Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fisiologia do sistema digestório PRINCÍPIOS DA MOTILIDADE GASTROINTESTINAL LAYANE SILVA O trato alimentar abastece o corpo com suprimento contínuo de água, eletrólitos, vitaminas e nutrientes, o que requer (1) movimentação do alimento pelo trato alimentar, (2) secreção de soluções digestivas e digestão dos alimentos, (3) absorção de água, eletrólitos, vitaminas e produtos da digestão, (4) circulação de sangue pelos órgãos gastrointestinais para transporte das substâncias absorvidas e (5) controle das funções pelos SN e hormonal locais. Cada parte do trato alimentar está adaptada às funções específicas como: passagem do alimento (esôfago), armazenamento temporário do alimento (estômago) e digestão e absorção (intestino delgado). A parede intestinal é dividida nas seguintes camadas de fora para dentro em: (1) serosa, (2) camada muscular lisa longitudinal, (3) camada muscular lisa circular, (4) submucosa e (5) mucosa. Além disso, há feixes esparsos de fibras de músculos lisos, a muscular da mucosa, na camadas mais profundas da mucosa, as funções motoras do intestino são realizadas pelas camadas de músculos lisos. FUNÇÕES DO MÚSCULO LISO GASTROINTESTINAL As fibras musculares lisas individuais, no TGI, medem 200- 500 µm de comprimento e 2-10 µm de diâmetro, dispõem- se em feixes de até 1000 fibras paralelas. Na camada muscular longitudinal, os feixes se estendem longitudinalmente no trato intestinal, na camada muscular circular, se dispõem em torno do intestino, no interior do feixe, as fibras se conectam eletricamente por junções comunicantes, com baixa resistência à movimentação dos íons da célula muscular. Sinais elétricos que desencadeiam contrações musculares, podem passar de uma fibra para outra em cada feixe, porém mais rápido ao longo do comprimento do feixe do que radialmente. Cada feixe de fibras musculares lisas está parcialmente separado do seguinte, por tecido conjuntivo frouxo, mas os feixes musculares se fundem uns aos outros em vários pontos, de maneira que cada camada muscular é uma rede de feixes de músculo liso. Cada camada muscular funciona como sincício, quando um potencial de ação é disparado em um ponto da massa muscular, ele se propaga em todas as direções no músculo, a distância que deve percorrer depende da excitabilidade do músculo pode ser interrompido depois de milímetros, centímetros ou na extensão do trato intestinal. Existem conexões entre camadas musculares longitudinal e circular, de maneira que a excitação de uma dessas camadas, excita também a outra. ATIVIDADE ELÉTRICA DO MÚSCULO LISO GASTROINTESTINAL O músculo liso do TGI é excitado por atividade elétrica intrínseca, contínua ou lenta, nas membranas das fibras musculares, o que consiste em 2 tipos básicos de ondas elétricas: (1) ondas lentas e (2) potenciais em espícula, a voltagem do potencial de repouso da membrana do músculo liso gastrointestinal pode ser feita para variar em diferentes níveis, o que pode ter efeitos no controle da atividade motora do TGI. I. ONDAS LENTAS: contrações gastrointestinais ocorrem com ritmo determinado pela frequência das ondas lentas do potencial da membrana do músculo liso, são variações lentas e ondulantes do potencial de repouso da membrana, sua intensidade varia entre 5-15 mV e sua frequência nas partes do TGI varia de 3-12/minuto, ≃ 3 no corpo do estômago, até 12 no duodeno e ≃ 8-9 no íleo terminal - o ritmo de contração do corpo do estômago, duodeno e íleo é de 3/minuto, 12/minuto e 8-9/minuto. Essas ondas são ocasionadas por interações complexas entre células do músculo liso e células intersticiais de Cajal, que atuam como marca-passos elétricos das células do músculo liso, formando rede entre si e interpõem-se nas camadas do músculo liso com contatos do tipo sináptico com células do músculo liso, os potenciais de membrana das células especializadas passam por mudanças cíclicas, devido a canais iônicos específicos que abrem-se, periodicamente, permitindo correntes de influxo e que podem gerar atividade de onda lenta. LAYANE SILVA Parte do músculo liso do TGI exibe contração tônica e/ou contrações rítmicas, sendo contínua, não associada ao ritmo elétrico das ondas lentas e dura minutos ou horas, aumenta ou diminui de intensidade, pode ser causada por: (1) potenciais em espícula repetidos sem interrupção - quanto maior a frequência, maior o grau de contração - (2) hormônio ou outros fatores que produzem despolarização parcial contínua da membrana do músculo liso, sem provocar potenciais de ação, e (3) entrada contínua de Ca- no interior da célula, que se dá por modos não associados à variação do potencial da membrana. Ondas lentas não causam contração muscular exceto no estômago, mas estimulam disparo intermitente de potenciais em espícula que provocam contração muscular. mudanças na voltagem do potencial de repouso da membrana; entrada de Ca- provoca contração do músculo liso; contração tônica de alguns músculos lisos gastrointestinais. POTENCIAIS EM ESPÍCULA: verdadeiros potenciais de ação, quanto maior o potencial da onda lenta, maior a frequência dos potenciais em espícula (1-10 pontas/segundo). Os potenciais em espícula no músculo gastrointestinal duram 10-40 vezes mais que nas grandes fibras nervosas, cada um dura de 10-20 ms, nas fibras nervosas, os potenciais de ação são causados pela rápida entrada de Na+ pelos canais de Na para o interior das fibras. Nas fibras do músculo liso gastrointestinal, os canais responsáveis pelos potenciais de ação permitem que muito Ca- entre pouco Na+ e são canais de cálcio-sódio, que se abrem e fecham com mais lentidão que os rápidos canais para Na das grandes fibras nervosas. A lenta cinética de abertura e fechamento dos canais para cálcio-sódio é responsável pela longa duração dos potenciais de ação, a movimentação de quantidade de Ca- para o interior da fibra muscular durante o potencial de ação atua na contração das fibras musculares intestinais. O nível basal da voltagem do potencial de repouso da membrana do músculo liso pode variar, o potencial de repouso da membrana é ≃ -56 mV, quando fica menos negativo (despolarização da membrana) as fibras ficam mais excitáveis e quando o potencial fica mais negativo (hiperpolarização) as fibras ficam menos excitáveis. Fatores que despolarizam a membrana: estiramento do músculo, estimulação pela acetilcolina, liberada a partir das terminações dos nervos parassimpáticos e estimulação por hormônios gastrointestinais específicos. Fatores que tornam as fibras menos excitáveis: efeito da norepinefrina ou epinefrina, na membrana da fibra e estimulação dos nervos simpáticos que secretam norepinefrina em seus terminais. Os íons cálcio por meio do mecanismo de controle pela calmodulina, ativam filamentos de miosina na fibra, fazendo com que forças de atração se desenvolvam entre os filamentos de miosina e actina, acarretando contração muscular. Apenas ondas lentas não causam contração muscular, e é durante os potenciais em espícula, gerados nos picos das ondas lentas, que quantidade significativas de Ca- entram nas fibras e provocam contração. PRINCÍPIOS DA MOTILIDADE GASTROINTESTINAL Sistema nervoso próprio do TGI, localizado inteiramente na parede intestinal, começando no esôfago e se estendendo até o ânus, possui ≃ 100 milhões de neurônios, bastante desenvolvido, importante no controle dos movimentos e da secreção gastrointestinal, sendo composto por 2 plexos: 1. plexo mioentérico (plexo de Auerbach): externo, disposto entre camadas musculares longitudinal e circular, controla os movimentos gastrointestinais, é uma cadeia linear de neurônios interconectados que se estende pelo comprimento do TGI, se estende pela parede intestinal localizada entre camadas longitudinal e circular do músculo liso intestinal, ele participa no controle da atividade muscular pelo intestino. Quando estimulado, os efeitos são (1) aumento da contração tônica ou tônus da parede intestinal, (2) aumento da intensidade das contraçõesrítmicas, (3) ligeiro aumento no ritmo da contração, (4) aumento na velocidade de condução das ondas excitatórias pela parede do intestino, causando movimento mais rápido das ondas peristálticas intestinais. O plexo não é completamente excitatório pois tem neurônios inibitórios, nos quais os terminais das fibras secretam transmissor inibitório (polipeptídeo intestinal vasoativo). Sinais inibitórios resultantes são úteis para inibição dos músculos dos esfíncteres intestinais, que impedem movimentação do alimento pelos segmentos do TGI, como esfíncter pilórico, que controla o esvaziamento do estômago para duodeno, e esfíncter da valva ileocecal, que controla esvaziamento do intestino delgado para ceco. 2. plexo submucoso (plexo de Meissner): interno, localizado na submucosa, controla secreção gastrointestinal e fluxo sanguíneo local, está envolvido com a função de controle na parede interna do diminuto segmento do intestino. Muitos sinais sensoriais se originam do epitélio gastrointestinal e são integrados no plexo submucoso para ajudar a controlar secreção intestinal local, a absorção e contração local do músculo submucoso, que causa graus variados de dobramento da mucosa gastrointestinal. LAYANE SILVA CONTROLE AUTÔNOMO DO TRATO GASTROINTESTINAL Muitas fibras nervosas sensoriais aferentes se originam no intestino, algumas tem seus corpos celulares no SNE e algumas nos gânglios da raiz dorsal da medula espinal, podem ser estimulados por: irritação da mucosa intestinal, distensão excessiva do intestino ou substâncias químicas específicas no intestino. Os sinais transmitidos por essas fibras causam excitação ou inibição dos movimentos ou secreção intestinal, e outros sinais sensoriais do intestino vão para áreas da medula espinal e tronco cerebral, essas fibras eferentes transmitem sinais sensoriais do TGI para o bulbo cerebral que desencadeia sinais vagais reflexos que retornam ao TGI para controlar suas funções. em pequeno grau, por efeito direto da norepinefrina secretada, inibindo musculatura lisa do trato intestinal; em grau maior, por efeito inibidor da norepinefrina sobre neurônios do SNE. ESTIMULAÇÃO PARASSIMPÁTICA: inervação parassimpática do intestino divide-se em: 1. divisões cranianas: exceto por poucas fibras parassimpáticas para regiões bucal e faringianas do trato alimentar, as fibras nervosas parassimpáticas cranianas estão nos nervos vagos, formando extensa inervação de esôfago, estômago e pâncreas e menos extensas nos intestinos até a 1a ½ do intestino grosso; 2. divisões sacrais: o parassimpático sacral se origina no 2o, 3o e 4o segmentos sacrais da medula espinal e passa pelos nervos pélvicos para ½ distal do intestino grosso até o ânus. As regiões sigmóides, retal e anal são mais supridas de fibras parassimpáticas do que outras regiões intestinais, funcionando para o reflexo da defecação. Neurônios pós- ganglionares do sistema parassimpático gastrointestinal estão nos plexos mioentérico e submucoso, sua estimulação causa aumento da atividade do SNE, o que intensifica as funções gastrointestinais. ESTIMULAÇÃO SIMPÁTICA: fibras simpáticas do TGI se originam da medula espinal entre T5 e L2, grande parte das fibras pré-ganglionares que inervam o intestino, depois de sair da medula, entra nas cadeias simpáticas, dispostas lateralmente à coluna vertebral, e muitas das fibras passam por cadeias até gânglios celíaco e mesentéricos. A maior parte dos corpos dos neurônios simpáticos pós- ganglionares está nesses gânglios, e as fibras pós- ganglionares se distribuem pelos nervos simpáticos pós- ganglionares para as partes do intestino - o simpático inerva o TGI, sem as maiores extensões na proximidade da cavidade oral e ânus, como ocorre com o parassimpático, os terminais dos nervos simpáticos secretam norepinefrina. A estimulação do SNS inibe atividade do TGI, ocasionando efeitos opostos aos do sistema parassimpático através de: 1. 2. neurotransmissores secretados por neurônios entéricos. Fibras extrínsecas parassimpáticas e simpáticas se conectam com plexo mioentérico e submucoso, embora o sistema possa funcionar independentemente dos nervos extrínsecos, a estimulação pelos sistemas parassimpático e simpático pode intensificar muito ou inibir funções gastrointestinais. Terminações nervosas sensoriais que se originam no epitélio gastrointestinal ou parede intestinal e enviam fibras aferentes para os 2 plexos do SNE, bem como para gânglios pré-vertebrais do SNS, medula espinal e tronco cerebral pelos nervos vagos. Esses nervos sensoriais podem provocar reflexos locais na parede intestinal e outros reflexos que são transmitidos ao intestino pelos gânglios pré-vertebrais e das regiões basais do cérebro. Há > 12 substâncias neurotransmissoras liberadas pelos terminais nervosos de vários tipos de neurônio entéricos, como: acetilcolina (excita atividade gastrointestinal), norepinefrina (inibe atividade gastrointestinal) e epinefrina (chega ao TGI pelo sangue, ao ser secretada na circulação pela medula adrenal), trifosfato de adenosina, serotonina, dopamina, colecistocinina, substância P, polipeptídeo intestinal vasoativo, somatostatina, leuencefalina, metencefalina e bombesina. A intensa estimulação do SNS pode inibir movimentos motores do intestino, de forma a pode bloquear a movimentação do alimento pelo trato gastrointestinal. FIBRAS NERVOSAS SENSORIAIS AFERENTES DO INTESTINO A disposição anatômica do SNE e suas conexões com os sistemas simpático e parassimpático suportam 3 tipos de reflexos essenciais para controle gastrointestinal: 1. reflexos integrados na parede intestinal do SNE: controlam secreção gastrointestinal, peristaltismo, contrações de mistura, efeitos inibidores locais etc. 2. reflexos do intestino para gânglios simpáticos pré- vertebrais e que voltam para o TGI: transmitem sinais por longas distâncias, tais como sinais do estômago que causam evacuação do cólon (reflexo gastrocólico), sinais do cólon e intestino delgado para inibir motilidade e secreção do estômago (reflexos enterogástricos) e reflexos do cólon para inibir esvaziamento de conteúdos do íleo para o cólon (reflexo colonoileal). 3. reflexos do intestino para a medula ou para o tronco cerebral e que voltam para o TGI: (1) reflexos do estômago pelos nervos vagos para controlar atividade motora e secretória gástrica, (2) reflexos de dor que causam inibição do TGI e (3) reflexos de defecação que passam do cólon e reto para medula espinal e retornam, causando contrações colônicas, retais e abdominais, necessárias à defecação. REFLEXOS GASTROINTESTINAIS Hormônios gastrointestinais são liberados na circulação porta e exercem ações fisiológicas em células-alvo, com receptores específicos para hormônio, os efeitos persistem após as conexões nervosas entre local de liberação e de ação terem sido interrompidas, muitos desses hormônios afetam a motilidade em algumas partes do TGI. GASTRINA: secretada pelas células G do antro do estômago pelos estímulos associados à ingestão de refeição, tais como distensão do estômago, produtos da digestão das proteínas e peptídeo liberador de gastrina, que é liberado pelos nervos da mucosa gástrica, durante a estimulação vagal, suas ações primárias são: estimulação da secreção gástrica de ácido e do crescimento da mucosa gástrica. COLECISTOCININA: secretada pelas células I da mucosa do duodeno e jejuno, em resposta aos produtos da digestão de gordura, ácidos graxos e monoglicerídeos nos conteúdos intestinais, ele contrai a vesícula biliar, expelindo bile para o intestino delgado, onde ela atua na emulsificação de substâncias lipídicas permitindo digestão e absorção, e inibe moderadamente a contração do estômago. Assim causa esvaziamento da vesícula biliar, retarda saída do alimento no estômago, assegurando tempo para digestão de gorduras no trato intestinal superior, ademais, inibe apetite para evitar excessos nas refeições, estimulando fibras nervosas sensoriais aferentes no duodeno, que mandam sinais pelo nervovago para inibir centros de alimentação no cérebro. CONTROLE HORMONAL DA MOTILIDADE GASTROINTESTINAL LAYANE SILVA movimentos de mistura: mantêm conteúdos intestinais bem misturados todo o tempo. Essa transmissão direcional do peristaltismo ocorre pois o plexo mioentérico é polarizado na direção anal, quando um segmento do trato intestinal é excitado pela distensão iniciando o peristaltismo, o anel contrátil começa no lado oral do segmento distendido e move-se para diante, para o segmento distendido, empurrando o conteúdo intestinal na direção anal por 5-10 cm antes de cessar. Ao mesmo tempo, o intestino às vezes relaxa vários centímetros adiante, na direção do ânus (relaxamento receptivo) permitindo que o alimento seja impulsionado mais facilmente na direção anal do que na oral. Tais movimentos diferem nas partes do trato alimentar, em algumas áreas, as contrações peristálticas causam a maior parte da mistura, principalmente quando a progressão dos conteúdos intestinais é bloqueada por esfíncter, de maneira que a onda peristáltica possa apenas agitar os conteúdos intestinais, em vez de impulsioná-los para frente. As contrações constritivas intermitentes locais ocorrem em regiões separadas por poucos centímetros da parede intestinal, duram de 5-30 segundos, então novas constrições ocorrem em outros pontos no intestino, triturando e separando os conteúdos. SECRETINA: secretada pelas células S da mucosa do duodeno, em resposta ao conteúdo gástrico ácido que é transferido do estômago ao duodeno pelo piloro, tem pequeno efeito na motilidade do TGI e promove secreção pancreática de bicarbonato e atua na neutralização do ácido no intestino delgado. PEPTÍDEO INSULINOTRÓPICO DEPENDENTE DA GLICOSE: secretado pela mucosa do intestino delgado superior, em resposta a ácidos graxos e aminoácidos mas, em menor extensão, em resposta aos carboidratos, tem efeito moderado na diminuição da atividade motora do estômago e retarda esvaziamento do conteúdo gástrico no duodeno, quando o intestino delgado superior já está sobrecarregado com produtos alimentares - em níveis sanguíneos até inferiores aos necessários para inibir motilidade gástrica, e estimula secreção de insulina. MOTILINA: secretada pelo estômago e duodeno superior durante o jejum, aumenta a motilidade gastrointestinal, é liberada ciclicamente e estimula ondas da motilidade gastrointestinal (complexos mioelétricos interdigestivos) que se propagam pelo estômago e intestino delgado a cada 90 minutos na pessoa em jejum, é inibida após a digestão. Os vasos sanguíneos estão na circulação esplâncnica, que inclui fluxo sanguíneo pelo intestino, baço, pâncreas e fígado, assim, o sangue que passa pelo intestino, baço e pâncreas flui, imediatamente, para o fígado pela V. porta, no fígado, o sangue passa por diminutos sinusóides hepáticos e o deixa pelas Vv. hepáticas, que desembocam na V. cava da circulação. O fluxo de sangue pelo fígado permite que células reticuloendoteliais, revestindo sinusóide hepáticos, removam bactérias e partículas que poderiam entrar na circulação do TGI, evitando transporte direto de agentes potencialmente prejudiciais para o corpo. Nutrientes não lipídicos e hidrossolúveis absorvidos no intestino (carboidratos e proteínas) são transportados no sangue venoso da V. porta para sinusóides hepáticos, onde células reticuloendoteliais e células principais do parênquima do fígado (células hepáticas) absorvem e armazenam temporariamente ½ a ¾ dos nutrientes. FLUXO SANGUÍNEO GASTROINTESTINAL - CIRCULAÇÃO ESPLÂNCNICAmovimentos propulsivos: fazem com que o alimento percorra o TGI com velocidade apropriada para que ocorra digestão e absorção; PERISTALTISMO: um anel contrátil, ao redor do intestino, surge um ponto e se move para adiante, qualquer material à sua frente é movido para diante - propriedade inerente a muitos tubos de músculo liso sincicial. A estimulação em qualquer ponto do intestino pode fazer com que um anel contrátil surja na musculatura circular, e este percorre o intestino. O estímulo usual é a distensão do TGI, assim, se grande quantidade de alimento se acumula em qualquer ponto do intestino, a distensão da parede estimula o SNE a provocar a contração da parede 2-3 cm atrás desse ponto, o que faz surgir um anel contrátil que inicia o movimento peristáltico. Outros estímulos incluem: irritação química ou física do revestimento epitelial do intestino, intensos sinais nervosos parassimpáticos para o intestino. - Atuação do plexo mioentérico: peristaltismo fraco ocorre nas regiões do TGI em que há ausência congênita do plexo mioentérico, e fica bastante deprimido ou bloqueado no intestino, quando a pessoa é tratada com atropina para bloquear ação dos terminais nervosos colinérgicos do plexo mioentérico - o peristaltismo efetivo requer plexo mioentérico ativo. TIPOS FUNCIONAIS DE MOVIMENTOS NO TRATO GASTROINTESTINAL -"Lei do intestino": o peristaltismo poderia ocorrer em ambas direções a partir do ponto estimulado, mas normalmente cessa com rapidez (na direção da boca) e mantêm-se por distância considerável na direção do ânus. LAYANE SILVA A organização do fluxo sanguíneo na vilosidade intestinal, incluindo pequena arteríola e vênula interconectadas por sistema de múltiplas alças capilares, as paredes das arteríolas são muito musculosas e ativas no controle do fluxo sanguíneo para o vilo. Grande parte do processamento químico intermediário desses nutrientes ocorre nas células hepáticas, as gorduras absorvidas pelo trato intestinal são transportadas pelo sistema linfático intestinal e levadas ao sangue circulante sistêmico pelo ducto torácico, sem passar pelo fígado. Inclui Aa. mesentérica superior e inferior, que suprem paredes dos intestinos delgado e grosso, pelo sistema arterial arqueado e A. celíaca, que supre de sangue o estômago, ao entrar na parede do intestino, as artérias se ramificam e artérias menores percorrem em ambas direções o perímetro do intestino, suas extremidades convergem no lado diametralmente oposto ao da artéria maior de que se originaram. Destas artérias perimetrais, artérias ainda menores penetram na parede intestinal, espalhando-se pelos feixes musculares, pelas vilosidades intestinais e vasos submucosos, sob o epitélio, servindo às funções secretoras e absortivas do intestino. ANATOMIA DO APORTE DE SANGUE GASTROINTESTINAL causas do aumento do fluxo sanguíneo durante a atividade gastrointestinal; fluxo sanguíneo em contracorrente nas vilosidades. O fluxo sanguíneo está relacionado ao nível local de atividade, e, nas camadas musculares da parede intestinal aumenta com atividade motora mais intensa no intestino. 1. substâncias vasodilatadoras liberadas pela mucosa do TI na digestão (hormônio peptídico, colecistocinina, peptídeo vasoativo intestinal, gastrina e secretina); 2. glândulas gastrointestinais liberam na parede intestinal 2 cininas, calidina e bradicinina, e também secretam outras substâncias no lúmen. Cininas podem causar vasodilatação intensa, que ocorre na mucosa junto com secreção; 3. redução da concentração de O2 na parede intestinal pode aumentar o fluxo de sangue intestinal por 50-100%, assim, a intensidade metabólica mais intensa da mucosa e da parede intestinal durante a atividade intestinal, diminui a concentração de O2 provocando vasodilatação, o que pode quadruplicar concentração de adenosina, vasodilatador responsável por aumento do fluxo. Fluxo arterial entra no vilo e o venoso sai dele, e vasos são paralelos e próximos devido a disposição vascular, assim, o O2 sanguíneo se difunde das arteríolas para vênulas, sem passar pelas extremidades dos vilos. Em condições patológicas, nas quais o fluxo sanguíneo para intestino fica comprometido, como choque circulatório, o déficit de O2 nas pontas das vilosidades pode causar morte isquêmica e desintegração das pontas ou vilosidades - em doenças gastrointestinais, as vilosidades ficam comprometidas, diminuindo a capacidade absortiva intestinal. EFEITO DA ATIVIDADEINTESTINAL E FATORES METABÓLICOS NO FLUXO SANGUÍNEO GASTROINTESTINAL redução nervosa do fluxo sanguíneo GI quando outras partes necessitam de fluxo sanguíneo extra. Estimulação dos nervos parassimpáticos para estômago e cólon distal aumenta fluxo sanguíneo local e secreção glandular (consequência da maior atividade glandular). Estimulação simpática causa vasoconstrição intensa das arteríolas com redução do fluxo sanguíneo, depois o fluxo retorna a valores "normais" pelo escape autorregulatório. Mecanismos vasodilatadores metabólicos locais causados pela isquemia predominam sobre vasoconstrição simpática e dilatam arteríolas, com retorno do fluxo sanguíneo nutriente para às glândulas e musculatura gastrointestinal. A vasoconstrição simpática permite a interrupção do fluxo sanguíneo gastrointestinal e esplâncnico por pouco tempo no exercício pesado, quando o coração e músculos esqueléticos necessitam de maior fluxo. No choque circulatório, quando os tecidos vitais estão em risco de morte celular, por ausência de fluxo sanguíneo, a estimulação simpática pode reduzir o fluxo sanguíneo esplâncnico por horas. A estimulação simpática promove forte vasoconstrição das Vv. intestinais e mesentéricas de grande calibre, o que diminui o volume de sangue nessas veias e desloca grande quantidade de sangue para outras partes da circulação. No choque hemorrágico ou outros estados de baixo volume de sangue, pode fornecer de 200- 400 mL de sangue extra para manter circulação sistêmica. CONTROLE NERVOSO DO FLUXO SANGUÍNEO
Compartilhar