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TEA e ABA, estratégias para reduzir a seletividade alimentar

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Silva & Moreira (2021)
1
www.walden4.com.br
TEA & ABA: estratégias para reduzir seletividade alimentar
1a edição | ISBN:  978-65-993434-3-8
Larissa Dafne Vieira da Silva
Márcio Borges Moreira
https://docs.google.com/document/d/1M_jdC3z61HMnZbzzzZywVo2hlPY2U0yLEijd_QQxyJo/edit?usp=sharing
Silva & Moreira (2021)
2
www.walden4.com.br
www.walden4.com.br 
2021
Instituto Walden4
https://docs.google.com/document/d/1M_jdC3z61HMnZbzzzZywVo2hlPY2U0yLEijd_QQxyJo/edit?usp=sharing
http://www.walden4.com.br/
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Vanessa Leal Faria
A Editora do Instituto Walden4 tem como objetivo divulgar conhecimento produzido sobre
a Análise do Comportamento (ciência e pro�ssão). No intuito de democratizar o acesso ao
conhecimento, muitos de nossos livros são disponibilizados gratuitamente. Todos os
nossos livros estão disponíveis em formato digital online. Isso signi�ca que em apenas
alguns segundos você poderá estar lendo os livros publicados por nós que lhe interessarem.
Conselho Editorial
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Márcio Borges Moreira
Editora do Instituto Walden4
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Este livro, desde a sua concepção, foi desenvolvido para ser um livro distribuído
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desses livros é o “ganha-pão” de milhares de famílias de escritores, designers grá�cos,
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Márcio Borges Moreira (@marcioborgesmoreira)
Sobre os autores
Doutor em Ciências do Comportamento pela Universidade de Brasília (UnB). Mestre em
Psicologia e Psicólogo pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). Professor
da graduação e do mestrado em Psicologia do Centro Universitário de Brasília (CEUB).
Diretor do Instituto Walden4. Co-autor do livro Princípios Básicos de Análise do
Comportamento (Artmed) e de outros livros, capítulos e artigos cientí�cos com temas
relacionados à Análise do Comportamento.
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Análise do Comportamento Aplicada (ABA): o reforçamento. Moreira (2019)
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Uma história de aprendizagem operante. Moreira e de Carvalho (2017)
Conheça outras obras de Márcio Moreira
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text&ie=UTF8&qid=1491504508&sr=1-
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Princípios Básicos de Análise do Comportamento. Moreira & Medeiros (2019)
"Em casa de ferreiro, espeto de pau": o ensino da Análise Experimental do Comportamento.
Moreira (2004)
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O conceito de motivação na psicologia. Todorov e Moreira (2005)
https://www.amazon.com.br/Princ%C3%ADpios-B%C3%A1sicos-An%C3%A1lise-do-
Comportamento/dp/8582715153
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Comportamento supersticioso: implicações para o estudo do comportamento operante.
Moreira (2009)
Algumas considerações sobre o responder relacional. Moreira, Todorov e Nalini (2006)
https://www.researchgate.net/publication/267821792
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452006000200007
Emergência de classes de equivalência após separação e recombinação dos estímulos
compostos utilizados no treino. Moreira e Hanna (2014)
Psicologia, comportamento, processos e interações. Todorov e Moreira (2009)
https://periodicos.ufpa.br/index.php/rebac/article/view/1922
Arranjo de estímulos em treino discriminativo simples com compostos e emergência de
classes de estímulos equivalentes. Moreira, Oliveira e Hanna (2017)
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2017000100019
Efeitos da marcação de elementos de conjuntos sobre a contagem em tarefas de
discriminação condicional. Bandeira, Faria e Moreira (2020)
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
79722009000300011&lng=en&nrm=iso&tlng=pt
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452005000100012
https://docs.google.com/document/d/1M_jdC3z61HMnZbzzzZywVo2hlPY2U0yLEijd_QQxyJo/edit?usp=sharing
https://www.researchgate.net/publication/267821792_Comportamento_supersticioso_implicacoes_para_o_estudo_do_comportamento_operante
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452006000200007
https://periodicos.ufpa.br/index.php/rebac/article/view/1922
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2017000100019
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722009000300011&lng=en&nrm=iso&tlng=pt
https://www.amazon.com.br/dp/B06Y3D8MMJ/ref=sr_1_1?s=digital-text&ie=UTF8&qid=1491504508&sr=1-1&keywords=Uma+hist%C3%B3ria+de+aprendizagem+operante
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Larissa Dafne Vieira da Silva (@larissadafne7)
https://periodicos.ufpa.br/index.php/rebac/article/view/9600
Psicóloga formada pelo Centro Universitário de Brasília.
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Sumário
 TEA & ABA: estratégias para reduzir seletividade alimentar 1
 Editora do Instituto Walden4 5
 Sobre os autores 7
 Resumo 14
 Abstract 15
 Autismo e alimentação 16
 Seletividade alimentar 27
 Manuais didáticos 37
 
Moldagem de resposta para melhorar a aceitação de alimentos para
crianças com autismo: efeitos de conjuntosde alimentos pequenos
e grandes 45
 
O uso de apresentações simultâneas para aumentar o consumo de
vegetais por uma criança com autismo moderadamente seletiva 51
 
Comparação entre reforço diferencial e reforço não contingente
para tratar a seletividade alimentar em uma criança com autismo 57
 
Uso parental de extinção de fuga e reforço diferencial para tratar a
seletividade alimentar 62
 
Avaliação da sequência de instrução de alta probabilidade para
aumentar a aceitação de alimentos com um adolescente com
autismo 66
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Uma avaliação de apresentação simultânea e reforço diferencial
com custo de resposta para redução de empacotamento 70
 
Os efeitos da contingências de modelação no tratamento da
seletividade alimentar em crianças com autismo 74
 
Uma comparação de tratamentos com reforços simultâneos e com
atraso para seletividade alimentar 79
 
Intervenção para a seletividade alimentar em um ambiente escolar
especializado: estímulo, reforço e esvanecimento da demanda,
implementados pelo professor com um aluno adolescente com
autismo 82
 
Uso de reforços individualizados e exposição hierárquica para
aumentar a flexibilidade alimentar em crianças com transtornos do
espectro do autismo 87
 
Seletividade alimentar e comportamento problemático em crianças
com de�ciências de desenvolvimento 93
 
Esvanecimento de líquido para estabelecer o consumo de leite, por
um criança com autismo 99
 
Aumentando a aceitação de alimentos e reduzindo comportamentos
desa�adores em uma menina de quatro anos com autismo 103
 
Usando alimentos de alta probabilidade para aumentar a aceitação
de alimentos de baixa probabilidade 108
 
Utilizando manipulações antecedentes e reforço no tratamento da
seletividade alimentar por textura 113
 Discussão 118
 Referências 120
 Lista de ilustrações 124
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: seletividade alimentar; autismo; intervenções comportamentais; análise do
comportamento aplicada (ABA).
Palavras-chave
A seletividade alimentar é um comportamento característico de pessoas diagnosticadas com
Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e tornou-se objeto de estudo por vários autores,
pois caracteriza-se por uma dieta restritiva que pode trazer consequências para o
desenvolvimento. Inúmeros artigos cientí�cos em língua inglesa trazem intervenções que
podem diminuir a frequência desse comportamento, porém a quantidade de estudos em
português é muito menor e a linguagem utilizada nas pesquisas, di�culta a reprodução
destes estudos por pro�ssionais com conhecimento básico da análise de comportamento.
Portanto, os objetivos do presente livro foram: a) identi�car as principais estratégias
analítico-comportamentais para o tratamento da seletividade alimentar e da recusa de
alimentos. b) identi�car e extrair dessas pesquisas elementos para elaboração de um
manual didático sobre intervenções para o tratamento da  seletividade alimentar e da recusa
de alimentos. Para isso foi realizado o levantamento de revisões sistemáticas ou
metanálises para análise e seleção de pesquisas que apresentem intervenções
comportamentais. Após a leitura desses artigos foram elaboradas descrições breves,
selecionando os tipos de intervenções, os procedimentos para aplicação das mesmas e
apresentação dos resultados obtidos.
Resumo
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Food selectivity is a characteristic behavior of people diagnosed with Autism Spectrum
Disorder (ASD) and has become the object of study by several authors, as it is
characterized by a restrictive diet that can have consequences for development. Numerous
scienti�c articles in English provide interventions that can reduce the frequency of this
behavior, but the number of studies in Portuguese is much smaller and the language used in
research makes it di�icult for professionals with basic knowledge of behavior analysis to
reproduce these studies. Therefore, the objectives of this book were: a) to identify the main
behavioral-analytic strategies for the treatment of food selectivity and food refusal. b)
identify and extract from these research elements for the elaboration of a didactic manual on
interventions for the treatment of food selectivity and food refusal. For this, a survey of
systematic reviews or meta-analyses was carried out to analyze and select studies that
present behavioral interventions. After reading these articles, brief descriptions were
prepared, selecting the types of interventions, the procedures for applying them and
presenting the results obtained.
: food selectivity; autism; behavioral interventions; applied behavior analysis
(ABA).
Keywords
Abstract
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O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) se caracteriza por alterações/atrasos no
 desenvolvimento neurológico do indivíduo ao longo de sua vida, é identi�cado na primeira
infância e está relacionada a prejuízos na comunicação e no relacionamento com outras
pessoas (Hahler & Elsabbagh, 2015). Segundo Hahler e Elsabbagh, na última década, o TEA
foi se tornando protagonista de muitas discussões e, portanto, mais reconhecido pela
população do mundo inteiro. Os pais e pro�ssionais de todo o mundo apresentam
semelhanças ao relatarem suas experiências e incertezas após o diagnóstico de uma criança
autista.
Autismo e alimentação
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O autismo é o mais conhecido dentre a categoria de Transtornos Invasivos do
Desenvolvimento. Tem como principais características para o diagnóstico, dé�cits no
desenvolvimento em habilidades sociais, comunicativas e cognitivas (de Carvalho et al.,
2012). Klin (2006) ressaltou que, além das características citadas anteriormente, crianças
diagnosticadas com TEA podem apresentar distúrbio do sono e também alimentares. Ainda
segundo Klin, os distúrbios alimentares surgem por meio da aversão ao consumo de
determinados alimentos, seja por sua textura, cor ou odor.  Silva et al. (2009) apontaram a
necessidade de avaliações médicas que vão além do diagnóstico baseado no
comportamento, pois os distúrbios alimentares podem estar relacionados também a
 comorbidades. Este assunto será abordado em mais detalhes na próxima seção.
Segundo Hahler e Elsabbagh (2015), no ano de 2010 o levantamento realizado estimou que
aproximadamente 52 milhões de pessoas haviam sido diagnosticadas com autismo. Já em
2012 cerca de 1% a 2% tinham o diagnóstico de algum tipo de autismo, em perspectiva
global. Há um aumento considerável no diagnóstico do TEA, que pode ser justi�cado pelo
aumento da conscientização a respeito do assunto, amplitude nos critérios diagnósticos e
aprimoramento das medidas que identi�cam esse transtorno.
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Kral, Eriksen, Souders e Pinto-Martin   (2013) a�rmaram que cuidadores de crianças com
diagnóstico de TEA enfrentam di�culdades no quesito da alimentação, pois a maioria de
crianças que recebem esse diagnóstico também apresentam resistência em incluir
alimentos novos a sua dieta. Junto à di�culdade na ingestão de novos alimentos, os pais e
cuidadores de crianças com diagnóstico de TEA trouxeram questões que envolvem queixas
relacionadas a problemas gastrointestinais. Dentre essas queixas estão dores estomacais,
diarréia, prisão de ventre, entre outras. Os autores defendem que essessintomas podem
ser relacionados aos medicamentos ingeridos por algumas crianças autistas com
comportamentos desadaptativos graves, pois os medicamentos podem desencadear efeitos
colaterais semelhantes aos relatados anteriormente, como desconfortos abdominais, entre
outros problemas gastrointestinais.
Buie (2013) ressaltou que considerações a respeito da relação entre a alimentação, mais
especi�camente o consumo do glúten, e a causa do autismo e outras condições
neuropsiquiátricas vêm se destacando desde o primeiro diagnóstico do TEA. O autor
informou que muitas pesquisas buscam avaliar relações comportamentais com hábitos
alimentares de crianças autistas. Porém, esses estudos não possuem métodos que
demonstram uma correlação positiva entre o consumo de glúten e uma piora nos
comportamentos estereotipados. Além disso, alertou que é preciso cuidado ao defender que
pessoas com diagnóstico de TEA geralmente possuem intolerância ao glúten ou a caseína.
Existem diferenças entre a intolerância, a alergia e a di�culdade em digerir determinados
alimentos, fatores que, segundo o autor, não são tomados como base para estabelecer
resultados estatisticamente relevantes nas pesquisas já realizadas.
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Além das condições citadas anteriormente, Kral et al. (2013) descreveram fatores como a
alteração da flora intestinal que podem estar diretamente relacionados ao aumento
exacerbado na ingestão de antibióticos. Kral et al. destacaram uma correlação positiva entre
o grau do autismo e os desconfortos abdominais relatados por crianças e seus cuidadores.
Ainda segundo os autores, alguns cuidadores têm adotado dietas mais restritivas com
relação a ingestão de glúten e a caseína com o objetivo de diminuir os problemas intestinais
e também por acreditarem que esse tipo de dieta pode diminuir comportamentos
característicos do autismo. Porém, segundo Kral et al., não existem pesquisas
experimentais que comprovem que essas restrições são e�cientes na diminuição dos
desconfortos abdominais e também na alteração de comportamentos.
Kral et al. (2013) apontaram que as pessoas diagnosticadas com TEA são classi�cadas como
“muito exigentes” no que se refere à alimentação; costumam preferir alimentos com textura
parecida a de um purê e apresentam uma dieta mais restrita, quando comparada a outras
pessoas com desenvolvimento típico. Esses fatores são de signi�cativa relevância pois, ao
restringir a ingestão de variados alimentos, sejam por sua textura, odor ou cor, crianças
com autismo podem desenvolver de�ciências nutricionais que desencadeiam dé�cits no
desenvolvimento e no crescimento.
Alguns pesquisadores têm avaliado o efeito de diferentes dietas sobre   comportamentos
característicos do TEA. Whiteley, Rodgers, Savery, e Shattock (1999), por exemplo,
realizaram uma pesquisa com objetivo de veri�car o efeito a curto prazo de uma dieta sem
glúten em crianças com TEA, visando diminuir a frequência de comportamentos
indesejados. Participaram da pesquisa 22 crianças, sendo 19 meninos. O grupo controle foi
composto por 6 crianças, sendo 5 meninos, que não passaram por nenhuma intervenção
alimentar.
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O procedimento utilizado por Whiteley et al. (1999) foi explicar aos pais sobre uma dieta
sem glúten e apresentação de alimentos alternativos, ressaltando a importância de manter
uma dieta restritiva durante o período da pesquisa. Para recolher as informações, foram
utilizados questionários, testes psicométricos, pesquisa de satisfação dos pais e análises
urinárias, com o objetivo de veri�car quais as alterações causadas após a intervenção na
dieta das crianças.
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Elder et al.,  (2006) realizaram uma pesquisa similar à pesquisa de Whiteley et al. (1999). No
entanto, Elder et al. utilizaram outras ferramentas com o objetivo de diminuir os problemas
metodológicos comumente encontrados em pesquisas semelhantes. Participaram da
pesquisa 15 crianças com diagnóstico de TEA, sendo 12 meninos. Elder et al. utilizaram um
procedimento duplo-cego como estratégia para que os observadores e os pais dos
participantes não pudessem influenciar os resultados, tendo em vista que estabelecem
relações muito próximas com as crianças. Além  disso, Elder et al. dividiram o grupo de
participantes de forma randomizada para a distribuição da dieta sem glúten e sem caseína,
com a função de que uma parte dos participantes �cassem com um placebo e a outra
estivesse seguindo uma dieta mais restritiva.
Os principais resultados encontrado por Whiteley et al. (1999 ) foram que, de acordo com a
observação de pais e professores, após três meses de início da dieta, as crianças
apresentaram diminuição em comportamentos característicos do autismo, como melhora na
comunicação verbal, diminuição do comportamento de autoagressão, além da diminuição na
frequência de comportamentos hiperativos e impulsivos. Porém, os resultados não
apresentam relevância signi�cativa ao serem avaliados estatisticamente. Dentre os
problemas metodológicos que não possibilitam a generalização dos dados obtidos,
encontram-se uma amostra pequena de participantes, a influência que os pais podem
exercer nos resultados, pois estão intimamente relacionados com o objeto de estudo. Além
disso, os relatos de melhorias no comportamento não foram identi�cados de forma
heterogênea em todos os participantes, portanto os resultados podem ser influenciados por
gênero, idade, desenvolvimento e educação.
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Schreck, Williams, e Smith (2004) compararam comportamentos alimentares de crianças
com e sem diagnóstico de TEA. Participaram da pesquisa 472 cuidadores de crianças com
diagnóstico de TEA e cuidadores de crianças com desenvolvimento típico, sendo 298 do
grupo controle e 138 do grupo autismo. O estudo teve como objetivo avaliar se autistas
possuem uma alimentação mais restritiva quando comparados às pessoas com
desenvolvimento típico. Além disso, foram comparados os tipos de alimentos consumidos
pela família das crianças, visando avaliar se as mesmas acompanhavam a dieta seguida
pelos �lhos.
Os resultados relatados por Elder et al. (2006) indicaram alguma melhora em determinados
comportamentos característicos do autismo, porém de forma individual e em pequena
quantidade. Com relação aos resultados do grupo como um todo, não foram encontrados
dados estatisticamente signi�cativos, fator justi�cado pelos autores por se tratar de uma
amostra muito heterogênea. Portanto, Elder et al. ressaltaram que há necessidade de
realizar outras pesquisas com uma amostra maior e buscando soluções para os problemas
metodológicos encontrados em sua pesquisa.
A despeito da discussão se alimentação está ou não relacionada à causa de certos
comportamentos, há extensa literatura mostrando problemas relacionados à aceitação de
novos alimentos seja por sua textura, cor e odor. Por esse motivo, várias pesquisas têm
buscado encontrar métodos que colaborem para a inserção de novos alimentos na dieta de
crianças com TEA.
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Os resultados relatados por Schreck et al. (2004) indicaram que as crianças com TEA
possuem mais restrições alimentares que as crianças típicas. Entre os fatores identi�cados,
as crianças com TEA tendem a recusar mais alimentos do que as do grupo controle, seja
pela textura, cor ou formato da apresentação. Além disso, os dados apontaramque as
famílias consomem uma variabilidade semelhante à de grupos de alimentos, portanto a
restrição alimentar dos autistas não teria relação com uma apresentação menor na
variabilidade de alimentos. Ou seja, a condição de seletividade alimentar não tem relação
direta com uma dieta restrita seguida pelos familiares das crianças, tendo em vista que os
familiares consomem uma alta variedade de alimentos e estes são oferecidos regularmente
às crianças.   Schreck et al. sugeriram que novas pesquisas sejam realizadas buscando
solucionar problemas metodológicos de sua pesquisa como, por exemplo, o processo de
seleção das famílias e a quantidade de participantes com TEA, que pode indicar uma
tendência por selecionar mais crianças com esse transtorno, quando comparado ao número
de participantes com desenvolvimento típico.
Os dados da pesquisa de Schreck et al. (2004) foram coletados por meio do preenchimento
de questionários que levantaram informações a respeito dos comportamentos e
preferências alimentares infantil. Além de uma escala de classi�cação de autismo, com o
objetivo de distinguir as crianças consideradas típicas e das crianças com TEA. Um
questionário de história pessoal foi utilizado para levantar mais dados a respeito dos
diagnósticos recebidos até o momento de vida atual da criança.
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Hubbard, Anderson, Curtin, Must, e Bandini (2014) realizaram uma pesquisa cujos
resultados corroboram os resultados encontrados por Schreck et al. (2004). A pesquisa
realizada por Hubbard et al. (2014) contou com a participação de crianças 53 com TEA e  58
com desenvolvimento típico, na faixa etária de 3 a 11 anos.  O procedimento para coleta de
dados foi a realização de entrevistas com os pais das crianças, após eles terem respondido
um questionário demográ�co/médico. Nas entrevistas, eram feitas perguntas a respeito da
alimentação e também sobre a recusa de alimentos por parte das crianças.
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Os resultados encontrados por Hubbard et al. (2014) apontaram que crianças com
diagnóstico de TEA tendem a recusar mais alimentos que crianças com desenvolvimento
típico, tendo como base as especi�cações textura, sabor, odor, marca e mistura de
alimentos. Já nas especi�cações de temperatura, cor e alimentos tocando outros, os
resultados foram semelhantes entre os dois grupos.
Hubbard et al. (2014) apresentaram como limitação deste estudo o fato de os dados serem
baseados apenas em relatos dos pais das crianças. Por esse motivo, os relatos podem
sofrer influências da percepção individual dos pais, nos casos em que os �lhos não são
capazes de comunicar-se. Além disso, a recusa de determinados alimentos pode ser
justi�cada por inúmeras características, seja por sua cor, textura ou sabor, condição que
não pode ser completamente avaliada pelo método utilizado ao longo dessa pesquisa.
O número de pesquisas voltadas para a dieta de crianças com autismo e a influência das
restrições alimentares em comportamentos característicos da TEA tem aumentado
consideravelmente nos últimos anos. Além destes fatores, alguns autores têm abordado
também a seletividade alimentar, que surge como principal característica para a recusa de
alimentos. Esse assunto será em detalhes ao longo deste livro.
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Matson e Fodstad (2009) de�niram seletividade alimentar como um comportamento atípico,
característico de pessoas com diagnóstico de TEA, para a seleção de alimentos com base
em sua textura ou tipo. Os autores a�rmaram que esse comportamento estereotipado
mantido nos hábitos alimentares, pode sofrer influências de comorbidades, alterações
biológicas e fatores ambientais. Matson e Fodstad ressaltam a importância de de�nir
melhor os problemas relacionados à alimentação de pessoas com TEA e defendem que as
pesquisas nessa área são de extrema relevância.
Dentre as pesquisas realizadas, destaca-se a de Ahearn et al. (2001), que demonstraram
empiricamente a seletividade alimentar de crianças diagnosticadas com TEA. Participaram
da pesquisa 30 crianças, sendo 22 do sexo masculino, com faixa etária entre 3 e 14 anos. O
procedimento utilizado nesta pesquisa foi a apresentação de alimentos em texturas e
tamanhos variados, com o objetivo de avaliar se a forma como o alimento era apresentado,
seria capaz de interferir na aceitação ou recusa da criança para ingeri-lo.
Seletividade alimentar
Os resultados relatados por Ahearn et al. (2001) indicaram que existem três padrões
distintos apresentados pelos participantes ao entrarem em contato com os alimentos. O
primeiro é a aceitação geral de alimentos, recusa total e seletividade por tipo ou textura do
alimento. Dezessete participantes apresentaram aceitação seletiva pelo tipo ou textura,
indicando que a forma como o alimento é oferecido para a criança interfere na sua aceitação
ou recusa.
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Ahearn et al. (2001) ressaltaram que os resultados precisam ser avaliados de forma
ponderada, pois algumas crianças recusaram alimentos que costumavam aceitar em casa
devido à apresentação diferente da habitual. Além disso, não possuíam um grupo de
crianças com desenvolvimento típico para que os dados fossem comparados entre outros
tipos de participantes. Portanto, para novas replicações, caberia desenvolver melhorias na
metodologia, para que os resultados pudessem representar mais crianças com o mesmo
diagnóstico.
Dentre os estudos que apresentaram intervenções, os autores Matson e Fodstad
(2009)  trouxeram exemplos de pesquisas que buscaram aprimorar técnicas para diminuir
comportamentos-problema relacionados à seletividade alimentar. Em sua maioria,
utilizaram-se da Análise do Comportamento Aplicada (ABA) para propor estratégias que
ajudem as crianças com diagnóstico de TEA a incluírem uma maior variedade de alimentos
em sua dieta. Exemplos de intervenções semelhantes às citadas por esses autores serão
abordados na próxima seção.
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Seiverling et al. (2012) ressaltaram a importância de incluir os pais e cuidadores de crianças
com TEA no treinamento de habilidades comportamentais. Tendo em vista que os pais são
responsáveis por oferecer a alimentação para esses indivíduos e, portanto, desempenham
influência sobre a ingestão de alimentos. Com isso, Seiverling et al. destacaram como
objetivo de sua pesquisa avaliar o efeito do treinamento de habilidades comportamentais,
implementado por pais de crianças com autismo, com o intuito de intervir na seletividade
alimentar de seus �lhos. Os autores indicaram como objetivo adicional operacionalizar essa
intervenção para que a mesma seja utilizada por mais cuidadores.
Participaram da pesquisa de Seiverling et al. (2012) três meninos com idades de quatro, oito
e cinco anos e suas respectivas mães. Antônio (Tommy, no artigo) tinha quatro anos e sua
mãe era dona de casa. Luiz (Lance, no artigo) tinha oito anos e sua mãe era professora da
educação especial. João (Noah, no artigo) tinha cinco anos e sua mãe também era dona de
casa. As sessões eram realizadas durante o jantar e todas foram �lmadas visando melhorar
a coleta de dados. O procedimento, de maneira geral,   constituiu-se em apresentar o
alimento e solicitarque a criança desse uma pequena mordida, engolindo-o sem cuspir ou
retirar-se da mesa. Após realizar essa etapa, a criança era autorizada a sair da mesa pelo
prazo de três minutos. Ao retornar, deveria cumprir a tarefa de consumir uma porção
maior do alimento. Essas sessões foram denominadas de paladar. Após cumprir 10 sessões
da etapa paladar a criança passava para a etapa denominada de sonda, durante 10 minutos,
na qual eram apresentados alimentos diferentes daqueles da etapa anterior, visando avaliar
se a criança aceitaria consumir aquele alimento. Nessa etapa não havia a obrigatoriedade do
alimento ser consumido.
Alguns artigos relatam intervenções com crianças que apresentavam seletividade alimentar.
Essas intervenções geralmente são realizadas por meio de treinamentos com os pais, para
que estes tenham capacidade de apresentar novos alimentos e diminuir a frequência de
rejeição na inserção de uma dieta mais variada. Nesta seção serão apresentados alguns
exemplos de estudos empíricos realizados neste sentido.
Estratégias de intervenção
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Seiverling et al. (2012) buscaram, em uma primeira etapa, conhecer os alimentos
consumidos pela família e a criança, por meio de uma lista com 86 itens entregue para as
mães dos participantes. Após avaliar a lista, mães e pesquisadores selecionaram alimentos-
alvo que eram consumidos pela família, porém eram recusados pelas crianças. Na segunda
etapa, denominada de sessões de paladar/degustação da linha de base, os pesquisadores
entregavam a instrução escrita da tarefa de solicitar que a criança consumisse uma pequena
porção de determinados alimentos. Elas foram orientadas para que não oferecessem
alimentos para as crianças duas horas antes e depois das sessões de paladar/degustação. A
última etapa de linha de base, denominada de sessões de sonda, apresentou um modelo
semelhante ao citado anteriormente, porém a instrução entregue solicitava que a criança
consumisse alimentos diferentes dos utilizados nas etapas anteriores. O pós-treino foi
realizado da mesma forma da linha de base. O acompanhamento realizado após o
tratamento solicitou que as mães continuassem realizando as atividades em casa e sem a
presença dos pesquisadores. Após algumas semanas depois Seiverling et al. retornaram o
contato com as famílias e solicitaram que as mães avaliassem a aceitabilidade do tratamento
e o resultado no comportamento dos participantes.
Os resultados de Seiverling et al. (2012) indicam que incluir os pais e cuidadores por meio
da modelagem das fases de paladar, sonda e o acompanhamento, têm influenciado os
resultados da pesquisa. A mãe do Antônio executou as etapas de forma adequada em 40%
das sessões de paladar, e 85% nas sessões de sonda. A mãe de Luiz obteve acerto de 44%
nas sessões de paladar, na linha de base, e 86% nas sessões de sonda. A mãe de João obteve
acertos em 29% nas sessões de paladar e 70% nas sessões de sonda. Os resultados
apresentados indicaram comparações entre as etapas de linha de base das sessões de
paladar e sonda. Portanto, indicam que o desempenho das mães foi evoluindo conforme a
pesquisa ia avançando.
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Os resultados relativos aos comportamentos das crianças, na pesquisa de Seiverling et al.
(2012), foram ilustrados em grá�cos. Na etapa de linha de base, todos os três meninos
recusaram todos os alimentos oferecidos e apresentaram comportamentos disruptivos em
todas as tentativas. Os dados apresentados a seguir correspondem aos números obtidos na
etapa do pós treino. Antônio apresentou uma variabilidade de resposta de 40% a 80% na
aceitação de alimentos oferecidos nesta etapa. Com relação aos comportamentos
disruptivos, apresentou uma diminuição de 60% a quase zero, nas mesmas condições. Luiz
iniciou essa etapa apresentando comportamentos disruptivos em 20% das sessões, porém a
variação indica que ao longo da etapa esse comportamentos foram reduzidos a próximo de
zero. Com relação a aceitação houve variação entre 80 e 100%. João apresentou, nas
primeiras sessões, aceitação igual a zero, porém ao longo do processo alcançou 80%. Os
comportamentos disruptivos estavam presentes em 100% das apresentações de alimentos e
diminuíram para 20% nas sessões. Esses dados indicam que o método utilizado por
Seiverling et al., alcançaram  o objetivo indicado, de diminuir a seletividade alimentar e
também a diminuição de comportamentos disruptivos. Uma limitação ressaltada pelos
pesquisadores foi o tempo de aplicação que durante a fase sonda indicou diferença
signi�cativa entre os participantes.
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Participou da pesquisa, de Allison et al. (2012), um menino de três anos, diagnosticado com
autismo, que foi encaminhado por conta da seletividade alimentar. As sessões foram
realizadas por psicólogos treinados em uma centro de tratamento para autistas. Na sala das
sessões, o participante tinha acesso a alimentos e talheres, além de em algumas etapas
serem disponibilizados brinquedos de sua preferência.
Os procedimentos utilizados por Allison et al. (2012) foram análises funcionais dos
comportamentos do participante, realizadas em duas condições: a de controle e a de fuga,
visando avaliar qual das duas mantêm os comportamentos-problema. Na condição de fuga o
psicólogo apresentava uma pequena porção de comida, caso a criança apresentasse
comportamento de fuga, o alimento era retirado e apresentado novamente após o término
do comportamento problema. Durante a condição de controle, nenhuma consequência foi
apresentada caso a criança respondesse com comportamento problema, além de ter acesso
aos brinquedos preferidos, selecionados anteriormente, e recebeu a atenção do terapeuta.
Foram realizadas de cinco a 10 sessões por dia, variando em duas ou três vezes na semana.
A comida era apresentada em uma colher pequena com uma porção do alimento de 30 em
30 segundos em um prazo de cinco minutos. Durante essa etapa, os observadores
anotavam a latência até o consumo, comportamentos-problema, verbalizações negativas e
aceitação. Após 30 segundos que o participante colocou a comida na boca, o psicólogo
veri�cava se a mesma havia sido engolida. Em caso a�rmativo respondia com “bom” e em
caso negativo emitia o aviso “engolir”.
Allison et al. (2012) também buscaram intervenções para o tratamento da seletividade
alimentar. Em sua pesquisa, compararam a intervenção com extinção de fuga e reforço não
contingente versus extinção de fuga e reforço diferencial, tendo como objetivo veri�car
quais das duas intervenções diminuiria a frequência de comportamentos-problema, como a
agressividade e respostas emocionais como o choro.
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Os resultados de Allison et al. (2012) indicam que o participante apresentou mais
comportamentos-problemas nas condições de fuga, quando comparada às condições de
controle, durante as análises funcionais. Os dados indicaram que na linha de base o
participante recusava todos os pedaços de comida oferecidos. Ao inserir o reforço
diferencial combinado à extinção de fuga, o participante aceitou 100% dos alimentos
oferecidos. Mesmo resultado encontrado com a utilização do reforço não contingente
combinado com a extinção de fuga. Os comportamentos-problema diminuíram a frequência
de 20 a 5 na escala por minuto, ao longo das sessões. As vocalizações negativas também
diminuíram de frequência, de 40% a 10% nas sessões.
Segundo Allison et al. (2012), as duas formas de intervir na seletividade alimentar funcionam
e atingemo objetivo, portanto cabe aos cuidadores escolherem qual a intervenção a ser
utilizada. No caso da pesquisa, a mãe do participante optou por usar o reforço não
contingente com a extinção de fuga, pois segundo os pesquisadores, esse modelo é mais
fácil de ser replicado pelos cuidadores em casa. Segundo relato dos pais da criança, a opção
de reforço não contingente, apresentando os brinquedos preferidos da criança, parece ser
mais “agradável” para a situação.  Um fator limitante indicado pelos pesquisadores é não
testar a extinção de fuga separada do reforço não contingente, portanto não foram capazes
de   diferenciar qual dos dois fatores exercem maior influência sobre a seletividade
alimentar.
Turner et al. (2020) também realizaram uma pesquisa com o objetivo de encontrar uma
forma de intervenção que fosse menos restritiva e intrusiva. Participaram da pesquisa dois
meninos. Bruno (Brian, no artigo) 6 anos, diagnosticado com TEA, apresentava seletividade
alimentar, tinha preferência por alimentos crocantes e doces. Carlos (Carl, no artigo)
também com 6 anos, diagnosticado com TEA, preferia alimentos crocantes e
constantemente consumia alimentos ricos em amido. As sessões foram realizadas na
clínica, na qual as crianças já faziam atividades regulares. Todas as sessões foram gravadas
e alguns dados foram levantados por meio de questionários aplicados aos cuidadores.
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Turner et al. (2020) realizaram duas sessões por dia, cada uma delas com uma condição. As
condições foram divididas em duas, um conjunto menor composto por 3 alimentos e outro
conjunto maior composto por 15 alimentos. Essa divisão em duas condições tem como
objetivo avaliar qual das intervenções tem efeito sobre o comportamento da seletividade
alimentar. Nas sessões que eram utilizadas o conjunto menor, foram apresentadas três
porções dos mesmos alimentos ao longo de toda a pesquisa. Já nas sessões em que a
condição era o conjunto maior, os 15 alimentos foram divididos em cinco grupos de três,
sendo apresentados de forma randomizada.
Antes de iniciar a pesquisa de Turner et al. (2020), os participantes passaram por uma
etapa, denominada triagem, na qual apresentavam 18 alimentos para as crianças. Todas as
etapas da pesquisa iniciaram informando à criança que lhe apresentariam alguns alimentos
novos e solicitando que as mesmas respondessem se gostariam de participar dessa
atividade. A criança deveria indicar qual dos alimentos mais lhe interessava. Ao apresentar
o alimento, pequenas porções eram colocadas em frente aos participantes e o pesquisador
dizia “experimente”, caso a criança realizasse o que foi pedido, seu comportamento era
reforçado verbalmente, com “bom trabalho”. Caso a criança não emitisse o comportamento
esperado, o pesquisador esperava 10 segundos, prosseguindo para outra apresentação com
um alimento novo. Além de ser reforçado ao atender o pedido do pesquisador, o
comportamento de permanecer sentado e outros comportamentos alvo desejados por
Turner et al., também foram reforçados. Alimentos não preferidos pelas crianças, foram
incluídos nas etapas de intervenções, visando aumentar a aceitação de novos alimentos,
além dos já consumidos. A linha de base seguiu o procedimento idêntico aos da etapa de
triagem, o único fator diferente se deu na apresentação dos alimentos, que nesta etapa
foram apresentados em grupos de três, tanto do conjunto maior quanto do conjunto menor.
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Os resultados de Turner et al. (2020) indicaram que na linha de base os dois participantes
recusaram todas as solicitações de tocar no alimento, colocar na boca, lamber e tocar o
alimento na boca. Conforme as sessões de intervenção eram realizadas, os meninos
passaram a oscilar entre 10% a 100% de atendimento às solicitações. Durante essa primeira
etapa, os participantes não consumiram os alimentos, pois ainda estavam realizando
aproximações sucessivas. Na etapa dois, retornaram a linha de base, porém agora recebiam
instruções verbais  indicando que consumissem  o alimento apresentado. Durante a linha de
base, as crianças consumiram entre 1 a 2 pedaços ao longo de dez sessões. Ao iniciarem a
intervenção, Bruno e Carlos passaram a consumir mais pedaços durante as sessões
variando 1 a 10, conforme a intervenção acontecia.  
Esses resultados apresentados por Turner et al. (2020) indicam que a modelagem utilizando
dois grupos de alimentos, de tamanhos variados, pode contribuir para a diminuição do
comportamento de seletividade alimentar. Os autores destacaram que algumas condições
devem ser observadas em seus resultados. A pesquisa não avaliou se a aceitação de outros
alimentos foi generalizada para contextos diferentes do estudado. Algumas condições
tiveram que ser alteradas para que um dos participantes não considerasse aquela interação
com o alimento tão aversiva - episódio de vômito. Apenas um dos participantes consumiu
uma variedade signi�cativa de alimentos, tendo em vista que o outro apresentava certa
demora para atender a instruções e �cou restrito aos alimentos do conjunto menor.
Turner et al. (2020) estabeleceram alguns critérios para garantir que os participantes
estivessem diminuindo a seletividade alimentar, conforme iam prosseguindo nas atividades.
O primeiro critério relaciona-se com uma gradual apresentação ao alimento, à exemplo, os
pesquisadores solicitaram o toque, o paladar e a lambida, durante 3 a 4 sessões
consecutivas. Quando o participante respondesse de forma correta a 100% das instruções
durante o prazo estabelecido na pesquisa, prosseguia para etapas na qual deveria morder e
consumir o alimento. Ao responder de forma correta em três sessões consecutivas, para a
instrução “comer”, o pesquisador passou a apresentar no lugar de uma porção do mesmo
alimento,  duas a três porções. O critério para a conclusão da etapa “comer” foi o consumo
total de 10 porções do alimento apresentadas durante três sessões consecutivas.
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Conforme ilustrado pelas pesquisas aqui apresentadas, a seletividade alimentar de pessoas
com TEA tem ganhado destaque e vários autores apresentam procedimentos efetivos
descritos em artigos cientí�cos. Porém, cabe ressaltar que a linguagem utilizada nesses
artigos não é acessível aos pro�ssionais, que possuem conhecimento básico sobre a análise
do comportamento. Além disso, a maioria das publicações estão em inglês, condição que
di�culta a aplicação das técnicas por pro�ssionais que não dominam essa língua. A seguir,
serão apresentados alguns exemplos de materiais didáticos e suas características
principais.
Dentre os manuais didáticos publicados recentemente, será apresentado um breve resumo
de uma cartilha escrita por pesquisadores da Universidade do Sul da Flórida (USF). Essa
cartilha é indicada a pais e cuidadores de crianças com diagnóstico de TEA  e apresenta
estratégias para a diminuição de comportamentos aversivos durante a apresentação de
novos alimentos.
Manuais didáticos
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Considerando essa di�culdade em lidar com as mudanças, a cartilha destaca a
“dessensibilização” (aspas utilizadas pelos autores) como um fator importante na
apresentação da comida. Os autores utilizam esse termo para caracterizar uma
aproximação gradual da criança ao alimento, na qual o cuidador deve deixara comida no
mesmo ambiente em que a criança e ir aproximando-os de forma gradual. Dessa forma,
espera-se que a criança se acostume ao cheiro, à cor e ao formato. Após essas etapas,
solicita-se o toque, uma lambida e assim sucessivamente até alcançar o objetivo �nal que é
efetivamente consumir o alimento.
Os pesquisadores indicaram alguns passos que podem contribuir para a aceitação de novos
alimentos. Como ponto de partida, os pais devem fazer uma lista com a dieta seguida pela
criança para, em seguida, selecionar quais comidas são recusadas, de�nindo quais
comportamentos aversivos serão alvo das intervenções. Cabe destacar que uma das
estratégias descritas na cartilha, indica apresentar alimentos que possuem cor, textura ou
sabor, semelhante aos de preferência da criança. Além disso, falam sobre a importância da
cautela ao apresentar “alimentos surpresa”, tendo em vista que uma das características
principais do TEA é a di�culdade em lidar com mudanças bruscas na rotina.
O Centro de Autismo e De�ciências Relacionadas à Faculdade de Ciências
Comportamentais e Comunitárias da USF (Center for Autism & Related Disabilities at USF
College of Behavioral & Community Sciences University of South Florida), publicou uma
cartilha com o objetivo de ensinar estratégias práticas que possam ser aplicadas pelos pais
ou cuidadores em casa. Essa cartilha possui uma introdução, na qual os autores apresentam
informações gerais sobre a alimentação, recusa de alimentos, as consequências que uma
dieta restrita pode acarretar e quais as intervenções para diminuição da seletividade
alimentar. Os autores ressaltaram a importância de buscar pro�ssionais que possam avaliar
a criança e descartar de�ciências que justi�quem a recusa de alimentos. Em seguida,
relacionam a e�cácia de utilizar reforço positivo para a diminuição de comportamentos
aversivos nos momentos das refeições.  
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Com relação às produções de manuais didáticos brasileiros voltados para os pro�ssionais,
destaca-se o livro “Passo a passo, seu caminho: guia curricular para o ensino de habilidades
básicas.” escrito por Windholz em 1988. Este livro apresenta estratégias para o ensino de
habilidades necessárias para o desenvolvimento da criança, englobando também a
alimentação. Porém diferente da cartilha citada nos parágrafos anteriores, é destinada a
crianças típicas e também atípicas.
Windholz  (1988) inicia o livro ressaltando a importância do desenvolvimento de estratégias
que contribuam para o ensino de habilidades básicas para crianças com necessidades
especiais, tendo em vista que ao se tornarem adultos(as)  precisam ser independentes e
capazes de realizar atividades cotidianas, seja em casa ou na escola. A autora realizou
análises do repertório comportamental de crianças com síndrome de Down e TEA, com o
objetivo de criar estratégias que contribuíssem para a realização de atividades
ocupacionais.
Cabe ressaltar que a cartilha trata de assuntos relacionados à alimentação de maneira muito
breve, portanto não poderia ser utilizada como manual por pro�ssionais que não possuem
conhecimento aprofundado na área. Além disso, não indicam outras opções de
intervenções, tendo em vista que o processo pode variar com cada participante e podem
exigir o uso de novas estratégias para alcançar o resultado esperado.
Outra estratégia indicada na cartilha relaciona-se com os horários em que devem ser
realizadas as atividades. Os autores da cartilha publicada pelo Centro de Autismo e
De�ciências Relacionadas à Faculdade de Ciências Comportamentais e Comunitárias da
USF (Center for Autism & Related Disabilities at USF College of Behavioral & Community
Sciences University of South Florida) a�rmam que no início deve se manter uma rotina e
que as atividades envolvendo os novos alimentos não devem ser realizadas junto às
refeições. Portanto, essas estratégias incentivam brincadeiras e atividades de lazer que
envolvam a comida, visando a diminuição do estresse e de comportamentos aversivos
durante as refeições. Os pesquisadores �nalizam a cartilha reiterando a importância do
consumo de uma dieta balanceada e indicando a busca por pro�ssionais especializados na
área, para contribuir com a seleção dos alimentos a serem inseridos nos cardápios das
crianças.
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Windholz (1988) demonstra intervenções lúdicas, por exemplo: solicitar que a criança
alimente  uma boneca, imitar os comportamentos dos outros ao seu redor e organizar a
mesa para o momento da refeição (colocando toalha/guardanapo, separando talheres
conforme a necessidade da criança). Esses passos podem servir como um treinamento para
que a criança consiga se alimentar com o mínimo de ajuda possível. A autora relata como o
aprendizado dessas atividades desencadeia o desenvolvimento de outras habilidades e
contribui para a diminuição de comportamentos indesejados.
Apesar de ensinar estratégias que melhoram a alimentação, Windholz (1988) não trata
especi�camente da seletividade alimentar. Portanto ressalta-se a importância do
aprofundamento nessa área, contribuindo para o desenvolvimento das pessoas com TEA e
também para os pro�ssionais que buscam intervenções para esses casos.
Neste sentido, o presente livro foi elaborado com dois objetivos: 1) identi�car as principais
estratégias analítico-comportamentais para o tratamento da seletividade alimentar e da
recusa de alimentos; e 2) identi�car e extrair dessas pesquisas elementos para elaboração
de um manual didático sobre intervenções para o tratamento da seletividade alimentar e da
recusa de alimentos de crianças com diagnóstico de TEA.
Ao longo do trabalho, Windholz (1988) traz vários relatos de famílias que buscaram ajuda
para o desenvolvimento de habilidades básicas em suas crianças, algumas com problemas
na alimentação, seja por di�culdades motoras ou comportamentais. A autora ressalta que é
preciso avaliar quais intervenções serão e�cazes em cada caso, por isso a importância da
análise do repertório comportamental. Com linguagem de fácil compreensão a autora traz
esquemas de estratégias e como elas podem ser aplicadas.
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A seleção dos artigos nos quais foram buscadas as informações para elaboração do
material didático, com intervenções para a diminuição na frequência do comportamento de
seletividade alimentar, foi realizada pesquisando metanálises ou revisões sistemáticas mais
recentes sobre o tema. Essa busca foi realizada nas plataformas PubMed, Lilacs, Redalyc e
Scielo. Foram utilizados os seguintes conjuntos de termos em cada plataforma �ltrando pelo
campo todos os campos: a) systematic review food selectivity autism; b) meta-analysis food
selectivity autism;; d) systematic AND review AND food OR feeding, , �ltrando por ano a
2016, 2019, 2020.
Após o levantamento das informações, foram removidas as publicações duplicadas. Em
seguida foram analisados os títulos e resumos com o objetivo de executar os critérios de
inclusão e exclusão. Os critérios de inclusão foram: (1) procedimento de ensino da análise
do comportamento, (2) seletividade/recusa alimentar e (3) participantes com Transtorno do
Espectro do Autismo. Como critérios de exclusão: (1) a condição dos (as) participantes
possuírem outros comportamentos alimentares e (2) a exclusão por título que não
contemple os critérios de inclusão. O artigo mais recente que contemplou esses critérios foi
A Systematic Synthesis of Behavioral Interventions for Food Selectivity of Children with
Autism Spectrum Disorders (Uma síntese sistemática de intervenções comportamentais
para a seletividade alimentar de criançascom transtornos do espectro do autismo), escrito
por Silbaugh, Penrod, Whelan, et al. em 2016.
Seleção dos artigos a serem analisados
Após a seleção do artigo de revisão, foram analisados os artigos mais recentes para a
extração das informações que tenham utilizado um dos procedimentos abaixo (Chawner et
al., 2019, Tabela 3):
Seleção do artigo de revisão sistemática ou metanálise
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1. Extinção de fuga (EE):
1. Não remoção da colher (nrs);
2.  Orientação Física;
3.  Reforço diferencial do comportamento alternativo (DRA);
4.  Reforço não contingente (NCR);
5.  Horários de atraso;
2. Com base na exposição:
1.  Dessensibilização sistemática (SysD);
2. Estímulo/textura, desvanecimento das porções e da demanda;
3. Apresentação simultânea;
4. Utilizar novos alimentos semelhantes aos previamente aceitos;
5. Modelagem;
6. Sequências de alta probabilidade;
7. Escolha de alimentos;
8. Acesso a comida preferida;
3. Métodos familiares e ambientais;
1. Psicoeducação;
2. Treinamento dos pais;
3. Planos de refeições;
4. Suporte Comportamental Positivo (PBS);
5. Intervenções ambientais;        
Elaboração das descrições didáticas
Após a seleção dos artigos, foi realizado a leitura e o levantamento de informações para
veri�cação e extração dos seguintes tópicos:
1. Referência bibliográ�ca.
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2. Dados dos participantes:
1. Idade;
2. Diagnósticos;
3. Repertório comportamental (e.g., fala, não fala);
4. Dados dos pais/cuidadores (quando houvesse);
9. Descrição da intervenção.
3. De�nição dos comportamentos-alvo e forma de mensuração.
10. Resultados:
4. Objetivo da pesquisa.
        a. Número de sessões;
5. Objetivo da intervenção.
6. Nomes dos procedimentos de ensino utilizados:
1. DRA;
2.  DRO;
3. Extinção de fuga;
4. Reforço não contingente;
5. Reforço diferencial;
6. Modelagem;
7. Resultados da análise funcional (quando houvesse).
8. Nível operante do comportamento-alvo (dados de linha de base).
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b. Comparação entre os resultados obtidos na condição de linha de base e os resultados
obtidos na condição de intervenção;
Quando havia mais de um participante, foi selecionado apenas o participante cujos dados
foram relatados primeiro (ou do participante que tivesse diagnóstico de TEA).
Os próximos capítulos apresentam os resultados desta busca e descrição de pesquisas que
apresentam procedimentos para reduzir a seletividade alimentar.
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Moldagem de resposta para melhorar a aceitação de alimentos
para crianças com autismo: efeitos de conjuntos de alimentos
pequenos e grandes
Referência bibliográfica
Turner, V. R., Ledford, J. R., Lord, A. K., & Harbin, E. R. (2020). Response shaping to
improve food acceptance for children with autism: E�ects of small and large food sets.
Research in Developmental Disabilities, 98, 103574.
Dados do participante
Nome (�ctício): Bruno (Brian, no artigo)
Idade: 6 anos
Diagnóstico: Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).
Comportamentos: seletividade alimentar, preferência por alimentos crocantes e doces.
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O objetivo da intervenção foi aumentar o consumo de alimentos.         
Os dados foram coletados por meio de �lmagens das sessões. Os dados avaliados, visando
veri�car o efeito da intervenção, foram: as tentativas com respostas corretas, a quantidade
de porções consumidas e a quantidade geral de alimentos com os quais os participantes
interagiram. Os comportamentos tocar, provar, lamber e comer foram aplicados para os
dois conjuntos de alimentos. Para o participante Bruno, o comportamento “lamber”, teve
como critério colocar a comida na boca, tendo em vista que em fases iniciais a instrução
“lamber” resultou em comportamentos-problema.
O participante passou por mais níveis nas fases iniciais, pois não obteve sucesso na
instrução “comer”. Portanto, a criança colocar o alimento na boca e permanecer por um
prazo determinado foi considerado um processo gradual de aproximação dos alimentos,
visando atingir o objetivo que era comer o alimento.
Objetivo da pesquisa
Nomes dos procedimentos de ensino utilizados
Modelagem.
Objetivo da intervenção
O objetivo da pesquisa foi veri�car se uma intervenção, utilizando dois conjuntos de
alimentos, através da modelagem de comportamento, poderiam ser menos restritivas e
invasivas para a diminuição na frequência do comportamento da seletividade alimentar.
Cada conjunto denominado como menor (composto por três alimentos diferentes) e maior
(composto por 15 alimentos variados), tiveram os alimentos selecionados por meio de uma
lista respondida aos responsáveis dos participantes.
Definição dos comportamentos-alvo e forma de mensuração
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Antes de iniciar a pesquisa, o participante passou por uma triagem, na qual 18 alimentos
eram apresentados para a criança. A criança deveria indicar qual dos alimentos mais lhe
interessava. Ao apresentar o alimento, pequenas porções eram colocadas em frente ao
participante e o pesquisador dizia “experimente”. Caso a criança realizasse o que foi pedido,
seu comportamento era reforçado verbalmente com expressões como “bom trabalho”. Caso
a criança não emitisse o comportamento esperado, o pesquisador esperava 10 segundos,
prosseguindo para outra apresentação com um alimento novo. Alimentos não preferidos
pelas crianças foram incluídos nas etapas de intervenções visando aumentar a aceitação de
novos alimentos. A linha de base seguiu o procedimento idêntico aos da etapa de triagem,
porém a apresentação dos alimentos era em grupos menores, o que diferencia da etapa de
triagem.
Foram realizadas duas sessões por dia, cada uma  delas com um conjunto de alimentos de
cada grupo. Nas sessões que eram utilizadas o conjunto menor, foram apresentadas três
porções dos mesmos alimentos ao longo de toda a pesquisa. Já nas sessões em que a
condição era o conjunto maior, os 15 alimentos foram divididos em cinco grupos de três,
sendo apresentados de forma randomizada.
Antes de cada sessão o pesquisador veri�cou o consentimento da criança em participar do
estudo, através de expressões como “Hoje vamos praticar novos alimentos!”. Nos casos em
que o participante se retirasse da mesa ou respondesse de forma negativa, o pesquisador
aguardava por 10 segundos e repetia a frase.  
Descrição da intervenção
Na etapa da linha de base, o pesquisador apresentava três alimentos do conjunto menor e
três, selecionados aleatoriamente, do grupo maior. Nessa etapa, o participante foi
apresentado a cada alimento, com a possibilidade de escolher com qual gostaria de
trabalhar ao longo da sessão e possuía 10 chances para envolver-se em comportamentos de
aceitação como tocar, lamber, cheirar e comer o alimento selecionado.
Nível operante do comportamento-alvo (dados de linha de base).
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b. Comparação entre os resultados obtidos na condição de linha de base e os resultados
obtidos na condição de intervenção;
Alguns critérios foram estabelecidos para garantir que os participantes estivessem
diminuindo a seletividade alimentar,conforme iam prosseguindo nas atividades. O primeiro
critério relaciona-se com uma gradual apresentação ao alimento, à exemplo, os
pesquisadores solicitavam  o toque, o paladar e a lambida, durante 3 a 4 sessões
consecutivas. Quando o participante respondia de forma correta a 100% das instruções
durante o prazo estabelecido na pesquisa, prosseguia para etapas na qual deveria morder e
consumir o alimento. Ao responder de forma correta em três sessões consecutivas, para a
instrução “comer”, o pesquisador passou a apresentar no lugar de uma porção do mesmo
alimento,  duas a três. O critério para a conclusão da etapa “comer”, foi o consumo total de
10 porções do alimento apresentado durante três sessões consecutivas.
Resultados
a. Número de sessões;
Os pesquisadores realizaram aproximadamente 65 sessões até a conclusão do estudo.
Os resultados indicaram que na linha de base o participante recusou todas as solicitações
de tocar no alimento, colocar na boca, lamber e tocar o alimento na boca. Conforme as
sessões de intervenção ia acontecendo o garoto passou a oscilar de 10% a 100% de
correspondência nas solicitações. Durante essa primeira etapa, o participante não consumiu
os alimentos, pois ainda estava realizando aproximações sucessivas. Na etapa dois
retornou a linha de base, porém agora recebeu instruções verbais   indicando que
consumisse o alimento apresentado. Durante a linha de base, a criança consumiu entre 1 a 2
pedaços, ao longo de dez sessões. Ao iniciar a intervenção Bruno passou a consumir mais
pedaços durante as sessões, variando de 1 a 10, conforme a intervenção acontecia.
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Ahearn,W. H. (2003). Using simultaneous presentation to increase vegetable
consumption in a mildly selective child with autism. Journal of Applied Behavior Analysis,
36, 361–365. doi:10.1901/jaba.2003.36-361.
Dados do participante
Nome (�ctício): Fernando (Fred, no artigo)
Referência bibliográfica
O uso de apresentações simultâneas para aumentar o consumo
de vegetais por uma criança com autismo moderadamente
seletiva
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Diagnóstico: Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) associado a um quadro profundo
de retardo mental.
Idade: 14 anos
Comportamentos: seletividade alimentar leve direcionada ao consumo de vegetais.
Definição dos comportamentos-alvo e forma de mensuração
Os fatores avaliados, buscando veri�car o efeito da intervenção, foram o consumo dos
vegetais cenoura, milho e brócolis sem adição de condimentos e o consumo desses vegetais
com a adição de condimentos. Considerou-se o consumo do alimento, quando o
participante colocava a porção de uma mordida (aproximadamente 0,25 polegadas) na boca
no prazo estabelecido de até 5 segundos após a apresentação do mesmo. Os dados foram
coletados por meio de �lmagens das sessões.
Objetivo da pesquisa
O objetivo da pesquisa foi veri�car o efeito da apresentação simultânea de alimentos não
preferidos e especiarias sem reforçadores. O autor utilizou uma avaliação de preferência,
visando demonstrar os condimentos preferidos para a aplicação do método de apresentação
simultânea. Posteriormente, foi avaliado o efeito  do condicionamento sabor-sabor, o qual
indica que a cor, a textura e o sabor de um alimento preferido podem resultar em
preferência condicional de um alimento não preferido, ou seja, o emparelhamento entre os
alimentos podem contribuir para um consumo menos restritivo utilizando-se um projeto de
retirada.
Objetivo da intervenção
O objetivo da intervenção foi aumentar o consumo de vegetais.
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Na linha de base, o pesquisador apresentava a porção do alimento em uma colher e
Fernando tinha o prazo de 5 s para iniciar a manipulação. Caso o participante não iniciasse
a manipulação nesse período, a porção do vegetal era retirada sem consequências para esse
comportamento. Já nas situações em que Fernando manipulou o alimento antes dos 5 s,
eram dados mais 5 s para que ele o consumisse.
Nomes dos procedimentos de ensino utilizados
Foi adotado o delineamento de linha de base múltipla nas apresentações dos alimentos com
e sem condimentos, buscando avaliar a aceitação do participante nas condições de linha de
base e de apresentação simultânea. Os condimentos foram apresentados em três condições
distintas.
Descrição da intervenção
Apresentação simultânea.
Nível operante do comportamento-alvo (dados de linha de base).
Em condição anterior à linha de base, oito condimentos (ketchup, mostarda, mostarda
picante, mostarda com mel, molho barbecue, molho ranch, molho italiano cremoso e molho
italiano) foram avaliados por meio da preferência de estímulos pareados, visando analisar
quais condimentos eram preferidos pelo participantes. Os molhos selecionados, conforme a
preferência de Fernando, foram ketchup, molho barbecue e molho italiano.
Em situação anterior à pesquisa relatada, Fernando passou por uma avaliação alimentar que
buscava veri�car hábitos alimentares de crianças com autismo. Ao longo desta avaliação o
participante consumiu frutas, proteínas e amido, recusando todos os vegetais. Os
pro�ssionais que o acompanharam ao longo dessa pesquisa indicaram que Fernando
sempre solicitava outros alimentos após terminar suas refeições e também pedia
condimentos, sendo observado que consumia alguns desses condimentos puros, sem
misturá-los a outros alimentos.
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Foram realizadas aproximadamente 40 sessões.
b. Comparação entre os resultados obtidos na condição de linha de base e os resultados
obtidos na condição de intervenção;
As etapas de linha de base e apresentação simultâneas foram idênticas, ressaltando apenas
que na segunda etapa o alimento era apresentado com uma quantidade de condimentos. O
pesquisador indica que o vegetal não foi completamente coberto pelo molho, tendo em vista
que esse fator poderia influenciar o consumo, pois estaria camuflando algumas
propriedades características do alimento. Durante as etapas da pesquisa não houve
consequências para os comportamentos alimentares do participante. Cada vegetal foi
apresentado simultaneamente a um condimento por vez.
Resultados
a. Número de sessões;
Os dados analisados foram compostos pela quantidade de mordidas, ou seja, quantas vezes
o participante consumiu o vegetal entre os 5 s a 10 s disponíveis para responder a instrução
“dê uma mordida” que foi apresentada simultaneamente com os alimentos. Nas situações em
que o participante solicitava outros alimentos, era redirecionado de forma neutra com a
expressão “Talvez possamos fazer isso mais tarde”.
Na etapa de linha de base, o participante foi posicionado em uma cadeira próximo a uma
mesa e, à sua frente, o pesquisador apresentava uma colher com pequenas porções
(aproximadamente 0,25 polegadas) dos vegetais, cenoura, brócolis e milho, separadamente.
Fernando tinha até 5 s para iniciar a manipulação do alimento. Caso isso não ocorresse, a
colher era retirada da mesa e apresentada novamente após 30 s. Já nas tentativas em que ele
manipulou o alimento antes dos 5 s, eram fornecidos mais 5 s para que o mesmo
consumisse o vegetal. Os vegetaisforam apresentados em cinco tentativas consecutivas
cada, seguindo a ordem de cenoura, brócolis e milho, completando 15 testes ao longo da
sessão.
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Após a pesquisa, o participante foi ensinado a combinar as imagens dos condimentos com
os condimentos, visando ampliar sua comunicação. Antes das refeições Fernando recebia
um quadro com imagens de três condimentos, para que escolhesse qual era o preferido.
Assim, após a sua escolha, o molho era adicionado aos seus vegetais. Após um ano da
pesquisa, dados sobre a dieta de Fernando foram coletados e percebeu-se que ele ainda
consumia vegetais com condimentos.
Os resultados indicaram que na etapa de linha de base, na qual os alimentos foram
apresentados sem a adição de condimentos, Fernando não consumiu nenhum alimento,
exceto na sessão 2 na qual comeu a primeira porção de cenoura. Ao apresentar cada item
alimentar com ketchup, o participante aumentou sua aceitação para 100%, porém na
segunda condição com o mesmo molho, Fernando aceitou apenas as duas primeiras
porções de cenoura e passou a recusar todas as outras porções seguintes, ainda na mesma
condição. Já nas etapas posteriores, o participante passou a consumir 100% das porções de
vegetais oferecidas junto aos condimentos: molho barbecue e molho para salada.
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Allison, J.,Wilder, D. A., Chong, I., Lugo, A., Pike, J., & Rudy, N. (2012). A
comparison of di�erential reinforcement and noncontingent reinforcement to treat food
selectivity in a child with autism. Journal of Applied Behavior Analysis, 45, 613–617.
doi:10.1901/jaba.2012.45-613.
Dados do participante
Nome (�ctício): Carlos (Cam, no artigo)
Referência bibliográfica
Comparação entre reforço diferencial e reforço não contingente
para tratar a seletividade alimentar em uma criança com
autismo
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Comportamentos: seletividade alimentar.
Definição dos comportamentos-alvo e forma de mensuração
Os pesquisadores registraram a aceitação do alimento, o tempo para aceitação da mordida,
comportamentos-problema e a duração das vocalizações negativas relacionadas à
apresentação da comida. A frequência de comportamentos-problema foram registradas
quando (a)o participante virava a cabeça a 45° da colher e (b) quando o participante
bloqueava ou derrubava a colher do pesquisador com a mão ou o braço a aproximadamente
10 centímetros de sua boca. As vocalizações negativas foram consideradas quando a
criança chorava por pelo menos 3 s.
Os dados relacionados aos comportamentos-alvo foram convertidos em porcentagem após
a coleta de dados. Os autores relataram as seguintes operações para conversão desses
dados: o número de aceitações foi dividido pelo número de apresentações dos alimentos, a
ocorrência de comportamentos-problema foi dividida pelo tempo em que a colher
permaneceu a 10 centímetros da boca da criança e o tempo de vocalizações negativas foi
dividido pela duração da sessão.  
Objetivo da pesquisa
O objetivo da pesquisa foi comparar e veri�car a e�cácia de intervenções que utilizam o
reforço diferencial com extinção de fuga ou esquiva e o reforço não contingente com
extinção de fuga, buscando avaliar qual dos dois métodos é mais e�caz.
Diagnóstico: Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)
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Nomes dos procedimentos de ensino utilizados
Reforço diferencial do comportamento alternativo (DRA); Reforço não contingente (NCR);
Resultados da análise funcional
As análises funcionais dos comportamentos do participante foram realizadas em duas
condições, a de controle e a de fuga, visando avaliar qual das duas mantinha os
comportamentos-problema. Os resultados indicaram que nas etapas iniciais da análise
funcional, o participante apresentou uma variabilidade de comportamentos aversivos de 10%
a 45%, já nas condições de controle os comportamentos-problema diminuíram de 5% a 0%
durante as sessões.  
Nível operante do comportamento-alvo (dados de linha de base).
Na linha de base os procedimentos adotados foram idênticos aos das outras condições, ou
seja, a porção do alimento era apresentada pelo pesquisador e oferecida para a criança,
porém não existiam consequências diferenciais para a recusa ou aceitação. Ao longo da
linha de base, Carlos recusou todas as porções de alimento que foram oferecidas, não
emitiu vocalizações negativas, porém os comportamentos-problema apresentaram uma
variabilidade de 10% a 45% ao longo das sessões.
O objetivo da intervenção foi aumentar a aceitação de novos alimentos e diminuir a
frequência de comportamentos-problema em crianças com TEA que apresentam
seletividade alimentar.
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Foram realizadas aproximadamente 42 sessões.
Foram realizadas de cinco a dez sessões por dia, variando em duas ou três vezes na
semana. A comida era apresentada em uma colher pequena com uma porção do alimento de
30 em 30 segundos em um prazo de cinco minutos. Após 30 segundos que o participante
havia colocado a comida na boca, o psicólogo veri�cava se a comida havia sido engolida.
Em caso a�rmativo, ele dizia “bom”, e em caso negativo, dizia “engolir”. Nos casos em que
o participante permanecia com o alimento na boca após cinco minutos do início da sessão,
o pesquisador não oferecia outra porção até que a criança engolisse a comida ou até o
tempo máximo de vinte minutos. Não houve consequências para o vômito.
Resultados
a. Número de sessões;
A segunda etapa da pesquisa foi composta por uma análise funcional contendo duas
condições, a de fuga e a de controle. Na condição de fuga, o psicólogo disponibilizava uma
pequena porção de comida. Caso a criança apresentasse comportamento de fuga, o alimento
era retirado e apresentado novamente após o término do comportamento problema. Durante
a condição de controle, nenhuma consequência foi apresentada caso a criança respondesse
com comportamento problema, além de ter acesso aos brinquedos preferidos, selecionados
anteriormente, e receber a atenção do terapeuta.
 foram
purê de batatas, cenoura, molho de maçã e macarrão com queijo, que já haviam sido
rejeitados anteriormente pelo participante.
Ao longo do estudo, os pesquisadores utilizaram camisetas de cores distintas e tapetes com
as mesmas cores da blusa, visando contribuir para que o participante identi�casse as
diferentes etapas da pesquisa. A primeira etapa foi composta por uma avaliação de
preferência por estímulo pareado, na qual vários brinquedos foram apresentados à criança
com o objetivo de selecionar 5 itens de maior preferência para serem usados ao longo das
análises funcionais e da avaliação da intervenção. Os alimentos usados na pesquisa foram
selecionados de forma aleatória, assim como sua apresentação. As comidas utilizadas
Descrição da intervenção
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Segundo os autores, as duas formas de intervir na seletividade alimentar funcionaram e
atingiram o objetivo, portanto cabe aos cuidadores escolherem qual a intervenção a ser
utilizada. No caso da pesquisa, a mãe do participante optou por usar

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