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ARTES_FAVENI

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2 
 
 
SUMÁRIO 
1 ARTE NA ESCOLA ..................................................................................... 3 
2 O ESPAÇO DA ARTE NA ESCOLA ........................................................... 4 
3 O PROFESSOR DE ARTE ......................................................................... 9 
4 A ESCOLA - CENÁRIO DE CULTURA E ARTE ....................................... 17 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 24 
5 ARTIGO PARA REFLEXÃO ..................................................................... 26 
6 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................... 42 
 
 
 
3 
 
 
1 ARTE NA ESCOLA 
Eu acredito que a escola é uma instituição social. Eu acredito que a educação 
é, portanto, um processo de viver e não uma preparação para a vida futura. Eu 
acredito que a educação atual fracassa, em grande parte, porque despreza este 
princípio fundamental da escola como uma forma de vida comunitária e porque 
concebe a escola como se fosse um lugar onde se deverá dar uma certa informação, 
onde certas lições deverão ser aprendidas, ou ainda, onde se deverão formar certos 
hábitos. O valor destes, situa-se em larga medida, no futuro remoto; a criança tem que 
fazer essas coisas por causa de uma outra coisa qualquer que ela terá de fazer; são 
apenas uma mera preparação. Consequentemente, não fazem parte da experiência 
de vida da criança e por isso não são verdadeiramente educativas. 
A escola enquanto instituição/espaço construtivo é potencialmente necessária 
à ampliação do conhecimento e das diversas leituras prováveis de mundo, porém, 
hoje, a não mais Educação Artística e nem mesmo a Arte-Educação, e sim o Ensino 
de Arte, apesar das mudanças na nomenclatura e na perspectiva metodológica, 
mantém-se em discussão, buscando/visando não só a manutenção e a garantia do 
seu reconhecimento, seu espaço e a sua vigência no currículo escolar brasileiro, como 
também, e de forma incisiva, a sua sobrevivência e desenvoltura na prática escolar. 
Essa é uma leitura generalizadora, porém coberta de razões quando ainda se 
vê no Brasil, em pleno século XXI, aulas de arte para se colorir/pintar desenhos 
mimeografados e professores (as) regentes na polivalência tentando ensinar arte, sem 
o mínimo de conhecimentos, sem a formação específica/habilitação em arte. 
Justificando-se esse pensamento, reporta-se às Marias Fusari e Ferraz, que assim 
compreendem/leem tal questão: na prática, a educação artística vem sendo 
desenvolvida nas escolas brasileiras de forma incompleta, quando não incorreta. 
Esquecendo ou desconhecendo que o processo de aprendizagem ou 
desenvolvimento do educando envolve múltiplos aspectos, muitos professores 
propõem atividades às vezes totalmente desvinculadas de um verdadeiro saber 
artístico. 
Nesta perspectiva, as vertentes do fazer e apreciar a arte envolve um trabalho 
articulado, vivencial e substancialmente contextualizado, o que requer, dentre outras 
 
4 
 
 
coisas, um professorado curioso, aventureiro e responsável para a incorporação do 
papel de mediadores, sujeitos transformadores e construtores de novas relações de 
ensino-aprendizagem para que a arte possa ocupar o lugar que lhe é devido nos 
currículos escolares. 
 
 
Fonte:projetojaciaraanhanguera.blogspot.com.br 
2 O ESPAÇO DA ARTE NA ESCOLA 
 
Fonte:educarnovabrescia.blogspot.com.br 
 
5 
 
 
Diante das restrições às quais a arte é submetida nos programas educacionais, 
a função do professor, para além de ministrar aulas, tem sido a de criar na escola uma 
abertura ao diálogo, mostrando que a arte tem um sentido, um domínio específico, 
uma linguagem própria e uma contextualização histórica que lhe é inerente. Assim, 
legitimando seu papel, a escola precisa reconhecer que a sua competência inclui o 
educar para a capacidade de julgar, bem como, acompanhar e avaliar as atividades e 
as experiências da sua clientela. 
Defende-se, pois, a importância e validade do ensino de arte porque, além de 
instrumentalizar o indivíduo para o desenvolvimento da sua criatividade e percepção, 
é também objeto de estudo e experiência cognitiva, o que desvela a arte como 
mobilizadora da construção do conhecimento. Desta forma: “Quanto mais o aprendiz 
tiver oportunidade de resinificar o mundo por meio da especificidade da linguagem da 
arte, mais poder de percepção sensível, memória significativa e imaginação criadora 
terá para formar consciência de si mesmo e do mundo. Desvelar/ampliar, como termos 
interligados, são ações que se auto impulsionam, como polos instigadores para 
poetizar, fruir, conceituar e conhecer arte elaborando sempre novas relações com o 
já sabido (MARTINS, 1998).” 
Nesta linha de pensamento, o indivíduo pode construir um percurso criador 
informado e contextualizado à produção artística histórica, desenvolvendo-se como 
sujeito ativo, crítico e criativo, com repertório e poética visuais próprios e, a partir do 
convívio com obras primas, abres-lhe as possibilidades de um ensino da alegria 
cultural e estética presentes no contexto, o que não deixa de ser uma das principais 
funções da escola. À escola cabe, enfim, organizar e sistematizar o aprendizado em 
atividades educativas, onde o sujeito possa estar tanto quanto criador como 
apreciador da sua herança artística, onde o fazer possa retroalimentar-se pelo 
conhecimento de outros criadores/artistas e pela oportunidade de realizar a leitura de 
suas próprias produções. Assim, na capacitação para essa leitura, a educação do 
olhar é fundamental porque olhar e pensar são aprendizados. 
 
6 
 
 
 
Fonte:www.monicasschool.com.br 
Aprender a ver é perceber diferenciações, compreendê-las e estabelecer 
relações com as semelhanças. Mas, na maioria das escolas o Ensino de Arte ainda 
funciona como adereço, disciplina decorativa no currículo e até como relações 
públicas, orientando eventos, enfeitando o espaço físico, organizando festividades nas 
datas comemorativas, ou seja, um apêndice da programação curricular e pedagógica 
da instituição educacional. É a arte e o seu ensino a serviço da comunidade, cuja 
função maior é a ilustração de fatos e eventos. 
Em muitas escolas a arte é compreendida como atividade e não como disciplina 
obrigatória na grade/proposta curricular, contemplando temas e técnicas que ocupam 
o lugar de conteúdos e objetivos, reduzindo o ensino de arte a uma sucessão de 
exercícios e fazeres artísticos, um laissez-faire contínuo de composições livres, 
espontâneas, ou o que ainda é pior e mais comprometedor, brinca-se de ensinar-
aprender arte copiando/reproduzindo imagens de obras de arte, num procedimento 
paradoxal: a submissão a uma pretensa visão verdadeira, a do artista/autor da obra e 
a multiplicidade dos pontos de vista manifestados pela história da arte. A posição 
cultural da escola deveria, entretanto, trazer a obra como algo para se olhar, 
contemplar, sentir, pensar, uma arte para se viver e não para se reproduzir. 
 
7 
 
 
 
Fonte:escolapadregiovanni.blogspot.com.br 
Paralelo a esta postura pedagógica de recepção de imagens de obras/objetos 
de arte para reprodução, ainda se tem notícias de ensino de arte que se encarrega da 
imposição à criança de um repertório de signos gráficos como modelos criados por 
um senso comum, atitude na qual se condiciona os alunos a temas/códigos, 
acarretando um empobrecimento e operando uma profunda modificação no 
pensamento infantil. Ao impor modelos e condutas gráficas, nega-se a riqueza 
absoluta dos desenhos/registros trazidos/feitos em casa: admiráveis, ricos, variados, 
cheios de detalhes, espontâneos e com crivo pessoal. A criança em idade escolar 
segue perdendo essa pureza e autenticidade e incorpora clichês, citações, modelos, 
imagens emprestadas, manipuladas, utilizando-se de estereótipos, cópias, 
reproduções e imitações, comprometendodesta forma a sua expressão 
livre/espontânea, atitude considerada pela grande maioria dos estudiosos do ensino 
da arte e da educação, não só como um pecado ou uma atitude ultrapassada e 
inconveniente, como também, nada educativa. 
 
8 
 
 
 
Fonte:colegiopromundo.com.br 
Parte-se então, em defesa da arte na sua concretude, ou seja, conviver com a 
arte e conhecer arte através da arte, são eixos que devem ser priorizados e 
norteadores de uma proposta para o ensino de arte na escola, pois os saberes 
incorporados em aprendizagem assimilatória serão aplicados em situação concreta 
de vida e de mundo. O principal desafio então, torna-se a construção de uma 
educação inovadora que permita ao aprendiz o desenvolvimento de suas capacidades 
para que possa inteirar-se de forma flexível, crítica e criativa na construção de 
saberes. De acordo com Anamélia Buoro Bueno: “A natureza da escola, de maneira 
geral e como a conhecemos e vivenciamos, não privilegia um modelo de 
aprendizagem por relação direta com a realidade. O conhecimento de mundo que se 
faz por mediação da escola é necessariamente filtrado pela ferramenta verbal – de 
preferência em sua forma escrita [...]. Investidos do papel e da função de educadores 
em arte, uma nova dimensão acrescenta-se para nós: a da construção sensível de 
nossa competência para mediar outros olhares e encaminhá-los à auto compreensão 
e à compreensão do mundo e seus mistérios. 
Portanto, dependendo da maneira como se coloca e se trabalha a proposta da 
leitura/recepção de imagem de obras, contribui-se exatamente para a alienação e os 
supostos filtros verbais. Assim, romper com as cristalizações e a passividade na 
aprendizagem e contribuir para a inserção do aluno neste mundo globalizado e 
mutante, passam a ser palavras de ordem no meio educacional, desvelando-se a 
 
9 
 
 
necessidade de planejamentos e projetos educativos que venham ao encontro do 
interesse do aluno, uma postura coerente com a realidade sociocultural escolar e a 
possível e necessária flexibilização de estratégias. 
 
 
Fonte:baraodemaua.com.br 
3 O PROFESSOR DE ARTE 
 
Fonte:www.vvale.com.br 
 
10 
 
 
O papel/função do professor de arte é evidente, elementar e fundamental na 
formação humana e artística, evidenciando-se a necessidade de se valorizar o 
trabalho realizado na sala de aula, espaço onde o processo ensino-aprendizagem se 
estabelece e se frutifica na relação conteúdo/professor/aluno, permitindo uma busca 
contínua rumo ao conhecimento e à troca de experiências. Como explica Biasoli: “A 
sala de aula - espaço cênico - é o local onde o trabalho do professor se torna mais 
evidente, ou seja, é ali que se realiza uma situação de ensino formal e sistematizado, 
que o professor, numa relação conjunta de ação e reação com os alunos – relação 
pedagógica -, concretiza a maneira de ser dessa relação. É nesse espaço que o 
professor se mostra em seu papel de educador e se posiciona quanto à suas 
concepções, estabelece seus objetivos, desenvolve os conteúdos de sua disciplina, 
criando e recriando, à sua maneira, uma forma de executar e avaliar seu ensino. 
É o professor que ambienta a sala de aula e a provê como cenário para as mais 
variadas manifestações de aprendizagem, criando no espaço físico as possibilidades 
para o aflorar de novos conhecimentos e sequencia os passos didáticos e o ritmo das 
aulas, de forma criativa e flexível, sendo perspicaz nos imprevistos, nos desafios, nas 
situações novas. 
Nesta expectativa, a inovação do espaço escolar, bem como a busca de 
alternativas estratégicas para o redimensionamento das práxis devem ser metas do 
educador que prima pela qualidade do ensino por ele ministrado, principal e 
primordialmente, no que se refere ao ensino de arte, tão desvalorizado e adormecido 
na educação básica do nosso país. Para se chegar ao conhecimento da arte é preciso, 
então, delinear caminhos para a aprendizagem artística e estética, através de 
procedimentos pedagógicos coerentes, visto que, na aprendizagem da arte, o artístico 
relaciona-se diretamente com o ato de criação da obra de arte, do seu projeto à 
exposição ao público, a sua socialização. Desta forma, o fazer artístico é o resultado 
das construções novas mobilizadas a partir de sínteses emocionais e cognitivas 
emergidas no contato com a cultura. Assim, em arte, o estético é a compreensão 
sensível cognitiva do objeto artístico em estudo, contextualizado no tempo-espaço e 
sócio culturalmente. 
 
11 
 
 
 
Fonte:ndonline.com.br 
Nesse aspecto, Herbert Read enfatiza que: “...a cultura é um crescimento 
espiritual, na maior parte das vezes de altura pouco elevada, como o capim dos 
campos, mas crescendo aqui e ali na forma de altas árvores frutíferas, não menos 
enraizadas no solo; e a cultura, constituindo-se essa vida orgânica nativa e perecível, 
pode ser transplantada e difundida por meios artificiais e num estado de preservação 
artificial. Continuando a metáfora, e dando substância ao ponto que irei sustentar, 
apenas as sementes da cultura podem ser difundidas com algum resultado penetrante 
e criativo. ” 
Nosso primeiro passo nas escolas deveria ser derrubar o isolamento da arte – 
aboli-la de todo como matéria se for para ser considerada como atividade 
especializada, estanque. Ela deveria ser o aspecto significante, o aspecto 
“disciplinado”, de toda atividade; qualquer matéria deveria ser uma das artes, e o 
objetivo da educação deveria ser fazer de todos nós mestres em arte. No entanto, ser 
mestre em uma arte é ser também partícipe de um mistério. 
 
 
12 
 
 
 
Fonte:gestaoescolar.org.br 
Para além do isolamento e da desvalorização da arte no contexto escolar, ainda 
se tem o agravante da figura do professor não ser muito clara na sociedade como um 
trabalhador/profissional, igualmente desvalorizado na sociedade. O professor é 
também um intelectual dos assuntos educacionais e não se pode concebê-lo apenas 
como um vocacionado ao magistério, pois a vocação é uma forma de relação de 
trabalho, porém, sem sombra de dúvidas, a educação ou o magistério há muito deixou 
de ser uma simples vocação para ser uma profissão. 
Quanto a essas desvalorizações/discriminações da arte e do ensino de arte, é 
Biasoli quem novamente esclarece: “A desvalorização da arte e de seu ensino é fruto 
de um processo histórico, uma herança de nossa colonização ora concebida como 
trabalho manual, ora como acessório cultural de refinamento da elite intelectual, 
exatamente pelo fato de a ideia da arte não ser considerada uma forma de 
conhecimento. O conhecimento, historicamente, está relacionado ao racional, à alma, 
e é tido como algo superior, ao passo que a arte está relacionada ao corpo, ao sensível 
e, por isso, é considerada algo inferior. [...] essa contradição ainda hoje está presente 
nas instituições que ensinam arte. Um ensino que continua ocupando um lugar 
subalterno no currículo escolar, apesar das reformas propostas ao longo do tempo. 
 
13 
 
 
Fato que aponta, como solução, para um trabalho com arte fora do sistema 
educacional. ” 
 
 
Fonte:ocafe.com.br 
Discorda-se, pois, destas últimas palavras, pois não se partilha aqui da ideia de 
a arte perder o seu espaço no contexto escolar. É uma solução paliativa que tem feito 
inaugurar uma onda de escolas de arte particulares, que não comungam dos mesmos 
princípios e objetivos do ensino de arte na escola, trazendo a volta ao academicismo 
instalado na reprodução/cópia fiel de objetos/modelos, como desenhos de observação 
destituídos de contextualização teórica, fato esse que não deve intimidar os seus 
defensores e nem camuflar os problemas/dificuldades da arte e o seu ensino para a 
sua permanência no cenário educacional. Isso instiga à luta para mostrar que a arte 
na escola é possível: com qualidade, com transparência enquanto processo de 
aprendizagem e com resultados satisfatórios para uma leitura/abordagemmaior a que 
o seu conteúdo versa e propõe, uma prática pedagógica reflexiva que envolve a 
concepção do conhecimento enquanto processo, privilegiando a interferência no 
conhecimento posto pelos legados culturais e artísticos da humanidade. É necessário, 
então, romper com as práticas repetitivas, produtivistas. É necessário uma arte e um 
ensino de arte autênticos, imersos num romper, numa vontade/necessidade de 
ruptura para a negação do continuísmo: umas práxis verdadeiramente criadora, 
 
14 
 
 
inovadora, onde o educador, com sede de acertar, possa sentir-se gratificado pela 
parte que lhe cabe na formação do aluno sob a sua responsabilidade. 
 
 
Fonte:www.colegioabsoluto.com.br 
Para Ferraz: “O trabalho com arte na escola tem uma amplitude limitada, mas 
ainda assim há possibilidades dessa ação educativa ser quantitativa e 
qualitativamente bem-feita. Para isso, seu professor precisa encontrar condições de 
aperfeiçoar-se continuadamente, tanto em saberes artísticos e sua história, quanto 
em saberes sobre a organização e o desenvolvimento do trabalho de educação em 
arte. ” 
Pensando de forma mais abrangente e objetivando a educação como 
formadora e estabilizadora da integralidade do indivíduo, Célia Maria de Castro 
Almeida esclarece que, sem dúvida, um dos maiores objetivos da educação é 
contribuir para o desenvolvimento da autonomia, ajudar os alunos a se tornarem moral 
e intelectualmente livres, aptos a pensar e agir de forma independente. Nesse campo, 
a contribuição das artes poderia ser grande, já que elas, mais do que qualquer outro 
componente curricular, deveria incentivar os alunos a uma produção que não 
dependesse de modelos. 
 
15 
 
 
 
Fonte:www.escolacaracol.com.br 
Não é, entretanto, o que ocorre nas aulas de artes. Na maioria delas, as práticas 
docentes estão calcadas em uma concepção modelar e padronizada de ensino: os 
professores sempre determinam o que e como fazer, cabendo aos alunos realizar a 
tarefa proposta, todos do mesmo modo e ao mesmo tempo. Esse padrão ocorre no 
ensino da música, da dança, do teatro e das artes visuais, mas não é privilégio do 
ensino artístico e pode ser observado em todos os níveis da educação básica, da 
educação infantil ao ensino médio. 
 
 
Fonte:annarbor.com.br 
 
16 
 
 
A escola não existe sem o aluno e não funciona sem o professor/educador. 
Muito criticado e por vezes incompreendido, o professor carrega os ossos do ofício, 
onde é mais cobrado do que aprovado em suas ações. Ciente da sua importância no 
meio escolar, Sandra Richter sustenta que o papel do professor deva ser pautado no 
seguinte pressuposto: “Nenhum professor pode constituir conhecimento pelo aluno. 
Pode apenas sustentar, dar continência (segurar, conter, suportar) às ações de cada 
um na dinâmica sensível de cooperação social, enquanto ato de reunião e comunhão 
com o outro, pela capacidade adulta de ser sensível e compreender as dificuldades 
vividas que cercam o processo de aprender, os obstáculos que cada criança deve 
superar e ultrapassar, os equívocos necessários e os inúteis, os medos e as alegrias 
espontâneos frente à novidade que é o desconhecido. O criar passa necessariamente 
pelo interrogar e pelo fazer, por invenções mais que descobertas: por isso arte não se 
‘ensina’: arte se faz, vive-se. A criança não apreende senão aquilo que constrói, aquilo 
que faz. E é somente quando o outro se torna autor que podemos acreditar na tarefa 
da educação. ” 
Aproxima-se desta maneira, ao pensamento de Ema Brandt ao afirmar que: “É 
tarefa do docente selecionar as produções artísticas, e é ele que, mediante suas 
diversas intervenções, guiará seus alunos na ‘leitura’ de cada obra em particular. 
Enriquecer a apreciação possibilitará um olhar mais pleno sobre o trabalho dos outros, 
incluindo o respeito e a valorização da produção artística, favorecendo a compreensão 
sensível e o desfrute estético”. 
Ainda sobre o papel/função do arte-educador ou professor de arte, na 
perspectiva de pesquisador com ação/práxis reflexiva, é importante ressaltar que: 
“Para que possa desempenhar com segurança o papel de mediador entre o universo 
cultural do aluno e o universo dos saberes históricos e culturais sistematizados, o 
educador do ensino fundamental não necessita transformar-se em exímio conhecedor 
de arte. Precisa apenas tomar gosto pela pesquisa e investir na busca de informações 
e conceitos (muitas vezes escassos, porque muito atuais) sobre o tema, a obra e o 
artista em estudo. ” 
Enfim, ainda no aspecto da prática docente, Sandra Richter acrescenta que: “ 
o papel fundamental da intervenção sensível e informada do adulto nas condutas de 
criação é constituir espaços e criar situações em que cada criança possa exercitar a 
 
17 
 
 
liberdade de fazer para falar de si e do mundo, favorecendo o falar durante o 
instante/tempo da concentração exigida pelo prazer do gesto significador, que age 
sobre a materialidade do mundo para produzir e inventar formas. Formar é fazer e, 
em arte, dizer e fazer não se separam: o fazer é um dizer na medida em que toda 
forma significa-se.” 
4 A ESCOLA - CENÁRIO DE CULTURA E ARTE 
 
Fonte:fatoamazonico.com 
De forma generalizada, a escola tem encontrado dificuldades para manter-se 
como instituição/instância cultural estratégica numa dimensão socializadora. Talvez a 
sua maior preocupação hoje, seja a de lidar com as diferenças. Pelo menos tem sido 
este o discurso: trabalhar a heterogeneidade. Mas, na verdade, muito se tem visto de 
contrário: discriminar, ao invés de incluir, valorizar o melhor e manter-se indiferente 
ao menos dotado. As disciplinas concorrem entre si como conteúdos estanques 
percebendo o aluno como um fragmento, um apêndice do seu corpo, não visando à 
formação e ao desenvolvimento integral desse ser humano que está sob a 
responsabilidade do educador para crescer, desenvolver e integrar-se/adaptar-se ao 
mundo, ao contexto onde vive. 
 
18 
 
 
Não existe sensibilidade para estas questões, radicalizando-se a forma de 
vivenciar o espaço escolar como se nele não houvesse troca, fluidos, relações sócias 
afetivas, apenas cognitivas e nunca sensíveis. Neste aspecto, Curtis conclama a um 
gesto reflexivo ao afirmar que: “A escola cumpre uma função de reprodução social, 
legitimando as diferenças de classe numa competência equitativa, uma vez que o 
sistema escolar vale-se do seu reconhecimento de instância legítima de imposição 
para legitimar a hierarquia das culturas próprias de cada classe. Nessa linha de 
pensamento, a escola sustenta-se através da violência simbólica, em que a ação 
pedagógica é definida como um ato de imposição do arbitrário cultural, que se 
dissimula como tal e que dissimula o arbitrário daquilo que inculca. ” 
E vai além, discutindo e tecendo críticas, pois: “...constata-se que a escola 
pública enfrenta atualmente uma situação problemática no nível sociopolítico que se 
reflete na concepção de educação institucionalizada, herança do projeto moderno de 
educação. Tal enfrentamento diz respeito à atual postura política hegemônica que se 
vale de mecanismos de poder, cuja natureza é discursiva. Nesse sentido, pode-se 
inferir que o emprego sistemático da violência simbólica é utilizado para moldar a 
capacidade reflexiva dos indivíduos, através, principalmente, dos meios de 
comunicação. ” 
 
 
Fonte:educacaoburiti.blogspot.com.br 
 
19 
 
 
Faz-se necessário, sob esta óptica, pensar o Ensino de Arte com qualidade, 
evocando a urgência em se colocar o artista, a obra, o público e a comunicação como 
componentes do processo artístico e fontes instigantes para a organização e as 
repercussões dos conteúdos curriculares, bem como, os seus reflexos no fazer e no 
pensar arte enquanto expressão e cognição. 
Porém, concorda-se com Duarte Jr. ao tecer as seguintes críticas em relação à 
educação/organização escolar: “A escola hoje se caracteriza pelaimposição de 
verdades já prontas, às quais os educandos devem se submeter. Não há ali um 
espaço para que cada um elabore a sua visão de mundo, a partir de sua situação 
existencial. A escola ensina respostas [...] que, na maioria dos casos, não 
correspondem às perguntas e inquietações de cada um. As verdadeiras dúvidas dos 
alunos não chegam sequer a serem colocadas, pois o professor já sabe o que todos 
devem ou não saber, antecipadamente. Reproduz-se a cisão da personalidade, 
presente em nossa civilização: cria-se um mundo teórico, abstrato, que serve apenas 
para fazer provas e ‘passar de ano’, e que não se articula à vida vivida dos estudantes. 
Há um fosso profundo entre o que se fala e o que se faz. Entre a teoria e a prática. ” 
 
 
Fonte:www.carajastudodebom.com.br 
Apesar de essa última afirmação ter sido feita no ano de 1983, encontra-se 
numa perspectiva otimista, porque o quadro que hoje se desenha/configura nas 
escolas é de uma hora/aula semanal para o ensino de arte, contrapondo-se às 
 
20 
 
 
disciplinas ditas mais sérias, contempladas por uma carga horária de três a cinco 
horas/aula por semana. Independente da carga horária ocupada pela arte no currículo 
escolar é fundamental a introdução de estudos de estética, crítica e história da arte, 
paralelos à produção artística em qualquer nível de ensino, Infantil, Fundamental, 
Médio e/ou Superior, pois “A epistemologia da arte não se configura apenas pelo fazer 
artístico [...]. É necessário também refletir, exercitar o julgamento, comparar, analisar 
e interpretar imagens para conhecer arte, além de ser imprescindível entender o lugar 
da arte no tempo e na cultura. ” 
Para Fusari, “A arte é um dos modos de conhecimento ao qual os estudantes 
devem também ter acesso, assumindo-se como sujeitos capazes de apreciação 
estética e criação artística, articuladas aos processos e mediações da cultura 
contemporânea. ” 
 
 
Fonte:www.portalburitiense.com.br 
De uma forma realista e muito positiva, Ferraz citando Cenafor, sintetiza que: “ 
agir no interior da escola é contribuir para a transformação da sociedade. Cabe à 
escola difundir os conteúdos vivos, concretos, indissoluvelmente ligados às realidades 
sociais. Os métodos de ensino não partem de um saber espontâneo, mas de uma 
relação direta com a experiência do aluno confrontada com o saber trazido de fora. O 
professor é mediador da relação pedagógica - um elemento insubstituível. É pela 
 
21 
 
 
presença do professor que se torna possível uma ‘ruptura’ entre a experiência pouco 
elaborada e dispersa dos alunos, rumo aos conteúdos culturais universais, 
permanentemente reavaliados face às realidades sociais. ” 
Sob esse prisma, Maria do Carmo Curtis discute/critica o papel da escola como 
difusora/promotora de saber e cultura. Mesmo reconhecendo e reafirmando a força 
potencializadora da arte enquanto instrumento para tal, admite que as escolas no 
Brasil não estão preparadas para uma educação multicultural ao trazerem em seu 
quadro docente, profissionais não qualificados, tendo-se em vista que a formação em 
arte na qual se habilitaram para lecionar o conteúdo, não lhe proveram de experiências 
que remetessem a esses aspectos: “...as instâncias difusoras da cultura, como a 
escola, ao promover o consumo de bens simbólicos, instituem o consumo admirativo, 
em consequência, ao invés de qualificar socialmente os alunos, acabam por reforçar 
a distância entre o público e a obra. Situação que justifica estudar as possibilidades 
de desenvolver a leitura de obra que não se restrinja à sua mera veiculação. ” 
 
 
Fonte:g1.globo.com 
Há que se concordar em parte com a autora no tocante à formação do 
professor. Porém, acredita-se que a formação continuada está aí para que os 
docentes se qualifiquem e busquem atualização para seguirem em caminhada, 
trazendo para a escola novos olhares para o fazer artístico e para o ensino de arte. 
Todavia, segue-se acreditando que arte se faz e se vive, apostando-se na criação livre 
e espontânea, na invenção e na descoberta. Acredita-se que arte se ensina e se 
 
22 
 
 
aprende a partir do contato com materiais artístico-plásticos que nutrem e 
potencializam o gesto criativo. 
Entretanto, segundo Dewey é enfadonho rodear o aprendiz com materiais e 
instrumentos, deixando-o reagir a eles de acordo com os seus desejos, por acreditar 
no direcionamento da experiência no sentido de um processo contínuo de expressão 
e desempenho e não em construções esporádicas. Não se concebe assim, a arte 
somente pelo fazer, mas a arte recebida, apreciada, lida, fruída, contextualizada a 
partir da mediação do educador com os interesses do aluno e a proposta de ensino 
em arte. De qualquer forma, a escola e o professor não podem ser responsabilizados 
sozinhos por toda a negação do ensino da arte. Para Barbosa: “Os poderes públicos, 
além de reservarem um lugar para a Arte no currículo e se preocuparem em como a 
Arte é ensinada, precisam propiciar meios para que os professores desenvolvam a 
capacidade de compreender, conceber e fruir Arte. Sem a experiência do prazer da 
Arte, por parte dos professores e alunos, nenhuma teoria de Arte-Educação será 
reconstrutora. ” 
 
 
Fonte:rondoniadigital.com 
Partindo-se do princípio que o ensino de arte na escola deva primar pela 
ampliação do repertório cultural da sua clientela no âmbito de suas experiências 
estéticas, concebesse-a como um canal para o alargamento dos horizontes 
perceptivos, numa atitude de aproveitamento e respeito ao conhecimento e às 
experiências trazidas de casa, de suas relações com o meio e com o mundo. Desta 
 
23 
 
 
forma, o ensino de arte não se restringe ao desenvolvimento do potencial criador e 
nem o tem como exclusividade, pois hoje transita pelo enfoque da construção do 
conhecimento, da arte-cognição (caminho para a aprendizagem estética e artística, 
rumo à educação da sensibilidade). São palavras de Sandra Richter: “Nessa direção, 
os meios artísticos gráfico-plásticos, na educação, tornam-se estratégias de um fazer 
infantil que integra imaginação e sensibilidade, razão e desejo, produção e invenção, 
imagem e palavra, como modo poético de conhecer a si, aos outros e ao mundo, 
permitindo à criança exercitar com prazer sua humana condição de criar sentidos 
através das diferentes linguagens visuais. ” 
Portanto, ampliam-se os referenciais da arte enquanto recepção, apreciação e 
fruição, resinificando o ato de ler para além das palavras, ultrapassando o código 
escrito e verbal para trazer a linguagem plástica à escola enquanto manifestação de 
cultura, prazer, conhecimento e sensibilidade. 
 
 
Fonte:www.newsrondonia.com.br 
 
 
24 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
ALMEIDA, Célia Maria de Castro. Concepções e práticas artísticas na escola. In: 
FERREIRA, Suecli (Org.). Ensino das artes: construindo caminhos. Campinas, 
Papirus, 2001. 
BARBOSA, Inquietações e mudanças no ensino da arte, 2002, p. 14. 
BIASOLI, A formação do professor de arte. Ensino das artes: construindo caminhos. 
Campinas, 1999, p. 136-7. 
BIASOLI, A formação do professor de arte. Ensino das artes: construindo caminhos. 
Campinas, 1999, p. 86. 
BRANDT, Ema. Para um mundo com seres humanos criativos. In: Projeto. Revista..., 
2001, p. 35. 
BUORO, Olhos que pintam. Ensino das artes: construindo caminhos. Campinas, 2002, 
p. 59. 
DEWEY, John. ESCOLA PLURAL. Os Projetos de Trabalho I: reflexões sobre a prática 
pedagógica na Escola Plural. Belo Horizonte: Secretaria Municipal de Educação, 
1994. 
DUARTE JR, João Francisco. Por que arte-educação? Campinas-SP: Papirus, p. 72, 
1983. 
FERRAZ & FUSARI, Metodologia do ensino da arte. Ensino das artes: construindo 
caminhos. Campinas, 1993, p. 16. 
MARTINS, Miriam Celeste. Didática do ensino de artes, a língua do mundo: poetizar, 
fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, p. 8, 1998. 
NARDIN, Heliana Ometto & FERRARO, Mara Rosângela. Artes visuaisna 
contemporaneidade: marcando presença na escola. In: FERREIRA, Sueli (Org.). 
Ensino das artes..., 2001, p. 181. 
 
25 
 
 
RICHTER, Sandra. A arte e a dimensão poética do conhecer na infância. In: Projeto. 
Revista de Educação: Artes Plásticas. Porto Alegre: Ed. Projeto, v. 3, n. 5, p. 26, 2001. 
RICHTER, Sandra. In: FERREIRA, Sueli (Org.). Ensino das artes. Ensino das artes: 
construindo caminhos. Campinas, 2001, p. 27. 
 
 
26 
 
 
5 ARTIGO PARA REFLEXÃO 
Autores: Aline Fernanda Silva, Charlene Schultz e Ivonete Helena Machado 
Disponível em: 
http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2008/anais/pdf/548_640.pdf 
Acesso: 4 de outubro de 2016 
A ARTE-EDUCAÇÃO NO COTIDIANO ESCOLAR 
SILVA, Aline Fernanda – FAMEG 
ali.fernanda@hotmail.com 
 
SCHULTZ, Charlene – FAMEG 
charlene@fameg.edu.br 
 
MACHADO, Ivonete Helena - FAMEG ivonete@fameg.edu.br 
 
Área Temática: Currículo e Saberes 
Agência Financiadora: Não contou com financiamento 
Resumo 
Ao longo da nossa história a arte tem nos acompanhado com as mais diversas funções. 
Partindo dessa premissa e de observações no cotidiano escolar, desenvolvemos essa investigação que 
teve como problemática compreender como as artes visuais podem contribuir para a construção de 
conhecimentos significativos na Educação Infantil. Para esta compreensão, objetivamos, 
principalmente, investigar como as artes visuais podem auxiliar no processo de ensino e aprendizagem 
da criança durante o seu desenvolvimento. Trilhando nesse caminho, objetivamos também: 
compreender a estrutura da Educação Infantil a partir do referencial teórico; estimular o 
desenvolvimento da imaginação, da curiosidade, da expressão, da cognição e da criatividade através 
do fazer com a arte, bem como investigar a aplicabilidade da interdisciplinaridade no processo de 
ensino e aprendizagem na Educação Infantil. Esta pesquisa é qualitativa de cunho interpretativo que 
utilizou o método o indutivo analítico, por se tratar do estudo de uma amostra para generalizar uma 
compreensão. Utilizamos como técnica para recolha dos dados a observação participante, que permite 
a participação do pesquisador no ambiente observado. Os dados foram coletados a partir de atividades 
propostas com os alunos da Educação Infantil de uma escola particular da cidade de Guaramirim. 
Nessa caminhada investigativa, percebemos que o processo de aprendizagem faz parte do ser humano 
e que a criatividade faz com que este processo se desenvolva de forma lúdica na arte. Precisamos 
cultivar e manter esse processo ativo e estimular a criatividade, a observação e o senso crítico para 
que as crianças possam ter um olhar amplo e uma visão complexa do mundo que a rodeia. 
 
Palavras-chave: Aprendizagem; Arte-Educação; Interdisciplinaridade. 
 
Introdução 
 
Segundo Oliveira (2003), o professor de Educação Infantil deve ser um 
pesquisador capaz de avaliar as muitas formas de aprendizagem. O professor 
expressa suas próprias experiências, uma delas é reconhecer suas emoções, 
 
27 
 
 
enfrentar suas frustrações e agressões para estabelecer uma relação segura e 
acolhedora com a criança, onde ambos possam trabalhar adequadamente suas 
emoções. 
Este trabalho investigativo está estruturado no estágio realizado durante nossa 
passagem pela instituição de ensino. Na fase de observação percebemos que através 
da utilização de conteúdos e metodologias de artes a criança desenvolve sua leitura 
de mundo, a qual é peça de suma importância para o equilíbrio do seu 
desenvolvimento social e cognitivo. Nesse fazer com a arte a criança poderá 
estabelecer conexões com outras disciplinas e construir conhecimentos. Essa 
experiência lhe ajudará na resolução de problemas, na construção de textos e lhe 
possibilitará uma visão mais crítica do mundo em que vive. 
Com a arte a criança inicia sua produção textual, através do desenho, da 
música, do teatro, expressando-se de diversas formas. Ela atiça e constrói uma nova 
visão, uma escuta diferenciada dos demais sentidos como uma introdução para a 
compreensão diversificada das questões sociais. 
Nesse contexto surgiu o problema desta investigação que se configura em 
tentar compreender como as artes visuais podem contribuir para a construção de 
conhecimentos significativos na Educação Infantil. Partindo dessa indagação, 
traçamos como objetivo principal investigar como as artes visuais podem auxiliar no 
processo de ensino e aprendizagem da Educação Infantil. Para alcançar nosso 
objetivo principal, buscamos compreender a estrutura da Educação Infantil a partir do 
referencial teórico; desenvolver habilidades expressivas e cognitivas através da 
produção em arte; estimular o desenvolvimento da imaginação, da curiosidade e da 
criatividade através do fazer. 
Para a coleta dos dados foi utilizada a técnica da observação, cuja importância 
está em registrar diferentes situações, permitindo descobrir de onde o comportamento 
é influenciado, podendo identificar relações existentes entre o comportamento em 
certos ambientes. Porém ao longo da observação, o acadêmico precisa ter alguns 
cuidados na linguagem e principalmente nas interpretações pessoais e impressões 
dos dados coletados. (DANNA; MATOS, 1999). 
Nessa reflexão observamos que a Arte não é mais um conteúdo escolar para 
preencher tempo, mas sim contextualizar e articular com as demais áreas do 
 
28 
 
 
conhecimento. A arte está presente em todas as rotinas sociais, na história, em nosso 
dia-a-dia. Ela faz com que, o indivíduo pense e repense no seu universo. A arte está 
no meio da geografia, da história, da filosofia, da língua portuguesa, da matemática, 
enfim ela não fica somente numa caixinha, grade curricular, e sim para nossa 
existência. 
 
A arte e a sua história 
 
A presença da arte na história pode ser identificada, nas manifestações de 
conhecimento, onde o homem utilizava o desenho como forma de linguagem. Já no 
tempo das cavernas os primatas desenhavam como caçavam, quantas pessoas 
tinham na caverna. Desde o começo da humanidade o ser humano era e é um ser 
criativo, nascendo com essa habilidade, a qual pode ser desenvolvida através do meio 
em que vive, independente da cultura e do desenvolvimento interno de seu ser, assim 
explorando e estimulando sua criatividade em seu cotidiano (SANS, 2001). 
O homem nasce com especificidades culturais, psicológicas e sociais, o que 
permite fazer ligações com a natureza e com o mundo. Sendo a arte parte integrante 
desse movimento, possibilita a representação e interpretação do mundo, onde são 
desenvolvidas habilidades de seleção, classificação, identificação, etc., 
indispensáveis para organização humana. (BUORO, 2001). 
A prática educacional também apresenta características peculiares em 
determinados períodos, evoluindo de acordo com as transformações sociais e 
culturais. Dessa forma, podemos citar algumas tendências. A escola tradicional, onde 
o desenho relacionava-se com a preparação do aluno para o trabalho, enfatizando a 
linha, o contorno e a reprodução de modelos propostos pelo professor. A escola nova, 
onde a arte defende a livre expressão e a expressão espontânea. A escola libertadora, 
onde a arte segue ações interdisciplinares. A escola crítico-social dos conteúdos, onde 
o professor deve ter domínio sobre o assunto sabendo ensinar a arte ou ser professor 
de Arte. A escola construtivista, na qual a arte é obrigatória nas instituições de ensino. 
(IAVELBERG, 2003). Na educação, a arte possui uma extensa jornada, mas foi 
amparada em lei somente na década de 70 através da Lei 5692, de 11 de agosto de 
1971 que tornou obrigatória a disciplina de Educação Artística nos estabelecimentos 
 
29 
 
 
de 1º e 2º graus. Segundo o entendimento dessa lei, a arte era considerada apenas 
uma atividade educativa, não efetivamente uma disciplina. Em 20 de dezembro de 
1996, essa lei foi revogada pela Lei 9394 que, em seu artigo 26, parágrafo 2º,menciona o ensino da arte como componente curricular obrigatório, nos diversos 
níveis da educação básica (IAVELBERG, 2003). 
Desde cedo a criança começa a se comunicar e a representar seu mundo 
através de diversas linguagens. Nesse momento ela aprende as primeiras formas de 
representação do desenho, devendo ser estimulada. A criança que conhece a arte 
tem a possibilidade de fazer ligações entre as diversas áreas do conhecimento, 
relacionando-as com o seu cotidiano. O estudo da arte irá aguçar na criança a 
dimensão do sonho, da força de comunicação dos objetos que o rodeiam, da 
sonoridade da poesia, das criações musicais, das cores, formas, gestos e luzes. 
Através dessas percepções, a arte possibilita a criança o desenvolvimento de seu 
modo próprio de ver o mundo ou dar sentido, a desenvolver estratégias pessoais para 
resolução de problemas e habilidades para construção de textos (BRASIL, 1997). A 
criatividade é considerada como parte essencial do homem, a qual dá equilíbrio à vida, 
auxiliando-o em seu cotidiano, nas resoluções de problemas e tornando o homem um 
ser mais criativo. A arte deve ser inserida na educação como forma de estimular o 
pensamento criador, para que a imaginação da criança e seu intelecto não se separem 
(SANS, 2001). 
Segundo Buoro (2003, p. 25) a arte é “[...] um produto de embate 
homem/mundo, consideramos que ela é vida e, por meio dela, o homem interpreta 
sua própria natureza, construindo formas ao mesmo tempo em que (se) descobre, 
inventa, figura e conhece”. Através da arte que a criança irá realizar sua leitura de 
mundo, entender o contexto em que vive e relacionar-se com ele, sendo de suma 
importância que sua imaginação flua naturalmente. Muitas vezes o adulto, na angústia 
de ensinar, causa bloqueios, os quais prejudicam a evolução natural da criatividade. 
A arte-educação é um alicerce para desenvolver a criatividade. A criança como um 
ser em profunda aprendizagem, tem mais facilidade para o senso de observação e 
em diversas ocasiões, chama atenção de pormenores observados pelos adultos, por 
tanto usando sua liberdade de expressão e de indagação, conclui com ajuda dos 
 
30 
 
 
adultos suas aprendizagens e desenvolve sua expressão ao ver o mundo (SANS, 
2001). 
Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), a criança de alguma 
forma expressa o que sente ou o que vê através do desenho, da música, da dança ou 
do teatro. A arte tem como objetivo ajudar a criança a se desenvolver livremente, a 
estimular a criatividade e a expressão. A arte desenvolve o pensamento artístico, 
deixando o particular dar sentido às experiências do exterior, onde a criança aumenta 
a sensibilidade, a percepção, a reflexão e a imaginação. A criança sem o 
conhecimento das artes tem uma aprendizagem limitada, escapando o faz-de-conta, 
as cores do seu mundo, os gestos e as luzes (BRASIL, 1997). 
Com a utilização da arte no cotidiano escolar, o aluno poderá aprender de forma 
lúdica, tornando o ambiente escolar mais agradável, sendo que o educando terá a 
possibilidade de contribuir afetiva e cognitivamente para o desenvolvimento da 
expressão da criança. A criança, através da arte, representa seus desejos, expressa 
seus sentimentos e coloca em evidência sua personalidade. Nesse contexto, o 
educador pode conhecer melhor o educando e, até mesmo, identificar suas 
dificuldades. No cotidiano escolar, a arte deve ser vista como criação individual, não 
havendo julgamento de certo ou errado, o que interfere em muitos momentos na 
expressão da criança, tornando-as inseguras ao soltar sua imaginação e criar 
(BUORO, 2003). 
Para Sans (2001), ao desenhar a criança descobre suas próprias normas, 
numa íntima relação do ver, do saber e do fazer. Entretanto ainda se encontra nas 
escolas materiais mimeografados ou xerocados, dando uma limitação ao desenho da 
criança, outro grande foco é quando a criança também é limitada na pintura, usando 
só algumas cores no seu desenho. A criança desenvolve sua obra de arte 
dependendo de sua cultura ou a época que está vivenciando, ela traz seu cotidiano 
para dentro da sala de aula, enriquecendo a sala de diversos pensamentos, dando 
ênfase ao momento atual (BUORO, 2001). No entanto, mesmo que a arte auxilie na 
liberdade da criança, ela exige alguns limites importantes, espaço adequado. A 
criança tendo seu espaço reservado e respeitado pelo adulto também saberá respeitar 
o nosso espaço. Assim a arte ajudando a desenvolver seu cognitivo também ajuda a 
 
31 
 
 
auxiliar no seu limite, sem interferir no ato expressivo da mesma (CRAIDY, 
KAERCHER, 2001). 
Se a criança quando se expressa devolve ao exterior a mesma estimulação que 
recebe, mesmo que ela represente o desenho de uma forma não mimética, cabe ao 
educador deixar livre suas emoções sem influenciar nos sentimentos, emoções e 
ideias das mesmas. E sim, fazer com que cada vez mais ela se apaixone e desenvolva 
sua criatividade pela arte. 
 
A Interdisciplinaridade Em Arte 
 
A aprendizagem é dividida por meio de sucessivas reorganizações do 
conhecimento, essa abordagem destaca a importância de obter um tratamento 
apropriado aos diferentes conteúdos. Os conteúdos na Educação Infantil são divididos 
por blocos, para melhor organização. Assim pode-se trabalhar com mais intensidade 
a disciplina, onde começa a associar com outras para melhor elaboração (BRASIL, 
1998). 
A interdisciplinaridade pode ser trabalhada com facilidade na arte, por 
possibilitar a ligação com outras áreas do conhecimento. O professor poderá trabalhar 
com a arte e através dela as diversas áreas do conhecimento, como, por exemplo, 
História, Geografia, Língua Portuguesa, Literatura, Matemática, Ciências, etc. 
(BRASIL, 1997). 
A interdisciplinaridade ocorre quando, ao tratar de um assunto dentro de uma 
disciplina, você lança mão dos conhecimentos de outra. Ao estudar a 
velocidade e as condições de multiplicação de um vírus, por exemplo, é 
possível falar de uma epidemia ocorrida no passado devido às precárias 
condições de saúde e higiene e à pobreza do local. Daí, é possível até 
explorar, em outros momentos, os aspectos políticos e econômicos que 
geraram tamanha pobreza. A interdisciplinaridade é, portanto, a articulação 
que existe entre as disciplinas para que o conhecimento do aluno seja global, 
e não fragmentado (CAVALCANTI, 2008). 
Ao tratar um assunto dentro de uma disciplina, onde você relaciona 
conhecimentos pertencentes à de outra, chama-se interdisciplinaridade. A 
 
32 
 
 
interdisciplinaridade faz o aluno obter um conhecimento global, e não fragmentado. 
Isso não quer dizer que tudo que se trabalha tem que ser globalizado, também temos 
que fechar o conteúdo, para não cansar o aluno na sua aprendizagem. É de extrema 
importância avaliar durante o ano como utilizar a interdisciplinaridade sem exageros. 
Ao longo do planejamento, com a evolução das crianças pode-se estimular para 
outras áreas do conhecimento, não fugindo do seu objetivo (CAVALCANTI, 2008). 
Segundo Vieira (2007), a interdisciplinaridade facilita a compreensão do 
conhecimento com o todo, faz com que haja ligação entre as disciplinas escolares, 
formando alunos com conhecimento amplo, global, da realidade. O autor menciona 
que os temas transversais, trazidos pelos PCN’s, contribuem para 
interdisciplinaridade, utilizando projetos pedagógicos flexíveis a competência e a 
habilidade do aluno, pois discuti-los possibilita ao aluno compreender a ter análise 
crítica da realidade. Para Morin (2006) encontramos a interdisciplinaridade muitas 
vezes escondida na disciplina, onde resolve problemas que são invisíveis dentro da 
matéria e quando associamos a outra, encontramos as respostas. Muitas vezes 
necessitamos trazer outra área do conhecimento para resolver problemas na área em 
que estamos trabalhando. A interdisciplinaridade requer planejamento e empenho, 
podendo ser trabalhada individualmenteou em grupos, cabe ao professor trabalhá-la, 
não se esquecendo da especificidade de sua disciplina. Na arte, as manifestações 
artísticas podem ser utilizadas como exemplo de interdisciplinaridade, pois utilizam a 
diversidade cultural de todos os tempos e lugares, falando de problemas sociais, 
políticos, de relações humanas, de sonhos, medos, perguntas e inquietações do 
artista (BRASIL, 1997). 
 
Análise Dos Resultados 
 
Considerado uma das funções simbólicas da linguagem, o desenho é uma 
Concretização de uma ideia. Pode ser oportunizado com atividades educativas, 
pois auxilia a representação do sentimento do desenhista. Ao interpretar uma obra, a 
criança expõe seus sentimentos, demonstrando a influência cultural recebida 
(IAVELBERG, 2003). 
 
33 
 
 
Analisaremos alguns dos registros coletados, relacionando a obra original e a 
releitura realizada pelo aluno, para identificarmos os processos que contribuem para 
a construção de conhecimentos significativos. Escolhemos uma obra de arte e uma 
representação, onde observamos o desenvolvimento cognitivo da criança e a 
importância da interdisciplinaridade em sala de aula. Iniciamos com a apresentação 
da obra de Tarsila do Amaral – Paisagem Rural (figura 01), onde o Aluno A (foto 01) 
fez sua representação, desenhando elementos mais expressivos e pequenos detalhes 
dessa composição, também buscou para sua obra elementos do mundo ou de seu 
cotidiano. Coloriu o desenho com seu conhecimento prévio, utilizando várias texturas, 
mas não fugindo do foco da obra. Assim podemos perceber que os sensos 
observadores e criativos estiveram presentes nessa obra. 
 
 
Fonte: paradela.blogs.sapo.pt 
Devemos lembrar que as comparações devem ser extintas em sala de aula, o 
educador deve observar o desenvolvimento de cada aluno no dia-a-dia, mostrar 
ferramentas diversificadas para que o aluno se apoie e possa desenvolver suas 
capacidades ao invés de retraí-lo (MARTIN, 2007). 
Na segunda atividade mostramos a obra Estrada de Ferro Central do Brasil, 
onde propomos a construção de uma maquete, utilizando materiais diversos, potes, 
caixas de leite, pote de iogurte, caixa de creme dental, entre outras. As crianças 
durante a construção da maquete conversaram bastante trocando ideias do que iriam 
fazer, uma criança dizia que iria fazer a padaria e a outra se lembrava de fazer a 
 
34 
 
 
escola, elas tentaram aproximar cada vez mais a maquete da realidade onde vivem. 
Uma das crianças lembrou-se do trem, onde fez a construção do mesmo e a outra se 
lembrou da ponte que existe na obra, confeccionando-a (foto 02). 
 
Fonte: stelladauer.files.wordpr ess.com 
Foi claro perceber que ouve uma interação muito forte entre as crianças na 
construção da maquete, onde todos ajudaram a confeccionar. Mesmo com a obra de 
Tarsila exposta, as crianças aproximaram do seu cotidiano sem deixar de apreciar a 
obra. A interpretação da imagem é original, carregando o desejo da imaginação e da 
invenção. Estando em processo de construção de uma visão global, de interação 
social e cultural. Registrando acontecimentos de seu cotidiano (PUCCETTI, 2004). 
Percebemos que as crianças estiveram atentas aos detalhes da obra de 
Tarsila, elas copiaram a ponte, os potes, as casas, os prédios, as ruas, os carros, 
representando a obra e mostrando um pouco de sua cidade. É na organização do 
espaço, na leitura da linguagem visual, é na forma, na cor e na construção, que a 
linguagem visual compreende suas expressões, onde o indivíduo desenvolve seu 
pensar e o seu sentir (PUCCETTI, 2004). 
A arte está num conjunto de conhecimento, fazendo a criança criar e 
possibilitando-a desenvolver seu conhecimento, associando com o global. 
Demonstrando sua época e registrando-a de forma significativa (BRASIL, 1997). Na 
apresentação da obra “O Lago’ (figura 03), podemos perceber que as crianças 
deixaram sua imaginação ir além do esperado. 
Fizeram associações com o que já conheciam, deixando claro seus objetivos. 
 
35 
 
 
 
Fonte:i78.photobucket.com 
Quando realizamos a atividade da impressão, utilizando isopor, as crianças 
fizeram peixes, algas, desenhando o fundo do mar e não reproduziram a obra. Elas 
visualizaram a obra, mas lembraram da visita que realizaram anteriormente ao 
shopping, onde visitaram aquários de peixes, representando-os na atividade. 
Utilizaram a imaginação e a criatividade, a interpretação da obra foi além das 
flores e do rio onde viam, a visão alcançou o fundo do mar e do rio. Representaram a 
paisagem marítima, conforme seu conhecimento prévio, nesta atividade ficou clara a 
criatividade. O Aluno B disse que desenhou um polvo, tubarão, peixes e algas. 
Na continuação da atividade, propomos a confecção de um peixe. Utilizamos 
garrafas pet, guache, pincel, EVA e canetinha permanente. As crianças pintaram as 
garrafas pet, escolheram a cor da tinta guache. Quando elas terminaram de pintar, as 
professoras auxiliaram na montagem do peixe, colando a cabeça, as nadadeiras e o 
rabo. 
 Na conclusão da atividade, as crianças sugeriram colocar nomes. Algumas 
usaram a imaginação e outras colocaram nomes de personagens de filmes. Brincando 
com os peixes, diziam que havia pescado na praia ou no rio com seus pais. Trocando 
informações e conhecimentos. 
A última atividade proposta para as crianças foi da obra de Tarsila do Amaral A 
Cuca. Anteriormente trabalhamos o regional, os tipos de paisagem, e nessa obra o 
objetivo maior foi trabalhar os medos da criança. Nosso folclore traz a personagem 
Cuca, que é identificada como um animal monstruoso, transmitindo medo às crianças. 
 
36 
 
 
 
Fonte: museuvirtualsemanaartemoderna.arteblog.com.br 
Aplicamos a atividade numa roda de conversas, falamos sobre os medos, e 
elas expressaram seus sentimentos. Logo após o diálogo entre os amigos e com 
interferência das professoras, sugerimos que cada um desenhasse a sua Cuca, como 
ela era e de que forma eles a viam. Muitos nessa atividade já estavam satisfeitos, 
dizendo que não sentiam mais medo da Cuca. Repetiam várias vezes que a Cuca era 
do bem, não era horrorosa e a desenhavam dizendo que era muito bonita. O Aluno 
E, desenhou a Cuca de sua imaginação, deixando claro nos traços o medo que sentia, 
mesmo assim utilizou cores vivas, as quais não representam o medo, percebemos 
que essa criança estava com medo e no decorrer da atividade, juntamente com ajuda 
dos colegas, passou a ver a Cuca com outros olhos. 
Através da análise da composição do Aluno E, observamos que os elementos 
representados graficamente já se apresentam na fase do desenho voluntário, onde 
podemos perceber a semelhança entre o que a criança desenha e o que ela realmente 
quis representar (NOVAES; NEVES, 2008). Esses casos atestam a possibilidade 
efetiva de desenvolvimento de pesquisas de vários tipos, até da mais rigorosa 
pesquisa acadêmica, mesmo nas nossas escolas. É verdade que elas não 
representam a situação comum das escolas da rede pública no país, como já ficou 
dito. Mas, guardadas as devidas distâncias, creio que podemos, a partir de seu estudo, 
discutir um pouco o estado atual da questão do professor-pesquisador e seu saber, 
tal como vem sendo apresentada por alguns dos seus estudiosos (LUDKE, 2001, 
p.14). 
A relação inusitada olho/cérebro/mão/instrumento/gesto/traço redimensiona o 
ato de desenhar e o jogo é acrescido de novas regras. O olho conquista novos 
espaços, tentando por vezes dominar os gestos. [...] Desenhar é atividade lúdica, 
reunindo como em todo o jogo, o aspecto operacional e o imaginário. Todo o ato de 
 
37 
 
 
brincar reúne esses dois aspectos que sadiamente se correspondem (DERDYK apud 
NOVAES; NEVES, 2008). 
 
 
Fonte: www.emaisgoias.com.br 
Ao elaborar um desenho criança passa a perceber os limites especiais do 
papel: o dentro e o fora, o eu e o outro, o campo da representação e o campo da 
realidade. O discernimento do campo retangulardo papel, onde tudo pode acontecer, 
inaugura a era do faz de conta. 
Depois de representada a Cuca, através do desenho pelos alunos, mostramos 
a obra “A Cuca” então pedimos que interpretassem a obra. Algumas crianças 
continuaram com sua visão própria e outras recriaram a obra. Como do Aluno D. 
Ele representou a cuca com algumas características iguais da obra. Utilizou 
cores fortes, aproximando do observado. Desenhou membros em tamanhos 
proporcionais a da obra, cabeça grande, as mãos, e as pernas, utilizando um pouco 
da imaginação inseriu asas na cuca. A qual podemos interpretar como a cuca do bem. 
O desenho não é somente uma representação do mundo, é forma de 
linguagem, onde a criança expressa seu individual, com marca firme e demonstra seu 
eu. É de extrema importância que ela aprenda de forma atualizada. Mesmo com a 
http://www.emaisgoias.com.br/
 
38 
 
 
demonstração de obras antigas, ela deixe usufruir de técnicas atuais (IAVELBERG, 
2003). 
 
Algumas Considerações 
 
A Arte acompanha nosso cotidiano ao longo da história. Aprendemos a 
observar e a registrar acontecimentos em pedras, cavernas e folhas de papel. Foi 
através dela que pudemos conhecer um pouco da nossa história, da nossa evolução. 
A arte acompanha cada passo de nossa sociedade, intervindo e registrando 
acontecimentos, seja ele registrado em forma de desenho, pintura, dança, ou até 
mesmo a escrita (BRASIL, 1997). 
Partimos dessa premissa e de observações do cotidiano escolar para 
buscarmos compreender como as artes visuais podem contribuir para a construção 
de conhecimentos significativos na Educação Infantil. Para essa compreensão, 
objetivamos, principalmente investigar como as artes visuais podem auxiliar no 
processo de ensino e aprendizagem da criança durante o seu desenvolvimento 
infantil. Trilhando nesse caminho, objetivamos também: compreender a estrutura da 
Educação Infantil a partir do referencial teórico; estimular o desenvolvimento da 
imaginação, da curiosidade, da expressão, da cognição e da criatividade através do 
fazer com a arte, bem como investigar a aplicabilidade da interdisciplinaridade no 
processo de ensino e aprendizagem na Educação Infantil. A educação, responsável 
pelo desenvolvimento social e cognitivo da criança pode utilizar-se da arte para 
auxiliar nesse processo. A arte-educação contribui na construção do conhecimento, 
onde oportuniza a criança o domínio das diversas linguagens. 
Estamos vivendo em um grande momento de interação das diversas áreas do 
conhecimento, podemos dizer que a arte se configura numa área do conhecimento 
que pode articular a interação entre as outras áreas, pelo fato de poder adaptar e 
adaptar-se aos diversos fatores sociais, políticos, econômicos, históricos e culturais. 
Notamos que ao longo desta pesquisa, mais precisamente na aplicação do projeto, 
conseguimos interagir com as demais disciplinas da matriz curricular. 
O ensino da arte proporciona a criticidade, estimula o desenvolvimento da 
criança e interage de forma lúdica e espontânea no cotidiano. Através do ensino com 
 
39 
 
 
arte, a criança desenvolve o prazer em aprender e a desenvolver seu cognitivo através 
do olhar observador. Assim, com a aplicação do projeto pudemos notar a interação e 
a socialização de conhecimentos entre eles, correspondendo às expectativas 
esperadas. Em contato com a arte, a criança adquire mais conhecimento e desenvolve 
um olhar mais crítico do mundo. Seu conhecimento corresponde ao seu interesse 
interno de aprender, juntamente com o estímulo proporcionado pelo professor. 
Desse modo, as atividades propostas foram realizadas com satisfação. As 
crianças relacionaram e utilizaram elementos internalizados de seu cotidiano com 
elementos das obras apresentadas. Aprofundaram suas composições com riquezas 
de detalhes, mostrando sua percepção aguçada. Em algumas atividades 
demonstraram possuir uma coordenação motora apurada, já em outras, sobretudo na 
realizada com o isopor, sentiram dificuldade de percepção de força, que deveria 
dispensar para marcar seu desenho no isopor. 
No decorrer das atividades, os alunos ultrapassaram nossas expectativas, 
navegando em várias áreas do conhecimento, sem interferência das professoras. Em 
outros momentos, estimulados pelas professoras demonstraram seus conhecimentos 
e a curiosidade por novas aprendizagens decifrando questionamentos que não 
haviam sido respondidos. Percebemos que o andamento do processo corresponde às 
estimulações diversificadas. 
Portanto, vimos que o processo de aprendizagem faz parte do ser humano e 
que a criatividade faz com que esse processo se desenvolva de forma lúdica na arte. 
Precisamos cultivar e manter esse processo ativo e estimular a criatividade, a 
observação e o senso crítico para que as crianças possam ter um olhar amplo e uma 
visão complexa do mundo que as rodeia. 
 
 
40 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
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2007. 
 
 
42 
 
 
6 LEITURA COMPLEMENTAR 
 
Autoras: Elizangela Aparecida da Silva,Fernanda Rodrigues Oliveira, Letícia Scarabelli 
Maria Lorena de Oliveira Costa e Sâmyla 
Barbosa Oliveira 
Disponível em: 
http://periodicos.pucminas.br/index.php/pedagogi
acao/article/viewFile/4850/5029 
Acesso: 04 de outubro de 2016 
 
Fazendo arte para aprender: A importância das artes visuais no ato educativo 
 
Elizangela Aparecida da Silva* 
Fernanda Rodrigues Oliveira 
Letícia Scarabelli 
Maria Lorena de Oliveira Costa 
Sâmyla Barbosa Oliveira 
Orientadora: Profa. Vera Lucia Lins Sant’Anna** 
*Alunas do Curso de Pedagogia da PUC Minas. 
**Mestre em Educação e Doutora em Ciências da Religião. Professora e pesquisadora da PUC Minas. 
Pedagogia em ação, v.2, n.2, p. 1-117, nov. 2010 – Semestral 
 
“Toda criança é artista. O problema é como permanecer artista depois de 
crescer”. Picasso. 
 
Resumo 
 
O presente artigo apresenta o histórico da arte, vista como uma ciência que, 
para ser reconhecida institucionalmente, percorreu um longo caminho, a importância 
de se trabalhar as Artes Visuais dentro da sala de aula, fazendo uma reflexão sobre o 
desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor da criança através das diferentes 
linguagens artísticas presentes nas Artes Visuais, identificando e mostrando como a 
criança se desenvolve na aprendizagem através das Artes Visuais (pintura, desenho, 
arte tridimensional (modelagem), recorte e colagem). Neste trabalho, usamos aportes 
 
43 
 
 
teóricos ligados a Artes Visuais, Arte e Educação, Psicologia (desenvolvimento 
infantil), Educação, Documentos Legais que abordam a questão do ensino da Arte 
para a criança e, no contexto atual de um mundo globalizado, a questão da Mídia 
como divulgadora e influenciadora da produção artística. 
Palavras-chave: Artes Visuais; Cognitivo; Interação Social; Afetivo. 
 
Introdução 
 
O presente artigo aborda o histórico da Arte, que pode ser identificada como 
uma ciência que vem percorrendo um longo caminho para ter seu reconhecimento 
institucional. 
O ensino no Brasil, que passou por diversos métodos, na maioria das vezes 
importados sem a devida adaptação, apresenta concepções sobre a importância das 
artes visuais baseada nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Artes e na Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação. Caracteriza as diferentes linguagens presentes nas 
Artes Visuais no processo de aprendizagem como: desenho, uma das manifestações 
que tem a função de atribuição de significação ao que se expressa e se constrói; 
pintura, que pode ser definida como a arte da cor; arte tridimensional (modelagem), 
em que se procura explorar aquilo que a rodeia através do tato, da manipulação dos 
objetos aguçando sua curiosidade; recorte e colagem, que propiciam à criança dos 
primeiros anos escolares o aperfeiçoamento de conteúdos de coordenação motora, 
criatividade e desenvolvimento da sensibilidade, noções de espaço e superfície. E, no 
contexto atual de um mundo globalizado, é tratada a questão da Mídia como 
divulgadora da produção artística. Todas essas questões foram observadas e 
analisadas em uma escola da rede particular, da região centro-sul de Belo Horizonte, 
fazendo uma relação com os teóricos estudados e apresentados no artigo. 
Trajeto das artes visuais até a escola: Uma abordagem teórica. 
A arte, numa perspectiva histórica, pode ser identificada como uma ciência que 
vem percorrendo um longo caminho para ter seu reconhecimento institucional. 
O ensino de Arte no Brasil, ao longo do tempo, passou por diversos métodos, 
na maioria das vezes importados sem a devida adaptação, desde a colonização com 
os jesuítas, impondo a separação entre a retórica e a manufatura e negando a cultura 
 
44 
 
 
indígena, passando pelo século XIX com a negação do barroco em favor do 
neoclássico. 
Já no século XX, havia uma grande preocupação com o ensino de Arte que até 
então se resumia ao ensino do desenho, este visto como um importante meio para 
formação técnica. A disciplina Desenho, apresentada sob a forma de Desenho 
Geométrico, Desenho do Natural e Desenho Pedagógico, era considerada mais por 
seu aspecto funcional do que uma experiência em arte. (BRASIL, 2000, p. 25). Em 
meados da segunda metade do século XX, a pedagogia experimental sinalizava um 
novo lugar para arte na educação. No momento em que a criança conquista seu lugar 
como sujeito, com características próprias, deixando de ser apenas um projeto de 
adulto, o desenho infantil passa ser objeto de estudo cognitivo. 
Com a Semana da Arte Moderna em 1922, os modelos de educação técnica 
voltada para o trabalho, com forte identificação ao estudo do desenho clássico e do 
desenho geométrico, começaram a ser contestados, passando a valorizar a 
expressão infantil. 
No início dos anos 30, também começaram a ganhar espaço no Brasil escolas 
especializadas em artes para crianças e adolescentes. No final dos anos 40, o ensino 
de arte conquista mais espaços fora dos muros da escola com as “Escolinhas de Arte” 
implantadas em vários pontos do país. Este movimento visava a um ensino de arte 
pautado na livre expressão, como um rumo alternativo na busca de uma identidade 
ainda desconhecida. Segundo Ana Mae Barbosa, a Escolinha de Arte, em parceria 
com o governo, promoveu vários cursos de formação de professores, com “uma 
enorme influência multiplicadora, chegando a haver Escolinhas no país” (BARBOSA, 
2003). Nos anos 70, a apresentação dos programas reflete influência da tendência 
tecnicista. O ensino de arte é fortemente influenciado pelas ideias de Lowenfeld e 
Herbert Read, o que levará ao espontaneismo, ao laissez-faire, na maioria das 
escolas. 
A Lei de Diretrizes e Bases nº 5.692/71 é tecnicista e incita à profissionalização; 
o trabalho pedagógico fragmentou-se para tornar o sistema educacional efetivo e 
produtivo. Através dessa lei, foi instituída no currículo a Educação Artística, reunindo 
todos os tipos de linguagem tornando o ensino de artes polivalente. A promulgação 
da lei, sem prever anteriormente a formação dos professores e sua qualificação, 
 
45 
 
 
enfraqueceu a qualidade de ensino, ao invés de promover melhorias nas condições já 
existentes. (BEMVENUTI, 1997, p. 44). Em 1973, criaram os cursos superiores em 
Educação Artística, uma formação com duas opções, a licenciatura curta em dois anos 
e a licenciatura plena em quatro anos. Com cursos de curta duração e um currículo 
abrangente que propunha conhecimentos de música, artes plásticas e teatro, os 
professores conheciam superficialmente as linguagens e conduziam o ensino sem 
uma concepção filosófica adequada, sem a essência do ensino de arte. Com ausência 
de formação continuada consistente, conhecimentos básicos de arte, os professores 
sentem-se despreparados, inseguros e sem capacidade e disposição de tempo para 
aprofundar seus conhecimentos, nem para explicitar, discutir e praticar um 
planejamento mais consistente de educação e arte, e passam a apoiar-se nos livros 
didáticos de Educação Artística produzidos desde o final da década de 70. Nas 
escolas, a arte ocupa apenas o lugar de relaxamento, lazer, sendo ignorada como 
área de conhecimento. Com a nova LDB (lei nº 9.394/96), é extinta a Educação 
Artística e entra em campo a disciplina Arte, reconhecida oficialmente como área de 
conhecimento. O artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 
seu § 2º, dispõe que: 
 
§ 2º. O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, 
nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o 
desenvolvimento cultural dos alunos. 
 
Essa mudança não foi apenas nominal, mas de toda a estruturação que envolve 
o tratamento de uma área de conhecimento. De atividades esporádicas de cunho mais 
próprio de relaxamento e recreação, passa-se ao compromisso de construir 
conhecimentos significativos em arte. 
Artes visuais, como um conjunto de manifestações artísticas, compreendem 
todo o campo de linguagem e pensamento sobreolhar e sentido do ser humano. As 
Artes que normalmente lidam com a visão como seu meio principal de apreciação 
costumam ser chamadas de Artes Visuais. Porém as artes visuais não devem ficar 
restringidas apenas ao visual, pois, através dessas manifestações artísticas (desenho, 
pintura, modelagem, recorte colagem entre outros), há vários significados que o artista 
deseja passar. 
 
46 
 
 
Segundo Panofsky (1989), uma obra de arte deve ser definida como um “objeto 
feito pelo homem que exige ser esteticamente experienciado”. 
As Artes Visuais são linguagens, por isso são uma forma muito importante de 
expressão e comunicação humanas, isto justifica sua presença na educação infantil. 
O ensino de Arte aborda uma série de significações, tais como: o senso estético, a 
sensibilidade e a criatividade. 
Atualmente, algumas ações estão interferindo qualitativamente no processo de 
melhoria do ensino e aprendizagem de Arte. Os Parâmetros Curriculares Nacionais 
de Arte destacam que: 
 
Dentre as várias propostas que estão sendo difundidas no Brasil na 
transição para o século XXI, destacam-se aquelas que têm se afirmado pela 
abrangência e por envolver ações que, sem dúvida, estão interferindo na 
melhoria do ensino e da aprendizagem de arte. Trata-se de estudos sobre a 
educação estética, a estética do cotidiano, complementando a formação 
artística dos alunos. Ressalta-se ainda o encaminhamento pedagógico- 
artístico que tem por premissa básica a integração do fazer artístico, a 
apreciação da obra de arte e sua contextualização histórica. (PCN, 2000, p. 
31). 
 
Podemos destacar a “Proposta ou Metodologia Triangular” difundida e 
orientada por Ana Mae Barbosa, que vem se afirmando por sua maior abrangência 
cultural. Essa proposta pedagógica integradora tem por base trabalhar três vertentes 
do conhecimento em arte: o fazer artístico, a leitura da imagem e a contextualização 
histórica. 
Outra ação que está interferindo na melhoria do ensino e da aprendizagem de 
Arte se refere a estudos sobre a educação estética do cotidiano, complementando a 
formação estético-artística dos alunos. 
Caracterização das diferentes linguagens nas artes visuais no processo de 
aprendizagem 
A criança, desde bebê, se interessa pelo mundo de forma peculiar. Emitindo 
sons, movimentando o corpo, “rabiscando” as paredes da casa e desenvolvendo 
atividades rítmicas, ela interage com o mundo sem precisar ser estimulada para tal. 
 
 
47 
 
 
Fazer arte reúne processos complexos em que a criança sintetiza 
diversos elementos de sua experiência. No processo de selecionar, interpretar 
e reformar, mostra como pensa, como sente e como vê. A criança representa 
na criação artística o que lhe interessa e o que ela domina, de acordo com seus 
estágios evolutivos. Uma obra de arte não é a representação de uma coisa, 
mas a representação da relação do artista com aquela coisa. [...] Quanto mais 
se avança na arte, mais se conhece e demonstra autoconfiança, 
independência, comunicação e adaptação social. (ALBINATI, 2009, p. 4). 
 
Assim sendo, a arte propicia à criança expressar seus sentimentos e ideias, 
colocar a criatividade em prática, fazendo com que seu lado afetivo seja realçado. 
Tendo essa observação voltada para o âmbito escolar, vemos claramente como as 
artes visuais são essenciais na interação social da criança e como os professores 
podem desfrutar desse recurso para isso. 
Além de utilizar as artes visuais para trabalhar o afetivo e a interação social da 
criança, o professor pode utilizá-las no auxílio da motricidade infantil que deve ser bem 
trabalhada desde a infância para que, futuramente, ela possa sentir a diferença desse 
recurso na sua vida pessoal, escolar e profissional. 
Sendo assim, o presente artigo destaca cinco tipos de 
linguagens nas artes visuais que são utilizadas com as crianças no cotidiano escolar. 
São elas: desenho, pintura, modelagem, recorte/colagem e mídia (informática). 
 
Desenho 
 
O desenho é uma das manifestações semióticas, isto é, uma das formas 
através das quais a função de atribuição da significação se expressa e se constrói. 
Desenvolve-se concomitantemente às outras manifestações, entre as quais o 
brinquedo e a linguagem verbal (PIAGET, 1973). 
 
48 
 
 
 
Fonte: Simone Villani 
A criança, inicialmente, vê o desenho como simplesmente uma ação sobre uma 
superfície, sentindo prazer em “rabiscar”, explorar e descobrir as cores e novas 
superfícies. Essa é a chamada fase da garatuja. 
Com as novas experiências de mundo que a criança adquire, as garatujas vão 
evoluindo, ganhando formas definidas com maior ordenação. O papel não é mais 
apenas uma superfície para os rabiscos infantis. Ele passa a ser uma superfície na 
qual a criança expressará o que vive diariamente, ou seja, expressará a alegria, a 
tristeza, os passeios que mais interessaram, a dinâmica familiar (inclusive os conflitos 
vividos dentro de casa). Segundo Cunha, “devemos lembrar que os registros resultam 
de olhares sobre o mundo. Se o olhar é desinteressado e vago, as representações 
serão opacas e uniformes. (Referencial Curricular Nacional, 1999, p. 12) ”. 
[...] a criança desde bebê mantém contato com as cores visando 
explorar os sentidos e a curiosidade dos bebês em relação ao mundo físico, 
tendo em vista que, nesse período, descobrem o mundo através do 
conhecimento do seu próprio corpo e dos objetos com que eles têm 
possibilidade de interagir. (CUNHA, 1999, p. 18). 
 
49 
 
 
Desenhar, além de ser algo prazeroso para a criança, é extremamente 
importante no cotidiano escolar. De acordo com o Referencial Curricular Nacional de 
Educação Infantil: 
Por meio de diferentes gestos em um plano vertical (ou pelo menos 
inclinado), a criança aprende a segurar corretamente o giz e o lápis. Para que 
a criança adquira um traço regular, precisará trabalhar com certa rapidez, sobre 
uma grande superfície colocada a sua altura. A criança que não domina bem 
seu gesto será solicitada a trabalhar, sobretudo, com o ombro e o cotovelo: fará 
então desenhos grandes. Somente mais tarde, quando os movimentos altura 
do ombro e do cotovelo tornarem-se desenvolvidos, faremos diminuir as 
proporções dos desenhos, exigindo assim da criança um trabalho mais 
específico do punho e dos dedos. ” (1998, p. 106). 
O professor pode explorar superfícies diferentes como lixa, papelão, papel 
branco, madeira, chão, entre outros, para ajudar no desenvolvimento motor da 
criança. 
No ato de desenhar, a criança expressa seu lado afetivo com a manifestação 
orgânica da emoção, a criança usa o papel e o lápis para expressar os seus 
sentimentos no desenho, a sua relação com a família, os amigos, a escola. Através 
dos traços feitos pela criança, até mesmo pelas cores usadas, o professor consegue 
perceber o que está acontecendo com ela, e que pode estar levando-a ao fracasso 
escolar. 
Com o avançar do desenho infantil, a criança também desenvolve melhor o seu 
cognitivo, já que ela, primeiro, representa o que vê para depois representar o que está 
gravado (fotografado) na memória, ou seja, ela aprende a sair do plano palpável para 
o plano abstrato. O que ajudará muito na iniciação matemática, futuramente, com as 
tão “temidas continhas” que são trabalhadas de forma tátil para depois ser retratadas 
de forma abstrata. Dessa forma, o desenho passa a ter uma significação muito mais 
ampla na educação infantil e, assim, merece ser tratado como mais que simples 
rabiscos, sendo valorizado como um auxiliador importante no desenvolvimento da 
criança. 
Pintura 
 
50 
 
 
A pintura pode ser definida com a arte da cor. Se no desenho o que 
mais se utiliza é o traço, na pintura o mais importante é a mancha da cor. Ao 
pintar, vamos colocando sobre o papel, a tela ou a parede cores que 
representam seres e objetos, ou que criam formas. (COLL; TEBEROSKY, 
2004, p. 30). 
 
A pintura trabalhada com as crianças

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