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6-Controle farmacológico da dor

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Controle farmacológico da dor 
Conceitos 
Dor: experiencia social e emocional 
desagradável. Associada a dano tecidual 
potencial ou de fato. Percepção dos 
estímulos nocivos. 
↪Tem como componentes o 
emocional/afetivo e atenção/aprendizagem 
↪Dor: algo físico 
↪Sofrimento: algo emocional 
↪Envolve diferentes sistemas biológicos e 
substancias endógenas que atuam de forma 
integrada na sinalização do problema e na 
tentativa do restabelecimento da 
homeostasia. 
Analgesia: ausência de dor em resposta à 
estimulação que normalmente seria dolorosa. 
Promovida por um analgésico. 
↪A compreensão dos mecanismos de 
nocicepção permitem prevenir ou tratar a 
dor. 
↪Modalidades terapêuticas: analgesia 
preemptiva e analgesia multimodal 
• Analgesia preemptiva: administração de 
medicamentos para a dor, antes da sua 
ocorrência (ex: antes da cirurgia), reduz 
a necessidade dos analgésicos e a 
duração da administração desses no 
pós-operatório → ex: opioides, alfa-2-
adrenergicos, anestésicos locais, 
cetamina, AINEs, corticoides 
• Analgesia multimodal: uso de diferentes 
classes farmacológicas para maximizar os 
efeitos analgésicos e com intuito de 
reduzir os efeitos colaterais produzidos 
por cada um dos fármacos → ex: AINEs, 
corticoides, opioides, ADT, gapentina, 
pregabalina 
Analgésico: agente que produz alivio da dor 
sem a perda da consciência 
Anestesia: ausência de todas as modalidades 
sensoriais. Perda da capacidade de sentir dor. 
Produzido por um anestésico. 
Anestésico: agente que produz anestesia 
regional ou anestesia geral, normalmente 
acompanhada de perda de consciência. 
Porque e como utilizar anestésicos e 
analgésicos 
Para reduzir a percepção de estímulos 
externos 
Para evitar dor durante cirurgia (analgesia) 
Para imobilizar o animal (suprimir atividade 
reflexa) 
Para abolir tônus muscular (relaxamento) 
Para facilitar a recuperação 
Para tratar dores agudas e crônicas de 
causas diversas (analgésicos) 
Para cumprir a legislação 
Fisiologia da dor 
A percepção desagradável de uma 
sensação dolorosa, resultada na ativação de 
receptores periféricos conhecidos como 
nociceptores, os quais fazem parte de um 
sistema complexo e especializado em 
reconhecer as alterações provocadas pelos 
estímulos nocivos. 
Da mesma forma que a visão e audição, a 
dor tem um sistema neuronal próprio, 
denominado sistema nociceptivo. 
Nocicepção: processo neural que codifica os 
estímulos nocivos. 
Nocicepção: 
1. Transdução: transformação de estímulos 
nocivos em sinais elétricos (potenciais de 
ação) 
2. Transmissão: impulsos sensoriais 
conduzidos para a medula espinal 
3. Modulação: amplificação ou supressão do 
impulso dentro da medula espinal (gânglio 
da raiz dorsal) 
4. Projeção: transmissão de impulso para p 
cérebro. 
5. Percepção: integração, processamento e 
identificação da informação nociceptiva 
(córtex) 
6. Envia a resposta pelas vias eferentes 
passando pelas mesmas estruturas 
 
Tipos de dor. 
Dor declarada/dor inflamatória aguda: é uma 
resposta que informa rapidamente que um 
estimulo externo (mecânico, químico ou 
térmico) é uma ameaça à integridade física 
do organismo. 
↪O estimulo por si só pode desencadear 
esta resposta ou pode ser induzido por 
mediadores inflamatórios que ativam os 
nociceptores, por exemplo a bradicinina e 
histamina. 
Hipernocicepção (processo inflamatório): a 
resposta é aumentada à percepção 
dolorosa (sensibilização) – o estimulo é 
doloroso e é aumentado devido a 
sensibilização. 
↪Sensibilização: a sensibilização dos 
nociceptores ocorre por ação de 
mediadores inflamatórios (prostaglandinas, 
TNF, interleucinas, leucotrienas, quimiocinas, 
fatores de crescimento), alteram o limiar de 
ativação dos nociceptores, ou seja, 
diminuindo o limiar permitindo que dispare o 
potencial elétrico mais facilmente e mais 
frequente. 
• Ocorre quando há um estimulo muito 
intenso ou prolongado, ocorre lesão 
tecidual que, persistindo por horas ou 
até dias, pode causar alterações na 
dinâmica e na função dos neurônios e 
das vias envolvidas na dor, desde a 
transmissão até o processamento. 
• Essas modificações resultam em um 
aumento da sensibilidade neuronal e são 
conhecidas como sensibilização de 
nociceptores, podendo ocorrer tanto na 
dor aguda quanto na dor crônica. 
 
• Observa-se um mecanismo de dor 
persistente devido a uma estimulação 
continua dos nociceptores; amplificação 
progressiva da resposta; aumento de 
potenciais de ação; redução do limiar 
excitatório. Como consequência, a 
sensação de dor pode continuar mesmo 
quando não há mais estímulos nocivos 
ou a lesão tecidual ou a inflamação já foi 
resolvida. 
• Classificação: 
➢ Sensibilização periférica: ocorre no SN 
periférico 
➢ Sensibilização central: ocorre no SNC 
↪Tipos de hipernocicepção: 
• Alodinia: resposta dolorosa a um 
estimulo que antes não era doloroso. 
• Hiperalgesia: resposta dolorosa 
aumentada a um estimulo previamente 
doloroso. 
Dor crônica: ocorre devido a persistência da 
dor devido a sensibilização. 
↪Origem da dor crônica: inflamações, 
neuropatias, manipulação cirúrgica. 
↪A sensação de dor crônica também se 
deve a hiperexcitabilidade dos gânglios da 
raiz dorsal mediada por diferentes 
neurotransmissores que resulta em atividade 
elétrica espontânea contínua. 
Propagação química do estimulo doloroso 
 
Onde agem os fármacos na dor? 
 
AL: anestésicos locais 
AH: anti-histamínicos 
ADT: antidepressivo tricíclico 
BDZ: benzodiazepínicos 
 
 
Degrau de dor 
Fármacos usados no controle da dor 
Importantes analgésicos usados no controle 
da dor aguda: uso isolado ou associado 
↪Analgésicos opioides 
↪Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) 
↪Corticosteroides 
↪As duas classes mais importantes de 
analgésicos no controle da dor aguda são os 
analgésicos opioides e os não-opioides 
(AINEs). A escolha é baseada no nível da dor. 
• AINEs: indicados para o tratamento da 
dor moderada ou fraca, especialmente 
em dores do tipo inflamatório. 
• Opioides: utilizados em quadros de dores 
moderadas ou intensas. 
Analgésicos opioides: os analgésicos opioides 
são tradicionalmente utilizados em analgesia 
perioperatória e no controle da dor 
oncológica (câncer). 
↪Exemplo: morfina 
↪Efeitos adversos: vomito, delírios, 
dependência química, síndrome de 
abstinência. 
↪Uso crônico: gera a dessenbilização de 
receptores, uma vez que os opioides atuam 
em receptores continuamente gera essa 
dessensibilização que leva a tolerância ao 
fármaco acarretando na dependência física. 
↪Dependência física: é um estado 
adaptativo frente à tolerância produzido pelo 
reajuste dos mecanismos homeostáticos em 
resposta ao uso repetido de um fármaco. É 
evidenciado pela síndrome de abstinência 
(ao retirar o fármaco de forma abrupta gera 
reações emocionais e fisiológica) especifica 
em resposta à classe de receptor/fármaco. 
Efeito reversível após a suspensão da 
medicação. 
Analgésicos não opioides (AINEs): 
↪Tecnicamente todos os anti-inflamatórios 
licenciados para uso em pessoas, podem ser 
administrados em animais. 
↪AINEs: 
• Vantagens: baixo custo e de boa 
aceitação, sendo também usado como 
antipirético; bastante efetivo no 
tratamento da dor pós-operatória de 
cirurgias de pequeno e médio porte (se 
for grande porte associar com opioide); 
eficácia aumentada, se combinado a 
outros analgésicos (AINHs e opioides), 
sem aumentar efeitos colaterais das 
drogas. 
• Reações adversas: uso prolongado 
➢ Sangramento 
➢ Gastrite e ulceras 
➢ Diminuição da função renal 
↪Coxibes: 
• Eficácia semelhante à dos AINEs 
clássicos 
• Reduz o risco de distúrbios gástricos 
• Aumenta o risco de problemas cardíacos 
• Alto custo 
Importante para os anti-inflamatórios! 
↪Os anti-inflamatórios constituem a classe 
de medicamentos mais vendidos,onde ~soa 
adquiridos sem prescrição medica ou 
veterinária, o que facilita a automedicação. 
↪Apesar da sua eficácia comprovada no 
tratamento da inflamação, deve-se ter 
cautela quanto à sua utilização 
↪Uso inapropriado destes agentes 
frequentemente causam complicações à 
saúde do paciente e custo desnecessários 
Corticosteroides: indicados para o uso no 
alivio da dor inflamatória e alguns casos de 
dor oncológica (associado a outros 
fármacos). 
↪Exemplos: dexametasona e prednisolona 
↪Normalmente administrado em dose única 
↪Efeitos adversos: cicatrização e efeitos 
imunomoduladores; efeitos negativos sobre 
o metabolismo, pressão arterial, digestório. 
↪Sugestão de uso associado a outros 
analgésicos para promover a analgesia 
multimodal 
Anestésicos locais 
↪Lidocaína por via venosa tem 
propriedades analgésicas e anti-inflamatória 
Agonistas alfa-2-adrenérgicos: 
↪Efeitos terapêuticos: sedação e hipnose, 
relaxamento muscular, analgesia (xilazina – 
ótima analgesia visceral) 
Relaxantes musculares: os relaxantes 
musculares são drogas que podem ser 
utilizados para aliviar dores musculares 
Antiespasmódicos: os antiespasmódicos, 
como a escopolamina (aumenta o limiar da 
dor), podem ser utilizados para dores 
caracterizadas como cólicas. Nesse tipo de 
dor, há evidencias de melhora com uso 
concomitante de AINHs (anti-inflamatórios 
não esteroidais).

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