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Multiletramentos e Letramento Digital

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1 
MULTILETRAMENTOS, 
LETRAMENTO DIGITAL E ENSINO 
DE LÍNGUA PORTUGUESA 
 
 
 
 
 
© 2018 POR EDITORA E DISTRIBUIDORA EDUCACIONAL S.A. 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida 
de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou 
qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 
Presidente 
Rodrigo Galindo 
Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada 
Paulo de Tarso Pires de Moraes 
Conselho Acadêmico 
Carlos Roberto Pagani Junior 
Camila Braga de Oliveira Higa 
Carolina Yaly 
Danielle Leite de Lemos Oliveira 
Juliana Caramigo Gennarini 
Mariana Ricken Barbosa 
Priscila Pereira Silva 
Coordenador 
Danielle Leite de Lemos Oliveira 
Revisor 
Lara Barreto Corrêa 
Editorial 
Alessandra Cristina Fahl 
Daniella Fernandes Haruze Manta 
Flávia Mello Magrini 
Hâmila Samai Franco dos Santos 
Leonardo Ramos de Oliveira Campanini 
Mariana de Campos Barroso 
Paola Andressa Machado Leal 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
Bierwagen, Gláucia Silva 
B586m Multiletramentos, letramento digital e o ensino de língua 
portuguesa / Gláucia Silva Bierwagen. – Londrina: Editora e Distribuidora 
Educacional S.A. 2018. 
115 p. 
ISBN 978-85-522-0789-4
 1. Multiletramentos. 2. Letramento digital. I. Bierwagen, 
Gláucia Silva. II. Título. 
CDD 70 
Thamiris Mantovani CRB-8/9491 
2018 
Editora e Distribuidora Educacional S.A. 
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza 
CEP: 86041-100 — Londrina — PR 
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br 
Homepage: http://www.kroton.com.br/ 
mailto:editora.educacional@kroton.com.br
http://www.kroton.com.br/
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MULTILETRAMENTOS, LETRAMENTO DIGITAL E ENSINO
DE LÍNGUA PORTUGUESA 
SUMÁRIO 
Apresentação da disciplina 4 
Tema 03 – Transição dos letramentos grafocêntricos 
para multiletramentos hipermidiáticos 
Tema 01 – Alfabetização e letramentos 6 
Tema 02 – Letramento digital e autonomia 25 
na educação básica 39 
Tema 04 – Ferramentas hipermidiáticas no em de língua portuguesa 54 
Tema 05 – Multiletramentos e gêneros textuais 68 
Tema 06 – Multiletramentos e ensino de literatura 81 
Tema 07 – Variedade linguística no ensino de língua portuguesa 95 
Tema 08 – Perspectivas de atuação docente na era da informação 108 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesaa 3 
 
 
 
 
Apresentação da disciplina 
Seja muito bem-vindo (a) à disciplina Multiletramentos, Letramento Digital 
e Ensino da Língua Portuguesa! 
Espero que esteja animado (a)! Na modalidade de educação à distância, 
a aprendizagem ocorre de forma autônoma, portanto, é importante sa-
lientar algumas características tão necessárias para se ter sucesso nesta 
forma de aprendizagem. Entre outras coisas, pode-se mencionar a impor-
tância de se ter força de vontade, autodisciplina e dedicação. Organização 
também é fundamental. 
É um grande desafio! Sem dúvida! Mas, será muito enriquecedor compar-
tilhar o processo de ensino e aprendizagem por meio deste material que 
foi elaborado com muita qualidade para o seu proveito. 
Para iniciar o trabalho, é importante saber que esta disciplina tem por 
objetivo levá-lo a analisar e compreender o fenômeno da alfabetização 
e multiletramento, as peculiaridades do letramento digital e ensino da 
língua portuguesa na sociedade brasileira contemporânea, além das in-
fluências destes fenômenos sobre os papéis de alunos e professores em 
processo de ensino-aprendizagem. 
Compreende-se que a aprendizagem da leitura e da escrita trata-se de 
um processo dinâmico, que se faz por dois meios de acesso: um deles é 
a técnica (alfabetização) e o outro diz respeito ao uso social (letramento). 
Esses dois caminhos devem ser delineados concomitantemente, pois es-
tes, alfabetização e letramento, não são pré-requisito um do outro, mas 
ocorrem ao mesmo tempo. 
Na sociedade contemporânea, mediante a diversidade de práticas sociais 
e culturais de leitura e escrita, que incluem imagens (estáticas ou não) e 
sons, dentro de um contexto de mídias digitais, pode-se falar em práticas 
de multiletramentos. 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 4 
 
 
Deste modo, a análise e compreensão do fenômeno da alfabetização e 
multiletramentos, as peculiaridades do letramento digital e o ensino da 
língua portuguesa na sociedade brasileira contemporânea são muito im-
portantes na atuação do educador(a), em especial em universidades, es-
colas regulares de educação básica (públicas e privadas), organizações 
não-governamentais, dentre outros âmbitos educativos, em que se en-
contram grande parcelas de população de crianças educandas, formado-
res de educandos e futuros professores. 
Dentro desse processo, é importante reconhecer que o papel do educa-
dor (a) como mediador (a) do conhecimento é fundamental para que o 
educando atinja a autonomia leitora tão necessária para viver nos dias 
atuais. 
E então? Pronto (a) para iniciar o trabalho e fazer desta disciplina um mo-
mento de construção de conhecimentos? 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 5 
 
 
 
 
 
 
TEMA 01 
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTOS 
Objetivos 
É com grande prazer que é apresentado a você esta 
aula da disciplina Multiletramentos, Letramento 
Digital e Ensino de Língua Portuguesa. Pretende-se 
com o texto da aula: 
• Apresentar os conceitos de alfabetização, letramento 
(s) e multiletramentos; 
• Conduzir a uma análise e reflexão a respeito das dife-
renças entre alfabetização e letramento (s); 
• Apresentar a importância destes processos interde-
pendentes e simultâneos no processo educativo. 
Mas, você poderá estar se perguntando: afinal, o que 
é alfabetização? E letramento (s)? Multiletramentos? 
Correspondem a conceitos e processo similares? Ou 
não? São boas perguntas, que serão respondidas ao 
longo do texto desta aula. 
6 Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 7 
 
 
~ - Introdução 
Para início de conversa, volte sua atenção para o início dos anos 80 do 
século XX, quando os estudos da origem da língua escrita conduziram os 
educadores ao entendimento de que a alfabetização não se tratava sim-
plesmente da elaboração do código, mas envolvia um complexo processo 
de elaboração de hipóteses do educando sobre a representação da lín-
gua. No decorrer dos anos, com o aparecimento dos estudos sobre o le-
tramento, compreendeu-se a dimensão cultural e social da língua escrita e 
seu aprendizado. Esses movimentos revelaram uma trajetória de sucesso 
nas mudanças teóricos-conceituais, e consequentemente metodologias 
no processo de alfabetização e letramento de crianças. Anteriormente, o 
fracasso em alfabetização revelava-se em altos índices de reprovação e 
evasão de crianças nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Atualmente, 
apesar das conquistas, nota-se que ainda há muito para melhorar nos pro-
cessos de alfabetização e letramento no contexto escolar. Os resultados 
comprovados por avaliações estaduais como o SARESP, nacionais como 
o ENEM, SAEB e até mesmo internacionais como o PISA1 tem provocado 
insatisfação e insegurança entre os educadores e desorientação e incerte-
zas no poder público e na população em geral. Deste modo, inicialmente, 
torna-se importante compreender os conceitos de alfabetização e letra-
mento (s), bem como, suas relações para que se encontrem explicações 
para os (des) caminhos que estes processos vêm percorrendo nas últimas 
décadas. Para constar isso, faça a leitura do texto a seguir. 
1. Alfabetização 
No dicionário Michaelis, alfabetizar é apresentado como o proces-
so de “ensinar ou aprender a ler e escrever”.Por sua vez, o substantivo 
1 SARESP – Sistema de Avaliação da Rede Estadual de São Paulo; SIMAVE – Sistema Mineiro de Avaliação da 
Educação Pública; SAEB – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica; ENEM – Exame Nacional do 
Ensino Médio e PISA – Programa Internacional de Avaliação de Estudantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
alfabetização, neste mesmo dicionário, trata-se do “processo de aquisi-
ção do código linguístico e numérico”. Por um longo período, a alfabetiza-
ção foi compreendida como a mera sistematização das letras D + A= DA 
(formação das sílabas), ou seja, a aquisição do código formado na relação 
entre fonemas e grafemas. Por meio desta concepção, como instrumento 
de concretização de métodos relacionados a tal introduziram-se cartilhas 
nas escolas ao longo do século XX. 
PARA SABER MAIS 
No Brasil, as primeiras cartilhas foram introduzidas por volta da segun-
da metade do século XIX. As cartilhas do início do século XX, por sua vez, 
por meio de contribuições da pedagogia norte-americana, baseavam-se 
no processo de marcha sintética (soletração e silabação). Neste proces-
so, apresentavam-se as letras e os nomes das mesmas. A seguir, reu-
nindo-se as letras, conhecendo-se as famílias silábicas, ensinava-se a ler 
palavras formadas por essas sílabas e por fim ensinava-se a ler frases 
isoladas. Com relação à escrita, ensinava-se caligrafia (desenho correto 
das letras), cópia, ditado e ortografia (MORTATTI, 2000). 
No Brasil, ainda encontram-se pessoas que não sabem ler ou escrever; ou 
apenas sabem escrever o próprio nome. É possível que tenha ouvido ex-
pressões como “analfabeto”, “analfabetismo” e “analfabetismo funcional”. 
Como se pode explicar os conceitos destas expressões? Mortatti (2004), 
por meio do uso do dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, apresenta 
os conceitos de: 
Analfabeto adj. s.m. (a 1710) 1. Que ou aquele que desconhece o alfabeto, 
que ou aquele que não sabe ler nem escrever 2. que ou aquele que não tem 
a instrução primária 3. p. ext. que ou o que é muito ignorante, bronco, de 
raciocínio difícil. 4. p. ext. que ou aquele que desconhece ou conhece muito 
mal determinado assunto. Analfabeto funcional PED pessoa alfabetizada 
apenas para entender na área na qual trabalha, a sua função, sendo comple-
tamente despreparada para entender textos ou problemas de outras áreas 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 8 
 
 
 
do saber, o que configura uma espécie de tecnicização do conhecimento. 
ANT. alfabetizado, como adjetivo, culto, polido. Analfabetismo. s.m. (1899) 
estado ou condição de analfabeto; falta de instrução, sobretudo elemen-
tar (ler e escrever) ETIM. Analfabeto + -ismo; f. hist. (1899) analphabetismo. 
ANT. alfabetismo, instrução (HOUAISS da Língua Portuguesa, 2001, p.150). 
Deste modo, o analfabetismo está relacionado ao não domínio do có-
digo escrito e até mesmo a quem não pôde passar pelo processo de 
escolarização. 
Emília Ferreiro (1986), ao lado da pesquisadora Ana Teberosky (1986), em-
preendeu uma importante pesquisa sobre o desenvolvimento da leitu-
ra e da escrita, fazendo uma descrição esquematizada do processo que 
cada sujeito percorre para a aquisição da leitura e da escrita. Por meio 
desta pesquisa, compreende-se que uma criança não precisa ter idade 
apropriada (6 anos, por exemplo), nem estar na escola e nem esperar a 
educadora responsável para começar a formular suas hipóteses sobre o 
que é a leitura e escrita. A criança já possui hipóteses . Esta pesquisa tam-
bém auxilia a compreender que há quatro níveis básicos de evolução da 
escrita e leitura, mostrando que a criança é capaz de superar as barreiras 
do sistema e, por fim, ler e reproduzir símbolos gráficos. Posto isto, há os 
seguintes níveis de evolução da escrita e leitura: 
• Pré-silábico: o educando(a)2 não distingue o desenho da escrita; 
pensa que os desenhos dizem os nomes dos objetos; produz rabis-
cos ou linhas retas; pensa que é possível ler nomes diferentes com 
grafias iguais; não compreende que a escrita representa no papel 
os sons da fala; não separa letras de números; ao realizar a leitu-
ra, passa o dedo direto pela palavra, não demonstrando a pauta 
sonora das palavras; acredita que os nomes das pessoas, animais e 
2 Utilizará a palavra educando (a) porque compreende que os adultos que não tiveram oportunidade de se 
alfabetizar em período apropriado também desenvolvem suas hipóteses sobre a escrita e leitura. Para o 
desenvolvimento destes níveis de leitura e escrita, a pesquisa de Ana Teberosky e Emília Ferreiro, inicialmente, 
foi feita com crianças. Sendo importante destacar que o educador (a) deve adaptar as estratégias e materiais 
de ensino e aprendizagem. Neste processo, é importante levar em consideração também o público com o qual 
desenvolverá seu trabalho. 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 9 
 
 
 
 
objetos têm a ver com o tamanho, peso e idade. Por exemplo: pode 
escrever a palavra elefante com muitas letras. 
• Silábico: neste nível, o educando (a) utiliza a hipótese de que a 
escrita representa as partes sonoras da fala, porém, cada letra cor-
responde a uma sílaba (exemplo: a palavra PATO, a criança escreve 
A O); a criança escreve com as letras do seu repertório. 
• Silábico-alfabético: neste nível, o educando (a) reconhece que o 
esquema que desenvolveu de uma letra corresponder por sílaba 
não é suficiente, acrescentando letras à escrita do nível anterior. Por 
exemplo: pode escrever a palavra PATO, como P T U. 
• Alfabético: neste nível, o educando (a) consegue fazer uma análise 
sonora das palavras que escreve, mas ainda pode haver problemas 
como a ortografia. Por exemplo: pode escrever a palavra CACHORRO 
como C A X O R O. 
Para o educador (a), é importante compreender estes níveis de evolução 
da escrita e leitura para que possa auxiliar o educando (a) a avançar de 
um nível para o outro. Vygotsky (1993) apontou a importância do educa-
dor (a) cumprir essa tarefa por mediar, intervir e auxiliar o aluno (a) em 
sua aprendizagem; proporcionando que o aluno “saia” da sua zona de de-
senvolvimento real para uma zona de desenvolvimento potencial, o que é 
chamado por este autor de zona de desenvolvimento proximal. 
ASSIMILE 
Vygotksy defendia que a zona de desenvolvimento proximal referia-se: 
“a distância entre o nível de desenvolvimento real que se 
costuma determinar através da solução independente de 
problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determi-
nado através da solução de problemas sob a orientação de 
um adulto, ou em colaboração com companheiros mais ca-
pazes”. (VYGOTSKY, 1993, p. 112) 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 10 
 
 
 
 
 
 
 
 
O indivíduo no decorrer das suas experiências, pode possuir um conhe-
cimento já consolidado por ele; por exemplo, estar em uma hipótese de 
nível da escrita e leitura, como a do nível silábico, de forma a torná-lo 
capaz de resolver seu problema com a escrita, utilizando o esquema de 
corresponder uma letra por sílaba; mas ele pode desenvolver seu co-
nhecimento potencial, aquele que é construído com o auxílio de outros 
– professor ou colegas. Neste caso, seu conhecimento potencial poderá 
evoluir para o nível de escrita silábico-alfabética. Neste nível o indivíduo 
desenvolveu o esquema de leitura e escrita que corresponde a uma le-
tra por sílaba, mas percebeu que não é suficiente. 
Portanto, no caso do processo da alfabetização, para que o educador (a) 
possa empreender tal trabalho e buscar estratégias para isso, deve ini-
cialmente compreender que isso implica o educando (a) domínio de uma 
técnica que envolve usar o papel, grafar letras e reconhecê-las (não so-
mente copiá-las); pegar e usar um lápis; desenvolver relações entre sons 
e letras e entre fonemas e grafemas e, por fim, reconhecer os sistemas de 
escrita em sua composição: palavras, sílabas e frases. Sendo fundamental 
que o educando (a) saiba como usar esta técnicaem sua vivência diária e 
nas demais práticas culturais e socais. O processo de uso da leitura e es-
crita nas práticas sociais e culturais é chamado de letramento (SOARES, 
2003). Veja a seguir, como conceituar este processo e as peculiaridades 
do mesmo. 
2. Letramento(s) 
Letramento é uma palavra ainda não dicionarizada. Chegou ao Brasil por 
volta dos anos 80 do século XX, por meio de Mary Kato, em sua obra No 
mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística. Mas, como se pode en-
tender o conceito de letramento? 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 11 
 
 
A autora Ângela Kleiman (1995) argumenta que o conceito de letramento 
tem a ver com as práticas de leitura e escrita e aos eventos relacionados 
ao uso dessas. Para Kato (1988), o letramento implica em formar cida-
dãos, “funcionalmente letrados”, portanto capazes de utilizar a linguagem 
escrita apenas para a própria necessidade individual. A pesquisadora 
Leda Tfouni (2010, p.23) sugere o letramento: 
[...] como sendo produto do desenvolvimento do comércio, da diversifica-
ção dos meios de produção e da complexidade crescente da agricultura. 
Ao mesmo tempo, dentro de uma visão dialética, torna-se uma causa de 
transformações históricas profundas, como o aparecimento da máquina a 
vapor, da imprensa, do telescópio, e da sociedade industrial como um todo. 
(TFOUNI, 2010, p.23) 
Para esta autora, o conceito de letramento está relacionado ao impac-
to histórico ou consequências da leitura e escrita na sociedade. Magda 
Soares propõe um conceito de letramento, em seu livro Letramento: um 
tema em três gêneros, escrito em 1998, que incorpora estes conceitos, po-
rém aprofunda mais a temática, compreendendo o mesmo como o resul-
tado da ação de ensinar ou aprender a ler e escrever, ou seja, o estado ou 
condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequên-
cia de ter se apropriado da leitura e da escrita. 
PARA SABER MAIS 
Magda Becker Soares desde a graduação em Letras, na década de 
1950, atuou como professora universitária e elaborou importantes 
pesquisas teóricas no campo da alfabetização e letramento. Inovou 
na década de 1960, ao propor que no ensino de Língua Portuguesa às 
crianças deveriam usar textos do cotidiano como gibis e reportagens 
de jornais. Sua obra apresentou pesquisas que introduziram práticas 
para auxiliar professores na aprendizagem de leitura e escrita das 
crianças. 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 12 
 
 
 
 
 
 
 
Veja. Segundo Magda Soares letramento é: 
O estado ou condição de quem exerce as práticas sociais de leitura e de 
escrita, de quem participa de eventos em que a escrita é parte integrante 
da interação entre pessoas e do processo de interpretação dessa interação. 
(SOARES, 2003, p. 145) 
Antes de falar propriamente sobre o conceito desenvolvido por Magda 
Soares, fique atento (a) a palavra “letramento”, que tem sua origem no in-
glês literacy - the condition of being literate - (condição de ser letrado) e está 
associada à palavra literate, que por sua vez, significa educated; especially 
able to read and write, ou seja, educado, especificamente, que tem a habi-
lidade de ler e escrever. O estado ou condição daquele é literate (letrado), 
logo é aquele que não sabe somente ler e escrever, mas também faz uso 
competente e frequente da leitura e escrita. Portanto, para Soares (2003), 
é considerado letrado o sujeito que usa socialmente a leitura e escrita, 
atendendo às demandas sociais que elas implicam. 
As sociedades em todo mundo vêm reconhecendo a importância de com-
preender e nomear as práticas de leitura e escrita. 
LINK 
As práticas de leitura e escrita avançadas e mais complexas, nas últimas 
décadas, levaram sociedades socioculturamente diversas em diferen-
tes localizações geográficas a buscar nomeação e significados para tais. 
Magda Soares (2004) chama essa busca de a invenção do letramento. 
Disponível em: <www.scielo.br/pdf/rbedu/n25/n25a01.pdf>. Acesso 
em: 01 mar. 2018. 
Mas, por que usar a palavra letramento no plural, ou seja, letramentos? 
Porque vive-se em uma sociedade complexa em que há diferentes práti-
cas de leitura e escrita sociais. Há letramentos na igreja, família, clubes, 
escola, trabalho, dentre outros locais e situações, além de considerar as 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 13 
http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n25/n25a01.pdf
 
 
 
 
 
particularidades de cada indivíduo. Soares (2003) identifica que há letra-
mentos associados ao perfil socioeconômico e cultural dos indivíduos: 
Pessoas que ocupam lugares sociais diferentes e têm atividades e estilos 
de vida associados a esses lugares enfrentam demandas funcionais com-
pletamente diferentes: sexo, idade, residência rural ou urbana e etnia são, 
entre outros, fatores que podem determinar a natureza do comportamento 
letrado. (SOARES, 2003, p.80) 
Portanto, letramento é um fenômeno plural. Fala-se em letramento científico 
(letrar, em ciências), letramento digital (letrar, em mídias digitais), letramen-
to político (letrar, em política), letramento econômico (letrar, em economia), 
dentre outros, conforme o uso que a sociedade faz. Portanto, por tratar-se 
de um fenômeno plural e o indicado é usar a expressão letramentos. 
Diante da exposição destes conceitos, quais seriam as diferenças entre a 
alfabetização e letramentos? Veja por meio da leitura do texto a seguir. 
3. Debate: alfabetização e letramento(s) 
Os pesquisadores da área de linguagem e educação encontram um de-
bate teórico-conceitual com relação ao uso dos termos alfabetização e 
letramentos. 
No Brasil, apesar de conquistas, encontra-se elevados índices de analfa-
betismo e dificuldades nas práticas dos professores com relação à alfabe-
tização e letramentos. 
3.1 Alfabetização e letramento 
A autora Emília Ferreiro rejeitou o uso do termo letramento junto a alfa-
betização. Ela temia que a alfabetização fosse usada como sinônimo de 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
decodificação, ao passo que o de letramento fosse sinônimo de se ter 
contato com diferentes tipos de textos e a compreensão do que se lê. 
A preocupação da pesquisadora reflete-se no fato de dividir o processo 
de escrever e ler, como técnica, do processo de utilizar a escrita e a lei-
tura em práticas sociais. Emilia Ferreiro prefere o termo cultura escrita e 
letramento. 
Neste sentido, Soares (2003) defende a complementaridade, a aproxima-
ção, a interdependência entre ambos – alfabetização e letramento – e ao 
mesmo tempo chama a atenção para a distinção dos termos: 
Porque alfabetização e letramento são conceitos frequentemente confundi-
dos ou sobrepostos, é importante distingui-los, ao mesmo tempo em que é 
importante também aproximá-los: a distinção é necessária porque a introdu-
ção, no campo da educação, do conceito de letramento tem ameaçado peri-
gosamente a especificidade do processo  de alfabetização; por outro lado, a 
aproximação é necessária porque  não só o processo de alfabetização, embo-
ra distinto e específico, altera-se e reconfigura-se no quadro  do conceito de 
letramento, como também este é dependente daquele. (SOARES, 2003, p. 90) 
A autora reconhece a importância dos dois conceitos e processos e que 
ambos devem ocorrer simultaneamente no percurso de ensino e aprendi-
zagem; rompendo com a dicotomia: entre o “momento de aprender a es-
crita e a leitura” e “o momento de usar a escrita e a leitura”. Leia a seguir a 
importância da articulação destes dois processos nas práticas pedagógicas. 
3.2 Alfabetizar letrando 
Os pesquisadores propõem a articulação entre: 
“descobrir a escrita (conhecimento de suas funções e formas de manifes-
tação), aprender a escrita (compreensão das regras e modos de funciona-
mento) e usar a escrita (cultivo de suas práticas a partir de um referencial 
culturalmente significativo para o sujeito)”. (COLELLO, 2004)Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 15 
 
  
ALFABETIZAR LETRANDO 
USARA 
ESCRITA 
APRINDIRA 
ESCIIITA 
Tal articulação é conhecida como alfabetizar letrando, como pode ser ob-
servado na imagem a seguir, que demonstra as relações e os processos 
simultâneos e complementares de “descobrir a escrita”, “usar a escrita” 
e “aprender a escrita” (COLELLO, 2004). Nenhum deles se sobrepõe ao 
outro. 
Fonte: COLELLO, S. M. G. Alfabetização e letramento: repensando o ensino de Língua Portuguesa. 
Disponível em: <www.hottopos.com/videtur29/silvia.htm>. Acesso em: 14 fev. 2018. 
A alfabetização e o letramento, conforme já comentado, são processos 
diferentes, cada um com suas especificidades, mas complementares e in-
dispensáveis. O alfabetizar letrando e letrar alfabetizando devem ocorrer 
na sala de aula de modo que proporcionem aos alunos contato com tex-
tos escritos e sociais, além da formulação de hipóteses sobre a utilidade 
dos mesmos. 
3.3 Cenário do Brasil: alfabetização e letramentos 
No Brasil, ser alfabetizado é um direito social construído e conquistado 
historicamente. Cada criança tem o direito de ser alfabetizada até os 8 
anos de idade, sendo necessário que o sistema educacional permita a 
concretização deste direito. Nota-se que, apesar de ser um direito, ain-
da encontram-se na população brasileira pessoas que não sabem ler e 
escrever. 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 16 
http://www.hottopos.com/videtur29/silvia.htm
 
 
 
 
 
 
 
 
Segundo os dados do IBGE3, os indicadores educacionais brasileiros me-
lhoraram, correspondendo à 82,4% de brasileiros escolarizados. No en-
tanto, há uma taxa de 8% da população de 15 anos ou mais, considerados 
analfabetos, ou seja, cerca de 11 milhões de pessoas; 20,3% da população 
são considerados analfabetos funcionais, ou seja, cerca de 14 milhões de 
pessoas4. Dados do INEP5 demonstraram que as crianças que terminam 
o ensino fundamental no ciclo I possuíam pouca autonomia nas práticas 
de leitura e escrita. Os dados resultados da avalição ANA para proficiência 
em leitura, realizado com crianças de 8 anos, em 2016, mostraram que 
somente cerca de 32% das crianças tinham um nível adequado de leitura; 
cerca de 33% tinham o nível básico; 21,74% nível elementar e 13% o nível 
desejável. 
EXEMPLIFICANDO 
A proficiência em leitura identifica quais são as competências e habili-
dades dos educandos no ato da leitura. 
A escala de proficiência em leitura da Avaliação Nacional de Alfabetização 
(ANA) do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) iden-
tifica os níveis de leitura como: 
Elementar: é capaz de fazer a leitura de palavras dissílabas, trissílabas e 
polissílabas silábicas canônicas e não canônicas com base em imagem. 
Básica: é capaz de identificar a finalidade de textos como convite, car-
taz, texto instrucional (receita) e bilhete, além dos assuntos do texto 
pelo título. 
Adequada: é capaz de inferir o assunto de texto de divulgação científica 
para crianças. Localizar informação explícita, situada no meio ou final 
do texto, em gêneros como lenda e cantiga folclórica. 
3 IBGE – Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia 
4 Ver site do IBGE. Disponível em: <https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?t=taxa=-analfabetismo&vcodigo-
PD384> 
5 INEP - Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 17 
https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?t=taxa-analfabetismo&vcodigo=PD384
https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?t=taxa-analfabetismo&vcodigo=PD384
 
 
 
Desejável: consegue reconhecer os participantes de um diálogo em 
uma entrevista ficcional. Inferir sentido em texto verbal. 
Portal do Ministério da Educação e Cultura. Disponível em: <http:// 
portal.mec.gov.br/docman/outubro-2017-pdf/75181-resultados-ana-
-2016-pdf/file>. Acesso em: 01 mar. 2018 
Os dados resultados da avalição ANA para proficiência em escrita, reali-
zado com crianças de 8 anos, em 2016, mostraram que cerca de 33,5% 
tinham o nível elementar de escrita; 57, 87 % nível adequado e 8, 28% o 
nível desejável. 
EXEMPLIFICANDO 
A proficiência em escrita indica as competências e habilidades dos alu-
nos na escrita. 
A escala de proficiência em escrita da Avaliação Nacional de 
Alfabetização (ANA) do Sistema Nacional de Avaliação da Educação 
Básica (SAEB) identifica os níveis de escrita como: 
“Básica 1: as crianças não conseguem escrever palavras ou escrevem 
textos ilegíveis. 
Básica 2: em relação à escrita de palavras, os estudantes que se en-
contram neste nível provavelmente escrevem alfabeticamente pala-
vras com trocas ou omissão de letras, alterações na ordem das letras 
e outros desvios ortográficos. Em relação à produção de textos, os 
estudantes provavelmente não escrevem o texto ou produzem textos 
ilegíveis. 
Básica 3: as crianças conseguem escrever palavras mais complexas.. 
Em relação à produção de textos, provavelmente escrevem de forma 
incipiente ou inadequada ao que foi proposto. 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 18 
http://portal.mec.gov.br/docman/outubro-2017-pdf/75181-resultados-ana-2016-pdf/file
http://portal.mec.gov.br/docman/outubro-2017-pdf/75181-resultados-ana-2016-pdf/file
http://portal.mec.gov.br/docman/outubro-2017-pdf/75181-resultados-ana-2016-pdf/file
 
 
 
 
 
 
Adequada: em relação à escrita de palavras, os estudantes que se 
encontram neste nível provavelmente escrevem ortograficamente 
palavras com diferentes estruturas silábicas. Em relação à produção 
de textos, provavelmente atendem à proposta de dar continuidade a 
uma narrativa, por exemplo. 
Desejável: em relação à escrita de palavras, os estudantes que se en-
contram neste nível provavelmente escrevem ortograficamente pala-
vras com diferentes estruturas silábicas. Em relação à produção de 
textos, provavelmente atendem à proposta de dar continuidade a uma 
narrativa, evidenciando uma situação central e final. Articulam as par-
tes do texto com conectivos recursos de substituição lexical e outros 
articuladores textuais.” 
Portal do Ministério da Educação e Cultura. Disponível em: <http:// 
portal.mec.gov.br/docman/outubro-2017-pdf/75181-resultados-ana-
-2016-pdf/file>. Acesso em: 01 mar. 2018. 
QUESTÃO PARA REFLEXÃO 
Dentro da concepção de letramento, compreende-se que nas socie-
dades urbanas modernas não há grau zero de letramento, pois nelas 
é impossível não participar de alguma forma das práticas de leitura e 
escrita. Desta maneira, quais seriam as ações pedagógicas do docen-
te compatíveis com esta concepção? 
4. Considerações finais 
• Alfabetização implica que o educando (a) tenha domínio de uma 
técnica que envolve usar o papel, grafar letras e reconhecê-las (não 
somente copiá-las); pegar e usar um lápis; desenvolver relações entre 
sons e letras e entre fonemas e grafemas e, por fim, reconhecer os 
sistema de escrita em sua composição: palavras, sílabas e frases. 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 19 
http://portal.mec.gov.br/docman/outubro-2017-pdf/75181-resultados-ana-2016-pdf/file
http://portal.mec.gov.br/docman/outubro-2017-pdf/75181-resultados-ana-2016-pdf/file
http://portal.mec.gov.br/docman/outubro-2017-pdf/75181-resultados-ana-2016-pdf/file
 
 
 
 
 
 
 
• Letramento é o estado ou condição do literate (letrado), aquele que 
não sabe somente ler e escrever, mas também faz uso competente 
e frequente da leitura e escrita. 
• Embora a alfabetização e o letramento sejam conceitos diferentes, 
são processos interdependentes que devem ocorrer simultanea-
mente no processo de ensino e aprendizagem, rompendo com a 
dicotomia: entre o “momento de aprender a escrita e a leitura” e “o 
momento de usar a escrita e a leitura”. 
• No Brasil, ser alfabetizado é um direito social construído e conquis-
tado historicamente. Cada criança tem o direito de ser alfabetizadaaté os 8 anos de idade, sendo necessário que o sistema educacional 
permita a concretização efetiva deste direito. 
• Nota-se que apesar da alfabetização ser um direito do cidadão, ain-
da se encontra entre a população brasileira pessoas que não sabem 
ler e escrever, como também interpretar e inferir informações de 
um texto. 
Glossário 
• Hipótese: proposição que se admite como uma possibilidade; pro-
posição antecipada para explicar fatos ou fenômenos naturais, que 
devem ser verificado com base em experiência. 
• Psicogênese: origem ou desenvolvimento dos processos mentais 
ou psicológicos, da mente ou da personalidade. 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VERIFICAÇÃO DE LEITURA 
TEMA 01 
1. Alfabetização é um processo que implica no domínio da 
técnica de leitura e escrita que envolvem: 
a) conhecer as convenções gráficas e o alfabeto para usá-
-los nas interações cotidianas. 
b) usar o papel, grafar letras e reconhecê-las (não somen-
te copiá-las); pegar e usar um lápis; desenvolver rela-
ções entre sons e letras e entre fonemas e grafemas 
e, por fim, reconhecer os sistemas de escrita em sua 
composição: palavras, sílabas e frases. 
c) saber as convenções gráficas; conhecer o alfabeto; di-
ferenciar letras de números; dominar a relação fonema 
e grafema; saber decodificar palavras e identificar fun-
ções da leitura. 
d) saber as convenções gráficas; conhecer o alfabeto; di-
ferenciar letras de números; dominar a relação fonema 
e grafema; saber decodificar palavras e identificar fun-
ções sintáticas das frases. 
e) usar o papel, grafar letras e somente saber copiá-las; 
pegar e usar um lápis; desenvolver relações entre sons 
e letras e entre fonemas e grafemas e, por fim, reco-
nhecer os sistemas de escrita em sua composição: síla-
bas e frases. 
2. Dos níveis de evolução da escrita proposto por Emília 
Ferreiro e Ana Teberosky, o nível em que o educando (a) 
utiliza a hipótese de que a escrita representa as partes so-
noras da fala, porém, cada letra corresponde a uma sílaba, 
chama-se de: 
a) nível pré-silábico; 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
b) nível silábico-alfabético; 
c) nível silábico; 
d) nível silábico-alfabético com valor sonoro; 
e) nível alfabético. 
3. O conceito de letramento proposto pela pesquisadora 
Magda Soares, essencialmente, está relacionado com: 
a) as práticas de leitura e escrita e os eventos que aconte-
cem por meio do uso destas. 
b) a formação de cidadãos “funcionalmente letrados”, ca-
pazes de utilizar a linguagem escrita apenas para a pró-
pria necessidade individual. 
c) o impacto histórico ou consequências da leitura e escri-
ta na sociedade. 
d) o estado ou condição que adquire um grupo social ou 
um indivíduo como consequência de ter se apropriado 
da leitura e da escrita. 
e) o domínio da técnica do código escrito e o uso da mes-
ma individualmente. 
Referências bibliográficas 
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Programa de Formação Continuada de Professores dos Anos/Séries Iniciais do Ensino 
Fundamental: alfabetização e linguagem. Brasília, 2008. Disponível em: <http://por-
tal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=6002-fasci-
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BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. A criança de seis 
anos, a linguagem, a escrita e o ensino fundamental de nove anos: orientações 
para o trabalho com a linguagem escrita em turmas de crianças com até 6 anos 
de idade. 1ª Edição, Brasília, 2009. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index. 
php?option=com_docman&view=download&alias=4034-crianca-seis-anos-opt&cate-
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22 Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 
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 COLELLO, S. M. G. Alfabetização e letramento: repensando o ensino de Língua 
Portuguesa. Videtur, Porto, n. 29, 2004. Alfabetização e letramento: repensando o 
ensino de Língua Portuguesa. Disponível em: <www.hottopos.com/videtur29/silvia. 
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FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artmed, 
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KATO, M. No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística. São Paulo: Ática, 
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KLEIMAN, A. Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática 
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Lopes, Maria Celeste Matos de Abreu, Maria Célia Elias Mattos. – Brasília: Ministério 
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68 p.: il. -- (Programa Escola Ativa). 
MOREIRA, G. E. O processo de alfabetização e as contribuições de Emília Ferreiro. 
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MORTATTI, M. R. L. Cartilha de alfabetização e pacto secular. Cadernos cultura escolar: 
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SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica 
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TFOUNI, L. V. Letramento e alfabetização. São Paulo, Cortez, 2005. 
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Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 23 
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http://www.revistas.ufg.br/rir/article/view/30184/20310
www.scielo.br/pdf/ccedes/v20n52/a04v2052
www.scielo.br/pdf/ccedes/v20n52/a04v2052
http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/programa_aceleracao_estudos/reivencao_alfabetizacao.pdf
http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/programa_aceleracao_estudos/reivencao_alfabetizacao.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n25/n25a01.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n25/n25a01.pdf
 
 
Gabarito – Tema 01 
Questão 1 – Resposta: B. 
Resolução: Alfabetização é um processo que implica no domínio da 
técnica de leitura e escrita que envolve: usar o papel, grafar letras e 
reconhecê-las (não somente copiá-las); pegar e usar um lápis; desen-
volver relações entre sons e letras e entre fonemas e grafemas e, por 
fim, reconhecer os sistemas de escrita em sua composição: palavras, 
sílabas e frases. O processo de alfabetização não envolve a identifi-cação das funções da leitura e sintáticas das frases. O processo de 
alfabetização envolve grafar as letras e reconhecê-las. A mera cópia 
de letras não significa que houve alfabetização. 
Questão 2 – Resposta: C. 
Resolução: Entre os níveis de evolução da escrita proposto por Emília 
Ferreiro e Ana Teberosky, o nível em que o educando (a) utiliza a hi-
pótese de que a escrita representa as partes sonoras da fala, porém, 
cada letra corresponde a uma sílaba, chama-se de nível silábico. 
Questão 3 – Resposta: D. 
Resolução: O conceito de letramento proposto pela pesquisadora 
Magda Soares, essencialmente, está relacionado com o estado ou 
condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como conse-
quência de ter se apropriado da leitura e da escrita. 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 24 
 
 
 
 
 
 
 
TEMA 02 
LETRAMENTO DIGITAL E AUTONOMIA 
Objetivos 
Com grande prazer é apresentado o tema desta aula 
– Letramento Digital e Autonomia - da disciplina 
Multiletramentos, Letramento Digital e Ensino de 
Língua Portuguesa. Espera-se que por meio do texto 
a seguir, você possa: 
• Percorrer pela história das tecnologias de informação 
e comunicação; 
• Compreender o conceito de letramento digital; 
• Compreender quais são os tipos de leitores e escrito-
res na era digital; 
• Observar a importância da escola na construção 
da autonomia nas competências digitais leitoras e 
escritoras. 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 25 
 
 
Introdução 
Ao decorrer da história primitiva, as sociedades humanas centraram a 
produção de conhecimento, práticas culturais e comunicação na oralida-
de. Com o surgimento da tecnologia de escrita, muitas sociedades passa-
ram a armazenar as informações escritas em materiais como pergaminho 
e, posteriormente, com a invenção da imprensa, papel de livros. Tal so-
ciedade baseada em documentos escritos passou a ser conhecida como 
grafocêntrica. 
Com o advento da internet e do surgimento de novas tecnologias de in-
formação e comunicação na vida social e escolar, vieram à tona novas 
relações sociais; novas formas de aprender e de interagir e a circulação 
de novos gêneros textuais. Esses gêneros trouxeram novas questões re-
lativas à leitura e à escrita, pois se tratam de gêneros emergentes que ex-
ploram, ao mesmo tempo, linguagens de som, textos escritos e imagens.
 Mas, o que são gêneros emergentes? 
Para Marcushi (2004) os gêneros emergentes são aqueles que estão rela-
cionados com a dependência da mídia eletrônica virtual e a escrita eletrô-
nica. Marcushi (2004) aponta como gêneros emergentes: e-mail, chats (re-
servados ou abertos), programas de mensagens instantâneas, videocon-
ferências, aulas chats virtuais, listas de discussão e blogs. Após o período 
em que Marcushi fez esta definição mais gêneros emergentes evidencia-
ram-se como, por exemplo, os aplicativos de mensagens em equipamen-
tos móveis, como os celulares. 
Mas, você pode estar se perguntando: por que falar de gêneros emergen-
tes? Fala-se ou aborda-se de gêneros emergentes porque são os gêneros 
de textos híbridos, ou seja, textos que combinam diferentes linguagens 
como a escrita, imagem e som. Estes textos são os que são encontrados 
sociedade contemporânea complexa, interconectada e de relações fluí-
das em que se vive. (BAUMAN, 2007; MORIN, 2011) 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 26 
 
Neste contexto, o conceito de letramento digital tem sido objeto de dis-
cussão de vários pesquisadores na área de Educação, Comunicação e 
Linguagem. Para compreender melhor tal conceito, percorre-se breve-
mente o histórico das tecnologias de informação e comunicação, que tem 
como sigla a expressão TIC, aplicadas à educação. O desenvolvimento 
destas TIC influenciaram fortemente o surgimento dos gêneros emergen-
tes e, consequentemente, pesquisas relacionadas ao letramento digital. 
Veja na leitura do texto desta aula. 
1. Tecnologias de informação e comunicação 
Neste tópico, relacionará a evolução das tecnologias de informação e co-
municação (TIC) à educação e, logo em seguida, conceituará as TIC. Veja 
os principais acontecimentos. 
Suanno (2003) comenta que “em 1837, o americano Samuel Morse inven-
tou o telégrafo e o surgimento deste impulsionou a criação do telefone 
que ocorreu em 1876”. A criação do sistema de telefonia foi fundamental 
para o funcionamento de todo sistema de comunicação atual e das redes 
de computadores. 
No final do século XIX e início do século XX, com o advento da fotografia 
e de outras tecnologias de transmissão de som, como o fonógrafo e até 
mesmo filmes simples surgiu também a preocupação em usá-los como 
recurso didático. (FUKUDA, 2004) 
Durante o governo de Getúlio Vargas na década de 1930, por exemplo, 
utilizou-se o cinema como instrumento educativo e transmissor das ideo-
logias do Estado. 
A criação do rádio em 1940 possibilitou o incentivo de alfabetizar os ou-
vintes para que pudessem compreender o que estava sendo veiculado. 
Posteriormente, tornou-se um dos mais populares meios de comunica-
ção. (SUANNO, 2003) 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 27 
 
A televisão surgiu nos Estados Unidos em 1930 e no Brasil apareceu por 
volta de 1950. Neste momento, produziram-se alguns programas educa-
tivos. O videocassete surgiu por volta da década de 70 do século XX, pos-
sibilitando também a produção de vídeos educativos. (FUKUDA, 2004) 
Suanno (2003) comenta que o computador pessoal surgiu na década de 
1980 e explica: 
Nas décadas seguintes, o computador evoluiu ganhando agilidade, versati-
lidade, ocupando menos espaço, podendo ser transportado com facilidade 
como é o caso dos notebooks, desenvolvem-se vários softwares e a internet 
disponibiliza uma gama de informações e um novo espaço comunicacional, 
dentre outras possibilidades. (SUANNO, 2003, p.2). 
Outro momento importante para a tecnologia aplicada à educação foi o 
advento da internet e o uso dos computadores pessoais. No Brasil, a in-
ternet popularizou-se em meados da década de 90. (FUKUDA, 2004) 
Certamente despertou interesse entre os educadores em utilizar os com-
putadores como recurso didático. O computador reúne diferentes meios 
de comunicação e informação: palavras escritas, sons, desenhos, imagens 
estáticas ou em movimento, comunicação síncronas e assíncronas, e pode 
reunir algumas das tecnologias citadas anteriormente, como: filmes, víde-
os, imagens de foto, televisão, além do acesso a rede de internet. 
PARA SABER MAIS 
Peters (2004) define: 
A comunicação assíncrona como sendo aquela que não ocorre ao 
mesmo tempo, portanto receptor e emissor não precisam estar em 
sincronia para que a comunicação ocorra. Exemplo: whatsapp, aplica-
tivos de mensagens; e-mails, chats de texto, SMS e outros. 
A comunicação síncrona como sendo a comunicação que ocorre ao 
mesmo tempo, receptor e emissor precisam estar em sincronia para 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 28 
 
que a comunicação ocorra. Exemplo: reuniões, aula presencial, conta-
to por telefone; contato por skype ou hangouts. 
Os equipamentos móveis (celulares, tablets, etc), desde o seu desenvolvi-
mento, têm reunido várias tecnologias, além de facilitar o acesso de mui-
tos aos recursos tecnológicos e à internet. 
Diante deste histórico das tecnologias de informação e comunicação apli-
cadas à educação e ao processo de uso destas TIC na educação em geral, 
entende-se que essas compreendem rádio, televisão, fotografias, filmes, 
computadores e equipamentos móveis. Conforme Rodrigues e Colesanti 
(2008), as tecnologias de informação e comunicação também integram a 
internet com sua rede de hipertextos e suas diferentes formas de comu-
nicação como redes sociais, blogs, aplicativos e softwares de mensagens 
instantâneas. 
As ferramentas de informação e comunicação (TIC) são importantes para 
o processo de ensino e aprendizagem,embora se possa entender que 
não são ferramentas que resolverão todos os problemas na educação. A 
partir da evolução das TIC surgiram novas necessidades na área de edu-
cação. Veja isso a seguir. 
2. Letramento digital 
O termo “letramento” tem sido empregado para definir aquele que letra-
do, ou seja, o indivíduo que faz uso da leitura e escrita frequente e com 
competência. (SOARES, 2003) 
Inicialmente, o termo letramento foi usado por autores e pesquisadores 
relacionados à área de leitura e escrita da Língua Portuguesa nos pro-
cessos de alfabetização e letramentos com gêneros textuais escritos 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 29 
 
 
 
convencionais como: contos, fábulas, textos científicos, bulas de remédio, 
dentre outros. Posteriormente, com o apoio de pesquisas nas áreas de 
Comunicação e Educação, o surgimento da Era da Informação e desen-
volvimento tecnologias de informação e comunicação (TIC), o termo le-
tramento foi usado também para indicar habilidades de leitura e escrita 
desenvolvidas pelos sujeitos com relação às mídias, informações e tecno-
logias. Neste caso, é chamado de letramento digital. 
Para Passarelli (2010, p. 73, 74), os letrados digitalmente têm habilidades de: 
Ler, escrever, interagir, comunicar-se por meio da linguagem de multimí-
dia, reconhecendo as práticas sociais e gêneros textuais que envolvem cada 
elemento dessa interface.engloba tanto o conhecimento dos recursos in-
formacionais e a habilidade de identificá-los, localizá-los, avaliá-los, organi-
zá-los, quanto o poder de recriar problemas. (PASSARELLI, 2010, p. 73, 74) 
Segundo Soares (2003), é muito importante que o desenvolvimento das 
habilidades de leitura e escrita sejam desenvolvidas por meio de práticas 
escolares em eventos variados. Uma destas habilidades envolve práticas 
de leitura e escrita hipertextuais, que exigem exposição a uma tela cheia 
de signos – textos, imagens, vídeos, outros – conectados por todos. 
ASSIMILE 
Textos com nós ou ligações é o que caracterizam os hipertextos. Por 
exemplo: um texto em página na internet tem várias conexões com 
outras páginas da internet. Ramal (2002) explica que o “hipertexto é 
algo que vai além do texto”, que permite conectar outras expressões; 
o hipertexto pode permitir uma construção coletiva. 
O letramento digital envolve ter habilidades de leitura e escrita hipertex-
tuais. Mas, é importante ressaltar que o letramento digital não envolve 
apenas o uso funcional do computador – usar teclado, fazer pesquisas na 
internet, usar mecanismos de busca, dentre outros – mas, envolve que 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 30 
 
 
 
 
 
 
 
 
as pessoas tenham habilidades de usar a informação de forma crítica. 
Buckingham (2010) chama de letramento digital “o fazer perguntas sobre 
as fontes de informação, os interesses dos produtores”, as formas como 
a mídia representa o mundo, compreensão dos “desenvolvimentos tecno-
lógicos [que] estão relacionados a forças sociais, políticas e econômicas 
mais amplas.” Para o autor, o indivíduo precisa ser capaz de compreender 
os pontos de vista, vozes e ideologias que compõem uma mídia. 
Os professores são importantes agentes mediadores no processo de uso 
das tecnologias de informação e comunicação. O documento da Unesco 
(2013) mostra que os educadores devem ter uma ampla formação para 
o letramento digital para que possam compreender quais sãos os objeti-
vos dos textos, como podem interpretá-los e quais são as construções de 
identidades propostos nos mesmos. 
LINK 
O documento da Unesco (2013, p.20) explica que o letramento digital 
envolve os professores e que os mesmos devem conhecer e se apro-
priar de(o/a): as funções das mídias e de outros provedores de informa-
ção; operação dessas funções; como a informação apresentada deve 
ser criticamente avaliada dentro do contexto específico e amplo de sua 
produção; ética nas mídias e na informação, dentre outras. O docu-
mento apresenta um conjunto de habilidades para que os professores 
possam atuar com práticas de letramento digital. Disponível em: <http:// 
unesdoc.unesco.org/images/0022/002204/220418por.pdf>. Acesso em: 
10 fev. 2018. 
3. letramento digital, escola e autonomia 
Rojo (2013) explica que com o advento das tecnologias de informação e 
comunicação faz-se necessário à formação de leitores e escritores com 
novas competências. A autora comenta: 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 31 
http://unesdoc.unesco.org/images/0022/002204/220418por.pdf
http://unesdoc.unesco.org/images/0022/002204/220418por.pdf
 
Se os textos da contemporaneidade mudaram, as competências/capacida-
des de leitura e produção de textos exigidas para participar de práticas de 
letramento atuais não podem ser as mesmas. (ROJO, 2013, p. 8) 
Os textos produzidos e expostos por meio de telas digitais como a do 
computador, tablets ou celulares exigem do (a) leitor (a) e escritor (a) uma 
escrita e leitura dialogada e conectada por nós. Desta forma, os processos 
de letramento digital não podem corresponder aos que foram realizados 
por anos nas escolas. 
A escola precisa deixar de ensinar somente a escrita convencional e em 
papel, mas precisa trabalhar habilidades interpretativas diferentes de 
modo que os alunos sejam capazes de analisar textos impressos, vídeos, 
fotos, tabelas estatísticas, e outros. Sendo necessário mostrar ainda um 
texto híbrido que contenha linguagem escrita e imagens, exigindo inter-
pretações diferentes. Portanto, a escola tem a função de explorar textos 
com linguagem visual, verbal e sonora. (LEMKE, 2010) 
Freire (1996) sugeriu o desenvolvimento de uma “educação dialógica” que 
estimulasse o pensamento crítico. Segundo Freire (1996), para a substitui-
ção do pensamento ingênuo pelo pensamento crítico seria necessário o 
diálogo. Dentro desta concepção, caberia aos educadores estimular uma 
educação baseada no diálogo para que o aluno fosse ativo e participativo 
em seu processo de ensino e aprendizagem. 
Com relação à leitura e à escrita, Freire (1988) desenvolveu o conceito de 
que é importante interpretar o mundo e interferir no mesmo por meio 
da ação. A partir disso, realizar uma leitura tem a função de interpretar o 
mundo, recriá-lo, revivê-lo e permitir a representação da linguagem escri-
ta. Esse conceito de leitura e escrita antecede habilidades e competências 
para uma leitura e escrita digital, por exemplo. O envolvimento neste tipo 
de leitura e escrita sugere a formação de um indivíduo autônomo e capaz 
de tomar suas próprias decisões. 
Conforme Suanno (2003), as tecnologias de informação e comunicação 
são importantes aliadas ao processo de construção da autonomia e de 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 32 
 
 
 
 
 
leitura do mundo, pois podem ser utilizadas com o objetivo de formar um 
cidadão ativo, interativo, construtivo e transformador de sua realidade, 
promovendo o desenvolvimento individual, sociocultural, científico, tec-
nológico, político e econômico. 
QUESTÃO PARA REFLEXÃO 
Dentro da concepção de letramento digital, compreendem que o (a) 
letrado (a) digital não deve somente ter habilidades técnicas no uso 
de tecnologias de informação e comunicação, mas também ter habi-
lidade de realizar leitura hiperconectada e compreender os objetivos 
por trás de um texto digital. Desta maneira, quais seriam as ações 
pedagógicas do docente compatíveis com esta concepção? 
4. Considerações finais 
• Gêneros textuais emergentes são aqueles que estão relacionados 
com a mídia eletrônica, virtual e a escrita eletrônica. 
• Tecnologias de informação e comunicação na educação com-
preendem rádio, televisão, fotografias, filmes, computadores e 
equipamentos móveis e integram também a internet com sua rede 
de hipertextos e suas diferentes formas de comunicação: e-mails, 
mensagens instantâneas, vídeos, plataformas diversas, ambientes 
virtuais, fóruns, blogs,etc. 
• Letramento digital é usado para indicar habilidades de leitura e 
escrita desenvolvidas pelos sujeitos com relação às mídias, informa-
ções e tecnologias. 
• O letramento digital não compreende apenas o uso funcional do 
computador - usar o teclado, fazer pesquisas na internet, saber 
localizar e selecionar navegadores, hyperlinks, mecanismos de bus-
cas, dentre outros – mas envolve o fato de que as pessoas tenham 
habilidades de usar e avaliar a informação de forma crítica. 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 33 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• A escola precisa deixar de ensinar somente a escrita convencional 
e em papel, mas precisa trabalhar habilidades interpretativas dife-
rentes, de modo que os alunos sejam capazes de analisar textos 
impressos, vídeos, fotos, tabelas estatísticas e outros. 
Glossário 
• Agente mediador: trata-se de um motivador (a) que serve de in-
termediário para que uma ação aconteça. No caso do processo 
de ensino e aprendizagem, o professor (a) é um motivador (a) que 
serve de intermediário (a) para que ações como as competências 
de leitura e escrita com seus alunos se desenvolvam. 
• Imersivo (a): quem penetra ou introduz-se em alguma coisa ou 
lugar. 
VERIFICAÇÃO DE LEITURA 
TEMA 02 
1. Gêneros textuais emergentes: 
a) São aqueles que estão relacionados com a dependên-
cia do papel e livros. 
b) São aqueles que estão relacionados com a dependên-
cia da mídia eletrônica, virtual e a escrita eletrônica. 
c) São aqueles que estão relacionados com a dependên-
cia da oralidade e imagens visuais. 
d) São aqueles que não estão relacionados com a depen-
dência da mídia eletrônica, virtual e a escrita eletrônica. 
e) São aqueles que não estão relacionados com a depen-
dência da mídia escrita e não eletrônica. 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Buckingham (2010) chama de letramento digital: 
a) o fazer perguntas sobre as fontes de informação, os in-
teresses dos produtores, as formas como a mídia re-
presenta o mundo, compreensão dos desenvolvimen-
tos tecnológicos [que] estão relacionados a forças so-
ciais, políticas e econômicas mais amplas. 
b) o fazer perguntas sobre as fontes de informação, os in-
teresses dos produtores, as formas como a mídia re-
presenta o mundo, compreensão dos desenvolvimen-
tos tecnológicos que não estão relacionados a forças 
sociais, políticas e econômicas mais amplas. 
c) o fazer perguntas sobre as fontes de informação, os 
interesses dos produtores, as formas como a mídia 
representa o mundo, compreensão dos desenvolvi-
mentos tecnológicos que estão relacionados a forças 
sociais, políticas e econômicas mais amplas. 
d) não fazer perguntas sobre as fontes de informação, as 
formas como a mídia representa o mundo, compreen-
são dos desenvolvimentos tecnológicos [que] estão re-
lacionados a forças sociais, políticas e econômicas mais 
amplas. 
e) o fazer perguntas sobre as fontes de informação, os in-
teresses dos produtores, a não representação do mun-
do pelas mídias, compreensão dos desenvolvimentos 
tecnológicos que estão relacionados a forças sociais, 
políticas e econômicas mais amplas. 
3. A condição daquele é letrado (a) refere-se: 
a) ao sujeito que faz uso com competência e frequente da 
leitura. 
b) ao sujeito que faz uso com competência e não frequen-
te da leitura e escrita 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 35 
 
 
 
 
   
 
c) sujeito que não faz uso com competência e frequente 
da leitura e escrita. 
d) ao sujeito que faz uso com competência e frequente da 
leitura e escrita. 
e) ao sujeito que faz uso com competência e frequente da 
escrita. 
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Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 37 
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unesco.org/images/0022/002204/220418por.pdf> Acesso em: 11 fev. 2018. 
Gabarito – Tema 02 
Questão 1 – Resposta: B. 
Resolução: Gêneros textuais emergentes são aqueles que estão re-
lacionados com a dependência da mídia eletrônica, virtual e a es-
crita eletrônica. Marcushi (2004) aponta como gêneros emergentes: 
e-mail, chats (reservados ou abertos), programas de mensagens ins-
tantâneas, videoconferências, aulas chats virtuais, listas de discussão 
e blogs. 
Questão 2 – Resposta: C. 
Resolução: Buckingham (2010) chama de letramento digital o fazer 
perguntas sobre as fontes de informação, os interesses dos produ-
tores, as formas como a mídia representa o mundo, compreensão 
dos desenvolvimentos tecnológicos que estão relacionados a forças 
sociais, políticas e econômicas mais amplas. 
Questão 3 – Resposta: D. 
Resolução: A condição daquele que é letrado (a) refere-se ao sujeito 
que faz uso com competência e frequente da leitura e escrita. 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 38 
http://unesdoc.unesco.org/images/0022/002204/220418por.pdf
http://unesdoc.unesco.org/images/0022/002204/220418por.pdf
 
 
 
 
 
 
TEMA 03 
TRANSIÇÃO DOS LETRAMENTOS 
GRAFOCÊNTRICOS PARA 
MULTILETRAMENTOS 
HIPERMIDIÁTICOS NA EDUCAÇÃO 
BÁSICA 
Objetivos 
É com grande prazer que apresento o tema desta aula 
– Transição dos Letramentos Grafocêntricos para 
Multiletramentos Hipermidiáticos na Educação 
Básica - da disciplina Multiletramentos, Letramento 
Digital e Ensino de Língua Portuguesa. Pretende-se 
com este material: 
• Conhecer a cultura grafocêntrica; 
• Compreender o conceito de multiletramentos; 
• Compreender quais são os tipos de leitores e escrito-
res na era digital; 
• Observar a importância da escola na construção da 
autonomia nas competências de leituras e escritas. 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 39 
 
Introdução 
Vive-se em uma sociedade em que as crianças têm contato logo cedo com 
a escrita por meio de portadores de textos em papel (livros, jornais, revis-
tas e outros), ou digitais (celulares, tablets, televisão e outros) e ouvindo 
histórias, indo a cinemas, teatros e outros. É muito importante para o 
para o processo de alfabetização e letramento do sujeito ter o contato 
com a língua escrita materna. 
O texto desta aula mostrará que durante a história nem sempre todos 
tiveram acesso aos textos escritos e que a sociedade humana passou por 
um longo processo de evolução dos suportes de textos escritos e tais in-
fluenciaram os modos de comportamento para a leitura e escrita. 
Uma sociedade que tem suas relações sociais, econômicas e políticas ba-
seada no sistema da escrita é chamada de grafocêntrica. 
1. Cultura grafocêntrica: o princípio 
Neste tópico, será descrita a evolução da cultura. Veja os principais 
acontecimentos. 
Embora não fosse propriamente uma representação gráfica padronizada 
e organizada, desde a pré-história o ser humano já inicia um processo de 
comunição de escrita por meio de desenhos – a pintura rupestre. 
Depois há a escrita cuneiforme, que foi desenvolvida na Mesopotâmia pe-
los sumérios. Foram encontrados por arqueólogos e historiadores placas 
de barros com esse tipo de escrita. Outro tipo de escrita desenvolvida 
pelos egípcios foi a hieroglífica e foram encontrados vestígios em paredes 
internas de pirâmides. 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 40 
 
 
 
 
 
 
 
 
PARA SABER MAIS 
Escrita cuneiforme foi uma escrita desenvolvida pelo povo sumério. 
Ela era feita com auxílio de objeto em formato de cunha, que é um 
objeto feito de metal ou madeira dura em forma de prisma. Por meio 
deste objeto, talhavam-se sinais ou figuras em argilas ou tábuas. 
Escrita hieroglífica é uma escrita desenvolvida pelo povo egípcio ba-
seada em desenhos e símbolos que representavam ideias, conceitos 
e objetos. Nesta escrita, utiliza-se o papiro, ou seja, plantas, que eram 
transformadas em folhas. 
Os fenícios elaboraram um alfabeto com 24 letras, que foi adotado pelos 
gregos e posteriormente pelos romanos. Os romanos construíram um al-
fabeto somente com letras maiúsculas, posteriormente, adotando letras 
minúsculas de modo cursivo. Portanto, os alfabetos europeus tiveram ori-
gem no alfabeto fenício. 
Na Idade Média, desenvolveu-se uma escrita manual com caligrafia com-
plexa e trabalhosa de se realizar e era realizada em pergaminhos, um ma-
terial feito de pele de animal. Somente pessoas especializadas produziam a 
escrita. Na maior parte dos casos, monges escribas eram responsáveis por 
tal produção escrita. O acesso a obras manuscritas era restrito. As classes 
aristocráticas e membros da Igreja eram os que tinham acesso à escrita. 
Neste mesmo período, surgiram os códices ou códex, precursores dos li-
vros, que era uma junção de vários pergaminhos. O latim ou grego eram 
os idiomas predominantes na escrita destes materiais. A língua do povo 
comum não era utilizada na escrita de códices ou códex. (NUNES, 2007) 
Com a invenção da máquina de imprensa no século XV por Johannes 
Guttemberg, as práticas manuais e artesanais de escrita, passaram a ser 
mecanizadas. Desta forma, mais materiais escritos - teses, panfletos, li-
vros, e outros - foram produzidos de modo rápido. Esta invenção foi revo-
lucionária, pois permitiu a socialização de materiais escritos o que até o 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 41 
 
 
 
 
 
 
 
presente momento não era possível devido ao processo lento da escrita 
manual. 
No entanto, como alerta Chartier (1994), a produção do livro impresso 
no decorrer dos séculos seguintes continuou muito semelhante às obras 
manuscritas da Idade Média, pois imitava a forma de paginações, escritas, 
ilustrações, organização em cadernos, índices e sumários. O modo de lei-
tura como a leitura silenciosa e com os olhos da esquerda para a direita, 
também foi herdado do período da Idade Média. 
As máquinas de escrever surgiram na segunda metade do século XIX. Já no 
início do século XX, surgiram máquinas portáteis sofisticadas e de fácil aces-
so, tal instrumento possibilitava a escrita com os dedos por meio do teclado 
de modo rápido. A utilização destas máquinas possibilitou rapidez na escrita 
de vários documentos em escritórios, bancos, empresas e repartições públi-
cas. As mulheres eram as principais utilizadoras das máquinas de escrever, 
tal fato representou o acesso das mulheres ao mercado de trabalho. 
Com o surgimento dos computadores, as máquinas de escrever torna-
ram-se obsoletas. No entanto, os teclados dos modernos computadores 
preservaram o formato QWERTY da máquina de escrever, que surgiu na 
segunda metade do século XIX. Uma nova revolução nos modos de ler 
e escrever: um texto escrito saiu de uma página em uma folha de papel 
para uma tela virtual com o advento dos computadores. 
As impressoras passaram a substituir gráficas na reprodução de textos. As 
informações tornaram-se acessíveis a todos os cidadãos, diferentemente 
do que acontecia na Idade Média, quando somente os monges tinham 
acesso às informações. 
As imagens também tiveram um processo de evolução particular, dos 
desenhos feitos nas rochas, a seguir em papiros, pergaminhos, papéis, 
chegando às imagens fotográficas, as imagens em movimento no cinema 
e, por fim, em formato de pixels nas imagens de televisão e de computa-
dores. Veja a seguir como a tecnologia e os modos de pensar e viver da 
sociedade influenciaram os modos de ler e escrever das pessoas. 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 42 
 
2. Cultura grafocêntrica: Leitor e leitura 
Neste tópico, você observará quais foram as principais transformações 
do leitor eda leitura no decorrer dos séculos. 
O leitor e a leitura transformaram-se ao longo dos séculos e foram influen-
ciados pelas tecnologias de produção escrita, bem como pelas estruturas 
e formas de suportes dos textos escritos. Por exemplo, com o papiro era 
necessário segurar rolos presos a uma madeira com as duas mãos. Com 
o surgimento do pergaminho, o texto em códices já era possível ler sem 
ter que usar as duas mãos. 
Na Idade Média, a prática de leitura inicialmente era realizada nas igre-
jas e templos, muitas vezes tendo que ficar em pé, em público e em voz 
alta. A leitura em voz alta também servia para que se realizasse a escrita 
e cópia de textos. Por exemplo, um copista lia em voz alta um texto para 
que outro copista pudesse escrever o que ouvia em um pergaminho. Os 
copistas tinham duplo papel: ler e copiar os textos. Isso era feito por duas 
pessoas, pois não era fácil o manuseio de um pergaminho. (NUNES, 2007) 
Também na Idade Média, quem tinha acesso às escolas eram os filhos da 
classe aristocrática, enquanto que os filhos dos camponeses ficavam sem 
aprender a ler e escrever. 
LINK 
Em pleno século XX e XXI, encontram-se crianças que não têm acesso à 
leitura e escrita. Este artigo traz referências sobre as dificuldades que 
as crianças das classes populares têm para aceder o conhecimento 
da leitura e da escrita. Disponível em: <www.hottopos.com/videtur18/ 
sandra.htm>. Acesso em: 10 de abr. 2018. 
De modo geral, as escolas eram controladas por instituições religiosas, 
com especial formação para padres e monges. Surgiram as primeiras 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 43 
http://www.hottopos.com/videtur18/sandra.htm
http://www.hottopos.com/videtur18/sandra.htm
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidades Medievais com cursos como Medicina, Teologia e Direito. 
A prática de leitura e escrita era realizada com o objetivo de possibilitar 
aos estudantes o exercício da leitura nos templos religiosos. Pode-se dizer 
que as práticas de leitura, escrita e letramento dos estudantes estavam 
baseadas e centradas em uma sociedade com uma cultura de escrita ou 
grafocêntrica. 
Com a introdução da leitura silenciosa foi necessário criar a pontuação 
nos textos. Possibilitou uma leitura no ritmo do próprio leitor, mais rápi-
da e exigindo maior concentração. Mas, a leitura em voz alta continuou a 
existir. Chartier (1994) explica que: 
[...] a leitura em voz alta permanece, então, o cimento fundamental das di-
versas formas de sociabilidade: familiares, eruditas, públicas, mundanas... a 
leitura em voz alta é a leitura implícita de gêneros bastante diversos: todos 
os gêneros poéticos, a comédia humanista, o romance em todas suas for-
mas [...]. (CHARTIER, p. 188) 
Desta forma, a prática da leitura em voz alta ainda encontrou seu espaço. 
Durante os séculos XI e XIV, surgiram cidades e aumentou o número de 
universidades e escolas. Isso propiciou acesso às outras classes sociais a 
escrita e a leitura, além da aristocracia. 
Chartier (1994) explica que a partir do século XVIII passa a existir uma leitu-
ra extensiva convivendo conjuntamente com uma leitura intensiva. Ele ex-
plica que a leitura intensiva é uma leitura que se compõe de textos “me-
morizados, recitados, ouvidos e sabidos de cor, transmitidos de geração a 
geração” (CHARTIER, p. 189). Um dos principais textos utilizados na leitura 
intensiva é a Bíblia e outros textos religiosos, sendo realizada em igrejas e 
templos religiosos. Enquanto que na leitura extensiva, o leitor “consome 
muitos e variados impressos, lê com rapidez e avidez [e] exerce em relação 
a eles uma atividade crítica” (CHARTIER, p. 189). Os textos que fazem parte 
do repertório do leitor extensivo são os romances em livros, jornais e re-
vistas em pequenos formatos e é realizada nos próprios lares dos leitores. 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 44 
 
LINK 
Este artigo busca revisar de modo mais aprofundado alguns dos ca-
minhos percorridos por historiadores preocupados com a história da 
leitura, mostrando algumas conclusões parciais quanto às formas da 
leitura. Disponível em: <www.uel.br/revistas/uel/index.php/histensi-
no/article/viewFile/12159/106>. Acesso em: 17 mar. 2018 
No início do século XX, mais pessoas tiveram acesso a materiais escritos. 
Surgiram mais escolas e as pessoas de diversas classes sociais puderam 
ser escolarizadas. Pesquisadores e educadores passaram a discutir a res-
peito das práticas de leitura e escrita e se iniciam os estudos sobre letra-
mento. A escola, dentro da sociedade centrada na escrita, passou a ser a 
responsável pelo processo de letramento grafocêntrico, por meio da cria-
ção de currículos, programas, projetos pedagógicos e manuais/materiais 
didáticos com o objetivo de desenvolver práticas de letramentos no âm-
bito da sala de aula similares às que ocorrem na vida real. (SOARES, 2003) 
A seguir, serão apresentados a você os impactos da tecnologia na cultura 
grafocêntrica. 
3. Multiletramento hipermidiático 
Com o advento dos computadores e internet, a leitura é modificada e pas-
sa a ser exercitada por meio do olhar na tela. Na atualidade, a prática de 
leitura convive com múltiplos ruídos: toque de telefone, música, barulhos 
externos de uma cidade urbana e outros. A leitura agora pode ser realiza-
da em diferentes locais e não somente dentro do próprio lar. 
A escrita é hipertextual, ou seja, escreve-se um texto que possui várias 
conexões com páginas, palavras, imagens, fotografias e sons. Por meio de 
um hipertexto o leitor pode intervir e construir novos significados. 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 45 
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/histensino/article/viewFile/12159/106
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/histensino/article/viewFile/12159/106
 
 
 
As palavras estão escritas em cartazes, embalagens, placas, jogos, aplica-
tivos de mensagens, frases em roupas e na tela do computador. A comu-
nicação é rápida e, sendo assim, a escrita de texto é simplificada. O leitor 
é o nativo digital. 
ASSIMILE 
É um termo usado para designar às pessoas que nasceram e vive-
ram com as tecnologias de informação e comunicação presentes em 
sua vida. Refere-se às pessoas nascidas a partir da década de 1980. 
Os nativos digitais de modo geral usam redes sociais como o Twitter 
e Facebook e aplicativos de mensagens como Snapchat e Whatsapp. 
(PRENSKY, 2001) 
EXEMPLIFICANDO 
Por exemplo, por meio dos dados do Comitê Gestor Internacional 
(CGI)1 sobre o uso da internet no ano de 2014 por crianças e adoles-
centes no Brasil, sabe-se que 77% da faixa etária 10 a 17 anos são 
usuários de internet. Outro dado significativo é que o uso das redes 
sociais entre os jovens usuários de internet no Brasil permanece ele-
vado, 79% das crianças e adolescentes brasileiros possuem perfil pró-
prio em rede social. 
Chartier (1994) explica a evolução revolucionária e histórica do surgimen-
to do texto eletrônico: 
A revolução iniciada é, antes de tudo, uma revolução dos suportes e das 
formas que transmitem o escrito. Nesse ponto, ela tem apenas um prece-
dente no mundo ocidental: a substituição do volume pelo códice, do livro 
1 Para compor os dados acima citados, utilizou-se de um plano amostral de 3000 mil crianças e adolescentes 
entre 9 a 17 anos, além de pais e responsáveis, dentre 136 municípios brasileiros, nas classes sociais AB, C, D/E. 
Maiores informações encontram-se disponíveis em <www.cetic.br/media/docs/publicacoes/2/TIC_Kids_2014_ 
livro_eletronico.pdf> 
Multiletramentos, letramento digital e ensino de língua portuguesa 46 
http://www.cetic.br/media/docs/publicacoes/2/TIC_Kids_2014_livro_eletronico.pdf
http://www.cetic.br/media/docs/publicacoes/2/TIC_Kids_2014_livro_eletronico.pdf
 
 
em forma de rolo, nos primeiros séculos da era cristã, pelo livro composto 
de cadernos juntados. (CHARTIER, 1994, p. 192). 
Chartier (1994) aponta as vantagens do texto eletrônico para o

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