Prévia do material em texto
Júlia Rosendo Winkelmann Anatomia do Sistema Digestório Boca, Músculos Mastigatórios, Glândulas Salivares e Faringe Região Oral É a região que inclui a cavidade da boca, dentes, gengivas, palato, língua e região das tonsilas palatinas. É onde o alimento é ingerido e preparado para digestão no estômago e intestino delgado. Primeiro segmento do sistema digestivo. Boca – primeiro segmento do sistema digestivo. Comunicando-se com o exterior e com a faringe. Limites: ➢ Lábios ➢ Bochechas ➢ Palato ➢ Assoalho ➢ Istmo da garganta Dividida pelos arcos dentais em: ➢ Vestíbulo da boca. ➢ Cavidade bucal propriamente dita. Vestíbulo da Boca Espaço situado entre os: ➢ Lábios e bochechas – externamente. ➢ Dentes e gengiva – internamente. Bola de Bichat: ➢ Acúmulo de tecido adiposo abaixo dos m. Bucinadores. ➢ Contribui para dar forma arredondada à bochecha. ➢ Bichectomia é a retirada da Bola de Bichat. Se comunica com o exterior através da boca. Ducto parotídico: ➢ Abre-se no vestíbulo. ➢ Ao nível do 2º dente molar superior. Cavidade Bucal Propriamente Dita Limites: ➢ Lateral e anterior: processos alveolares e dentes. ➢ Superior: palato. ➢ Inferior: muscular e inserção da língua. ➢ Posterior: palato mole (pilares palatinos). Comunica-se posteriormente com a orofaringe através do istmo de fauces. Superior e inferior. Os lábios são pregas musculares móveis recobertas externamente por pele e internamente por uma túnica mucosa. São usados para pegar alimentos, sugar líquidos, formação da fala e osculação (beijo). Rima da boca – comunicação entre os lábios. Comissura bucal ou ângulo da boca. ➢ Queilite angular – se desenvolve no ângulo da boca em razão do acúmulo de saliva, ocasionando assim a diminuição da DVO (dimensão vertical de oclusão). Júlia Rosendo Winkelmann O lábio superior situa-se entre o nariz e o orifício da boca. É limitado lateralmente pelos sulcos nasolabiais, superiormente pelo filtro (depressão infra nasal) e inferiormente pela rima da boca, a qual faz comunicação com o lábio inferior. ▪ Lateral: sulco nasolabial. ▪ Superior: base do nariz. ▪ Inferior: rima da boca. O lábio inferior situa-se entre o orifício da boca e o sulco labiomentoniano (que faz seu limite inferior separando-o do mento). É limitado lateralmente pelos sulcos labiomarginais. ▪ Superior: rima da boca. ▪ Inferior: sulco labiomentoniano. ▪ Lateral: sulco labiomarginal. Internamente, encontramos os frênulos labiais (freio superior e inferior) que são estruturas situadas na linha mediana que se estendem dos lábios até a gengiva. São irrigados pelas artérias labiais inferior e superior, as quais são ramos da artéria facial. As bochechas formam as paredes laterais móveis da cavidade da boca. O músculo bucinador é o principal músculo da bochecha, superficialmente a ele encontramos a bola de Bichat que é o corpo adiposo da bochecha que contribui para dar sua forma arredondada (pode ser removidos por causas estéticas – bichectomia). Forma o teto arqueado da cavidade bucal e a separa da cavidade nasal (forma o assoalho desta). É divido em palato duro anteriormente e palato mole posteriormente. Palato Duro Estrutura óssea. Revestido por mucosa espessa e unida ao periósteo – mucoperiósteo. A língua preenche este espaço quando em repouso. Rafe mediana: ➢ Vestígio da união embriológica das maxilas. ➢ N. Nasopalatino. Pregas palatinas transversais: ajudam a prender o alimento com a língua durante a mastigação. Palato Mole Tecido fibroso e músculos. É o 1/3 posterior do palato. Ele se estende póstero-inferiormente como uma margem livre e curva, da qual se prende a úvula. Separa a boca da faringe. Durante a deglutição previne a entrada de alimentos na região nasofaríngea. Lateralmente é continuo com a parede da faringe e se une com a língua e faringe através dos arcos palatoglosso e palatofaríngeo, os quais junto com a raiz da língua formam o istmo da garganta. O palato mole é inervado pelos nervos palatinos menores. Júlia Rosendo Winkelmann Formada pelo(a/s): ➢ Palato mole – acima. ➢ Raiz da língua – abaixo. ➢ Arcos palatoglosso e palatofaríngeo – lados. Tonsilas palatinas (tecido linfóide): ➢ Duas pequenas estruturas arredondadas. ➢ Forma de amêndoas. ➢ Localizadas na parte posterior da boca. Região revestida por mucosa delgada, translúcida e vermelha. A maior parte é recoberta pela língua. Sob a língua há uma prega mucosa que se estende até a gengiva, na base da boca: o frênulo lingual. Freio curto – alteração na dicção e dificuldade de mamar nos bebês, diminui a mobilidade da boca. Na foto: pré e pós- operatório. Órgão altamente muscular, que participa na deglutição, do paladar e da fala. Dividida por um sulco (forma de V): ➢ Parte oral (pré-sulcal)/ corpo: anterior, voltada para cima, 2/3 da língua, encontramos o ápice da língua que é sua parte pontiaguda anterior. ➢ Parte faríngea (pós-sulcal)/ raiz: 1/3 posterior ao V lingual, voltada para a região posterior. Está fixada pelos seus músculos: ➢ Mandíbula – m. genioglosso. ➢ Processo estiloide – m. estiloglosso. ➢ Osso hioide – m. hioglosso. ➢ Palato – m. palatoglosso. As fibras musculares intrínsecas estão dispostas em um padrão de entrelaçamento complexo de fascículos longitudinais, transversais, verticais e horizontais, possibilitando maior mobilidade. A mucosa dorsal é coberta por inúmeras papilas, algumas das quais apresentam os calículos gustatórios. Sua túnica mucosa nos 2/3 anteriores ao V lingual apresenta papilas gustativas responsáveis pela percepção de diferentes sabores. Cada região da língua é responsável por sabores diferentes, de anterior para posterior: doce, salgado, azedo e amargo. Nessa região também se encontra o sulco mediano que divide a língua em metades direita e esquerda. Dependendo da área da língua podemos sentir sabores diferentes: doce, salgado, azedo e amargo. Júlia Rosendo Winkelmann Inervação motora: Hipoglosso (XII). Inervação sensitiva: ➢ Trigêmio (V) – sensibilidade geral (2/3 anteriores). ➢ Facial (VII) – sensibilidade gustativa (2/3 anteriores). ➢ Glossofaríngeo (IX) – sensibilidade geral e gustativa (1/3 posterior). A língua é formada por várias musculaturas que atuam em grupos, e são divididos em intrínsecos e extrínsecos: ➢ Músculos extrínseco: alteram a posição da língua e estão fixados em estruturas as quais dão nome aos músculos. ▪ M. genioglosso fixado na mandíbula; ▪ M. estiloglosso fixado no processo estiloide; ▪ M. hioglosso fixado no osso hioide; ▪ M. palatoglosso fixado no palato. ➢ Músculos intrínsecos: alteram a forma da língua. Suas fibras estão dispostas longitudinalmente, transversalmente e horizontalmente, o que permite uma maior mobilidade. São os músculos longitudinais superior e inferior, transverso e vertical. Júlia Rosendo Winkelmann Músculos Mastigatórios Ligam a mandíbula ao crânio. ➢ Crânio – ponto fixo. ➢ Mandíbula – ponto móvel. Músculos Elevadores: ➢ Temporal ➢ Masseter ➢ Pterigoideo medial Músculo Protrusor da Mandíbula ➢ Pterigoideo lateral (ou externo) Atuam em grupo muito mais que individualmente. Juntos, movimentam a mandíbula em todos os planos e direções através do fulcro da ATM. A inervação desses músculos é feita pela raiz motora do nervo trigêmeo (NC 5) que ao chegaram no músculo recebem nome correspondente. ➢ Nervo massetérico. ➢ Nervos temporais profundos. ➢ Nervo pterigóideo medial. ➢ Nervo pterigóideo lateral. Tem formato de leque ocupando a fossa temporal, com inserção superior na linha temporal inferior e inserção inferior na face medial do processo coronóide e margem anterior do ramoda mandíbula. Coberto por uma fáscia densa (fáscia temporal). Vascularização das artérias temporais profundas posterior e anterior, ambas ramos da artéria maxilar. Fibras em três sentidos: 1. Anterior: vertical 2. Média: oblíqua 3. Posterior: horizontal Origem: ➢ Superior – linha temporal inferior. ➢ Inferior – apófise coronóide e na borda anterior do ramo ascendente da mandíbula. Inervação: N. Temporal (ramo mandibular do n. Trigêmio – V par craniano). Ação: ➢ Elevação (oclusão). ➢ Retração da mandíbula. Forma retangular e espesso. Recoberta pela fáscia massetérica. Músculo mais potente da mastigação. Constituído de duas partes: ➢ Superficial (S) ➢ Profunda(P) Origem: arco zigomático ➢ Superficial: margem inferior do osso e arco zigomático até a sutura zigomático-temporal. ➢ Profundo: margem inferior e face lateral do arco zigomático até a eminência articular do temporal. Hipertrofia benigna – quando se estimula muito essa musculatura, por exemplo em quem tem bruxismo. Inervação: N. Massetérico (ramo mandibular do n. Trigêmio – V par craniano). Ação: ➢ Elevação (oclusão) da mandíbula. ➢ Contribui para a projeção anterior da mandíbula. Músculo retangular, com fibras curtas e trançadas. Corpo adiposo da bochecha o separa medialmente do músculo bucinador. Inervação: nervo do pterigoideo medial (ramo mandibular do nervo Trigêmio – V par craniano). Ação: ➢ Elevação (oclusão) da mandíbula. ➢ Contribui para a projeção anterior da mandíbula. Júlia Rosendo Winkelmann Músculo da mastigação mais curto. Dois feixes de origem: ➢ Feixe superior: superfície infratemporal da asa maior do esfenoide, abaixo da crista infratemporal. ➢ Feixe inferior: face lateral da lâmina lateral do processo pterigoide. Ação: ➢ Pterigoideos laterais: ▪ Juntos realizam o movimento de protrusão da mandíbula. ▪ Isolados realizam movimento de lateralidade (desloca o mento para o lado oposto). ➢ Juntamente com os músculos suprahioideos, a mandíbula roda e a boca se abre. Glândulas Salivares Funções: ➢ Umedecimento e lubrificação do alimento para a sua deglutição. ➢ Desdobrar polissacarídeos e iniciar o processo da digestão. ➢ Ajudar nos movimentos dos lábios, bochechas e língua. ➢ Auxiliar na fala. ➢ Prevenção da cárie dental Glândulas maiores: ➢ Parótida ➢ Submandibular ➢ Sublingual Glândulas menores: ➢ Palatinas ➢ Labiais ➢ Bucais ➢ Linguais Maior das 3 glândulas. Formato irregular. Situa-se entre o musculo esternocleidomastoideo e a borda posterior do ramo da mandíbula. Parte superficial e uma parte profunda. Parte superficial: maior, recobre grande porção do musculo masseter e frequentemente apresenta uma extensão anterior – glândula parótida acessória. Parte profunda: menor, fica entre o músculo pterigoideo medial e os músculos do processo estiloide. Ducto parotídeo: começa com numerosos ramos, cruza o musculo masseter, perfura o corpo adiposo da bochecha e em seguida o musculo bucinador para se abrir no vestíbulo da boca – papila parotídea. Caxumba (parotidite) – glândula parótida inflamada. Metade do tamanho da parótida. Corpo alongado dividido em duas partes: superficial (maior) e profunda (menor). Situa-se ao longo do corpo da mandíbula. Medialmente está em contato com os m. milohioideo e hioglosso. Júlia Rosendo Winkelmann Ducto submandibular: abre-se uma pequena papila ao lado do freio lingual, no assoalho da boca. Presença de Sialolito – patologia que acontece por obstrução do ducto submandibular, através do acúmulo de cálcio pela saliva, de modo que gere posteriormente processo inflamatório e, consequentemente, infeccioso se não abordado. Remoção do Sialolito do Canal submandibular É a menor e mais profundamente situada das glândulas salivares maiores. Situada no assoalho bucal, descansa sobre o musculo milo-hioideo e faz saliência na mucosa. Corpo alongado e achatado. Ductos menores: se abrem separadamente na prega sublingual. Ducto maior: se junta ao ducto da submandibular ou se abre junto a esse. Faringe Conduto musculomembranoso, situado atrás das fossas nasais e da cavidade bucal. As fossas nasais abrem-se nelas por dois orifícios ovalares, as coanas. Se comunica com a boca por intermédio do istmo da garganta, onde a base da língua oblitera. Inferiormente, a faringe se comunica com o esôfago e com a laringe. A faringe dá passagem ao: ➢ Ar respirado: ▪ Fossas nasais ▪ Faringe ▪ Laringe ➢ Bolo alimentar: ▪ Boca ▪ Faringe (orofaringe e hipofaringe) ▪ Esôfago Júlia Rosendo Winkelmann É a parte que se encontra posterior ao nariz e acima do palato mole. Tem função respiratória. Dois pequenos orifícios laterais, dispostos simetricamente. Fazem ligação da faringe com a trompa de Eustáquio (canal que liga a orelha média à faringe). A nasofaringe apresenta através do nariz, comunicação com os seios paranasais que, inflamados, provocam a sinusite. Porção digestória da faringe. Comunica a boca com a laringe. Sua parede posterior pode ser vista quando a boca está aberta. A presença de tecido linfoide abundante forma o anel linfático de Waldeyer o qual exerce função de defesa e é composto pelas: ➢ Amigdalas palatinas ➢ Amigdalas linguais ➢ Amígdalas tubáricas ➢ Amigdalas faríngeas É separada da laringe pela epiglote, cartilagem que barra a entrada de detritos nas vias respiratórias. É o trecho da faringe situado atrás da laringe, na altura de C5/ C6. Recessos piriformes: duas fossetas laterais. Júlia Rosendo Winkelmann Anatomia do Sistema Digestório Esôfago, Estômago, Intestino Delgado Esôfago É um tubo muscular de, aproximadamente, 25cm de comprimento e 2cm de diâmetro que se estende da faringe até o estomago. Situado entre traqueia (anterior) e parte cervical da coluna vertebral (posterior), seu lado direito está em contato com a pleura cervical na raiz do pescoço e lado esquerdo em contato com o ducto torácico (situado entre pleura e esôfago). É um órgão retroperitoneal, porém anterior e lateralmente recoberto por peritônio. Começa póstero-inferior à cartilagem cricóide à nível de C6, segue a curvatura da coluna vertebral conforme desce através do pescoço e mediastino, passa pelo hiato esofágico no diafragma (esquerda do plano mediano à nível de T10), termina entrando no estomago pelo óstio cárdico (esquerda da linha mediana, nível de T11). Apresenta 3 constrições causadas por estruturas adjacentes ao longo do seu comprimento: ➢ 1ª. ao nível de C6, causada pelo m. constritor inferior da faringe formando o esfíncter esofágico superior. ➢ 2ª. ao nível de T4, causada pelo arco da aorta e brônquio principal esquerdo. ➢ 3ª. ao nível de T10, causada pelo diafragma formando o esfíncter esofágico inferior. O esfíncter esofágico inferior, em pacientes com histopatologia normal, coincide com a linha Z (ou junção esofagogástrica) do esôfago, a qual é o local de transição entre os epitélios esofágico e gástrico. Seu terço superior (esôfago proximal – cervical) é de musculatura estriada esquelética com controle voluntário. Terço médio (esôfago médio – torácico) de musculatura estriada esquelética e lisa. Terço inferior (esôfago distal) de musculatura lisa com controle involuntário. É constituído por 4 camadas: ➢ Mucosa (e muscular da mucosa) – epitélio estratificado escamoso não queratinizado e/ou parcialmente queratinizado; linha Z. ➢ Submucosa ➢ Muscular: ▪ Longitudinal ▪ Circular ➢ Adventícia Júlia Rosendo Winkelmann É feita por 2 sistemas vasculares e linfáticos, sendo que o 1/3 médio faz a ligação de ambos. Terço proximal –recebe ramos das artérias tireóideas inferiores e drena para as veias de mesmo nome (veias tireóideas inferiores). A drenagem linfática é feita para os linfonodos paratraqueais e cervicais profundos. Terço distal – recebe ramos da artéria gástrica esquerda e frênica inferior esquerda e drena para o sistema de veias ázigo. Drenagem linfática para os linfonodos gástricos esquerdos e tronco celíaco. Porção cervical é inervada por ramos do nervo laríngeo recorrente e troncos simpáticos cervicais Metade superior recebe inervação sensitiva e motora do nervo vago (NC 10). Metade inferior, a partir do esôfago médio, recebe inervação sensitiva visceral do NC 10. Divertículo de Zencker É causado por uma projeção da luz tubular em direção ao exterior do conduto digestório logo acima do m. cricofaríngeo. Pelo fato de ser uma projeção da mucosa, pode haver acúmulo de alimentos, isto leva o paciente a ter uma halitose persistente. Acalasia – É uma alteração no esfíncter esofágico inferior resultada da falta/ausência de relaxamento dele. Por causa disso, o bolo alimentar não tem força suficiente para atravessar o esfíncter e ir para a câmara gástrica, acumulando-se na região distal do esôfago e, por consequência, causando uma dilatação da região. Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) É a dificuldade de contração do esfíncter esofágico inferior que não impede o refluxo de conteúdo gástrico ácido do estomago para o esôfago, levando a uma lesão do epitélio esofágico inferior (queratinização para proteção). O refluxo gastroesofágico pode ser fisiológico (normal), porém quando há elevação no número de vezes que acontece, na persistência e nos sintomas ele se torna patológico. Quando a DRGE está associada a tecido metaplásico é chamado de esôfago de Barret. Júlia Rosendo Winkelmann Atrésia e Fistula – São mal formações do esôfago. A atrésia é caracterizada pela não formação completa do tubo esofágico e a fistula por ser uma comunicação entre canal alimentar (esôfago) e sistema respiratório (mais frequentemente). REED EDA TC Ecoendoscopia Júlia Rosendo Winkelmann Estômago É a parte expandida do trato digestório encontrada entre esôfago (proximal) e intestino delgado (distal) e capaz de armazenar 2-3 litros de alimento. Apresenta 4 regiões e 2 curvaturas. A cárdia envolvendo o óstio cardíaco. O fundo é a parte superior relacionada à cúpula esquerda do diafragma, alcançando nível do 5º espaço intercostal. O corpo entre fundo e antro pilórico. A parte pilórica é formada por uma parte larga, antro pilórico, um canal pilórico e um esfíncter pilórico (envia conteúdo estomacais para o duodeno através do óstio pilórico). A curvatura menor é a margem côncava superior e menor do estômago, nela é encontrado a junção entre corpo e parte pilórica do estomago (incisura angular). A curvatura maior é a margem convexa inferior e maior do estômago. Seu interior é formado por pregas gástricas que, durante a deglutição, formam temporariamente um canal gástrico longitudinal. O estômago é coberto por peritônio exceto onde os vasos sanguíneos correm ao longo das curvaturas. Anteriormente relaciona-se com diafragma, fígado e parede abdominal anterior; posteriormente com baço, rim, glândula suprarrenal, pâncreas e mesocolo transverso. A curvatura menor é irrigada pela artéria gástrica esquerda (ramo do TC) e, na sua porção direita, pela artéria gástrica direita (ramo da artéria hepática). Ambas se anastomosam. A curvatura maior é irrigada pela artéria gastromental direita (ramo da artéria hepática do TC) e, na porção esquerda, pela artéria gastromental esquerda (ramo da artériaesplênica do TC). O fundo do estomago é irrigado pelas artérias gástricas curtas. A artéria gástrica esquerda e a artéria gástrica esquerda vão se ligar formando o arco da primeira curvatura. A artéria gastromental direita e esquerda se ligam formando o arco da grande curvatura. Júlia Rosendo Winkelmann As veias gástricas estão paralelas às artérias em posição e trajeto. Veias gástricas D e E drenam para a veia porta. Veia gastromental E para veia esplênica e v. gastromental D para v. mesentérica superior. A veia mesentérica superior e a veia esplênica se unem e formam a veia porta. A linfa proveniente dos 2/3 superiores do estômago drena para os linfonodos gástricos; a do fundo e parte superior do estômago para os linfonodos pancreáticos e esplênicos; a do 2/3 direito e terço inferior para os linfonodos pilóricos; e a do terço esquerdo da curvatura menor para os linfonodos pancreaticoduodenais. O estômago recebe suprimento nervoso parassimpático dos troncos vagais anterior (derivado do NC 10/ vago esquerdo) e posterior (NC 10/ vago direito) e seus ramos, que entram no abdômen através do hiato esofágico. O suprimento nervoso simpático é pelos segmentos T6-T9 da medula espinhal que passam para o plexo celíaco pelo nervo esplênico maior. Júlia Rosendo Winkelmann Camada muscular lisa longitudinal. Camada muscular lisa circular. Camada muscular oblíqua. Túnica Mucosa A camada mais intensa, onde as enzimas digestivas e o ácido estomacal são produzidos. A maioria dos canceres de estômago se iniciam nesta camada. A mucosa é formada por um epitélio colunar simples, que é coberto por uma camada mucosa alcalina protetora. A camada epitelial contém numerosas invaginações, conhecidas como criptas gástricas, que se estendem mais profundamente em estruturas denominadas glândulas gástricas. Tela Submucosa – a camada de suporte. Túnica Muscular “Muscularis Própria” – uma espessa camada de músculo que mistura o conteúdo do estômago. Túnica Subserosa e Túnica Serosa – duas camadas exteriores, que revestem o estômago. Intestino Delgado Estende-se do piloro à junção ileocecal, dividido em duodeno, jejuno e íleo, recebe conteúdo (quimo) do estômago. Primeira, mais larga, fixa e menor parte do ID. Segue trajeto em forma de c em torno da cabeça do pâncreas. Começa no lado direito do piloro e termina na junção duodenojejunal no lado esquerdo na altura da vértebra L2, 2 a 3 cm à esquerda da linha mediana onde forma a flexura duodenojejunal (ângulo de treits). Se divide em 4 partes: ➢ A 1ª parte é superior, curta (5cm), anterolateral ao corpo de L1; seus primeiros 2cm após o piloro são o bulbo duodenal (ampola) móvel e com mesentério; é sobreposta pelo fígado, vesícula biliar e peritônio. Tem 5cm; maior parte dela é fixa (3cm); 2cm com o meso. ➢ A 2ª parte é descendente, longa(7-10cm) totalmente retroperitoneal, desce ao lado direito das vértebras L1-L3; corre para baixo curvando-se em torno da cabeça do pâncreas; os ductos colédoco e pancreático entram na papila de vater (papila maior do duodeno) na parede póstero medial. Júlia Rosendo Winkelmann ➢ A 3ª parte é horizontal/inferior, de 6-8cm, corre transversalmente para a esquerda passando sobre VCI, aorta e L3; sobre ela passam veia e artéria mesentérica superior. ➢ A 4ª parte é ascendente, curta (5cm), começa a esquerda de L3 e sobe até a margem superior de L2; curva-se anteriormente unindo-se ao jejuno, é sustentada pelo m. Suspensor do duodeno (ligamento de treitz). Termina na flexura duodenojejunal. Sua vascularização é feita pelas artérias duodenais (ramos do tronco celíaco e a. Mesentérica superior) artéria gastroduodenal (ramo da a. Hepática) e seu ramo. O duodeno proximal é irrigado pela artéria pancreaticoduodenal superior; e o distal pela artéria pancreaticoduodenal inferior. As veias duodenais seguem as artérias e drenam para a veia porta. Veias pancreaticoduodenal anterior e inferior formando um arco (tributarias da porta e mesentérica superior).Inervação: acompanha a vascularização, sendo parassimpática pelo nervo vago e simpática pelo plexo celíaco. Papila duodenal – onde desemboca tanto o ducto de virchow quando o colédoco. Júlia Rosendo Winkelmann A maior parte do jejuno encontra-se no quadrante superior esquerdo e a do íleo no quadrante inferior esquerdo. Embora não exista divisão clara entre jejuno e íleo, eles apresentam características distintas cirurgicamente importantes. O jejuno apresenta cor vermelho forte, diâmetro de 2-4cm, parede espessa e forte, grande vascularização com vasos retos longos, mesentério menos gorduroso, pregas circulares grandes, altas e juntas e poucos nódulos linfoides. Completamente intraperitoneal. Juntos medem 6-7m de comprimento, sendo 2/5 jejuno e 3/5 íleo. O jejuno começa na flexura duodenojejunal e o íleo termina na junção ileocecal. O íleo apresenta cor rosa pálido, diâmetro 2-3cm, parede fina e leve, pequena vascularização com vasos retos curtos, mesentério mais gorduroso, pregas circulares baixas e espaças, ausentes na porção distal e muito nódulos linfoides. Ambos são vascularizados pela artéria mesentérica superior a nível de L1, a qual corre entre o mesentério liberando de 15 a 18 ramos os quais se unem formando alças/arcos/arcadas arteriais dando origem a artérias/vasos retos na parede do intestino. A drenagem venosa é feita pela veia mesentérica superior que se une à esplênica formando a veia porta. Jejuno: artérias jejunais, arcos arteriais e vasos retos; e veia mesentérica superior (vasos retos –> arcos venosos –> veias jejunais e iliais –> tributárias da mesentérica superior –> tributária da porta). Íleo: artéria ileal, artéria ileocólica, arcos arteriais e vasos retos; e veia mesentérica superior (igual jejuno). Drenagem linfática: acompanha a vascularização arterial. ➢ Jejuno: linfonodos justaintestinais, linfonodos mesentéricos, linfonodos centrais superiores. ➢ Íleo: linfonodos justaintestinais, mesentéricos, centrais superiores, ileocólicos. Inervação: ➢ Simpático: T8 a T10, inervam o gânglio celíaco e o gânglio mesentérico superior através do plexo nervoso arterial. ➢ Parassimpático: através dos troncos vagais posteriores pelo plexo mioentérico e submucoso. Júlia Rosendo Winkelmann Júlia Rosendo Winkelmann Anatomia do Sistema Digestório Intestino Grosso É constituído por: ceco, cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente e reto. Estende-se da válvula ileocecal ao ânus, medindo 1,5m, com diâmetro reduzindo do ceco (8cm) ao sigmoide (2,5cm). Forma um arco em torno do id. É distinguido do id pela presença de tênias longitudinais do colo (3 faixas espessas de fibras musculares longitudinais), haustrulações (saculações de colo entre as tênias), apêndices ometais e epiplóicos (projeções omentais gordurosas), pregas semilunares e seu calibre é maior (8cm). Existem 3 tipos de Tênias: mesocólica (em contato com o mesocolon), omental e livre. O ceco, 1ª parte do ig, é uma bolsa intestinal cega (de fundo cego), de aproximadamente 7,5cm, situada no quadrante inferior esquerdo, inferior/ caudal à válvula ileocecal. É quase todo envolvido por peritônio, não possui mesentério. É envolvido pelo peritônio em suas faces anterior e laterais. Repousa sobre o musculo psoas direito. Suprido pela artéria ileocólica (ramo terminal da artéria mesentérica superior). A parte terminal do íleo entra no ceco pela válvula ileocecal que é uma fenda bilabiada estendida em forma de tenta e projetando-se sobre a luz cecal. Seu óstio de abertura tem formado semilunar com lábio superior e inferior. Ponto de referência de divisão anatômica entre ceco e cólon ascendente. Imagem de colonoscopia Júlia Rosendo Winkelmann O apêndice cecal/vermiforme é um segmento tubular de 8cm com fundo cego implantado no fundo cecal, originário da face póstero-medial do ceco inferior a junção ileocecal, dividido em ápice, corpo e base (origina as ténis cólicas). Possui um mesentério triangular curto, mesoapêndice, onde está localizada a artéria apendicular (que faz a sua irrigação), preso a parte proximal do apêndice e ao ceco. O apêndice pode ter posições variadas, sendo a mais frequente vai ser em direção caudal para a região inguinal. É divido em 4 partes, ascendente, transverso, descendente e sigmoide, formando um arco. O cólon ascendente, 2ª parte do ig, localizado no flanco direito e direção ao hipocôndrio direito, estende-se cranialmente da válvula ileocecal à flexura hepática (relaciona-se com a face visceral do fígado e lateralmente com a vesícula biliar). É fixo na cavidade abdominal, face posterior retroperitoneal (contato com m. Quadrado lombar) e mais estreito que o ceco. É recoberto anterior e lateralmente por peritônio (25% das pessoas apresentam mesentério curto) e separado da parede abdominal anterolateral pelo omento maior. Flexura Hepática: ➢ Curvatura medial do cólon direito ao nível da face visceral do fígado. ➢ Relaciona-se lateralmente com a vesícula biliar. O colo transverso é o maior (45cm), mais largo e móvel segmento cólico, forma arqueada estende-se da flexura hepática (a direita) à flexura esplênica (a esquerda), fixado ao diafragma pelo ligamento frenocólico. Internamente apresenta forma triangular. Júlia Rosendo Winkelmann Flexura Esplênica: ➢ Curvatura inferior do cólon transverso para continuar como cólon descendente. ➢ Tem ângulo mais agudo e está em plano mais superior que a hepática – o que torna difícil a colonoscopia nessa região. ➢ Tem intima relação com o baço e cauda pancreática. O colo descendente estende-se caudal e retroperitoneal do hipocôndrio esquerdo (flexura esplênica) à fossa ilíaca esquerda. Cruza borda lateral do rim esquerdo até sua junção com o sigmoide. É recoberto anterior e lateralmente por peritônio que o fixa na parede abdominal posterior. O colo sigmoide é uma alça em forma de S de 40cm (variável) que une o colo descente ao reto. Estendesse da fossa ilíaca esquerda à pelve (S3) onde se une ao reto. As tênias cólicas terminam na junção reto-sigmoide a 15cm do ânus, indicando a junção retossigmoidiana (onde inicia o reto). Tem mesentério longo e pode se deslocar para o meio da cavidade abdominal. Parte terminal fixa do intestino grosso. Estende-se da junção retosigmoide (proximal anterior à s3) ao canal anal (distal) seguindo a curvatura do osso sacro e cóccix formando a flexura sacral do reto. Termina anteroinferior à ponta do cóccix e se curva póstero inferior formando a flexura anorretal (cerca de 80º importante para continência fecal) e torna-se canal anal. Tem de 12 a 15cm de comprimento. Caracteriza-se por: ➢ Amplo lúmen. ➢ Facilmente distensível. ➢ Ausência de tênias. ➢ Apêndices epiploicos e haustrações. ➢ Ausência de mesentério bem definido. Tem 3 curvas laterais que correspondem as pregas/ válvulas de Houston intraluminares. ➢ Superior e inferior – convexas para a direita. ➢ Média – convexa para a esquerda. O reto apresenta internamente 3 pregas transversas que originam 3 flexuras quando visto anteriormente. ➢ 2 pregas do lado esquerdo: 7 – 8cm e 12 – 13cm. ➢ Prega do lado direito: 9 – 11cm. Júlia Rosendo Winkelmann Terço superior do reto – revestido anterior e lateralmente pelo peritônio. Terço médio – revestido pelo peritônio apenas na face anterior. Terço inferior – completamente extraperitoneal, pois a reflexão peritoneal situa-se: ➢ 9 – 7cm da margem anal dos homens. ➢ 7,5 – 5cm da margem anal nas mulheres. A ampola retal é a parte terminal e dilatada do reto diretamente acima do m. Levantador do ânus (diafragma da pelve). Oreto repousa posteriormente nas 3 vértebras sacrais inferiores. ▪ Existem controvérsias quanto aos limites proximal e distal do reto. Relações Anatômicas do Reto Ocupa a concavidade sacral e termina a 2 – 3cm, anteroinferior com relação à extremidade do cóccix. Nesse ponto, ele descreve um ângulo para trás e atravessa os elevadores do ânus para tornar-se o canal anal. Anteriormente, nas mulheres, o reto está intimamente relacionado com a cérvix uterina e a parede posterior da vagina; nos homens, está localizado atrás da bexiga, dos ductos deferentes, das vesículas seminais e da próstata. Posteriormente ao reto estão situados os vasos sacrais médios e as raízes dos nervos do plexo sacral. Relações Fasciais do Reto A fáscia parietal endopélvica delimita as paredes e o assoalho pélvico e se continua sobre os órgãos internos como fáscia pélvica visceral. Se estende da face superior do diafragma pélvico (onde a ampola retal se estreita) ao ânus, tem 2,3- 3,5cm de comprimento. É envolvido pelos músculos esfíncter anal interno e esfíncter anal externo. O canal anal anatômico é definido através da linha denteada/ pectínea, ou seja, vai ser da linha anocutânea até 2cm proximal onde é localizada a linha denteada. Canal anal anatômico X canal anal cirúrgico ▪ 2cm de comprimento. ▪ Estendendo-se da margem anal até a linha denteada. ▪ 4cm (em homens) da margem anal até o anel anorretal (elevadores do ânus). ▪ Anel anorretal fica no nível da extremidade distal da ampola retal; forma o ângulo anorretal e o início de uma região de pressão intraluminal mais alta. O m. Esfíncter anal interno envolve 2/3 superiores do canal anal (2,5 – 4cm), tem ação involuntária e, na maior parte do tempo, está tonicamente contraído. É um músculo liso em estado de contração máxima, e representa uma barreira natural à perda involuntária de fezes e gases. O m. Esfíncter anal externo é uma grande faixa de músculo de cada lado dos 2/3 terços inferiores do canal anal, tem ação voluntária. Cilíndrico elíptico de musculatura estriada, revestido internamente em toda a extensão por uma camada de musculatura lisa, porém termina um pouco mais distal que o esfíncter anal interno. A parte mais profunda está intimamente relacionada com o músculo puborretal. Júlia Rosendo Winkelmann Ultrassonografia Anorretal ▪ O EAI é uma faixa muscular de 2 – 3mm de espessura, hipoecogênica e uniforme. ▪ O puborretal e o EAE são predominantemente hiperecogênicos, com espessura média de 6mm (variando de 5 – 8mm). Músculos Longitudinais Conjuntos: ➢ A camada circular interna do reto dá origem ao musculo esfíncter anal interno. ➢ A camada externa longitudinal, no nível do anel anorretal, funde-se com fibras dos elevadores do ânus para formar a musculatura longitudinal conjunta. ➢ A musculatura longitudinal conjunta desce entre os EAI e EAE, e por fim algumas de suas fibras vão formar o músculo corrugador da pele do ânus, atravessam a parte mais inferior do EAE para se inserir na pele da região perianal. No interior do canal anal existem cristas longitudinais na mucosa, colunas anais, que indicam superiormente a junção anorretal, e inferiormente são unidas pelas válvulas anais. Superior as válvulas encontram-se os seios anais que são pequenos recessos. A parte superior e inferior do canal anal junta-se na linha pectínea/ denteada (dista 1 a 2 cm da borda anal) que é uma linha irregular formada pelos limites inferiores das válvulas anais. Na linha denteada encontramos as colunas de Morgagni e as criptas anais. Plexos hemorroidários – estruturas anatômicas que podem evoluir para as doenças hemorroidárias. O plexo interno é superior a linha denteada e o plexo externo é junto ao anoderma. Relações Anatômicas do Canal Anal Posteriormente – o canal anal está relacionado com o cóccix. Anteriormente – com o corpo perineal e a parte mais baixa da parede posterior da vagina na mulher, e com a uretra no homem. Júlia Rosendo Winkelmann O ísquio e a fossa isquiorretal estão situados em ambos os lados. São recessos piramidais pares que contém gordura e os vasos e nervos retais inferiores, que cruzam para penetrar na parede do canal anal. Fossas isquioanais – os limites para cada fossa são: ➢ Inferior (base) – pele (anoderma) sobre a região anal. ➢ Medial – músculos esfíncter externo do ânus e levantador do ânus. ➢ Lateral – túberes isquiáticos, músculo obturador interno e sua fáscia. ▪ Linhas vermelhas – fistula anorretal (patologia). ▪ Número 3 – fissura anal. Toque retal É possível palpar o músculo puborretal chegando até o ângulo anorretal (limite superior do canal anal cirúrgico). Suprimento Arterial do Reto e Canal Anal A artéria hemorroidária superior é a continuação da artéria mesentérica inferior, após atravessar os vasos ilíacos esquerdos. As artérias hemorroidárias superior e inferior representam o principal suprimento sanguíneo do anorreto. Também é suprido pelas artérias ilíacas internas. O anorreto possui extensa rede anastomótica intramural, que provavelmente é responsável pelo fato de que a secção das artérias hemorroidárias média e superior não resulta em necrose do reto. Drenagem Venosa e Linfática do Reto e Canal Anal O plexo hemorroidário externo, situado no subcutâneo, em torno do canal anal, abaixo da linha denteada, forma, quando dilatado, as hemorroidas externas. O plexo hemorroidário interno, situado na submucosa, em torno do canal anal superior e acima da linha denteada. As hemorroidas internas originam-se desse plexo. Júlia Rosendo Winkelmann Inervação do Reto e Canal Anal Suprimento simpático tem origem na altura das primeiras vértebras lombares L1, L2 e L3. O reto inferior é inervado pelos plexos pré-sacrais. Abaixo do promontório, os nervos pré-sacrais bifurcam-se para formar os nervos hipogástricos direito e esquerdo que darão origem aos plexos pélvicos. O suprimento parassimpático tem origem na altura da segunda à quarta vértebra sacral – S2, S3 e S4 e constitui os nervos erigentes. Os nervos pudendos, direito e esquerdo, tem origem nas raízes sacrais de S2, S3 e S4. O esfíncter externo do ânus recebe inervação do ramo perineal e do reto inferior. Os músculos levantadores do ânus são inervados por ramos do pudendo, do reto inferior, do perineal e diretamente das raízes sacrais S3 e S4. A sensibilidade do ânus está associada ao nervo retal inferior. Os componentes simpáticos (L5) e parassimpáticos (S2, S3 e S$) da inervação motora do esfíncter interno do ânus seguem a mesma rota dos nervos para o reto. O esfíncter externo do ânus é inervado em cada lado pelo ramo retal inferior (S2 e S3) do nervo pudendo e pelo ramo perineal de S4. Lado direito: ramos da artéria mesentérica superior (ileocólica, cólica direita e cólica média) – ceco cólon ascendente e transverso. ➢ Ceco – artéria ileocólica. ➢ Colo ascendente – artérias ileocólicas e artéria cólica direita. ➢ Colo transverso – artéria cólica média. Lado esquerdo: artéria mesentérica inferior (cólica esquerda, retal superior e ramos sigmoidianos) – colo descente e sigmoide. Circulação colateral: ➢ Arcada de Riolano – ramo esquerdo da artéria cólica média até ramos ascendentes das sigmoidianas. ➢ Arcada de Drummond – associações dos vasos sigmoidianos. A arcada marginal é o plexo artéria originado da conexão da artéria mesentérica superior e inferior. Localiza-se próxima e ao longo de todo cólon. Seus ramos colaterais (vasos retos, que vão estar sobre o cólon) se bifurcam e penetram na parede do cólon. Os vasos artérias e venosos formam anastomoses que servem como proteção contra isquemia. A drenagem venosa é feita por 2 plexos: ➢ Plexo direito pelas veiacólicas e veia ileocólica que drenam para a veia mesentérica superior. ➢ Plexo esquerdo pelas veia retal superior, veias sigmoidianas e veia cólica esquerda que drenam para a veia mesentérica inferior. Júlia Rosendo Winkelmann Rede abundante de vasos linfáticos e folículos linfoides juntos da camada muscular da mucosa, tornando-se mais abundante nas camadas submucosa e muscular. Esses vasos linfáticos intraparietais drenam para os linfonodos extramurais, que se distribuem seguindo a arcada vascular arterial de cada região. Classificação de Jameson e Dobson: grupos. ➢ Epiplóico – aqueles que estão próximos à parede dos cólons, abaixo do peritônio visceral e dos apêndices apiplóicos distribuídos em quantidades variáveis. Reduzem com a idade. ➢ Paracólico – ao longo da arcada marginal, desde os ramos ileocólicos até a junção retosigmoidiana. ➢ Intermediário – ao longo da divisão das principais artérias cólicas, seguindo até a sua origem. ➢ Principal – ao longo das artérias mesentéricas superior e inferior e base das artérias cólicas direita e média. Simpática Fibras torácicas inferiores: plexo celíaco – nervos esplânicos e plexo mesentérico superior – inervação cólicas à direita. Porção superior do plexo lombar da medula vertebral: nervos mesentéricos inferiores – inervação do cólon esquerdo e reto superior. Parassimpática N. vago – inerva cólon e parte do cólon transverso. Plexo sacral – inerva cólon esquerdo. Júlia Rosendo Winkelmann Anatomia do Sistema Digestório Abdome - Peritônio, Cavidade Peritoneal, Pâncreas, Baço, Fígado e Vesícula Biliar ▪ Linhas verticais – hemiclaviculares, atravessam o corpo inteiro. ▪ Linhas horizontais: plano transpilórico e plano das cristas ilíacas. 1. Epigástrio. 2. Hipogástrio/ supra púbico. 3. Hipocôndrio esquerdo. 4. Fossa ilíaca esquerda. 5. Flanco esquerdo. 6. Hipocôndrio direito. 7. Fossa ilíaca direita. 8. Flanco direito. 9. Mesogástrio. Peritônio e Cavidade Peritoneal É uma membrana serosa transparente, brilhante e contínua que reveste a cavidade abdominal e envolve as vísceras presentes nela. Consiste em duas lâminas contínuas: peritônio parietal, revestindo face interna da parede abdomino-pélvica, e peritônio visceral que envolve as vísceras através de flexuras. A cavidade peritoneal é um espaço potencial de espessura capilar entre as lâminas do peritônio. Não contém órgãos e sim uma fina película de líquido peritoneal. A cavidade peritoneal é completamente fechada nos homens; nas mulheres há uma via de comunicação com o exterior do corpo através das tubas uterinas, cavidade do útero e vagina. O peritônio inferiormente faz uma curva posterior a sínfise púbica e superior a bexiga, recobrindo o útero em mulheres, e depois cobre a porção final do intestino grosso (sigmoide, reto e anus) onde forma o mesosigmóide. Júlia Rosendo Winkelmann O mesentério é uma lâmina dupla de peritônio que invagina um órgão e propicia meios para comunicação neurovascular do órgão com a parede do corpo. Possuem um cerne de tecido conectivo com vasos sanguíneos, linfáticos, nervos, linfonodos e gorduras. No intestino grosso o colo ascendente é retroperitoneal e não possui mesentério (somente 25% das pessoas possuem um mesentério curto); o colo transverso é sustentado pelo mesocolo transverso (mesentério do colo transverso); o colo descendente é retroperitoneal e não possui mesentério (somente 33% das pessoas possuem um mesentério curto); o colo sigmoide tem o mesosigmóide (mesentério do colo sigmoide). CA sem meso (25% com) → CT com mesocolo transverso → CD sem meso (33% com) → CS com mesosigmóide O omento maior é uma grande prega peritoneal proeminente que se projeta para baixo a partir da curvatura maior do estômago e, após descer, dobra-se para trás e se prende a face anterior do colo transverso. Ele impede que o peritônio visceral se aderir ao peritônio parietal que reveste a parede abdominal anterolateral e protege os órgãos contra lesão e contribui como isolamento térmico. O omento menor liga a curvatura menor do estomago e a parte proximal do duodeno ao fígado. Conforme os órgãos assumem suas posições a cavidade peritoneal é dividida em sacos peritoneais maior e menor. Saco Peritoneal Maior Também chamado de cavidade peritoneal. É a parte principal e maior e é divido pelo mesocolo transverso em compartimento supracólico (estômago, fígado e baço) e compartimento infracólico (intestino delgado e colos ascendente e descendente) os quais comunicam-se entre si através dos sulcos paracólicos. O compartimento infracólico encontra-se posterior ao omento maior e é divido em espaços infracólicos direito e esquerdo pelo mesentério do intestino delgado. Saco Peritoneal Menor Também chamado de bolsa omental, é cavidade extensa posterior ao estomago e estruturas adjacentes. Possui um recesso superior limitado superiormente pelo diafragma e lâmina posterior do ligamento coronário do fígado. E um recesso inferior entre as partes superiores das lâminas do omento maior. A bolsa omental permite o movimento do estômago sobre as estruturas inferiores e posteriores e se comunica com a cavidade peritoneal pelo forame omental (forame epiplótico ou de Winslow). Pâncreas É uma glândula digestiva acessória alongada retroperitoneal (atrás da cavidade abdominal). Situa-se posterior ao estômago, anterior a aorta e coluna vertebral; na sua lateral direita está o duodeno (segunda porção duodenal) e na esquerda o baço. Júlia Rosendo Winkelmann O pâncreas é divido em quatro partes: cabeça, colo, corpo e cauda. A cabeça do pâncreas é a parte expandida da glândula, é envolvida pela curvatura em C do duodeno, fixando-se firmemente à face medial da parte descendente e horizontal do duodeno. A cabeça apresenta o processo uncinado, que é um prolongamento em direção posterior na forma de gancho. A cabeça do pâncreas prolonga-se para a esquerda formando o colo do pâncreas. É curto (1,5 a 2cm) e se estende sobre os vasos mesentéricos superiores os quais formam um sulco na face posterior. O corpo do pâncreas é a continuação do colo situada a esquerda e passa na frente da coluna vertebral. O corpo do pâncreas termina na cauda do pâncreas situada anterior ao rim esquerdo e intimamente ligada ao hilo do baço. O pâncreas apresenta um sistema de ductos excretores constituído pelo: ➢ Ducto principal ou de Wirsung. ➢ Ducto acessório ou de Santorini (nem todos tem). O ducto pancreático principal ou ducto de Wirsung começa na cauda e se estende até a cabeça, onde se curva inferiormente. Se une com o ducto colédoco para formar a ampola hepatopancreática a qual se abre na papila maior do duodeno (papila/ampola de Vater ou esfíncter de Oddi), ou seja, desemboca no duodeno. O ducto pancreático acessório ou ducto de Santorini é responsável pela drenagem do processo uncinado e da parte inferior da cabeça do pâncreas, se abrindo na papila menor do duodeno. Em 60% das pessoas ele se comunica com o ducto de Wirsung. Júlia Rosendo Winkelmann Ele é suprido por dois sistemas arteriais distintos, um para a cabeça e colo e outro para o corpo e cauda. A cabeça é envolvida por um anel vascular duplo formado por ramos da artéria gastroduodenal (artérias pancreaticoduodenais superior anterior e posterior) e da artéria mesentérica superior (artérias pancreaticoduodenais inferiores) O corpo e a cauda são vascularizados por ramos da artéria esplênica que formam a artéria pancreática dorsal. Artérias Gastroduodenal, Mesentérica Sup e Esplênica. ▪ A. Gastroduodenal –> As. Pancreaticoduodenais sup. ▪ A. Mês. Sup. –> As. Pancreaticoduodenais inf. ▪ A. Esplênica –> As. Pancreáticas A irrigação venosa tem origem da veiaporta (veias pancreaticoduodenais superiores anterior e posterior) e correspondem as artérias. Veias pancreáticas são tributárias da veia esplênica e da veia mesentérica superior (veias pancreaticoduodenais inferiores). ▪ V. Esplênica –> Vs. Pancreáticas ▪ V. Porta –> Vs. Pancreaticoduodenais superiores. ▪ V. Mês. sup. –> Vs. Pancreaticoduodenais inf. Os nervos são derivados do nervo vago (NC 10) e dos nervos esplâncnicos. O pâncreas também recebe fibras simpáticas e parassimpáticas do plexo celíaco e mesentérico superior. Obstrução da Papila de Vater ou Esfíncter de Oddi – Provocado por cálculo biliar – coledocolitíase – pode acumular no ducto colédoco e ficar na região da papila maior, assim obstruindo o ducto pancreático principal, provocando pancreatite aguda. Pancreatite – Inflamação do tecido pancreático. Paciente pode ficar: ictérico, acolia fecal (fezes brancas), colúria (urina escura). Tecido pancreático acessório – Estômago e duodeno são os locais mais comuns e podem produzir insulina e glucagon. Ruptura do pâncreas – Traumas por compressão súbita onde a coluna vertebral na região posterior rompe o pâncreas. Câncer de pâncreas ➢ Malignos – 90% adenocarcinomas ➢ Benignos Ultrassonografia (USG) – Prejudicada pelo tecido subcutâneo volumoso (obesos) e por interposição de gases intestinais. Portanto, não é um exame muito bom para o pâncreas. Tomografia (TC) – Inflamação, lesões tumorais ou lesões por trauma. Um dos principais exames. Ressonância Magnética (RNM) – Soluciona algumas dúvidas pela tomografia. Colangiopancreatografia endoscópica retrógrada (CPRE) – Procedimento diagnóstico e terapêutico. Ecoendoscopia ou USG endoscópico ➢ Diagnóstico e biópsias de lesões suspeitas; ➢ Estadiamento de lesões tumorais; ➢ Tratamento de algumas doenças. Júlia Rosendo Winkelmann Baço É o maior dos órgãos linfáticos/ linfóides. Situado intraperitoneal (dentro da cavidade abdominal) no hipocôndrio esquerdo (quadrante superior esquerdo). É totalmente envolvido pelo peritônio exceto na região do hilo a qual está em contato com a cauda do pâncreas. Varia consideravelmente em tamanho, peso e forma (de uma mão fechada), normalmente medindo 12cm de comprimento e 7cm de largura. Relaciona-se anteriormente com o estômago, posteriormente com o diafragma e 9ª a 11ª costelas, inferiormente com a flexura esquerda do cólon e medialmente com o rim esquerdo e cauda pancreática. Topografia: ▪ Anterior – estômago; ▪ Posterior – diafragma e 9ª a 11ª costelas; ▪ Inferior – flexura esquerda do cólon; ▪ Medial – rim esquerdo e cauda do pâncreas. Possui 3 ligamentos, dois (gastroesplênico e esplenorrenal) deles conectam-se ao hilo e são atravessados pelos vasos esplênicos: ligamento gastroesplênico liga posteriormente a curvatura maior do estomago; ligamento esplenorrenal liga o rim esquerdo; ligamento esplenocólico liga o baço na flexura esplênica do cólon. Sua vascularização arterial é feita pela artéria esplênica (ramo do tronco celíaco) que se divide em 5 ou mais ramos ao passar o ligamento esplenorrenal que entram no hilo. A irrigação venosa é feita pela veia esplênica que se junta a mesentérica inferior, as quais se anastomosam com a mesentérica superior para formar a veia porta. A inervação é feita pelo plexo celíaco. Drenagem linfática por linfonodos pancreáticos superiores e esplênicos. Ruptura de Baço – É causada por traumas pois o baço é um dos órgãos mais afetados por traumas fechados de abdome. Quando rompido sangra profusamente porque sua capsula é fina e o parênquima mole. Causa hemorragia intraperitoneal intensa e choque. Baços Acessórios – É o desenvolvimento de um ou mais baços pequenos na região do hilo, podendo estar parcialmente ou totalmente incrustrados na cauda do pâncreas. Esplenomegalia – É o aumento do baço. É diferente de hiperesplenismo, o qual é causado pela destruição acentuada das células. Fígado A maior glândula do corpo, é um órgão maciço/ sólido de cerca de 1,5kg. Localizado no quadrante superior direito do abdome (fixado por ligamentos) e inferior ao diafragma. Ligamentos principais de sustentação: ➢ Ligamentos triangulares (nas extremidades, direito e esquerdo). ➢ Ligamento coronário (mais extenso, é uma reflexão, direito e esquerdo) – sustenta os lobos hepáticos. ➢ Ligamento falciforme – divide o fígado em lobo direito (maior) e esquerdo (menor) e, na sua margem mais inferior, envolve a veia umbilical obliterada. – na sua base com a veia umbilical, chamamos de ligamento redondo. Júlia Rosendo Winkelmann O músculo diafragma é recoberto pelo peritônio parietal, que chegará no teto do abdome e sofrerá uma circunferência recobrindo o parênquima hepático, tornando-se peritônio visceral. No fígado, o peritônio visceral se chamará cápsula de Glisson. Existem dois espaços potenciais contendo líquido peritoneal entre o fígado e as estruturas adjacentes: recesso subfrênico (entre diafragma e fígado) e recesso hepatorrenal (de Morrison – na cavidade peritoneal direita entre fígado e rim). O fígado apresenta uma face diafragmática, adjacente ao diafragma, e uma face visceral voltada para baixo em direção as vísceras. Face Diafragmática Lisa e côncava e parcialmente separada do diafragma. Dividida anteriormente pelo lig. Falciforme em um grande lobo direito e um menor lobo esquerdo. Cranialmente o lig. Falciforme continua como lig. Coronário, que dá origem aos lig. Triangulares direito e esquerdo (ligam-se ao diafragma); inferiormente envolve a veia umbilical obliterada formando o lig. Redondo. Recessos subfrênicos direto e esquerdo (= flexura de peritônio). Área nua – abaixo da flexura do peritônio, o fígado estará em contato com o musculo diafragma, porém ele não será recoberto por peritônio). Ligamento coronário. Ligamento triangular direito e esquerdo. Face Visceral Apresenta a impressão gástrica e pilórica (relacionada ao lado D da face anterior do estômago). Impressão duodenal (relacionada a parte superior do duodeno). Flexura e impressão cólica direita (relacionado a flexura hepática do colo transverso). Impressão renal (rim D e suprarrenal) – espaço de Morison/ hepatorrenal. E divido pela tríade portal (v. Porta do fígado, a. Hepática e vias biliares) superiormente em lobo caudado e inferiormente em lobo quadrado. O fígado não é revestido por peritônio em 4 locais: área nua, hilo do fígado, fossa da vesícula biliar e sulco da veia cava inferior. Júlia Rosendo Winkelmann Espaço de Morison/ hepatorrenal – uma das regiões mais baixas do abdomem, ou seja, ali vai acumular secreções liquidas (exemplo: sangue; nesse espaço que vou procurar líquido acumulado). Lobos hepáticos anatômicos ➢ Caudado (“a cauda do cachorro fica para trás”, é o segmento posterior junto da veia cava) ➢ Quadrado ➢ Direito ➢ Esquerdo Ligamento redondo (porção mais inferior do ligamento falciforme) – veia umbilical obliterada (obliterada apenas na vida adulta, na vida embrionária passa por ela sangue arterial). Ligamento falciforme. Hilo hepático (onde está o ducto biliar, artéria hepática e veia porta). Veia Porta (também é sistema de chegada de sangue que está vindo do mesentério; ela não drena o fígado, e sim alimenta; ricamente oxigenada, de modo que 70% do sangue oxigenado do fígado venha pela veia porta e não pela artéria hepática) e artéria hepática – o fígado é o filtro do tubo digestório, ou seja, o que for absorvido no tubo digestório, com exceção dos ácidos graxos de cadeia longa, vai obrigatoriamente passar pelo fígado. O fígado recebe sangue proveniente de duas fontes, uma arterial (30%) e outra venosa (70%). 30% de sangue bem oxigenado pela artéria hepática comum (ramo do tronco celíaco), a qual, próximo da porta hepática,se torna a. Hepática própria que irá se bifurcar em a. Hepática direita e esquerda suprindo os lados direito e esquerdo do fígado. 70% de sangue pouco oxigenado, porém rico em nutrientes, chega ao fígado pela veia porta do fígado (anastomose da veia mesentérica superior e esplênica) que irá drenar para as veias supra- hepáticas direita, esquerda e média as quais drenam diretamente para a veia cava inferior. Artérias (30%) → Aorta → TC → a. Hep. Comum → a. Hep. Própria → a. Hep. D e E Veias (70%) → v. Mesentérica sup. + esplênica → v. Porta do fígado → v. Supra-hep. D, E e M → VCS A drenagem linfática do fígado é feita principalmente para os linfonodos celíacos, que levam a formação da Cisterna do Quilo (início do ducto torácico). Os linfonodos frênicos e mediastinais posteriores também participam, porém me menor escala. Sua inervação é feita pelo plexo nervoso hepático: ➢ Plexo celíaco (gânglios torácicos simpáticos) – simpático inibirá o sistema digestório. ➢ Tronco vagal superior (parassimpático) – parassimpático estimulará o sistema digestório. Júlia Rosendo Winkelmann Ou lobos hepáticos vasculares (de Couinaud). É a divisão do fígado FISIOLOGICAMENTE (segmentos funcionais) em 8 segmentos baseados na vascularização, com o objetivo de que em condições cirúrgicas possam ser removidos sem comprometer o funcionalmente hepático global. Cada segmento é suprido por uma ramificação da tríade portal (v. Porta do fígado, a. Hepática própria e ducto hepático comum) e funcionam independentes. Os segmentos de I a IV são supridos por ramos esquerdos da tríade portal; de V a VIII pelos ramos direito. O lobo caudado forma o segmento I; o segmento IV é onde há a inserção do hilo hepático; o segmento V é onde está implantada a vesícula biliar. 1. Segmento caudado. 2. Teto do lobo esquerdo. 3. Base do lobo esquerdo. 4. Transição do lobo direito para esquerdo (dividido em a e b) – segmento que recebe o hilo hepático (dificilmente consegue remover). 5. Lobo abaixo do ligamento falciforme a direita – em contato com a vesícula biliar (segmento de implantação da vesícula biliar; cirurgia de drenagem da vesícula biliar se dará diretamente nesse segmento). 6. Porção mais lateral a direita do fígado inferior. 7. Canto superior direito. 8. Teto a direita. ▪ Com exceção do segmento 4, consegue-se ressecá- los individualmente. ANATOMICAMENTE o fígado é dividido em 4 segmentos: ➢ Segmento/ lobo direito (face diafragmática). ➢ Segmento/ lobo esquerdo (face diafragmática). ➢ Segmento anterior/ quadrado (face visceral). ➢ Segmento posterior/ caudado (face visceral) – divide a região do hilo hepático. A função digestória do fígado é de produzir a bile, a qual deve ser transportada para a vesicular biliar onde será armazenada. Os hepatócitos (origem dos ductos biliares) secretam a bile para os canalículos biliares (porção inicial do sistema de ductos biliares) que irá drenar para os ductos biliares interlobares e estes se unem formando os ductos hepáticos direito e esquerdo. Os ductos hepáticos direito e esquerdo drenam os respectivos lobos e unem-se para formar o ducto hepático comum, o qual se unira ao ducto cístico da vesícula biliar para formar a última porção do sistema de canais biliares, o ducto colédoco. Canalículos biliares → d. Biliares interlobares → d. Hepáticos D e E → d. Hepático comum → DHC + d. Cístico → d. Colédoco Júlia Rosendo Winkelmann O ducto colédoco tem vascularização arterial feita por ramos da artéria cística, hepática direita e pancreaticoduodenal; e drenagem venosa feita, predominantemente, pelas veias pancreaticoduodenais. Hepatócitos formam uma cadeia de drenagem vascular. Sangue que chega da veia porta vão se dirigir as veias supra-hepáticas (veia central), passando por um caminho intermeado de hepatócitos, nesse caminho ocorre a filtração. Veia porta tem pressão maior que a veia supra- hepática. A produção do conteúdo biliar se dará em fluxo reverso: no hepatócito começará a formar a bile que drenará em direção ao ducto biliar, o qual irá confluir em direção a região do hilo hepático e formará os canais biliares, a vesícula biliar (reservatório principal). Via biliar (ducto hepático comum e ducto colédoco). Arterial (todos ramos do tronco celíaco), ramos da: ➢ Artéria Cística ➢ Artéria hepática direita ➢ Artéria pancreaticoduodenal Venosa: Veias pancreaticoduodenais Cirrose – É o processo de inflamação crônica do fígado onde ele passa por um ciclo de inflamação e desinflamação até o momento em que a inflamação se torna irreversível. Isso causa aumento da pressão da passagem de fluidos sanguíneos por ele, levando a uma hipertensão portal. É fator de risco para hepatocarcinoma. Hipertensão Portal – É o aumento de pressão no sistema porta do fígado que leva a formação de varizes esofágicas inferiores, aranhas vasculares periumbilicais e sangramento digestivo baixo (hemorroidas internas). OBS: veia porta é a confluência da veia mesentérica superior e veia esplênica, ou seja, todo o sangue venoso das vísceras abdominais vai desembocar na veia porta, passando pelo filtro hepático, depois são enviadas as veias supra-hepáticas em direção a veia cava inferior. O aumento da pressão se repercutirá principalmente em seus ramos terminais, os quais são mais delicados, onde terá dilatação vascular, em razão disso terá a formação de varizes de esôfago ou de fundo gástrico e hemorragia digestiva baixa por hemorroidas no reto. Outra alteração é a recanalização da veia umbilical, onde as veias terão aumento de calibre formando as aranhas periumbilicais. Vesícula Biliar É onde a bile é armazenada, tem 7-10cm de comprimento, formato piriforme e capacidade para até 50ml de bile. Situada na fossa da vesícula biliar na face visceral do fígado e dividida em 3 partes: fundo, corpo e colo. Divisão anatômica: fundo, corpo, colo/ infundíbulo, ducto cístico (ducto de Luschka) e artéria cística. O fundo projetado a partir da margem inferior do fígado (ponta da 9ª cartilagem costal direita); corpo que faz contato com a face visceral do fígado, colo transverso e parte superior do duodeno; colo/ infundíbulo de formato estreito e afilado direcionado para a porta hepática, faz curva em S unindo-se ao ducto cístico. Júlia Rosendo Winkelmann O ducto cístico (de Luschka) possui 4cm de comprimento e faz ligação da vesícula biliar com o ducto hepático comum. Apresenta pregas espirais (válvulas de Heister) que auxiliam na manutenção do conteúdo biliar dentro da vesicular. Toda vez que tem processo digestório iniciado, se tem a absorção de nutrientes e a passagem e a filtragem deles pelo fígado. Dessa forma, continuamente temos a produção de bile, sais biliares e enzimas biliares, essas são liberadas nos canais biliares. Em jejum a papila de Vater se mantem fechada pela compressão do esfíncter de oddi, então o fígado segue produzindo a bile, aumentando o nível de bile dentro do colédoco. A bile será então desviada para a vesícula biliar através do ducto cístico, ocupando a vesícula biliar (armazenamento). Quando começa a ter presença de alimentos gordurosos na primeira porção do intestino delgado começa a ter estímulo de receptores e assim terá a produção de uma enzima/ hormônio, que é a colecistocinina. No esfíncter de oddi, a colecistocinina terá receptores, onde se ligará e causará o relaxamento do esfíncter (abertura do esfíncter e da papila). Em receptores da parede da vesícula biliar a colecistocinina terá efeito de contração muscular, dessa forma a parede da vesícula vai contrair e ejetar a bile armazenada no sistema biliar, como o esfíncter está aberto o conteúdo será enviado para a segunda porção do duodeno, começando a exposição das cadeias de ácidos graxos e a emulsificação da gordura.Ducto hepático direito e esquerdo unem-se e formam o ducto hepático comum, o qual a partir da sua confluência com o ducto da vesícula biliar (ducto cístico) passa a denominar-se ducto colédoco, este vai com os sais biliares em direção a segunda porção do duodeno, passando a papila de Vater (e esfíncter de oddi, o qual está presente na papila de vater). Posso ter presença de cálculo e tumor na papila de Vater/maior duodenal, e através do exame CPRE posso acessar essa região. = triangulo hepatocistico. Bordo hepático + ducto hepático + ducto cístico. Artéria cística sobre o triangulo de calot. Gânglio de drenagem linfática da vesícula biliar – gânglio de Mascagni. Abscesso subfrênico Cirurgia hepática – couinaud – cada segmento pode ser removido separadamente sem prejudicar o desenvolvimento do outro (exceção do segmento 4, pois recebe a tríade hepática). Ruptura hepática Hepatomegalia (aumento do fígado) Cirrose Hipertensão portal (consequência da cirrose) – aumento da pressão do sistema porta. Pode resultar em: ➢ Varizes de esôfago inferior. ➢ Aranhas vasculares periumbilicais. ➢ Sangramento digestivo baixo – hemorróidas internas. Júlia Rosendo Winkelmann Fisiologia do Sistema Digestório Princípios Gerais da Função Gastrointestinal Movimento do alimento. Secreção de sucos digestivos e digestão. Absorção. Circulação e transporte de substâncias absorvidas. Características da Parede Gastrintestinal A parede do trato GI (gastrintestinal) apresenta cinco camadas distintas. Da mais interna para a externa temos as camadas serosa, muscular lisa longitudinal, muscular lisa circular, submucosa e mucosa. As funções motoras intestinais são realizadas por ambas as camadas musculares lisas. Cada uma das camadas musculares lisa do trato GI atua como um sincício, ou seja, um potencial de ação desencadeado em qualquer parte da massa muscular se propaga para todas as direções da musculatura. Isso acontece porque fibras musculares lisas, dentro de cada feixe (longitudinal e ao redor do intestino), conectam-se eletricamente através de muitas junções comunicantes/abertas permitindo um movimento (com baixa resistência) de íons de uma célula para outra. Isso faz com que os sinais elétricos (iniciadores de contrações) se propaguem rapidamente de uma fibra para outra. Além disso, as camadas musculares fundem-se em vários pontos formando uma rede de modo que a excitação de uma camada pode excitar a outra. O m. Liso do trato GI é excitado por atividade elétrica intrínseca lenta e quase contínua ao longo das fibras musculares, e essa atividade se apresenta em dois tipos, as ondas lentas e os potenciais em ponta. São alterações ondulantes lentas no potencial de repouso da membrana (amplitude de 5-15mv) de causa desconhecida que determinam o ritmo das contrações GI. Não causam contração musculares na maior parte do trato GI (exceto estômago), e sim controlam aparecimento de potenciais em ponta intermitentes, os quais excitam a maior parte da contração muscular. Ondas lentas → rimo das contrações do GI e controle do aparecimento dos pot. Em ponta intermitentes São verdadeiros pot. De ação, ocorrem automaticamente quando o pot. De repouso da membrana fica mais positivo (de -60 a -40mv). Sempre que os picos das ondas lentas se elevam acima de -40mv há o surgimento dos pot. Em pico em cima destes, quanto maior a elevação mais frequente surgem os pot. Em pico (1-10 pontas/s). Os canais de cálcio-sódio presentes nas fibras musculares lisas do trato GI, durante os pot. Em ponta, permitem que uma grande quantidade de Ca++ e uma pequena de Na+ entre nas fibras, causando contração. Estes canais apresentam abertura lenta e por isso há uma longa duração nos pot. De ação. Onda lenta eleva ≥ -40mv → pot. Em pico → abertura lenta dos canais de Ca++/Na+ → entrada grande de Ca++ e pequena de Na+ → contração das f. M. Lisas Existem fatores que causam a despolarização (pot. De repouso da membrana menos negativo) e a hiperpolarização (pot. De repouso da membrana menos negativo) da membrana das fibras musculares a tornando mais excitável ou menos excitável, respectivamente. ➢ Fatores Despolarizantes: estiramento muscular; estimulação por acetilcolina, nervos parassimpáticos e hormônios gastrointestinais específicos; ➢ Fatores Hiperpolarizantes: efeito da norepinefrina/epinefrina sobre a membrana das fibras; estimulação de nervos simpáticos. Despolariza (-neg.) → fibras mais excitáveis Hiperpolariza (+neg.) → fibras menos excitáveis Júlia Rosendo Winkelmann Controle Natural da Função Gastrintestinal O trato GI tem um sistema nervoso próprio, o sistema nervoso entérico (SNE), localizado inteiramente na parede do intestino (do esôfago ao ânus) e faz o controle, principalmente, dos movimentos e secreções GI. O SNE é composto por dois plexos nervosos: ➢ Plexo Mioentérico (de Auerbach): situado na camada muscular que faz controle dos movimentos GI. Ao ser estimulado aumenta a contração tônica da parede intestinal, a intensidade das contrações rítmicas, ligeiramente a frequência do ritmo de contração e movimento das ondas peristálticas. ➢ Plexo Submucoso (de Meissner): situado na camada submucosa que controla secreção GI, absorção, contração e fluxo sanguíneo local. Fibras simpáticas e parassimpáticas fazem conexões entre ambos e, mesmo o SNE podendo funcionar sozinho, podem ativar/inibir as funções GI. Também há a presença de terminações nervosas sensitivas, originadas do epitélio GI, que emitem fibras aferentes em seu trajeto até o tronco cerebral para ambos os plexos, gânglios para vertebrais do SNAS, medula espinhal e nervos vagos (NC 10). Os neurônios do SNE fazem a secreção de alguns neurotransmissores: acetilcolina (quase sempre excitatório), norepinefrina e epinefrina (quase sempre inibitórios), ATP, serotonina, dopamina, colecistocinina, substância P, peptídeo intestinal vasoativo, somatostatina, leu-encefalina, met- encefalina, bombestina. É responsável pelo aumento da atividade do SNE e se divide em cranial e sacral As fibras parassimpáticas craniais são levadas pelo nervo vago (NC 10), inervando esôfago, estômago, pâncreas e ligeiramente em menor grau o intestino (até metade do intestino grosso). As fibras parassimpáticas sacrais são levadas pelos nervos pélvicos, inervando a metade distal do intestino grosso até o ânus. A presença de neurônios pós-ganglionares do SNAP nos plexos mioentérico e submucoso provoca o aumento geral da atividade de todo o SNE e intensificação das funções GI quando estimulados. É responsável pela inibição da atividade do trato GI. As fibras simpáticas são originadas na medula espinhal entre os seguimentos T4 e L2 os quais saem da medula e, a maior parte, entre nas cadeias simpáticas indo até os gânglios mais distantes (celíaco e diversos mesentéricos). As terminações simpáticas fazem secreção de norepinefrina que faz inibição da atividade do trato GI, produzindo efeitos oposto ao do SNAP. Uma forte estimulação simpática pode bloquear a movimentação do alimento pelo trato GI. Existem 3 tipos de reflexos GI essenciais para controle GI devido à disposição anatômica do SNE e suas conexões com SNAP e SNAS. 1. Reflexos completamente integrados na parede intestinal do SNE (controle de secreção GI, peristaltismo, efeitos inibitórios locais); 2. Reflexos do intestino para gânglios simpáticos pré- vertebrais que retornam ao trato GI (reflexo gastrocólico, enterogástricos, colonoileal); 3. Reflexos do intestino para a medula espinhal, ou tronco cerebral, que retornam ao trato GI (controle de atividade gástrica, motora e secreto, reflexos de dor e reflexos de defecação). Os hormônios GI, liberados na circulação porta, exercem ações fisiológicas em células-alvo. Colecistocinina(CCK): secretada por células I da mucosa duodenal e jejunal em resposta a presença de alimentos no duodeno, aumenta a contratilidade da vesícula biliar para expelir bile para o intestino e retarda o esvaziamento do alimento do estomago. Secretina: secretada por células S da mucosa duodenal em resposta a presença de alimentos altamente ácidos no intestino delgado, inibe a motilidade da maior parte do trato GI. Peptídeo Inibidor Gástrico (GIP): secretado pela mucosa superior do intestino delgado em resposta a presença de ácidos graxos, aminoácidos e carboidratos (em menor grau), diminui levemente a atividade motora do estômago. Gastrina: secretada por células G do antro do estômago em resposta a estímulos associados à ingestão alimentar, estimula a secreção gástrica de ácido e o crescimento da mucosa gástrica. Motilina: secretada pelo estômago e duodeno superior durante o jejum, aumenta a motilidade GI. Júlia Rosendo Winkelmann Movimentos no Trato Gastrintestinal É o movimento propulsivo básico do trato GI. A distensão do intestino (estiramento da parede intestinal) pela presença de alimento estimula o SNE a contrair a parede intestinal, 2-3cm acima desse ponto, causando o aparecimento de um anel contrátil no m. Circular do intestino que se propaga ao longo do tubo desencadeando o mov. Peristáltico. O peristaltismo efetivo exige a presença do plexo mioentérico (o peristaltismo ocorre fracamente, ou nem ocorre, em casos de ausência congênita desse plexo). Pode ocorrer em ambas as direções (oral e anal) a partir do ponto estimulado, em condições normais desaparece rapidamente na direção oral. O movimento de peristaltismo normal obedece a lei do intestino, na qual o anel contrátil, provocador do peristaltismo, surge no lado oral do segmento e empurra o conteúdo intestinal 5-10cm em direção anal antes de desaparecer. Ao mesmo tempo que isso acontece, o intestino faz relaxamento receptivo, onde ele relaxa vários centímetros distalmente para facilitar a propulsão do alimento. Presença de alimento → estiramento da parede intestinal → estimula SNE → estimula plexo mioentérico → anel contrátil 2-3cm acima do alimento + relaxamento receptivo → propulsão 5-10cm → anel contrátil desaparece São diferentes conforme a parte do tubo alimentar. Em partes onde o conteúdo intestinal é bloqueado por esfíncter, o peristaltismo faz a maior parte da mistura em vez de propelir distalmente o alimento. Em alguns locais ocorrem contrações constritivas intermitentes locais de 5-30s de duração a cada poucos centímetros que atuam cortando e triturando o conteúdo intestinal. Fluxo Sanguíneo Gastrintestinal Os vasos sanguíneos do sistema GI fazem parte da circulação esplâncnica, um sistema mais extenso que inclui fluxo sanguíneo do intestino, baço, pâncreas e fígado. O sangue fui pelo intestino, baço e pâncreas e passa, através da veia porta, imediatamente para fígado onde o sangue atravessa milhões de sinusoides hepáticos e sai do fígado através veias hepáticas que drenam para a veia cava inferior, voltando para a circulação geral. Sangue flui pelo intestino, baço e pâncreas → v. Porta → fígado → s. Hepáticos → v. Hepáticas → VCI → circulação geral Esse fluxo secundário pelo fígado permite que as células reticulo-endoteliais dos sinusóides hepáticos removam bactérias e partículas potencialmente nocivas que possam ter penetrado na corrente sanguínea a partir do trato GI. Júlia Rosendo Winkelmann Em condições normais o FS em cada área e camada do trato GI está diretamente relacionado ao nível de atividade local. Atv. Secretora, motora e absortiva↑ → FS↑ 1. Substâncias vasodilatadoras liberadas pela mucosa GI durante o processo digestivo (CCK, GIP, gastrina e secretina); 2. Glândulas GI liberam na parede intestinal cininas vasodilatadoras (calidina e bradicinina); 3. Redução da concentração de O2 na parede intestinal. O fluxo arterial (entra) e o venoso (sai) dos vilos correm em direções opostas fazendo com que grande parte do O2 das arteríolas se difunda para as vênulas adjacentes sem ter sido transportados para as pontas das vilosidades. Em condições normais, não é prejudicial para as vilosidades. Em condições patológicas quando o FS sanguíneo fica acentuadamente diminuído (choque hipovolêmico), o déficit de O2 nas pontas fica pronunciado podendo levar a morte isquêmica e desintegração das vilosidades. Júlia Rosendo Winkelmann Fisiologia do Sistema Digestório Propulsão e Mistura dos Alimentos O alimento deve permanecer durante certo tempo em cada parte do trato digestivo para que seu processamento ocorra de maneira mais otimizada. Ingestão do Alimento É onde o processo de ingestão do alimento começa. Durante a mastigação os alimentos são mastigados e reduzidos a pedaços bem pequenos pela ação dos dentes e da língua. Os dentes apresentam uma forte ação de corte e trituração dos alimentos; com a ação dos músculos da mandíbula trabalhando simultaneamente, os dentes conseguem ter força de cerca de 25kg nos incisivos e 90kg nos molares. 32 dentes ➢ 8 incisivos: corte ➢ 4 caninos: rasgar ➢ 8 pré-molares: triturar ➢ 12 molares: triturar e mastigar O contato do alimento triturado com a saliva produzida pelas glândulas salivares facilita sua passagem pelo tubo digestivo. Os alimentos são mastigados e reduzidos a pedaços bem pequenos, com o auxílio dos dentes e da língua. Os músculos da mastigação são inervados por ramos do nervo trigêmeo (NC 5) e, assim como o processo da mastigação, são controlados por núcleos do tronco cerebral. Músculos: Temporal, Masseter, Pterigoideo medial e Pterigoideo lateral. Grande parte do processo de mastigação é produzido pelo reflexo mastigatório. O reflexo mastigatório atua da seguinte forma: presença de alimento na boca causa inibição reflexo dos m. Da mastigação, isso faz com que a mandíbula caia (abra), causando um reflexo de estiramento nos m. Da mandíbula resultando em um efeito rebote que eleva a mandíbula, fechando a boca e comprimento o bolo alimentar o que vai fazer com que o reflexo aconteça novamente. Alimento na boca → inib. dos m. da mastigação → mandíbula cai → estiramento dos m. da mandíbula → efeito rebote → mandíbula eleva → comprime alimento → reflexo repete-se A mastigação é importante pois transforma o alimento em pequenas partículas que evitam escoriação do trato gastrointestinal e colaboram para o aumento da superfície de contato do alimento com enzimas digestivas. Facilita o trajeto do alimento do estomago para o intestino. Após a mastigação e a salivação forma-se o bolo alimentar ser formado ele é deglutido. 1. Inibição do músculo da mastigação 2. Presença do bolo alimentar na boca 3. Reflexo mastigatório 4. Mandíbula cai 5. Estiramento dos músculos da mandíbula e uma contração de rebote 6. Mandíbula se eleva e fecha os dentes Júlia Rosendo Winkelmann É um mecanismo complicado pois, na maior parte do tempo, a faringe atua na respiração; ela se transforma por alguns segundos em um trato para a propulsão do alimento. – inicia o processo de deglutição; o alimento está pronto para ser deglutido e é empurrado/comprimido posteriormente da boca para a faringe. Fase Faríngea Passagem do alimento da faringe até o esôfago. Ao penetrar na parte posterior da boca e da faringe o bolo alimentar estimula as áreas receptoras epiteliais da deglutição que origina impulsos que vão ao tronco cerebral e desencadeiam contrações musculares automáticas. Bolo alimentar na faringe → estímulo das a. Receptoras epiteliais da deglutição → impulsos para o tronco cerebral → contrações musculares O palato mole é empurrado para cima fechando a parte posterior nas narinas, impedindo refluxo alimentar paradentro da cavidade nasal. As pregas palatofaríngeas são empurradas medialmente impedindo a passagem de grandes objetos (tem duração de cerca de 1 segundo). As cordas vocais da laringe se aproximam, e a laringe é puxada supero-anteriormente pelos m. Do pescoço. Os ligamentos da epiglote fazem com que ela se dobre posteriormente sobre a abertura da faringe, impedindo que o alimento entre na traqueia. Quando a laringe sobe a abertura superior do esôfago/esfíncter esofágico superior (esfíncter faringoesofágico) relaxa permitindo que o alimento se mova com facilidade da faringe para a parte superior do esôfago. O relaxamento do esfíncter faringoesofágico faz com que um onda peristáltica de contração se propague da parte superior da faringe para baixo, propelindo o alimento para o esôfago. Contração muscular → palato mole empurrado para cima → pregas palatofaríngeas aproximam → cordas vocais da laringe aproximam, laringe puxada supero-anteriormente → epiglote se dobra sobre abertura da laringe → esfíncter esofágico superior relaxa → onda peristáltica rápida na faringe → alimento propelido para o esôfago. Traqueia fecha → esôfago abre → onda peristáltica rápida na faringe → alimento propelido para o esôfago Toda a fase faríngea da deglutição ocorre em menos de 2 segundos nos quais as funções respiratórias são interrompidas. O centro da deglutição, quando ativado, inibe o centro respiratório no bulbo durante esse período de duração. Fase Esofágica Passagem do alimento para o estômago. O esôfago tem a função de conduzir rapidamente o alimento da faringe para o estômago e apresenta dois tipos de peristaltismo. O peristaltismo primário é a continuação da onda peristáltica da faringe que tem duração de 8- 10 segundos. Em uma pessoa ereta, o alimento é transferido para a porção inferior do esôfago mais rápido que a duração da onda (de 5-8s). Quando a onda peristáltica primaria não movimenta todo o alimento do esôfago para o estômago, surge o peristaltismo secundário o qual provoca ondas peristálticas secundárias as quais ondas distendem o esôfago eliminando o que está nele retido, e continuam até todo alimento chegar ao estômago. Conforme a onda peristáltica esofágica se propaga para o estômago, os neurônios inibidores mioentéricos transmitem uma onda de relaxamento que precede o peristaltismo, causando relaxamento estomacal e duodenal em menor grau, preparando-os para receber o alimento. Conforme a onda peristáltica da deglutição se propaga pelo esôfago, há o relaxamento do esfíncter esofágico inferior (esfíncter gastroesofágico), permitindo a propulsão do alimento para o estômago. Júlia Rosendo Winkelmann A porção curta do esôfago, imediatamente abaixo do diafragma, tem um mecanismo do tipo valvular que impede que a elevada pressão intra-abdominal cause refluxo gastroesofágico. Funções Motoras do Estômago Do ponto de vista fisiológico, o estômago pode ser divido em porção oral, compreendendo os 2/3 do corpo, e porção caudal incluindo o restando do corpo e antro; e tem 3 funções motoras: ➢ Armazenamento de grande quantidade de alimento. ➢ Misturar com secreções gástricas, formar o “quimo”. ➢ Esvaziar lentamente, compatível com digestão. O alimento forma círculos concêntricos na porção estomacal oral, à medida que penetra seu interior, de modo que o alimento mais recente se encontra mais próximo da abertura esofágica e o mais tardio mais próximo da parede gástrica. Quando o alimento penetra no estômago há um “reflexo vagovagal” (do estômago para o tronco cerebral e de volta para o estômago) que reduz o tônus muscular do corpo estomacal, distendendo sua parede para fora progressivamente para acomodar mais alimentos até atingir seu limite (1 - 1,5 litros). Armazena de 0,8 a 1,5L. Alimento no estômago → reflexo vagovagal → tônus muscular↓ → parede estomacal distende → limite 1-,15L É feita uma mistura e propulsão do alimento com secreções gástricas até formar o quimo (mistura semilíquida). Os sucos digestivos (secretados por glândulas gástricas) entrem imediatamente em contato com a porção de alimento que está em contato com a mucosa estomacal; e, enquanto existir alimento no estômago, surgem ondas constritoras peristálticas fracas (ondas de mistura) na porção média da parede gástrica direcionadas ao antro numa frequência 1 onda a cada 15-20s. As ondas de mistura tornam-se mais intensas à medida que progridem pelo corpo estomacal e, as extremamente fortes, formam anéis constritores peristálticos os quais propelem, com pressão cada vez mais elevada, o conteúdo antral em direção ao piloro. Os anéis constritivos também fazem mistura do alimento. A cada onda peristáltica apenas alguns mililitros de quimo são propelidos para o duodeno pelo fato de a abertura pilórica ser pequena e do m. Pilórico se contrair; grande parte do conteúdo antral pressionado pelo anel constritivo sofre retropropulsão voltando para o estômago causando uma forma de mistura. Suco digestivo + alimento → onda constritora fracas 1 a cada 15-20s → intensificam → anéis constritores peristálticos → propulsão do conteúdo antral para piloro → piloro contraído → retropropulsão para o estomago → mistura Também existe as contrações peristálticas de fome que ocorrem quando o estômago fica vazio por várias horas. Júlia Rosendo Winkelmann Ocorre lentamente, onde o quimo passa do estômago para o intestino delgado (ID) numa vazão compatível com a digestão e absorção adequada do ID. É promovido por intensas contrações peristálticas antrais (bomba pilórica) e, ao mesmo tempo, controlado por graus variados de constrição do esfíncter pilórico o qual evita passagem de particulares alimentares que não foram misturadas ao quimo em consistência semilíquida. A atividade da bomba pilórica é acentuada por reflexos mioentéricos causados pela distensão da parede gástrica e pela presença de gastrina. O duodeno tem uma série de sinais de feedback inibitórios (reflexos nervosos enterogástricos e feedback hormonal da colecistocinina – CCK) que controlam o esvaziamento gástrico Os reflexos nervosos enterogástricos da parede duodenal são transmitidos ao estômago para diminuir/interromper o esvaziamento gástrico quando: 1. Volume do quimo no duodeno está elevado; 2. Quimo excessivamente ácido; 3. Quimo hipo ou hipertônico; 4. Quimo contendo proteínas e/ou gorduras não processadas. O feedback hormonal da CCK atua bloqueando o aumento da motilidade gástrica provocada pela gastrina Esfíncter pilórico. Retropulsão: contração do piloro. Quimo: mistura semilíquida a pastosa. Musculatura 50% a 100% maior. Fatores gástricos que promovem o esvaziamento gástrico: Volume alimentar. Hormônio gastrina. Fatores duodenais na inibição do esvaziamento gástrico: Grau de distensão do duodeno. Irritação da mucosa duodenal. Grau de acidez do quimo. Grau de osmolalidade do quimo. Proteínas e gorduras. Colecistocinina. Hormônios Gastrointestinais: Cinco principais hormônios: ➢ Secretina ➢ Gastrina ➢ Colecistocinina ➢ Peptídeo gástrico inibitório ➢ Motilina Liberados na circulação Porta. Ação fisiológica em células Alvo glandulares do intestino e estomago. Distensão da p. Gástrica → reflexo mioentérico e gastrina → atividade da bomba pilórica↑ → esvaziamento lento Vol. Acidez, hipo/hiper tonicidade, presença de prot. E gord. No quimo duodenal → reflexos nervosos enterogástricos → diminuição/interrupção do esvaziamento gástrico CCK → bloqueia motilidade gástrica Gastrite Crônica formando atrofia da mucosa gástrica com acloridria; diminuição do fator intrínseco e com isso diminuição da absorção da vitamina B12, causando anemia macrocítica no paciente e sendo uma patologia chamadaAnemia Perniciosa. Júlia Rosendo Winkelmann Cura da diabete, através desta cirurgia: ➢ Paciente começa a ter glicemia normal, pois a enzima GLP 1 vai aumentar a secreção de insulina, a síntese de insulina, a proliferação de células beta e vai diminuir a apoptose de células beta e a produção de glucagon. A estimulação do GLP 1 se dá quando se “joga” alimento direto no jejuno. Movimentos do Intestino Delgado Todos os movimentos do ID (intestino delgado) produzem algum grau de mistura e propulsão. As musculaturas lisas longitudinal e circular são conectadas por junções tipo GAP, as quais produzem ondas lentas e potenciais de pico para fazer o peristaltismo. Fatores que despolarizam (causam a contração dessa musculatura): ➢ Distensão do músculo ➢ Estímulo pela acetilcolina ➢ Estímulo parassimpático ➢ Estímulo por hormônios gastrointestinais Fatores que polarizam (relaxam a musculatura): ➢ Efeito Norepinefrina ➢ Estímulo dos nervos simpáticos Se dá pelo sistema nervoso próprio, o “sistema nervoso entérico”, onde se tem 2 plexos: ➢ Plexo mioentérico “Auerbach” – perto da camada muscular: ▪ Aumenta o tônus da parede do intestino. ▪ Aumenta intensidade da contração rítmica. ▪ Aumento da taxa de contração. ▪ Aumento da taxa de condução. ▪ Inibir o esfíncter Pilórico, Válvula ileocecal e Esfíncter esofágico inferior. ➢ Plexo submucoso “Meissner” – perto da mucosa: ▪ Controla a secreção gastrointestinal. ▪ Controla absorção local. ▪ Contração local do musculo submucoso. Sistema Parassimpático Craniano: Nervo Vago ➢ Inerva: esôfago, estomago, intestino delgado, pâncreas e a primeira porção do intestino grosso. ➢ Aumenta a atividade das funções gastrointestinais. Sistema Simpático: ➢ Através do gânglio celíaco, inerva todo o trato gastrointestinal. ➢ Mediador: norepinefrina. ➢ Inibe a atividade das funções gastrointestinais. Reflexos Gatrointestinais Reflexos que ocorrem inteiramente no sistema nervoso entérico. Reflexo do intestino para os gânglios simpáticos e que voltam para o intestino: reflexo gastrocólico, reflexo enterogástrico e reflexo colonoileal. Reflexo do intestino para medula espinhal ou para tronco cerebral: reflexos provenientes do estomago e duodeno para o tronco cerebral através do Vago controlando atividade motora e secretora gástrica; reflexo de dor inibição geral; reflexo de defecção chegam a medula causam contrações do cólon. Contrações de mistura – reflexos pouco espaçados, que não causam propulsão do alimento. Contrações de propulsão – contração acranial, dilatação a caudal, fazendo com que o alimento vá para frente. 1cm/min. Leva de 3 a 5 horas do piloro até a válvula ileocecal. Júlia Rosendo Winkelmann Intensificam a motilidade: ➢ Gastrina ➢ Colecistocinina ➢ Insulina ➢ Motilina Inibem a motilidade: ➢ Secretina ➢ Glucagon Quando chega ao final do íleo: Esfíncter = válvula ileocecal Feedback do Esfíncter Ileocecal: ➢ Distensão do Ceco –> contração do esfíncter –> inibe o peristaltismo ileal. ➢ Irritação do Ceco –> retarda esvaziamento do quimo. ➢ Plexo mioentérico –> nervos autônomos extrínsecos –> gânglios simpáticos –> inibem a motilidade. O estriamento de uma porção da parede intestinal pelo quimo excita o plexo nervoso mioentérico que desencadeia contrações concêntricas localizadas e espaçadas ao longo do intestino as quais causam a segmentação dele e, por consequência, a fragmentação do quimo 2-3 vezes por minuto e o misturando com secreções do ID. Estiramento par. Intestinal → excitação do pl. Mioentérico → contr. Concêntricas localizadas e espaçadas → segmentação do ID → fragmentação e mistura do quimo com secreções do ID O quimo no ID demora de 3-5h para ir do piloro a válvula ileocecal, sendo impulsionado por ondas peristálticas (ocorrem em qualquer parte do ID e deslocam-se em direção anal) as quais também o distribuem ao longo da mucosa intestinal. A atividade peristáltica é muito intensa pós refeição por causa da chegada do quimo ao duodeno e pelo reflexo gastroentérico desencadeado pela distensão do estômago. Alguns hormônios intensificam a motilidade do ID (gastrina, CCK, insula, motilina serotonina) enquanto outros inibem (secretina e glucagon). O quimo pode ser bloqueado por várias horas ao atingir a válvula ileocecal até a pessoa fazer outra refeição, causando reflexo gastroileal onde o peristaltismo no íleo é intensificado e o quimo forçado pela válvula em direção ao ceco do intestino grosso (IG). Quando a mucosa intestinal é intensamente irritada (casos graves de diarreia infecciosa) surgem descargas peristálticas onde o peristaltismo é forte e rápido, empurrando conteúdo intestinal para o cólon e aliviando o ID do quimo irritativo e da distensão excessiva. Sua principal função é impedir refluxo de conteúdo fecal do cólon para o ID. A parede do íleo, vários centímetros antes da válvula, apresenta o esfíncter ileocecal (musculatura espessa) que em condições normais permanece contraído diminuindo a velocidade de esvaziamento ileal para o ceco, exceto após refeições quando o reflexo gastroileal intensifica o peristaltismo propelindo o conteúdo do íleo ao ceco. O grau de contração do esfíncter e a intensidade do peristaltismo do íleo terminal são controlados por feedback do esfíncter ileocecal, onde reflexos originados no ceco, distensão/irritação, causam contração intensificada do esfíncter e inibição do peristaltismo ileal. Ceco distendido/irritado → contração do esfíncter intensifica e peristaltismo ileal inibe Júlia Rosendo Winkelmann Movimentos do Cólon O cólon faz absorção de água e eletrólitos formando fezes sólidas (metade proximal) e armazenando matéria fecal até essa ser expelida (metade distal). Os movimentos do cólon são normalmente muito lentos (movimentos intensos não são necessários para essas funções) porém semelhantes aos do ID. Função do cólon: ➢ Absorção e propulsão do alimento digerido. ➢ Digestão de carboidratos e resíduos proteicos. ➢ Secreção de muco. Fluído ileal, onde vai ter retenção e mistura. Ondas antiperistálticas que se movem do transverso para o ceco – para ajudar no processo de digestão. Permite o metabolismo aeróbico e anaeróbico de resíduos (resíduos de carboidratos e proteínas) para a posterior absorção no cólon mais distal. Regulação do volume de fluido intraluminal por meio da absorção de água e sódio. Função principal: conduto entre cólon proximal e distal, papel importante na absorção de sódio e água. Responsável pela modulação final do conteúdo intraluminal antes do processo de evacuação. Reservatório de fezes. Participa como um mecanismo da continência anal. São movimentos de mistura semelhantes a segmentação do ID. As contrações combinadas de faixas circulares e longitudinais (tênias cólicas) de músculo inflam em haustrulações (sacos) as porções não estimuladas do IG, fazendo com que o material do IG seja lentamente revolvido e, de forma gradual, exposto à mucosa para que seus líquidos e substâncias dissolvidas sejam absorvidas. O quimo demora 8-15h para deslocar-se da válvula ileocecal ao cólon transverso, neste período ele adquire qualidade fecal tornando-se semissólida, e grande parte da propulsão no ceco e cólon ascendente é resultado das contrações haustrais lentas e persistentes. Os mov. De massa acontecem 3 vezes ao dia e assumem função propulsiva do cólon transverso ao sigmoide. Essa função propulsiva é um tipo de peristaltismo modificado onde: 1. Surge um anel constritivo em resposta à distensão/irritação do cólon transverso (geralmente); 2. As haustrações desaparecem 20cm distalmente ao anel e o cólon contrai-se como um todo; 3. Há o impulsionamento do material fecal (em massa)em direção ao reto. Distensão/irritação cólica → anel constritivo → haustrações distais ao anel desaparecem → contração do cólon como um todo → impulsionamento fecal em direção ao reto Quanto mais tempo as fezes ficarem retidas no reto, vai ter mais absorção de água, tornando as fezes mais endurecidas. Quando se tem um aumento da motilidade, desencadeada, por exemplo, um processo infeccioso, vai gerar diarreia, pois não se terá um período de armazenamento na região retal. A existência do fraco esfíncter funcional 20cm do reto (junção entre cólon sigmoide e reto) faz com que na maior parte do tempo o reto não tenha fezes. Júlia Rosendo Winkelmann O mov. de massa força as fazes para o reto causando um reflexo intrínseco, onde a distensão da parede retal desencadeia sinais aferentes pelo plexo mioentérico causando ondas peristálticas nos cólons descendente, sigmoide e reto as quais forçam as fezes para o ânus. À medida que a onda peristáltica se aproxima do ânus, o esfíncter anal interno (m. liso e involuntário) relaxa e se o esfíncter anal externo (m. estriado esquelético controlado por fibras nervosas do n. pudendo, voluntário) estiver voluntariamente e conscientemente relaxado, ocorre a defecação. A constrição tônica dos esfíncteres anais interno e externo impedem a passagem de material fecal pelo ânus. Mov. De massa → fezes no reto → distensão da par. Retal → plexo mioentérico → ondas peristálticas nos c. Descendente, sigmoide e reto → fezes no ânus → relaxamentos dos esfíncteres anais → defecação Componente muscular do mecanismo de continência pode ser estratificado em 3 grupos funcionais – estruturas e musculaturas que ajudam na não perda de fezes: ➢ Compressão lateral do pubococcígeno. ➢ Fechamento circunferencial pelo esfíncter anal interno e pelo externo. ➢ Angulação pelos puborretais. O mecanismo de continência automática é formado pelo tônus de repouso, mantido pelo esfíncter anal interno, e acentuado pelas atividades contráteis reflexas voluntárias e de repouso de esfíncter anal externo. Em resposta às condições de continência ameaçada, como pressão abdominal aumentada e distensão retal, os músculos esfíncter anal externo e puborretais contraem-se de forma reflexa e voluntária para evitar a saída das fezes. A continência fecal é mantida pela integridade estrutural e funcional da unidade neuromuscular anorretal e do assoalho pélvico. Outros reflexos autonômicos que afetam a atividade intestinal ▪ Reflexo peritoneo intestinal – quadros associados de peritonite do íleo paralítico. ▪ Reflexo renointestinais e vesicointestinais – infecção urinária. ▪ Reflexo somaintestinal – estímulo cutâneo da pele do abdome. Júlia Rosendo Winkelmann Fisiologia do Sistema Digestório Função Secretora do Trato Alimentar As glândulas secretoras do trato gastrintestinal (TGI) fazem, em 1º lugar, secreção de enzimas digestivas da boca até porção distal do íleo e, em 2º lugar, secreção de muco (gl. Mucosas) protetor e lubrificante em todas as partes do trato alimentar (da boca ao ânus). A secreção digestiva só é formada (maior parte) em resposta a presença de alimento no tubo digestivo e em quantidade certa para boa digestão. Secreção Salivar e Esofágica A secreção diária de saliva é de 800-1.500ml, sendo feita, principalmente pelas glândulas parótidas (sec. Serosa), submandibulares e sublinguais (sec. Serosas e mucosa), além de inúmeras gl. Bucais pequenas. Na saliva há dois tipos principais de secreção proteica: enzima ptialina (α-amilase, sec. Serosa) para digestão de amido e mucina (sec. Mucosa) para lubrificação e proteção das superfícies. A secreção esofágica é de caráter totalmente mucoso proporcionando lubrificação para o processo de deglutição, proteção contra escoriações da mucosa pelos alimentos (porção sup. Do esôfago) e proteção contra digestão pelos sucos gástricos (porção inf. Do esôfago). Secreção Gástrica A mucosa gástrica apresenta dois tipos de gl. Tubulares importantes as oxínticas (gástricas) e pilóricas. As gl. Oxínticas (formadoras de ácido), localizadas no corpo e fundo do estômago, são compostas por cél. da mucosa do cólon, peptídicas (principais) e parietais (oxínticas), secretam ácido clorídrico (hcl), pepsinogênio, fator intrínseco e muco. As gl. Pilóricas (formadoras de muco), localizadas no antro estomacal, secretam muco, pepsinogênio (pouco) e gastrina. O muco faz proteção da mucosa pilórica contra ácido gástrico; gastrina é o hormônio regulador da secreção gástrica. A sec. Gástrica é regulada diretamente por neurotransmissores e hormônios básicos. ➢ Acetilcolina (estimulação parassimpática): estimula a secreção de todos os tipos celulares das gl. Gástricas, ou seja, aumenta: secreção de Pepsinogênio (cél. Péptica), acido clorídrico (cél. Parietal), muco (cél da mucosa). ➢ Gastrina e Histamina (estimulação forte): estimulam/ aumentam acentuadamente a secreção de ácido pelas cél. Parietais, exercendo pouco efeito nas outras. Secreção do fator intrínseco pelas células parietais: fator intrínseco vai se ligar a vitamina B12 e serão absorvidas no íleo. Células Mucosas Superficiais: produzem pouco pepsinogênio, bastante muco e hormônio gastrina. O HCL é secretado somente pelas cél. Parietais e sua intensidade de formação e secreção é diretamente regulada pela quantidade de histamina. A presença de alimento contendo proteínas na região antral do estômago estimula as gl. Pilóricas a secretarem gastrina no suco digestório estomacal. A mistura de suco gástrico e gastrina entra em contato com as cél. Secretoras de histamina (cél. Enterocromafim) causando a liberação desta, que estimula rapidamente a secreção gástrica de hcl. Júlia Rosendo Winkelmann Glândulas pilóricas – secreção de muco e gastrina: Grande concentração de células mucosas do cólon. Menor concentração de células pépticas (ou principais) Menor ainda concentração de células parietais (oxínticas). Produzem pouco pepsinogênio, bastante muco e hormônio gastrina Alimento proteico no antro → gl. Pilóricas estimuladas → gastrina secretada → gastrina + suco gástrico → histamina secretada → estimula secreção/formação gástrica de hcl Ativação do Pepsinogênio: pepsinogênio + ácido clorídrico, gera a pepsina ativa (enzima proteolítica). O pepsinogênio, precursor da enzima pepsina (hidrolisa proteínas), tem secreção em reposta a estimulação das cél. Peptídicas por acetilcolina e pela presença de ácido no estômago; inicialmente, ele não exerce atividade digestiva até entrar em contato com hcl que proporciona ph ótimo (1,8- 3,5) para sua atuação. O mecanismo feedback por excesso de acidez do suco gástrico atua protegendo o estômago contra excesso de acidez e concentração de pepsina (contra ulceração péptica) e na manutenção do ph ótimo (±3,0) para atuação das enzimas pépticas. Esse mecanismo faz o bloqueio do mecanismo da gastrina quando o ph dos sucos gástricos está muito ácido (<3,0), causando diminuição da acidez e inibição da sec. Gástrica. Ocorre quando o alimento está sendo ingerido (antes de chegar ao estômago) e é resultante de sinais neurogênicos originários do córtex cerebral, centros de apetite da amigdala e/ou hipotálamo os quais vão ao estômago pelo nervo vago (NC 10) estimulando 20% da secreção gástrica. Sinal neurogênico → NC 10 → estômago → 20% da sec. Gástrica. O alimento ao chegar no estômago excita reflexos vagovagais longos, entéricos locais e o mecanismo da gastrina, estimulando cerca de 70% da secreção de suco gástrico por várias horas. Alimento no estômago → reflexos → 70% da sec. Gástrica O alimento presente na porção superior do intestino delgado (duodeno) estimula secreção de pequenas quantidadesde suco gástrico pelo estômago. O quimo intestinal estimula a secreção gástrica na fase intestinal, porém inibe na fase gástrica com intuito de retardar a liberação do quimo para o intestino quando este já está cheio ou hiperativo. A inibição é feita por: 1. Presença de alimento no ID desencadeando reflexo enterogástricos inverso; 2. Presença de ácido, gordura, proteínas degradadas, líquidos hiper/hiposmóticos e irritação da mucosa duodenal causando liberação de hormônios intestinais (secretina, GIP, somatostatina, polipeptídio intestinal vasoativo) inibidores da sec. Gástrica. Júlia Rosendo Winkelmann Secreção Pancreática É uma glândula mista (exócrina e endócrina). Exócrino: células acinares – suco pancreático. Endócrino: ilhotas de Langerhans – insulina e glucagon. Pâncreas Exócrino Células acinares secretam o suco pancreático – enzimas digestivas e íons bicarbonato; ➢ Digerem proteínas: tripsina (enzima + abundante), quimotripsina e carboxipolipeptidase ➢ Digerem carboidratos: amilase ➢ Digerem gorduras ou lipídios: lipase ➢ Íons bicarbonato: neutralizam o ácido clorídrico liberado no duodeno pelo estômago. Suco pancreático vai pelos ductos pancreáticos principal e acessório para o duodeno; Nos ácinos pancreáticos as enzimas encontram-se na forma inativa; São ativadas após serem secretadas no lúmen intestinal (duodeno); Enzimas inativas e inibidor da tripsina (no pâncreas) impedem autodigestão do pâncreas; Pâncreas Endócrino Ilhotas de Langerhans – secretam hormônios no sangue – insulina e glucagon; Ilhotas ficam em torno de vasos capilares Constituídas por 3 células: ➢ Beta (60%): insulina ➢ Alfa (25%): glucagon ➢ Delta (10%): somatostatina ➢ PP: polipeptídeo pancreático – função incerta Insulina: ➢ Secretada quando chegam alimentos energéticos da dieta no intestino; ➢ Capta glicose para células de quase todos os tecidos do corpo e utiliza para produzir energia; ➢ Armazena o excesso de energia sob a forma de glicogênio no fígado e nos músculos; ➢ Excesso de carboidratos que não vira glicogênio é convertido em gordura no tecido adiposo; ➢ Promove captação de aminoácidos e converte em proteínas; ➢ No cérebro a glicose é a principal fonte de energia, mas não é captada pela insulina. Glucagon: ➢ Hormônio secretado quando cai o nível da glicemia; ➢ Degrada o glicogênio hepático (glicogenólise), aumentando o nível da glicemia; ➢ Capta aminoácidos e converte em glicose (gliconeogênese); ➢ Provoca lipólise e disponibiliza ácidos graxos para serem usados como energia; ➢ O aumento da glicose no sangue inibe a secreção de glucagon; Consiste na secreção de enzimas digestivas e íons bicarbonato (HCO3-) pelos ácinos pancreáticos (função exócrina), as quais combinadas formam o suco pancreático que fluem ao longo do ducto de Wirsung até desembocarem na papila de Vater no duodeno. A secreção em grande quantidade de suco pancreático é em resposta à presença do quimo nas porções superiores do intestino delgado (duodeno). As características do suco pancreático são determinadas, em certo grau, pelo tipo de alimento contido o quimo. Júlia Rosendo Winkelmann A secreção pancreática contém enzimas para digerir os três tipos principais de alimentos: proteínas, carboidratos e gordura. As enzimas proteolíticas mais importantes são a tripsina (mais abundante), quimiotripsina e carboxipolipeptidase; as duas primeiras quebram proteínas integrais em peptídeos de vários tamanhos e a última quebra peptídeos em aminoácidos isolados. Os carboidratos são digeridos pela amilase pancreática que hidrolisa amido, glicogênio e maior parte dos carboidratos (exceção da celulose). A digestão de gorduras é feita pela lipase pancreática (hidrolisa gorduras neutras), colesterol-esterase (hidrolisa ésteres de colesterol) e fosfolipase (quebra ácidos graxos). Todas as enzimas pancreáticas são encontradas na forma inativa e só se ativam ao atingirem o lúmen intestinal (duodeno). A importância de não serem ativas antes é porque as enzimas proteolíticas possuem capacidade de fazer autodigestão do pâncreas. Por isso, junto da secreção delas, o pâncreas secreta inibidor da tripsina que atua impedindo a ativação da tripsina no interior das células secretoras. Por consequência, as outras enzimas proteolíticas também não são ativadas pois sua ativação depende da tripsina. Ácinos pancreáticos → enz. Digestivas de proteínas, gorduras e carboidratos → enz. Proteolíticas inativas pelo inibidor da tripsina até chegarem ao duodeno → ativam-se no duodeno A secreção de HCO3- e água (compõe o suco pancreático junto das enzimas) é feita pelas células epiteliais dos ductos e dúctulos originários dos ácinos. A secreção de HCO3- deixa o suco pancreático alcalino, neutralizando o ácido clorídrico (hcl) liberado no duodeno pelo estômago. CO2 + H2O ↔ H2CO3 ↔ H+ + HCO3- A secreção exócrina do pâncreas é estimulada pela chegada de alimento (quimo) e HCl no duodeno, desencadeando a liberação de 3 estímulos básicos. ➢ Acetilcolina: neurotransmissor liberado pelas terminações vagais (NC 10) parassimpáticas que estimula 20-30% da secreção das enzimas pancreáticas; ➢ Colecistocinina (CCK): hormônio secretado pela mucosa duodenal e porção superior do jejuno quando há presença de alimento no duodeno. Estimula 70-80% da secreção das enzimas pancreáticas. Também atua na vesícula biliar; ➢ Secretina: hormônio secretado pela mucosa duodenal e jejunal quando há presença de HCl e alimentos altamente ácidos no intestino delgado. Estimula a secreção pancreática de HCO3- para neutralizar o ácido. A secreção pancreática é resultado do efeito combinado de múltiplos estímulos básicos e não de um deles somente. A secreção é feita em 3 fases: Sinais nervosos que determinam a secreção no estomago também induzem liberação de acetilcolina pelas terminações vagais no pâncreas, fazendo com que ocorra secreção moderada de enzimas digestivas (20%). A estimulação nervosa continua resultando em secreção de mais 10% das enzimas pancreáticas. Sinal nervoso → liberação de acetilcolina por NC 10 → secreção de 20% de enzimas → continuação da est. Nervosa → secreção de 10% de enzimas Ocorre após a entrada do quimo no intestino resultando em um aumento da secreção pancreática de enzimas, devido ao estímulo da secretina. A secreção é aumentada ainda mais pelo estímulo de colecistocinina. O quimo ácido (ph < 4,5-5,0) penetra o duodeno induzindo a ativação e liberação de secretina que é absorvida pelo sangue. A secretina estimula o pâncreas a secretar grande quantidade de líquido com alta concentração de HCO3- neutralizando a acidez do conteúdo gástrico no duodeno e promovendo ph apropriado (7,0-8,0) para atuação enzimática digestiva. Quimo ácido → ativação e liberação de secretina → absorvida pelo sangue → estimula pâncreas → líquido com [HCO3-]↑ → neutralização e ph ótimo para atuação enzimática Júlia Rosendo Winkelmann A presença de alimento na porção superior do intestino delgado induz liberação de colecistocinina (CCK) que é absorvida para o sangue e atua no pâncreas estimulando secreção de grande quantidade de enzimas digestivas. Alimento no intestino delgado → CCK liberada → absorvida pelo sangue → estimula o pâncreas → secreção de grande quantidade de enzimas digestivas EM RESUMO: o ácido do estomago libera secretina da parede do duodeno, gorduras e aminoácidos provocam liberação de CCK. Ambas são absorvidas pela corrente sanguínea. Secretina provoca grande quantidade de secreção de suco pancreático e HCO3- e a CCK provoca secreção de enzimas digestivas. Secreção da Bile pelo Fígado Uma das funções do fígado é secretar, normalmente, 600-1.000ml/dia de bile que: 1. Faz digestão e absorçãode gordura pelos ácidos biliares nela contidos os quais: emulsificam partículas alimentares gordurosas grandes em menores para atuação da lipase pancreática; ajudam na absorção de produtos terminais de gorduras digeridas; 2. Serve como meio de excreção de diversos produtos sanguíneos como, por exemplo, bilirrubina e excesso de colesterol. A bile é secretada pelo fígado em 2 etapas: 1. Os hepatócitos secretam, nos canalículos biliares, a porção inicial contendo grandes quantidades de ácidos biliares, colesterol e constituintes orgânicos; 2. A bile flui para os septos interlobulares, desagua nos ductos biliares terminais e, em seguida, no ducto hepático e colédoco; destes, vai diretamente para o duodeno ou é desviada para a vesícula biliar pelos ductos císticos. Neste caminho pelos ductos, a porção inicial da bile recebe secreção adicional, estimulada pela secretina, de solução aquosa com Na+ e HCO3- , podendo aumentar em até 100% de volume. Hepatócitos → canalículos biliares → septos interlobulares → d. Biliares terminais → d. Hepático e d. Colédoco → duodeno ou ves. Biliar (d. Cístico) Bile inicial com ác. Biliares, colesterol e const. Orgânicos → secretina → sol. Aquosa de Na+ e HCO3- → vol. ↑ ± 100% A maior parte da bile é armazenada na vesícula biliar (30-60ml) até que seja necessária no duodeno. A vesícula pode armazenar até 12h de secreção biliar (450ml) visto que água, Na+, Cl- e eletrólitos são continuamente absorvidos pela sua mucosa, e seus demais constituintes (sais biliares, colesterol, bilirrubina e lectina) são concentrados cerca de 5 vezes (podendo chegar até 20x). A entrada de alimentos gordurosos no duodeno estimula a liberação de colecistocinina (CCK) no sangue, a qual estimula contrações rítmicas da parede da vesícula e relaxamento simultâneo do esfíncter de Oddi (entre d. Colédoco e duodeno) causando esvaziamento completo, em até 1h, da vesícula biliar. Alimentos não gordurosos causam esvaziamento lento da vesícula biliar. Alimento gorduroso no duodeno → liberação de CCK → contração rítmica da par. Da ves. Biliar + relaxamento do esf. De Oddi → esvaziamento completo em 1h Os sais biliares, formados a partir do colesterol, tem: 1. Ação detergente sobre partículas de gordura dos alimentos para que o intestino as quebre em particulares menores; 2. Ajudam na absorção de ácidos graxos, monoglicerídeos, colesterol e outros lipídios do TGI pela mucosa intestinal na forma micelas semisolúveis no quimo. Cerca de 94% dos sais biliares contidos na bile são reabsorvidos no intestino delgado, retornando ao fígado para serem novamente secretados. A quantidade de bile secretada pelo fígado diariamente é dependente da disponibilidade de sais biliares, quanto maior a disponibilidade, maior a intensidade da secreção. Júlia Rosendo Winkelmann Secreção do Intestino Delgado As secreções intestinais não contêm quase nenhum tipo de enzima digestiva. Porém, os enterócitos da mucosa contêm enzimas digestivas especificas como peptidases (hidrolise de pequenos peptídeos e aminoácidos), sucrase maltase, isomaltase, lactase (hidrolise de mono e dissacarídeos) e pequenas quantidades de lipase intestinal. As gl. de Brunner, localizadas nos primeiros centímetros (primeira e segunda porção) do duodeno (entre papila de Vater e piloro), secretam grandes quantidades de muco alcalino que faz a proteção da mucosa intestinal e combina-se com secreção pancreática para neutralizar HCL vindo do estômago. Muco alcalino: ➢ Táteis ou irritativos na mucosa duodenal. ➢ Estimulação vagal. ➢ Hormônios gastrointestinais (secretina). ➢ Proteção contra o ácido gástrico. As glândulas de Brunner são inibidas pelo estímulo simpático. A secreção ocorre em resposta: 1. A irritações e estímulo tátil da mucosa sobrejacente; 2. Estimulação vagal (NC 10); 3. Hormônios GI (secretina). Os enterócitos das criptas de Lieberkühn (depressão localizadas em todas as superfícies do ID entre vilosidades intestinais) secretam cerca de 1.800ml/dia de líquido extracelular quase puro (ph 7,5-8,0 – levemente alcalino) que é rapidamente reabsorvido pelas vilosidades intestinais promovendo um meio aquoso para absorção de substâncias do quimo. Caliciformes –> muco. Enterócitos –> água e eletrólitos. Células de Paneth – secretoras de lisozimas e outras proteínas que são endócrinas e fazem a regulação da flora bacteriana intestinal. Vilosidades dos enterócitos Peptidases – hidrólise de peptídeos e aminoácidos. Sucrase, maltase, isomaltase, lactase – hidrólise de dissacarídeos e monossacarídeos. Lipase intestinal – gorduras neutras em ácidos graxos e glicerol. É feita por reflexos nervosos entéricos locais na presença do quimo no intestino e pelos hormônios secretina e colecistocinina que estimulam a secreção intestinal. Secreção do Intestino Grosso Feita pelas criptas de Lieberkühn, é predominantemente mucosa contendo quantidade moderadas de HCO3- que protege a parede intestinal contra escoriações, atividade bacteriana e ácida e proporciona meio aderente para material fecal ficar unido. Absorção e Secreção Interação minuciosa de sistemas endócrino, neural e parácrino adicionados a irrigação vascular e velocidade, volume e composição do fluído ileal. Tendo influência na absorção e secreção de: sódio, cloreto, água, potássio/muco e ureia. Cólon absortivo: metade proximal do cólon, ou seja, parte direita. Cólon de armazenamento: cólon distal, ou seja, parte esquerda. Júlia Rosendo Winkelmann Júlia Rosendo Winkelmann Fisiologia do Sistema Digestório Digestão e Absorção Gastrintestinal Digestão Carboidratos, proteínas e gorduras são submetidos a digestão preliminar por hidrolise (quebra por inserção de H+ e OH-) pois não são absorvidos pela mucosa gastrintestinal em sua forma natural. A diferença entre os processos encontra-se nas enzimas necessárias para cada tipo alimentar. Carboidratos são polissacarídeos que são hidrolisados em monossacarídeos. Na boca a enzima ptialina (α-amilase/amilase salivar), contida na saliva, hidrolisa 5% do amido ingerido/deglutido em maltose (dissacarídeo) e pequenos polímeros de glicose. Após ser deglutido, 30-40% do amido é hidrolisado por 1h no corpo e fundo estomacal. O alimento é misturado com secreções gástricas que diminuem o ph (<4,0) inativando a atividade enzimática da amilase salivar. No duodeno, praticamente todos os carboidratos contidos no quimo sofrem hidrolise pela amilase pancreática do suco pancreático em 15-30 minutos. O intestino delgado tem microvilosidades revestidas por enterócitos contendo enzimas (lactase, sacarase, maltase e α-dextrinase) que clivam dissacarídeos (lactose, sacarose e maltose) e pequenos polímeros de glicose em monossacarídeos, os quais são hidrossolúveis e absorvidos imediatamente para a circulação portal. Polis. → Ptialina → 5% hidrolisado na boca → deglutido → 30-40% hidrolisado no estômago por 1h → duodeno quase 100% hidrolisado em 15- 30min → enzimas dos enterócitos → diss. Em monos. → circulação portal Proteínas são cadeias peptídicas que são hidrolisadas em seus aminoácidos constitucionais. No estômago, as gl. Gástricas secretam ácido clorídrico (hcl) que se mistura com conteúdo gástrico proporcionando ph ótimo (2,0-3,0) para atuação da enzima pepsina, responsável pelo início da digestão proteica, que digere de 10-20% das proteínas (inclusive colágeno) em proteoses, peptonas e alguns polipeptídios. A maior parte da digestão de proteínas ocorre no intestino delgado superior (duodeno e jejuno) onde o quimo sofre ação de enzimas proteolíticas do suco pancreático (tripsina, quimiotripsina, carboxipolipeptidase e pró-elastase) as quais clivam proteínas, proteosese peptonas em polipeptídios e aminoácidos. Os enterócitos (recobrem vilosidades do lúmen intestinal) realizam a última etapa de digestão proteica através de suas múltiplas peptidases (aminopolipeptidase e dipeptidase) as quais hidrolisam polipeptídios maiores remanescentes em tri e dipeptídios e alguns aminoácidos. Esse produto é absorvido pelos enterócitos para então serem transportados para o sangue circulante. Proteínas → pepsina → proteoses, peptonas e polipep. → enz. Proteolíticas do s. Pancreático → polipep. E aa → peptidases → aa → sangue circulante Uma porcentagem de proteínas, carboidratos e fibras dietéticas sofre processo de digestão no cólon (microrganismos comensais). Depende de simbiose com as bactérias intestinais. Gorduras são triglicerídeos que são hidrolisados em ácidos graxos e glicerol. No estômago, a lipase lingual (secretada pelas gl. Linguais) digere uma pequena quantidade (<10%) de triglicerídeos. A digestão da gordura começa pela emulsificação onde ocorre sua quebra física em partículas pequenas através da agitação do estômago (mistura gordura produtos da sec. Gástrica) e pela influência dos sais biliares e lectina presentes na bile (fragmenta rapidamente a gordura sob agitação d’água no intestino delgado). Júlia Rosendo Winkelmann No intestino delgado, a gordura emulsificada sofre ação da enzima lipase pancreática (presente no suco pancreático) e da lipase entérica (presentenos enterócitos) que digerem em 1 minuto todo o triglicerídeo que entrarem em contato tornando-os ácidos graxos livre e monoglicerídeos. Os sais biliares (em altas concentrações) unem-se a esse produto formando micelas que se dissolvem na água dos líquidos digestivos até serem absorvidos pelas células epiteliais intestinais. Gordura → agitação estomacal + bile → gordura emulsificada → lipase pancreática + entérica → AG livres e monoglicerídeos + sais biliares → micelas absorvidas Princípios Básicos da Absorção Gastrointestinais A absorção pela mucosa GI ocorre por transporte ativo, difusão e tração pelo solvente. O estômago é uma área de pouca absorção no TGI, somente substâncias muito lipossolúveis em pequenas quantidades são absorvidas (álcool e alguns fármacos), devido à ausência de membrana absortiva típica (com vilosidades). O intestino deve absorver cerca de 8-9l de líquido por dia (1,5l ingeridos e 7l de secreções GI) do qual somente 1,5l passa para o intestino grosso. É o principal local de absorção devido à presença das pregas de Kerckring e das microvilosidades das células epiteliais as quais, combinadas, aumentam em até 1.000 vezes a área absortiva da mucosa intestinal. Quando o quimo está diluído a água é absorvida por osmose através da membrana intestinal para o sangue das vilosidades. Soluções hiperosmóticas no duodeno transportam água para tornar o quimo isosmótico em relação ao plasma. O sódio (Na+) presente nas cél. Epiteliais é transportado através da membrana basolateral para os espaços peracelulares, diminuindo sua concentração intracelular (50meq/l) fazendo com que o Na+ presente no quimo seja absorvido por transporte ativo (também por cotransporte com Cl- e troca com H+ e K+) através da borda em escova. Cerca de 25-35g de Na+/dia é absorvido, há perda de menos 0,5%/dia nas fezes. A aldosterona intensifica muito a absorção de Na+, conservando água e sal no corpo em casos de desidratação. O cloreto (Cl-) é rapidamente absorvido por difusão na porção superior do intestino delgado (duodeno e jejuno). Vesícula biliar e pâncreas secretam grande quantidade de íon bicarbonato (HCO3-) no duodeno, fazendo com que seja necessária grande reabsorção ativa deste (combina-se com H+ formando H2CO3 que se dissocia em H2O e CO2). Íons cálcio (Ca++), ferro (Fe++), potássio (K+), magnésio (Mg++) e fosfato (PO43-) são absorvidos ativamente conforme necessidade. Quase todos os carboidratos são absorvidos na forma de monossacarídeo. Glicose (80% das calorias absorvidas na forma de carboidrato) e galactose são absorvidas através da membrana basolateral das cél. Epiteliais por transporte ativo junto do sódio (cotransporte) e frutose por difusão facilitada. As proteínas são absorvidas na forma de dipeptídios, tripeptídios e alguns aminoácidos livres por cotransporte com Na+ (transporte ativo secundário de aminoácidos). As micelas biliares, contendo produtos da digestão de gorduras (ácidos graxos e monoglicerídeos), são solúveis no quimo e funcionam como carreadores dos AG e monog. Até a borda em escova das cél. Intestinais, onde estes se difundem para o interior, são captados pelo reticulo endoplasmático liso e usados na formação e novos triglicerídeos que retornam ao sangue circulante (circulação portal) na forma de quilomícrons. Júlia Rosendo Winkelmann A mucosa do intestino grosso tem alta capacidade de absorção de Na+ e Cl- e, por consequência, água. Cerca de 100ml de água e eletrólitos do quimo são excretados nas fezes. Na metade proximal do cólon (cólon absortivo) é onde ocorre quase toda absorção; metade distal do cólon (cólon de armazenamento) funciona para armazenamento do material fecal até momento propicio para excreção. Normalmente, as fezes são constituídas 3/4 por água e 1/4 matéria solida, coloração marrom causada por estercobilina e urobilina (derivados da bilirrubina) e odor por produtos de ação bacteriana. Júlia Rosendo Winkelmann Fisiologia do Sistema Digestório Fígado como Órgão O fígado é o maior órgão do corpo (1,5kg no adulto médio) com função de: 1. Filtrar e armazenar sangue; 2. Metabolização de carboidratos, proteínas, gorduras, hormônios e substâncias químicas estranhas; 3. Produção de bile; 4. Armazenamento de vitaminas e ferro; 5. Formação dos fatores de coagulação. Anatomia Fisiológica A unidade funcional do fígado é o lóbulo hepático, composto de placas hepatocelulares construídas em torno de uma veia central que desagua nas veias hepáticas e estas na veia cava inferior. No meio de duas placas hepatocelulares é formado os canalículos biliares que desaguam nos ductos biliares do septo fibroso/interlobular. No septo fibroso são encontradas vênulas portas e arteríolas hepáticas, que desaguam nos sinusoides hepáticos os quais separam placas hepatocelulares vizinhas e são revestidos por células endoteliais típicas e células de Kupffer (macrófago especializado). A veia porta e a artéria hepática terão fluxo de sangue em direção a veia supra-hepática/ central. O sangue passará pelos sinusóides sendo filtrados. Algumas substâncias serão excretadas através do sistema linfático e, principalmente, os ductos biliares (produção de sais biliares e eliminação de toxinas). A célula de Kupffer tem capacidade de fagocitose MUITO rápida, que é fundamental para a o sistema de defesa. Sistemas Hepáticos Vascular e Linfático O fígado apresenta alto fluxo sanguíneo (FS) onde os sinusoides hepáticos recebem cerca de 1.350ml/mim (27% do DC em repouso) através da veia porta (1.050ml) e artéria hepática (300ml); e baixa resistência vascular (RV) causada pela pequena diferença de pressão, 9mmhg, entre veia porta (9mmhg) e sinusoides (quase 0mmhg). Casos de cirrose hepática (destruição das cél. Hep. Parenquimatosas leva a substituição por tec. Fibroso) há diminuição do FS por aumento da RV (resistência). Normal → RV↓ e FS↑ CH → RV↑ e FS↓ Pelo fato de ser um órgão expansível, o fígado pode armazenar em seus vasos sanguíneos 450ml de sangue (quase 10% do vol. Total), podendo chegar até 500ml. A extrema permeabilidade dos sinusoides hepáticos permite grande formação de linfa, cerca de metade da linfa formada no organismo. Em casos de ascite (acúmulo de líquido na cavidade abdominal peloaumento de pressão na veia cava) o fluxo de linfa pode aumentar até 20x. As células de Kupffer (macrófagos especializados) realizam fagocitose de bactérias provenientes da circulação portal em 0,01 segundos. Apenas 1% (provavelmente) das bactérias do sangue portal passam para a circulação sistêmica. Função Metabólica O fígado tem um grande reservatório celular com elevado metabolismo, o qual compartilha substratos e energia com sistemas metabólicos, processando e sintetizando múltiplas substâncias que serão transportadas para outras áreas do organismo. O fígado é importante na manutenção da glicemia (glicose sanguínea) feita por: 1. Armazenamento de grandes quantidades de glicogênio (retira glicose sanguínea quando em níveis altos e devolve quando em níveis baixos – tamponamento da glicemia) – manutenção da glicemia e tamponamento da glicose. Júlia Rosendo Winkelmann 2. Gliconeogênese. Também converte galactose e frutose em glicose (conversão de açúcares) e produz compostos químicos a partir de produtos intermediários do metabolismo dos carboidratos. O fígado faz a oxidação dos ácidos graxos para obtenção de energia (β-oxidação); A partir do momento que o alimento passa, principalmente, pela primeira porção duodenal, sais biliares são liberados para que ocorra a emulsificação da gordura (exposição das cadeias de gordura). As cadeias de gorduras são fragmentadas em ácidos graxos (cadeia curta ou longa) e glicerol. Os ácidos graxos de cadeia curta serão absorvidos da mesma forma que o açúcar (via circulação hematogênica em direção ao sistema porta), porém os ácidos graxos de cadeia longa não conseguem passar a membrana vascular e serão fagocitados pelo sistema linfático, o qual drenará em direção a cisterna do quilo, seguirá pelo ducto torácico e será lançado na circulação através da sua comunicação com a veia subclávia esquerda, ganhando a circulação hematogênica. Dessa forma, seguindo o fluxo circulatório, os ácidos graxos de cadeia longa chegarão no fígado, para que possam ser degradados, convertidos e armazenados no tecido gorduroso ou para obtenção de energia. Síntese de colesterol (80% convertido em sais biliares), fosfolipídios (formação de membranas, estruturas intracelulares e substâncias químicas para funcionamento celular), maioria das lipoproteínas e gordura (a partir de proteínas e carboidratos). Vai depender de como vai estar meu nível glicêmico – determinará qual o sentido que se dará a utilização dos lipídeos. O fígado realiza a desaminação de aminoácidos (para serem utilizados na produção de energia ou convertidos em gordura/carboidrato); formação de ureia (para remoção da amônia dos líquidos corporais), proteínas plasmáticas (de 15-50g/dia, 90% do total de prot. Plasmáticas); interconversão de aminoácidos não essenciais (síntese de aa e outros compostos químicos a partir de aa – transaminação). Tripsina (a partir do duodeno) realiza a fragmentação das proteínas em suas estruturas essenciais (aminoácidos). Fígado confere o nível sanguíneo de todos os aminoácidos essenciais e não essenciais, de modo que possa ter certo controle. Não essenciais são aqueles que o fígado consegue produzir através de outros aminoácidos – transaminação. Aminotransferases podem degradar o aminoácido (desaminação) a nível intracelular (de dentro da célula hepática/ hepatócito) produzindo um grupamento amino e cetoácidos. Quando tenho a necessidade de energia (depois que já foi utilizado todo o açúcar) o cetoácido entrará no ciclo de Krebs e possibilitará a obtenção de energia para a manutenção celular. O grupamento amino é extremamente tóxico se for liberado na corrente sanguínea, portanto é convertido em amônia, a qual é extremamente tóxica ao nosso sistema nervoso central, dessa forma o fígado converterá a amônia em uréia (excretada por nosso sistema renal). Casos de encefalopatia hepática (coma hepático) são causados pelo aumento da concentração plasmática de amônia pela ausência da formação de ureia ou redução acentuada do FS hepático. Júlia Rosendo Winkelmann O fígado armazena vitaminas A (maior quantidade e suficiente para 10 meses), D (quantidade suficiente para 3-4 meses) e B12 (quantidade suficiente para 1 ano, talvez mais). Faz armazenamento de ferro na forma de ferritina através tamponamento sanguíneo (sistema apoferritina-ferritina) que mantem a concentração de ferro nos líquidos corporais em nível normal. Formação de substâncias utilizadas na coagulação sanguínea (fibrinogênio, protrombina, globulinas, fatores VII, IX e X) pela presença de vitamina K nos processos metabólicos do fígado. O fígado faz detoxicação e excreção de fármacos, hormônios e outras substâncias através da bile, constituindo a principal via de excreção de cálcio (Ca++) do organismo. Determinação da Bilirrubina na Bile A bilirrubina é um pigmento amarelo-esverdeado produto da degradação da hemoglobina e serve de instrumento de diagnóstico de doenças hemolíticas e hepatopatias. Quando os eritrócitos chegam ao final da vida (120 dias) suas membranas celulares se rompem, a hemoglobina é liberada e fagocitada pelos macrófagos de todo organismo onde é dobrada em globina e heme. Dos 4 núcleos pirrólicos do anel heme é formada a biliverdina que é reduzida em bilirrubina livre/indireta que gradualmente é liberada no plasma pelos macrófagos e se associa com a albumina. A bilirrubina livre/indireta é absorvida em poucas horas pelas membranas hepáticas, desassocia-se da albumina e forma bilirrubina conjugada/direta (80% com ácido glicurônico, 10% com sulfato e 10% com outras substâncias). Na forma conjugada/direta é excretada nos canalículos biliares (sistema biliar) e a seguir para o intestino, onde metade é convertida por ação bacteriana em urobilinogênio (muito solúvel). A pane nesse sistema pode gerar acúmulo dessas secreções/ componentes. Se a pane for antes do sistema de ação chegar no fígado, terá elevação da bilirrubina indireta (patologia hematológica). Quando a pane for após o fígado (obstrução nos canais biliares), terá elevação da bilirrubina direta (patologia biliar). Metade do urobilinogênio é secretado na forma de estercobilina nas fezes (coloração das fezes); a outra metade é reabsorvida, resultando em 5% excretado na forma de urobilina pelos rins (não é a forma adequada, de forma ao paciente apresentar colúria, a qual é a alteração da cor da urina, e acolia, que é a alteração da cor das fezes por falta de estercobilina); e o resto voltando ao sangue e sendo excretada pelo fígado novamente. Eritrócito no final da vida → hemoglobina liberada e fagocitada por macrófagos → biliverdina → bilirrubina livre → fígado → bilirrubina conjugada → excretada no intestino → bilirrubina conjugada + ação bacteriana → urobilinogênio → urobilina (rins) e estercobilina (fezes) É a coloração amarelada da pele e tecidos (incluindo tecidos profundos) devido a presença de grande quantidade/ acúmulo de bilirrubina nos líquidos extracelulares. A concentração normal é de 0,5mg/dl de plasma, a partir de 1,4mg/dl a pele começa a mostrar-se ictérica. Icterícia Hemolítica – Causada pela rápida hemólise dos eritrócitos, resultando numa velocidade de formação da bilirrubina mais rápida que a velocidade de excreção do fígado. Tem predomínio da fração livre/ bilirrubina indireta. Icterícia Obstrutiva – É causada pela obstrução dos ductos biliares (cálculo biliar, câncer) ou lesão dos hepatócitos que impede a passagem da bilirrubina do sangue para o intestino. Tem predomínio da fração conjugada/ bilirrubina direta. Júlia Rosendo Winkelmann