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Interpretação dos Contratos - Direito Civil

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Interpretação dos contratos 
 
Critérios para a interpretação dos contratos 
 
 
a. A melhor maneira de apurar a intenção dos contratantes é verificar o modo 
pelo qual o vinham executando, de comum acordo. Desde a pré contratação 
b. Deve-se interpretar o contrato, na dúvida, da maneira menos onerosa para o 
devedor (in dubiis quod minimum est sequimur) O juiz analisa a parte mais 
vulnerável da situação. 
c. As cláusulas contratuais não devem ser interpretadas isoladamente, mas em 
conjunto com as demais. As cláusulas não podem ser entendidas separadas 
do contrato. 
d. Qualquer obscuridade é imputada a quem redigiu a estipulação, pois, 
podendo ser claro, não o foi (ambiguitas contra stipulatorem est). 
Obscuridade é quando uma cláusula não é muito clara e é atribuída a quem 
redigiu o contrato. 
e. Na cláusula suscetível de dois significados, interpretar-se-á em atenção ao 
que pode ser exequível (princípio da conservação ou aproveitamento do 
contrato) Cláusula ambígua - tenta-se interpretar de uma forma que aquele 
contrato não seja extinto, o princípio da conservação está em cima de todos 
os contratos. 
 
 
 
Formas de interpretação do contrato 
A interpretação contratual é: 
 
 
1. Declaratória: quando tem como único escopo a descoberta da intenção 
comum dos contratantes no momento da celebração do contrato. O juiz tenta 
enxergar a intenção comum dos contratantes. 
2. Construtiva ou integrativa: quando objetiva o aproveitamento do contrato, 
mediante o suprimento das lacunas e pontos omissos deixados pelas partes. 
Quando o juiz quer aproveitar o contrato, e tenta suprir as lacunas que 
existem. Só quando há um erro crasso, que não dá para convalidar, ele é 
cancelado. 
Regras de interpretação contidas no CC e em Lei Especial 
 
 
1. No contrato de adesão (do Direito Civil), existindo cláusulas ambíguas ou 
contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente 
(as partes e manifestação de vontades são iguais, mas o contrato de adesão 
foi redigido apenas por uma das partes) (arts. 423 e 424, CC). 
 
Código Civil não estabeleceu regulação própria aos contratos por 
adesão, o que foi feito pelo CDC com toda pertinência. (apenas nesses dois 
artigos, raramente no direito civil há contrato de adesão). 
 
Enunciado n. 171, III Jornada de Direito Civil, 2004: O contrato de 
adesão, mencionado nos arts. 423 e 424 do novo Código Civil, não se 
confunde com o contrato de consumo (CDC, lá o contrato de adesão é 
REGRA). 
 
2. A transação interpreta-se restritivamente (art. 843). Transação: antes da 
formação do contrato há concessões recíprocas, ex.: pede X pelo carro, e a 
outra parte nao tem X, e sim Y. Cada um cede um pouco. 
As concessões recíprocas das partes podem criar, modificar ou 
extinguir relações iguais ou diversas da que tiver dado origem à pretensão ou 
contestação. Interpreta-se restritivamente porque a transação é uma 
negociação onde as partes querem e podem fazer. Quando é levado ao juiz, 
ele não fará uma interpretação extensiva, envolve só os direitos daquelas 
partes. 
 
3. A fiança não admite interpretação extensiva (art. 819); Não admite 
interpretação lato sensu porque o fiador paga por uma dívida que não é dele, 
então, se ele entra como fiador, ele sabia das consequências e optou por isso 
– O caráter benéfico de que se reveste a fiança não permite lhe seja dada 
uma interpretação extensiva; – Súmula 214 do STJ: “O fiador não responde 
por obrigações resultantes de aditamento ao qual não anuiu”. 
4. A cláusula testamentária é suscetível de interpretações diferentes, 
prevalecendo a que melhor assegure a observância da vontade do testador 
(art. 1.899). Se o testamento provoca interpretação diferente, prevalece a que 
se aproxime mais a vontade do testador. O juiz chamará testemunhas que 
conviviam com o testador, até chegar a opção. 
No testamento, o aspecto subjetivista prevalece, e o que se tem de perquirir e 
revelar é a real vontade do testador. (vide art. 112, CC). Deve-se atentar à 
linguagem do testador no sentido pessoal e próprio em que ele a empregara. 
 
 
 
Interpretação dos contratos no Código de Defesa do Consumidor 
 
 
Contrato de adesão: art. 54, CDC: Contrato de adesão é aquele cujas 
cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente (agências 
reguladoras) ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou 
serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu 
conteúdo. 
 
Art. 47, CDC: As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais 
favorável ao consumidor. Em qualquer processo que irá intentar contra um 
fornecedor de bens e serviços, será interpretada de maneira mais favorável do que o 
consumidor. Há a inversão do onus da prova. “o cliente sempre tem razão”. 
Justificativa dessa excepcionalidade: previsão específica do rol dos 
direitos fundamentais, como disposto no art. 5º, XXXII, combinado com o art. 170, 
V, da Constituição Federal.

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