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1 2 3 Anaisa Alves de Moura Adriana Pinto Martins Neudiane Moreira Felix ARTE E EDUCAÇÃO 1ª Edição Sobral/2017 4 5 Sumário Palavra das Professoras autoras Sobre as autoras Ambientação Trocando ideias com os autores Problematizando UNIDADE 01: A HISTÓRIA DA ARTE NO BRASIL O que é arte? O Surgimento da Arte desde a Pré – História a Contemporaneidade; LDB e PCN: uma visão legal sobre arte e educação UNIDADE 02: DESENVOLVENDO ARTE E EDUCAÇÃO O Compromisso em saber e ser Professor de Arte O Ensino da Arte na Educação Infantil e Séries Iniciais O Professor de Arte X O Ensinar X Aprender Arte Música e Dança na escola A Representação Teatral e a Arte Artes Visuais e o Professor de Arte O Professor de Arte no Século XXI Planejando as aulas de arte Avaliação em Arte UNIDADE 03: OFICINAS E VIVÊNCIAS O desenvolvimento das crianças no ensino de artes Brincadeiras para ensinar reciclagem às crianças Explicando melhor com a pesquisa Leitura obrigatória Pesquisando na internet 6 Saiba mais Vendo com os olhos de ver Revisando Autoavaliação Bibliografia Bibliografia Web Vídeos 7 Palavra das Professoras Olá estudantes! É com muito prazer que escrevemos este material como quem escreve uma carta ao futuro. Enquanto escrevemos pensamos: o que estará acontecendo no mundo no exato momento em que você estuda esta disciplina? Se abrirmos a página de um computador tão logo perceberemos diversos acontecimentos no Brasil e no mundo: descobertas científicas, guerras, inventos tecnológicos, o lançamento de novas músicas e muitos outros fatos que certamente poderão influenciar no que pensamos, na forma como agimos e nas escolhas que fazemos. E talvez você esteja perguntando: o que tudo isso tem a ver com Arte? Enquanto produzíamos cada unidade de estudo deste material, o nosso agora, o nosso hoje, combinado a todas as nossas experiências anteriores, em especial com a Arte, estavam nos influenciando, nas escolhas dos artistas, das obras, dos movimentos, das oficinas e vivências na sala de aula, no trabalho docente, enfim, tudo o que apresentaríamos a você. Da mesma forma com o que está acontecendo com você no seu agora, no seu hoje, em conjunto com tudo o que já viveu inclusive suas experiências artísticas, vai interagir com a sua leitura, com as atividades que realizará com tudo o que vivenciará a partir de agora. Foi pensando nisso que construímos este material, como uma ferramenta indispensável para sua formação profissional enquanto educador ou futuro docente para que você se relacione com ele, junto com seus colegas na sala virtual, seu tutor e professor, até mesmo em sua comunidade para que interaja e assim descubra novos assuntos, novas experiências, novas possibilidades, novos caminhos e construa novos conhecimentos, em um ciclo constante de interações e transformações. As autoras! 8 Sobre as autoras Anaisa Alves de Moura, mestre em Ciências da Educa- ção - Lusófona - Lisboa/Portugal (2016). Especialista em Psicopedagogia Institucional, Clínica e Hospitalar - INTA (2016). Especialista em Educação a Distância pela Universidade Norte do Paraná - UNOPAR (2015). Especialista em Psicopedagogia e Educação Especial pela Universidade Cândido Mendes - UCAM - Rio de Janeiro (2014). Especialista em Ciências da Educação pelas Faculdades INTA (2013). Especialista em Gestão Escolar pelas Faculdades INTA (2009). Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (2006). Atua como professora ministrando aulas pelo Instituto de Estudos e Pesquisas Vale do Acaraú - IVA, PARFOR/CAPES/UVA como Professora Pesquisadora I desde 2013 pela Universidade Estadual Vale do Acaraú e Instituto Superior de Teologia Aplicada - INTA (Pós- graduação). Atualmente, exerce a função de Revisora Crítica/Analista de Qualidade, na produção de material didático, na área de Educação a Distância para os cursos de Licenciatura em Pedagogia, História e Educação Física - INTAEAD. Adriana Pinto Martins, especialista em Gestão Escolar e Biologia pelo Instituto EDUCAR (2014). Especialista em Literatura e Português. Pedagoga pela Universidade Estadual Vale do Acaraú- UVA (2003). Tem experiência com a Educação de Jovens e Adultos-EJA (2012-2014). Desenvolveu trabalhos como Supervisora Pedagógica pela Secretaria de Educação do município de Ipu/Ce (2009). Atuou como Tutora Educacional do curso de PROLETRAMENTO, na formação continuada de professores das séries iniciais no município de Pires Ferreira/Ce e do PROGRAMA GESTÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR - GESTAR II, nos anos finais do Ensino Fundamental II em Ipu/Ce. Atualmente compõe a Equipe de Transposição Didática das Faculdades INTA na organização de material didático para os cursos em Educação a Distância – EAD. 9 Neudiane Moreira Felix, Especialista em Gestão e Docência da Educação Superior pela Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA (2014). Possui graduação em Letras pela UVA (2009). Ministra disciplinas pelo Instituto de Estudos e Pesquisas do Vale do Acaraú – IVA /Sobral – CE desde 2010. Professora Pesquisadora II do Plano Nacional de Articulação e Formação de Professor da Educação Básica - PARFOR/UVA/CAPES. Atualmente atua na área de Educação a Distância do Instituto Superior de Teologia Aplicada - INTA. 10 Ambientação Bem vindos à disciplina de Arte e Educação! A arte está presente em todas as sociedades humanas. O interesse pela arte é um dos elementos que nos caracteriza como espécie. Essas manifestações podem ser muito individuais, mas dificilmente conseguiriam isolar-se completamente de seu contexto cultural e social. É por isso que a arte pode ser estudada do ponto de vista de várias áreas do conhecimento: da Filosofia, da História, da Sociologia, Antropologia etc. Nenhuma delas, de fato, consegue analisar a arte independentemente. Não é possível encontrar apenas uma definição para qualquer tipo de manifestação artística. A arte existe de muitas formas, com diferentes conceitos. Cada civilização produz arte e a define dependendo de seus costumes, valores e história. A partir das leituras e dos diálogos com os teóricos, descobrimos que são unânimes em afirmar que a arte trás grandes contribuições para educação. É preciso considerar também as dificuldades enfrentadas pelos professores de arte em seu dia a dia, essa questão está relacionada à falta de formação adequada aos professores e implica no despreparo desse professorado para lidar e superar as dificuldades cotidianas. Para tal empreitada no contexto educacional, o ensino de arte é o espaço mais propício embora não seja o único. Bons estudos! 11 Trocando ideias com os autores Agora é o momento de você trocar ideias com osautores Sugerimos que leia a obra Arte na Educação Escolar, uma obra fascinante e indispensável sobre o ensino e a aprendizagem de arte, enfocados pelo prisma da educação estética e artística. As autoras dirigem-se aos professores em formação ou atuando, propondo que reflitam sobre sua teoria e prática, como organizadores do conhecimento estético e artístico dos estudantes. Para atingir tais finalidades, apresentam o ensino de arte com estudos da linguagem da arte, da teoria e da história da arte. Enfatizam que tais conhecimentos, pelos estudantes, são imprescindíveis à sua formação artística e estética, principalmente quando mediados pelo fazer artístico, a apreciação estética e a comunicação na sociedade. FERRAZ, Maria Heloísa C. de; FUSARI, Maria F. de Rezende. Arte na educação escolar. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2010. Propomos também a leitura do livro A História da Arte do autor GOMBRICH, uma obra maravilhosa que busca introduzir o leitor ao mundo da arte, apresentando desde as pinturas rupestres da pré-história até a arte experimental contemporânea. O desenvolvimento da pintura e da escultura é tratado tendo como pano de fundo os sucessivos estilos de arquitetura. Na obra, o autor descreve seu objetivo como sendo o de trazer alguma ordem compreensível à riqueza de nomes, períodos e estilos que preenchem as páginas. Usa a sua percepção da psicologia das artes visuais a fim de fazer o leitor ver a história da arte como uma tela contínua e uma mudança de tradições, em que cada obra reflete o passado e aponta para o futuro. 12 GOMBRICH, E. H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 2013. Guia de Estudo: Após a leitura das obras, realize uma comparação entre as ideias dos autores, em seguida faça um texto dissertativo-argumentativo sobre o que mais lhe chamou atenção e disponibilize na sala virtual. 13 Problematizando Convidamos você para analisar a seguinte situação - problema: Silvana é professora da disciplina Arte e Educação para as turmas do 5° ano do Ensino Fundamental. Vamos analisar a hipótese que os estudantes têm demonstrado falta de interesse pelas aulas de Arte. O que está acontecendo que essas aulas não estão atrativas? Que tipo de erros este educador está cometendo? De que forma o educador poderia inverter esta situação? Apresente uma solução para motivação dos estudantes no ensino da arte. Guia de Estudo: Considerando a situação mencionada como ponto de partida para a reflexão, propomos que discuta e responda às interrogativas acima descritas, de acordo com os conceitos e assuntos que serão aqui estudados. É importante dialogar com seus colegas na Sala Virtual, sobre suas considerações frente aos questionamentos apresentados. 14 15 A HISTÓRIA DA ARTE NO BRASIL 1 Conhecimentos . Compreender a arte como fato histórico contextualizado nas diversas culturas, bem como os diferentes conceitos de arte e suas implicações no processo de compreensão da sociedade. Entender os aspectos legais da arte na LDB enquanto disciplina no currículo escolar e a importância da reestruturação das propostas curriculares (PCNs). Habilidades Identificar a arte e a cultura como determinações sociais no processo de educação, observando a existência de diferenças nos padrões artísticos e estéticos. Reconhecer as Leis de Diretrizes que regem e amparam o ensino de artes no Brasil.(LDB) . Atitudes Apreciar a arte, contribuindo tanto para o processo pessoal de criação dos estudantes como também para o conhecimento do significado que ela desempenha nas culturas humanas. Saber aplicar os critérios legais incentivando o ensino de artes e sua importância nos dias atuais. 16 17 O que é Arte? Cada sociedade, em épocas e lugares diversos, define seus padrões artísticos, e entende a arte de modo diferente. Para responder de forma direta a esta pergunta é preciso um pouco de reflexão e cuidado, pois sabemos que não exista somente um único jeito de se entender a vida e o mundo. Neste material você não vai encontrar um conceito pronto e acabado como única definição para esta pergunta, mas vai encontrar x respostas. Sabe por quê? O que é arte para uma cultura pode não ser para outras. Arte não é simplesmente um componente qualquer que foi pintado ou esculpido e nos causou admiração pela sua beleza estética. Com tantos conceitos, eis aí a nossa tentativa de definição: Arte é toda manifestação humana imposta a partir da percepção, emoção e ideias, com o objetivo de estimular esse interesse de consciência em um ou mais espectadores, e cada obra de arte possui um significado único e diferente. Toda atuação educacional inicia-se por uma significação clara das ideias que a norteiam e fundamentam, estabelecendo os parâmetros que orientam as tomadas de decisões. Nesse sentido, a primeira definição que devemos construir é a de “Arte”. Nesse significado, temos de estabelecer de pronto o que entendemos por arte, de quais tipos de arte estamos falando neste texto. Partamos do sentido comum, que envolve as artes como o conjunto das antigas “belas Artes”: a pintura, a escultura, a poesia, a arquitetura e a música. Mas também é comum ouvir declarações com significados derivados: arte de amar, arte de viver, arte de cozinhar. Dessas expressões, pode-se deduzir que “Arte” seria um modo de fazer, um jeito de cozinhar, de viver ou de amar. Mas seria a arte apenas a desenvoltura de fazer algo? Arte seria apenas um bem fazer? Se assim fosse, poderíamos falar de tantas artes, quantos seriam os fazeres humanos. 18 Com todos os questionamentos expostos até agora, temos a certeza que você estudante entenderá o que é a arte. Vamos continuar refletindo ? Arte seria então, uma maneira simbólica de fazer pinturas, desenhos? Um aspecto de dançar ou de cantar? Um modo especial de instalar espaços arquitetônicos? É claro que não! Não podemos restringir a ideia de arte a um modo de fazer as coisas. O que poderia nos aliviar é que essa dúvida vem desde a antiguidade. A palavra “Arte” já teve, e ainda poderá ter muitos significados. No tempo dos gregos e romanos, arte era indústria, ofício e também o mesmo que hoje, em senso comum, entendemos como Arte. A arte era tudo que era feito com uma habilidade especial. Daí vem a ideia que está contida na frase “A Arte de cozinhar” que nesse sentido seria um domínio dos fazeres da culinária. Essa situação de indefinição pode levar a dois comportamentos adversos: por um lado, estaria os que veem a arte como algo que não se pode ter acesso, uma espécie de conhecimento inacessível. Por outro lado, estariam os que acreditam que este campo, o da Arte, é um terreno sem dono, facultando a qualquer um dizer sem o menor receio: “Acho que isto é arte” ou “Isto não é arte”. Essa ilusória confusão, talvez seja provocada de início porque não nos ensinam que a arte é viva e está em constante mudança. A forma com que ela se apresentava ontem, por certo não é a mesma de hoje. Confiar que a aparência das artes hoje deveria ser semelhante às artes do passado, é o mesmo que idealizar que as pessoas de hoje deveriam vestir-se iguais aos costumes e modas do passado. Podemos então acrescentarque a arte não é simplesmente uma execução, uma produção, uma inspiração, criação de objetos, desenhos e telas ou ainda cantar, encenar, contar histórias de modo interessante. O fazer ou o saber fazer 19 não considera a complexidade ou a totalidade do que aprendemos por arte, nem alcançam a perfeição de sua essência. Arte é muito mais do que podemos imaginar. Arte é também invenção. Porém não é apenas o implementar ou a realização de um projeto, a fabricação de algo dado, segundo regras apresentadas ou preparadas. A Arte é um improvisar que, enquanto se faz, imaginamos o que estamos realizando e o modo que estamos fazendo. A Arte é uma atividade onde: A execução e invenção acontecem simultâneas, uma não se separa da outra. O incremento de realidade é constituído de um valor original. Nos afazeres artísticos, concebe-se executando, projeta-se fazendo, encontra-se a regra operando, já que a obra só existe quando é acabada. Só escrevendo, pintando ou contando é que ela é encontrada, concebida e inventada. Perceba então: arte não é apenas o que admiramos pela agilidade de execução ou pela engenhosidade. Arte é aquilo que nos ajuda a perceber e compreender o mundo e que pode ser feito por muitas técnicas distintas. De acordo com o pensamento de Tzvetan Tudorov (1999), essa é uma visão do mundo ocidental. A Arte ocidental difere profundamente de outras tradições artísticas importantes, como a indiana, a chinesa e a árabe, que não dão a importância que nós ocidentais damos à inovação, invenção e originalidade. Se para nós a arte está em permanente mutação, para eles a arte é perene, imutável. 20 O Surgimento da Arte desde a pré-história a contemporaneidade Podemos dizer que tudo tem história: nós, nossas famílias, nossas casas, os objetos que nos pertencem, até os modos de pensarmos. Todavia, somos obrigados a reconhecer a incapacidade de explicarmos os motivos que contribuíram para um acontecimento ainda que ele nos envolva diretamente, Mas, independentemente desse fato, temos de reconhecer a importância da história e, em especial, a história das Artes. E por que devemos nos preocupar com a história das Artes? A história serve afinal para quê? A história não é a reconstrução de um passado, mas um discurso de como imaginamos o passado. Talvez, só possamos verdadeiramente conhecer o presente com os fragmentos que sobreviveram do passado real e que nos permitem imaginar, de forma incerta, como foi o passado. É quase impossível para um historiador avaliar, compreender e explicar os acontecimentos sócio-político-econômicos do passado, sem ser influenciado por sua visão pessoal de mundo, imagine a dificuldade de se investigar a produção artística de um tempo ou determinado lugar. Uma boa recomendação para quem deseja conhecer sobre a História da Arte, será a partir da observação das próprias obras de Arte. (BRASIL, 1997). Elas são documentos inteirados para se trabalhar, algumas afrontas são cognitivas e imprescindíveis para o docente na sala de aula com os estudantes, são elas: O que nos diz a obra, o que ela nos fala? Com quais materiais, como foi feita? Qual época, tempo e ano? Quem a fez? De que modo e quais procedimentos foram empregados na sua elaboração? A obra pode falar tudo isso se for adequadamente investigada. Essas interrogativas não devem se limitar aos historiadores. Todos nós, professores, estudantes e amantes das artes, devemos ter essa visão de 21 pesquisador se pretendemos “ler” e captar o que a obra de arte nos diz. Podemos sugerir uma boa dica: tentemos escutar seu diálogo conosco. Em outras pesquisas, devemos procurar como ela foi recebida pela sociedade em seu tempo. E qual a relação da obra, no momento de sua produção, com a realidade mais ampla da sociedade onde ela foi inserida. A justificativa mais simples as indagações acima se baseiam na pulsão humana de conhecer os caminhos já trilhados no passado. E, mesmo que não tenhamos uma imagem perfeita de espaço de tempo, já nos satisfaz, pelo menos provisoriamente, saber a direção, o sentido e qual o caminho por onde se deve seguir. Observemos, como exemplo, a ilustração abaixo: trata-se da urna marajoara, pertencente a um grupo humano que viveu numa ilha chamada de Marajó, localizada no Pará, antes da colonização. Não se sabe com absoluta exatidão o significado da peça para sociedade que a produziu, visto que é um objeto arqueológico. Não temos nem mesmo informações de qual era a ideia de arte dessa cultura ou se possuíam um vocábulo equivalente a “arte” em sua linguagem. Ao considerar sua forma, no entanto, pode-se compreender que é um objeto com alguma utilidade prática, lembra um grande vaso. Estudos arqueológicos indicam que é uma urna funerária, ou seja, objeto que servia para conservar os restos mortais de uma pessoa. Essa urna lembra o formato humano e possui figuras geométricas em sua altura. Quem a produziu preocupou-se, além de dar forma à função pretendida, em atribuir-lhe elementos que podem ser alegóricos. O que nos leva a pensar que, para essa sociedade, a arte devia ser admirável no momento de atribuir um significado, possivelmente religioso, à morte. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/289215607293473132/ 22 Com a história das artes, podemos notar os inícios e motivos de cada época que ilustram o desenvolvimento temporal dos modos de fazer arte. A arte pode apresentar diferentes funções em cada sociedade. Ela pode contar histórias, educar, provocar reflexão; representar a realidade ou criticá-la; ser manifestação dos sentimentos do artista, do sonho, imaginação ou fervor religioso; e também não ter função alguma, bastando-se por si mesma. Quando entra em contato com o público, pode também gerar interpretações muito diferentes das pretendidas pelo artista. Podemos afirmar de uma forma mais geral que, as manifestações de arte possuem em comum seu caráter estético. Mas você sabe o que é estética? Compreende essa palavra? O que ela significa? Vamos aprender agora! O termo origina do grego [aisthésis], que significa “percepção”. Essa expressão equivale àquilo que nos chega pelos olhos, boca, tato, olfato e paladar, mas alcançar algo pelos sentidos gera reações além de sensações físicas, o que faz com que a experiência estética envolva também a explicação feita pela mente, a memória, imaginação e as associações com que se conhece. Uma obra pode despertar experiências muito adversas nas pessoas. A estética é uma área de estudo também da Filosofia, que busca refletir sobre experiências relacionadas à arte e ao belo. Para várias culturas e épocas, a arte é entendida como uma representação da beleza, por isso a associação é comum até hoje. Mas não é só beleza que interessa à arte. O feio, o grotesco, o brusco também provocam experiências estéticas. Entre as obras que você viu nesta unidade, por exemplo, há uma do artista espanhol Francisco de Goya (1746 – 1828) que é parte de uma série que ficou conhecida “Os desastres da guerra”. Note o destaque da imagem, em nada bonita ou agradável, mas perturbadora. Isso não subtrai seu caráter artístico ou estético. 23 Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Los_Desastres_de_la_Guerra Atualmente, a palavra estética é muito associada a salões de beleza, tratamentos corporais, cirurgias etc. Seu uso não está errado, porque a palavra tem realmente relação com a ideia de beleza,mas para arte, a estética assume um significado muito mais abrangente. Aquele que entra em contato com uma obra de arte, por exemplo, costuma-se dizer que passa por uma experiência estética. Também pode ser usada para se referir às características de uma obra ou movimento artístico, ou seja, os elementos que a definem. Mas de onde vem a necessidade e vontade de criar, de se manifestar artisticamente? Como surgiram as formas de arte? Como já comentamos anteriormente, existem muitas conceptualizações para se explicar o que é arte, ou mesmo diferentes motivações que levam os artistas a fazerem o que fazem, mas não é possível saber com precisão quando o ser humano começou a fazer o que hoje entendemos por arte. Esse é um dos muitos segredos do passado da humanidade. No entanto, alguns vestígios arqueológicos, nos dão pistas de como nossos ancestrais viviam e quais eram suas motivações para criar. Arte das cavernas Na pré-história, acredita-se que, tentar entender a morte, a vida, o mundo e os fenômenos naturais, o ser humano tenha criado mitos e rituais para simbolizar sua existência e conexão com tudo o que estava em sua volta, que se possa ou não ver. Esses manifestos aconteceram entre vários povos do mundo, durante os 24 milhares de anos desse período, acompanhando os processos de povoamento dos continentes. As primeiras manifestações de arte teriam suas origens a partir desses rituais. As manifestações de arte mais remotas que temos conhecimento hoje tratam de aproximadamente 40 mil anos atrás, do período da Pré-história conhecido como Paleolítico Superior. Conhecidas como arte “rupestre”, termo este que faz menção às rochas, paredes das cavernas onde se encontram grande parte desses registros. De acordo com a figura abaixo é representado o uso de materiais da natureza, presentes no ambiente, como: carvão, pedras, sangue de animais e pós-minerais. Fonte: http://vovomoina.blogspot.com.br/2012_05_01_archive.html Essas imagens ao contrário do que poderíamos supor, nos mostram que o ser humano, nesse período, havia desenvolvido um avançado domínio técnico, criando imagens que imitavam a realidade e algumas representações, que transmitem a impressão de movimento. Estudos de investigação também indicam que, ás vezes, numa mesma caverna, grupos humanos separados por muitos séculos deixaram seus registros. As pinturas rupestres preservaram-se ao longo de milhares de anos e se caracterizam, por serem materiais, ou seja, concretas. Isso permite que imaginemos como surgiu a arte e como era a vida desses nossos ancestrais, o mundo que os rodeava, seus mitos e crenças. 25 Na Antiguidade No ocidente, em Atenas aparece a música como definição de educação, um artifício de busca do incremento tranquilo das pessoas, em seus apegos físicos, intelectuais, estéticos e morais. A música tinha uma seriedade superior às outras artes, por ser uma declaração independente como linguagem e não uma simples cópia do mundo visível. Contudo, o primeiro método artístico a ser ensinado, ainda no século IV a.C., foi o desenho, com a finalidade de permitir uma melhor arbitragem da beleza. Observe-se que o desenho é um método muito ativo de leitura do mundo. Você só desenha o que reconhece e compreende. Depois, percebeu-se que para a concepção de líderes era admirável o domínio da retórica, e que, nesse campo, era importante distinguir e estudar os poetas antigos. Aristóteles considerava que a música e a poesia eram educacionais no sentido moral e anunciava a capacidade cognitiva do teatro e outras artes. Fonte: http://cienciaestelar.blogspot.com.br Observemos na imagem acima: representação de um ritual sagrado, praticado na Grécia antiga, em homenagem ao deus Dionísio, deus do vinho e da fertilidade. Com a valorização e absorção da cultura e da arte dos gregos, levadas a efeito pela elite romana, surgem ateliês de reprodução de objetos artísticos gregos, principalmente de esculturas. Durante o império romano, pouca coisa mudou na concepção dos valores artísticos e nos processos de ensino das artes. 26 Pode-se imaginar que esse processo de reprodução, foi promovido pelo surgimento do colecionismo entre os romanos, torna-se um importante meio de transmissão de técnicas e modos de execução artística. Entretanto, como é admissível supor que o uso abusivo de reproduções se tenha tornado um inibidor dos procedimentos artísticos criativos propriamente ditos, é cabível considerar o executor das cópias escultóricas apenas como um artesão. Na Idade Média Se levarmos em consideração o insignificante nível de alfabetização da população, vamos entender a necessidade da utilização de imagens e pinturas nos processos de catequese e comunicação das ideias e valores da religião. Era impossível a cada povoado não dispor de um ateliê para a fabricação de utensílios de uso cotidiano, inclusive religioso. Outro importante fator na manutenção das atividades artísticas na Idade Média foi a Regra Beneditina, que declarava, em sua norma 47, que “a ociosidade era o pior inimigo da alma” e especificava que os monges deveriam dedicar sete horas diárias às atividades manuais, e duas horas à leitura das Sagradas Escrituras. Esse costume fazia com que os religiosos se dedicassem as várias atividades criativas, como: vidraçaria, caligrafia, miniaturismo, bordados, marcenaria, ourivesaria, marroquineria, etc. Vale advertir a visão de Santo Agostinho, que percebia a dificuldade de se alcançar o conhecimento apenas pelos caminhos da razão, sem as boas obras. 27 Observe a imagem abaixo S. Bento entregando a Regra aos monges. , Fonte: http://www.snpcultura.org/pedras_angulares_vida_monastica_4.html Com o passar do tempo, com o objetivo de controlar a demanda de aprendizes que podiam se dedicar ao ofício, surgem os grêmios artesanais, que unem trabalhadores da mesma profissão. O objetivo dos grêmios na verdade, era a distribuição do trabalho e controlar o fluxo de produtos no mercado. Depois de cinco ou seis anos de trabalho duro, pagando ou recebendo soldo, aprovados num teste da agremiação, alguns poucos aprendizes recebiam o certificado de mestre e podiam abrir o seu próprio ateliê. Ter aprendizes era privilégio exclusivo dos mestres. O processo de ensino se baseava no preparo de materiais, trabalhos iniciais, execução de pequenos serviços e, finalmente, na imitação do trabalho do mestre. Esse tipo de ensino não buscava o desenvolvimento da originalidade, mas apenas o desenvolvimento das habilidades técnicas de realização artesanal. No Renascimento No período Renascentista surgem as preocupações humanistas, as obras de arte adquirem uma posição mais respeitável e a educação passa a ser compreendida como um direito de todos, e não apenas de religiosos e governantes. 28 Leonardo da Vinci foi uma das pessoas que mais contribuíram para o desenvolvimento das artes e das ciências no Renascimento (1452-1519). Acreditava que a sabedoria era obra da observação do mundo verdadeiro e experiências. Observe a famosa imagem da pintura Monalisa: Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/artes/monalisa.htm Com as artes plásticas já separadas do artesanato, os processos de ensino sofreram profunda mudança. Com a ampliação do contingente de pessoas quefrequentavam as escolas, o debate e a disputa oral – característicos do ensino medieval, vão paulatinamente sendo substituídos pela leitura silenciosa e pela escrita. E, através da ampliação do uso dos livros, os estudantes são levados a admirar a beleza da literatura, da poesia, do teatro e das artes. Os artistas passam a ser reverenciados como possuidores de qualidades especiais e são admitidos como membros da elite intelectual. Na área do ensino das artes, constituem-se as bases dos sistemas de formação acadêmica: somente após se obter um completo domínio da execução de detalhes, inicia-se o estudante pela reprodução de obras realizadas por mestres e continuamente em papéis auxiliares na execução de obras completas, até obter condições de realizar obras com autonomia. 29 No Tempo do Absolutismo A proibição do ensino fora das academias foi um dos modos de estabelecer o domínio sobre os valores estéticos. Os artistas analisaram parte das organizações de Estado e a orientação da produção e do consumo era supervisionada pelo governo, privilegiando os artistas que utilizavam ao “estilo oficial”. Era assim que se impunham os estilos hoje denominados Luís XIV, Luís XV, Dom José, Maria Primeira, Filipino, Império, etc. Observe na imagem acima mesa de escrever, de transição para o Estilo Luís XVI. Fonte: http://www.wikiwand.com/pt/Estilo_Lu%C3%ADs_XV As porcelanas, tapeçarias e tecidos recebiam orientações de governo na elaboração dos objetos que seriam adquiridos para uso das cortes. Naquela época, as artes, os ofícios e artesanatos eram subjugados aos interesses dos governantes. Veja a figura ao lado Cadeira em estilo Luís XV, Fauteuil à la reine com braços, estofos em tapeçaria de Beauvais com cenas inspiradas nas fábulas de La Fontaine. Fonte: http://www.wikiwand.com/pt/Estilo_Lu%C3%ADs_XV A estrutura do processo de ensino estabelecido no Renascimento, com pequenas variações e modificações, persistirá no ensino tradicional até o século XVII, quando tem início o domínio do pensamento político absolutista. Nesse século, os temas de caráter religioso são substituídos por valores e interesses das elites que ocupam os governos. A organização das academias é dominada pelos eventos esportivos e pela censura política. 30 No século XIX o alcance do Romantismo A originalidade se converteu no principal valor da arte. Tem iniciado a separação educacional de artistas e artesãos. Os artistas passam a estudar em universidades. O sistema de mecenato, controlado pelo governo, rejeitou lugar ao sistema dominado pelo mercado. Em oposição direta ao ensino acadêmico, é nesse século, que surge a ideia de permitir ao estudante o máximo de liberdade possível para que ele desenvolvesse o seu talento, enquanto o professor apenas supervisionaria seu trabalho. Os estudantes no ensino de artes nas universidades americanas iniciavam por adquirir conhecimentos teóricos, sem orientação ou ligação com as aplicações práticas desses conhecimentos, só depois disso é que se iniciavam os estudos ligados à prática e em seguida à efetiva elaboração para as atividades profissionais. Fonte: http://www.grupoescolar.com/pesquisa/autores-do-romantismo.html Não podemos deixar de citar a revalorização dos artistas e das artes do passado, já na segunda metade do século XIX, provavelmente por influência dos valores românticos, a arte é identificada como um processo de elevação moral, em antagonismo à visão do artista apenas como criador de novidades. 31 O Século XX No inicio do século XX, uma característica comum às propostas e métodos de ensino das artes foi a influência da psicologia orientando a busca de uma expressão libertadora através dos fazeres artísticos. Nesse pressuposto, teve inicio a assimilação dos valores artísticos experimentados nas propostas de vanguarda, e ganhou importância a prática da livre expressão. Propunha-se a abolição de todas as regras que impediam a expressão pessoal no modo de se fazer arte. Abaixo Les Demoiselles d'Avignon, uma das principais obras de Picasso, um dos maiores pintores do século XX. Fonte: http://www.guiadasemana.com.br/arte/noticia/principais-obras-de-pablo-picasso A livre expressão começa a perder força depois dos anos 1930, e inicia-se o desenvolvimento das propostas que buscam o entendimento da arte como um modo de transformar a vida das pessoas. A arte é vista além de um modo de expressão, como um meio de transformação dos indivíduos e da sociedade A educação artística nesse sentido incorpora objetivos vinculados à vida social e a comunidade. A arte somente atingiria maior relevância caso estivesse relacionada com o cotidiano das pessoas, era o que se imaginava: ajudando, entre outras coisas, a desenvolver personalidades equilibradas e integradas, o aumento a sensibilidade e a criatividade, o desenvolver a capacidade de resolver problemas 32 cotidianos relacionados aos valores estéticos eram alguns exemplos de como funcionava este modelo de ensino. A Bauhaus Escola de design, artes plásticas situada na Alemanha, fundada em 1919 e fechada por pressão do partido nazista em 1932. Um processo educativo de enorme importância para o desenvolvimento das artes foi o aplicado em Bauhaus, o seu currículo despertou grande interesse internacional e influiu de modo marcante em todos os programas de ensino artístico, principalmente para a formação de artistas plásticos, arquitetos e designers. Fonte: Fotografia - Bauhaus 1930. A influência da Bauhaus ainda hoje pode ser percebida na arquitetura, no mobiliário e no design brasileiro. Sua proposta de ensino era dividida em duas etapas: a primeira, quando o estudante frequentava vários ateliês de técnicas artesanais e artísticas: serralheria, vidraçaria, pintura mural, escultura, carpintaria, cerâmica, tecelagem, etc. Já na segunda etapa, o estudante estudava análise dos materiais, observação da natureza, técnicas de representação, problemas formais, teoria do espaço, da cor e do desenho e construção de modelos. 33 Arte Contemporânea Você conhece a arte contemporânea? Já estudou ou ouviu falar? Artistas se manifestaram em várias circunstâncias da história, subvertendo a ordem do que era entendido como arte no momento em que viviam. Esse processo de propor novas ideias e ações, questionar a tradição é inclusive um dos fatores que impedem a definição de um único conceito para o que é arte. A partir da década de 1950, algumas mudanças mais significativas no campo da produção artística ocidental, questionaram séculos de tradição, e ocorreram, com mais intensidade, no período de 1960. Elas deram origem ao que titulamos de arte contemporânea. A palavra “contemporaneidade” além de classificar o que é atual, refere-se também as manifestações artísticas cujas propostas romperam com as características comuns às artes até essa época. Muitos artistas não queriam mais a arte restrita ao espaço dos teatros, salas de concerto e museus. Como algo integrado à vida, a arte passou a ser pensada como própria da vida, do planeta, acontecendo em lugares não tradicionais, comuns e convidando o público a fazer parte da obra. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/289215607293473132/ Da atualidade este é um dos grandes desafios: a busca do desenvolvimento humano, tendo o crescimento pessoalcomo principal objetivo de todas as ações que alargue as chances reais de obtenção de um padrão de vida digno. Isso somente se adquire através de uma educação de qualidade, porém a educação formal se tem voltado prioritariamente para a qualificação laboral, adequada ao sistema produtivo. Nessa situação, nós, artistas, arte-educadores, não podemos ficar indiferentes à necessidade de engenhar um projeto de interesse educativo através da arte, com sustentabilidade, contudo tendo o seu principal alvo no desenvolvimento do ser humano. 34 LDB e PCN: uma visão legal sobre arte e educação A aprendizagem da arte é obrigatória no Brasil pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN) no ensino fundamental (da educação infantil ao 9º ano) e no ensino médio. De acordo com Penteado (2009), a partir da LDB de 96, “[...] introduz-se o novo conceito que compreende Arte como linguagem, cuja dimensão é social e a função é de comunicação sensível e estética dos seres humanos” (p.48). Contudo, segundo a professora Ana Mae Barbosa, algumas escolas estão incluindo a arte apenas em uma das séries de cada um desses níveis, porque a LDBN não explicitou que seu ensino é obrigatório em todas as séries e principalmente, porque não temos professores capacitados para suprir todas as turmas. Algumas séries, no caso do ensino médio, usam a interdisciplinaridade como subterfúgio e confiam todas as artes a um único professor, o de língua e literatura. (BARBOSA, 2007a) De acordo com a opinião de Ana Mae, essa é uma forma de eliminar as outras linguagens de arte, fazendo prevalecer o espírito educacional hierárquico da importância suprema da linguagem verbal e, consequente, o desapreço pelas outras linguagens. A arte está tão presente na vida cotidiana que, por vezes, não temos consciência de sua real significação e importância para as nossas vidas. (BARBOSA, 2007b). Seguindo as concepções apresentadas na Lei 9.394/96, o Governo Federal criou os PCN’s, lançados nos anos de 1997, 1998 e 2000 pelo MEC com o objetivo de trazer as orientações e os referenciais curriculares comuns para a Educação no país. Embora os PCN’s tenham reconhecido seu lugar de destaque no currículo, ao dar à arte a mesma importância que deu às outras disciplinas, mesmo assim parece que as escolas e principalmente, os pais, ainda não foram tocados pela significação e importância de sua efetiva e qualificada inclusão no currículo para a 35 formação do estudante, tornando-os aptos para o entendimento da arte na condição contemporânea. Segundo os objetivos descritos nos PCN’s de Arte: O aluno poderá desenvolver seu conhecimento estético e competência artística nas diversas linguagens da área de Arte (Artes Visuais, Dança, Música, Teatro), tanto para produzir trabalhos pessoais e grupais como para que possa, progressivamente, apreciar, desfrutar, valorizar e emitir sobre os bens artísticos de distintos povos e culturas produzidas ao longo da história e na contemporaneidade. (1998, p. 47). Para Barbosa (1995), uma vantagem trazida pelos PCNs - arte é a flexibilidade. Ao apresentar a organização dos conteúdos por modalidades ou linguagens artísticas e não por ciclo como nos documentos das demais áreas, delega às escolas a indicação das linguagens artísticas e “[...] da sua sequência no andamento Curricular [...]” (BRASIL, 1998, p. 54). Contudo, para a autora, o texto dos PCN’s, especialmente o trecho que trata de “Arte na atualidade” é uma simplificação “medíocre e paternalista”. A autora defende que os parâmetros deviam ser avaliados periodicamente e que essa reestruturação das propostas curriculares é fundamental, especialmente, em artes, pois “[...] as mudanças de conceitos, valores e paradigmas são mais acelerados nessa área”. (p. 13). De fato a crítica é indispensável tendo em vista o contexto da atual sociedade no desenvolvimento das novas tecnologias que promovem mudanças o tempo inteiro. As artes ainda estão sendo ensinadas em modos arcaicos em muitas escolas, confundindo improvisação com criatividade. Continuam recorrendo a seus empregos apenas nas comemorações de datas festivas e na produção de presentes, muitas vezes estereotipados, para o Dia das Mães ou dos Pais etc. Daí a necessidade de esclarecimento, qualificação de professores e, até mesmo, de campanha em favor da arte na escola, porque somente com a ação inteligente e empática do professor podemos qualificar a arte como ingrediente 36 essencial para formar o indivíduo fruidor de cultura e conhecedor da construção de sua própria nação. Portanto, se pretendemos gerações futuras com um desenvolvimento humano mais significativo e um melhor exercício da cidadania, além de reservarmos um lugar para a arte no currículo de nossas escolas, de nos preocuparmos como ela é ensinada, precisamos propiciar meios para que os professores desenvolvam a capacidade de compreender, conceber e fruir arte. Nenhuma hipótese de arte- educação será reconstrutora sem a prova do conhecimento artístico, que amplia a capacidade reflexiva, a imaginação criadora, a sensibilidade, a percepção, além de favorecer o relacionamento do estudante com as outras disciplinas. 37 38 39 DESENVOLVENDO ARTE E EDUCAÇÃO 2 Conhecimentos Conhecer as habilidades artísticas do professor de Arte possibilitando ao estudante novas formas de pensar o mundo, de se tornar crítico e observador. Habilidades Identificar os fundamentos das quatro linguagens artísticas: dança, teatro, música e artes visuais. Atitudes Analisar criticamente como acontece a relação professor aluno dentro da sala de aula, promovendo o ensino aprendizagem no cotidiano escolar dos estudantes na disciplina de Artes. 40 41 O Compromisso em saber e ser Professor de Arte É necessário o empenho do professor em poder oferecer uma disciplina envolvente para que se tenha um ensino de Artes com qualidade e com estudantes participativos, desenvolvendo e se apropriando do conteúdo que irá transmitir, com segurança e confiança, mostrando domínio e habilidade. O professor de arte necessita ser conhecedor das vertentes da arte, não necessariamente ser um artista, podendo resultar em uma contribuição positiva na atuação do educador. Apropriar-se do conhecimento para transmitir da melhor forma aos seus estudantes, consciente da importância profissional ao preparar formadores de opiniões e cidadãos futuros. Deve posicionar-se com clareza nas dimensões estéticas e artística que devem ser integradas na educação escolar. Respeitar à bagagem cultural dos educandos, incentivando-os a estreitar e ampliar seu repertório cognitivo e sensitivo, com intuito de melhorar seu próprio mundo social. No entanto, é percebido que o sucesso do processo transformador no ensino da arte depende de um professor cuja teoria prática do saber e do fazer artístico deve estar conectada a uma concepção de arte e propostas metodológicas que sejam consistentes e coerentes com o que se pretende formar. Precisa saber arte ao mesmo tempo em que necessita saber ser professor. Deve aprofundar seu conhecimento estético, que envolve a compreensão e conhecimento através das heranças culturais e artísticas da humanidade, unindo o fazer e o refletir, o pensar o que faz e, conhecimentosartísticos, as vivências das linguagens específicas das artes, desenvolvendo uma prática pedagógica que aproxime o estudante do conhecimento cultural e artístico da sua e das demais culturas existentes. A arte estabelece uma relação de autoconfiança com os outros, trabalhando a percepção, a criatividade, a imaginação e o envolvimento com o grupo. Os professores que educam através da arte permitem ao estudante uma educação integral, que consiste na educação da mente e também do corpo. Esse formato de ensino mostrando ao mesmo tempo uma visão utilitarista e idealista da arte valoriza 42 principalmente as habilidades manuais, os hábitos de organização e precisão e o dom artístico. A Arte se faz presente na sala de aula, visando possibilitar ao estudante novas experiências, novas vivências, novas formas de pensar o mundo, de se tornar crítico e observador. Devemos estar aptos a pensar, a sentir, a agir. Por conseguinte, somos homens do século XXI e, portanto, a Arte, cumpre com excelência essa função. Necessitamos viver e fazer valer a existência, não apenas existir e aceitar as imposições externas. Se iniciarmos a nossa reeducação, aprendendo a explorar o interno e as situações caóticas, construiremos, passo a passo, a ordem intrínseca à perfeição de nossa constituição como Ser Humano. Necessitamos reavivar em nós, e em nossos grupos de trabalho, aspectos adormecidos da constituição individual da personalidade. Sabemos que, ao longo da caminhada, na condição de professores, arte-educadores, experienciamos momentos fascinantes, que poderão ser aplicados, retomados e direcionados conforme as novas perspectivas de trabalho. Estamos certos de que Arte implica em agir. E, como toda criação, sempre representará pensamentos, sentimentos e visões de mundo de quem a criou. Em seu fazer, Arte é a materialização da unidade pensamento/sentimento, significando a própria integração do ser. Nesse contexto, desejamos trabalhar essa mesma arte de modo a proporcionar momentos de total significância para os estudantes. Pretendemos solidificar a compreensão da Arte como procedimento de extrema cultura. Explorar os múltiplos benefícios por ela oferecidos, como modo de expressão da vida, associada ao processo de criação e transformação do ser. Deste modo, desempenharemos, plenamente, a condição de ser humano, de ser total. Estando cônscios do que somos e da nossa dimensão no mundo, poderemos agir de forma criativa, e não destrutiva, em relação aos outros e ao planeta. 43 O Ensino da Arte na educação Infantil e Séries Iniciais Nas escolas brasileiras, o ensino de artes é um tema muito complexo, pois embora haja no currículo um significativo reconhecimento de sua importância no processo ensino e aprendizagem, há inúmeras questões impeditivas para sua efetivação de maneira ampla e contextualizada em sala de aula. A insegurança de alguns professores é notória, em trabalhar conforme as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Artes, em sua amplitude, englobando Artes Visuais, Teatro, Música e Dança. Entre os fatores, são questionadas lacunas na formação acadêmica e falta de especialização em áreas tão distintas. Devido a essa problemática, geralmente, ainda hoje as aulas de Arte não ultrapassam os cadernos e, consequentemente, são reproduzidos modelos tradicionais, onde é deixada de lado a experimentação de diferentes modalidades de conteúdos de Arte, tão relevantes para a formação humana. Conforme o exposto acima de que maneira estes profissionais estão trabalhando a Dança, Teatro, Música e Artes Visuais em sala de aula? Quais os métodos que estão sendo utilizados para solucionar as dificuldades em se trabalhar as quatro áreas de Arte? É possível que sem uma especialização em Artes o professor desenvolva no estudante a competência estética e artística em suas diversas modalidades? De que forma o Educador pode tornar as aulas de Arte prazerosa e significativa na formação do estudante? Há possibilidades criativas de garantir a experimentação da Arte acessível a todos, superando a falta de recursos matérias ou infraestrutura adequada? 44 A partir de agora você irá compreender como os professores estão trabalhando o ensino de Arte nas escolas, principalmente com a questão da influência das Artes que acontece no cotidiano fora da escola, na vida dos estudantes que fazem parte de uma educação de massa e como estes estão sendo abordados nas salas de aula. O Professor de Arte X o Ensinar X aprender Arte É necessária a sensibilidade por parte do educador sobre o que vem a ser Arte, e consciência sobre a importância do ensino no desenvolvimento pessoal e social do estudante, tendo como finalidade, além do conhecimento metodológico, garantir uma aula consistente e prazerosa. Recentemente, mudou-se a ideia de que a criatividade é importante somente no campo da Arte, pois muitas vezes é no momento das aulas de Arte que o estudante terá a única oportunidade de desenvolvê-la primeiramente. “Desenvolver o pensamento criativo passou a ser uma meta prioritária na preparação para o futuro, visto que os conhecimentos adquiridos hoje podem não valer nada amanhã.” (CUNHA, 2010, p.91). Mas, afinal, será que todos têm a mesma concepção sobre Arte? Zagonel (2008) diz que a tarefa de tentar definir a arte gera discussões problemáticas intermináveis, motivo este de não haver uma definição precisa, abrangente o suficiente. Esta palavra costuma ser usada com diferentes significados: a arte de preparar algo ou de dominar alguma técnica, a arte de executar bem alguma tarefa ou pode ser usada corriqueiramente e popularmente para definir quando a criança está inventando algo diferente: “Essa criança está fazendo arte”. 45 Segundo a autora é a partir de códigos particulares que a arte é estruturada e sua compreensão vem do hábito das pessoas em apreciá-la e dos conhecimentos adquiridos sobre ela, e as pessoas não familiarizadas com a arte têm uma propensão à surdez estética ou à cegueira. A Arte é definida no contexto escolar, como uma forma de promover o desenvolvimento cultural dos estudantes. É certo que todo cidadão culturalmente produz ou convive com manifestações artísticas inseridas em seu meio, e, no entanto nem sempre tais obras são valorizadas, caracterizadas ou apreciadas como arte, mesmo fazendo parte de sua identidade. Vygotsky explicitava sobre o assunto, conforme menciona Japiassu em artigo: A representação cotidiana e habitual da criatividade não enquadra suficientemente o seu sentido científico. Quase sempre, a criatividade é concebida como propriedade privada de uns poucos eleitos (gênios, talentosos, artistas, inventores e cientistas). (VYGOTSKY apud JAPIASSU). A falta de um estímulo ou despertar artístico se deve principalmente a falta dessa leitura artística presente no cotidiano. Nesse aspecto, a função da escola é primordial, que por meio da análise, do conhecimento, da apreciação e do fazer arte, promover essa alfabetização estética, possibilitará a leitura dos estudantes a diferentes códigos culturais. Ana Mae Barbosa (2003) menciona que é por meio da Arte que a pessoa desenvolve a imaginação, a percepção, desenvolve a capacidade crítica, aprende a realidade do meio ambiente, permitindo ao indivíduo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade, que foi analisada. A área de Arte de acordo com os PCNs de Artes tem uma função importantea cumprir. Ela situa o fazer artístico como fato e necessidade de humanizar o homem histórico, brasileiro, que conhece suas características tanto particulares, tal como se mostram na criação de uma arte brasileira, quanto universais, tal como se revelam no ponto de encontro entre o fazer artístico dos estudantes e o fazer dos 46 artistas de todos os tempos, que sempre inauguram formas de tornar presente o inexplicável. Diante dos conceitos e das diversas definições existentes, todas acordam basicamente que todo cidadão que desenvolve sua sensibilidade artística e estética lida melhor com suas expressões e emoções, é autoconfiante e cada vez mais preparado para fazer parte de uma sociedade que necessita de pessoas, criativas, críticas e inovadoras. Alguns professores, atualmente, sentem-se inseguros ao planejar suas aulas de Artes, dentre os motivos estão: as lacunas no aprendizado de Artes durante o curso de graduação e a falta de especialização e resquícios de uma formação escolar tradicionalista. A falta de experiência teórico-prática e a tal insegurança refletem na postura dos mesmos, o que acarreta em aulas que não ultrapassam os cadernos, e pouco motivadoras. O professor que atua de maneira tradicional acaba se limitando a avaliar se o estudante atingiu o máximo possível do modelo original acreditando que a cópia e a repetição são as únicas formas de fixar um modelo estabelecido. Até há pouco tempo atrás, era comum alguns professores se acostumarem com um meio mais fácil de lecionar, fazendo uso de materiais pedagógicos compostos por atividades prontas, desenhos, prática comum nas formações em magistério. No entanto, encarar um modo diferente do aprendido para trabalhar, gera um pouco de insegurança, principalmente por exigir um pouco mais de reflexão do professor sobre a prática pedagógica. Para trabalhar as diferentes modalidades artísticas, a falta de definições também está presente na queixa de muitos profissionais da área, que acabam deixando de lado as modalidades: teatro, música e dança. Explorando mais o campo das artes visuais. Nesse contexto, as artes muitas vezes acabam sendo trabalhadas de forma exaustiva e repetidas com o único objetivo da criança se apresentar em datas festivas. 47 Sobre o assunto Lis (2009, p. 47) conclui que: Hoje é grande a preocupação dos professores de Arte em fazer a integração das quatro áreas artísticas. De modo que, não se deve colocar os conteúdos no currículo de forma isolada e esperar que o aluno possa integrá-los na sua cabeça. Há grandes dificuldades em estabelecer uma relação mais aprofundada entre as linguagens artísticas, mas mesmo assim, o professor pode compreender os elementos básicos de cada área da Arte e a partir de seu conhecimento e experiência, proporcionar aos alunos o contato com outras linguagens, que não a de sua formação. Os alunos em suas vidas entram em contato com estas artes e tem suas preferências. Também há outra problemática que é a visão equivocada de irrelevância do referido ensino dentre as demais disciplinas que compõem o currículo escolar, disciplina esta não exigida em processos seletivos e vestibulares. Para que a Arte faça parte de todas as disciplinas, os PCNs orientam reconhecendo sua importância como qualquer outra matéria, pois ela traz grandes benefícios aos estudantes, por exemplo, a compreensão em outras áreas do conhecimento humano. A solução para a problemática dos professores de Artes está no próprio profissional e sua postura. Primeiramente, sua formação não acaba quando conclui a faculdade devendo romper com esta falsa ideia. A formação do educador ocorre por meio de incessantes pesquisas e em suas experiências diárias, refletindo, construindo e reconstruindo sua prática, buscando para sua atuação profissional suporte pedagógico necessário. No contexto da educação escolar, a disciplina Arte compõe o currículo compartilhado com as demais disciplinas num projeto de envolvimento individual e coletivo. O professor de Arte, junto com os demais docentes e através de um trabalho formativo e informativo, tem a possibilidade de contribuir para a preparação de indivíduos que percebam melhor o mundo em que vivem, saibam compreendê-lo e nele possam atuar. (FERRAZ, 2001, p.24). Os PCN’s de Arte fornecem subsídios importantes em suas orientações didáticas, mas não dão fórmulas prontas. Cabe ao professor desenvolver reflexão 48 pedagógica específica para o ensino das diferentes modalidades artísticas. É essencial essa busca de aperfeiçoamento para garantir o direito dos estudantes de experimentar tais modalidades de forma coerente e democrática. A internet atualmente é uma ótima ferramenta para troca de informações e experiências entre educadores e um suporte para que estudantes e professores superem a falta de acesso as obras artísticas. De acordo com os PCN’s Artes (1997 p.72), “a prática de aula é resultante da combinação de papéis que o professor pode desempenhar antes, durante e depois de cada aula”. O professor, antes da aula, desempenha os papéis de: pesquisador de materiais e técnicas; fontes de informação; apreciador de arte, escolhendo artistas a serem estudados; estudioso da arte; criador na preparação e na organização da aula e seu espaço, desenvolvendo seu conhecimento artístico e um profissional que trabalha junto com a equipe escolar. Durante a aula, o professor é estimulador de um olhar crítico; incentivador da produção individual ou grupal; propiciador de um clima que tenha curiosidade, constante desafio perceptivo; inventor de formas de apreciação da arte; qualidade lúdica e alegria; acolhedor de materiais, ideias e sugestões trazidas pelos estudantes; descobridor de propostas de trabalho para desenvolver o processo de criação, reflexão e apreciação de obras de arte; formulador de destino para os trabalhos dos estudantes; reconhecedor do ritmo pessoal dos estudantes e analista dos trabalhos junto com os estudantes. E depois da aula ele assume os respectivos papéis: avaliador de cada aula particular; articulador das aulas, uma em relação com as outras; e imaginador do que está por acontecer na continuidade do trabalho com base no conjunto de dados adquiridos na experiência das aulas anteriores. Para superar os desafios deste ensino, a motivação do educador é o eixo norteador. É a motivação e o compromisso com a educação que servirão de alicerce 49 para que este profissional desempenhe significativamente tantos papéis em sua atuação, assim, ele poderá romper os mitos que cercam o ensino de Artes. Existem três mitos pedagógicos no ensino de Arte, segundo reportagem de Santomauro à revista Nova Escola. O primeiro mito é sobre “reprodução e releitura”. De acordo com a autora, mostrar uma obra de arte, discutir suas características e pedir ao estudante que faça o mesmo desenho no caderno não é propor releitura, e sim reprodução ou cópia. Quando o estudante, partindo de uma obra, interpretando, transformando e criando uma nova obra é o que chamamos de releitura do estudante. O segundo mito que ronda o ensino de Arte é o descrito: “Sem material, não dá”. De acordo com a autora, quantidade não é qualidade, pois um trabalho que garanta uma aprendizagem significativa para os estudantes não depende da riqueza de material, mas estratégia de conteúdo e propostas que ofereçam oportunidades de participação. “A Arte estimula a criatividade” é o último mito. Na verdade, a arte desenvolve a criatividade e outras habilidades, se os conteúdossão aprendidos. O educador deve encarar como um desafio e não como um problema, as aulas de Arte. Ele deve romper mitos e paradigmas, assim podendo superar os obstáculos provenientes do ensino. Se faltar recursos materiais? Pensando dessa maneira, o educador irá pesquisar alternativas de promover a arte com reciclagem ou outros materiais diferentes, é possível explorar locais alternativos no entorno da escola ou promover visitas a espaços disponíveis, como uma brinquedoteca, por exemplo, caso falte espaço físico dentro da escola. Música e Dança na escola A música sempre esteve presente nas aulas de Arte, já a dança era contemplada nas aulas de Educação Física. Só a partir de 1997 com os PCN’s é que passou a fazer parte da disciplina de Arte. 50 Os professores com menos dificuldades em trabalhar os fundamentos das quatro linguagens artísticas: dança, teatro, música e artes visuais, tiveram menos dificuldades em trabalhar na escola, pois sua formação fora feita em instituições onde trabalhavam com estas quatro linguagens. Entretanto, os que tiveram formação somente em uma especialidade da Arte durante todo o curso, logo terão dificuldades em desenvolver as outras modalidades na escola. Apesar da dança ter surgido nos currículos do ensino de Arte há mais de dez anos, ainda para os professores de Arte é uma disciplina nova, pois não acontece de um dia para outro. A busca de conhecimentos e informações sobre esta linguagem, portanto, com leituras, formação continuada, assistir apresentações de danças, comentários de coreógrafos e até na própria televisão temos apresentações e concursos de danças. A dança sempre esteve presente na escola, produzida pelos professores de Educação Física ou professores do Ensino Fundamental das séries iniciais, para apresentações de festividades e datas comemorativas, sem, muitas vezes, envolver toda a turma ou passar o conhecimento básico de dança. Jorge Sergio Pérez Gallardo diz: Conhecimento das atividades da cultura corporal (local e regional ) e participação nelas: identificação das formas das atividades mais comumente usadas; criação de variações técnicas e estéticas; combinação de coreografias envolvendo a presença de meninos e meninas; análise e discussão (beleza, estética, aproveitamento do espaço e do tempo representação do corpo em movimento, etc.), de um show ou de uma festa realizados na escola por alunos maiores, de uma propaganda de tevê ou manifestação folclórica ao ar livre(carnaval, Folia de Reis, Festa do Divino, Cavalhadas, Rodeio, entre outros exemplos) .(GALLARDO, 1998,p.101). Assim como as outras artes, a dança tem sua linguagem de comunicação e expressão que lhes são próprias. Portanto, devem ser trabalhados esses códigos da dança na escola, de forma que os estudantes entendam e incorporem em seu dia a 51 dia. Todo conhecimento em arte precisa de fundamentação teórica e não somente a prática, pois ambos devem andar juntos. Para Débora Sucupira ArzuaTadra: Não bastam termos em mãos conteúdos desconectados e aprisionados a currículos e visões de arte das instituições educacionais. É necessário, como professores, revermos as atuações que implicam uma ruptura com as práticas que não dialogam com a realidade social do educando, por que é por meio de uma profunda compreensão das relações sociais que poderemos nos aproximar do valor articulador da dança no contexto educacional. (TADRA, 2009, p.53). Atualmente, fazer a integração das quatro áreas artísticas é a grande preocupação dos professores de Arte. De modo que, não se pode esperar que o estudante possa integrá-los na sua cabeça, deve-se colocar os conteúdos no currículo de forma contextualizada e não de forma isolada. Mesmo encontrando grandes dificuldades em estabelecer uma relação mais aprofundada entre as linguagens artísticas, o professor pode compreender os elementos básicos de cada área da Arte e a partir de seu conhecimento e experiência proporcionar aos estudantes o contato com outras linguagens, que vão além de sua formação. Em suas vidas, os estudantes entram em contato com estas artes e tem suas preferências. Os professores de arte devem passar os conhecimentos básicos e experiências artísticas dessas linguagens, pois os estudantes têm o direito de conhecer mais profundamente todo o tipo de arte e seus códigos e com estes serem autônomos, sensíveis e criativos. De acordo com a Bernadete Zagonel (2008, p.115) “que o gosto se constrói. O contato frequente é necessário e a familiarização com o produto artístico para que isso aconteça." Nas Diretrizes Curriculares, o estudante da educação básica terá acesso ao conhecimento presente nessas diferentes formas de relação da arte com a sociedade, conforme a proximidade com o seu universo. Também nas DC (2006, p.43), recomenda-se ao professor que no seu processo pedagógico aborde as seguintes linguagens em música: 52 *Organização dos sons no espaço e no tempo; *Percepção musical; *Produção musical; *Registro de sons; *Reconhecimento e significação; *Interpretação dos sons memorizados, organizados e registrados. Com a interação da música e da dança para o desenvolvimento das aulas, a Arte será mais fácil para a compreensão do estudante, pois o próprio corpo produz som, a cada pausa ou movimento muitas vezes bem acentuado ou não. O som faz parte do corpo, seja no ritmo da respiração, da batida do coração, na própria voz, tomar banho, no andar, vestir-se, comer, sentar, trabalhar, entre outros. Portanto, é na escola que o estudante toma consciência desse corpo, através das várias atividades de integração, entre som, o corpo e artes visuais. Segundo Mirim Celeste Martins (1998, p.95), "cada movimento tem beleza e uma significação própria, sendo necessário à compreensão de tudo o que ele envolve". O corpo é um instrumento, que tem várias posturas nas artes, seja desenvolvendo, uma escultura, uma pintura, encenando, dançando ou produzindo música. O estudante também precisa ter essa noção desse processo de comunicação. Ele deve “observar e apreciar atividades de dança realizadas por outros (colegas e adultos), para desenvolver sua fruição, seu olhar, a capacidade analítica, sensibilidade, estabelecendo opiniões próprias”. Essa é também uma maneira de o estudante compreender e incorporar a diversidade de expressões, de reconhecer qualidades estéticas e individualidades. (PCNs, 1997, volume 6, p.69). A música, ao ser analisada sua composição e seus signos na escola, o professor de acordo com Isis Moura Tavares (2008, p. 73): "não pode perder de vista o fato de que os estudantes têm suas vivências e experiências musicais e que estas devem ser sempre levadas em consideração". 53 Na dança a música integra os dançarinos, e quando estes estão em grupo devem estar sincronizados, pois o som determina o ritmo e os movimentos. Dessa forma devemos sempre utilizar os sons e a música em consonância com o movimento de dança na escola. A Representação Teatral e a Arte Ao pesquisar alguns escritores sobre teatro na educação ou mesmo algumas metodologias desenvolvidas por estudiosos do assunto, o professor, nunca deverá aplicar os exercícios e as atividades sem antes ter embasamento teórico ou analisar o pensamento de todo o processo que este desenvolve na vida dos estudantes. Sem conhecer o todo, se apropriar de ideias soltas, resultará em uma aula sem o compromisso de realmente ensinar os conteúdos propostos para o ensino do teatro na escola. Portanto nas D.C. de Arte:É fundamental que os conhecimentos específicos do teatro estejam presentes nos conteúdos específicos da disciplina a fim de contribuir para a formação da consciência humana e da compreensão do mundo. Esses elementos permitem que o Ensino de Arte, por meio do teatro extrapole as práticas que restringem o teatro a apenas uma oportunidade de produção de espetáculos ou mero entretenimento. (DC de ARTE, 1998, p. 78) A revista Nova Escola (março, 2004 p.38) diz: "O contato com a linguagem teatral ajuda as crianças e adolescentes a perder continuamente a timidez, a desenvolver e priorizar a noção de trabalho em grupo, a se sair bem de situações onde é exigido o improviso e a se interessar mais por textos e autores variados". Ensinar teatro não é apenas representar uma história para festividade como o "Dia das Mães". 54 Nos PCNs Arte: O professor deve organizar as aulas numa sequência, oferecendo estímulos por meio de jogos preparatórios, com o intuito de desenvolver habilidades necessárias para o teatro, como atenção, observação, concentração e preparar temas que instiguem a criação do aluno em vista de processo na aquisição e domínio da linguagem teatral. (PCNs,1997 ,volume 6, p.86). Com jogos dramáticos e de improvisação aplicados na sala de aula, o professor desenvolve as expressões faciais, vocais e corporais onde mais tarde o estudante trabalha nas apresentações teatrais. Artes Visuais e o Professor de Arte O professor, com relação às Artes Visuais, tem um papel fundamental de ampliar esteticamente o olhar dos estudantes em relação à produção cultural e este compreender que a expressão artística faz parte do processo da humanização do homem. Na prática, educar esteticamente é ensinar a ver, tomando como ponto de partida o estudo dos diferentes modos de compor com os elementos formais, não esquecendo que este conteúdo foi construído ao longo do tempo e sistematizado na forma de História da Arte. (SEED, 1998, p.9). O papel do professor quanto ao ensino de Arte é precisamente trabalhar com a apropriação dos conhecimentos através dos conteúdos estruturantes das Artes Visuais, para que os estudantes tenham possibilidades de compreensão e fruição dos saberes artísticos. Quais são os conteúdos relevantes que o professor precisa saber, para desenvolver a alfabetização estética dos seus estudantes? 55 Para Luciana Estevam Barone Bueno (2008, p.106) "Os professores tem um compromisso muito sério no que diz respeito à educação do olhar dos alunos, pois estes estão constantemente em relação direta com um mundo cheio de imagens que muitas vezes não são percebidas". O professor precisa se preocupar com vários caminhos, para escolher uma metodologia de leitura de imagens, pois não existe uma única forma de apreciar e interpretar uma obra de arte ou imagem. Será mais fácil a educação do olhar dos estudantes com conhecimentos básicos das Artes visuais. A DC (1998, p.72 e 73) além de estabelecer relações das Artes Visuais com outras áreas artísticas, o professor ao: "Trabalhar com Artes Visuais sob perspectiva histórica e crítica, reafirma a discussão sobre esta área como processo intelectual e sensível que permite um olhar sobre a realidade humano social, e as possibilidades de transformação desta realidade". É percebido que, a leitura de imagens é muito importante na vida dos estudantes, mas precisa desenvolver e oportunizar-lhes as próprias produções artísticas, expressando, vivenciando suas ideias e construindo novo saberes para transformar o seu mundo, respeitando o seu trabalho e de seus colegas e valorizando os acervos artísticos, produzidos ao longo da história da humanidade. O Professor de Arte no Século XXI O professor precisa estar bem motivado e preparado para dar boas aulas. Não é tão simples, dar aulas. Por isso ele deve ter conteúdo, se preparar. Quem estuda, aprende a superar os desafios do dia a dia com mais segurança. Na revista Nova Escola (maio, 2002, p. 44) menciona: "Ensinar é uma tarefa mágica, capaz de mudar a cabeça das pessoas, bem diferente de apenas dar aulas" RUBENS ALVES. É de grande importância a reflexão na construção do processo pedagógico. Uma metodologia não deve impor limites ao professor, não é algo fechado. Muitas vezes é necessário refazer, recuar, rever e retomar o processo. 56 Precisa construir um planejamento com abordagens integradas em todas as áreas da Arte com conteúdos significativos porque muitos planejamentos são feitos de forma fragmentada. O professor precisa ter clareza sobre o quê e como ensinar e estar bem seguro. O objetivo de se planejar é ter um ensino de Arte bem orientado. Quando sai das universidades, a formação é insuficiente para saber como trabalhar com tanta diversidade. Ao planejar as aulas de Arte, pensar se o que está sendo proposto em arte é relevante para o estudante, para sua vida e para o futuro. O professor precisa ter o cuidado de não utilizar métodos ultrapassados. Há professores dando aula de arte, que nunca leram um livro de arte- educação ou, pior, que não possuem nenhuma habilidade artística. Como alguém que nunca fez arte pode se preparar para ser professor na área de Arte? Consta na revista Nova Escola (Edição Especial PCN’s de 1ª a 4ª série, 1998, p.64) em resposta a esta pergunta: [...] é importante o professor através de bons cursos tenham experimentação e criação artística, além de conhecer a história da arte, da dança, da música e do teatro. E obter atuais informações sobre a produção artística, participando da sociedade como cidadão cultivando, ampliando o próprio horizonte e os dos alunos [...] Saber fazer arte para poder ensinar os conteúdos do ensino de arte, é o que o professor precisa entender, escolhendo metodologias que correspondam à realidade escolar de seus estudantes. Na Proposta Curricular para o ensino de Educação Artística (1998, p.41): "O professor precisa desenvolver um processo expressivo próprio, o que não implica em ser artista no sentido corrente do termo, mas sim apoderar-se de sua própria expressão, exercitar sua possibilidade criadora". Proporcionar experiências artísticas é o papel fundamental do professor de arte na escola, fazendo com que o estudante tenha contato com a dança, artes visuais, teatro e a música, envolvendo-as de maneira integrada, associando, tanto os 57 aspectos formais, quanto aqueles relativos aos conteúdos e, assim, estarão desenvolvendo uma aula de arte significativa. Segundo a DC de Arte (1998, p.45), o professor de Arte: "é um sujeito epistêmico (aquele que tem conhecimento e divide este conhecimento), pesquisa sua disciplina, reflete sobre sua prática e registrar sua práxis". Quando se planeja as aulas, deve-se levar em conta o conhecimento trazido pelo estudante, a faixa etária, local a ser aplicada, disposição de tempo, recursos tecnológicos e materiais. Escolher uma metodologia condizente a experiência artística, a ser trabalhada de forma dinâmica, criativa, incentivadora e envolvente, onde todos os estudantes com suas capacidades individuais possam participar. A todo instante nas escolas, as mudanças ocorridas apresentam novos desafios aos professores, exigindo cada vez mais novas habilidades e recursos. Portanto, na sua formação acadêmica, o conhecimento não adquirido, deverá ser buscado através de participação em eventos artísticos, leituras, pesquisas, cursos de formação continuada, trazendo conhecimento profissional e a mudança da prática docente, pois os
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