreiras do aparelho genital feminino ficam bastante diminuídas (muco diminuído, colo uterino aberto). DST prévia ou atual: a presença dessa infecção está comprometendo o sistema imunológico do aparelho genital e essa infecção pode ascender. DIP prévia: a DIP pode gerar algumas alterações anatômicas (diminuição da motilidade uterina, aderências) que pode facilitar a ascensão de micro-organismos. Infecções do trato genital inferior: vai alterar pH e facilitar a ascensão. Tabagismo: é imunossupressor, diminui IgA. DIU: principalmente nos primeiros meses. Etiologia Tem etiologia polimicrobiana. Os principais são: clamídia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae. Patogênese Por algum motivo, a mulher teve um desbalanço da flora, um desequilíbrio do pH e houve ascensão de micro-organismos ao trato genital superior a partir da vagina e do colo uterino, que é facilitada durante ou logo após o fluxo menstrual. A endometrite é frequentemente a primeira manifestação clínica. PAP ± Prática na atenção primária TXXX Acadêmica: Loren Montanha Costa O processo infeccioso progride em direção às tubas (salpingite). O processo infeccioso pode ainda ascender à cavidade peritoneal pélvica e causa peritonite. Quadro clínico Dor no abdome inferior Dor à mobilização do colo Corrimento (amarelado purulento) Febre (pode ser baixa ou alta) Sangramento uterino anormal Dispareunia Disúria, urgência e frequência (uretrite) Diagnóstico Clínico: 3 critérios maiores e pelo menos 1 menor. Exames laboratoriais Hemograma: geralmente vai ter leucocitose sem desvio a esquerda. PCR, VHS: importante para inflamação. EAS: para descartar uma ITU. Cultura de material da cérvix uterina: verificar a presença de microrganismos. VDRL, anti-HIV, HBsAG, Anti-HCV: por se tratar de uma DST tenho que rastrear a presença de outras. Teste de gravidez: afastar uma possível gravidez ectópica. US pélvica: podemos observar se o trato está inflamado a partir da analise de seusdados (endométrio espessado, líquido nas tubas). Laparoscopia Diagnóstico diferencial Gravidez ectópica, aborto séptico, apendicite, gastroenterocolite, diverticulite, ITU, torção de tumor de ovário. Complicações Precoces: abcesso tubo-ovariano,peri-hepatite (síndrome de Fitz-Hugh-Curtis), sepse e morte. Tardias: infertilidade, gravidez ectópica, dor pélvica crônica, dispareunia e DIP recorrente. Tratamento Tratamento do parceiro Ceftraxona 500mg IM, dose única + Azitromicina 1g VO dose única Indicação de tratamento hospitalar Fluxograma Doença infecciosa, de transmissão frequentemente sexual também conhecida como condiloma acuminado, verruga genital ou crista de galo causada pelo HPV. Subtipos Quadro clínico As verrugas são as manifestações clínicas mais comuns e características da infecção pelo HPV PAP ± Prática na atenção primária TXXX Acadêmica: Loren Montanha Costa As lesões podem ser únicas ou múltiplas, restritas ou difusas e de tamanho variável. Localiza-se mais frequentemente, no homem na glande, sulco balano-prepucial e região perianal, e na mulher na vulva,períneo, região perianal, vagina e colo. Diagnóstico Basicamente clínico, podendo ser confirmado por biópsia. Tratamento Os tratamento disponíveis para codilomas são: ácido tricloroacético (ATA), crioterapia, eletrocoagulação, podofilina, podofilotoxina, imiquimod, interferon, vaporização a laser e exérese cirúrgica. Profilaxia Mulheres ou homens vivendo com HIV/Aids de 9 a 26 anos de idade devem receber 3 doses com intervalos de 0-2-6 meses. As hepatites virais são doenças provocadas por diferentes agentes etiológicos com tropismo primário pelo tecido hepático. A transmissão do vírus da hepatite B se faz por via parenteral e, sobretudo, pela via sexual, sendo considerada DST. A transmissão vertical (materno-infantil) também é causa frequente de disseminação do vírus. A transmissão da hepatite C ocorre principalmente por via parenteral. A transmissão sexual é pouco frequente e ocorre, principalmente, em pessoas com múltiplos parceiros e com prática sexual de risco, sem uso de preservativo. Marcadores Interpretação dos resultados sorológicos Prevenção Vacinação: ao nascer (HB), 2, 4 e 6 meses (vacina pentavalente). Imunoglobulina humana anti-hepatite tipo B: indicada para pessoas não vacinadas após exposição ao vírus da hepatite B nas seguintes situações: vítimas de abuso sexual, vítimas de exposição sanguínea, recém nascido de mãe sabidamente portadora.
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