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Paulo Gabriel da Silva Mota. Medicina UFR. Fármacos Opioides INTRODUÇÃO • Diversas classes de fármacos são amplamente utilizadas para alívio da dor. Esses fármacos incluem: ➢ Agonistas dos receptores de opioides ➢ AINEs ➢ Antidepressivos tricíclicos ➢ Antagonistas do receptor NMDA ➢ Agonistas adrenérgicos ➢ Agonistas dos receptores 5-HT1 → enxaqueca AGONISTAS DOS RECEPTORES DE OPIOIDES • Principal classe usada no controle da dor aguda moderada a intensa. • A morfina, um agonista de ocorrência natural, é a mais utilizada. • Atualmente, opioides sintéticos e semissintéticos conferem opções de versatilidade farmacocinética. • Opioides historicamente: principal controle da dor aguda relacionada ao câncer. • Opioides atualmente: controle também da dor crônica não relacionada ao câncer. Mecanismos de ação e principais efeitos adversos • Produzem analgesia e outros efeitos através de atuação nos receptores opioides µ. • A ativação dos receptores opioides µ (tanto pré- sinápticos quanto pós-sinápticos) por neurônios inibitórios de circuitos locais e descendentes inibe a transmissão central de impulsos nociceptivos. • Na terminação pré-sináptica, a ativação do receptor opioide µ diminui o influxo de Ca2+ em resposta ao potencial de ação (impede a despolarização). • Na terminação pós-sináptica, a ativação desses receptores opioides µ aumenta o influxo de K+, diminuindo a resposta à neurotransmissão excitatória. • Os locais de ação analgésica incluem o cérebro, o tronco encefálico, a medula espinhal e as terminações nervosas periféricas aferentes primárias. • Também provocam: ➢ Depressão respiratória (→receptores no centro de controle respiratório medular) ➢ Náuseas e vômitos (→receptores na zona quimiorreceptora bulbar/medular) e ➢ Constipação (→receptores no trato gastrintestinal). • Além disso, podem causar sedação, confusão, tontura e euforia. • Uso constante está associado ao desenvolvimento de tolerância (→diminuição de seu efeito terapêutico). Os mecanismos ainda são controversos. • O desenvolvimento de dependência requer a substituição do analgésico ou o aumento da dose do opioide. • Também pode ocorrer dependência física, em que a retirada súbita do opioide causa síndrome de abstinência. • A adicção, quadro em que síndrome de abstinência é acompanhada de uso abusivo ou busca pela droga é mais um efeito adverso relevante. Morfina, codeína e derivados • A morfina, a codeína (metilmorfina) e seus derivados semissintéticos são os opioides mais empregados para o controle da dor. • A morfina é o opioide de referência para os outros fármacos da classe. • A morfina é metabolizada no fígado, onde sofre glicorunidação na posição 3 (M3G → inativa) ou na posição 6 (M6G → atividade analgésica). A M6G é excretada pelo rim. • Existem várias vias de administração da morfina. ➢ Via oral de liberação prolongada → potencial risco de abuso. ➢ Intravenosa ou subcutâneas → dor do câncer e em dores agudas (traumatismo, queimaduras, Paulo Gabriel da Silva Mota. Medicina UFR. cirurgias e crises vasoclusivas da anemia falciforme). ➢ Epidural ou intratecal → ação mais prolongada do que a parenteral. • A codeína (metilmorfina) também é de ocorrência natural. É muito menos potente do que a morfina enquanto analgésico. Porém, é utilizada como antitussitivo e antidiarreico. • A atividade analgésica da codeína se deve à desmetilação hepática por enzimas hepáticas do citocromo P450. Polimorfismos genéticos nessas enzimas determinam as variações individuais nas respostas ao tratamento com codeína. • Oxicodona e hidrocodona são análogos semissintéticos mais potentes da codeína. São disponibilizados via oral, muitas vezes em combinação com o paracetamol. Agonistas sintéticos • As duas principais classes de agonistas sintéticos dos receptores µ opioides são: ➢ Fenileptilaminas (metadona) ➢ Fenilpiperidinas (fentanil, meperidina) • A metadona é utilizada no tratamento da adicção de drogas, mas também no controle da dor. Seus efeitos analgésicos duram de 4 a 8 horas (→alívio prolongado da dor crônica do câncer). • O fentanil apresenta tempo de ação curto. É 75 a 100 vezes mais potente do que a morfina. Por ser lipofílico, pode ser administrado via transmucosa bucal ou transdérmica. O alfentanil e o sufentanil são análogos do fentanil. • O remifentanil apresenta um metabolismo e eliminação muito rápidos. É usado como anestésico em conjunto com algum fármaco de ação mais longa. • A meperidina é um agonista µ com eficácia similar à da morfina, sendo em torno de 10 vezes menos potente (10 mg de morfina = 75-100 mg de meperidina). Sua eficácia cai pela metade quando via oral. ➢ O metabólito tóxico normeperidina pode causar hiperexcitabilidade do SNC e convulsões. ➢ Ao contrário dos outros opioides, a meperidina provoca mais midríase (dilatação da pupila) do que miose (retração das pupilas). Agonistas parciais e mistos • A maioria dos agonistas dos receptores opioides é agonista µ opioide. • Porém, também existem agonistas parciais ou agonistas mistos. • O butorfanol e a buprenorfina são agonistas µ parciais. • A nalbufina é um agonista λ e antagonista µ. • Têm tendência menor para produzir euforia → reduz o risco de abuso. ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES OPIOIDES • São utilizados para reverter os efeitos potencialmente fatais da administração de opioides → especialmente a depressão respiratória. • A naloxona é um antagonista de meia-vida mais curta que a morfina, administrado via parenteral. • A naltrexona, administrada via oral, é usada em meio ambulatorial para desintoxicação de indivíduos com adicção de opioides. • Combinações de agonistas e antagonistas opioides estão sendo desenvolvidas para frear o uso ilícito dessas drogas.
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