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Tutorial 3 1) Entender o Transtorno Bipolar. 2) Estudar o risco de suicídio no paciente com transtorno bipolar. 3) Compreender as personalidades boderline e antissocial. 1)Estudar o Transtorno Afetivo Bipolar ou Transtorno Bipolar do Humor. O transtorno bipolar (TB) é um distúrbio psiquiátrico caracterizado por recorrência de episódios de mania/hipomania, depressão e períodos de normalidade afetiva. A presença de um episódio maníaco/hipomaníaco é condição imprescindível para o diagnóstico de TB. Nos quadros mais graves de humor, podem estar presentes sintomas psicóticos como delírios e alucinações. Trata-se de um transtorno que se inicia, em geral, no começo da vida adulta, frequentemente cursa com elevadas taxas de morbimortalidade, está associado a risco de suicídio de até 15% ao longo da vida, prejuízos psicossociais, presença de sintomas subsindrômicos entre os episódios, cronicidade e déficits cognitivos, sobretudo quando não tratado adequadamente, que resultam em prejuízo no funcionamento global e piora na qualidade de vida do indivíduo. Epidemiologia SEXO= prevalência igual entre homens e mulheres. Episódios maníacos são mais comuns em homens, e episódios depressivos são mais comuns em mulheres. Quando episódios maníacos ocorrem em mulheres, elas têm mais probabilidade do que os homens de apresentar um quadro misto (p. ex., mania e depressão). As mulheres também têm uma taxa mais alta de CICLAGEM RÁPIDA, definida como quatro ou mais episódios maníacos no período de um ano. IDADE= é precoce, variando da infância (a partir dos 5 ou 6 anos) aos 50 anos, com idade média de 15 a 19 anos, ou até mais, em casos raros, com idade média de 30 anos. Episódio maníaco Os episódios maníacos caracterizam-se por alterações no humor, psicomotricidade e cognição, com duração mínima de 1 semana, na maior parte de todos os dias, quase todos os dias (ou qualquer duração, se a hospitalização for necessária). O humor clássico e característico do episódio maníaco é a euforia, a alegria patológica. O paciente tem sensação de bem-estar intenso, apresenta-se elado, expansivo, desinibido e jocoso, com uma alegria contagiante, excessiva e, no seu grau máximo, inconveniente e prejudicial. Mas, o portador de TB também pode se apresentar, durante um episódio maníaco, com o humor irritado, disfórico, mostrando-se Mal-humorado, arrogante e amargo, podendo se tornar agressivo verbal e fisicamente quando se sente contrariado. A maioria dos pacientes maníacos apresenta taquipsiquismo. Eles apresentam diminuição da capacidade de concentração, distraem-se facilmente, sua atenção espontânea fica aumentada e a voluntária, diminuída. Mostram-se loquazes e podem falar de forma incessante e incoercível, tornando-se logorreicos. Seu pensamento fica acelerado e a associação de ideias se faz de forma superficial e rápida, muitas vezes expressa na forma de rimas, assonância e jogos de palavras, podendo chegar à fuga de ideias, na qual há comprometimento da coesão lógica do pensamento, que se apresenta mais rápido que a capacidade de expressão verbal do paciente, portanto seu discurso pode se tornar incompreensível. O paciente em episódio maníaco apresenta autoestima aumentada, com ideias de grandeza, poder e importância social exageradas, que podem ser pseudodelirantes (crença frouxa) ou até mesmo delirantes, caracterizando um episódio com sintomas psicóticos. Nesse sentido, as alucinações parecem representar o extremo dos quadros maníacos e, na maioria das vezes, são auditivas ou visuais. Os delírios, como mencionado, em geral são de grandeza, com conteúdo religioso ou de poder, mas também podem ser de referência ou persecutórios. Em relação à atividade e ao comportamento, os pacientes apresentam diminuição da necessidade de sono, ou seja, dormem pouco e já acordam com energia e disposição para as atividades. Nos casos mais graves, passam noites em claro. Apresentam agitação psicomotora, pode trajar-se de forma exuberante e inabitual, Envolvem-se em atividades prazerosas de risco, como dirigir em alta velocidade, promiscuidade e sexo sem proteção e/ou realizar compras ou doações exageradas e acima de suas possibilidades financeiras. Os sintomas apresentados pelos pacientes em episódio maníaco são graves a ponto de sempre causarem prejuízo ao funcionamento global do paciente e, em alguns casos, motivarem hospitalização. Controle dos impulsos. Cerca de 75% de todos os pacientes maníacos são agressivos ou ameaçadores. Eles tentam o suicídio e cometem homicídio, mas a incidência desses comportamentos é desconhecida. Julgamento e insight. O comprometimento do julgamento é característica de indivíduos maníacos. Eles podem violar leis sobre cartões de crédito, atividades sexuais e finanças e, por vezes, envolvem suas famílias na ruína financeira. Também têm pouco entendimento de sua doença. Confiabilidade. Os indivíduos maníacos são notoriamente não confiáveis em suas informações. Uma vez que a mentira e o disfarce são comuns na mania. Mania em adolescentes. A mania em adolescentes costuma ser diagnosticada de forma errônea como transtorno da personalidade antissocial ou esquizofrenia. Os sintomas podem incluir psicose, abuso de álcool ou outras substâncias, tentativas de suicídio, problemas escolares, ruminação filosófica, sintomas de TOC, queixas somáticas múltiplas, irritabilidade acentuada levando a brigas e a outros comportamentos antissociais. Resumindo: Alteração da forma de pensamento + comum: fuga de ideias. Alteração do conteúdo de pensamento + comum: ideias deliroides de grandeza. Alteração do curso de pensamento + comum: pensamento acelerado. Hipomania Os quadros hipomaníacos são caracterizados por sintomas semelhantes aos dos quadros maníacos, exceto pela ausência de sintomas psicóticos e por se manifestarem em níveis de gravidade menores, não causando prejuízo acentuado ao funcionamento social ou ocupacional e não exigindo a hospitalização do paciente. Tem duração de no mínimo 4 dias, na maior parte de todos os dias. O humor na hipomania encontra-se elevado, exaltado e o paciente mostra-se excessivamente confiante e algumas vezes irritável. Em relação à cognição, há profusão de ideias com aumento da velocidade do pensamento, embora sem incoerências, perda de associações, delírios ou alucinações. Apesar da diminuição na quantidade de horas de sono, o paciente em hipomania apresenta-se com muita energia e autoconfiança, o que pode levar a aumento das atividades, hipersexualidade e impulsividade. Estados mistos Está associado a aumento de impulsividade, maior risco de suicídio, mais abuso de substâncias, psicopatologia mais grave, maior duração dos episódios e menor frequência de remissão entre eles, além de pior resposta ao tratamento. Sua definição mais ampla consiste na presença simultânea de sintomas maníacos e depressivos em um mesmo episódio. ●Transtorno bipolar tipo I: episódios depressivos leves a graves (não precisa necessariamente ter), intercalados com fases de normalidade e fases maníacas bem caracterizadas (necessária). Depressão melancólica, + grave que a II, com psicose, mais recorrente, cerca de 10 episódios durante a vida: •1º episódio costuma ser de mania ou hipomania. •+ uso de AP 1. Episódio maníaco único: Esse requisito baseia- se no fato de que pacientes que estão tendo seu primeiro episódio de depressão do transtorno bipolar I não podem ser distinguidos daqueles afetados por transtorno depressivo maior. 2. Recorrente: Os episódios maníacos são considerados distintos quando são separados por pelo menos dois meses sem sintomas significativos de mania ou hipomania. TB1, comparado com a TBII, há maiores taxasde: Ganho de peso Baixa autoestima, sentimentos de menosvalia Inquietação Fobias específicas Dificuldade em dar conta das responsabilidades ● Transtorno bipolar tipo II: episódios depressivos leves a graves, intercalados com períodos de normalidade e seguidos de fases hipomaníacas. O paciente não apresenta episódios maníacos. Depressão atípica + grave que a unipolar, sem psicose, menos recorrente, cerca de 6 episódios durante a vida • 1º episódio costuma ser depressão. • + uso de antidepressivos • > taxas de ansiedade associada ● Transtorno bipolar de ciclagem rápida: 4 ou mais episódios maníacos e depressivos alternados, separados por intervalos de 48-72 horas, em um período de 1 ano. 1. Mais comum em mulheres. 2. Relacionado ao hipotireoidismo, ao uso de antidepressivos e a maior risco de suicídio. 3. Tende a ser transitória; 4. Representa um agravamento da doença; ●Transtorno ciclotímico: é uma perturbação crônica e flutuante do humor na qual o paciente apresenta, ao longo de pelo menos dois anos, períodos de sintomas hipomaníacos e sintxomas depressivos subsindrômicos com algum prejuízo significativo e breves intervalos livres de sintomas (dois meses ou menos). Os sintomas depressivos têm número, gravidade, abrangência ou duração insuficiente para preencher a todos os critérios de um episódio depressivo maior. O transtorno ciclotímico costuma ter início na adolescência ou no início da vida adulta. Igualmente comum em ambos os sexos. OBS: Mesmo na eutimia observa-se prejuízo cognitivo leve, podendo ser progressivo. 30% prejuízo importante no funcionamento profissional mesmo na eutimia. Fatores desencadeantes: puerpério, perda de sono, álcool e drogas, uso de antidepressivos, súbita interrupção de lítio. Neurobiologia Neuroanatomia e neuroimagem: Estudos de neuroimagem estrutural, funcional e neuroquímica sugerem que os sintomas afetivos, cognitivos e neurovegetativos do TB originam-se de alterações no circuito neural que envolve o corpo estriado, o tálamo e a córtex pré-frontal, além da participação de estruturas límbicas (como a amígdala e o hipocampo) e cerebelo. Essas anormalidades incluem redução do volume de substância cinzenta, alterações da integridade de fascículos axonais, aumento de níveis de neurotransmissores como glutamato, diminuição de espinhos dendríticos e diminuição de volume ou de densidade de neurônios e células da glia. A duração da doença tem sido associada à redução nas regiões corticais frontal, parietal medial e occipital. Marcadores periféricos Níveis elevados de cortisol e ACTH e hiperatividade do eixo hipotálamohipófiseadrenal estão presentes na depressão e no TB. A hiperatividade do eixo hipotálamohipófiseadrenal (HPA), por sua vez, é um importante estímulo para a inflamação. De forma geral, a mania é a fase mais associada a estados inflamatórios, seguida da depressão, e a remissão dos sintomas de humor está associada à reversão parcial do estado inflamatório. A proteína C-reativa (PCR) é uma proteína produzida durante fases agudas do processo inflamatório e é induzida por citocinas. Níveis aumentados de PCR podem ser encontrados em todas as fases do TB, em especial durante a mania. O aumento de PCR também pode estar associado com comprometimento cognitivo no TB. Genética Uma história familiar de transtorno bipolar confere um risco maior para transtornos do humor em geral e, em particular, um risco muito maior para transtorno bipolar. Os cromossomos 18q e 22q são as duas regiões com evidência mais forte de ligação a transtorno bipolar. Prognóstico. Pacientes com transtorno bipolar I têm um prognóstico pior do que os afetados por transtorno depressivo maior. Cerca de 40 a 50% dos pacientes com transtorno bipolar I podem ter um segundo episódio maníaco no período de dois anos do primeiro episódio. Ao longo do tempo os episódios vão ficando mais comuns e com menor período de eutmia. Curso Clínico: Mais episódios depressivos do que de mania. Pacientes mais jovens fazem mais mania. Pacientes mais velhos e mulheres, fazem mais episódios depressivos. A cada episódio o paciente vai piorando cognição e funcionalidade. 5 a 15% fazem ciclagem rápida (4 ou mais episódios de humor em 12 meses). TRATAMENTO FARMACOLÓGICO Lítio + Antidepressivos + Antipsicóticos atípicos (risperidona) + Benzodiazepínicos + Anticonvulsivantes estabilizadores do humor (carbamazepina,valproato e lamotrigina). Lítio O lítio é considerado um estabilizador do humor, utilizado amplamente para o tratamento tanto das fases agudas do transtorno bipolar (mania e depressão) quanto na prevenção de recorrências de novos episódios ao longo do curso do transtorno (fase de manutenção). O lítio é efetivo no tratamento de episódio agudo de mania e é considerado um medicamento de primeira linha para esse objetivo, podendo ser utilizado em monoterapia ou em combinação com outro medicamento (especialmente antipsicóticos atípicos ou valproato de sódio). OBS: Lítio não vai bem: episodio mistos, cicladores rápidos e onde há psicose (mania psicótica) Provoca recaída na maioria dos casos, principalmente nos primeiros 3 meses de tratamento Contraindicações absolutas: insuficiência renal grave, bradicardia sinusal, arritmias ventriculares graves, insuficiência cardíaca congestiva, hipersensibilidade ao fármaco. CARBONATO DE LÍTIO. O carbonato de lítio é considerado o protótipo do ―estabilizador do humor‖. Contudo, visto que o início de sua ação antimaníaca é lento, ele geralmente é suplementado nas fases iniciais do tratamento por antipsicóticos atípicos, anticonvulsivantes estabilizadores do humor ou benzodiazepínicos de alta potência. Os níveis terapêuticos do lítio estão entre 0,6 e 1,2 mEq/L. ANTICONVULSIVANTES CLONAZEPAM E LORAZEPAM Os anticonvulsivantes benzodiazepínicos de alta potência usados na mania aguda. Ambos podem ser eficazes e são amplamente utilizados para tratamento adjuvante de agitação maníaca aguda, insônia, agressividade e disforia, bem como de pânico. A segurança e o perfil de efeito colateral benigno desses agentes os tornam adjuvantes ideais ao lítio, à carbamazepina ou ao valproato. VALPROATO: O valproato é considerado um medicamento de primeira linha para tratamento de um episódio agudo de mania, com eficácia comparável ao uso do lítio para esse mesmo propósito. Diferentemente do lítio, possui menor correlação entre seus níveis séricos e resposta clínica. Além de monoterapia, o valproato também pode ser associado a antipsicóticos atípicos ou lítio, para aumento da eficácia da resposta antimaníaca. É igualmente efetivo nos quadros de mania clássica e também mania disfórica (presença de características mistas), sendo preferível em relação ao lítio neste último caso. Episódio agudo de depressão Ao contrário do lítio, o valproato em monoterapia não é considerado tratamento de primeira linha para um episódio agudo de depressão bipolar. Fase de manutenção Valproato é uma alternativa de primeira linha para o tratamento de manutenção do TB em monoterapia, com eficácia comparável ao lítio, CARBAMAZEPINA. Episódio agudo de mania É considerada uma opção de segunda linha, principalmente em razão da interação com outras medicações e perfil de efeitos colaterais (pouca tolerabilidade). Episódio agudo de depressão É considerada uma opção de terceira linha. Fase de manutenção Apesar de apresentar eficácia na prevenção de novos episódios, a carbamazepina é considerada um medicamento de segunda linha no tratamento de manutenção. Isto se deve ao seu perfil de indução enzimática, que pode ser um problema especialmente no uso em longo prazo, já que muitas vezes o tratamento de manutenção do TB exige combinação de várias medicações paraalcançar remissão de sintomatologia residual e profilaxia adequada dos episódios. LAMOTRIGINA Episódio agudo de mania Seu uso não é recomendado. Episódio agudo de depressão Seu uso é considerado uma opção de primeira linha para o tratamento de episódios depressivos, idealmente em doses mais altas (dose alvo em torno de 300 a 400 mg). O tempo longo recomendado para a progressão de dose da lamotrigina pode ser um fator limitante em episódios agudos de maior gravidade. Fase de manutenção Lamotrigina é considerada tratamento de primeira linha na fase de manutenção em monoterapia, sendo mais eficaz na prevenção de episódios depressivos e apresentando eficácia limitada na prevenção de episódios de mania. ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS. Todos os antipsicóticos atípicos – olanzapina, risperidona(1º escolha), quetiapina, ziprasidona e aripiprazol – demonstraram efeitos antimaníacos. Episódio agudo de depressão Quetiapina e lurasidona são consideradas opções de primeira linha em monoterapia. Lurasidona também pode ser utilizada como adjuvante ao lítio ou valproato para esse objetivo como opção de primeira linha. Observações: Gestação: lamotrigina (não aumenta malformações congênitas, mas atua só na depressão); AntiPsicótico (Olanzapina, quetiapina e haldol - seguro mas menos eficaz que os atípicos), preferir atípicos. Valproato e carbamazepina(anticonvulsivante) teratogênicos usados no 1º trimestre só em pcts graves sem controle com outros medicamentos, associar ácido fólico pra diminuir os riscos; após 1º trimestre carbamazepina tem condição relativa e valproato continua contraindicado. Amamentação: valproato, carbamazepina, olanzapina (AP + indicado); e a lamotrigina CI pelo risco de rash cutâneo à criança e síndrome de Steven Johnson. Remédios que podem ser usados na mania em crianças e adolescentes: carbamazepina e oxcarbazepina(>4anos); Em > 10 anos - risperidona, aripiprazol, quetiapina, olanzapina, asenapina, valproato; Lítio (>12 anos). Resposta > com Risperidona do que com lítio e valproato (na infância e adolescência). Remédios que podem ser usados p/ depressão bipolar na infância e adolescência: > 10 anos: lurasidona, associação de olanzapina e fluoxetina Alternativas (>10anos): quetiapina, positivos para lítio e lamotrigina. Etivar monoterapia com antidepressivos Difícil tratar depressão bipolar em <10anos Tratamento: Observações a) O tratamento do episódio maníaco deve ser feito preferencialmente com a combinação de um estabilizador de humor com um antipsicótico. No entanto, o tratamento em monoterapia tanto com um antipsicótico quanto com um estabilizador pode ser considerado em casos de contraindicações que dificultem essa combinação. b) O tratamento do episódio depressivo deve ser feito preferencialmente em monoterapia. A associação de fluoxetina com olanzapina, carbonato de lítio ou ácido valproico é preconizada apenas nos casos de refratariedade, contraindicação ou intolerância a lítio, quetiapina e lamotrigina. 1. Avaliar a função tireoidiana a cada episódio depois de 6/6 meses. 2. Buscar remissão completa dos sintomas de humor e cognitivos. 3. Tempo de tratamento da fase aguda: 8 a 24 semanas. 4. Interromper os antidepressivos durante as fases de mania/hipomania/episódio misto. 5. Evitar o uso de antidepressivos como primeira escolha. 6. Interromper o uso de antidepressivos na remissão completa da depressão. 7. Evitar antidepressivos(bupropriona): na ciclagem rápida, nas duas semanas após episódio de mania, em monoterapia, sem estabilizadores. 8. Ensinar a família sobre os sinais de uma possível virada. 9. Não funciona: lamotrigina (previne mania, mas sem ajuda na fase aguda). 10. BZD (AJUDA, pode funcionar como sintomático/tranquiliza, mas não trata a mania, não usar como monoterapia), 11. Anticonvulsivante: topiramato, gabapentina, não funciona. 2) Estudar o risco de suicídio no paciente com transtorno bipolar. Qual procedimento deve seguir? Cerca de 30% dos pacientes apresentam tentativas de suicídio ao longo da vida. A presença de desesperança e a gravidade dos sintomas depressivos estão entre os principais fatores preditores de tentativa de suicídio. Destaca-se que a mortalidade por suicídio no transtorno bipolar é nove vezes maior que na população geral. As evidências também apontam que pacientes com transtorno bipolar II têm risco mais alto tanto de tentar quanto de completar o suicídio do que os que apresentam transtorno bipolar I e transtorno depressivo maior. A expectativa de vida de pacientes bipolares é menor em comparação à da população geral, em parte, em decorrência dos elevados índices de suicídio e da elevada frequência de comorbidades clínicas. Aparentemente, a comorbidade no transtorno bipolar é mais regra que exceção. Entre as comorbidades clínicas mais comuns, destacam -se as doenças endócrino- metabólicas, como obesidade e diabetes melito, e as doenças cardiovasculares. Entre 50 e 70% dos pacientes apresentam também algum tipo de comorbidade psiquiátrica, salientando-se os transtornos de ansiedade e dependência e / ou abuso de substância. Principais características clínicas associadas à tentativa de suicídio em paciente com TAB: 1. Impulsividade 2. Predomínio de episódios depressivos 3. Idade de início precoce 4. História prévia de tentativa de suicídio 5. História familiar 6. Ideação suicida no passado 7. Maior número de hospitalizações psiquiátricas 8. Presença de agressividade 9. Abusos físico e sexual 10. Comorbidade com transtornos de personalidade borderline, narcisista e antissocial 11. Presença de desesperança Importância do tratamento na prevenção No que diz respeito ao tratamento, é importante destacar que o lítio se estabeleceu como uma estratégia farmacológica valiosa para a prevenção do suicídio no TAB. Além disso, alguns estudos sugerem que não há diferença nas taxas de TSs em pacientes tratados com lítio, em comparação com aqueles que usaram ácido valproico ou carbamazepina. Esses resultados suportam a teoria de que os anticonvulsivantes oferecem benefícios semelhantes de proteção contra TS quando comparados ao lítio. Considerando que o lítio e possivelmente outros estabilizadores de humor tenham o potencial de fornecer neuroproteção contra a perda neuronal, atrasos no início do tratamento com essas medicações podem resultar em progressão da doença ou deterioração clínica. O papel dos estabilizadores de humor como agentes neuroprotetores tem sido demonstrado e esse acúmulo de evidências reforça a ideia da neuroproteção como um importante alvo terapêutico na intervenção precoce, com o objetivo de interferir positivamente no curso da doença e, consequentemente, na redução do risco de suicídio. 3) Compreender as personalidades boderline e antissocial. BORDERLINE Encontram-se no limiar entre neurose e psicose e têm por característica afeto (expressão de uma emoção), humor (estado emocional do indivíduo), comportamento, relações objetais e autoimagem extraordinariamente instáveis. Acredita-se que o transtorno da personalidade borderline esteja presente em 1 a 2% da população e seja duas vezes mais comum em mulheres do que em homens. Pacientes com transtorno de personalidade borderline não toleram estar sozinhos; fazem esforços frenéticos para evitar o abandono e geram crises, como tentativas suicidas, de tal forma que levam os outros a resgatá-los e cuidar deles. Pacientes com transtorno de personalidade borderline também podem mudar abrupta e radicalmente sua autoimagem, mostrada pela mudança súbita dos seus objetivos, valores, opiniões, carreiras ou amigos. Eles podem ser carentes em um minuto e se sentirem justificadamente com raiva sobre serem maltratadosem seguida. Embora geralmente se vejam como maus, eles às vezes sentem que absolutamente não existem—p. ex., quando não têm alguém que se preocupe com eles. Eles muitas vezes se sentem vazios por dentro. Impulsividade que leva à automutilação é comum. Esses pacientes podem apostar em jogos de azar, praticar sexo inseguro, ter compulsão alimentar, dirigir de forma imprudente, abusar de droga ou gastar demais. Comportamentos suicidas , gestos e ameaças e automutilação (p. ex., se cortar, queimar) são muito comuns. Embora muitos desses atos autodestrutivos não visem acabar com a vida, o risco de suicídio nesses pacientes é 40 vezes maior do que na população em geral; cerca de 8 a 10% desses pacientes cometem suicídio. Esses atos autodestrutivos são geralmente desencadeados pela rejeição por possível abandono ou decepção com um cuidador ou amante. Os pacientes podem se automutilar para compensar por serem maus ou para reafirmar sua capacidade de sentir durante uma episódio dissociativo. Etiologia Estresses durante a primeira infância podem contribuir para o desenvolvimento do transtorno de personalidade borderline. História infantil de abuso físico e sexual, negligência, separação dos cuidadores e/ou perda de um pai é comum entre pacientes com transtorno de personalidade borderline. Parentes de primeiro grau de pacientes com transtorno de personalidade borderline são 5 vezes mais propensos a ter a doença do que a população em geral. Critérios Diagnósticos 301.83 (F60.3) Um padrão difuso de instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem e dos afetos e de impulsividade acentuada que surge no início da vida adulta e está presente em https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/comportamento-suicida-e-autoles%C3%A3o/comportamento-suicida https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/comportamento-suicida-e-autoles%C3%A3o/comportamento-suicida https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/comportamento-suicida-e-autoles%C3%A3o/autoles%C3%A3o-n%C3%A3o-suicida-alns https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/transtornos-dissociativos/vis%C3%A3o-geral-dos-transtornos-dissociativos https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/transtornos-dissociativos/vis%C3%A3o-geral-dos-transtornos-dissociativos vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes: 1. Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginado. (Nota: Não incluir comportamento suicida ou de automutilação coberto pelo Critério 5.) 2. Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização. 3. Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou da percepção de si mesmo. 4. Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas (p. ex., gastos, sexo, abuso de substância, direção irresponsável, compulsão alimentar). (Nota: Não incluir comportamento suicida ou de automutilação coberto pelo Critério 5.) 5. Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante. 6. Instabilidade afetiva devida a uma acentuada reatividade de humor (p.ex., disforia episódica, irritabilidade ou ansiedade intensa com duração geralmente de poucas horas e apenas raramente de mais de alguns dias). 7. Sentimentos crônicos de vazio. 8. Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la (p. ex., mostras frequentes de irritação, raiva constante, brigas físicas recorrentes). 9. Ideação paranoide transitória associada a estresse ou sintomas dissociativos intensos. Tratamento Psicoterapia Fármacos Estabilizadores de humor como a lamotrigina: para depressão, ansiedade, labilidade de humor e impulsividade Antipsicóticos atípicos (de 2ª geração) : para ansiedade, raiva e sintomas cognitivos, incluindo distorções cognitivas transitórias relacionadas a estresse (p. ex., pensamentos paranoicos, pensamento maniqueísta, desorganização cognitiva grave). ANTISSOCIAL Pessoas com transtorno de personalidade antissocial cometem atos ilegais, fraudulentos, exploradores e imprudentes para ganho pessoal ou prazer e sem remorsos; eles podem fazer o seguinte: Justificar ou racionalizar seu comportamento (p. ex., achar que perdedores merecem perder, tomar cuidado com o número um). Culpar a vítima por ser tola ou impotente. Ser indiferente aos efeitos exploradores e prejudiciais de suas ações sobre os outros. Prevalência de 0,2 a 3%; a prevalência mais elevada é encontrada entre as amostras mais graves de homens com transtorno por uso de álcool ( acima de 70%) e na população carcerária, na qual pode chegar a 75%. É muito mais comum em homens do que em mulheres. O início do transtorno ocorre antes dos 15 anos de idade. O padrão de comportamento antissocial continua até a vida adulta. Indivíduos com transtorno da personalidade antissocial não têm êxito em ajustar-se às normas sociais referentes a comportamento legal, mas pode se tornar menos evidente ou apresentar remissão conforme o indivíduo envelhece, em particular por volta da quarta década de vida. Etiologia Tanto fatores genéticos como ambientais (p. ex., abuso durante a infância) contribuem para o desenvolvimento do transtorno de personalidade antissocial. Um mecanismo possível é agressividade impulsiva, relacionada com o funcionamento anormal do transportador de serotonina. Desprezo pela dor dos outros durante a primeira infância foi associada ao comportamento antissocial durante a adolescência tardia. O transtorno de personalidade antissocial é mais comum em parentes de 1º grau de pacientes com o transtorno do que na população em geral. Sinais e sintomas Pacientes com transtorno de personalidade antissocial podem expressar seu descaso pelos outros e pela lei destruindo propriedade, assediando outros ou roubando. Eles podem enganar, explorar, fraudar ou manipular as pessoas para conseguir o que querem (p. ex., dinheiro, poder, sexo). Eles podem usar um pseudônimo. Esses pacientes são impulsivos, não planejam com antecedência e não consideram as consequências para a segurança deles mesmos ou dos outros. Como resultado, eles podem de repente trocar de emprego, casa ou relacionamento. Eles podem dirigir em alta velocidade e embriagados, às vezes levando a acidentes. Eles podem consumir quantidades excessivas de álcool ou usar drogas ilícitas que podem ter efeitos nocivos. Pacientes com transtorno de personalidade antissocial são social e financeiramente irresponsáveis. Eles podem trocar de emprego sem um plano para conseguir outro. Eles podem não procurar emprego quando as oportunidades estão disponíveis. Eles podem não pagar suas contas, empréstimos, ou pensão alimentícia. https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/pediatria/crian%C3%A7a-maltratada/vis%C3%A3o-geral-da-crian%C3%A7a-maltratada Esses pacientes são muitas vezes facilmente irritados e fisicamente agressivos; eles podem começar lutas ou abusar do cônjuge ou parceiro. Nas relações sexuais, eles podem ser irresponsáveis e explorar seu parceiro e não conseguirem permanecer monogâmicos. Não há remorso pelas ações. Pacientes com transtorno de personalidade antissocial podem explicar suas ações culpando aqueles que eles prejudicam (p. ex., eles mereciam) ou a forma como a vida é (p. ex., injusta). Eles estão determinados a não serem intimidados e fazem o que eles acham que é melhor para si mesmos a qualquer custo. Esses pacientes não têm empatia pelos outros e podem ser desdenhosos ou indiferente aos sentimentos, direitos e sofrimento dos outros. Pacientes com transtorno de personalidade antissocial tendem a ter uma opinião elevada de si mesmos e podem ser muito teimosos, autoconfiantes ou arrogantes. Elespodem ser charmosos, volúveis e verbalmente superficiais em seus esforços para conseguirem o que querem. Critérios Diagnósticos 301.7 (F60.2) A. Um padrão difuso de desconsideração e violação dos direitos das outras pessoas que ocorre desde os 15 anos de idade, conforme indicado por três (ou mais) dos seguintes: 1. Fracasso em ajustar-se às normas sociais relativas a comportamentos legais, conforme indicado pela repetição de atos que constituem motivos de detenção. 2. Tendência à falsidade, conforme indicado por mentiras repetidas, uso de nomes falsos ou de trapaça para ganho ou prazer pessoal. 3. Impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro. 4. Irritabilidade e agressividade, conforme indicado por repetidas lutas corporais ou agressões físicas. 5. Descaso pela segurança de si ou de outros. 6. Irresponsabilidade reiterada, conforme indicado por falha repetida em manter uma conduta consistente no trabalho ou honrar obrigações financeiras. 7. Ausência de remorso, conforme indicado pela indiferença ou racionalização em relação a ter ferido, maltratado ou roubado outras pessoas. B. O indivíduo tem no mínimo 18 anos de idade. C. Há evidências de transtorno da conduta com surgimento anterior aos 15 anos de idade. D. A ocorrência de comportamento antissocial não se dá exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou transtorno bipolar.
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