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Projeto da sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova Iorque, com base no partido de Oscar Niemeyer, adaptado por Le Corbusier. Após a II Guerra Mundial e, em junho de 1945, representantes de 51 países instituem a criação de uma nova organização mundial com o objetivo de garantir os interesses de paz e os valores humanitários do planeta. Uma das condições para a implantação dessa organização era que a mesma deveria ser implantada em território norte-americano, dado o reconhecimento da nova geografia política e econômica que se descortinava no pós-guerra. Em 1947, Oscar Niemeyer é convidado pela Organização das Nações Unidas (ONU) a participar da comissão de arquitetos encarregada de definir os planos de sua futura sede em Nova York. Seu projeto, associado ao de Le Corbusier, é escolhido como base do plano definitivo. A proposta de Niemeyer para a sede da ONU sintetiza uma organização das formas no espaço que assimila a ideia de unidade arquitetônica a partir de um arranjo onde o vazio é o componente articulador que possibilita a percepção do projeto como um conjunto nitidamente hierarquizado pelos diferentes gradientes de expressão que caracterizam cada um dos edifícios. Para Niemeyer, o vazio é a instância fundamental para que os seus conjuntos arquitetônicos sejam apreendidos de maneira integral, desfragmentada. Em uma mesma visada é possível a leitura de todo o conjunto. O conceito de unidade reside na possibilidade de se perceber todos os edifícios conjuntamente. Será exatamente esse fator que diferirá as propostas de Niemeyer e de Le Corbusier para a sede da ONU. Enquanto Niemeyer elege o vazio como elemento estruturador do espaço, Le Corbusier escolhe o objeto construído - a grande assembleia - como personagem protagonista do conjunto. As diferentes propostas de Niemeyer e Le Corbusier para a sede a ONU não representam apenas dois projetos de características distintas, mas sintetizam as divergentes concepções de espaço e conjunto presentes no raciocínio de ambos os arquitetos. Os volumes separados que caracterizam a proposta de Le Corbusier coincidem com a versão apresentada por Niemeyer: a torre retangular do Secretariado; o volume trapezoidal da Grande Assembleia; o volume baixo que abriga as Comissões; e a lâmina retangular de menor altura, separada do conjunto principal que abriga as “agências especiais”. O ponto de discordância entre as propostas de Le Corbusier e Oscar Niemeyer é o posicionamento do conjunto formado pelo volume baixo das Comissões e o volume trapezoidal da Grande Assembleia. Assim como Niemeyer, Le Corbusier também implanta a Grande Assembléia paralela a torre do Secretariado, porém, diferentemente do arquiteto brasileiro, Le Corbusier desloca o conjunto plataforma-trapézio para o centro do terreno. A proposta do arquiteto brasileiro para a sede da ONU sintetiza o momento em que essa mesma intenção de ruptura transporta-se da dimensão da forma para a dimensão do espaço. E será nesse instante que “mestre” e “discípulo”, agora em pé de igualdade, apresentam, um ao outro, revelações distintas. https://www.escritoriodearte.com/artista/le-corbusier