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Lazer e Recreação na História

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RECREAÇÃO
UNIDADE I
O LAZER E A RECREAÇÃO NA HISTÓRIA
Um dos mais importantes estudiosos do lazer contemporâneo, ao se interessar em definir o lazer, nos faz entender que este se insere nas ocupações de livre escolha e que se desvinculam das obrigações profissionais, sociais e familiares. O indivíduo no seu tempo de lazer pode se ocupar por livre vontade para repousar, divertir-se, recrear-se ou entreter-se (DUMAZEDIER, 2001).
A palavra lazer faz parte do nosso vocabulário, mas adquire significados, muitas vezes, distorcidos. Ouvimos muitas frases como: “eu pratico meu lazer estudando”; ou então: “agora é hora do meu lazer, não estou trabalhando”; ou: “não tenho tempo para meu lazer”; ou ainda: “eu trabalho nas minhas horas de lazer”. Mas o que significa lazer?
Lazer ou loisir (em francês) significa tempo, espaço de que se pode dispor livremente. Vindo do inglês (leisure), quer dizer liberdade dos deveres, responsabilidade ou atitudes que consomem tempo. Na nossa língua portuguesa, o lazer é descanso, folga, senso de prazer, ou seja, tempo de que se pode dispor livremente.
Podemos verificar que existe algo em comum em todos os significados e conceitos apresentados sobre o lazer: a liberdade. Essa liberdade está na possibilidade de escolhermos as atividades que vamos fazer para “passar o tempo” e nos entretermos, nos divertirmos ou simplesmente descansarmos. Para exercer essa liberdade, precisamos estar livres de qualquer atividade relacionada ao dever ou à obrigação. Então, lazer é diferente de trabalho, inclusive dos trabalhos domésticos e horas extras, é diferente de cumprimento de atividades cívicas ou sociais e de estudo. Lazer é tempo livre.
Antes da industrialização, no meio rural, o trabalho era longo e cansativo, mas ainda assim respeitavam-se os ritmos naturais do ser humano de acordo com os ciclos e eventos da natureza, como o dia e a noite, as condições do clima e as estações do ano. As famílias permaneciam unidas também no trabalho, pois moravam próximo ao local de trabalho e muitas trabalhavam juntas. Ao longo do dia, o descanso acontecia por motivos naturais relacionados ao
O LAZER E A RECREAÇÃO NA HISTÓRIA
cansaço, à mudança de tempo ou outro fator da natureza que impedia prosseguir o trabalho. Além disso, era costume o descanso aos domingos e em feriados religiosos. Nas entressafras, quando não era tempo de plantação ou de colheita, acontecia o descanso imposto pela falta de ter em que trabalhar. Então, na era rural, as práticas de lazer aconteciam de forma natural e o descanso e a contemplação eram a forma mais comum de lazer.
Quanto à recreação, podemos dizer que elas apareciam ao longo do dia, nas músicas assobiadas pelos trabalhadores, nas rodas de conversa, nas brincadeiras das crianças, nas festas tradicionais para comemorar a colheita ou em festejos religiosos. Essas manifestações do trabalho e da recreação aparecem nas danças tradicionais, por exemplo, em que “os gestos do trabalho na terra, na madeira, com companheiros, são incorporados e estilizados, demonstrando a ligação afetiva e lúdica” entre o trabalhador e seu trabalho.
O LAZER E A RECREAÇÃO NA HISTÓRIA
Nos centros urbanos, onde a indústria proliferou, o trabalho também mudou. A jornada de trabalho passou a ser longa, assim como na era rural, porém o trabalhador da indústria estava distante da natureza, da família, do “seu tempo” e do “seu espaço”, num ambiente artificial, hostil e bem diferente do hábitat natural e da vida da roça. O trabalho, geralmente na linha de montagem, exigia esforço físico contínuo e repetitivo, além de atenção constante. Uma mera distração poderia prejudicar todo o trabalho dos outros e comprometer a produtividade. O sono também ficou comprometido com as longas jornadas de trabalho e a possibilidade do uso da energia elétrica nos períodos noturnos. Trabalhava-se 5.000 horas por ano, o que significava jornada diária de 16 horas, de segunda a domingo, quase todos os dias do ano.
 O quadro desumano em que os trabalhadores se encontravam fez com que eles passassem a lutar pela redução da jornada de trabalho. Em 1901, no Brasil, foi deflagrada a primeira greve. Nela, os trabalhadores da Cia. Industrial de São Paulo reivindicavam
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várias coisas, dentre as quais, a regulamentação da jornada de 11 horas. Em 1903, no Rio de Janeiro, os operários da indústria têxtil conseguiram a jornada diária de nove horas e meia.
Institucionaliza-se o lazer. É reconhecida a valorização do direito ao lazer, ao tempo livre como um tempo de livre escolha, que deve ser respeitado desde que não prejudique o indivíduo e nem a sociedade. É importante que o lazer deixe um saldo positivo para cada um e para todos.
A organização da jornada diária deve se pautar nas necessidades de sono e de lazer, divididas em: oito horas de sono, oito horas de trabalho e oito horas de lazer.
Na realidade, a maioria da população trabalhadora não consegue cumprir essa divisão, sacrificando em primeiro lugar o tempo de lazer. O tempo imposto invade o tempo de lazer, principalmente nos centros urbanos. Lazer é o “tempo livre” de obrigações profissionais, afazeres domésticos, obrigações religiosas e necessidades fisiológicas. O “tempo imposto” é aquele gasto com
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tarefas não planejadas, mas necessárias para atender ao estilo de vida de cada um, como: filas de banco, transporte etc. 
Depois de muita luta, foi criada a Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), no governo de Getúlio Vargas, que trouxe mudanças, como: a institucionalização do salário mínimo, a regulamentação das férias e da aposentadoria e a legalização da jornada de oito horas. Mesmo com a CLT, as indústrias continuavam a explorar os trabalhadores, vinculando a jornada diária a uma produtividade mínima. Em 1917 foi criado o projeto de lei que instituía o final de semana de descanso e a jornada diária de oito horas. Assim, estava efetivado o lazer na vida dos trabalhadores.
Surgiram muitas perguntas referentes ao que os trabalhadores iriam fazer nas horas de descanso; a dúvida de se haveria aumento do alcoolismo; o questionamento sobre a moral e os bons costumes e se as empresas e o país suportariam tantas reduções.
O LAZER E A RECREAÇÃO NA HISTÓRIA
A implementação do lazer na vida das pessoas devido às mudanças no trabalho fez com que elas, aos poucos, passassem a enxergá-lo como algo necessário ao bem estar e à qualidade de vida pessoal e social. Segundo Dumazedier, o lazer tem três funções, conhecidas como os três “Ds”:
Diversão: Toda a atividade que diverte e entretém o indivíduo de forma ativa ou passiva, por exemplo, assistir a uma partida de futebol ou jogar uma partida de tênis. 
Descanso: Toda a atividade que promova o relaxamento, a recuperação física e mental, por exemplo, ouvir música, meditar, contemplar uma paisagem ou conversar com amigos.
Desenvolvimento: Toda a atividade que desenvolva os talentos e amplie o acervo cultural do indivíduo, por exemplo, aprender a tocar violão, visitar um museu ou ir ao cinema.
As funções do lazer têm relação direta com a saúde e a qualidade de vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde, saúde é “um
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estado de completo bem estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”.
Associada ao lazer está a recreação, cuja palavra vem do verbo latino recreare, que significa recrear, renovar, reproduzir, recuperar, ou criar novamente.
A recreação está inserida dentre as atividades do lazer. Essas atividades têm objetivos específicos de acordo com as necessidades e os interesses do grupo para o qual elas estão sendo direcionadas.
Os objetivos da recreação são:
•integrar a pessoa no meio social;
• desenvolver o conhecimento mútuo e a participação do grupo;
• desenvolver ocupação para o tempo ocioso; 
• descobrir habilidades lúdicas;
• promover a busca da convivência com amigos da mesma faixa etária.
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A Carta Internacional de Educação para o Lazer
Todos têm direito à educação e à saúde. Então todos têm o direito ao lazer e à recreação. Não se trata aqui de inclusão, de projetos sociais mirabolantes e movidos por interesses políticos, mas do cumprimento de leis e estatutos que garantem ao cidadão o direito de viver bem. É sobre isso que trata a Carta Internacional de Educação para o Lazer, documento elaborado pelo Word Leisure and Recreacion Associacion.
A World Leisure and Recreation Association (WLRA) é uma organização não governamental de âmbito mundial que há mais de 40 anos se dedica à pesquisa e à promoção do lazer como um instrumento para o bem estar coletivo e individual. Realiza congressos mundiais, conferências e produz mídias impressas e eletrônicas. Oferece uma série de programas na área e colabora com a ONU, Unesco e Unicef. Situa-se em Okanagan Falls, no Canadá.
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Promoção da recreação na comunidade
A Carta Internacional de Educação para o Lazer atenta sobre a necessidade da promoção de atividades recreativas na sociedade. Do micro ao macro, essas atividades proporcionam benefícios à saúde e à qualidade de vida no contexto individual e coletivo. Para que isso aconteça, as atividades devem ser significativas àqueles que a praticam e devem sempre proporcionar o bem estar.
As relações sociais são mediadas por esses três elementos:
• valores; • normas; • símbolos.
Os valores estão impressos na conduta moral particular, no modo de lidar com sentimentos, pensamentos e ações pessoais e interpessoais. Eles estão relacionados com o comportamento individual.
As normas envolvem as regras de conduta necessárias para viver e conviver em sociedade.
Os símbolos são formas de representação de um grupo social que
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nos permite identificá-lo e diferenciá-lo de outros grupos.
O conhecimento acerca da sociedade é fundamental para a implementação das políticas públicas de lazer e para a escolha das atividades recreativas que dela farão parte. Assim, alguns aspectos devem estar presentes na implantação de políticas públicas para o lazer:
• o conhecimento do modo de vida daquela sociedade;
• sua história, sua origem, as transformações pelas quais passou, o modo de vida das pessoas;
• a geografia da região;
• as condições de saneamento e saúde.
Por fim, é preciso atender o micro e o macro, ambos entrelaçados na trama social, e saber a que é preciso dar prioridade. A seguir são apresentados os desafios atuais que justificam propostas de trabalho que atendam a todos:
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• A urgente recuperação do meio ambiente, lembrando que o meio ambiente começa no meio da gente, implicando na busca de um desenvolvimento sustentável.
• A redistribuição dos bens comuns da humanidade (água, terra, alimento, moradia, informação, conhecimento etc.).
• O resgate de valores humanos (bondade, amizade, honestidade, confiança, autonomia, compaixão, alegria, convivência, amor etc.).
• A aproximação dos diferentes (norte-sul, oriente-ocidente, pobres-ricos, homens-mulheres, primitivo-civilizado, ciência-espiritualidade etc.).
• A dignificação do trabalho, mais apoiado na vocação e menos na ocupação.
• O desfrutar do tempo livre e a vida em comum-unidade.
• E o despertar da consciência planetária, apoiada no sentido de corresponsabilidade e coevolução com todas as formas de vida 
Esses desafios devem ser analisados sempre antes de se propor
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uma política pública para o lazer. Todas as propostas devem visar à totalidade, e não apenas atingir parte desse todo. Não tem como pensarmos em implantar atividades recreativas e de lazer se não conseguimos ter esta visão mais ampla da sociedade.
Precisamos ter uma meta e um ponto de partida. Num grupo social, devemos refletir: o que, naquele momento, é mais necessário? A quem vamos direcionar o projeto inicialmente?
De um modo geral, nos países desenvolvidos ou em desenvolvimento, a recreação é promovida por diversos agentes, conforme veremos a seguir.
Poder público
Por meio de entidades governamentais nas instâncias federal, estadual e municipal.
A essas entidades cabe, prioritariamente, a promoção da recreação nas comunidades. A política e a filosofia recreacionais devem partir do governo, traçando um plano racional de maior profundidade, 
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abrangendo não só a criação de oportunidades recreacionais, mas também a formação de uma consciência recreacional através da educação, integrando os valores da recreação na cultura popular.
Voluntários
De iniciativa particular, constituída por pessoas da comunidade, que se associam para esse fim, para colaborar com a recreação da sua comunidade.
Entidades fechadas
Constituídas por clubes sociais que promovem a recreação para os seus associados.
Empresas comerciais e industriais
Promovem a recreação para seus funcionários.
Recreação comercializada 
São empresas que se estruturam, juridicamente, para comercializar exclusivamente atividades recreativas.
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Família e escola
Essas duas instituições são preponderantes na promoção da recreação e ambas se completam.
Os pais são os primeiros orientadores dos filhos, no contexto recreacional. As técnicas e regras de um jogo dão aos pais um firme relacionamento com os filhos e enriquece a vida familiar.
A escola, por sua vez, continua e completa a educação e instrução iniciadas na família, se preocupando em manter o mesmo entusiasmo e prazer e promovendo atividades recreativas que vão colaborar para a educação da criança, do adolescente e do jovem.
A implantação da política pública para o lazer implica na utilização de recursos disponíveis como espaço e materiais, os chamados equipamentos de lazer.
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Espaços e equipamentos de lazer e recreação
Na política pública do lazer, os espaços e equipamentos são componentes dinâmicos. Esses equipamentos podem ser específicos (locais preparados exclusivamente para a prática do lazer) ou não específicos (locais não destinados à pratica do lazer, mas que podem ser usados para este fim). São exemplos de equipamentos específicos as praças, os parques, as academias ao ar livre, as quadras de esportes, os clubes, os teatros, os cinemas, dentre outros; dentre os equipamentos não específicos está a escola (ótimo equipamento, pois possui quadra, pátios, salas, biblioteca, dentre outros espaços adequados ao lazer).
Da nossa parte, somos partidários da opinião de que a bela cidade constitui o equipamento mais apropriado para que o lazer possa se desenvolver. É aí, onde se localizam os grandes contingentes da população, que a produção cultural pode ser devidamente estimulada e veiculada, atingindo um público significativo (MARCELINO, 2006, p. 57).
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Os equipamentos de recreação e lazer classificam-se segundo:
• características físicas de construção: aspectos estéticos e dimensões proporcionais aos locais geográficos;
• aceitação daqueles que os utilizam, inspirando confiança.
Para que realmente todos possam usufruir das atividades de lazer, deve existir o interesse por parte do governo em favorecer essas práticas.
Mesmo quando há esforço dos órgãos públicos para implementação dos equipamentos de lazer, nem todos são atingidos, pois a população da “cidade bela” cresce e os espaços para o lazer diminuem. Aindahá o problema no investimento financeiro que em grandes centros está direcionado a outros setores, como educação, saúde e transporte.
O lazer é então deixado de lado. Enquanto isso, a cidade cresce, mais e mais, e o lazer vai perdendo espaço e tempo em relação às necessidades de trabalho, de ocupação dos espaços para a construção de moradias e em relação ao interesse da população
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pelo que é imediato e descartável. Isso acontece tanto na micro quanto na macro sociedade, da família à escola, da escola ao bairro, até atingir toda a “bela cidade”. Esses fatores estimulam a “máquina do lazer”, ou seja, o lazer transformado em negócio rentável para empreendedores, o que é aceito pela maior parte da população que passou a pagar para exercer seu direito ao lazer.
As políticas públicas são ações que guardam intrínseca conexão com o universo cultural e simbólico, ou melhor, com o sistema de significados que é próprio de uma realidade social.
Existe “a necessidade de integração, numa política de lazer, de equipamentos privados e públicos, de um lado, e, de outro, de equipamentos específicos e não específicos”. Essa ideia de integração entre o público e o privado, equipamentos específicos e não específicos e a união de esforços no macro para tentar amenizar os problemas dos espaços para o lazer proporciona resultados favoráveis à população.
Nesse contexto, temos o exemplo da nossa universidade, a UNIP, 
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que promove várias ações relacionadas às necessidades das comunidades, incluindo o lazer e a recreação, por meio das chamadas ações comunitárias, programadas em parcerias com outras instituições e que acontecem em datas predeterminadas. Fazem parte desse evento as atividades recreativas, de prevenção e de promoção da saúde.
Também está alinhado aos equipamentos de lazer e recreação na comunidade, o projeto Escola Comunidade. Nessa proposta, os alunos criam projetos de ação que levam a comunidade a utilizar os equipamentos de lazer, de forma consciente.
A missão do educador é sensibilizar os sujeitos para que aprendam a enxergar, por meio de um processo consciente, os lugares, espaços e equipamentos em busca de lazer.
Para nós da área de Educação Física, o mais importante a ser considerado com relação aos equipamentos de lazer é a possibilidade de trabalharmos uma necessidade primordial do ser humano: a ludicidade.
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HOMO LUDENS
Atividades lúdicas e recreação
O ser humano tem recebido várias designações:
• Homo sapiens, na sua capacidade de raciocinar para aprender e conhecer o mundo.
• Homo faber, porque é capaz de fabricar objetos e utensílios.
• Homo ludens, porque é capaz de dedicar-se à atividade lúdica, ao jogo.
A denominação homo ludens revela a capacidade inata do homem de se dedicar à atividade lúdica, ao jogo. Portanto, as pessoas já possuem dentro de si a motivação para atividades recreativas, basta que nós, os agentes promotores das atividades lúdicas, em primeiro lugar, acreditemos nesse potencial humano.
Acreditar no jogo como uma forma de entretenimento prazeroso e sadio, que leva o indivíduo a agir com espontaneidade, sentindo prazer no que faz, além de proporcionar que cada indivíduo possa trocar experiências com outros por meio de jogos e brincadeiras.
O ato de jogar é tão antigo quanto o homem, pois este sempre manifestou uma tendência lúdica, um impulso para o jogo. Alguns autores afirmam que o jogo não se limita apenas à humanidade, seria anterior, inclusive, ao próprio homem, pois já era praticado pelos animais.
Podemos dizer que o brincar do animal é puro prazer, enquanto para o ser humano é também uma forma de conhecer, aprender e desenvolver-se. Quando a criança brinca, ela aprende, e esse aprendizado se torna útil na evolução do seu pensamento, tanto é que a criança, muitas vezes, cria novas versões do brincar, ampliando o seu repertório de brincadeiras e desenvolvendo sua criatividade.
Sendo parte integrante da vida em geral, o jogo tem uma função vital para o indivíduo, não só para distensão e descarga de energia, mas principalmente como forma de assimilação da realidade, além de ser culturalmente útil para a sociedade como expressão de ideais comunitários.
HOMO LUDENS
O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro da certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana (HUIZINGA, 2008, p. 33).
Nesse caso, entendemos que o jogo é uma opção de lazer e que dentro de suas funções, o jogo cumpre as funções de entretenimento, divertimento e desenvolvimento, já que podemos constatar na citação de diversos autores em suas teorias, como: “o jogo constitui uma preparação do jovem para as tarefas sérias que mais tarde a vida dele exigirá, segundo outra, trata-se de um exercício de autocontrole indispensável ao indivíduo”.
O jogo colabora para o bom aproveitamento do tempo livre em qualquer circunstância. Através do jogo, podemos chegar a diversos objetivos socioeducacionais.
O elo entre as atividades lúdicas são a liberdade de escolha e a satisfação pessoal. Assim, podemos aqui compreender que o conceito de recreação está intimamente relacionado com o lúdico e o jogo.
HOMO LUDENS
O mundo contemporâneo se apropriou de estruturas, impostas pelo progresso, que automatizam o ser humano. Muitas vezes, não sobra tempo de encontrarmos o espaço para o divertimento.
A recreação nada mais é do que a atividade lúdica na prática, seja ela com o objetivo de renovação das energias para o trabalho ou então na forma de tornar mais leve e divertida a habilidade a ser apreendida.
É tudo quanto diverte e entretém o ser humano e que envolve ativa participação. Emprego de energia que emana de impulso interno, mas também condicionado a estímulo externo [...] A atividade recreativa, força propulsora do desenvolvimento da personalidade, tem grande influência sobre a saúde física mental do ser humano [...] (GOUVÊA, 1963, p. 19).
Além da promoção da saúde, a disciplina de Educação Física também deve estar preocupada com a educação para o lazer, oferecendo oportunidades de práticas que ensinem o valor da atividade motora na promoção e melhoria da qualidade de vida. O homem é muito mais do que uma máquina e suas necessidades envolvem o conhecer, o descobrir, o aventurar-se e o desafiar-se.
HOMO LUDENS
Grande parte da população brasileira, quando faz uma opção por uma atividade corporal, não busca rendimento e nem profissionalismo, mas uma forma de se exercitar no tempo de lazer. Partindo dessa consideração, questões surgem como indagações para a Educação Física, área articuladora dos elementos jogo, esporte, dança e ginástica. Tais elementos trabalhados pela Educação Física vão receber o perfil de recreação, de atividade lúdica.
A diversidade de atividades lúdicas, recreativas, promovidas, como jogos, brincadeiras, oficinas, rodas cantadas, entre outras, oferecem a oportunidade de identificação de valores e conceitos que vão colaborar para a formação do cidadão. O lazer, de forma criativa e prazerosa, deixa um saldo positivo para o indivíduo e para a sociedade.
As atividades recreativas, segundo Fritzen, servem para:
• Integrar a pessoa no meio social.
• Desenvolver o conhecimento mútuo e a participação grupal.
HOMO LUDENS
• A busca da convivência com colegas da mesma idade.
• Desenvolver ocupação para o tempo ocioso.
• Adquirir hábitos de relações interpessoais.
• Desinibir e desbloquear.
• Desenvolver a comunicação verbal e não verbal.
• Descobrir habilidades lúdicas.
• Desenvolver adaptaçãoemocional.
• Descobrir sistemas de valores.
• Dar evasão ao excesso de energia e aumentar a capacidade mental.
O brincar
Podemos dizer que o brincar é um alimento para a criança, sem ele o seu desenvolvimento fica comprometido. O ato de brincar faz com que a criança se expresse de forma espontânea.
HOMO LUDENS
Ao observarmos uma criança brincando, podemos colher informações elementares a respeito da criança, como: de que forma ela se relaciona com os amigos; como são suas emoções, suas capacidades e habilidades motoras, seu estágio de desenvolvimento, seu nível de comunicação e sua formação moral quanto aos valores humanos.
A brincadeira acontece em determinados momentos da vida da criança. Podemos constatar que o tempo de brincar está ficando cada vez mais escasso. Na escola, a criança tem o tempo cronometrado pelo plano curricular, sobrando pouco tempo para o recreio, para as brincadeiras. No período fora da escola, atualmente, as crianças têm diversos compromissos e até contratempos que consomem seu tempo de brincar. Compromissos com cursos, consultas, lições de casa, entre outros, e contratempos relacionados ao seu contexto histórico-social, como aquelas crianças que moram em lugares distantes das suas escolas e enfrentam horas no trajeto de ida e volta para suas casas.
HOMO LUDENS
Além disso, nos dias atuais, as crianças têm um elenco de ofertas de jogos eletrônicos que também invadem o tempo da brincadeira compartilhada, provocando um isolamento, podendo prejudicar o desenvolvimento infantil, principalmente, nos domínios físico-motores e socioafetivos.
Observando tais tendências que levam a criança a dedicar menos tempo ao brincar, devemos lembrar que cabe ao adulto saber dosar o tempo das atividades infantis e estimular a criança nas atividades lúdicas espontâneas e compartilhadas. Sendo que a atividade lúdica espontânea é o brincar por pura diversão, distração, sozinho ou com amigos (reais ou imaginários), com ou sem brinquedos e objetos. A criança precisa ter seu tempo de brincar como quiser e do que quiser. E as atividades lúdicas compartilhadas são aquelas com a participação de amigos, parceiros de brincadeira. Sempre de forma voluntária, prazerosa por motivação própria.
Além do tempo, devemos refletir sobre os espaços do brincar. Nos grandes centros urbanos, as crianças enfrentam muito mais
HOMO LUDENS
dificuldade em relação aos espaços do brincar, se as compararmos às crianças que moram nas periferias.
A criança urbana não pode brincar na rua por questões de segurança e saúde. Elas estariam expostas aos perigos de atropelamento, assaltantes, meliantes, poluição, dentre outros. São limitadas aos espaços reservados em casa, no pátio da escola, no clube e alguns espaços especializados, como parques temáticos dentro de shopping centers , brinquedotecas de bairro ou institucionais.
As crianças que têm a oportunidade de brincar nas ruas com segurança levam certa vantagem em relação aos aprendizados, já que os espaços são por elas transformados e/ou adaptados para a ação do brincar. Árvores são esconderijos ou piques, muros são delimitadores de território ou campo, as brincadeiras de perseguição incluem correr em diversos tipos de solo, de nível e desnível, pular, desviar etc. Observar o espaço e torná-lo cenário da brincadeira desenvolve a criatividade e a inteligência da criança.
HOMO LUDENS
No entanto, como o brincar é inato e a criança tem grande capacidade imaginativa, podemos transformar pequenos espaços em grandes territórios de brincar.
Os limites presentes no brincar, na brincadeira, no jogo, mostram seu movimento e temporalidade, já que se tem um início e chega-se a um fim. O espaço, ou seja, o local de jogo, deve ser respeitado pelos jogadores, pois sem ele não é possível sua realização.
O brincar é um meio ou um fim?
O brincar é um fim sempre que se brinca só por diversão, entretenimento, passatempo. Ou seja, não queremos mais nada além do divertimento, simplesmente estamos nos divertindo por livre e espontânea vontade, motivados pelo contexto do momento.
O brincar é um meio quando se torna um instrumento de aprendizado, quando ele está sendo usado como ferramenta que motiva o aprendizado. A criança aprende por meio da brincadeira, ou seja, se quisermos ensinar algo para uma criança, podemos
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fazê-lo em forma de jogos, canções, rimas, brincadeiras, que despertarão o interesse da criança ao mesmo tempo em que ela estará aprendendo novos conceitos, valores ou gestos que serão importantes para seu desenvolvimento global ou específico.
 As crianças na terceira infância, na faixa etária entre 7 e 12 anos, já gostam de jogar o popular jogo da queimada.
Se as crianças escolhem o jogo para preencher o seu tempo livre na escola ou fora dela, esse seria um exemplo do brincar com um fim.
Porém, a queimada também pode ser usada como um meio para o professor de Educação Física começar a desenvolver os gestos para o aprendizado da modalidade handebol.
Os jogos de tabuleiro são muito usados como uma forma de motivação ao aprendizado, trabalhando os conteúdos curriculares. Nesse caso, o brincar de jogar Banco Imobiliário, por exemplo, é um meio de aprender questões de matemática financeira. Porém, quando o jogo de tabuleiro é usado como forma de diversão ou
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passatempo, é o brincar como um fim.
A brincadeira deve fazer parte do universo da criança, do jovem e do adulto também, pois a forma lúdica pode ser um meio de se alcançar objetivos e, portanto, pode ser usada desde que seja compatível com os objetivos a serem alcançados.
Anteriormente discutimos: porque brincar? Quando? Onde? Para quê?
Agora surgem outras questões: o brincar precisa de um parceiro? Brincar com quem? De quê?
Sim, o brincar sugere um parceiro, mas este não precisa ser sempre alguém, pois podemos brincar com o próprio corpo, com sons, objetos, com o imaginário.
Na fase da segunda infância, entre 2 e 6 anos, as crianças tendem ao egocentrismo que é natural para a fase, e por isso brincam mais sozinhas, fantasiam mais, criam amigos imaginários e se utilizam do animismo, que é a habilidade de atribuir características humanas a elementos da natureza ou objetos – por exemplo, a
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criança diz: “A árvore disse que está com sede, vou dar água para ela”. E então começa a brincar de dialogar com a árvore.
A presença de outra pessoa na brincadeira traz muitos benefícios, pois a criança se comunica verbalmente ou através de gestos, dialogando e trocando experiências.
É nas interações estabelecidas com outras pessoas que o jogo acontece e assume características únicas. Durante essas trocas, a criança tem a oportunidade de assumir diversos papéis, experimentar, se colocar no lugar do outro, realizar ações mais ou menos prazerosas e expressar-se (FRIEDMAN, 1998, p. 17).
O imaginário infantil supera as dificuldades e transforma qualquer coisa em brinquedo. Um pedaço de madeira pode ser uma espada, uma caixa de fósforos transforma-se em um carrinho, uma embalagem pode transformar-se em boneco.
Apesar de atualmente as crianças terem uma vasta indústria de brinquedos a sua disposição, não é a falta deles que impede a criança de brincar.
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Fantasia, vertigem, aventura e competição
Magill (1984) se refere à motivação como causa de um comportamento, e ainda define motivação como alguma força interior, impulso ou uma intenção que leva uma pessoa a fazer algo ou agir de certa forma.
Ao entendermos a denominação homo ludens, percebemos que a diversão está atrelada às atividades lúdicas, ao jogo. Caillois (1990) estudou o jogo e apontou quatro categorias do lúdico, ou seja, as quatro grandes motivações para a diversão: a fantasia, a vertigem, a aventura e a competição.
Muitas vezes, a mesma atividadepode atender a diferentes motivações. A classificação torna-se útil para podermos refletir sobre o significado do lúdico em nossas vidas.
MOTIVAÇÕES PARA
DIVERSÃO E INTERESSES CULTURAIS
Fantasia
A nossa imaginação é fruto do pensamento que permite sermos diferentes, sermos o outro, e de estarmos em qualquer lugar que a nossa mente puder nos levar, como um devaneio, um pensamento sem amarras.
O poder da imaginação se manifesta logo na segunda infância. As crianças com mais de dois anos são motivadas pela fantasia, pelo faz de conta. Estão sempre querendo imitar, fantasiar-se. Com isso, vão aprendendo mais sobre o mundo.
Porém, em todas as fases da vida, a fantasia pode ser uma motivação para a diversão. As pessoas motivadas pela fantasia estão sempre exercitando o pensamento imaginário, desenvolvendo sua criatividade imaginativa. A fantasia, portanto, é um ótimo meio de se trabalhar o desenvolvimento cognitivo em todas as idades.
MOTIVAÇÕES PARA
DIVERSÃO E INTERESSES CULTURAIS
Uma música pode nos levar ao mundo de fantasia e devaneio. Seja uma música instrumental ou cantada, pode representar sentimentos e emoções que transportam a mente das pessoas que a escutam.
A transformação do ambiente, os cenários elaborados ou adaptados também são muito importantes para o estímulo da fantasia. A caracterização em forma de vestimenta e maquiagem também é um artifício a mais para o fator motivação. Fica mais divertido quando se tem uma boa caracterização. As pessoas “vestem os personagens”.
A fantasia faz parte dos relacionamentos sociais quando buscamos a diversão. Ao nos sentirmos motivados a ir a uma festa, estaremos entrando no mundo da fantasia e nos alimentaremos dos pensamentos imaginários que vão compor o estado de espírito para a preparação do tão esperado momento de diversão. Pensamentos como: qual a melhor vestimenta? Quem eu encontrarei lá? O que faremos de bom?
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Os jogos são parte do mundo imaginário, o momento do jogo é um momento fantástico, lúdico. Cada jogador assume um personagem que cumpre seu papel durante o jogo. Não há necessidade de vestimentas, pois muitas vezes a função de cada um já é o suficiente para identificar os atacantes, os da defesa, o rebatedor, o receptor etc. Nos jogos tradicionais infantis, temos personagens, como: a mãe da rua, a cabra cega, a dona polenta, a polícia e o ladrão, o gato e o rato, e vários outros. Os jogos de tabuleiros sempre estão atrelados a um cenário, ou contexto histórico que estimula a fantasia, bem como suas peças que, muitas vezes, completam o faz de conta. Um exemplo são as peças do xadrez, que trazem um contexto histórico de uma época medieval: o rei, a rainha, os bispos, os cavalos e a torre.
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Vertigem
Esse é o tipo de motivação lúdica dos dias atuais. Aqui se exercita a capacidade de se deixar levar, de perder o controle, de correr riscos com segurança.
O avanço dos esportes radicais, os parques de diversões com seus brinquedos simuladores, os cinemas 3D e 4D, os videogames e todas as novas tecnologias estimulam a vertigem.
A criança já exercita essa capacidade desde pequena, quando sente prazer em girar até cair – e quando cai, “morre de rir”. Ou então, quando aprende a escorregar no escorregador do parque e sente prazer em fazê-lo de forma cada vez mais “radical”, deitado, de cabeça para baixo, de joelhos. É a busca pela emoção da vertigem. Balançar bem alto no balanço, girar no gira-gira, escalar o trepa-trepa. O “frio na barriga”, a descarga de adrenalina é a mesma do paraquedista, do surfista, do alpinista e de tantos outros esportistas radicais que têm a vertigem como talvez a maior
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motivação para sua diversão.
Nesse caso, a tensão faz parte da diversão, que é logo compensada pelo prazer da vertigem, de estar se deixando levar. Pelo ar, pelo vento, pela onda, pela correnteza, pelo deslize, pelo salto, pelo mergulho e por tantos outros meios de diversão.
Ao aprender o movimento da cambalhota, a criança experimenta a sensação de ver o ambiente girando. Essa experiência é quase sempre inesquecível e adorada pelas crianças, que a partir daí descobrem que outros movimentos corporais também proporcionam essa sensação de vertigem, como a estrela, a parada de mão, o rodante, o salto mortal e outros.
Cabe aqui reforçar o que já foi dito em relação a correr risco com segurança, pois sabemos que tais atividades recreativas devem ser feitas sob supervisão. No caso das crianças, elas precisam de um adulto sempre por perto para garantir um ambiente seguro. Porém, estar com um adulto não exclui a necessidade de utilização de
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equipamentos de segurança para a proteção da vida. Acreditamos que quanto mais segura a atividade, mais divertida será.
Os parques de diversão promovem várias atividades nesta classificação. A vertigem parece ser a principal atividade, pois a maioria das pessoas que frequentam buscam os brinquedos mais radicais como Montanha-russa, barco viking , xícara, tobogã, roda gigante, entre outros. Nesses casos, a supervisão é feita pelos responsáveis pelo equipamento de lazer e recreação.
Aventura
A aventura está relacionada à curiosidade, à descoberta, à revelação de um mistério e à novidade.
Viajar para um lugar desconhecido é a plena atividade de aventura. Novos lugares, novos costumes, novas paisagens, novos alimentos, novos transportes, novas pessoas, enfim, são tantas novidades que motivam e divertem. A capacidade de se adaptar às novas informações e situações deixa a atividade mais divertida.
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Resolver os desafios da aventura não é problema para aqueles que estão motivados às novas descobertas. Por mais preparados que estejam, o que torna a aventura mais motivante, muitas vezes, são os contratempos, pois é em busca do desconhecido que a motivação se faz para os aventureiros.
Crianças são muito motivadas pela aventura. O simples momento em que o pai diz “hoje eu tenho uma surpresa!”, o fato da curiosidade e da descoberta já provocam um imenso prazer. Muitas vezes, a criança entra na aventura tentando adivinhar qual é a surpresa, procurando achar algo escondido, tentando juntar fatos que podem ajudar a desvendar o mistério da surpresa.
Algumas atividades recreativas também provocam a motivação pela aventura, como a brincadeira da caça ao tesouro, na qual as pistas levam à descoberta do tesouro. Descobrir as pistas, resolver as charadas que estão nas pistas e encontrar o caminho do tesouro são atividades divertidas e aventureiras, e podem ser
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desenvolvidas em lugares abertos ou fechados.
Ao promover um novo jogo, o professor faz com que os alunos embarquem em uma nova aventura, um novo desafio. A partir do momento em que o jogo já é conhecido, a aventura diminui. Por esse motivo, o professor deve estar sempre procurando promover novos desafios para que os alunos se sintam motivados e se divirtam com nova aventura. É o poder lúdico da novidade.
Competição
“Para a criança, a motivação de participar de uma brincadeira só é menor do que a motivação de ser o primeiro a participar” (CAMARGO, 1998, p. 36). O autor mostra o quanto o ser humano pode estar motivado pela competição mesmo de forma indireta. A diversão leva o indivíduo à repetição, querer fazer de novo, para simplesmente tentar superar os seus próprios limites, ultrapassar suas marcas, melhorar seus resultados, ou seja, a competição não precisa ser um desafio com o outro, pode ser consigo mesmo.
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É o desejo humanode ir cada vez mais longe nas suas conquistas que faz do homem um ser competitivo. Saber usar essa capacidade lúdica de competir e se divertir é o que motiva e dá prazer até nas pequenas conquistas, como a primeira vez em que a criança consegue andar sozinha. Ao adquirir uma nova habilidade, nos sentimos vencedores e prontos para novos desafios, novas competições que vão além das conquistas já adquiridas. Sentimos que podemos mais e vamos tentar conquistar novas vitórias.
A competição com o outro também é um recurso motivador, e torna divertida e prazerosa a presença do adversário. “Situar-se em relação aos outros é uma oportunidade para estabelecer desafios para si próprio” (CAMARGO, 1998, p. 37).
Devemos retirar da nossa retórica a expressão “jogar contra” e substituir por “jogar com”. Quando jogamos de forma competitiva, não estamos contra ninguém, estamos buscando a vitória naquele momento de jogo, depois a vida continua e outros resultados virão
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com outras oportunidades de competição com outros adversários.
Esse ensinamento deve ser passado às crianças desde a terceira infância, que é a fase em que começam os desafios e as superações perante o outro. É importante aprender a ganhar e a perder respeitando o adversário, sem enxergar nele um inimigo.
É em clima de confraternização que os jogos se desenvolvem de forma lúdica, por isso, é importante cumprimentar o adversário no início e no fim da partida, respeitar aos árbitros e as suas decisões e dar a devida atenção e carinho as suas respectivas torcidas.
O clima competitivo envolve não só os jogadores, mas um grupo maior de pessoas que defendem um time. Por esse motivo, devemos tomar o devido cuidado quanto aos estímulos antes, durante e depois de cada situação competitiva. Não devemos criar um clima de guerra contra inimigos, e sim um clima de competição com adversários que têm os mesmos talentos para serem colocados à prova.
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Quando a mídia anuncia que um time vai “esmagar ou acabar com o outro”, está incentivando a violência, e não a ludicidade. Por mais que um time seja favorito à vitória, o jogo é uma atividade lúdica imprevisível, portanto a frase “vai esmagar o outro” só serve como provocação, pois ninguém é capaz de prever o resultado de um jogo.
Os professores de Educação Física terão a tarefa de ensinar aos seus alunos a terem autocontrole e disciplina para competir na perspectiva do fair play , ou seja, do jogo limpo, visando à competição como motivação para a diversão.
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Interesses físicos, manuais, artísticos, intelectuais, sociais e turísticos
Baseado no princípio do interesse cultural central de cada atividade recreativa, Joffre Dumazedier, o criador do que habitualmente se denomina a sociologia do lazer, as classifica em físicas, manuais, intelectuais, artísticas e sociais. Segundo Camargo (1998), a essa classificação, seria conveniente acrescentar mais uma área de interesse cultural no lazer, o turismo.
Para o desenvolvimento dos talentos, devemos ter oportunidades de conhecer coisas novas.
Físicas
São as atividades que colocam o corpo em movimento, como caminhadas, corridas, ginásticas, esportes, jogos, danças, entre outros. Geralmente são desenvolvidas em grandes espaços e ao ar livre.
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Há pessoas que estão sempre dispostas e motivadas a se exercitarem, que sentem prazer em gastar energias por meio do movimento corporal.
O homem foi feito para o movimento, não é à toa que temos articulações, músculos e tendões. Movimentos, como andar, correr, saltar, pular, saltar em um pé só, saltitar, galopar e deslizar, rolar, desviar escorregar, escalar, são considerados habilidades locomotoras fundamentais.
A escolha das atividades físicas como recreação pode estar também motivada pela coletividade. Muitas dessas atividades são feitas de forma coletiva, com caráter associativo, reunindo amigos ou promovendo novas amizades, fatos que podem até ser a principal motivação.
Porém, algumas pessoas estão interessadas nas atividades físicas recreativas, mas preferem estar sozinhas e concentradas na atividade, como é o caso de corredores, nadadores e saltadores, ou
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seja, modalidades ou atividades de natureza individual.
O interesse cultural pela atividade física de lazer deve ser incentivado desde cedo, quando a criança já se interessa naturalmente por explorar as habilidades locomotoras básicas ou fundamentais. O desejo de explorar e de conhecer pode ser realizado com o corpo inteiro, desde a primeira infância.
Como sabemos, o ambiente em que a criança vive interfere nas suas escolhas, portanto, devemos dar oportunidade para que as crianças vivenciem diversas atividades, aumentando assim suas possibilidades de escolha no futuro.
Os adeptos da atividade física de lazer costumam dizer que sentem a necessidade de se movimentar. Isso é verdade, pois quando nos exercitamos, liberamos “hormônios do prazer”, a endorfina. As pessoas sentem prazer em estar se movimentando, gastando energia, testando seus limites de resistência.
Em países desenvolvidos, há uma grande valorização das
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atividades físicas de lazer, por parte da população que já foi educada para a consciência corporal e também por parte do poder público quanto à oferta de equipamentos de lazer apropriados para diversas práticas de atividades físicas recreativas.
Manuais
Nesse interesse cultural estão incluídas as atividades manipulativas, aquelas em que podemos tocar e transformar com as mãos.
Algumas pessoas são motivadas a atividades, como: lavar o carro, cultivar plantas, consertar utensílios, cuidar de animais domésticos, fabricar ou transformar objetos e roupas, pintar móveis e utensílios, entre outros. Esses são alguns exemplos das atividades manuais recreativas. Para algumas pessoas, essas atividades não são tão prazerosas, então, nesse caso, não podemos considerá-las recreativas. A atividade é recreativa quando a pessoa sente prazer em realizá-la e o faz por vontade própria, porque realmente gosta.
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O interesse manual também vem acompanhado do desejo e satisfação pela transformação. As pessoas realizam a atividade com a expectativa do resultado: o carro limpinho, a planta se desenvolvendo, o ferro de passar roupa funcionando, a roupa que ficou nova etc.
Com base no desejo de transformação, as atividades manuais recreativas também podem promover uma reflexão sobre o consumismo. Atualmente, grande parte da população deixou de lado o interesse em saber como consertar as coisas, ou fabricar seus próprios objetos, pois ficou mais fácil comprar um item novo. Porém, ao tentar consertar ou transformar algo, estamos estimulando nossa curiosidade e a capacidade cognitiva, e isso não podemos comprar. Se não houvesse curiosos e mentes criativas, o que seria da ciência?
Oficinas de jogos e brinquedos são muito bem-vindas, pois além de estimularem a prática das atividades manuais, permitem às
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crianças usar seus jogos e brinquedos construídos.
O ato da criação e da transformação remete ao simbolismo, o imaginário está em ação. Transformar uma garrafa PET em um carrinho faz com que a criança já imagine o carro antes mesmo de estar pronto. No seu projeto de construção, ela já vê o carro funcionando, já sabe qual será a potência do motor, os botões que acionam os comandos do carro etc.
As pessoas voltadas para os interesses manuais estão sempre observando os objetos, principalmente os recicláveis, nas suas possibilidadesde transformação e não perdem a oportunidade de criar.
Atualmente, percebemos uma preocupação com a sustentabilidade e uma valorização às ações ligadas aos 3 Rs: reduzir, reutilizar e reciclar. Fatores associados a esses princípios devem ser considerados como ideais de preservação e não geração de resíduos, somando-se à adoção dos padrões de consumo
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sustentável, visando poupar os recursos naturais e conter o desperdício.
O incentivo da prática de atividades manuais recreativas trará muita satisfação e prazer, além de deixar um saldo positivo para a humanidade.
Artísticas
As atividades artísticas são aquelas em que a cultura erudita está presente. São alimentadas pela emoção e pelo encantamento, pelo sonho, pelo belo, pelo faz de conta, pela fantasia e pela aventura.
A essas atividades estão somados os valores culturais que estão na raiz dos povos, das comunidades, traduzidos pelas músicas, pelas artes cênicas, pelas artes plásticas, pela literatura, pelas festas, pelos enfeites, pelos trajes. São atividades que exercitam o imaginário, o faz de conta.
A festa seria a grande atividade artística, pois ao se prepararem, 
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todos os participantes entram em um universo lúdico desde quando se preparam com suas vestimentas, fantasias, maquiagens, até na decoração do ambiente, na escolha das músicas, na programação e em todos os detalhes que remetem às mais diversas emoções.
Quando uma pessoa escolhe uma atividade artística como recreação, ela está buscando emoção e fantasia.
Ao tocar piano, o músico está se entregando de corpo e alma à música. Desde a escolha da obra que executará até a última nota, ele vivencia um momento de prazer e satisfação com muita emoção.
Ao pintar uma tela, o artista plástico também precisa de ambiente e inspiração para transferir sua emoção ao quadro. Ao se preparar para uma festa, a mulher, ou o homem, cuida de todos os detalhes a fim de transmitir o belo, o bem estar e a alegria. E assim são as atividades artísticas, aquelas que exercitam o nosso poder de emocionar e ser emocionado.
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No calendário escolar, temos previstas várias datas comemorativas que podem ser exploradas pelos professores a fim de estimular os alunos a desenvolverem atividades artísticas, tais como festas juninas, festas de fim de ano, dia das mães, dos pais, aniversário da escola, dentre outras. Os alunos podem ser estimulados a produzir a festa usando a criatividade, o conhecimento e a imaginação.
O envolvimento dos alunos em tais atividades, além do benefício artístico, também traz a integração e a união de todos, tornando as atividades mais completas pelo seu valor associativo.
Intelectuais
São interesses voltados à ciência e à informação, assim como ao conhecimento e à aprendizagem.
A recreação intelectual parece, para alguns, um contrassenso, porém para muitas pessoas é divertido, prazeroso e motivante saber sobre coisas novas por meio de livros, filmes, computadores, 
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TVs, rádio ou qualquer outra fonte de informação. Estar atualizado, informado, é sempre um fator motivacional.
As pessoas com interesse intelectual preenchem seu tempo livre lendo um livro, assistindo a um filme, navegando na internet, vendo um programa de TV, em busca de novas informações, novos conhecimentos.
Como toda atividade recreativa, nesses momentos devem prevalecer a livre escolha e o prazer.
A leitura de um romance é uma forma de recreação intelectual que estimula o imaginário. O leitor se transporta mentalmente para lugares imaginários e vive a emoção de cada palavra escrita. Essa prática deve ser estimulada e incluída no repertório de atividades recreativas das crianças. Além de divertida, é também educativa e formativa.
Aproveitar a recreação intelectual para despertar a busca da informação e do conhecimento de forma lúdica seria propor
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atividades diferentes com o eixo intelectual, ou seja, desenvolver com os estudantes gincanas de conhecimentos gerais, rodas de contação de histórias, produção de livros, blogs ou sites , filmes ou programas de rádio e TV são algumas ideias para o desenvolvimento dos interesses intelectuais recreativos.
Sociais
Os interesses sociais ou associativos estão presentes em muitas atividades já citadas anteriormente.
Para tornar mais clara a classificação, nessa categoria estão incluídas as atividades cujo principal eixo é o contato com outras pessoas, principalmente aquelas em que há qualquer tipo de afinidade.
Podemos dizer que neste caso nem precisamos realizar uma atividade específica, o simples fato de estar entre amigos, parentes, colegas, já torna prazeroso o momento.
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A atividade recreativa que satisfaz, diverte e dá prazer é simplesmente estar em contato com outras pessoas.
A fase da adolescência é marcada pelos interesses sociais. O que mais importa é estar com os amigos, a atividade pode ser qualquer uma. Festas, jogos coletivos, encontros, reuniões de lazer, passeios, estão incluídas nas atividades sociais recreativas.
De qualquer maneira, o homem vive em sociedade e os relacionamentos são fontes de aprendizado. O bom relacionamento social gera crescimento social.
É nos momentos de socialização que os relacionamentos vão se tornando cada vez mais fiéis e sinceros, dando a oportunidade de cada um fazer suas escolhas quanto aos valores, crenças e anseios dentro do seu grupo.
É muito importante valorizar os momentos sociais e torná-los os mais agradáveis possíveis, construindo laços afetivos que podem durar a vida toda.
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Turísticas
O interesse cultural central dos indivíduos que buscam este gênero de atividade é a mudança de paisagem, ritmo e estilo de vida.
De todas as atividades recreativas de lazer, o turismo é certamente a que mais provoca ansiedade nos indivíduos. Conhecer novos lugares, novas formas de vida e, além de tudo, poder num curto período alterar a rotina cotidiana, utilizando o tempo nobre de férias e fins de semana, tudo isso supõe um conjunto de atitudes que normalmente deveria merecer menos descaso por parte da sociedade.
O setor econômico do turismo, centrado nas excelentes possibilidades comerciais que toda essa expectativa gera, certamente, não é capaz de atender a todas as suas implicações.
Com o objetivo de dar conta de todas as potencialidades culturais, sociais e econômicas dessas atividades, existe intencionalmente o chamado movimento de turismo social, crescente, ainda que, 
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infelizmente, lutando com dificuldades notórias, inclusive de legislação, como é o caso do Brasil.
Quais são as novas paisagens, ritmos e estilos de vida que se buscam no lazer turístico? A reposta é unânime: paisagens de sol, céu e água, ritmos opostos à rigidez do tempo de trabalho urbano e um estilo mais requintado, embora não necessariamente mais dispendioso, de consumo de comidas, bebidas, roupas e lembranças.
A praia é, disparadamente, a intenção número um de destino turístico, seguida das montanhas, do campo e dos lugares históricos.
Mas o turismo não abrange apenas longas viagens. Os sítios, as casas de campo os ranchos de pesca constituem opção para as classes médias e ricas. E a própria cidade onde se mora é, em escala social, o principal espaço turístico.
A visita a lojas, shopping centers, independentemente de como se
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julgue o seu valor cultural, bem como visita a parques e museus e a frequência a shows e restaurantes,constituem alguns dos itens principais do turismo local.
Estaremos praticando a atividade recreativa do turismo toda vez que estivermos motivados a conhecer novos lugares, mesmo que estes sejam próximos a nossa moradia, trabalho ou escola.
Conhecer novos lugares por divertimento é a atividade recreativa de turismo.
Os alunos de uma escola podem não conhecer todos os espaços que a escola tem. Fazer um passeio na própria escola para conhecer os lugares diferentes nunca frequentados é uma atividade turística.
 No elenco de brincadeiras, temos aquelas que estimulam a exploração do local como a caça ao tesouro e a gincana de expedição, que levam os participantes a conhecerem o lugar de forma divertida, seguindo pistas, descobrindo lugares por meio de
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charadas, enigmas e usando mapas da região.
Um simples passeio a pé pelo bairro em busca de informações históricas pode despertar nos alunos o interesse turístico.
Já é comum para algumas escolas a promoção de passeios com estudo do meio. Esse tipo de atividade está no elenco de atividades turísticas que são divertidas, educativas e formativas.
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As atividades lúdicas, recreativas, como jogos, brincadeiras, cantorias, são excelentes instrumentos de desenvolvimento global do indivíduo.
Ao analisarmos uma criança em situação de jogo, podemos extrair diversos benefícios para o seu desenvolvimento. As atividades recreativas podem servir como um meio de fixação de conteúdos multidisciplinares.
Quando a criança brinca de amarelinha, por exemplo, ela está se desenvolvendo de forma global, ou seja, está estimulando os três domínios do desenvolvimento.
• domínio físico-motor;
• domínio cognitivo;
• domínio socioafetivo.
Vejamos como funciona essa relação do jogo, da brincadeira, com o desenvolvimento humano.
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Físico-motor
Inclui tanto a estimulação e o desenvolvimento das capacidades físicas (força muscular, resistência muscular, resistência cardiorrespiratória e flexibilidade) e condição motora (velocidade, coordenação, agilidade, potência e equilíbrio). 
A aprendizagem das habilidades motoras diz respeito ao agrupamento das categorias de movimento (locomoção, manipulação e estabilização), por meio de selecionadas experiências de movimento que devem ser oferecidas nos primeiros anos de vida.
O jogo da amarelinha exige destreza corporal para pular alternando um e dois pés dentro do espaço delimitado, além do equilíbrio quando for pegar a pedrinha estando em um pé só. Logo, o desenvolvimento acontece espontaneamente, e a criança vai dominando suas capacidades físicas para passar para novos estágios de aprendizado motor.
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Muitas vezes, a própria criança cria novos desafios corporais que deixam o jogo mais difícil, porém ainda motivante e prazeroso.
Os jogos e as brincadeiras que exigem um esforço físico são importantes para o crescimento saudável das crianças, principalmente para aquelas que levam uma vida mais sedentária.
Muitas vezes, o sedentarismo infantil acontece devido às condições socioculturais em que a criança, o adolescente vive, como no caso das crianças que se deslocam de carro, usam elevadores, passam grande parte do dia assistindo televisão ou jogando jogos eletrônicos.
Como já discutimos anteriormente, a criança precisa ser estimulada, convidada, motivada a participar de atividades lúdicas, e para isso é necessário tempo e espaço adequados.
A criança que tem espaço para correr, certamente vai correr, se tiver lugar para se pendurar, vai se pendurar. São ações infantis naturais e espontâneas que devem ser estimuladas pelos adultos, 
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pais e professores que acompanham o bom crescimento e desenvolvimento infantil. Por isso as expressões corporais estão presentes em diversas atividades recreativas, em diversos tipos de jogos.
Não estamos nos referindo apenas às crianças, mas aos adolescentes e jovens que encontram nas atividades lúdicas escolares uma forma de trabalhar sua expressão corporal.
Podemos promover, além de jogos e brincadeiras motoras, também a dança, a luta, a ginástica e o esporte a fim de desenvolver o corpo no seu domínio físico-motor.
Além do estímulo corporal dos jogos recreativos e das outras atividades que elencamos, estaremos promovendo um trabalho de integração com outras áreas do desenvolvimento.
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Cognitivo
Refere-se à capacidade de noções e percepções (corpo, espaço, direção, orientação espaço-tempo) e à aprendizagem, ou habilidades acadêmicas (conceitos, posições, dimensões, formas, relações).
Muitas brincadeiras requerem da criança uma noção de espaço. A criança precisa se perceber no espaço e se adequar às condições de jogo. Ela precisa se colocar no espaço determinado para o jogo, ou seja, o lado do campo, dentro de seu campo, ou mesmo, no caso da amarelinha, pisar dentro dos espaços demarcados. Em uma simples brincadeira de saltar um obstáculo, o praticante precisa fazer um cálculo da distância necessária para o impulso, estimulando noções e percepções de tempo e espaço.
Ao rebater uma bola, o jogador está desenvolvendo seu domínio cognitivo de orientação temporal.
Quando a criança se arrisca a passar por um túnel de brinquedo, 
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ela está desenvolvendo a noção espacial, percebendo seu corpo no espaço.
Orientação espacial é a capacidade que o indivíduo tem de situar-se e orientar-se, em relação aos objetos, às pessoas e o seu próprio corpo em um determinado espaço. É saber localizar o que está à direita ou à esquerda; à frente ou atrás; acima ou abaixo de si, ou ainda, um objeto em relação a outro. É ter noção de longe, perto, alto, baixo, longo, curto (ASSUNÇÃO; COELHO, 1996, p. 91-96).
Analisando a definição apresentada, podemos entender como os jogos e brincadeiras são fundamentais para tal desenvolvimento.
Com relação às habilidades acadêmicas, por meio dos jogos a criança desenvolve a linguagem e o pensamento, faz planos e é capaz de adaptar situações e materiais, antecipar resultados, fazer contagens progressivas e regressivas, criar, inventar, imitar, representar, selecionar, contar, classificar, ordenar, memorizar, compreender regras, definir, comparar e explorar.
Portanto, podemos concluir que quando a criança brinca, ela se torna mais inteligente, pois a brincadeira estimula o seu raciocínio. 
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Logo, colocar as crianças em situação de jogo faz com que elas se desenvolvam de forma inteligente e sadia.
Para que as crianças aproveitem esse potencial da atividade lúdica, os adultos, pais e professores devem dar tempo, espaço e condições de segurança para a criança brincar de forma espontânea e também devem transmitir sua cultura lúdica, organizando atividades adequadas para cada faixa etária a fim de dar o estímulo certo em todas as fases.
Ao brincar de esconde-esconde, a criança estará observando os possíveis esconderijos onde ela não possa ser encontrada pelo líder, planejando seu momento de fuga para ser salva. São ações que envolvem o pensamento e a inteligência.
Enquanto a criança pula corda, ela está conseguindo calcular o tempo que a corda gira e o momento do seu pulo. Com o tempo, ela será capaz de fazê-lo de forma ritmada e cadenciada, muitas vezes, combinando o movimento com uma canção que estimula
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novos desafios cognitivos, como a atenção aos comandos da música e a manutenção do ritmo e cadência da corda. Por exemplo, enquanto pula corda, ela toca a mão no chão, pula em um pé só, dá uma rodadinha, entre outros desafios criados pelos próprios jogadores.
Os jogos de tabuleiro são os maislembrados quando falamos de estímulos cognitivos por meio dos jogos. A larga indústria de brinquedos apresenta uma oferta de jogos que são avaliados por órgãos competentes a respeito de sua classificação etária e colaboração para o desenvolvimento infantil. Os quebra-cabeças são jogos intelectuais que também estimulam o raciocínio e seguem a mesma linha no que diz respeito ao estímulo cognitivo.
Quando afirmamos que brincadeiras e jogos são regulamentadas, ou seja, há sempre a presença da regra, podemos então concluir que sempre serão fontes de estímulo cognitivo, pois precisamos conhecer e compreender as regras para podermos brincar ou jogar.
Ao jogar, os participantes montam estratégias de movimentação, 
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diferentes táticas e planos para chegar ao objetivo do jogo, usando o raciocínio de forma concreta e abstrata, resolvendo problemas imediatos para conseguir um bom resultado.
Nessa perspectiva, reafirmamos que o jogo é a base de toda civilização. Por meio das atividades lúdicas, podemos formar pessoas inteligentes e competentes nas relações socioeducacionais.
Socioafetivo
Envolve sentimentos e emoções que são aplicados à própria pessoa ou nas relações com os outros. O comportamento socioafetivo é um conjunto do autoconceito (sentimento pessoal e autovalor) e das relações pessoais (agir, reagir, interagir).
O autoconceito é baseado e desenvolvido, em parte, a partir do que as pessoas pensam umas das outras. Já as relações pessoais referem-se ao nível de interação social evidenciada pelo indivíduo.
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Desde o nascimento, a criança já começa o seu desenvolvimento socioafetivo, e é por meio das atividades lúdicas que ela entende suas relações com o mundo. O bebê se comunica por gestos e balbucios, mostrando que é um ser social e que precisa se relacionar com as pessoas que o cercam.
As relações sociais começam com as conversas ao redor do berço. Quando se aproximam do berço, os familiares e amigos brincam com o bebê a fim de estimulá-lo e socializá-lo, traçando e reforçando assim os laços afetivos.
Os valores morais e éticos, os costumes e as culturas também são desenvolvidos e apreendidos por meio dos jogos recreativos, assim como as emoções e os sentimentos, que também são trabalhadas nas diversas situações de jogo. As crianças precisam aprender os costumes e valores da sua cultura, do seu meio, dos seus familiares. E precisam também aprender a respeitar os valores alheios. De forma lúdica, tudo se torna mais fácil e divertido.
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Ao aceitar participar da brincadeira, a criança está concordando com a regra, muitas vezes, criada pelos próprios jogadores, ou seja, ela participa de um consenso, coopera para que as regras sejam respeitadas e ainda cobra o respeito às regras perante os outros participantes da brincadeira. Esse comportamento ético é desenvolvido de forma espontânea e prazerosa e, por esse motivo, faz com que a criança valorize essas ações e consiga levá-las para sua vida cotidiana.
Entretanto, a brincadeira pode se transformar, ou seja, há certa flexibilidade, principalmente se pensarmos nos jogos de faz de conta. No meio da brincadeira, os papeis podem ser trocados, porém todas as mudanças são compartilhadas e aceitas para que todos continuem brincando. Mesmo nesse caso, o respeito e a cooperação estão acontecendo.
Em um jogo de regras, aqueles em que as regras são definidas no início e devem ser cumpridas até a apuração do resultado final, só irá participar aquele que concordou com as regras estipuladas – 
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logo, concordou em respeitá-las.
Aceitar as punições em caso de desrespeito às regras não é fácil para certas idades. Muitas vezes, a criança não aceita ser punida, e então fica abalado o seu aspecto afetivo.
Aprender a enfrentar as situações negativas dos jogos e brincadeiras não é tarefa fácil, mas como estamos diante da atividade lúdica, respeitaremos os sentimentos de frustação, tristeza, inconformismo, entre outros, consolando o “perdedor” e alimentando a esperança de melhores resultados no próximo jogo.
Numa situação prática, a criança que perde deve expor seus sentimentos, chorar, ficar com raiva, ficar triste, como uma forma de expressão afetiva em relação àquela situação. Mas também deve aprender que a vida não acabou e que terá outras oportunidades de jogo, em que o resultado poderá ser completamente oposto, e poderá então sorrir, festejar, comemorar suas vitórias, seja durante o jogo ou no seu resultado final.
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O controle emocional, muitas vezes, deve ser orientado pelo adulto que partilha das emoções com as crianças, evitando exageros e equilibrando os momentos de tensão.
O respeito ao próximo pode ser trabalhado nas mais simples situações do brincar. Em muitas brincadeiras, o participante deve esperar sua vez de jogar e ter paciência ao esperar a participação do outro, como no caso da amarelinha, do pular corda, da barra manteiga, do lenço atrás e tantas outras.
Para satisfazer suas necessidades lúdicas, a criança enfrenta situações de extrema paciência, tolerância e até desapego. É o caso das negociações feitas pelos pais em casos como: uma fila enorme de crianças para pintarem seus rostos como animais. Se transformar em um animal e poder imitá-lo de forma mais fiel é um grande estímulo à fantasia, ao faz de conta, ao jogo simbólico, então a criança consegue controlar suas emoções e desenvolver seu domínio socioafetivo esperando a sua vez.
DOMÍNIOS DO DESENVOLVIMENTO
Com o partilhar das brincadeiras, as crianças também percebem, aceitam e respeitam as diferenças interindividuais. Percebem que cada um tem um potencial e são capazes de se relacionar de maneira cooperativa, entendendo as características de cada um e adequando-as à realidade do jogo.
Como nos jogos e brincadeiras, temos diversos papéis, posições e momentos. Todos podem ser aproveitados, respeitando suas potencialidades. Assim, num contexto educacional, cabe também ao professor identificar as potencialidades de seus alunos e então direcioná-los aos seus melhores papéis, posições ou momentos, tornando a atividade uma oportunidade de desenvolvimento e satisfação pessoal.
DOMÍNIOS DO DESENVOLVIMENTO
RECREAÇÃO
UNIDADE II
No desenvolvimento psicomotor
Tudo passa pelo corpo: movimentos, pensamentos e sentimentos. A cognição está presente na maioria das ações, no caso, ações conscientes. Por isso, dizemos que, ao brincar, a criança aprende. E não só a criança: todos aprendem. O trabalho corporal voluntário, intencional, é requisitado sempre quando houver interesse em fazer algo. As atividades recreativas despertam esse interesse e por isso fazem movimentar o corpo.
Ao realizar qualquer movimento, o menor que seja, se este for voluntário, é preciso que haja um plano de ação ou uma tomada de decisão (que acontece na região do córtex cerebral), o planejamento da ação motora e a avaliação dos resultados (conhecido como feedback interno). Em todos os movimentos realizados de acordo com a escolha consciente, esse mecanismo é colocado em ação. Nesse estágio da aprendizagem, temos ainda que pensar bastante para executar o movimento, que é, na maioria
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das vezes, grosseiro e realizado com grande esforço. Cada vez que experimentamos o movimento, ele vai sendo aperfeiçoado. Assim, e gradativamente, vamos armazenando informações motoras.
Por exemplo, quando executamos várias vezes a mesma ação motora voluntária, esta ação torna-se “automática”, ou seja, o movimento é realizado mais rapidamente, sem que precisemos pensar muito nele, e é mais eficiente, sem gasto excessivode energia. Esse movimento aprendido e automatizado é armazenado na região subcortical, ou seja, abaixo do córtex cerebral, porque não precisa mais de um plano de ação complexo para ser executado. Dessa forma, quando um movimento se torna autônomo, ele libera espaço da região cortical para que novos movimentos possam ser aprendidos.
A atividade recreativa faz este papel: de tornar autônomos os movimentos que são repetidos nas brincadeiras, jogos e outras atividades, facilitando o aprendizado de novos movimentos.
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Ao participar de uma atividade lúdica com movimentação, tem-se a oportunidade de conhecer novos movimentos e vivenciá-los das mais diversas maneiras.
No processo de desenvolvimento e aprendizagem, a execução das habilidades motoras voltadas ao jogo e à brincadeira, dentre outras atividades recreativas, facilita o progresso da pessoa. A ludicidade é a motivação que direciona o ser humano à evolução e ao aperfeiçoamento.
Para trabalhar efetivamente com o desenvolvimento e a aprendizagem, a recreação deve promover a educação do movimento, que compreende:
A realização de atividades motoras que visam o desenvolvimento das habilidades motoras (correr, saltar, saltitar, arremessar, empurrar, puxar, balancear, subir, descer, andar), da capacidade física (agilidade, destreza, velocidade, velocidade de reação) e das qualidades físicas (força, resistência muscular localizada, resistência aeróbica e resistência anaeróbica) (MATTOS; NEIRA, 1999, p. 23).
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Voltando às atividades recreativas, todas elas podem desenvolver tanto as habilidades como as capacidades motoras. Em termos de habilidades, a recreação deve incentivar a execução do movimento, respeitando, é claro, o estágio da aprendizagem e fase motora em que o indivíduo se encontra.
Assim, para brincar de pular corda, por exemplo, é preciso aprender fazendo, mas cabe ao professor dar as dicas (instruções) adequadas para que a pessoa realmente aprenda a executar corretamente o movimento. Dessa forma, a brincadeira se tornará mais prazerosa.
As capacidades físicas são desenvolvidas de forma natural quando promovemos atividades, como num jogo de pega-pega, por exemplo. Para jogá-lo, a pessoa tem que fugir, correr e pegar para ganhar. Ninguém quer ser pego; ninguém quer perder. Nesse jogo, então, melhora-se a resistência aeróbica pelo simples fato de a pessoa se entregar à proposta. O jogo incentiva a ação, pois se
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alguém pedir para essa pessoa dar 10 voltas em torno de uma quadra correndo, ela não terá vontade suficiente de fazê-lo por falta de motivação.
A recreação como meio para promover a educação psicomotora deverá, então, trabalhar com tarefas que motivam a ação. Todas as atividades recreativas para esse fim devem sempre ativar o pensamento e a decisão.
Não é só o movimento físico que interessa, mas os movimentos do pensamento, do sentimento, das palavras, todos eles com os mesmos sentidos e objetivos: brincar, jogar, se divertir e ganhar.
O papel do professor na recreação
É oportuno lembrar que o professor de Educação Física tem grande participação no processo de desenvolvimento global de seus alunos. De modo geral, espera-se que este profissional consiga ensinar aos seus alunos a consciência corporal e a educação para
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o seu lazer, para que todos possam viver com saúde e felicidade em comunidade. Assim, cabe ao professor a tarefa de mediação para que os objetivos sejam atingidos, os conteúdos, desenvolvidos e o resultado, positivo.
Podemos fazer um paralelo entre mediação e o papel do professor na aplicação das atividades com características recreativas usando a própria palavra recreação:
“Re” significa cabeça: é com a “cabeça” que refletimos, pensamos, planejamos. Esses são os primeiros passos que antecedem a ação. Refletir é voltar-se para si e entrar em contato com o arquivo interno onde estão armazenados o conhecimento e os saberes, resultado da nossa experiência de vida. É a fonte de onde nascem as possibilidades. Pelo pensamento, organizamos esses conhecimentos para que eles sejam reaproveitados e ressignificados em novas propostas. Por fim, ainda nessa “etapa”, planejamos, articulando as realidades internas e externas, 
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propondo conteúdos e formas de trabalho adequadas para cada situação.
“Cre” significa coração: só o acumulo de experiências objetivas não será suficiente na aplicação do planejamento. Para atuar, o professor deve ser, antes de tudo, observador; olhar seus alunos pelos sentimentos. Ele deve ser capaz de transmitir os conteúdos, ser capaz de usar estratégias de acordo com cada turma, ser capaz de transmitir com o coração, ou dar “cor à ação”. Esse colorido vem de um campo mais subjetivo, das emoções, e não tanto da razão, embora esta também seja fundamental no processo do ensinar. O professor deve acreditar na sua atividade, no universo de fantasia que irá transmitir aos seus alunos.
“Ação” significa corpo: toda a ação vem da criação e gera criação. É um ciclo sem fim, um caminhar com o que foi criado e ir criando, a cada passo. A vivência é dinâmica, ininterrupta, porque se permanecesse estagnada, o processo acabaria. Quando o
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professor se coloca em ação, o processo do ensinar e do aprender quase se confundem, porque como professor ele ensina e aprende, aprende e ensina. O professor vai dar vida ao que foi planejado com bastante entusiasmo.
Todos esses aspectos ou etapas da construção do conhecimento também dizem respeito ao aluno. Enquanto o professor passa por esse processo da “re-cre-ação”, os alunos também o percorrem. Isso acontece a todo o momento, em cada brincadeira, em cada jogo, na disputa de bola, no desafio de andar pela sala sem pisar no chão; nas novas descobertas e possibilidades da bola que vira brinquedo, ou no corpo que se contorce e se distorce até encontrar a saída do labirinto. E cada proposta leva ao ciclo sem fim de retomar o começo e criar sempre, a partir do que se vivenciou.
Ser lúdico talvez seja a forma mais eficaz para o professor desempenhar seu papel. Isso não implica, de forma alguma, ser “palhaço” e estar todo tempo sorrindo e de bom humor, mas ser coerente e entusiasmado com o que se está trabalhando.
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Na sua atuação profissional, o professor deve ser o facilitador, o orientador. Instruir de maneira correta, demonstrar, quando for preciso, e avaliar antes, durante e após o aprendizado ou treinamento. Ao aplicar atividades recreativas, o professor deve promover um ambiente alegre, favorável à ação dos alunos; um ambiente amistoso, mas, ao mesmo tempo, controlado.
A instrução e a demonstração devem ser adequadas à capacidade de compreensão de todos. De forma geral, ao conduzir atividades como os jogos, o professor deve se colocar num ponto de onde consiga observar a todos. Essa observação não diz respeito somente à visualização física, mas ao aspecto subjetivo, como um olhar mais atento na expressão de cada aluno, sem discriminar ou rotular quem quer que seja, sem preconceitos e com muito amor e atenção.
O profissional que lida com uma rotina de trabalho incessante deve ater-se a certos cuidados, como:
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Organização do tempo
A rotina representa a estrutura sobre a qual será organizado o tempo de trabalho realizado. Essa organização deve feita sempre, pois uma aula com duração de 50 minutos, por exemplo, deve realmente ter essa duração, incluindo ainda a subdivisão da aula em partes, cada qual com um objetivo específico, uma função, e todas as partes devem estar ligadas de forma

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