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1 4º SEMESTRE 2021 – UNIFTC SAÚDE DA MULHER JULIANA OLIVEIRA Hoje em dia o termo mais correto a se utilizar é “infecções sexualmente transmissíveis” ao invés de doenças sexualmente transmissíveis, pois, nem toda infecção sexualmente transmissível vai provocar uma doença. A etimologia da palavra quer dizer “amor imundo”, logo, desde muito tempo tem-se uma relação da sífilis ao sexo praticado com prostitutas ou de forma deliberada. ➔ Agente etiológico: Treponema pallidum. ➔ Transmissão: Sexual/outros contatos íntimos. Vertical: Intraútero, neonatal. Transfusão sanguínea. ➔ Epidemiologia: No Brasil tem-se cerca de 900 mil casos novos por ano e no mundo são mais de 12 milhões por ano. 1/3 dos indivíduos expostos a parceiro sexual infectado adquire a doença. ➔ Classificação: ▪ Sífilis adquirida: Primária: Até 1 ano após a infecção. É dividida em primária, secundária e latente recente. Tardia: Com mais de 1 ano de evolução. É dividida em latente tardia e terciária. ▪ Sífilis congênita: Recente, quando se tem manifestações até dois anos e tardia quando se tem manifestações após os 2 anos. ➔ Formas clínicas: Depende do tempo da doença. ▪ Primária: - Surgimento do cancro duro (protossifiloma), assim chamado porquê possui as bordas endurecidas. É uma ferida limpa e indolor, devido a isso as vezes passa despercebido. - Período de incubação de 10 a 90 dias (média de 21 dias). - Cura em 3 a 6 semanas. - Adenopatia regional: Geralmente unilateral, não supurativa, móvel, indolor, sem sinais flogísticos. - Costuma surgir 7 a 10 dias após a lesão primária e desaparece espontaneamente. ▪ Secundária: - Surge 4 a 8 semanas após o desaparecimento do cancro duro. - É conhecida como a fase dermatológica da doença, que dificulta o diagnóstico devido a sua semelhança com algumas doenças virais. Roséolas: Lesões papulares ou planas eritematosas que acometem principalmente o tronco, palma das mãos e planta dos pés. Sifílides: Lesões pápulo-erosivas, pustulosas e hipertróficas que acometem a cavidade oral, genital, palmas das mãos e plantas dos pés. São inicialmente lisas e depois escamosas. Condiloma plano: Áreas úmidas, como a região anogenital, parte interna das coxas e axilas, podem ter condiloma plano, que são placas elevadas com base ampla. - Essas lesões regridem em 2 a 6 semanas e raramente deixam cicatrizes. - Sintomas gerais como artralgia, febrícula, cefaleia e adinamia podem estar presentes, no entanto, são inespecíficos. - Alopecia irregular. - Linfadenopatia: 85% dos pacientes e demora meses para aparecer. - A infecção entre em uma fase de latência, só sendo detectada por método sorológico. ▪ Latente: - Surge 1 a 2 anos após o contágio. - É chamada “fase de silêncio clínico”. - O diagnóstico se dá apenas através dos exames sorológicos. - Divide-se em latente precoce (até um ano) e latente tardia. ▪ Terciária: - Pode-se ter o seu desenvolvimento cerca de 3 a 20 anos após a infecção. - 1/3 dos pacientes não tratados evoluem para esta fase. - Lesões cutaneomucosas: tubérculos ou gomas. (hipersensibilidade tardia). - Cardiovasculares: Aneurisma aórtico pela aortite sinfilítica, estenose coronariana e insuficiência aórtica. - Neurológicas: Tabes dorsalis, mielite transversa e demência. 2 4º SEMESTRE 2021 – UNIFTC SAÚDE DA MULHER JULIANA OLIVEIRA ➔ Diagnóstico laboratorial: ▪ Pesquisa do treponema por bacterioscopia em campo escuro: - Técnica Fontana-tribondeau (sais de prata). - Padrão ouro. Obs: Esse método fornece um diagnóstico de sífilis precoce. ▪ Imunofluorescência direta: - Técnica de Fontana-Tribondeaux. ▪ Testes sorológicos: Sorologia não – treponêmica: VDRL, RPR e Elisa. - É utilizado para rastreio da sífilis. - São testes que não são específicos para o treponema e basicamente detectam anticorpos não treponêmicos os anticardiolipínicos. - São muito sensíveis, mas não são específicos, isso significa que quando o paciente teve sífilis, a chance de dar positivo é alta por que ele é sensível, no entanto, ele também pode ser positivo em situações que não seja de sífilis, logo, não é específico. - Qualitativos: Testes de triagem (reagente 1:16 ou não). O que significa 1:16? Significa que aquele soro foi diluído 16x e ainda continuava positivo. - Quantitativos: Títulos dos anticorpos. Monitoramento da resposta do tratamento. O monitoramento é feito a cada 6 meses e espera-se que aquela titulação caia. - Vão ser positivos 3 a 6 semanas após a infecção ou de 2 a 3 semanas após o aparecimento da lesão primária. VDRL → Melhor teste de rastreamento para sífilis. Muito sensível e pouco específico, assim, quando positivo pede-se o TPHA para confirmar o diagnóstico. Pode dar reações falso positivas no caso de outras doenças, pois, não é específico para sífilis ou falso negativo caso seja solicitado muito cedo ou em uma fase latente tardia. Quais são as vantagens do VDRL? Baixo custo, alta sensibilidade e a possibilidade de titulação dos anticorpos, monitorando os anticorpos. OBS: O efeito prozona é uma situação onde se faz o VDRL, mas a quantidade de antígeno é tão grande que a quantidade de anticorpos não consegue identificar, dando um falso negativo. Sendo importante repetir o VDRL algumas semanas depois ou pedir o TPHA. Sorologia treponêmica: - Tem um custo muito mais alto, logo é um bom exame de triagem, não sendo um bom exame de rastreamento. - Tem-se o FTA-abs e o TPHA que são os mais utilizados, TPI e o MHA-TP. - Detectam anticorpos específicos contra as espiroquetas. - É um exame qualitativo, portanto, fornece somente negativo ou positivo. É específico para o treponema. - Raramente tem-se resultados falso-positivos. - São os primeiros a positivar. - Tornam-se reativos a partir de 7 a 15 dias da infecção. - É reservado para a confirmação de um teste não treponêmico positivo. ➔ Tratamento: ▪ Penicilina G benzatina é o melhor tratamento para sífilis, pois, possui baixo custo e excelente eficácia. - Paciente de sífilis na fase primário-secundária ou latente, faz-se uma dose única de 2.400.00 UI IM. - Paciente de sífilis latente ou tardia o tratamento é sempre de 2.400.000 UI IM por semana, 1x por semana durante 3 semanas. Critérios de cura: - Monitoramento dos títulos de anticorpos através do VDRL que é feito a cada 3, 6 e 12 meses após tratamento. - Queda de 4 títulos da sorologia ou sua negativação em 6 meses a 1 ano o paciente de fato está sendo curado. - Gestantes – mensalmente. - O esperado é a diminuição de um título por mês. - Deverá ser feito um novo tratamento se a sorologia aumentar 4 títulos. Drogas alternativas: - Azitromicina: 1g VO por semana, durante 2 ou 3 semanas para sífilis até 1 ano. - Doxiciclina 100 mg VO 12/12h ou eritromicina ou tetraciclina 500 mg VO 6/6h, durante 14 dias para sífilis até um ano e durante 28 dias para sífilis com mais de um ano. OBS: A penicilina G benzatina continua sendo o melhor tratamento, sendo a 1ª escolha. Gestantes: - Também utilizam penicilina G benzatina. - São contraindicadas tetraciclinas, doxiciclina e estolatode eritromicina. - Dessensibilização nas pacientes alérgicas para que possa ser feita a administração. OBS: Durante a gestação os testes não treponêmicos devem ser realizados no 1º e 3º trimestre e na admissão para o parto. Falha no tratamento: Tem-se uma falha se houver um aumento dos títulos, tratamento interrompido ou não tratamento do parceiro. 3 4º SEMESTRE 2021 – UNIFTC SAÚDE DA MULHER JULIANA OLIVEIRA Nas gestantes deve-se atentar ao tratamento que foi concluído a menos de 1 mês do parto, pois, não teve tempo para confirmar se a paciente foi tratada de forma efetiva e ao tratamento que não foi feito com penicilina. ➔ Definição: Doença inflamatória pélvica aguda. São infecções agudas altas nas quais o patógeno consegue ascender o trato genital da mulher e chegar até sua parte superior, provocando inflamação do endométrio (endometrite), inflamação de trompas (salpingite aguda), inflamação de trompas e ovários (salpingooforite) ou a inflamação de toda a pelve (pelviperitonite). ➔ Agentes etiológicos: ▪ Primários: - Chlamydia trachomatis. - Neisseria gonorrhoea. - Micoplasmas. OBS: Chlamydia e neisseria possuem o mesmo tratamento. ▪ Secundários: - Anaeróbios. - Aeróbios. - Bacilos gram negativos Normalmente na DIPA tem-se uma infecção polimorfomicrobiana. É mais comum que essa modificação dessa flora surja no período perimenstrual ou no pós menstrual imediato, logo, é importante saber que apesar dos agentes primários, tem-se uma infecção mista. ➔ Fatores de risco: ▪ Faixa etária: 15 e 25 anos. ▪ Comportamento sexual de risco. ▪ Parceiro sexual portador de uretrite. ▪ História prévia de DST ou DIP. ▪ Tabagismo/alcoolismo/ uso de drogas ilícitas. ▪ DIU (3 primeiras semanas após sua inserção): ▪ Vaginose bacteriana. ➔ Sinais e sintomas: ▪ Dor à mobilização do colo do útero. ▪ Dor anexial (palpação dos anexos). ▪ Dispaurenia (superficial ou profunda). ▪ Corrimento vaginal mucopurulento. ▪ Febre > 38, 8ºC ▪ Sangramento intermenstrual. ▪ Queixas urinárias. É importante ressaltar que a dor relatada nesses casos são muito fortes, o incômodo no toque vaginal é normal, no entanto, a dor intensa não é normal. É importante que seja feita uma avaliação momentânea (toque vaginal + exame especular) para avaliar os sinais e sintomas presentes. ➔ Estadiamento: ▪ Estágio I (leve): - Quando se tem um quadro de endometrite e salpingite aguda sem peritonite. - Tratamento ambulatorial. Nesse caso não se tem nenhum sinal de que a dor possa estar ligado a um quadro de peritonite visto que não há presença de abscesso. A paciente conclui o tratamento em casa. ▪ Estágio II (moderada sem abscesso): - Salpingite aguda com peritonite (pelviperitorite). - Tratamento hospitalar, principalmente para aquelas pacientes que não tiverem condições de manter o tratamento em casa Atb de administração venosa ou intramuscular. ▪ Estágio III (moderada com abscesso): - Salpingite aguda com obstrução tubária ou abscesso tubo- ovariano ou abscesso pélvico. - Tratamento hospitalar, internação devido aos sinais peritoneais ou presença de abscesso. Essa paciente provavelmente vai precisar de uma laparoscopia para drenar o abscesso, caso não regrida com o uso dos atb. ▪ Estágio IV (grave): - Presença de abscesso tubo-ovariano roto ou sinais de choque séptico devido a ruptura desse abscesso. - Tratamento hospitalar com auxílio de intervenção cirúrgica (laparotomia). Logo, é uma doença que pode começar de modo suave, mas pode ter uma evolução desfavorável, por isso, atenção à queixa de dor pélvica aguda. A dor pélvica crônica pode ser consequência de uma DIPA, mas é um quadro em que se tem tempo para investigar com calma, no entanto, a dor pélvica aguda não é possível analisar com calma. ➔ Critérios de diagnóstico: ▪ Maiores: São critérios específicos de DIP. - Dor abdominal infra umbilical. - Dor à palpação dos anexos. - Dor à mobilização do colo uterino. ▪ Menores: São critérios inespecíficos - Temperatura axilar maior que 38,3 ºC - Secreção vacinal ou cervical anormal. - Massa pélvica. - Leucocitose. - Proteína C reativa ou VHS elevadas. - Mais de 5 leucócitos por campo e imersão em secreção de endocérvice. - Comprovação laboratorial de infecção pelo gonococo, clamídia ou micoplasma. Nesse caso, pode se fazer a cultura para confirmar, no entanto, deve-se iniciar o tratamento com ATB imediatamente. ▪ Elaborados: Depende de um instrumento diagnóstico. - Evidencia histopatológica de endometrite. - Diagnóstico laparoscópico de DIPA. 4 4º SEMESTRE 2021 – UNIFTC SAÚDE DA MULHER JULIANA OLIVEIRA - Ultrassonografia transvaginal pélvica sugestiva de abscesso tubo-ovariano ou em fundo de saco. Basta 1 critério elaborado para fechar o diagnóstico, quando ausente, 3 critérios maiores + a 1 critério menor devem-se pensar em DIPA. ➔ Repercussões: Uma paciente que tem sequela de DIPA, pode ter um comprometimento tubário que leve a infertilidade ou um maior risco de uma gravidez ectópica. ▪ Risco de gravidez ectópica. ▪ Infertilidade. ▪ Dor pélvica crônica. (casos de muitas aderências) ▪ Dispareunia. (pelve modificada, cheias de aderências). ▪ Conjuntivite neonatal. ▪ Síndrome de Fitz – Hugh Curtis: Dor aguda no hipocôndrio direito e à descompressão, isso porquê o processo inflamatório pélvico pode ascender para o abdome superior comprometendo essa região. ➔ Exames complementares: ▪ Hemograma completo: VHS/Leucocitose com desvio para esquerda (infecção). ▪ Proteína C reativa: Evidencia inflamação. ▪ Beta HCG: Afasta gravidez ectópica. ▪ USG transvaginal: Avaliar abscesso tubo-ovariano. ▪ USG abdominal: Afastar apendicite e outros abscessos. ▪ Cultura da região endocervical: Clamídia e gonococo. ▪ Urina: Afastar infecção do trato urinário. ▪ Videolaparoscopia: Diagnóstico em caso de dúvida (DIP, apendicite, gravidez ectópica). ▪ Laparotomia: Emergência (abscesso roto). Atenção! Toda mulher em idade reprodutiva que chega ao ambulatório com dor pélvica ou sangramento precisa fazer o beta. ➔ Tratamento: ▪ Estágio I – Ambulatorial: - Ceftriaxona + doxiciclina + metrodidazol. - Cefoxitina + probenecida + doxiciclina + metrodidazol. - Ofloxaxina + doxiciclina + metrodidazol. - Ampiciclina + probenicida + doxiciclina + metrodidazol. ▪ Estágio II – Hospitalar: - Gentamicina + penicilina G cristalina + clindamicin. - Gentamicina + penicilina G cristalina + metrodidaz. - Gentamicina + penicilina G cristalina + tiafenicol. Fase II ambulatorial → Doxicilina. Fase III ambulatorial → Ofloxacina. ▪ Estágio IV – Hospitalar: - Abordagem cirúrgica. - Mesma complementação terapêutica do estágio III. A etimologia da palavra herpes remete a evolução arrastada do quadro crônico dessa doença que perdura durante toda a vida do paciente, intercalando por períodos de latência ou recorrência. Há duas espécies desse vírus, podendo ser tipo 1 ou tipo 2. O tipo 1 é mais comum da região oral, no entanto, também pode ocasionar lesões genitais, já o tipo 2 é mais comum na genital. É um DNA vírus e é o principal responsável pelo quadro de herpes genital. ➔ Epidemiologia:▪ Tem-se mais de um milhão de casos novos por ano. É a IST ulcerativa mais frequente. ▪ Risco de transmissão do HSV-2 anual entre os casais é de 16% do homem para a mulher e de 6% da mulher para o homem. ➔ Transmissão: ▪ Predominantemente pelo contato sexual: HSV-2. ▪ Contato orogenital. ▪ Vertical: Canal de parto. ➔ Patogenia: O herpes inicia a infecção através de membranas mucosas ou ruptura na pele. O vírus se replica nas células da lesão e infecta o neurônio que inerva a região, trafegando para os gânglios sacrais. Seu período de incubação varia de 2 a 26 dias com uma média de 7 dias. A primeira infecção que o paciente tem na vida, na maioria das vezes, é assintomática em 75% dos casos. No entanto, nos outros 25% os sintomas são exuberantes, pois, ainda não se tem anticorpos contra o vírus. ➔ Quadro clínico: Normalmente tem-se uma hiperemia que evolui para vesículas, as quais se agrupam e se rompem formando uma úlcera dolorosa seguida de cicatrização. O vírus migra pela raiz nervosa até alojar-se num gânglio neural profundo, onde permanece quiescente até a recidiva seguinte. Sempre que a paciente refere um quadro de herpes genital, é importante perguntar quantos episódios se tem por ano. Os pródomos ou sinais e sintomas que predizem uma doença, nesse caso, se caracterizam por ardor, prurido, formigamento e adenomegalia que podem anteceder a erupção cutânea. 5 4º SEMESTRE 2021 – UNIFTC SAÚDE DA MULHER JULIANA OLIVEIRA ▪ Em 50% dos casos há a presença de adenopatia inguinal dolorosa bilateral. (na sífilis é unilateral e não dolorosa) ▪ Cervicite herpética pode estar associada a corrimento vaginal aquoso. ▪ Podem ocorrer: - Gengivoestomatite herpética. - Ceratoconjutivite herpética. - Meningoencefalite herpética. ▪ Após a infecção genital primária por HSV-2, 90% desenvolvem novos episódios nos primeiros 12 meses por reativação do vírus Fatores de recorrência: - Febre. - Exposição à radiação ultravioleta. - Traumatismos. - Menstruação. - Estresse físico ou emocional. - Antibioticoterapia prolongada. - Imunodeficiência. ➔ Complicações: ▪ Meningite asséptica. ▪ Retenção urinária por mielite transversa (raro) ou disfunção do SNA (menos de 1%). ▪ Disseminação cutânea e visceral (fígado, pulmão e meninges). ▪ Gestantes: Complicações obstétricas. Ceratoconjuntivite neonatal. ➔ Diagnóstico: ▪ Essencialmente clínico: anamnese + exame físico. ▪ Pode-se ter a detecção direta do HSV em culturas de tecido e biópsia, no entanto, são pouco usadas pois sua sensibilidade diminui com a duração da lesão. ▪ Alguns pacientes podem apresentar modificações citológicas no Papanicolau. ▪ Sorologia anti-HSV: Grande parte da população entrou em contato com o vírus, mas não desenvolveu a doença. Tem uma utilidade limitada, pois, não se faz rastreio de herpes. ➔ Tratamento: ▪ Alívio da dor com analgésicos e anti-inflamatórios. ▪ Tratamento local: - Solução fisiológica ou água boricada a 3% para limpeza das lesões. - Creme local com cicatrizantes. ▪ Antivirais: - Aciclovir 400 mg, VO, 8 em 8hrs por 7 a 10 dias. - Fanciclovir 250 mg, VO, 8 em 8hrs por 7 a 10 dias. - Valaciclovir 1g, VO,12 em 12 hrs por 7 a 10 dias. O agente etiológico é o haemophilus ducreyi, é um cocobacilo gram negativo. Possui um período de incubação de 2 a 5 dias. É uma doença infecciosa aguda e a sua transmissão se dá exclusivamente por via sexual e tem a capacidade de autoinoculação de forma que ao tocar na lesão pode-se passar para outras regiões. ▪ A faixa etária mais acometida fica entre os 20 aos 30 anos. ▪ O sexo masculino é mais acometido (40 casos masc para cada 1 fem). ▪ Tem-se um risco de infecção de 80%. ➔ Epidemiologia: Tem uma íntima associação entre o cancro mole e a soropositividade para o HIV. Estima-se que mais de 10% dos pacientes com cancro mole apresentam-se co-infectados com o treponema pallidum (sífilis) e o HSV (herpes simples). SE LIGA! Pacientes portadores de IST precisam que seu parceiro também seja tratado e é necessário que haja uma investigação acerca de outras ISTs visto que toda IST por si só é um facilitador para outras, inclusive HIV. ➔ Manifestações clínicas: Lesões tipo pápulas que evoluem para pústulas, formando úlceras rasas, dolorosas, purulentas, com base granulomatosa facilmente sangrante, de borda irregular cobertas por exsudato necrótico amarelado e de odor fétido. Após cerca de uma semana do aparecimento do cancro, 30 a 50% dos pacientes desenvolvem uma adenite inguinal satélite → bubão na virilha. - Unilateral; - Dolorosa; - Pode evoluir com supuração por único orifício. ➔ Diagnóstico: ▪ Clínico. ▪ Métodos laboratoriais: - Exame direto das lesões: Coloração pelo gram. Objetivo: Identificar H. ducreyi na secreção da úlcera ou do aspirado do bubão. - Cultura. - PCR multiplex. OBS: Não se deve esquecer que o teste para HIV deverá ser feito rotineiramente em pacientes com úlcera genital. ➔ Tratamento: ▪ Azitromicina, 1g, VO, dose única. ▪ “, 500 mg, VO, por dia, durante 3 dias. ▪ Ciprofloxacina, 500 mg, VO, 12 em 12hrs, durante 3d. 6 4º SEMESTRE 2021 – UNIFTC SAÚDE DA MULHER JULIANA OLIVEIRA ▪ Doxiciclina, 100 mg, VO, 12/12h ou 200 mg uma vez ao dia durante 7d. ▪ Eritromicina, 500 mg, VO, 8/8h, durante 5 a 7d. ▪ Tianfenicol, 500 mg, VO, 8/8h, durante 5 a 7d. É também conhecida por “linfogranuloma inguinal”, caracteriza-se pelo aparecimento de lesão genital (lesão primária) de curta duração e que se apresenta como ferida. Seu agente etiológico é a Chlamydia tchomatis e os sorotipos L1, L2 e L3 são responsáveis pelo desenvolvimento desse quadro. Período de incubação varia de 3 a 32 dias. É uma doença na qual a sua disseminação se dá principalmente pela via linfática. Alguns pacientes podem evoluir com elefantíase vulvar. ➔ Epidemiologia: ▪ Transmissão sexual. ▪ Doença de notificação compulsória. ▪ Baixa incidência. ▪ Mais frequente nos países tropicais e subtropicais da áfrica e ásia e sudeste dos EUA, onde o patógeno é encontrado. ➔ Quadro clínico: ▪ A adenite pode evoluir em nódulos inguinais superficiais dolorosos ou bubões que frequentemente rompem a pele com exsudação de descarga purulenta. ▪ A fistulização crônica pode permanecer períodos prolongados, fecha-se um trajeto e abrem-se outros, o aspecto assemelha-se ao de um bico de regador. ▪ Pápula → pústula → exulceração superficial ou erosão. ▪ Pode ocorrer na parede vaginal posterior, colo uterino, fúrcula vaginal. ▪ Disseminação linfática regional. ▪ Formação de abscessos com fístulas. (múltiplos abscessos com fístula). ▪ Surge entre 1 a 6 semanas após a lesão de inoculação. ▪ É unilateral na maioria dos casos. ▪ A adenite pode evoluir em nódulos inguinais superficiais dolorosos ou bubões que frequentemente rompem a pele com exsudação de descarga purulenta. ▪ A fistulização crônica pode permanecer por períodos prolongados. ➔ Complicações: ▪ Fistulização crônica retal, vaginal, vesical. ▪ O acometimento do reto pode levar a proctite. O contato orogenital pode causar glossite. ▪ Estenose e fibrose da vagina e do reto. ▪ Podem ocorrer febre, mal-estar,anorexia, emagrecimento, artralgia, sudorese noturna e meningismo. ▪ A obstrução linfática crônica na mulher acarreta a elefantíase genital. ➔ Diagnóstico: ▪ Clínico!!! A comprovação laboratorial não é rotineira, pois, o paciente está sofrendo, logo, deve-se iniciar o tratamento. ▪ Testes diagnósticos: - Testes de fixação de complemento. - PCR. - Imunofluorescência. (citopatológico e ELISA) - Exame histopatológico. - Cultura. - Métodos radiológicos (linfografia e enema opaco). ➔ Tratamento: ▪ Doxiciclina 100mg, VO, 12/12h por 14 a 21d. ▪ Parceiros que tiveram contato sexual com a paciente nos 2 meses anteriores devem ser examinados e tratados com esquemas clássicos para infecção por clamídia (azitromicina 1g, dose única ou doxiciclina 100 mg 12/12h por 7d). ▪ Na gestação: Eritromicina, 500 mg, VO, 4x ao dia, 14 a 21 dias.
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