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2 SUMÁRIO 1 ARTE NA ESCOLA ..................................................................................... 3 2 O ESPAÇO DA ARTE NA ESCOLA ........................................................... 4 3 O PROFESSOR DE ARTE ......................................................................... 9 4 A ESCOLA - CENÁRIO DE CULTURA E ARTE ....................................... 17 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 24 5 ARTIGO PARA REFLEXÃO ..................................................................... 26 6 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................... 42 3 1 ARTE NA ESCOLA Eu acredito que a escola é uma instituição social. Eu acredito que a educação é, portanto, um processo de viver e não uma preparação para a vida futura. Eu acredito que a educação atual fracassa, em grande parte, porque despreza este princípio fundamental da escola como uma forma de vida comunitária e porque concebe a escola como se fosse um lugar onde se deverá dar uma certa informação, onde certas lições deverão ser aprendidas, ou ainda, onde se deverão formar certos hábitos. O valor destes, situa-se em larga medida, no futuro remoto; a criança tem que fazer essas coisas por causa de uma outra coisa qualquer que ela terá de fazer; são apenas uma mera preparação. Consequentemente, não fazem parte da experiência de vida da criança e por isso não são verdadeiramente educativas. A escola enquanto instituição/espaço construtivo é potencialmente necessária à ampliação do conhecimento e das diversas leituras prováveis de mundo, porém, hoje, a não mais Educação Artística e nem mesmo a Arte-Educação, e sim o Ensino de Arte, apesar das mudanças na nomenclatura e na perspectiva metodológica, mantém-se em discussão, buscando/visando não só a manutenção e a garantia do seu reconhecimento, seu espaço e a sua vigência no currículo escolar brasileiro, como também, e de forma incisiva, a sua sobrevivência e desenvoltura na prática escolar. Essa é uma leitura generalizadora, porém coberta de razões quando ainda se vê no Brasil, em pleno século XXI, aulas de arte para se colorir/pintar desenhos mimeografados e professores (as) regentes na polivalência tentando ensinar arte, sem o mínimo de conhecimentos, sem a formação específica/habilitação em arte. Justificando-se esse pensamento, reporta-se às Marias Fusari e Ferraz, que assim compreendem/leem tal questão: na prática, a educação artística vem sendo desenvolvida nas escolas brasileiras de forma incompleta, quando não incorreta. Esquecendo ou desconhecendo que o processo de aprendizagem ou desenvolvimento do educando envolve múltiplos aspectos, muitos professores propõem atividades às vezes totalmente desvinculadas de um verdadeiro saber artístico. Nesta perspectiva, as vertentes do fazer e apreciar a arte envolve um trabalho articulado, vivencial e substancialmente contextualizado, o que requer, dentre outras 4 coisas, um professorado curioso, aventureiro e responsável para a incorporação do papel de mediadores, sujeitos transformadores e construtores de novas relações de ensino-aprendizagem para que a arte possa ocupar o lugar que lhe é devido nos currículos escolares. Fonte:projetojaciaraanhanguera.blogspot.com.br 2 O ESPAÇO DA ARTE NA ESCOLA Fonte:educarnovabrescia.blogspot.com.br 5 Diante das restrições às quais a arte é submetida nos programas educacionais, a função do professor, para além de ministrar aulas, tem sido a de criar na escola uma abertura ao diálogo, mostrando que a arte tem um sentido, um domínio específico, uma linguagem própria e uma contextualização histórica que lhe é inerente. Assim, legitimando seu papel, a escola precisa reconhecer que a sua competência inclui o educar para a capacidade de julgar, bem como, acompanhar e avaliar as atividades e as experiências da sua clientela. Defende-se, pois, a importância e validade do ensino de arte porque, além de instrumentalizar o indivíduo para o desenvolvimento da sua criatividade e percepção, é também objeto de estudo e experiência cognitiva, o que desvela a arte como mobilizadora da construção do conhecimento. Desta forma: “Quanto mais o aprendiz tiver oportunidade de resinificar o mundo por meio da especificidade da linguagem da arte, mais poder de percepção sensível, memória significativa e imaginação criadora terá para formar consciência de si mesmo e do mundo. Desvelar/ampliar, como termos interligados, são ações que se auto impulsionam, como polos instigadores para poetizar, fruir, conceituar e conhecer arte elaborando sempre novas relações com o já sabido (MARTINS, 1998).” Nesta linha de pensamento, o indivíduo pode construir um percurso criador informado e contextualizado à produção artística histórica, desenvolvendo-se como sujeito ativo, crítico e criativo, com repertório e poética visuais próprios e, a partir do convívio com obras primas, abres-lhe as possibilidades de um ensino da alegria cultural e estética presentes no contexto, o que não deixa de ser uma das principais funções da escola. À escola cabe, enfim, organizar e sistematizar o aprendizado em atividades educativas, onde o sujeito possa estar tanto quanto criador como apreciador da sua herança artística, onde o fazer possa retroalimentar-se pelo conhecimento de outros criadores/artistas e pela oportunidade de realizar a leitura de suas próprias produções. Assim, na capacitação para essa leitura, a educação do olhar é fundamental porque olhar e pensar são aprendizados. 6 Fonte:www.monicasschool.com.br Aprender a ver é perceber diferenciações, compreendê-las e estabelecer relações com as semelhanças. Mas, na maioria das escolas o Ensino de Arte ainda funciona como adereço, disciplina decorativa no currículo e até como relações públicas, orientando eventos, enfeitando o espaço físico, organizando festividades nas datas comemorativas, ou seja, um apêndice da programação curricular e pedagógica da instituição educacional. É a arte e o seu ensino a serviço da comunidade, cuja função maior é a ilustração de fatos e eventos. Em muitas escolas a arte é compreendida como atividade e não como disciplina obrigatória na grade/proposta curricular, contemplando temas e técnicas que ocupam o lugar de conteúdos e objetivos, reduzindo o ensino de arte a uma sucessão de exercícios e fazeres artísticos, um laissez-faire contínuo de composições livres, espontâneas, ou o que ainda é pior e mais comprometedor, brinca-se de ensinar- aprender arte copiando/reproduzindo imagens de obras de arte, num procedimento paradoxal: a submissão a uma pretensa visão verdadeira, a do artista/autor da obra e a multiplicidade dos pontos de vista manifestados pela história da arte. A posição cultural da escola deveria, entretanto, trazer a obra como algo para se olhar, contemplar, sentir, pensar, uma arte para se viver e não para se reproduzir. 7 Fonte:escolapadregiovanni.blogspot.com.br Paralelo a esta postura pedagógica de recepção de imagens de obras/objetos de arte para reprodução, ainda se tem notícias de ensino de arte que se encarrega da imposição à criança de um repertório de signos gráficos como modelos criados por um senso comum, atitude na qual se condiciona os alunos a temas/códigos, acarretando um empobrecimento e operando uma profunda modificação no pensamento infantil. Ao impor modelos e condutas gráficas, nega-se a riqueza absoluta dos desenhos/registros trazidos/feitos em casa: admiráveis, ricos, variados, cheios de detalhes, espontâneos e com crivo pessoal. A criança em idade escolar segue perdendo essa pureza e autenticidade e incorpora clichês, citações, modelos, imagens emprestadas, manipuladas, utilizando-se de estereótipos, cópias, reproduções e imitações, comprometendodesta forma a sua expressão livre/espontânea, atitude considerada pela grande maioria dos estudiosos do ensino da arte e da educação, não só como um pecado ou uma atitude ultrapassada e inconveniente, como também, nada educativa. 8 Fonte:colegiopromundo.com.br Parte-se então, em defesa da arte na sua concretude, ou seja, conviver com a arte e conhecer arte através da arte, são eixos que devem ser priorizados e norteadores de uma proposta para o ensino de arte na escola, pois os saberes incorporados em aprendizagem assimilatória serão aplicados em situação concreta de vida e de mundo. O principal desafio então, torna-se a construção de uma educação inovadora que permita ao aprendiz o desenvolvimento de suas capacidades para que possa inteirar-se de forma flexível, crítica e criativa na construção de saberes. De acordo com Anamélia Buoro Bueno: “A natureza da escola, de maneira geral e como a conhecemos e vivenciamos, não privilegia um modelo de aprendizagem por relação direta com a realidade. O conhecimento de mundo que se faz por mediação da escola é necessariamente filtrado pela ferramenta verbal – de preferência em sua forma escrita [...]. Investidos do papel e da função de educadores em arte, uma nova dimensão acrescenta-se para nós: a da construção sensível de nossa competência para mediar outros olhares e encaminhá-los à auto compreensão e à compreensão do mundo e seus mistérios. Portanto, dependendo da maneira como se coloca e se trabalha a proposta da leitura/recepção de imagem de obras, contribui-se exatamente para a alienação e os supostos filtros verbais. Assim, romper com as cristalizações e a passividade na aprendizagem e contribuir para a inserção do aluno neste mundo globalizado e mutante, passam a ser palavras de ordem no meio educacional, desvelando-se a 9 necessidade de planejamentos e projetos educativos que venham ao encontro do interesse do aluno, uma postura coerente com a realidade sociocultural escolar e a possível e necessária flexibilização de estratégias. Fonte:baraodemaua.com.br 3 O PROFESSOR DE ARTE Fonte:www.vvale.com.br 10 O papel/função do professor de arte é evidente, elementar e fundamental na formação humana e artística, evidenciando-se a necessidade de se valorizar o trabalho realizado na sala de aula, espaço onde o processo ensino-aprendizagem se estabelece e se frutifica na relação conteúdo/professor/aluno, permitindo uma busca contínua rumo ao conhecimento e à troca de experiências. Como explica Biasoli: “A sala de aula - espaço cênico - é o local onde o trabalho do professor se torna mais evidente, ou seja, é ali que se realiza uma situação de ensino formal e sistematizado, que o professor, numa relação conjunta de ação e reação com os alunos – relação pedagógica -, concretiza a maneira de ser dessa relação. É nesse espaço que o professor se mostra em seu papel de educador e se posiciona quanto à suas concepções, estabelece seus objetivos, desenvolve os conteúdos de sua disciplina, criando e recriando, à sua maneira, uma forma de executar e avaliar seu ensino. É o professor que ambienta a sala de aula e a provê como cenário para as mais variadas manifestações de aprendizagem, criando no espaço físico as possibilidades para o aflorar de novos conhecimentos e sequencia os passos didáticos e o ritmo das aulas, de forma criativa e flexível, sendo perspicaz nos imprevistos, nos desafios, nas situações novas. Nesta expectativa, a inovação do espaço escolar, bem como a busca de alternativas estratégicas para o redimensionamento das práxis devem ser metas do educador que prima pela qualidade do ensino por ele ministrado, principal e primordialmente, no que se refere ao ensino de arte, tão desvalorizado e adormecido na educação básica do nosso país. Para se chegar ao conhecimento da arte é preciso, então, delinear caminhos para a aprendizagem artística e estética, através de procedimentos pedagógicos coerentes, visto que, na aprendizagem da arte, o artístico relaciona-se diretamente com o ato de criação da obra de arte, do seu projeto à exposição ao público, a sua socialização. Desta forma, o fazer artístico é o resultado das construções novas mobilizadas a partir de sínteses emocionais e cognitivas emergidas no contato com a cultura. Assim, em arte, o estético é a compreensão sensível cognitiva do objeto artístico em estudo, contextualizado no tempo-espaço e sócio culturalmente. 11 Fonte:ndonline.com.br Nesse aspecto, Herbert Read enfatiza que: “...a cultura é um crescimento espiritual, na maior parte das vezes de altura pouco elevada, como o capim dos campos, mas crescendo aqui e ali na forma de altas árvores frutíferas, não menos enraizadas no solo; e a cultura, constituindo-se essa vida orgânica nativa e perecível, pode ser transplantada e difundida por meios artificiais e num estado de preservação artificial. Continuando a metáfora, e dando substância ao ponto que irei sustentar, apenas as sementes da cultura podem ser difundidas com algum resultado penetrante e criativo. ” Nosso primeiro passo nas escolas deveria ser derrubar o isolamento da arte – aboli-la de todo como matéria se for para ser considerada como atividade especializada, estanque. Ela deveria ser o aspecto significante, o aspecto “disciplinado”, de toda atividade; qualquer matéria deveria ser uma das artes, e o objetivo da educação deveria ser fazer de todos nós mestres em arte. No entanto, ser mestre em uma arte é ser também partícipe de um mistério. 12 Fonte:gestaoescolar.org.br Para além do isolamento e da desvalorização da arte no contexto escolar, ainda se tem o agravante da figura do professor não ser muito clara na sociedade como um trabalhador/profissional, igualmente desvalorizado na sociedade. O professor é também um intelectual dos assuntos educacionais e não se pode concebê-lo apenas como um vocacionado ao magistério, pois a vocação é uma forma de relação de trabalho, porém, sem sombra de dúvidas, a educação ou o magistério há muito deixou de ser uma simples vocação para ser uma profissão. Quanto a essas desvalorizações/discriminações da arte e do ensino de arte, é Biasoli quem novamente esclarece: “A desvalorização da arte e de seu ensino é fruto de um processo histórico, uma herança de nossa colonização ora concebida como trabalho manual, ora como acessório cultural de refinamento da elite intelectual, exatamente pelo fato de a ideia da arte não ser considerada uma forma de conhecimento. O conhecimento, historicamente, está relacionado ao racional, à alma, e é tido como algo superior, ao passo que a arte está relacionada ao corpo, ao sensível e, por isso, é considerada algo inferior. [...] essa contradição ainda hoje está presente nas instituições que ensinam arte. Um ensino que continua ocupando um lugar subalterno no currículo escolar, apesar das reformas propostas ao longo do tempo. 13 Fato que aponta, como solução, para um trabalho com arte fora do sistema educacional. ” Fonte:ocafe.com.br Discorda-se, pois, destas últimas palavras, pois não se partilha aqui da ideia de a arte perder o seu espaço no contexto escolar. É uma solução paliativa que tem feito inaugurar uma onda de escolas de arte particulares, que não comungam dos mesmos princípios e objetivos do ensino de arte na escola, trazendo a volta ao academicismo instalado na reprodução/cópia fiel de objetos/modelos, como desenhos de observação destituídos de contextualização teórica, fato esse que não deve intimidar os seus defensores e nem camuflar os problemas/dificuldades da arte e o seu ensino para a sua permanência no cenário educacional. Isso instiga à luta para mostrar que a arte na escola é possível: com qualidade, com transparência enquanto processo de aprendizagem e com resultados satisfatórios para uma leitura/abordagemmaior a que o seu conteúdo versa e propõe, uma prática pedagógica reflexiva que envolve a concepção do conhecimento enquanto processo, privilegiando a interferência no conhecimento posto pelos legados culturais e artísticos da humanidade. É necessário, então, romper com as práticas repetitivas, produtivistas. É necessário uma arte e um ensino de arte autênticos, imersos num romper, numa vontade/necessidade de ruptura para a negação do continuísmo: umas práxis verdadeiramente criadora, 14 inovadora, onde o educador, com sede de acertar, possa sentir-se gratificado pela parte que lhe cabe na formação do aluno sob a sua responsabilidade. Fonte:www.colegioabsoluto.com.br Para Ferraz: “O trabalho com arte na escola tem uma amplitude limitada, mas ainda assim há possibilidades dessa ação educativa ser quantitativa e qualitativamente bem-feita. Para isso, seu professor precisa encontrar condições de aperfeiçoar-se continuadamente, tanto em saberes artísticos e sua história, quanto em saberes sobre a organização e o desenvolvimento do trabalho de educação em arte. ” Pensando de forma mais abrangente e objetivando a educação como formadora e estabilizadora da integralidade do indivíduo, Célia Maria de Castro Almeida esclarece que, sem dúvida, um dos maiores objetivos da educação é contribuir para o desenvolvimento da autonomia, ajudar os alunos a se tornarem moral e intelectualmente livres, aptos a pensar e agir de forma independente. Nesse campo, a contribuição das artes poderia ser grande, já que elas, mais do que qualquer outro componente curricular, deveria incentivar os alunos a uma produção que não dependesse de modelos. 15 Fonte:www.escolacaracol.com.br Não é, entretanto, o que ocorre nas aulas de artes. Na maioria delas, as práticas docentes estão calcadas em uma concepção modelar e padronizada de ensino: os professores sempre determinam o que e como fazer, cabendo aos alunos realizar a tarefa proposta, todos do mesmo modo e ao mesmo tempo. Esse padrão ocorre no ensino da música, da dança, do teatro e das artes visuais, mas não é privilégio do ensino artístico e pode ser observado em todos os níveis da educação básica, da educação infantil ao ensino médio. Fonte:annarbor.com.br 16 A escola não existe sem o aluno e não funciona sem o professor/educador. Muito criticado e por vezes incompreendido, o professor carrega os ossos do ofício, onde é mais cobrado do que aprovado em suas ações. Ciente da sua importância no meio escolar, Sandra Richter sustenta que o papel do professor deva ser pautado no seguinte pressuposto: “Nenhum professor pode constituir conhecimento pelo aluno. Pode apenas sustentar, dar continência (segurar, conter, suportar) às ações de cada um na dinâmica sensível de cooperação social, enquanto ato de reunião e comunhão com o outro, pela capacidade adulta de ser sensível e compreender as dificuldades vividas que cercam o processo de aprender, os obstáculos que cada criança deve superar e ultrapassar, os equívocos necessários e os inúteis, os medos e as alegrias espontâneos frente à novidade que é o desconhecido. O criar passa necessariamente pelo interrogar e pelo fazer, por invenções mais que descobertas: por isso arte não se ‘ensina’: arte se faz, vive-se. A criança não apreende senão aquilo que constrói, aquilo que faz. E é somente quando o outro se torna autor que podemos acreditar na tarefa da educação. ” Aproxima-se desta maneira, ao pensamento de Ema Brandt ao afirmar que: “É tarefa do docente selecionar as produções artísticas, e é ele que, mediante suas diversas intervenções, guiará seus alunos na ‘leitura’ de cada obra em particular. Enriquecer a apreciação possibilitará um olhar mais pleno sobre o trabalho dos outros, incluindo o respeito e a valorização da produção artística, favorecendo a compreensão sensível e o desfrute estético”. Ainda sobre o papel/função do arte-educador ou professor de arte, na perspectiva de pesquisador com ação/práxis reflexiva, é importante ressaltar que: “Para que possa desempenhar com segurança o papel de mediador entre o universo cultural do aluno e o universo dos saberes históricos e culturais sistematizados, o educador do ensino fundamental não necessita transformar-se em exímio conhecedor de arte. Precisa apenas tomar gosto pela pesquisa e investir na busca de informações e conceitos (muitas vezes escassos, porque muito atuais) sobre o tema, a obra e o artista em estudo. ” Enfim, ainda no aspecto da prática docente, Sandra Richter acrescenta que: “ o papel fundamental da intervenção sensível e informada do adulto nas condutas de criação é constituir espaços e criar situações em que cada criança possa exercitar a 17 liberdade de fazer para falar de si e do mundo, favorecendo o falar durante o instante/tempo da concentração exigida pelo prazer do gesto significador, que age sobre a materialidade do mundo para produzir e inventar formas. Formar é fazer e, em arte, dizer e fazer não se separam: o fazer é um dizer na medida em que toda forma significa-se.” 4 A ESCOLA - CENÁRIO DE CULTURA E ARTE Fonte:fatoamazonico.com De forma generalizada, a escola tem encontrado dificuldades para manter-se como instituição/instância cultural estratégica numa dimensão socializadora. Talvez a sua maior preocupação hoje, seja a de lidar com as diferenças. Pelo menos tem sido este o discurso: trabalhar a heterogeneidade. Mas, na verdade, muito se tem visto de contrário: discriminar, ao invés de incluir, valorizar o melhor e manter-se indiferente ao menos dotado. As disciplinas concorrem entre si como conteúdos estanques percebendo o aluno como um fragmento, um apêndice do seu corpo, não visando à formação e ao desenvolvimento integral desse ser humano que está sob a responsabilidade do educador para crescer, desenvolver e integrar-se/adaptar-se ao mundo, ao contexto onde vive. 18 Não existe sensibilidade para estas questões, radicalizando-se a forma de vivenciar o espaço escolar como se nele não houvesse troca, fluidos, relações sócias afetivas, apenas cognitivas e nunca sensíveis. Neste aspecto, Curtis conclama a um gesto reflexivo ao afirmar que: “A escola cumpre uma função de reprodução social, legitimando as diferenças de classe numa competência equitativa, uma vez que o sistema escolar vale-se do seu reconhecimento de instância legítima de imposição para legitimar a hierarquia das culturas próprias de cada classe. Nessa linha de pensamento, a escola sustenta-se através da violência simbólica, em que a ação pedagógica é definida como um ato de imposição do arbitrário cultural, que se dissimula como tal e que dissimula o arbitrário daquilo que inculca. ” E vai além, discutindo e tecendo críticas, pois: “...constata-se que a escola pública enfrenta atualmente uma situação problemática no nível sociopolítico que se reflete na concepção de educação institucionalizada, herança do projeto moderno de educação. Tal enfrentamento diz respeito à atual postura política hegemônica que se vale de mecanismos de poder, cuja natureza é discursiva. Nesse sentido, pode-se inferir que o emprego sistemático da violência simbólica é utilizado para moldar a capacidade reflexiva dos indivíduos, através, principalmente, dos meios de comunicação. ” Fonte:educacaoburiti.blogspot.com.br 19 Faz-se necessário, sob esta óptica, pensar o Ensino de Arte com qualidade, evocando a urgência em se colocar o artista, a obra, o público e a comunicação como componentes do processo artístico e fontes instigantes para a organização e as repercussões dos conteúdos curriculares, bem como, os seus reflexos no fazer e no pensar arte enquanto expressão e cognição. Porém, concorda-se com Duarte Jr. ao tecer as seguintes críticas em relação à educação/organização escolar: “A escola hoje se caracteriza pelaimposição de verdades já prontas, às quais os educandos devem se submeter. Não há ali um espaço para que cada um elabore a sua visão de mundo, a partir de sua situação existencial. A escola ensina respostas [...] que, na maioria dos casos, não correspondem às perguntas e inquietações de cada um. As verdadeiras dúvidas dos alunos não chegam sequer a serem colocadas, pois o professor já sabe o que todos devem ou não saber, antecipadamente. Reproduz-se a cisão da personalidade, presente em nossa civilização: cria-se um mundo teórico, abstrato, que serve apenas para fazer provas e ‘passar de ano’, e que não se articula à vida vivida dos estudantes. Há um fosso profundo entre o que se fala e o que se faz. Entre a teoria e a prática. ” Fonte:www.carajastudodebom.com.br Apesar de essa última afirmação ter sido feita no ano de 1983, encontra-se numa perspectiva otimista, porque o quadro que hoje se desenha/configura nas escolas é de uma hora/aula semanal para o ensino de arte, contrapondo-se às 20 disciplinas ditas mais sérias, contempladas por uma carga horária de três a cinco horas/aula por semana. Independente da carga horária ocupada pela arte no currículo escolar é fundamental a introdução de estudos de estética, crítica e história da arte, paralelos à produção artística em qualquer nível de ensino, Infantil, Fundamental, Médio e/ou Superior, pois “A epistemologia da arte não se configura apenas pelo fazer artístico [...]. É necessário também refletir, exercitar o julgamento, comparar, analisar e interpretar imagens para conhecer arte, além de ser imprescindível entender o lugar da arte no tempo e na cultura. ” Para Fusari, “A arte é um dos modos de conhecimento ao qual os estudantes devem também ter acesso, assumindo-se como sujeitos capazes de apreciação estética e criação artística, articuladas aos processos e mediações da cultura contemporânea. ” Fonte:www.portalburitiense.com.br De uma forma realista e muito positiva, Ferraz citando Cenafor, sintetiza que: “ agir no interior da escola é contribuir para a transformação da sociedade. Cabe à escola difundir os conteúdos vivos, concretos, indissoluvelmente ligados às realidades sociais. Os métodos de ensino não partem de um saber espontâneo, mas de uma relação direta com a experiência do aluno confrontada com o saber trazido de fora. O professor é mediador da relação pedagógica - um elemento insubstituível. É pela 21 presença do professor que se torna possível uma ‘ruptura’ entre a experiência pouco elaborada e dispersa dos alunos, rumo aos conteúdos culturais universais, permanentemente reavaliados face às realidades sociais. ” Sob esse prisma, Maria do Carmo Curtis discute/critica o papel da escola como difusora/promotora de saber e cultura. Mesmo reconhecendo e reafirmando a força potencializadora da arte enquanto instrumento para tal, admite que as escolas no Brasil não estão preparadas para uma educação multicultural ao trazerem em seu quadro docente, profissionais não qualificados, tendo-se em vista que a formação em arte na qual se habilitaram para lecionar o conteúdo, não lhe proveram de experiências que remetessem a esses aspectos: “...as instâncias difusoras da cultura, como a escola, ao promover o consumo de bens simbólicos, instituem o consumo admirativo, em consequência, ao invés de qualificar socialmente os alunos, acabam por reforçar a distância entre o público e a obra. Situação que justifica estudar as possibilidades de desenvolver a leitura de obra que não se restrinja à sua mera veiculação. ” Fonte:g1.globo.com Há que se concordar em parte com a autora no tocante à formação do professor. Porém, acredita-se que a formação continuada está aí para que os docentes se qualifiquem e busquem atualização para seguirem em caminhada, trazendo para a escola novos olhares para o fazer artístico e para o ensino de arte. Todavia, segue-se acreditando que arte se faz e se vive, apostando-se na criação livre e espontânea, na invenção e na descoberta. Acredita-se que arte se ensina e se 22 aprende a partir do contato com materiais artístico-plásticos que nutrem e potencializam o gesto criativo. Entretanto, segundo Dewey é enfadonho rodear o aprendiz com materiais e instrumentos, deixando-o reagir a eles de acordo com os seus desejos, por acreditar no direcionamento da experiência no sentido de um processo contínuo de expressão e desempenho e não em construções esporádicas. Não se concebe assim, a arte somente pelo fazer, mas a arte recebida, apreciada, lida, fruída, contextualizada a partir da mediação do educador com os interesses do aluno e a proposta de ensino em arte. De qualquer forma, a escola e o professor não podem ser responsabilizados sozinhos por toda a negação do ensino da arte. Para Barbosa: “Os poderes públicos, além de reservarem um lugar para a Arte no currículo e se preocuparem em como a Arte é ensinada, precisam propiciar meios para que os professores desenvolvam a capacidade de compreender, conceber e fruir Arte. Sem a experiência do prazer da Arte, por parte dos professores e alunos, nenhuma teoria de Arte-Educação será reconstrutora. ” Fonte:rondoniadigital.com Partindo-se do princípio que o ensino de arte na escola deva primar pela ampliação do repertório cultural da sua clientela no âmbito de suas experiências estéticas, concebesse-a como um canal para o alargamento dos horizontes perceptivos, numa atitude de aproveitamento e respeito ao conhecimento e às experiências trazidas de casa, de suas relações com o meio e com o mundo. Desta 23 forma, o ensino de arte não se restringe ao desenvolvimento do potencial criador e nem o tem como exclusividade, pois hoje transita pelo enfoque da construção do conhecimento, da arte-cognição (caminho para a aprendizagem estética e artística, rumo à educação da sensibilidade). São palavras de Sandra Richter: “Nessa direção, os meios artísticos gráfico-plásticos, na educação, tornam-se estratégias de um fazer infantil que integra imaginação e sensibilidade, razão e desejo, produção e invenção, imagem e palavra, como modo poético de conhecer a si, aos outros e ao mundo, permitindo à criança exercitar com prazer sua humana condição de criar sentidos através das diferentes linguagens visuais. ” Portanto, ampliam-se os referenciais da arte enquanto recepção, apreciação e fruição, resinificando o ato de ler para além das palavras, ultrapassando o código escrito e verbal para trazer a linguagem plástica à escola enquanto manifestação de cultura, prazer, conhecimento e sensibilidade. Fonte:www.newsrondonia.com.br 24 BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, Célia Maria de Castro. Concepções e práticas artísticas na escola. In: FERREIRA, Suecli (Org.). Ensino das artes: construindo caminhos. Campinas, Papirus, 2001. BARBOSA, Inquietações e mudanças no ensino da arte, 2002, p. 14. BIASOLI, A formação do professor de arte. Ensino das artes: construindo caminhos. Campinas, 1999, p. 136-7. BIASOLI, A formação do professor de arte. Ensino das artes: construindo caminhos. Campinas, 1999, p. 86. BRANDT, Ema. Para um mundo com seres humanos criativos. In: Projeto. Revista..., 2001, p. 35. BUORO, Olhos que pintam. Ensino das artes: construindo caminhos. Campinas, 2002, p. 59. DEWEY, John. ESCOLA PLURAL. Os Projetos de Trabalho I: reflexões sobre a prática pedagógica na Escola Plural. Belo Horizonte: Secretaria Municipal de Educação, 1994. DUARTE JR, João Francisco. Por que arte-educação? Campinas-SP: Papirus, p. 72, 1983. FERRAZ & FUSARI, Metodologia do ensino da arte. Ensino das artes: construindo caminhos. Campinas, 1993, p. 16. MARTINS, Miriam Celeste. Didática do ensino de artes, a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, p. 8, 1998. NARDIN, Heliana Ometto & FERRARO, Mara Rosângela. Artes visuaisna contemporaneidade: marcando presença na escola. In: FERREIRA, Sueli (Org.). Ensino das artes..., 2001, p. 181. 25 RICHTER, Sandra. A arte e a dimensão poética do conhecer na infância. In: Projeto. Revista de Educação: Artes Plásticas. Porto Alegre: Ed. Projeto, v. 3, n. 5, p. 26, 2001. RICHTER, Sandra. In: FERREIRA, Sueli (Org.). Ensino das artes. Ensino das artes: construindo caminhos. Campinas, 2001, p. 27. 26 5 ARTIGO PARA REFLEXÃO Autores: Aline Fernanda Silva, Charlene Schultz e Ivonete Helena Machado Disponível em: http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2008/anais/pdf/548_640.pdf Acesso: 4 de outubro de 2016 A ARTE-EDUCAÇÃO NO COTIDIANO ESCOLAR SILVA, Aline Fernanda – FAMEG ali.fernanda@hotmail.com SCHULTZ, Charlene – FAMEG charlene@fameg.edu.br MACHADO, Ivonete Helena - FAMEG ivonete@fameg.edu.br Área Temática: Currículo e Saberes Agência Financiadora: Não contou com financiamento Resumo Ao longo da nossa história a arte tem nos acompanhado com as mais diversas funções. Partindo dessa premissa e de observações no cotidiano escolar, desenvolvemos essa investigação que teve como problemática compreender como as artes visuais podem contribuir para a construção de conhecimentos significativos na Educação Infantil. Para esta compreensão, objetivamos, principalmente, investigar como as artes visuais podem auxiliar no processo de ensino e aprendizagem da criança durante o seu desenvolvimento. Trilhando nesse caminho, objetivamos também: compreender a estrutura da Educação Infantil a partir do referencial teórico; estimular o desenvolvimento da imaginação, da curiosidade, da expressão, da cognição e da criatividade através do fazer com a arte, bem como investigar a aplicabilidade da interdisciplinaridade no processo de ensino e aprendizagem na Educação Infantil. Esta pesquisa é qualitativa de cunho interpretativo que utilizou o método o indutivo analítico, por se tratar do estudo de uma amostra para generalizar uma compreensão. Utilizamos como técnica para recolha dos dados a observação participante, que permite a participação do pesquisador no ambiente observado. Os dados foram coletados a partir de atividades propostas com os alunos da Educação Infantil de uma escola particular da cidade de Guaramirim. Nessa caminhada investigativa, percebemos que o processo de aprendizagem faz parte do ser humano e que a criatividade faz com que este processo se desenvolva de forma lúdica na arte. Precisamos cultivar e manter esse processo ativo e estimular a criatividade, a observação e o senso crítico para que as crianças possam ter um olhar amplo e uma visão complexa do mundo que a rodeia. Palavras-chave: Aprendizagem; Arte-Educação; Interdisciplinaridade. Introdução Segundo Oliveira (2003), o professor de Educação Infantil deve ser um pesquisador capaz de avaliar as muitas formas de aprendizagem. O professor expressa suas próprias experiências, uma delas é reconhecer suas emoções, 27 enfrentar suas frustrações e agressões para estabelecer uma relação segura e acolhedora com a criança, onde ambos possam trabalhar adequadamente suas emoções. Este trabalho investigativo está estruturado no estágio realizado durante nossa passagem pela instituição de ensino. Na fase de observação percebemos que através da utilização de conteúdos e metodologias de artes a criança desenvolve sua leitura de mundo, a qual é peça de suma importância para o equilíbrio do seu desenvolvimento social e cognitivo. Nesse fazer com a arte a criança poderá estabelecer conexões com outras disciplinas e construir conhecimentos. Essa experiência lhe ajudará na resolução de problemas, na construção de textos e lhe possibilitará uma visão mais crítica do mundo em que vive. Com a arte a criança inicia sua produção textual, através do desenho, da música, do teatro, expressando-se de diversas formas. Ela atiça e constrói uma nova visão, uma escuta diferenciada dos demais sentidos como uma introdução para a compreensão diversificada das questões sociais. Nesse contexto surgiu o problema desta investigação que se configura em tentar compreender como as artes visuais podem contribuir para a construção de conhecimentos significativos na Educação Infantil. Partindo dessa indagação, traçamos como objetivo principal investigar como as artes visuais podem auxiliar no processo de ensino e aprendizagem da Educação Infantil. Para alcançar nosso objetivo principal, buscamos compreender a estrutura da Educação Infantil a partir do referencial teórico; desenvolver habilidades expressivas e cognitivas através da produção em arte; estimular o desenvolvimento da imaginação, da curiosidade e da criatividade através do fazer. Para a coleta dos dados foi utilizada a técnica da observação, cuja importância está em registrar diferentes situações, permitindo descobrir de onde o comportamento é influenciado, podendo identificar relações existentes entre o comportamento em certos ambientes. Porém ao longo da observação, o acadêmico precisa ter alguns cuidados na linguagem e principalmente nas interpretações pessoais e impressões dos dados coletados. (DANNA; MATOS, 1999). Nessa reflexão observamos que a Arte não é mais um conteúdo escolar para preencher tempo, mas sim contextualizar e articular com as demais áreas do 28 conhecimento. A arte está presente em todas as rotinas sociais, na história, em nosso dia-a-dia. Ela faz com que, o indivíduo pense e repense no seu universo. A arte está no meio da geografia, da história, da filosofia, da língua portuguesa, da matemática, enfim ela não fica somente numa caixinha, grade curricular, e sim para nossa existência. A arte e a sua história A presença da arte na história pode ser identificada, nas manifestações de conhecimento, onde o homem utilizava o desenho como forma de linguagem. Já no tempo das cavernas os primatas desenhavam como caçavam, quantas pessoas tinham na caverna. Desde o começo da humanidade o ser humano era e é um ser criativo, nascendo com essa habilidade, a qual pode ser desenvolvida através do meio em que vive, independente da cultura e do desenvolvimento interno de seu ser, assim explorando e estimulando sua criatividade em seu cotidiano (SANS, 2001). O homem nasce com especificidades culturais, psicológicas e sociais, o que permite fazer ligações com a natureza e com o mundo. Sendo a arte parte integrante desse movimento, possibilita a representação e interpretação do mundo, onde são desenvolvidas habilidades de seleção, classificação, identificação, etc., indispensáveis para organização humana. (BUORO, 2001). A prática educacional também apresenta características peculiares em determinados períodos, evoluindo de acordo com as transformações sociais e culturais. Dessa forma, podemos citar algumas tendências. A escola tradicional, onde o desenho relacionava-se com a preparação do aluno para o trabalho, enfatizando a linha, o contorno e a reprodução de modelos propostos pelo professor. A escola nova, onde a arte defende a livre expressão e a expressão espontânea. A escola libertadora, onde a arte segue ações interdisciplinares. A escola crítico-social dos conteúdos, onde o professor deve ter domínio sobre o assunto sabendo ensinar a arte ou ser professor de Arte. A escola construtivista, na qual a arte é obrigatória nas instituições de ensino. (IAVELBERG, 2003). Na educação, a arte possui uma extensa jornada, mas foi amparada em lei somente na década de 70 através da Lei 5692, de 11 de agosto de 1971 que tornou obrigatória a disciplina de Educação Artística nos estabelecimentos 29 de 1º e 2º graus. Segundo o entendimento dessa lei, a arte era considerada apenas uma atividade educativa, não efetivamente uma disciplina. Em 20 de dezembro de 1996, essa lei foi revogada pela Lei 9394 que, em seu artigo 26, parágrafo 2º,menciona o ensino da arte como componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica (IAVELBERG, 2003). Desde cedo a criança começa a se comunicar e a representar seu mundo através de diversas linguagens. Nesse momento ela aprende as primeiras formas de representação do desenho, devendo ser estimulada. A criança que conhece a arte tem a possibilidade de fazer ligações entre as diversas áreas do conhecimento, relacionando-as com o seu cotidiano. O estudo da arte irá aguçar na criança a dimensão do sonho, da força de comunicação dos objetos que o rodeiam, da sonoridade da poesia, das criações musicais, das cores, formas, gestos e luzes. Através dessas percepções, a arte possibilita a criança o desenvolvimento de seu modo próprio de ver o mundo ou dar sentido, a desenvolver estratégias pessoais para resolução de problemas e habilidades para construção de textos (BRASIL, 1997). A criatividade é considerada como parte essencial do homem, a qual dá equilíbrio à vida, auxiliando-o em seu cotidiano, nas resoluções de problemas e tornando o homem um ser mais criativo. A arte deve ser inserida na educação como forma de estimular o pensamento criador, para que a imaginação da criança e seu intelecto não se separem (SANS, 2001). Segundo Buoro (2003, p. 25) a arte é “[...] um produto de embate homem/mundo, consideramos que ela é vida e, por meio dela, o homem interpreta sua própria natureza, construindo formas ao mesmo tempo em que (se) descobre, inventa, figura e conhece”. Através da arte que a criança irá realizar sua leitura de mundo, entender o contexto em que vive e relacionar-se com ele, sendo de suma importância que sua imaginação flua naturalmente. Muitas vezes o adulto, na angústia de ensinar, causa bloqueios, os quais prejudicam a evolução natural da criatividade. A arte-educação é um alicerce para desenvolver a criatividade. A criança como um ser em profunda aprendizagem, tem mais facilidade para o senso de observação e em diversas ocasiões, chama atenção de pormenores observados pelos adultos, por tanto usando sua liberdade de expressão e de indagação, conclui com ajuda dos 30 adultos suas aprendizagens e desenvolve sua expressão ao ver o mundo (SANS, 2001). Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), a criança de alguma forma expressa o que sente ou o que vê através do desenho, da música, da dança ou do teatro. A arte tem como objetivo ajudar a criança a se desenvolver livremente, a estimular a criatividade e a expressão. A arte desenvolve o pensamento artístico, deixando o particular dar sentido às experiências do exterior, onde a criança aumenta a sensibilidade, a percepção, a reflexão e a imaginação. A criança sem o conhecimento das artes tem uma aprendizagem limitada, escapando o faz-de-conta, as cores do seu mundo, os gestos e as luzes (BRASIL, 1997). Com a utilização da arte no cotidiano escolar, o aluno poderá aprender de forma lúdica, tornando o ambiente escolar mais agradável, sendo que o educando terá a possibilidade de contribuir afetiva e cognitivamente para o desenvolvimento da expressão da criança. A criança, através da arte, representa seus desejos, expressa seus sentimentos e coloca em evidência sua personalidade. Nesse contexto, o educador pode conhecer melhor o educando e, até mesmo, identificar suas dificuldades. No cotidiano escolar, a arte deve ser vista como criação individual, não havendo julgamento de certo ou errado, o que interfere em muitos momentos na expressão da criança, tornando-as inseguras ao soltar sua imaginação e criar (BUORO, 2003). Para Sans (2001), ao desenhar a criança descobre suas próprias normas, numa íntima relação do ver, do saber e do fazer. Entretanto ainda se encontra nas escolas materiais mimeografados ou xerocados, dando uma limitação ao desenho da criança, outro grande foco é quando a criança também é limitada na pintura, usando só algumas cores no seu desenho. A criança desenvolve sua obra de arte dependendo de sua cultura ou a época que está vivenciando, ela traz seu cotidiano para dentro da sala de aula, enriquecendo a sala de diversos pensamentos, dando ênfase ao momento atual (BUORO, 2001). No entanto, mesmo que a arte auxilie na liberdade da criança, ela exige alguns limites importantes, espaço adequado. A criança tendo seu espaço reservado e respeitado pelo adulto também saberá respeitar o nosso espaço. Assim a arte ajudando a desenvolver seu cognitivo também ajuda a 31 auxiliar no seu limite, sem interferir no ato expressivo da mesma (CRAIDY, KAERCHER, 2001). Se a criança quando se expressa devolve ao exterior a mesma estimulação que recebe, mesmo que ela represente o desenho de uma forma não mimética, cabe ao educador deixar livre suas emoções sem influenciar nos sentimentos, emoções e ideias das mesmas. E sim, fazer com que cada vez mais ela se apaixone e desenvolva sua criatividade pela arte. A Interdisciplinaridade Em Arte A aprendizagem é dividida por meio de sucessivas reorganizações do conhecimento, essa abordagem destaca a importância de obter um tratamento apropriado aos diferentes conteúdos. Os conteúdos na Educação Infantil são divididos por blocos, para melhor organização. Assim pode-se trabalhar com mais intensidade a disciplina, onde começa a associar com outras para melhor elaboração (BRASIL, 1998). A interdisciplinaridade pode ser trabalhada com facilidade na arte, por possibilitar a ligação com outras áreas do conhecimento. O professor poderá trabalhar com a arte e através dela as diversas áreas do conhecimento, como, por exemplo, História, Geografia, Língua Portuguesa, Literatura, Matemática, Ciências, etc. (BRASIL, 1997). A interdisciplinaridade ocorre quando, ao tratar de um assunto dentro de uma disciplina, você lança mão dos conhecimentos de outra. Ao estudar a velocidade e as condições de multiplicação de um vírus, por exemplo, é possível falar de uma epidemia ocorrida no passado devido às precárias condições de saúde e higiene e à pobreza do local. Daí, é possível até explorar, em outros momentos, os aspectos políticos e econômicos que geraram tamanha pobreza. A interdisciplinaridade é, portanto, a articulação que existe entre as disciplinas para que o conhecimento do aluno seja global, e não fragmentado (CAVALCANTI, 2008). Ao tratar um assunto dentro de uma disciplina, onde você relaciona conhecimentos pertencentes à de outra, chama-se interdisciplinaridade. A 32 interdisciplinaridade faz o aluno obter um conhecimento global, e não fragmentado. Isso não quer dizer que tudo que se trabalha tem que ser globalizado, também temos que fechar o conteúdo, para não cansar o aluno na sua aprendizagem. É de extrema importância avaliar durante o ano como utilizar a interdisciplinaridade sem exageros. Ao longo do planejamento, com a evolução das crianças pode-se estimular para outras áreas do conhecimento, não fugindo do seu objetivo (CAVALCANTI, 2008). Segundo Vieira (2007), a interdisciplinaridade facilita a compreensão do conhecimento com o todo, faz com que haja ligação entre as disciplinas escolares, formando alunos com conhecimento amplo, global, da realidade. O autor menciona que os temas transversais, trazidos pelos PCN’s, contribuem para interdisciplinaridade, utilizando projetos pedagógicos flexíveis a competência e a habilidade do aluno, pois discuti-los possibilita ao aluno compreender a ter análise crítica da realidade. Para Morin (2006) encontramos a interdisciplinaridade muitas vezes escondida na disciplina, onde resolve problemas que são invisíveis dentro da matéria e quando associamos a outra, encontramos as respostas. Muitas vezes necessitamos trazer outra área do conhecimento para resolver problemas na área em que estamos trabalhando. A interdisciplinaridade requer planejamento e empenho, podendo ser trabalhada individualmenteou em grupos, cabe ao professor trabalhá-la, não se esquecendo da especificidade de sua disciplina. Na arte, as manifestações artísticas podem ser utilizadas como exemplo de interdisciplinaridade, pois utilizam a diversidade cultural de todos os tempos e lugares, falando de problemas sociais, políticos, de relações humanas, de sonhos, medos, perguntas e inquietações do artista (BRASIL, 1997). Análise Dos Resultados Considerado uma das funções simbólicas da linguagem, o desenho é uma Concretização de uma ideia. Pode ser oportunizado com atividades educativas, pois auxilia a representação do sentimento do desenhista. Ao interpretar uma obra, a criança expõe seus sentimentos, demonstrando a influência cultural recebida (IAVELBERG, 2003). 33 Analisaremos alguns dos registros coletados, relacionando a obra original e a releitura realizada pelo aluno, para identificarmos os processos que contribuem para a construção de conhecimentos significativos. Escolhemos uma obra de arte e uma representação, onde observamos o desenvolvimento cognitivo da criança e a importância da interdisciplinaridade em sala de aula. Iniciamos com a apresentação da obra de Tarsila do Amaral – Paisagem Rural (figura 01), onde o Aluno A (foto 01) fez sua representação, desenhando elementos mais expressivos e pequenos detalhes dessa composição, também buscou para sua obra elementos do mundo ou de seu cotidiano. Coloriu o desenho com seu conhecimento prévio, utilizando várias texturas, mas não fugindo do foco da obra. Assim podemos perceber que os sensos observadores e criativos estiveram presentes nessa obra. Fonte: paradela.blogs.sapo.pt Devemos lembrar que as comparações devem ser extintas em sala de aula, o educador deve observar o desenvolvimento de cada aluno no dia-a-dia, mostrar ferramentas diversificadas para que o aluno se apoie e possa desenvolver suas capacidades ao invés de retraí-lo (MARTIN, 2007). Na segunda atividade mostramos a obra Estrada de Ferro Central do Brasil, onde propomos a construção de uma maquete, utilizando materiais diversos, potes, caixas de leite, pote de iogurte, caixa de creme dental, entre outras. As crianças durante a construção da maquete conversaram bastante trocando ideias do que iriam fazer, uma criança dizia que iria fazer a padaria e a outra se lembrava de fazer a 34 escola, elas tentaram aproximar cada vez mais a maquete da realidade onde vivem. Uma das crianças lembrou-se do trem, onde fez a construção do mesmo e a outra se lembrou da ponte que existe na obra, confeccionando-a (foto 02). Fonte: stelladauer.files.wordpr ess.com Foi claro perceber que ouve uma interação muito forte entre as crianças na construção da maquete, onde todos ajudaram a confeccionar. Mesmo com a obra de Tarsila exposta, as crianças aproximaram do seu cotidiano sem deixar de apreciar a obra. A interpretação da imagem é original, carregando o desejo da imaginação e da invenção. Estando em processo de construção de uma visão global, de interação social e cultural. Registrando acontecimentos de seu cotidiano (PUCCETTI, 2004). Percebemos que as crianças estiveram atentas aos detalhes da obra de Tarsila, elas copiaram a ponte, os potes, as casas, os prédios, as ruas, os carros, representando a obra e mostrando um pouco de sua cidade. É na organização do espaço, na leitura da linguagem visual, é na forma, na cor e na construção, que a linguagem visual compreende suas expressões, onde o indivíduo desenvolve seu pensar e o seu sentir (PUCCETTI, 2004). A arte está num conjunto de conhecimento, fazendo a criança criar e possibilitando-a desenvolver seu conhecimento, associando com o global. Demonstrando sua época e registrando-a de forma significativa (BRASIL, 1997). Na apresentação da obra “O Lago’ (figura 03), podemos perceber que as crianças deixaram sua imaginação ir além do esperado. Fizeram associações com o que já conheciam, deixando claro seus objetivos. 35 Fonte:i78.photobucket.com Quando realizamos a atividade da impressão, utilizando isopor, as crianças fizeram peixes, algas, desenhando o fundo do mar e não reproduziram a obra. Elas visualizaram a obra, mas lembraram da visita que realizaram anteriormente ao shopping, onde visitaram aquários de peixes, representando-os na atividade. Utilizaram a imaginação e a criatividade, a interpretação da obra foi além das flores e do rio onde viam, a visão alcançou o fundo do mar e do rio. Representaram a paisagem marítima, conforme seu conhecimento prévio, nesta atividade ficou clara a criatividade. O Aluno B disse que desenhou um polvo, tubarão, peixes e algas. Na continuação da atividade, propomos a confecção de um peixe. Utilizamos garrafas pet, guache, pincel, EVA e canetinha permanente. As crianças pintaram as garrafas pet, escolheram a cor da tinta guache. Quando elas terminaram de pintar, as professoras auxiliaram na montagem do peixe, colando a cabeça, as nadadeiras e o rabo. Na conclusão da atividade, as crianças sugeriram colocar nomes. Algumas usaram a imaginação e outras colocaram nomes de personagens de filmes. Brincando com os peixes, diziam que havia pescado na praia ou no rio com seus pais. Trocando informações e conhecimentos. A última atividade proposta para as crianças foi da obra de Tarsila do Amaral A Cuca. Anteriormente trabalhamos o regional, os tipos de paisagem, e nessa obra o objetivo maior foi trabalhar os medos da criança. Nosso folclore traz a personagem Cuca, que é identificada como um animal monstruoso, transmitindo medo às crianças. 36 Fonte: museuvirtualsemanaartemoderna.arteblog.com.br Aplicamos a atividade numa roda de conversas, falamos sobre os medos, e elas expressaram seus sentimentos. Logo após o diálogo entre os amigos e com interferência das professoras, sugerimos que cada um desenhasse a sua Cuca, como ela era e de que forma eles a viam. Muitos nessa atividade já estavam satisfeitos, dizendo que não sentiam mais medo da Cuca. Repetiam várias vezes que a Cuca era do bem, não era horrorosa e a desenhavam dizendo que era muito bonita. O Aluno E, desenhou a Cuca de sua imaginação, deixando claro nos traços o medo que sentia, mesmo assim utilizou cores vivas, as quais não representam o medo, percebemos que essa criança estava com medo e no decorrer da atividade, juntamente com ajuda dos colegas, passou a ver a Cuca com outros olhos. Através da análise da composição do Aluno E, observamos que os elementos representados graficamente já se apresentam na fase do desenho voluntário, onde podemos perceber a semelhança entre o que a criança desenha e o que ela realmente quis representar (NOVAES; NEVES, 2008). Esses casos atestam a possibilidade efetiva de desenvolvimento de pesquisas de vários tipos, até da mais rigorosa pesquisa acadêmica, mesmo nas nossas escolas. É verdade que elas não representam a situação comum das escolas da rede pública no país, como já ficou dito. Mas, guardadas as devidas distâncias, creio que podemos, a partir de seu estudo, discutir um pouco o estado atual da questão do professor-pesquisador e seu saber, tal como vem sendo apresentada por alguns dos seus estudiosos (LUDKE, 2001, p.14). A relação inusitada olho/cérebro/mão/instrumento/gesto/traço redimensiona o ato de desenhar e o jogo é acrescido de novas regras. O olho conquista novos espaços, tentando por vezes dominar os gestos. [...] Desenhar é atividade lúdica, reunindo como em todo o jogo, o aspecto operacional e o imaginário. Todo o ato de 37 brincar reúne esses dois aspectos que sadiamente se correspondem (DERDYK apud NOVAES; NEVES, 2008). Fonte: www.emaisgoias.com.br Ao elaborar um desenho criança passa a perceber os limites especiais do papel: o dentro e o fora, o eu e o outro, o campo da representação e o campo da realidade. O discernimento do campo retangulardo papel, onde tudo pode acontecer, inaugura a era do faz de conta. Depois de representada a Cuca, através do desenho pelos alunos, mostramos a obra “A Cuca” então pedimos que interpretassem a obra. Algumas crianças continuaram com sua visão própria e outras recriaram a obra. Como do Aluno D. Ele representou a cuca com algumas características iguais da obra. Utilizou cores fortes, aproximando do observado. Desenhou membros em tamanhos proporcionais a da obra, cabeça grande, as mãos, e as pernas, utilizando um pouco da imaginação inseriu asas na cuca. A qual podemos interpretar como a cuca do bem. O desenho não é somente uma representação do mundo, é forma de linguagem, onde a criança expressa seu individual, com marca firme e demonstra seu eu. É de extrema importância que ela aprenda de forma atualizada. Mesmo com a http://www.emaisgoias.com.br/ 38 demonstração de obras antigas, ela deixe usufruir de técnicas atuais (IAVELBERG, 2003). Algumas Considerações A Arte acompanha nosso cotidiano ao longo da história. Aprendemos a observar e a registrar acontecimentos em pedras, cavernas e folhas de papel. Foi através dela que pudemos conhecer um pouco da nossa história, da nossa evolução. A arte acompanha cada passo de nossa sociedade, intervindo e registrando acontecimentos, seja ele registrado em forma de desenho, pintura, dança, ou até mesmo a escrita (BRASIL, 1997). Partimos dessa premissa e de observações do cotidiano escolar para buscarmos compreender como as artes visuais podem contribuir para a construção de conhecimentos significativos na Educação Infantil. Para essa compreensão, objetivamos, principalmente investigar como as artes visuais podem auxiliar no processo de ensino e aprendizagem da criança durante o seu desenvolvimento infantil. Trilhando nesse caminho, objetivamos também: compreender a estrutura da Educação Infantil a partir do referencial teórico; estimular o desenvolvimento da imaginação, da curiosidade, da expressão, da cognição e da criatividade através do fazer com a arte, bem como investigar a aplicabilidade da interdisciplinaridade no processo de ensino e aprendizagem na Educação Infantil. A educação, responsável pelo desenvolvimento social e cognitivo da criança pode utilizar-se da arte para auxiliar nesse processo. A arte-educação contribui na construção do conhecimento, onde oportuniza a criança o domínio das diversas linguagens. Estamos vivendo em um grande momento de interação das diversas áreas do conhecimento, podemos dizer que a arte se configura numa área do conhecimento que pode articular a interação entre as outras áreas, pelo fato de poder adaptar e adaptar-se aos diversos fatores sociais, políticos, econômicos, históricos e culturais. Notamos que ao longo desta pesquisa, mais precisamente na aplicação do projeto, conseguimos interagir com as demais disciplinas da matriz curricular. O ensino da arte proporciona a criticidade, estimula o desenvolvimento da criança e interage de forma lúdica e espontânea no cotidiano. Através do ensino com 39 arte, a criança desenvolve o prazer em aprender e a desenvolver seu cognitivo através do olhar observador. Assim, com a aplicação do projeto pudemos notar a interação e a socialização de conhecimentos entre eles, correspondendo às expectativas esperadas. Em contato com a arte, a criança adquire mais conhecimento e desenvolve um olhar mais crítico do mundo. Seu conhecimento corresponde ao seu interesse interno de aprender, juntamente com o estímulo proporcionado pelo professor. Desse modo, as atividades propostas foram realizadas com satisfação. As crianças relacionaram e utilizaram elementos internalizados de seu cotidiano com elementos das obras apresentadas. Aprofundaram suas composições com riquezas de detalhes, mostrando sua percepção aguçada. Em algumas atividades demonstraram possuir uma coordenação motora apurada, já em outras, sobretudo na realizada com o isopor, sentiram dificuldade de percepção de força, que deveria dispensar para marcar seu desenho no isopor. No decorrer das atividades, os alunos ultrapassaram nossas expectativas, navegando em várias áreas do conhecimento, sem interferência das professoras. Em outros momentos, estimulados pelas professoras demonstraram seus conhecimentos e a curiosidade por novas aprendizagens decifrando questionamentos que não haviam sido respondidos. Percebemos que o andamento do processo corresponde às estimulações diversificadas. Portanto, vimos que o processo de aprendizagem faz parte do ser humano e que a criatividade faz com que esse processo se desenvolva de forma lúdica na arte. Precisamos cultivar e manter esse processo ativo e estimular a criatividade, a observação e o senso crítico para que as crianças possam ter um olhar amplo e uma visão complexa do mundo que as rodeia. 40 BIBLIOGRAFIA BRASIL. Lei no. 8.069 de 13 de julho de1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, n. p. 16 jul. 1990. Seção 1. BRASIL. 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Rio de Janeiro: DP&A, 2007. 42 6 LEITURA COMPLEMENTAR Autoras: Elizangela Aparecida da Silva,Fernanda Rodrigues Oliveira, Letícia Scarabelli Maria Lorena de Oliveira Costa e Sâmyla Barbosa Oliveira Disponível em: http://periodicos.pucminas.br/index.php/pedagogi acao/article/viewFile/4850/5029 Acesso: 04 de outubro de 2016 Fazendo arte para aprender: A importância das artes visuais no ato educativo Elizangela Aparecida da Silva* Fernanda Rodrigues Oliveira Letícia Scarabelli Maria Lorena de Oliveira Costa Sâmyla Barbosa Oliveira Orientadora: Profa. Vera Lucia Lins Sant’Anna** *Alunas do Curso de Pedagogia da PUC Minas. **Mestre em Educação e Doutora em Ciências da Religião. Professora e pesquisadora da PUC Minas. Pedagogia em ação, v.2, n.2, p. 1-117, nov. 2010 – Semestral “Toda criança é artista. O problema é como permanecer artista depois de crescer”. Picasso. Resumo O presente artigo apresenta o histórico da arte, vista como uma ciência que, para ser reconhecida institucionalmente, percorreu um longo caminho, a importância de se trabalhar as Artes Visuais dentro da sala de aula, fazendo uma reflexão sobre o desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor da criança através das diferentes linguagens artísticas presentes nas Artes Visuais, identificando e mostrando como a criança se desenvolve na aprendizagem através das Artes Visuais (pintura, desenho, arte tridimensional (modelagem), recorte e colagem). Neste trabalho, usamos aportes 43 teóricos ligados a Artes Visuais, Arte e Educação, Psicologia (desenvolvimento infantil), Educação, Documentos Legais que abordam a questão do ensino da Arte para a criança e, no contexto atual de um mundo globalizado, a questão da Mídia como divulgadora e influenciadora da produção artística. Palavras-chave: Artes Visuais; Cognitivo; Interação Social; Afetivo. Introdução O presente artigo aborda o histórico da Arte, que pode ser identificada como uma ciência que vem percorrendo um longo caminho para ter seu reconhecimento institucional. O ensino no Brasil, que passou por diversos métodos, na maioria das vezes importados sem a devida adaptação, apresenta concepções sobre a importância das artes visuais baseada nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Artes e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Caracteriza as diferentes linguagens presentes nas Artes Visuais no processo de aprendizagem como: desenho, uma das manifestações que tem a função de atribuição de significação ao que se expressa e se constrói; pintura, que pode ser definida como a arte da cor; arte tridimensional (modelagem), em que se procura explorar aquilo que a rodeia através do tato, da manipulação dos objetos aguçando sua curiosidade; recorte e colagem, que propiciam à criança dos primeiros anos escolares o aperfeiçoamento de conteúdos de coordenação motora, criatividade e desenvolvimento da sensibilidade, noções de espaço e superfície. E, no contexto atual de um mundo globalizado, é tratada a questão da Mídia como divulgadora da produção artística. Todas essas questões foram observadas e analisadas em uma escola da rede particular, da região centro-sul de Belo Horizonte, fazendo uma relação com os teóricos estudados e apresentados no artigo. Trajeto das artes visuais até a escola: Uma abordagem teórica. A arte, numa perspectiva histórica, pode ser identificada como uma ciência que vem percorrendo um longo caminho para ter seu reconhecimento institucional. O ensino de Arte no Brasil, ao longo do tempo, passou por diversos métodos, na maioria das vezes importados sem a devida adaptação, desde a colonização com os jesuítas, impondo a separação entre a retórica e a manufatura e negando a cultura 44 indígena, passando pelo século XIX com a negação do barroco em favor do neoclássico. Já no século XX, havia uma grande preocupação com o ensino de Arte que até então se resumia ao ensino do desenho, este visto como um importante meio para formação técnica. A disciplina Desenho, apresentada sob a forma de Desenho Geométrico, Desenho do Natural e Desenho Pedagógico, era considerada mais por seu aspecto funcional do que uma experiência em arte. (BRASIL, 2000, p. 25). Em meados da segunda metade do século XX, a pedagogia experimental sinalizava um novo lugar para arte na educação. No momento em que a criança conquista seu lugar como sujeito, com características próprias, deixando de ser apenas um projeto de adulto, o desenho infantil passa ser objeto de estudo cognitivo. Com a Semana da Arte Moderna em 1922, os modelos de educação técnica voltada para o trabalho, com forte identificação ao estudo do desenho clássico e do desenho geométrico, começaram a ser contestados, passando a valorizar a expressão infantil. No início dos anos 30, também começaram a ganhar espaço no Brasil escolas especializadas em artes para crianças e adolescentes. No final dos anos 40, o ensino de arte conquista mais espaços fora dos muros da escola com as “Escolinhas de Arte” implantadas em vários pontos do país. Este movimento visava a um ensino de arte pautado na livre expressão, como um rumo alternativo na busca de uma identidade ainda desconhecida. Segundo Ana Mae Barbosa, a Escolinha de Arte, em parceria com o governo, promoveu vários cursos de formação de professores, com “uma enorme influência multiplicadora, chegando a haver Escolinhas no país” (BARBOSA, 2003). Nos anos 70, a apresentação dos programas reflete influência da tendência tecnicista. O ensino de arte é fortemente influenciado pelas ideias de Lowenfeld e Herbert Read, o que levará ao espontaneismo, ao laissez-faire, na maioria das escolas. A Lei de Diretrizes e Bases nº 5.692/71 é tecnicista e incita à profissionalização; o trabalho pedagógico fragmentou-se para tornar o sistema educacional efetivo e produtivo. Através dessa lei, foi instituída no currículo a Educação Artística, reunindo todos os tipos de linguagem tornando o ensino de artes polivalente. A promulgação da lei, sem prever anteriormente a formação dos professores e sua qualificação, 45 enfraqueceu a qualidade de ensino, ao invés de promover melhorias nas condições já existentes. (BEMVENUTI, 1997, p. 44). Em 1973, criaram os cursos superiores em Educação Artística, uma formação com duas opções, a licenciatura curta em dois anos e a licenciatura plena em quatro anos. Com cursos de curta duração e um currículo abrangente que propunha conhecimentos de música, artes plásticas e teatro, os professores conheciam superficialmente as linguagens e conduziam o ensino sem uma concepção filosófica adequada, sem a essência do ensino de arte. Com ausência de formação continuada consistente, conhecimentos básicos de arte, os professores sentem-se despreparados, inseguros e sem capacidade e disposição de tempo para aprofundar seus conhecimentos, nem para explicitar, discutir e praticar um planejamento mais consistente de educação e arte, e passam a apoiar-se nos livros didáticos de Educação Artística produzidos desde o final da década de 70. Nas escolas, a arte ocupa apenas o lugar de relaxamento, lazer, sendo ignorada como área de conhecimento. Com a nova LDB (lei nº 9.394/96), é extinta a Educação Artística e entra em campo a disciplina Arte, reconhecida oficialmente como área de conhecimento. O artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em seu § 2º, dispõe que: § 2º. O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos. Essa mudança não foi apenas nominal, mas de toda a estruturação que envolve o tratamento de uma área de conhecimento. De atividades esporádicas de cunho mais próprio de relaxamento e recreação, passa-se ao compromisso de construir conhecimentos significativos em arte. Artes visuais, como um conjunto de manifestações artísticas, compreendem todo o campo de linguagem e pensamento sobreolhar e sentido do ser humano. As Artes que normalmente lidam com a visão como seu meio principal de apreciação costumam ser chamadas de Artes Visuais. Porém as artes visuais não devem ficar restringidas apenas ao visual, pois, através dessas manifestações artísticas (desenho, pintura, modelagem, recorte colagem entre outros), há vários significados que o artista deseja passar. 46 Segundo Panofsky (1989), uma obra de arte deve ser definida como um “objeto feito pelo homem que exige ser esteticamente experienciado”. As Artes Visuais são linguagens, por isso são uma forma muito importante de expressão e comunicação humanas, isto justifica sua presença na educação infantil. O ensino de Arte aborda uma série de significações, tais como: o senso estético, a sensibilidade e a criatividade. Atualmente, algumas ações estão interferindo qualitativamente no processo de melhoria do ensino e aprendizagem de Arte. Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte destacam que: Dentre as várias propostas que estão sendo difundidas no Brasil na transição para o século XXI, destacam-se aquelas que têm se afirmado pela abrangência e por envolver ações que, sem dúvida, estão interferindo na melhoria do ensino e da aprendizagem de arte. Trata-se de estudos sobre a educação estética, a estética do cotidiano, complementando a formação artística dos alunos. Ressalta-se ainda o encaminhamento pedagógico- artístico que tem por premissa básica a integração do fazer artístico, a apreciação da obra de arte e sua contextualização histórica. (PCN, 2000, p. 31). Podemos destacar a “Proposta ou Metodologia Triangular” difundida e orientada por Ana Mae Barbosa, que vem se afirmando por sua maior abrangência cultural. Essa proposta pedagógica integradora tem por base trabalhar três vertentes do conhecimento em arte: o fazer artístico, a leitura da imagem e a contextualização histórica. Outra ação que está interferindo na melhoria do ensino e da aprendizagem de Arte se refere a estudos sobre a educação estética do cotidiano, complementando a formação estético-artística dos alunos. Caracterização das diferentes linguagens nas artes visuais no processo de aprendizagem A criança, desde bebê, se interessa pelo mundo de forma peculiar. Emitindo sons, movimentando o corpo, “rabiscando” as paredes da casa e desenvolvendo atividades rítmicas, ela interage com o mundo sem precisar ser estimulada para tal. 47 Fazer arte reúne processos complexos em que a criança sintetiza diversos elementos de sua experiência. No processo de selecionar, interpretar e reformar, mostra como pensa, como sente e como vê. A criança representa na criação artística o que lhe interessa e o que ela domina, de acordo com seus estágios evolutivos. Uma obra de arte não é a representação de uma coisa, mas a representação da relação do artista com aquela coisa. [...] Quanto mais se avança na arte, mais se conhece e demonstra autoconfiança, independência, comunicação e adaptação social. (ALBINATI, 2009, p. 4). Assim sendo, a arte propicia à criança expressar seus sentimentos e ideias, colocar a criatividade em prática, fazendo com que seu lado afetivo seja realçado. Tendo essa observação voltada para o âmbito escolar, vemos claramente como as artes visuais são essenciais na interação social da criança e como os professores podem desfrutar desse recurso para isso. Além de utilizar as artes visuais para trabalhar o afetivo e a interação social da criança, o professor pode utilizá-las no auxílio da motricidade infantil que deve ser bem trabalhada desde a infância para que, futuramente, ela possa sentir a diferença desse recurso na sua vida pessoal, escolar e profissional. Sendo assim, o presente artigo destaca cinco tipos de linguagens nas artes visuais que são utilizadas com as crianças no cotidiano escolar. São elas: desenho, pintura, modelagem, recorte/colagem e mídia (informática). Desenho O desenho é uma das manifestações semióticas, isto é, uma das formas através das quais a função de atribuição da significação se expressa e se constrói. Desenvolve-se concomitantemente às outras manifestações, entre as quais o brinquedo e a linguagem verbal (PIAGET, 1973). 48 Fonte: Simone Villani A criança, inicialmente, vê o desenho como simplesmente uma ação sobre uma superfície, sentindo prazer em “rabiscar”, explorar e descobrir as cores e novas superfícies. Essa é a chamada fase da garatuja. Com as novas experiências de mundo que a criança adquire, as garatujas vão evoluindo, ganhando formas definidas com maior ordenação. O papel não é mais apenas uma superfície para os rabiscos infantis. Ele passa a ser uma superfície na qual a criança expressará o que vive diariamente, ou seja, expressará a alegria, a tristeza, os passeios que mais interessaram, a dinâmica familiar (inclusive os conflitos vividos dentro de casa). Segundo Cunha, “devemos lembrar que os registros resultam de olhares sobre o mundo. Se o olhar é desinteressado e vago, as representações serão opacas e uniformes. (Referencial Curricular Nacional, 1999, p. 12) ”. [...] a criança desde bebê mantém contato com as cores visando explorar os sentidos e a curiosidade dos bebês em relação ao mundo físico, tendo em vista que, nesse período, descobrem o mundo através do conhecimento do seu próprio corpo e dos objetos com que eles têm possibilidade de interagir. (CUNHA, 1999, p. 18). 49 Desenhar, além de ser algo prazeroso para a criança, é extremamente importante no cotidiano escolar. De acordo com o Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil: Por meio de diferentes gestos em um plano vertical (ou pelo menos inclinado), a criança aprende a segurar corretamente o giz e o lápis. Para que a criança adquira um traço regular, precisará trabalhar com certa rapidez, sobre uma grande superfície colocada a sua altura. A criança que não domina bem seu gesto será solicitada a trabalhar, sobretudo, com o ombro e o cotovelo: fará então desenhos grandes. Somente mais tarde, quando os movimentos altura do ombro e do cotovelo tornarem-se desenvolvidos, faremos diminuir as proporções dos desenhos, exigindo assim da criança um trabalho mais específico do punho e dos dedos. ” (1998, p. 106). O professor pode explorar superfícies diferentes como lixa, papelão, papel branco, madeira, chão, entre outros, para ajudar no desenvolvimento motor da criança. No ato de desenhar, a criança expressa seu lado afetivo com a manifestação orgânica da emoção, a criança usa o papel e o lápis para expressar os seus sentimentos no desenho, a sua relação com a família, os amigos, a escola. Através dos traços feitos pela criança, até mesmo pelas cores usadas, o professor consegue perceber o que está acontecendo com ela, e que pode estar levando-a ao fracasso escolar. Com o avançar do desenho infantil, a criança também desenvolve melhor o seu cognitivo, já que ela, primeiro, representa o que vê para depois representar o que está gravado (fotografado) na memória, ou seja, ela aprende a sair do plano palpável para o plano abstrato. O que ajudará muito na iniciação matemática, futuramente, com as tão “temidas continhas” que são trabalhadas de forma tátil para depois ser retratadas de forma abstrata. Dessa forma, o desenho passa a ter uma significação muito mais ampla na educação infantil e, assim, merece ser tratado como mais que simples rabiscos, sendo valorizado como um auxiliador importante no desenvolvimento da criança. Pintura 50 A pintura pode ser definida com a arte da cor. Se no desenho o que mais se utiliza é o traço, na pintura o mais importante é a mancha da cor. Ao pintar, vamos colocando sobre o papel, a tela ou a parede cores que representam seres e objetos, ou que criam formas. (COLL; TEBEROSKY, 2004, p. 30). A pintura trabalhada com as crianças
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