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Apostila A ELABORAÇÃO DO CURRÍCULO ESCOLAR- aula 5

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CURRÍCULO E SOCIEDADE 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Dinamara Pereira Machado 
Prof.ª Kátia Regina Dambiski Soares 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
 Nesta aula, vamos visitar conceitos que nos remetem a questões de 
organização do trabalho na escola com base no currículo. Vamos relembrar 
que o planejamento é uma atividade que exige reflexão e posteriormente ação 
sobre uma determinada realidade, tendo como norte a intenção clara de 
transformá-la com objetivos a serem alcançados a curto, médio e longo prazo. 
Planejar é ter um plano que irá intervir na realidade por meio de decisões e 
intenções. 
 Vamos estudar um pouco sobre a elaboração do currículo escolar e 
como se dá esse processo, analisando o aspecto estrutural, o aspecto 
funcional, a dimensão curricular e o campo curricular. 
TEMA 1 – A ELABORAÇÃO DO CURRÍCULO ESCOLAR 
 Um currículo, para sua elaboração, necessita de documentos orientados, 
o que chamamos de currículo prescrito; além disso, precisa também das 
orientações curriculares, ou seja, o currículo planejado; com base nesses 
documentos surge o projeto político pedagógico (PPP), que é o próprio 
currículo escolar organizado, efetivado por meio do currículo em ação, ou plano 
de Trabalho Docente, e da prática em sala de aula. Por fim, este currículo é 
avaliado interna e externamente. 
 O currículo expressa acima de tudo a autonomia pedagógica da escola. 
 Na elaboração do currículo escolar, leva-se em conta um antigo 
questionamento: Qual é a escola que queremos? Qual é o papel do ensino 
básico nesse projeto de sociedade que queremos? 
 Automaticamente, pensa-se que o conteúdo deve perpassar o currículo 
para formar o aluno que queremos e para que tenhamos a sociedade ideal. É 
preciso pensar na formação do currículo quem são os sujeitos da escola e 
principalmente da escola pública, de onde vêm e quais as referências sociais e 
culturais que vão adentrar a escola. 
 O aluno é fruto do seu tempo histórico, das relações sociais em que está 
envolvido, mas é também sujeito individual que compõe o mundo da maneira 
como ele o entende e como acredita que deve participar. 
 Na organização e elaboração curricular, é preciso estabelecer objetivos, 
além da concepção de homem e da concepção de mundo, que estarão 
 
 
3 
presentes no PPP, pois a escola é lugar de socializar o conhecimento; logo, os 
sujeitos da educação devem ter acesso ao conhecimento que é produzido pela 
sociedade, e que na escola perpassa diretamente pelos conteúdos das 
disciplinas, organizadas seriadamente. 
 Imprescindível nesta organização compreender os conteúdos de forma a 
relacioná-los interdisciplinarmente, contextualizados com a realidade em que 
os sujeitos vivem. 
 O currículo é uma construção coletiva de conteúdos universais que 
promovem a qualidade da aprendizagem de todos os indivíduos, e para isso se 
faz necessário garantir igualdade no atendimento dos alunos, mesmo que por 
diversos caminhos, resultando num espaço educativo que gera conhecimento e 
cultura. 
 Devemos pensar que em tempos de gestão democrática o currículo é 
um documento que expressa acima de tudo um projeto social com os reflexos 
culturais de um povo. Nesse sentido, a escola atua como uma fonte de 
mediação entre o conhecimento e a sociedade, sendo o professor responsável 
por fazer a ponte entre o conhecimento e o aluno, e o conhecimento por si só 
torna-se uma via de promoção e humanização do indivíduo para a 
transformação social. 
 Como já apontamos, currículo pressupõe planejamento, e por meio da 
gestão democrática alcança seu auge com todos participando em torno da sua 
produção. 
 O processo de gestão democrática da escola pública implica práticas de 
gestão com novos significados. O ordenamento jurídico é a lei de Diretrizes e 
Bases da educação nacional (Lei n. 9.394/96 – LDBEN), que está em 
conformidade com o que propõe a Constituição Federal de 1988, e reforçado 
nos planos nacionais de educação. 
 Essas legislações apontam para a educação e o seu planejamento com 
envolvimento da escola para a promoção da autonomia da escola e a união da 
comunidade do entorno para participação e decisões coletivas. 
 
 
 
 
4 
Figura 1 – Trabalho pedagógico 
 
 Um dos princípios básicos no pensamento da elaboração do currículo 
escolar é a gestão democrática na busca pela autonomia da escola, utilizando-
se de instrumentos para sua realização. Podemos listar os mais importantes 
como a escolha dos gestores pela comunidade, a criação dos órgãos 
colegiados, a construção contínua e a análise do PPP com a participação da 
comunidade, respeitando os espaços escolares. 
 O MEC prevê para a escola níveis de autonomia setoriais com 
interligação entre si, relativizados à função social representada na escola, além 
de seguir as legislações pertinentes a todas as normas padronizadas na 
Constituição; por isso, claramente evidencia-se que a autonomia é relativa, pois 
está ligada ao sistema escolar. 
 Quando se trata de autonomia administrativa, é sobre poder gerenciar e 
criar todos os planos, projetos e programas dentro do ambiente escolar. Da 
autonomia jurídica, fica claro que está submetida a seguir normas e legislações 
nacionais, para criar as suas próprias na escola, como por exemplo matrículas 
de alunos ou admissão de professores. Para que haja autonomia financeira, é 
preciso gerir os recursos financeiros disponíveis. 
 Por fim, a maior autonomia que os espaços escolares têm é a autonomia 
pedagógica, pois é possível trabalhar com as mais diversas metodologias na 
elaboração das propostas curriculares de ensino, com papel preponderante na 
elaboração de projetos de atendimento à comunidade, para crescimento do 
processo de ensino aprendizagem. Nesse segmento, encontra-se a função 
social da escola e toda a elaboração e reorganização curricular. 
ELEMENTOS DA 
ORGANIZAÇÃO DO 
TRABALHO PEDAGÓGICO 
GESTÃO CURRÍCULO PLANEJAMENTO 
E AVALIAÇÃO 
 
 
5 
 O currículo, portanto, é um instrumento de elevado poder na preparação 
do indivíduo para a intelectualidade, a pluralidade, a cultura, a política e a 
profissão; eis a função social da escola e a sua importância na transformação 
da sociedade. 
TEMA 2 – ASPECTO ESTRUTURAL 
 Quais são os elementos estruturais implicados na organização 
curricular? Essa questão está diretamente ligada à forma como a escola está 
organizada, ou seja, é uma dimensão que aponta para a ordem pela qual o 
currículo está estabelecido naquele lócus. 
 Um dos elementos é o tempo e a forma como ele está definido dentro do 
espaço, como por exemplo os anos do curso que o aluno frequenta, a 
sequência de escolaridade, o horário estabelecido de forma semanal, 
repetidamente, o horário diário, também repetido de forma cíclica. É uma 
concepção de tempo que permeia o currículo a ser estabelecido naquele lócus. 
 Além do tempo, outro fator estrutural importante é a delimitação e 
organização dos conteúdos curriculares. Compreender, dentro dessa 
delimitação, as fontes onde a informação poderá ser obtida, entendendo o que 
podemos e devemos aprender, é uma tarefa que demanda concentração e 
estudos, para se obter sucesso no processo de ensino aprendizagem. 
 Sacristán (2013, p. 21) aponta, entre os elementos estruturantes: 
Organização em disciplinas e outras formas de classificação de 
conteúdos. A ordem da sequência dos conteúdos. Permeabilidade 
das fronteiras entre os territórios demarcados. Itinerários de 
progressão nos conteúdos e no tempo. Opções epistêmicas sobre o 
conhecimento. Sistemas e mecanismos de avaliação das 
aprendizagens. 
 Cada tempo utilizadodentro da dimensão estrutural curricular, por sua 
vez, atinge outros elementos que estão entrelaçados ao espaço escolar. 
Quando se define o tempo de aprender automaticamente, entende-se que se 
reflete no tempo livre. Se temos o tempo de aprender, seu correlato, tempo de 
ensinar, está automaticamente implicado. Ainda para Sacristán (2013, p. 21): 
Os elementos e aspectos estruturados afetados podem ser 
conhecimentos e saberes valorizados. Atividades possíveis de 
ensinar ou transmissoras em geral. Atividades possíveis e prováveis 
de aprendizagem e seus resultados. Comportamentos tolerados e 
estimulados. Linha e ritmo de progresso. Identidade e especialização 
dos professores. Orientação do desenvolvimento das pessoas. 
 
 
6 
 É importante perceber que os elementos que estruturam o currículo vão 
muito além do simples movimento de conteúdos. Aqui apontamos dois como 
fundamentais, tempo e conteúdo, mas ainda vamos pensar nas questões do 
espaço físico escolar onde o conteúdo acontece, nas classificações dos alunos, 
nas regras de comportamento e nas relações pessoais estabelecidas entre 
alunos e professores, entre professores e equipe diretora, entre funcionários e 
professores e alunos, e entre cada segmento que compõe a escola. E por fim, 
dentro do processo de ensinar, vamos tratar das ideologias e filosofias que 
permeiam esse currículo e dos sistemas de avaliação. 
 A complexidade da estrutura curricular é extremamente importante de 
ser analisada, compreendida, digerida, refutada ou substituída, quando 
necessário. Um planejamento profícuo de toda essa orientação que permeia o 
espaço escola, e que está dentro das questões curriculares, é fundamental, 
pois sabemos que não é a mesma coisa aprender sobre determinado conteúdo 
dentro ou fora da escola. O currículo é isso: é um projeto de conhecimento e 
cultura que se pretende oferecer a uma população. 
Portanto quando se faz a crítica da cultura escolar, é preciso que ela 
se dirija as formas escolares do conhecimento; e, quando se propõe 
um projeto de cultura para a escolaridade, deveremos avaliá-lo em 
função do que ele pode chegar a se transformar uma vez traduzido 
em conhecimento escolar (Sacristán, 2013, p.21) 
 Uma mudança significativa de conhecimento que se transforma em 
cultura só é possível com base em uma intermediação curricular adequada e 
intencional. Esse é o papel do material didático que está nutrindo o currículo 
específico. 
TEMA 3 – DIMENSÃO FUNCIONAL 
 O currículo é uma construção de possíveis respostas das possibilidades 
de currículo real, ou seja, é uma alternativa entre tantas outras possibilidades, 
não sendo neutro. 
A importância fundamental do currículo para a escolaridade reside no 
fato de que ele é a expressão do projeto cultural e educacional que as 
instituições de educação dizem que irão desenvolver com os alunos 
(e para eles) aquilo que considera adequado. Por meio desse projeto 
institucional são expressadas forças, interesses ou valores e 
preferências da sociedade de determinados setores sociais, das 
famílias, dos grupos políticos, etc. (Sacristán, 2013, p. 23 e 24) 
 
 
7 
 Identificar a dimensão funcional da escola e sua determinação no campo 
curricular é extrapolar o conceito de currículo para além do que ocupa o tempo 
escolar; é algo muito maior do que conteúdo ou área que serão ensinadas. Se 
apenas se contivesse dentro desse fractal, não poderia relacionar nada como 
educação para a cidadania ou direitos humanos, e menos ainda educar para a 
sensibilidade perante o mundo que vive e o preparar-se para ele. 
 A educação serve para desenvolver o ser humano em todas as suas 
capacidades como indivíduo e como membro da sociedade, sua mente, corpo 
e espírito; “portanto, as funções da educação escolarizada, são mais amplos do 
que aquilo que normalmente se reconhece como os conteúdos do currículo. 
Essa observação serve para não perder de vista aspectos essenciais pelos 
quais devemos velar nas escolas e nas aulas”. (Sacristán, 2013, p. 24) 
 Os currículos são complexos, variando de países no momento de sua 
elaboração, sendo distintos de acordo com as especificidades que existem 
dentro do sistema educacional. A dimensão funcional da escola é caracterizada 
pela forma de utilização dos seus espaços, e emerge como um lócus 
fundamental para a construção do indivíduo e para ele próprio, ao mesmo 
tempo que emerge para a evolução da humanidade. A escola em si é uma 
instituição social permeada por objetivos e metas, empregando e reelaborando 
todo o conhecimento que é socialmente produzido. 
o termo espaço refere-se ao espaço físico, ou seja, aos locais 
destinados para a atividade, caracterizados pelos objetos, pelos 
materiais didáticos, pelo mobiliário e pela decoração. O termo 
ambiente refere-se ao conjunto do espaço físico e as relações que se 
estabelecem no mesmo (os afetos, as relações interpessoais entre as 
crianças e adultos, entre crianças e sociedade em seu conjunto) 
(Forneiro, 1998, p. 232). 
 Portanto, a dimensão funcional acaba caracterizando os espaços e suas 
utilizações, sendo o ambiente de sala de aula muito mais do que um simples 
lugar onde encontramos materiais didáticos, pois o ambiente acrescenta 
significados para a experiência educativa do estudante, atraindo o seu 
interesse para as atividades de aprendizagem. Necessariamente, o espaço 
contribui de maneira positiva ou negativa para a interação e aprendizagem 
escolar. O ambiente por si vincula a educação escolar e como ela ocorre no 
seu espaço; a educação é vista como um ato social de mudanças e avanços. 
 A função social da escola é complexa; consequentemente, para que sua 
função se cumpra, algumas questões emergem no cotidiano, como por 
 
 
8 
exemplo a dedicação dos profissionais da educação de estar sempre 
capacitados, acompanhando as mudanças que coadunam com o campo do 
trabalho. A ordem maior é poder criar um vínculo entre o que a escola ensina e 
aquilo que o aluno vive fora dela. 
 O campo curricular colabora para a dimensão funcional da escola 
quando consegue unir esse conhecimento que a escola produz e o que o aluno 
já conhece. Os conteúdos curriculares, nesse sentido, estabelecem uma 
relação entre teoria e prática, ou seja, a escola contextualiza o currículo dando 
sentido à vida para além dos escolares. O professor, nesse sentido, 
desenvolve competências que ajudam a conduzir o aluno a interagir com seu 
meio. 
 Não obstante essas questões de interação curricular, não se pode 
esquecer que as questões escolares estão estritamente ligadas à qualidade na 
escolaridade, ou seja, a escola necessita ser um local que transmite conteúdo 
sem engessar e reproduzir, pois deve auxiliar na percepção das concepções de 
mundo para a construção da cidadania e responsabilização pela composição 
da sociedade. 
 Formar o aluno para a sociedade atual é a função social da escola, que 
deve permear todo o processo de ensino aprendizagem e estar contido no 
currículo individualizado de cada escola. 
TEMA 4 – DIMENSÃO ORGANIZACIONAL 
 Compreender a dimensão organizacional da escola no que se refere ao 
currículo insta compreender a estrutura pedagógica e administrativa, além da 
função da escola e da atuação da equipe pedagógica. A cultura, que é tudo 
que o homem produz, traz em si a construção histórica para a formação do 
homem, e assim a educação medeia a formação integral do homem. É pela 
educação, então, que nos apropriamos da cultura, para, com base nela, 
desfrutarmos da história; por isso, educar é algo que transcende o indivíduo, 
pois ao adquirir cultura, ele produz a história e contribui para o bem coletivo. 
A educação como mediação para formação do homem histórico,envolve necessariamente relações humanas entre seres cuja 
condição de sujeito precisa ser permanentemente afirmada, posto 
que é tal condição que os caracteriza como seres históricos. Neste 
sentido a relação pedagógica supõe a postura ética dos sujeitos nela 
envolvidos: tanto quem educa quanto quem é educado precisa querer 
fazê-lo para que a relação se efetive como genuinamente 
 
 
9 
pedagógica. Por isso a estrutura da escola deve assumir uma forma 
democrática que favoreça a vontade dos sujeitos envolvidos no 
processo pedagógico. (Paro, 2008, p. 130) 
 A organização curricular centrada no coletivo, para a motivação da 
construção de alunos autônomos e libertos, necessita também libertar a escola 
de uma visão de conteúdos que vão sendo depositados nos alunos, pois estes 
não são largos barracões de depósito e sim seres humanos abertos ao 
aprendizado, ao conhecimento e ao saber. 
 A organização curricular precisa pensar a cultura, a mente, a política, a 
história, a saúde, a economia, entre outros temas centrais na construção do 
indivíduo, e não com objetivo perpendicular ou transversal; precisa pensar o 
ideal de um cidadão pleno, participante, humanizado, como se fosse o próprio 
currículo vivo. 
 Então, novamente a questão: Que escola queremos? Que ser humano 
estamos formando? Qual qualificação curricular é necessária para um cidadão 
humanizado? A escola, naturalmente, sem fazer esforço, ensina conteúdos 
formais, além de competências e habilidades para a participação do indivíduo 
como cidadão completo, usufruindo de seus direitos e deveres. A contribuição 
da escola para a formação cidadã é fundamental, e por isso a escola é para 
todos, e ninguém pode ou deve ficar fora dela; sendo assim, preserva o 
indivíduo para a transformação em aprendizagem coletiva. 
 A escola é imprescindível para a transformação social. Uma educação 
de qualidade é o que pode gerar uma sociedade mais justa e igualitária, e com 
certeza os profissionais da educação se encontram aí, neste local, como 
grandes responsáveis por esta qualidade. 
Na atual conjuntura social, a sociedade exige uma demanda muito 
forte de profissionais capacitados que atuem em diversos espaços 
que envolvem práticas educativas e socioculturais. Essa 
responsabilidade social é tida como um desafio na atuação do 
pedagogo, porque durante a formação percebemos que se deixa uma 
lacuna que necessita de conceitos e conteúdos mais consistentes e 
aprofundados para uma atuação reflexiva que contribua 
significativamente com a situação imposta a esse profissional. 
(Gomes, 2015) 
 Não somente ao pedagogo, mas a todos os profissionais da área 
educacional, é mister qualificar-se continuamente, para assegurar um ensino 
de qualidade e uma formação humana cidadã. 
 O currículo é a base da organização escolar; todas as atividades 
escolares estão previstas no currículo para o desenvolvimento do processo de 
 
 
10 
ensino aprendizagem do aluno. A sistematização dos saberes que estão no 
currículo escolar é a sistematização da própria humanidade. 
 Lembremos novamente que o currículo não é neutro, pois ele está 
sempre imbuído de aspectos políticos, culturais, econômicos, sociais e 
humanos. Os conhecimentos formais e informais no contexto escolar integram 
as produções históricas do homem. O currículo define como, para que, e quais 
são os conteúdos que serão trabalhados nos mais variados níveis, etapas e 
modalidades de ensino. 
 A organização curricular se faz por meio dos conhecimentos que foram 
produzidos pelo homem de maneira formal e informal. Os conhecimentos são 
os conteúdos propriamente ditos, organizados no contexto escolar por meio do 
currículo. 
TEMA 5 – CAMPO CURRICULAR 
 A escolha dos conteúdos do campo curricular está ligada diretamente às 
teorias e concepções que permeiam o campo educacional, pois o currículo traz 
em si questões econômicas, políticas, sociais, culturais e históricas, e por isso 
mesmo exige discussão ampla entre educadores, escola e comunidade. 
Fazendo uma analogia podemos comparar currículo como um 
caminho a ser feito por barcos em um rio. Passando por curvas, 
corredeiras, troncos, cada barco vai fazendo seu percurso conforme 
as condições dos envolvidos, sendo essas condições físicas, 
emocionais, cognitivas ou outros. Alguns barcos podem percorrer o 
caminho sem dificuldades, porem outros podem considerá-lo de difícil 
acesso, impossível (Lima; Zanlorenzi; Pinheiro, 2012, p. 24) 
 Comparando o currículo com um caminho a ser percorrido, 
imediatamente identificamos uma trajetória que é aos poucos construída por 
quem avança no caminho, que podemos denominar de práxis. Currículo é 
transformação, pois por meio dele mudam-se caminhos, propõem-se rotas, 
atravessam-se barreiras, adquirindo conhecimento e estabelecendo um fazer 
pedagógico diário. O PPP de cada escola concretiza o currículo em seu lócus 
próprio com o auxílio de toda a comunidade escolar. 
 O currículo vai muito além do conteúdo, propondo a reconstrução social, 
de modo que haja uma programação inerente capaz de proporcionar 
mudanças. A escola não é o único lugar onde deve ocorrer a mudança, mas é 
por meio dela que tudo pode acontecer. Obviamente que a pergunta – que ser 
 
 
11 
humano queremos formar? – envolve a intenção política de currículo para a 
formação humana. 
Assim, o currículo deve ultrapassar o caráter impositivo, verticalizado, 
centralizado e pensado nos gabinetes, que fica a margem dos 
debates que envolvem professores, alunos e comunidade, 
resumindo-se a um simples documento vindo a se unir aos demais 
documentos que integram as gavetas das escolas. (Lima; Zanlorenzi; 
Pinheiro, 2012, p. 32) 
 Nesse sentido, ao falarmos de currículo, é inevitável pensar a escola e 
consequentemente como os conteúdos formais e informais se formam dento 
das disciplinas. Há que se ter cuidado ao elaborar o currículo escolar, para não 
absorver tanto os fatores externos em detrimento dos internos, mesmo levando 
em consideração que cada uma tem sua realidade distinta. 
 Se pensarmos o currículo como cultura, destacamos questões referentes 
ao mundo do trabalho, ao desenvolvimento tecnológico, a atividades 
desportivas, produção artística, saúde, manifestações sociais e exercício da 
cidadania, que formam o homem dentro de uma escola que minimamente 
chamamos de plural, e isso nos leva a compreender o currículo como um 
conjunto de determinações pedagógicas que se desenvolvem com base em 
uma intenção educativa; consequentemente, cada escola, na construção do 
seu currículo, estabelece uma cultura. 
 Para pensar em currículo significativo para uma boa escola, é preciso 
pensar sobre a diversidade cultural e o pluralismo de ideias, entendendo a 
cultura escolar como uma soma de conteúdos para a elaboração do currículo 
escolar. 
Se entendermos o currículo como um conjunto de práticas que 
produzem significados, ele pode ser concebido pelas escolhas entre 
possibilidades existentes dentro da cultura local. O currículo pode ser 
o espaço em que se concentram e se desdobram as lutas em torno 
dos diferentes significados sobre o social e sobre o político. É por 
meio do currículo que certos grupos sociais especialmente os 
dominantes, expressam sua visão de mundo, seu projeto social, sua 
“verdade”. O currículo representa assim, um conjunto de práticas que 
propiciam a produção, a circulação e o consumo de significados no 
espaço social e que contribuem, imensamente, para a construção de 
identidades sociais e culturais. O currículo é, por consequência, um 
dispositivo de grande efeito no processo de construção da identidade 
do estudante. (Bernstein, 2016). 
 Quando uma política é criada ou reformulada, ela traz em si impactossobre o seu espaço de atuação, sobre as pessoas alcança. Pensemos o 
currículo nessa exata medida, como uma política desenvolvida para adquirir 
 
 
12 
conhecimento, um documento que regula e normatiza aquele lócus de trabalho. 
 
NA PRÁTICA 
 Sugerimos que você, estudante, faça uma pesquisa sobre o currículo de 
uma escola a sua escolha, e verifique se nele aparecem as concepções de 
homem e de mundo que se quer formar naquele lócus de conhecimento. 
 Também, se for possível, busque entender se dentro do currículo 
proposto por esta escola existe algum privilégio de conteúdo em detrimento de 
outro. Por fim, com base no conteúdo estudado, tente traçar uma linha mestra 
desse currículo. Não esqueça que o PPP da escola é um excelente documento 
de pesquisa. 
FINALIZANDO 
 Um currículo não surge no vazio, mas sim de uma necessidade daquela 
comunidade onde a escola está inserida, considerando todas as questões 
sociais, econômicas e culturais, considerando também que o currículo é algo 
que determina inúmeras questões, não se resumindo a algo único, como a 
palavra sugere. 
 Nesta aula, visitamos conceitos que nos remeteram a questões de como 
organizar o trabalho na escola tomando como base o currículo. Relembramos 
também que o planejamento é uma atividade que exige reflexão e 
posteriormente ação sobre uma determinada realidade, tendo como norte a 
intenção clara de transformá-la com objetivos a serem alcançados a curto, 
médio e longo prazo. Planejar é ter um plano que irá intervir na realidade por 
meio de decisões e intenções. 
 Estudamos sobre a elaboração do currículo escolar e como se dá o seu 
processo, o aspecto estrutural, o aspecto funcional, a dimensão curricular e o 
campo curricular. 
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
BERNSTEIN, A. A relação intima entre currículo e cultura. Educação Pública, 
13 set. 2016. Disponível em: 
<https://educacaopublica.cederj.edu.br/artigos/16/19/a-relao-ntima-entre-
currculo-e-cultura>. Acesso em: 23 jul. 2019. 
FORNEIRO, L. I. A Organização dos espaços na educação Infantil. In: 
ZABALZA, M. A. Qualidade em Educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 
1998. 
GOMES, J. Projeto Integrador. JessPedagogia, 2015. Disponível em: 
<http://jesspedagogia.blogspot.com.br/2015/09/perspectivas-do-pedagogo-e-
dapedagogia. html>. Acesso em: 23 jul. 2019. 
LIMA, M. F.; ZANLORENZI, C. M. P.; PINHEIRO, L. R. A função do currículo 
no contexto escolar. Curitiba: InterSaberes, 2012. 
PARO, V. H. A estrutura didática e administrativa da escola e a qualidade do 
ensino fundamental. Revista Brasileira de Política e Administração da 
Educação, v. 24, n. 1, 2008. 
SACRISTÁN, J. G. Saberes e incertezas sobre o currículo. São Paulo: 
Penso, 2013.

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