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DERRAME PLEURAL Dispneia e Astenia- Thaynara Silva Definição: Acúmulo anormal de fluido na cavidade pleural. Normalmente, existe de 0,1 a 0,2 mL/kg de líquido entre as pleuras visceral e parietal, com produção e reabsorção contínuas, mantendo uma dinâmica equilibrada (equilíbrio entre pressão hidrostática e oncótica). Normalmente, o fluido entra no espaço pleural pelos capilares da pleura parietal e removido pelos linfáticos da própria pleura parietal. Etiologia Mecanismo Insuficiência Cardíaca Obstrução da VCS Aumento da pressão hidrostática capilar pulmonar Cirrose hepática (hidrotórax hepático) Passagem de líquido da cavidade peritoneal. Diminuição da pressão osmótica do sangue. Hipoalbuminemia grave Síndrome nefrótica Desnutrição Redução da pressão coloidosmótica do plasma Atelectasias grandes Negativação excessiva da pressão intrapleural. Aumento da pressão negativa. Processos inflamatórios Aumento da permeabilidade vascular pleural Trauma Infecção (Pneumonia, TB pleural) Neoplasias Invasão pleural. Acúmulo de sangue ou quilo no espaço pleural . Quais as etiologias mais frequentes? R-Insuficiência cardíaca congestiva, derrame parapneumônico e o derrame neoplásico. Conceitos importantes: Derrame parapneumônico: associado à infecção pulmonar, sobretudo, pneumonia bacteriana. (pode ocorrer em até 50% dos casos de pneumonia) Empiema: pus na cavidade pleural; Hemotórax: acúmulo de sangue no espaço pleural, geralmente de origem traumática; Quilotórax: acúmulo de linfa na cavidade pleural; Urinotórax: acúmulo de urina, geralmente por nefropatia obstrutiva; Hidrotórax hepático: acúmulo de líquido proveniente da cavidade peritoneal. Classificação: Transudatos: decorrem de alguma doença sistêmica que se manifesta com acúmulo de líquido no tórax, ou seja, que gere mudança da dinâmica da pleura seja formação ou absorção do líquido pleural. • Insuficiência cardíaca; • Cirrose hepática; • Síndrome nefrótica; • Síndrome da veia cava superior; • Mixedema; • Diálise peritoneal; • Embolia pulmonar; • Urinotórax; • Hipoalbuminemia grave. Exsudatos: são causados por uma doença que está acontecendo ativamente na pleura. Ou seja, fatores locais influenciam diretamente na alteração da formação e absorção de líquido pleural. • Pneumonia; • Tuberculose; • Neoplasia – primária ou metastática; • Embolia pulmonar; • Colagenoses; • Pancreatite; • Hemotórax; • Quilotórax; • Síndrome de Meigs – fibroma ovariano; • Ruptura esofágica; • Uremia; • Pós-cirurgia; • Asbestose; • Sarcoidose; • Síndrome de Dressler; • Síndrome das unhas amarelas. Quadro Clínico: Depende da doença de base e do volume do derrame pleural *o achado de exame físico mais precoce é a macicez à percussão Trepopneia= dificuldade de respirar quando em decúbito lateral para o lado do pulmão doente. Diagnóstico Raio-X Achados semiológicos do derrame pleural INSPEÇÃO Diminuição da expansão torácica Sinal de Lemos-Torres: Abaulamento do espaço intercostal à expiração Desvio contralateral do mediastino Alargamento intercostal PALPAÇÃO Redução do Frêmito tóraco-vocal (FTV) ou abolido PERCUSSÃO Macicez ou submacicez- delimitação do nível líquido Rebaixamento hepático Sinal de Signorelli (Macicez na percussão da coluna torácica em indivíduo com derrame pleural) AUSCULTA MV reduzido Sopro pleurítico Egofonia (parecida ao balido trêmulo de uma cabra) Qual a tríade de sintomas presentes no derrame pleural? Dor pleurítica (habitualmente, é bem localizada, piorando com a inspiração profunda) Tosse Dispneia -Identifica a presença de líquido quando pelo menos (detectável entre 100 e 150 mL) 250 a 500mL na PA e 75 a 100mL no perfil. - Opacidade homogênea nos segmentos inferiores, com conformação “em parábola” ou curva de Damoiseau. - Obliteração do seio costofrênico. - Elevação e alteração da conformação do diafragma (retificação da porção medial) - hipotransparencia nas bases com formação de uma parábola com concavidade para cima (Curva de Damoiseau). - Se dúvida, solicitar incidência de Hjelm-Laurell (decúbito lateral ipsilateral ao derrame, com raios horizontais). Incidência de Laurell ajuda dizer se é seguro fazer toracocentese (espessura de nível de líquido >10mm) Derrame pleural livre: o derrame subpulmonar, que se caracteriza por acúmulo de líquido abaixo do pulmão, gerando um aspecto semelhante à elevação da hemicúpula, sem velamento do seio costofrênico ou conformação “em parábola”. Derrame pleural Loculado: Liquido não está livre na cavidade pleural. TC de tórax - Capaz de detectar pequenos derrames (<10 mL) -Sinal de pleura dividida-> segere presença de inflamação, portanto derrame exudativo. USG de tórax - Guia para toracocentese e biópsia pleural - Elevada acurácia na avaliação de derrames complicados, empiema e espessamento pleural. Toracocentese - Pode ser diagnóstica ou de alívio (na presença de dispneia associada a derrame pleural volumoso-> Retirada lenta, sem uso de vácuo e, não excedendo 1500 mL de líquido pleural pelo risco de edema de reexpansão). - Deve ser feita sempre na borda superior do arco costal (evitar punção acidental do feixe vasculonervoso) - Não é recomendada a realização de raio-X de tórax de rotina após uma toracocentese, exceto na presença de tosse, dispneia, dor após punção, saída de ar ou redução do frêmito toracovocal na parte superior do hemitórax puncionado. Indicações para Toracocentese: - Na suspeita de insuficiência cardíaca e outras causas de derrame transudativo: não realizar toracocentese, nem diagnóstica nem de alívio, tentar manejo de terapia clínica e reavaliar; Contraindicações: Infecções de pele no local e coagulopatias graves. Análise do líquido Pleural Aspecto macroscópico Amarelo citrino Inespecífico: ICC, hepatopatia, TB, neoplasia, colagenoses Sanguinolento/hemático TB, neoplasia, embolia pulmonar, trauma, pós operatório Leitoso Quilotórax, pseudoquilotórax Purulento Empiema Partículas alimentares Ruptura de esôfago Odor fétido Infecção por anaeróbios Turvo Presença de lipídios, proteínas ou células. CRITÉRIOS DE LIGHT - Sensibilidade de 98% - Especificidade de 83% - A presença de qualquer um dos critérios classifica o derrame como exsudativo Critérios de Light Relação proteína do líquido pleural/ proteínas séricas> 0,5 Relação DHL do líquido pleural/ DHL sérica > 0,6 DHL do líquido pleural superior a dois terços do limite do laboratório sérico *Uso de diurético (Furosemida) -> falso positivo nos critérios de Light O que fazer? Albumina sérica- Albumina pleural < ou = 1,2 g/dL EXSUDATO Para diferenciar derrames exsudativos e transudativos Quais derrames podem se comportar com transudato e exsudato? R- Derrame pleural na sarcoidose e TEP BIOQUÍMICA Glicose <60 mg/dL sugere etiologia de Artrite reumatoide, derrame parapneumônico ou neoplásico. pH <7,2 em neoplasias correlacionam-se com pior prognóstico Adenosina Deaminase (ADA) >30 U pode ser TB, neoplasias, derrame parapneumônico ou empiema Triglicerídeos Diag diferencial entre Quilotórax (elevação TG) e pseudoquilotórax (colesterol >200mg/dL) Citologia *Neutrófilos>50% é característico de processo pleural agudo= derrame parapneumônico, TB Citologia Oncótica Hematócrito: Na presença de derrame sanguinolento, deve-se solicitar o hematócrito do líquido. Quando >50% do hematócrito do paciente, define-se hemotórax, sendo indicada a drenagem torácica. Ureia e creatinina Seus aumentos no líquido pleural sugerem a presença de urinotórax. MICROBIOLOGIA -Bacterioscopia, cultura -Baciloscopia, micológico direto, cultura para BAAR. -> BIOPSIA PLEURAL - Com agulha de Cope ou Abrams - Derrame pleural exsudativos com etiologia não identificada Algoritmo dediag de pctes com infecção pleural: TRATAMENTO Princípios gerais: Não invasivo -Sintomáticos -Nutrição -Oxigenioterapia -Fisioterapia Invasivo - Toracocentese -Drenagem -Pleurodese (gerar obliteração artificial do espaço pleural. Indicação: derrame pleural maligno recidivante sintomático em pcte com pulmão expansível. Malignidade pleural diagnosticada durante videotoracoscopia) -Toracoscopia -Decorticação -Pleurostomia- empiema crônico Derrame transudativo= tto baseia-se no controle da síndrome endemigênica. Derrame exsudativos= a determinação da etiologia é fundamental para o manejo específico #Derrame parapneumônico Quando realizar toracocentese? • Espessura acima de 10 mm no decúbito lateral; • Presença de derrame loculado – toracocentese guiada por ultrassonografia. Quando drenar? • Bacterioscopia ou cultura positivas; • pH abaixo de 7 ou glicose abaixo de 40 mg/dL; • pH 7 a 7,2, com aumento progressivo da DHL. Quando indicar toracoscopia ou decorticação? • Presença de loculações; • Piora clínica, apesar da drenagem. Antibióticos= Macrolídeos não indicados de rotina (não tem boa penetração na cavidade pleural) Aminoglicosídeos-> Evitados Penicilinas + inibidor de beta lactamase Cefalosporinas Metronidazol Boa penetração
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