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Nathalia R. Antonelli 1 Controle da dor Classificação da dor Aguda com uma duração previsível, sendo autolimitada e facilmente diagnosticada (ex.: dor pós-operatória e trauma), Crônica Oncológica e Crônica Não Oncológica caracterizada por uma duração indeterminada e não autolimitada associada à inflamação tecidual persistente (ex.: dor por osteoartrite), perda tecidual (ex.: dor por amputação e remoção cirúrgica) e/ou lesão neuropática (ex.: neuralgia pós- herpética, lesão actínica pós-radioterapia e neuropatia diabética) que induzem a alterações persistentes no sistema nervoso periférico (SNP) e central (SNC). A dor pode ser ainda classificada quanto aos mecanismos fisiopatológicos em dor nociceptiva, neuropática e mista. Dor nociceptiva: as vias nociceptivas se encontram preservadas, sendo ativadas pelos nociceptores de tecidos cutâneos (Dor somática) ou profundos (Dor visceral). Já na dor neuropática, as vias nociceptivas apresentam alterações na estrutura e ou função, resultante de lesão seletiva do trato neoespinotalâmico (Dor central) ou resultante de lesões no sistema nervoso periférico (Dor periférica). Em alguns casos, a lesão original ocorre nos nervos periféricos (ex.: amputação), mas o mecanismo de dor (dor de membro fantasma) parece ser primariamente no SNC. Alguns pacientes apresentam ambos tipos de dor, por exemplo, dor nociceptiva resultante do crescimento do tumor e das metástases e dor neuropática resultante da compressão do tumor em estruturas neurais. Sendo assim, a dor oncológica é frequentemente considerada uma dor mista. Nos pacientes com câncer, a dor neuropática apresenta uma prevalência mais baixa (33%) em relação à dor nociceptiva (72%). Nesta última, a dor músculo-esquelética é a mais frequente, sendo um importante preditor de mortalidade, especialmente quando localizado nos membros inferiores e nas costas. Base neural da dor e fisiopatologia Uma das importantes funções do sistema nervoso é fornecer informações sobre lesões corporais em potencial que são expressas através da dor. A percepção corporal da dor é denominada nocicepção. Considerando a dor como um sistema complexo, didaticamente pode ser dividido em quatro componentes: nociceptores, tratos nociceptivos ascendentes, centros mais elevados no SNC e sistemas inibitórios descendentes da dor. O termo nociceptor é empregado para descrever terminações livres de fibras aferentes primárias que respondem a estímulos de uma ampla variedade de tecidos, como as vísceras, polpa dentária, músculos, articulações, além da pele. As fibras aferentes nociceptivas primárias transmitem sinais químicos (ácidos, prostaglandinas, bradicinina), mecânicos (pressão e vibração) e térmicos (calor, frio e aquecimento) fazendo sinapse com neurônios do corno posterior da medula espinhal (CPME). Em condições normais, a informação sensitiva captada é transmitida para unidades do SNC, onde é decodificada e interpretada. Dependendo da interação entre as unidades excitatórias e inibitórias, das condições ambientais, dos traços constitucionais, da experiência de vida pregressa e a presença de anormalidades orgânicas ou funcionais do indivíduo, essa informação é ou não transferida para o SNC que participa da percepção ou das reações reflexas frente à ocorrência da dor. Nathalia R. Antonelli 2 Controle da dor Na sequência, numerosos neurotransmissores e mediadores bioquímicos excitatórios (glutamato, substância P, fatores de crescimento) e inibitórios (opioides, GABA e glicina) são liberados no CPME. As células do CPME possuem receptores específicos para essas substâncias. Portanto, essa sinapse no CPME seria o ponto no qual as informações dolorosas são conduzidas através do trato espinotalâmico e espino-hipotalâmico aos centros superiores ou são inibidas por ativação do sistema analgésico descendente, proveniente de três componentes principais inter-relacionados funcionalmente: o sistema opioide, noradrenérgico e serotoninérgico. Os centros mais elevados do SNC estão envolvidos na discriminação da dor, incluindo componente afetivo da dor, componentes relacionados à memória e controle motor relacionado à resposta imediata aversiva aos estímulos dolorosos. Avaliação estratégica para controle da dor A dor é uma experiência única e individual, modificada pelo conhecimento prévio de um dano que pode ser existente ou presumido, portanto, em qualquer situação, a dor é o que o paciente refere e descreve. Na prática clínica, a falta de sistematização na avaliação da dor frequentemente leva a um subtratamento apesar dos avanços terapêuticos. A elucidação das possíveis causas e dos efeitos da dor na vida do paciente, investigando fatores desencadeantes e atenuantes além dos fatores psicossociais que possam estar influenciando o seu impacto são frequentemente negligenciados. Evolução da dor Estrategicamente, devem-se identificar quatro aspectos básicos na evolução: 1. A causa da dor 2. O mecanismo da dor 3. Os fatores não físicos envolvidos com a expressão de dor 4. A discriminação detalhada da dor Dor total: este conceito mostra a importância de todas as dimensões indissociáveis do sofrimento humano (físico, mental, social e espiritual). Avaliação clínica da dor Objetivamente durante a anamnese e o exame físico, deve-se buscar a discriminação detalhada da dor, como: localização, duração, irradiação, intensidade, fatores temporais, fatores de agravamento e alívio, grau de interferência nas atividades diárias (sono e relação interpessoal) e na capacidade funcional, além da resposta prévia a fármacos. Isto facilitará a caracterização das principais síndromes dolorosas através do reconhecimento de seus descritores: alfinetada, queimor, formigamento, choque, ardência (dor neuropática); cólica (dor nociceptiva visceral); dor difusa ou irradiada de difícil discriminação pelo paciente (disfunção miofascial). Exame físico e exames complementares O exame físico tradicional deve ser direcionado, salientando a avaliação osteomuscular e funcional, onde os principais grupamentos musculares e articulações serão avaliados sistematicamente quanto à amplitude de movimentos, força e presença de sinais patológicos. Os exames provocativos de dor devem der feitos no final da avaliação buscando a correlação entre as queixas, fatores de melhora e de piora da dor e os achados clínicos. A investigação da sensibilidade é fundamental pois, a presença de fenômenos positivos (alodínea mecânica e térmica ao frio, hiperpatia, hiperalgesia mecânica e sinais de irritação radicular) ou negativos (hipoparestesia, hipoalgesia e hipoestesia tátil e térmica ao frio) sobre a área de dor, em território topograficamente relacionado a uma lesão do sistema somatossensitivo é à base do diagnóstico da dor neuropática e deve der pesquisado em todos os pacientes com dor. Os exames de imagem e neurofisiológicos no paciente com dor servem para evidenciar o comprometimento do sistema somatos-sensitivo, Nathalia R. Antonelli 3 Controle da dor fundamental para diagnóstico de dor neuropática, assim como a cintilografia óssea é essencial para o diagnóstico de dor óssea nociceptiva. Tanto a dor neuropática como a óssea frequentemente tornam-se refratárias à terapêutica farmacológica, em parte pela inadequada avaliação e diagnóstico precoce. Opióides Os opioides permanecem como os fármacos mais efetivos e mais comumente utilizados no tratamento da dor moderada a intensa. Principais efeitos dos opioides O alívio da dor pela morfina é relativamente seletivo. Diferentemente dos anti-inflamatórios, não existe dose máxima (dose-teto) para os efeitos analgésicos dos opioides. O aumento da dose é associado comefeitos adversos que incluem sedação, confusão mental, náuseas e vômitos e depressão respiratória. A dose necessária para analgesia varia muito, dependendo do tipo de dor e de vários fatores relacionados ao paciente. Opioides produzem alterações do humor, incluindo alívio da ansiedade, euforia (sentimentos agradáveis) e disforia (sentimentos desagradáveis). Pacientes com dor crônica utilizando opioides referem alívio inicial da depressão, que pode ser exacerbada com o seu uso por dias ou semanas. Tontura e sedação (que pode ser útil em algumas situações, como na medicação pré-anestésica) são usuais. Os efeitos depressores do SNC podem ser acentuados em usuários de álcool, arbitúricos ou benzodiazepínicos. Reduzir a dose e usar intervalos maiores para sua administração reduz a concentração plasmática dos opioides e pode evitar a sedação excessiva. Depressão respiratória é o efeito adverso mais sério. Cuidados devem ser redobrados em pacientes asmáticos, portadores de apneia obstrutiva do sono e em idosos e crianças. Opioides estimulam o sistema parassimpático do nervo oculomotor, produzindo miose (constrição da pupila). Pupilas puntiformes, depressão respiratória e perda da consciência são sinais patognomônicos de sobredose de opioides. Estes efeitos são rapidamente antagonizados pela naloxona. Se ocorrer anóxia (ausência de oxigênio), pode resultar em midríase (dilatação da pupila). Agem nos centros da tosse, deprimindo, por sua vez, os seus reflexos. Produzem queda da temperatura, por efeito hipotalâmico. Ocorre uma deficiência androgênica induzida pelo uso de opioides. Fármacos opióides Morfina (10 mg/cp) É o fármaco de escolha para dor intensa. A dose adequada é a dose que alivia a dor com mínimos efeitos adversos. Dose inicial: 5-10 mg VO 4/4 horas 15-30 mg VO 4/4 horas Fosfato de Codeína (30 mg/cp) É o opioide de escolha em dor leve a moderada, não controlada com anti-inflamatórios. 30-60 mg VO até de 4/4 horas Não é recomendada por via venosa, pelo efeito de apneia e hipotensão arterial intensa pela liberação de histamina. Constipação, náuseas e vômitos, tontura e sonolência são seus principais efeitos colaterais. A constipação é mais prevalente com codeína do que com outros opioides. Cloridrato de Tramadol (50 mg/ml) 50-100 mg VO até de 6/6 horas Dose máxima: 400 mg/dia Metadona (5 mg/cp) Sua prescrição deve ser cautelosa, devido à sua longa e imprevisível meiavida de eliminação e seus efeitos cumulativos, necessitando-se de avaliações frequentes para se conhecer a dose eficaz. Existem complicações relacionadas a sobredoses não intencionais de metadona, interações medicamentosas e toxicidade cardíaca (como o prolongamento de QT ao ECG e Torsade de Pointes). 2,5-10 mg VO de 3/3 a 4/4 horas Dose máxima: 120 mg/dia Oxicodona (10 mg/cp) Tem vantagens na dor de origem visceral como na cólica biliar ou doenças do pâncreas. É mais potente que a morfina por via oral. 10-30 mg VO 12/12 horas Nathalia R. Antonelli 4 Controle da dor Meperidina (100 mg/ 2 mL) Recomendação: a meperidina não deve ser usada para tratamento de dor aguda e muito menos para a dor crônica, pois causa vício. O desenvolvimento de tolerância é muito rápido, podendo ocorrer mesmo com o uso de dose única. 50-100 mg SC 1-3x/dia Fentanila transdérmico (4,2 mg/adesivo) O fentanil transdérmico deve ser considerado quando o paciente já está em terapia com opioide, com dor constante, mas com pouca dor episódica. É indicado em pacientes impossibilitados de usar a via oral (odinofagia e/ou disfagia), em casos de náuseas e vômitos persistentes, em situações que podem levar à broncoaspiração (delírio), em casos de intolerância à morfina e aos outros opioides e por sua facilidade de uso. 1 adesivo de 2/2 a 3/3 dias Complicações e efeitos adversos dos opióides Os efeitos adversos comuns dos opioides incluem sedação, náuseas, vômitos, constipação, tontura, depressão respiratória, dependência física e tolerância. A constipação e a náusea, os dois efeitos mais comuns do uso dos opioides, podem ser difíceis de tratar e podem ser importantes o suficiente para levar à descontinuidade do tratamento com determinado opioide e contribuir com analgesia inadequada por redução da dose da medicação. Tolerância, dependência física e vício com o uso de opioides A redução de eficácia analgésica é chamada de tolerância e é um fenômeno previsível, que leva ao aumento das doses necessárias para analgesia efetiva. Essa tolerância resulta de mudanças celulares, moleculares e ação da medicação após administrações repetidas. Dependência física é um fenômeno neurofarmacológico em que a suspensão do opioide ou o uso de antagonistas provoca efeitos de síndrome de abstinência com a retirada súbita da medicação, com hiperatividade somática e autonômica (taquicardia, diaforese, náusea, vômito, dores pelo corpo, etc.). A dependência física não é sinônimo de vício. O vício é uma doença neurobiológica crônica, e os fatores genéticos, psicossociais e ambientais influenciam seu desenvolvimento e manifestação. É composto de quatro elementos principais: uso compulsivo, inabilidade para controlar a quantidade do uso, busca pelo efeito psicológico da substância e manutenção do uso mesmo quando apresenta efeitos adversos. O doente pode apresentar um ou mais desses comportamentos. Doentes com esse comportamento usam a medicação pela sensação que ela proporciona, e não para alívio da dor, que é bastante raro em paciente com dor crônica. *diaforese – transpiração intensa Sedação A sedação e tontura induzidas por opioides é relacionada com seu efeito anticolinérgico. Constipação Constipação é um efeito adverso comum e ocorre em 40% a 95% dos doentes que recebem analgesia com opioide. Esse problema pode, a longo prazo, resultar em aumento da morbidade e mortalidade, com efeito significativo na qualidade de vida desses doentes. Constipação grave pode causar o surgimento de hemorroida, dor retal, obstrução intestinal e possível abdome agudo e morte. Diferentemente dos outros efeitos adversos dos opioides (sedação, vômitos, etc.), a constipação não melhora com o tempo, e, dessa forma precisa ser prevenida, tratada e investigada durante o tratamento com medicações opioides. Depressão respiratória Apesar de serem geralmente seguros, os opioides podem causar depressão respiratória, com consequências potencialmente fatais. Recomendação: dose titulada de naloxona pode reverter os feitos de depressão dos opioides agonistas puros, porém, geralmente seu efeito é mais curto que o efeito da medicação opioide que está causando a alteração respiratória, e, dessa forma, o doente pode apresentar insuficiência respiratória quando passar o efeito do antagonista opioide. Manter avaliação constante é de extrema importância. Rotação dos opioides A mudança ou troca de um opioide por outro, mesmo sem a previsão de retornar ao seu uso, é chamada de rotação de opioide (termo que passou a ser utilizado como substituição), de um Nathalia R. Antonelli 5 Controle da dor opioide por outro de mesma potência, utilizando uma tabela de equivalência analgésica para obter melhor resposta analgésica, e menos efeitos adversos. Existem várias tabelas de equivalência analgésica de doses para a rotação de opioides, e são utilizadas para reduzir o risco de uma overdose ou de dosagem insuficiente. A rotação de opioides está indicada quando o paciente apresenta: Analgesia insuficiente, apesar do aumento de doses; Efeitos adversos intoleráveis (mesmo com dor controlada). Analgésicos não opioides A utilização de novos fármacos coadjuvantes vem aumentar o leque de opções farmacológicaspara o tratamento adequado da dor aguda e crônica, nociceptiva ou neuropática, propiciando uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes. Coadjuvantes Os analgésicos coadjuvantes pertencem às seguintes classes: Antidepressivos Anticonvulsivantes Anestésicos locais Neurolépticos Bloqueadores de receptores NMDA (N- Metil-D- Aspartato) Alfa 2 adrenérgicos agonistas Corticoides Relaxantes musculares Ansiolíticos (benzodiazepínicos) Bisfosfonatos Radiofármacos. Os antidepressivos são importantes e indicados no controle de várias síndromes de dor crônica e dor neuropática. Os tricíclicos e os inibidores seletivos de recaptação de serotonina e noradrenalina são citados como fármacos de primeira linha para vários tipos diferentes de dor neuropatica. A escolha do antidepressivo deve privilegiar as características de cada paciente, a presença de comorbidades e de fatores importantes associados, como a ansiedade e a insônia. A descontinuidade destes medicamentos deve ser realizada lenta e gradualmente. Antidepressivos tricíclicos Amitriptilina (10, 25, 75 mg) Uso oral o Dose ambulatorial: 50-150 mg/dia VO; o Dose hospitalar: 100-300 mg/dia VO; o Idosos: 10-50 mg/dia VO. Não recomendado para pacientes com arritmias cardíacas. Solicitar ECG (efeitos adversos: prolongamento do intervalo QT). Nortriptilina (10 mg, 25, 50 e 75 mg) Os efeitos colaterais comuns são decorrentes de sua atividade anticolinérgica (constipação, íleo paralítico, boca seca, turvação visual, hipertermia, retenção urinária). Seus efeitos no SNC podem incluir: fadiga, sonolência, letargia, agitação, irritabilidade, confusão, insônia, convulsão, coma. Os sinais e sintomas de toxicidade advêm da exacerbação dos efeitos anticolinérgicos, da estimulação do SNC e da sua cardiotoxicidade. Dose usual: 25 mg/dose VO 3-4x/dia Dose máxima: 150 mg/dia Antidepressivos inibidores da receptação da serotonina Sertralina: 50 a 200 mg/dia VO Fluoxetina: 10-80 mg/dia VO Bom efeito ansiolítico Antidepressivos inibidores da receptação de serotonina e noradrenalina Venlafaxina: 150 mg a 225 mg/dia VO (Idoso: 37,5 mg a 75 mg/dia como dose inicial) Eficaz na neuropatia diabética e polineuropatias. Menores efeitos anticolinérgicos e risco cardiovascular que os tricíclicos. Antidepressivos que atuam na receptação de norepinefrina e dopamina Bupropiona: 100 mg a 150 mg/dia Menor risco de sonolência e pouco interfere na libido. Bons resultados com fadiga. Os anticonvulsivantes são amplamente utilizados no manejo da dor neuropática caracterizada como lancinante, paroxística, em queimação, agulhada, choque ou formigamento. Nathalia R. Antonelli 6 Controle da dor Geralmente inicia-se com dose baixa, principalmente em idosos, com aumentos progressivos de acordo com a evolução do paciente. Pode estra ou não associado a outros coadjuvantes como antidepressivos. Gabapentina: 300 a 900 mg/dia VO incialmente, até o máximo 3.600 mg/dia. Primeira linha para tratamento de dor neuropática. Carbamazepina: 100-200 mg/dia VO inicialmente até 1.600 mg/dia, divididos em 2 a 4 tomadas ao dia. Pregabalina: 150 mg a 300 mg/dia inicialmente, até no máximo 600 mg/dia. Primeira linha para tratamento de dor neuropática. Fenitoína: 300 mg/dia até 500 mg/dia. Topiramato: 25 mg/dia até 600 mg/dia em 2 tomadas. Outros medicamentos utilizados podem ser eficazes no alívio da dor. Nenhum destes fármacos, citados abaixo, é recomendável isoladamente ou sem acompanhamento especializado. Corticóides Dexametasona: 4 mg/dia a 20 mg/dia VO indicada para dor e outros sintomas; 100 mg/dia para dor intensa associada a plexopatia, dor por compressão. Metilpredinisolona: 30 mg a 50 mg/dia Neurolépticos Haloperidol: 2-5mg via oral 2 a 3 vezes ao dia Clorpromazina 4% gotas ou comp 25 mg VO Ansiolíticos Clonazepam: 2,5%, 0,5 mg, 2 mg VO (máx. 6 mg/dia) Alprazolam: 0,25 mg, 0,5 mg, 1 mg VO (máx. 4,5 mg) Anestésicos locais Lidocaína local para dor bem localizada Lidocaína infusão: 2-5 mg/kg endovenosa Devem ser administrados com cautela e cuidados específicos devido aos efeitos adversos. Analgésicos anti-inflamatórios não hormonais Os analgésicos anti-inflamatórios não hormonais (AINHs) estão entre os agentes farmacológicos mais utilizados na prática médica, exercendo ações analgésica, anti-inflamatória, antipirética, uricosúrica, antitrombótica arterial e venosa, profilática do câncer colorretal e da doença de Alzheimer. *Antipirético: antitérmico Possuem excelente eficácia terapêutica e, portanto, indicação clínica nas dores de leve a moderada intensidade, de origem visceral (dismenorreia, cólica intestinal e renal), tegumentar, óssea (metástases), muscular e/ou articular resultante de afecções inflamatórias, traumáticas, discinéticas e câncer. Ao serem prescritos, deve-se ter conhecimento dos seus efeitos colaterais e de como preveni-los, pois, ocasionalmente poderão ser catastróficos. Os AINHs apresentam diferenças entre si quanto a sua farmacocinética, potência anti-inflamatória e efeitos adversos. Este grupo terapêutico possui mecanismos de ação comum, caracterizados pela inibição da ciclo-oxigenase (COX). Segundo a sua seletividade pela COX, os AINHS classificam-se em dois grupos: inibidores não seletivos (COX-1 e COX-2) e inibidores seletivos de COX-2 (Coxibes). Durante a utilização dos AINHs, devemos levar em consideração os fatores de riscos que aumentam a incidência para ocorrência de úlcera péptica e suas complicações, tais como: pacientes com idade superior a 65 anos, em uso de corticoterapia, em uso concomitante de anticoagulantes, associação com mais de um AINHs, presença de infecção por Helicobacter Pylori e pacientes com antecedentes de úlcera. Pesquisar a presença Helicobacter Pylori, e, caso positivo, tratar antes de iniciar terapia com AINHs, pois diminui o risco de úlceras e hemorragias digestivas. Lesões agudas gastrointestinais estão entre os efeitos colaterais mais frequentes e graves associados com AINHs convencionais. O risco de perfuração intestinal e ulceração gástrica é 3 a 4 vezes maior em usuários de AINHs. Na tentativa de reduzir o dano gastrointestinal induzido por AINHs, devemos prescrever doses mais baixas de AINHs, lançar mão sempre que possível de outra classe de analgésicos, administrar tratamento Nathalia R. Antonelli 7 Controle da dor concomitante com inibidores de bomba de prótons e utilizar AINHs menos tóxicos, como os inibidores seletivos de COX-2 por períodos curtos. Isto é, inferior a duas semanas. O fato do avançar da idade ser associado com o declínio progressivo da função renal gera sérias implicações para a segurança do uso de AINHs em pacientes idosos. Já nos adultos jovens, sem história prévia de alterações renais, os AINHs não parecem interferir na função renal. Nos pacientes com insuficiência cardíaca, hipertensão arterial, hepatopatas, nefropatas, gestantes, ou histórico de reação alérgica aos AINHs, devem-se adotar cuidados especiais. Atenção especial aos pacientes que apresentam alterações da coagulação. Avaliar riscos e benefícios nestes pacientes ao administrar os AINHs. Nos pacientes que necessitam fazer uso prolongado de AINHs, recomenda-se realizar pesquisa de sangue oculto nas fezes e monitorização hematológica, hepática e renal (dosagem de creatinina e de eletrólitos séricos, exame de urina) a cada quatro ou oito semanas. Efeitos colaterais do AINHs Digestivos: o Agudos: epigastralgia, náuseas e vômitos o Tardios: ulceração e sangramento digestivo Renais: retenção de água e sal (edema) e nefrite intersticial. Cardiovasculares: agravam HAS e ICC Hematológicos: leucopenia, anemia aplásica e agranulocitose Neurológicos: síndrome de Reye (AAS) Reações anafilatcoides: o Dermatológicas: eritema cutâneo, prurido, vasculite, epidermólise, Síndrome de Stevens-Johson o Cardiorrespiratórias: broncoespasmo, edema de Quincke (lábio e gote), choque anafilático. Referência: Manual de Cuidados Paliativos – ANCP
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