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Paper - Feminismo - Mulheres na América Latina

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FEMINISMO: MULHERES NA AMÉRICA LATINA
Introdução 
O presente trabalho visa abordar o tema “Feminismo: mulheres na América Latina”, estudado na disciplina. O objetivo conquista em ressaltar as mais diversificadas conquistas feministas nas causas significativas em diferentes épocas, e apontar pautas que ainda exigem debate e discussão no movimento feminista. A justificativa de exposição do tema se encontra na necessidade de reconhecimento dos frutos da luta feminista na sociedade contemporânea, bem como assinalar seus presentes desafios. Para tanto, o desenvolvimento será subdividido em histórico do início da luta feminista no país, avanços legislativos no Brasil quanto à mulher, e desafios atuais da luta feminista em âmbito global.
Desenvolvimento 
1- O histórico do início da luta feminista no país
O início da luta feminista no Brasil desencadeou-se pela participação política, visando o direito feminino ao voto. Tais manifestações se evidenciam no século XX, algumas organizadas, outras solitárias, e ambas unindo forças no rompimento de papéis. Como personalidade destacável em tal época, pode-se citar Bertha Lutz, que exerceu grande liderança em uma vertente do movimento feminista que lutava especialmente pelos direitos políticos à mulher. 
Sobre o movimento na época, Pinto (2003, p. 14) assim destaca o retrato do feminismo na época, em seu livro Uma História do Feminismo no Brasil: 
O feminismo daquele período esteve intimamente ligado a personalidades. Mesmo quando apresentou algum grau de organização, esta derivava do esforço pessoal de alguma mulher que, por sua excepcionalidade, na maioria das vezes intelectual, rompia com os papéis para ela estabelecidos e se colocava no mundo público na defesa de novos direitos para as mulheres. 
Apesar de discutida, a questão do direito ao voto para mulheres não foi aprovada na Constituição Brasileira de 1891, que não abordou explicitamente em seu texto a proibição do voto feminino, em causa do senso comum da época que, mantinha uma visão de natural exclusão da mulher no âmbito dos direitos políticos. 
Resultante da inconformidade com o tratamento que a constituinte positivou quanto ao voto feminino, em 1910 foi fundado o Partido Republicano Feminino, o qual representou grande e significativo marco ao movimento feminista no país. Entre as fundadoras deste, se destaca Leolinda Daltro e Gilka Machado. 
Em relação a tal partido, a autora tece as seguintes considerações sobre o estatuto deste previa: 
O estatuto do partido dá uma idéia muito clara do que pretendiam essas mulheres: não defendiam apenas o direito ao voto, mas falavam de emancipação e independência. Atribuíam a mulher qualidades para exercer a cidadania no mundo da política (patriotismo) e no do trabalho. E, extrapolando a questão dos direitos, propugnavam o fim da exploração sexual, adiantando em mais de 50 anos a luta das feministas da segunda metade do século XX (PINTO, 2003, p.18). 
Mais tarde, foi instituída a Federação Brasileira para o Progresso Feminino, com a notável liderança de Bertha Lutz. Mesmo com a conquista do direito ao voto em 1932, tal organização não encerrou suas atividades. Em 1936, Bertha, assume a cadeira de um deputado diante dos seu falecimento, visto que constava como suplente na eleição para a constituinte, tendo neste ano, promovido o já III Congresso Nacional Feminista. 
Já nos em 1972, o movimento é marcado pelo congresso promovido pelo Conselho Nacional da Mulher, e as primeiras reuniões de grupos de mulheres em São Paulo e Rio de Janeiro, que eram inspirados no feminismo do hemisfério norte. Neste período, em que era vigente o governo militar de Médici, destaca-se a advogada Romy Medeiros, que enviou ao até então presidente, um projeto de serviço cívico feminino na área de educação e saúde. 
Ilustra-se que 1975 é considerado um ano inaugural ao feminismo brasileiro, que até então se restringia na sua grande parte em atividades privadas. A ONU (Organização das Nações Unidas) o definiu como o “Ano Internacional da Mulher”, realizando uma conferência respeito, no México, bem como seu Centro de Informação patrocinou outro evento em território brasileiro, no Rio de Janeiro. Também neste ano, aconteceu a organização do Movimento Feminino pela Anistia. 
Em 1979, dois eventos impactaram em larga escala no movimento: a anistia aos presos e exilados políticos e a reforma partidária. O período marcava uma época de maior liberalização e menor repressão, abrindo espaço, entre outras questões, para o feminismo acadêmico. 
A elaboração da atual Constituição de 1988, contou com pressão organizada de militantes do movimento feminista na sua elaboração. Tendo esta consolidado finalmente, a isonomia jurídica entre homens e mulheres, entre outras disposições que constituem até os tempos atuais, inestimável significado na luta pelos direitos das mulheres. 
2- As conquistas legislativas da mulher no Brasil 
Sendo as normas positivadas importante reflexo da estrutura social em que são inseridas e aplicadas, estas desempenham importante papel elucidativo do cenário da vida feminina ao longo da trajetória social. 
Em primeiro lugar, notório é o avanço sustentado na Constituição de 1988, com a consolidação de igualdade em tratamento jurídico para homens e mulheres, declarando iguais direitos e obrigações. 
O Código Civil de 2002, já elaborado nos moldes democráticos da constituinte vigente, dissipa o tratamento de relativamente incapaz, antes atribuído à mulher no Código Civil de 1916. Abole o pátrio poder disciplinado na legislação anterior, o substituindo pelo poder familiar, ensejador da isonomia entre homens e mulheres na sociedade conjugal e na criação dos filhos.
O Código Penal, por sua vez, que por muitas décadas instituiu discriminação entre mulheres nas disposições a respeito de crimes de natureza sexual, teve importantes alterações em tal sentido em 2009. A Lei Maria da Penha, em vigor desde 2006, também representa incalculável marco no combate à violência doméstica, tanto na possibilitação de medidas protetivas às vítimas, quanto no rigor de punição dos agressores. 
A Lei do Feminicídio, em vigor desde 2015, constitui importante feito ao incluir nas modalidades de homicídio qualificado, aquele praticado contra mulher em razão da sua condição de pessoa do sexo feminino. 
Na CLT, que proíbe as diferenças salariais entre empregados do sexo masculino e feminino, o empenho tem sido na efetivação de tal disposição. Na elaboração da Constituição de 1988, significativa foi a conquista da extensão para 5 dias da licença paternidade, anteriormente constituída em 1 dia, reivindicada por movimentos femininos. Valorosa também, a Lei Complementar nº 150/15, que dispôs sobre o trabalho doméstico, em maioria desempenhado por mulheres, e que até então, não possuía significativa equiparação ao trabalhador amparado pela Consolidação das Leis do Trabalho. 
3- Desafios atuais do movimento feminista
No que pese os inestimáveis avanços conquistados pelo movimento, ainda depara-se ainda com diversas batalhas a travar a fim de concretizar seus ideais. No campo normativo-jurídico, os desafios se apresentam na efetivação e aplicação plena dos direitos alcançados. Como pontos exemplificativos de tal afirmação cita-se a equiparação salarial entre homens e mulheres, a eficácia de medidas protetivas às mulheres vítimas de violência, a desconstrução da visão objetificada da mulher, entre outras questões. 
Brilhantemente colaborativo neste sentido, Pinsky e Pedro (2012, p. 283) assim compreendem:
Com relação aos direitos das mulheres, essas mudanças foram mais lentas e muitas vezes dolorosas, pois quase tudo foi obtido com muita luta e dificuldade, teve que ser extraído a fórceps. Hoje, podemos dizer que temos boas normas legais, sendo que algumas até podem servir como modelo para outros países. Faltam, entretanto, garantias maiores para o cumprimento das leis existentes, tais como políticas que facilitem a participação das mulheres na vida pública, equipamentos sociais (creches, escolas,serviços de saúde) que traduzam a valorização social da maternidade (e responsabilidade paterna) e meios para uma maior conscientização da população a respeito da violência física, sexual, psicológica, patrimonial e moral que têm como alvo as mulheres. 
Também de essencial importância no ambiente contemporâneo do movimento, são as temáticas do feminismo negro, detentor de uma carga distinta de opressão em sua história dada a trajetória de escravidão e consequente objetificação da mulher negra, gerando o obstáculo do racismo a ser somado na luta de tais mulheres pelo respeito aos seus direitos, crenças e etnias. 
A respeito de tal ponto, se mostra elucidativo: são as palavras de Sueli Carneiro, no artigo Enegrecer o Feminismo (2011): 
Enegrecer o movimento feminista brasileiro tem significado, concretamente, demarcar e instituir na agenda do movimento de mulheres o peso que a questão racial tem na configuração, por exemplo, das políticas demográficas, na caracterização da questão da violência contra a mulher pela introdução do conceito de violência racial como aspecto determinante das formas de violência sofridas por metade da população feminina do país que não é branca; introduzir a discussão sobre as doenças étnicas/raciais ou as doenças com maior incidência sobre a população negra como questões fundamentais na formulação de políticas públicas na área de saúde; instituir a crítica aos mecanismos de seleção no mercado de trabalho como a “boa aparência”, que mantém as desigualdades e os privilégios entre as mulheres brancas e negras. 
Por fim, diante de inúmeras pautas a serem levantadas, debatidas, discutidas no movimento feminista, das constantes reformulações e evoluções no movimento que o marcaram, bem como as que ainda irão tomar espaço juntamente com a futura trajetória social do país, cabível é o levantado na obra Sejamos Todos Feministas: 
“A questão de gênero é importante em qualquer canto do mundo. É importante que comecemos a planejar e sonhar um mundo diferente. Um mundo mais justo. Um mundo de homens mais felizes e mulheres mais felizes, mais autênticos consigo mesmos. E é assim que devemos começar: precisamos criar nossas filhas de uma maneira diferente (ADICHIE, 2015, p. 30)”.
Conclusão 
Trilhado progressivamente nos impasses sociais e gradativamente conquistando o espaço da mulher, o feminismo no Brasil carrega hoje, notório legado de triunfos, com frutos decorrentes de sua luta em diferentes períodos. Distintas personalidades femininas protagonizaram tais lutas, constituindo diferentes correntes do movimento, e assim, perpassando o mesmo empoderamento às causas de cada geração. 
As normas jurídicas, que enquanto reflexo social demonstrava o tratamento imposto no âmbito feminino, foi gradativamente democratizada e evoluída no tocante aos direitos da mulher, como fruto de muitas lutas travadas na defesa de igualdade de direitos.
Como fator inerente a qualquer época, os desafios se apresentam nas atuais pautas do movimento, a serem enfrentados, discutidos, e levantados com a força e coragem que suas precursoras constituíram como legado. 
Referências bibliográficas
PINTO, Céli Regina Jardim. Uma história do movimento feminista no Brasil. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2003. 
ADICHIE, Chimamanda Ngozi. Sejamos todos feministas. Tradução de Christina Baum. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras: 2015. 
PINSKY, Carla Bassanezi; PEDRO, Joana Maria (Orgs). Nova História das Mulheres. 1ª ed. São Paulo: Contexto: 2012. 
CARNEIRO, Sueli, Enegrecer o feminismo brasileiro: A situação da mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero. Geledés - Instituto da Mulher Negra, São Paulo. Mar. 2011. Disponível em: <https://www.geledes.org.br/enegrecer-o-feminismo-situacao-da-mulher-negra-na-america-latina-partir-de-uma-perspectiva-de-genero/>. Acesso em: 15 mar.2019.

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