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TECNOLOGIAS APLICADAS AO AGRONEGÓCIO PROF.º ME. GUILHERME CASSAROTTI FERIGATO PAULISTA A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma ação integrada de suas atividades educacionais, visando à geração, sistematização e disseminação do conhecimento, para formar profissionais empreendedores que promovam a transformação e o desenvolvimento social, econômico e cultural da comunidade em que está inserida. Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo. www.uca.edu.br FACULDADE CATÓLICA PAULISTA Diretor Geral Valdir Carrenho Junior Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Projeto Gráfico Hey!Design SUMÁRIO A INOVAÇÃO COMO UM DOS PRINCIPAIS ASSUNTOS DA ATUAL AGENDA DO AGRONEGÓCIO MUNDIAL 6 OS GANHOS DE PRODUTIVIDADE OCORRIDOS NA AGRICULTURA BRASILEIRA NAS ÚLTIMAS DÉCADAS 16 O EMPREGO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS NO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO 24 A IMPORTÂNCIA DA INDÚSTRIA DE INSUMOS E EQUIPAMENTOS DO AGRONEGÓCIO NO SALTO TECNOLÓGICO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO 33 O PERFIL EMPREENDEDOR DAS PESSOAS QUE TRABALHAM NO CAMPO BRASILEIRO 42 OS PRINCIPAIS CONCEITOS LIGADOS À INOVAÇÃO, À CAPACIDADE DE ABSORÇÃO E AO APRENDIZADO TECNOLÓGICO NO ÂMBITO DO AGRONEGÓCIO 49 A GESTÃO DA INOVAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DE PROCESSOS PRODUTIVOS VOLTADOS À FABRICAÇÃO DE PRODUTOS AGROALIMENTARES DIFERENCIADOS 57 O USO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NO CAMPO 68 AGRICULTURA E AGROPECUÁRIA DE PRECISÃO 76 SUMÁRIO MELHORAMENTO GENÉTICO DE SEMENTES E DE ANIMAIS 84 GEORREFERENCIAMENTO 92 IMPLEMENTOS TECNOLÓGICOS 101 TECNOLOGIAS NO CAMPO 108 DIVERSIFICAÇÃO NO CAMPO 115 SUCESSÃO FAMILIAR 122 AGROINDÚSTRIA FAMILIAR 129 5 INTRODUÇÃO O presente tem a finalidade de levá-lo à jornada do conhecimento, desmitificando muitas “verdades” aparentes do conhecimento popular. E, assim, ao longo da jornada, iremos descobrir realmente o que é a Legislação Tributária. A cada passo uma nova descoberta, um novo rumo que mudará completamente todo o seu modo de ver e pensar a respeito de cada tema proposto. Espero que goste da forma apresentada, bem como a clareza desenhada no trajeto, para que, ao final, possa refletir e consi- derar como a sua mente, seu conhecimento e a forma como enxerga o presente se alterou. Lembre-se de anotar tudo o que pensa a respeito de cada tema, antes de iniciar os seus estudos, e ao final reveja como o enxerga após o conhecimento adquirido. Parabéns por chegar até aqui, o primeiro passo de uma jornada, nos vemos ao final, e sinceramente espero encontrá-lo na linha de chegada, estarei lá te esperando. A INOVAÇÃO COMO UM DOS PRINCIPAIS ASSUNTOS DA ATUAL AGENDA DO AGRONEGÓCIO MUNDIAL AULA 01 7 INTRODUÇÃO Caros alunos e alunas, houve um tempo em que a tecnologia no campo era acompanhar o movimento da maré e a troca de luas, anotar os períodos de chuvas e de estiagem, observar a presença ou não de insetos e parasitas, observar o comportamento dos animais no pasto. Se a dúvida é se isso tudo é tecnologia, sim, isso é tecnologia. Ao pensarmos em conhecimento, a tecnologia está embarcada de modo a termos uma metodologia, mesmo que empírica, sobre aquilo que se está cultivando. É importante destacar que as máquinas e implementos são tecno- logias que vieram e estão aí para facilitar e acelerar os processos do campo, sejam de manejo, cultivos, produtivo e de planejamento. Outro ponto interessante é que a tecnologia no campo não vem somente em- barcada em maquinários e implementos, são novos processos produ- tivos, novas metodologias de construção de conhecimento, ampliação de pesquisa genéticas, multidisciplinariedade para uma maior produti- vidade e, principalmente, quebras de paradigmas, sucessão familiar e até mesmo incentivos para financiamentos. O necessário é que você, gestor do campo, tenha em mente que as tecnologias são variadas e diversificadas, e é com elas que podemos evo- luir o agronegócio de modo sustentável e lucrativo, em uma pequena, média ou grande propriedade. Neste material iremos proporcionar conhecimento para que você possa compreender que a tecnologia está aí, e é louvável sua utiliza- 8 ção para resultados aumentados e sustentáveis. É importante ainda destacar que a tecnologia é uma grande ferramenta que nos auxilia de diversas formas no campo, e que é com ela que podemos ampliar as possibilidades do agronegócio e, principalmente, modificar o conheci- mento já existente. Agora é com VOCÊ, multiplique seu conhecimento, leia muito, tire suas dúvidas e aplique o que aprender com nosso material. Lembre- -se que a tecnologia é muito ampla e necessita de pesquisa constante para que possa ser evoluída e aplicada de modo a utilizar sua máxima eficiência e eficácia. A INOVAÇÃO COMO UM DOS PRINCIPAIS ASSUNTOS DA ATUAL AGENDA DO AGRONEGÓCIO MUNDIAL Falar e compreender a inovação é sim- ples, no entanto, para inovar de fato muitas vezes é necessário compreender o contexto no qual está inserida a inovação. É evidente que há tecnologia no campo, desde a sua forma mais rudimentar até a mais eletrô- nica possível. O importante é desmistificar que a inovação deve ter apenas impactos mundiais. Se pensarmos numa perspectiva Fonte: https://br.freepik.com https://br.freepik.com/fotos-gratis/moinhos-de-vento-no-campo_1254301.htm#page=1&query=inova%C3%A7%C3%A3o%20no%20campo&position=48 9 global, teremos que algo, localmente, pode ter impactos globais. Nes- te sentido, queremos dizer que a inovação pode acontecer dentro da “porteira”, ou seja, terá impactos específicos em uma propriedade rural. Quando pensamos em bilhões de seres humanos e outros animais que necessitam de alimentação, é importante que se discuta meios de inovar para que tais possam ser alimentados. Neste contexto, entram em cena todas as tecnologias que podemos utilizar para melhorar e ampliar as possibilidades do campo para atender tais demandas. A inovação está em pauta nos mais diferentes contextos e ambientes do agronegócio para que possamos ampliar e validar conhecimento e novas perspectivas. Diante disso Duarte (s/d, online) aponta que: O cenário mundial do agronegócio, por seus desdobramentos nos sistemas agroalimentares do campo à mesa dos consumidores, resulta de milhares de condicionantes, inclusive as climáticas, que convergem para milhões de estabelecimentos rurais nos conti- nentes da Terra e onde a ciência e a tecnologia, associadas aos mercados, se transformam em produtos de origem animal e vege- tal e fundamentam as ofertas do setor de base florestal. Embora as taxas de urbanização ainda estejam numa escala ascendente, irreversível, também milhões de empreendedores rurais se de- dicam às artes de plantar, criar, abastecer, exportar, conservar e preservar os recursos naturais. Portanto, cabe a nós, gestores do agronegócio, sempre buscar novas formas de atender as demandas sociais e utilizar da tecnologia para melhorar o campo, de modo a termos inovação e novos conhecimentos. Diante disso, três nuances são importantes para prosseguirmos: 10 • Gestão de informação. • Gestão do conhecimento. • A própria Inovação. A gestão da informação trará consigo subsídio informacional para o planejamento e tomadas de decisão, sempre fornecendo informações ágeis e padronizadas de acordo com a forma mais eficiente, para que a comunicação possa ser clara e eficaz. A informação é o conjunto de dados organizados e sistematizados num processamento que gera a in- formação para quem necessitar, e tal processamento deve ser realizado com padrões fornecidos pelas organizações e, principalmente, ter um objetivo. Não adianta nada ter informação e não saber utilizá-la. Isso tudo se faz muito importante parao agronegócio, visto que, nessa área a tecnologia veio para evoluir e auxiliar no processo de melhoramento de técnicas e aplicações. Por fim, a gestão do conhecimento trabalha com a perspectiva de utilizar a informação com valor agregado, ou seja, utilizá-la como mecanismo de agregação para melhorias, implementa- ção de manejo mecanizado e até mesmo para acompanhar a previsão do tempo para aplicação de adubos, por exemplo. A inovação se mostra na diferenciação para agregar valor, fazer algo diferente, mesmo que já consolidado. Se pensarmos em uma propriedade rural que nunca utili- zou um modelo produtivo ou algum maquinário, e isso já será inovação. Diante disso, Ferigato (2016, p. 9) aponta que: 11 o conhecimento constitui a mola propulsora no processo de ges- tão nas organizações. É por meio dele que as organizações podem adquirir, organizar e processar informações com o intuito de am- pliar os conhecimentos já perpetuados. Quando falamos de inovação, entenda que ela pode se manifestar de diferentes formas dentro de uma organização, e também pode e acon- tece no meio rural, sendo o agronegócio uma grande área fomentadora. Neste contexto, vamos apreciar o significado de inovação de acordo com o dicionário de língua portuguesa Aurélio eletrônico (2000, online): 1. Ato ou efeito de inovar. 2. P. ext. Novidade (2). 3. E. Ling. Forma resultante de mudança linguística. 4. E. Ling. Processo de mudança linguística que conduz ao apa- recimento de novas formas na língua. 5. E. Ling. Cada um dos erros e intervenções conscientes de um copista. Partindo de um mundo que muda a cada segundo, muito se trans- forma e promove a evolução, e a inovação proporciona este movimento para que a espécie humana possa se apropriar dela e melhorar seu dia a dia. Em seu início, o homem criou e buscou formas para suprir suas necessidades e desejos; lembre-se que esses são diferentes, pois a ne- cessidade é algo indispensável e o desejo é algo que queremos, mas, convenhamos, podemos ficar sem. Na busca por atender as demandas 12 existenciais humanas, a inovação se mostrou eficiente desde os primei- ros utensílios, de defesa, caça, moradia e locomoção, até a chegada da tecnologia da informação. Diante disso Plonski (2017, p. 7) apresenta sua concepção sobre inovação: Inovação é a criação de novas realidades. Essa declaração singela realça características essenciais da inovação. Em primeiro lugar, ao ser criação ela é, ao mesmo tempo, o processo e o resultado de fazer existir algo que não havia e, por extensão, também de dar novo feitio ou utilidade a algo que já existia. Ao ser também entendida como processo a inovação deixa de ser percebida como fruto exclusivo de lampejos de inventividade ou engenhosidade, que certamente são bem-vindos e importantes. Vamos analisar o primeiro instante da concepção de Plonski “Inova- ção é a criação de novas realidades”, portanto, o homem primitivo tam- bém foi inovador? A resposta é sim, ele construiu e criou novas realida- des a partir de suas necessidades, a partir do momento em que surgiram as sociedades e os desejos se afloraram, promovidos pelo capitalismo. Adentrando nas organizações, em especial no agronegócio, a sis- temática necessidades e desejos se mostra de forma complexa e in- terligada, pois, vários fatores irão influenciar todo o processo, desde a produção até a divulgação e aquisição de produtos ou serviços oriun- dos do campo. Aqui temos a inovação como facilitadora desse processo sistêmico, onde poderemos ter mais eficiência e eficácia nos negócios. Portanto, a inovação se apresenta como a forma pela qual suprimos, de forma diferente, nossas necessidades e desejos. 13 Falando ainda de inovação, esse é um assunto que tem tomado es- paço nos eventos mundiais, promovendo discussões para a evolução de meios que visam o que comentamos sobre necessidades e desejos, principalmente no tocante a alimentação, processos produtivos, uso de- liberado de defensivos e hormônios. Vale ressaltar que a inovação está avançando as cadeias produtivas e, principalmente, dimensionando o agronegócio para um setor que é referência mundial, por ter importân- cia indispensável em nossas vidas: prover alimentação e recursos para outros setores produtivos. O cenário mundial do agronegócio, por seus desdobramentos nos sistemas agroalimentares do campo à mesa dos consumidores, resulta de milhares de condicionantes, inclusive as climáticas, que convergem para milhões de estabelecimentos rurais nos continentes da Terra, e onde a ciência e a tecnologia, associadas aos mercados, se transformam em produtos de ori- gem animal e vegetal e fundamentam as ofertas do setor de base florestal. Embora as taxas de urbanização ainda estejam numa escala ascendente, irreversível, também milhões de empreendedores rurais se dedicam às artes de plantar, criar, abastecer, exportar, conservar e preservar os re- cursos naturais. Fonte: https://www.cnabrasil.org.br/artigos/cenario-do-agronegocio-mun- dial-i 14 O Insper Agro Global analisa os grandes vetores de transformação do agronegócio mundial e a dinâmica da inserção internacional do Brasil, desenvolvendo estudos estratégicos, desenho de políticas e formação de pessoas. Fonte: https://www.insper.edu.br/noticias/insper-lanca-centro-agronego- cio-global/ “Inovação é a criação de novas realidades” (Plonski, 2017). Necessidade e desejos são diferentes, mas podem estar presentes no mes- mo lugar e contexto. ELEMENTOS COMPLEMENTARES Título: Agronegócios: Gestão e Inovação Autor: Luís Fernando Soares Zuim / Timóteo Ra- mos Queiroz Editora: Saraiva Sinopse: investigar e compreender algumas das complexas relações que organizam e orientam a gestão e, sobretudo, a inovação no agronegócio, é tarefa que já seria um desafio respeitável nos países desenvolvidos, onde o processo de cresci- mento e evolução dos setores econômicos se deu de maneira mais harmônica e compassada no rit- mo de suas próprias necessidades. No caso do Brasil, onde a evolução dos setores econômicos tem se dado de forma descoordenada e desencontrada, porque desigual- mente pressionada em toda sua história por interferências, necessidades e ritmos externos, a tarefa se torna um desafio ainda maior. A gestão e a https://www.insper.edu.br/noticias/insper-lanca-centro-agronegocio-global/ https://www.insper.edu.br/noticias/insper-lanca-centro-agronegocio-global/ 15 inovação da agricultura para se transformar em agronegócio tem se dado num cenário de contradições, em que parte do país convive com relações de produção ainda quase feudais, e outras partes procuram construir uma sociedade da informação a partir de uma sociedade industrial clássica de ciclo ainda incompleto. Ou seja, estamos evoluindo aos saltos e aos peda- ços. O livro “Agronegócios - Gestão e Inovação” aborda alguns dos mais importantes temas da atualidade para o agronegócio nacional e interna- cional. Grosso modo, pode-se dizer que o livro divide seus capítulos entre a apresentação de conceitos e de métodos de análise que se originam nas áreas da gestão e da economia. Essa abordagem de entendimento e intervenção é muito interessante e atual no estudo dos agronegócios. Título: Desafios para inovação no agro Ano: 2018 Sinopse: “A geração de soluções e novas tecnologias está no DNA da Em- brapa desde que foi criada, em 1973, com a missão viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a agricultura brasileira. Inserir a empresa em novos espaços de inovação e empreendedorismo aproxi- mam a Embrapa do ecossistema das startups, especialmente as AgTechs. Discutir como Startups e empreendedores em geral podem se aproximar da Embrapa para discutir soluções inteligentes e conectadas que possam fazer diferença no Agro é a ideia principal dessa palestra. Daniel Trento é gerente de Inovação da Embrapa. Doutor em Desenvolvimento Sustentável (UnB) e Mestre em Administração (UFSC). Tem Especializaçãoem Relações Internacionais, Gestão Local e Serviços Públicos (Ryukoku University, Japão) e vários cursos no exterior como Modelagem de Negócios na Stanford University. É professor do Curso de Pós-Graduação da Confederação Na- cional da Agricultura (CNA) para a disciplina de Tecnológica e Inovação no Agronegócio. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=2XBQ5Gohd10 https://www.youtube.com/watch?v=2XBQ5Gohd10 OS GANHOS DE PRODUTIVIDADE OCORRIDOS NA AGRICULTURA BRASILEIRA NAS ÚLTIMAS DÉCADAS AULA 02 17 A produtividade no campo deve ser levada a sério e também deve ser controlada para que possamos ter melhorias, sustentabilidade e re- sultados ampliados. Falar em produtividade logo traz à mente “ganhar”. Na verdade, o lucro da produção será relativo ao quanto, como e ao escoamento de tal produtividade. É interessante sempre analisar esses pontos, pois, não adianta ter produtividade e não ter escoamento, ou seja, quem compre tal produção. Em termos globais, os negócios sofrem alterações em suas negociações levando em conta padrões internacio- nais e, assim, alguns percalços podem surgir e dificultar o escoamento da produção. Antes de tudo, vamos compreender um grande acontecimento no mundo: a revolução industrial, quando podemos identificar enormes transformações, principalmente o surgimento e melhoramento de má- quinas, o que chamou a atenção de muitos. Neste contexto Gomes (s/d, p.1) relata que: As máquinas foram inventadas, com o propósito de poupar o tempo do trabalho humano. Uma delas era a máquina a vapor que foi construída na Inglaterra durante o século XVIII. Graças a essas máquinas, a produção de mercadorias ficou maior e os lucros também cresceram. Vários empresários, então, começaram a investir nas indústrias. Veja que a revolução industrial aconteceu através de tecnologia, e tal ainda vem revolucionando o mundo dos negócios. Prosseguindo, precisamos compreender dois conceitos relacionados aos produtos e insumos. Neste contexto, temos: 18 O produto é o resultado da agregação de lavouras temporárias, lavouras permanentes, produção animal e pecuária. Os insumos correspondem à terra (lavouras e pastagens), mão de obra e ca- pital – este último resulta da agregação dos valores de máquinas agrícolas e de defensivos e fertilizantes (GASQUES et al, 2018, p. 1). Partindo da relação entre produtos e insumos, temos que o agrone- gócio está presente no mercado como grande fomentador para outras áreas, principalmente as industriais. Diante disso, o IBGE (2017, p. 1) afirma que “decisões corretas sobre o setor rural brasileiro exigem que se conheça detalhadamente a realidade do País”, isso nos apresenta que sempre é necessário conhecer a região onde o negócio está inserido, obter informação e utilizá-la com conhecimento, e é neste momento que podemos ter melhores opções para o negócio e também tomadas de decisão mais assertivas. Vejamos a imagem a seguir: Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 2006/2017. 19 Observe que há uma grande área produtiva, e que vem aumentando, isso nos convida a analisar a sustentabilidade desse crescimento, uma vez que cresce a área que pode ser cultivada, é importante analisar como tal área evoluiu em relação ao negócio existente ali. Se pensarmos em áreas produtivas, temos que compreender a evolu- ção do agronegócio e como ele se apresenta depois de fatores políticos, sociais e econômicos. Neste contexto Alves, Contini e Gasques (2008, p. 67) dissertam que: Nos últimos 32 anos (1975 - 2007), a história da produção agrícola e dos setores para trás e para frente, definidos como agronegó- cio, é rica em lições. As terras férteis para culturas haviam sido já conquistadas, como as do Paraná e do Mato Grosso do Sul, restando áreas de campo com pouca fertilidade no Sul e as vastas extensões de Cerrado no Centro-Oeste, de pecuária extensiva, e marginais para as culturas. Neste contexto, é importante destacar o êxodo rural, ou seja, muitas pessoas deslocando-se para as cidades em busca de oportunidades, melhores salários e melhores condições de vida. Mas, com toda essa caminhada de mais pessoas nas cidades, aumentou também a neces- sidade de mais alimentos. Diante disso Alves, Contini e Gasques (2008, p. 67) afirmam que: A industrialização tomava força no País, levando consigo acelera- da urbanização, já que os salários no meio urbano eram superio- res aos da agricultura. Um novo desafio se impunha: abastecer com comida barata a crescente população urbana e aumentar e diversificar as exportações de produtos de origem agropecuária, garantindo divisas para a importação de bens de capital para a indústria. 20 Então, o agronegócio se mostra como veículo para atender tal de- manda e promover melhorias em produção, qualidade, tecnologia e modernização para que haja a ampliação dos alimentos e com menor custo. Neste contexto Alves, Contini e Gasques (2008, p. 70) relatam que “na modernização da agricultura, destacaram-se três políticas: o crédi- to subsidiado, principalmente para a compra de insumos modernos e financiamento de capital; a extensão rural; e a pesquisa agropecuária, liderada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)”. De acordo com o Bacen, existe um caminho para obtermos recursos financeiros para promover o agronegócio, vejamos a imagem a seguir: Fonte: https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/creditorural https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/creditorural 21 Se observarmos a gráfico a seguir podemos identificar que houve um avanço dos recursos, levando em consideração os valores correntes. Fonte: https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/anuario_estat_credrural É importante compreendermos que há, sim, oferta de crédito, mas que há a necessidade de analisar como cada crédito pode influenciar o negócio pelo qual você é responsável. É importante, ainda, ter uma viabilidade econômica dentro dos estudos antes de contrair um crédito. https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/anuario_estat_credrural 22 O agronegócio se mostra como veículo para atender uma demanda e pro- mover melhorias em produção, qualidade, tecnologia e modernização, para que haja a ampliação dos alimentos, com menor custo. ELEMENTOS COMPLEMENTARES Título: Agronegócios: gestão, inovação e susten- tabilidade Autores: Luís Fernando Soares Zuin, Timóteo Ramos Queiroz Editora: Saraiva Sinopse: A obra traz à tona essas e outras pro- blemáticas, destrinchando a complexidade do tema, seus atores, suas interações, seus sig- nificados e seus sentidos. Agora ainda mais completo, em sua segunda edição, apresenta capítulos atualizados e novos temas essenciais à área, como planejamento estratégico para o agronegócio, gestão da cadeia de suprimentos, empreendedorismo rural, inovação em cadeia de distribuição, entre outros. Os autores, preocupados em proporcionar ao leitor ampla compreensão sobre o tema, com excelente abordagem didáti- ca mostram como a produção de alimentos, combustíveis, fibras e outros produtos pode influenciar em nosso cotidiano, como na alimentação, no combustível dos veículos, nas roupas ou sapatos, em nossos celulares ou redes sociais e, até mesmo, no cotidiano das organizações. https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Lu%C3%ADs+Fernando+Soares+Zuin&search-alias=books https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_3?ie=UTF8&field-author=Tim%C3%B3teo+Ramos+Queiroz&search-alias=books https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_3?ie=UTF8&field-author=Tim%C3%B3teo+Ramos+Queiroz&search-alias=books 23 Título: As lições da agricultura para a produtividade da economia bra- sileira. Ano: 2017. https://www.youtube.com/watch?- v=fBSKvkT78KI https://www.youtube.com/watch?v=fBSKvkT78KI https://www.youtube.com/watch?v=fBSKvkT78KI O EMPREGO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS NO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO AULA 03 25 Desde seu surgimento, o homem busca formas diferentespara evo- luir suas “ferramentas” e facilitar suas atividades. Para isso, no campo, muito se está investindo em tecnologias e máquinas para que possamos ter uma produtividade elevada, com o mínimo de impacto ambiental e foco em sustentabilidade e lucro. Neste contexto, Mattei (2015, p. 1) destaca que: As últimas décadas do século XX foram marcadas por importantes mudanças na estrutura produtiva e na dinâmica socioeconômica rural brasileira, com impactos sobre as distintas formas de agri- cultura e de ocupações existentes em todas as grandes regiões do país. Já não é de hoje a evolução e a quantidade de máquinas no campo, demandas são exigidas pela sociedade, principalmente pelas necessi- dades causadas pelo êxodo rural e aumento da população nas cidades. Portanto, já não é mais tarefa só do produtor rural saber o que e como será realizada sua produção, outros fatores agora influenciam todo o processo produtivo no agronegócio. Com o crescente avanço das áreas rurais, novas tecnologias e modos produtivos surgem, e pequenas propriedades podem ter grande força no agronegócio; há a necessidade de termos equipamentos e maquinários que possibilitem que esse avanço possa ser eficiente e dar bons frutos. Neste contexto, Beckman e Santana (2019, p. 82) afirmam que “o terri- tório brasileiro está em constante transformação, principalmente quan- do se fala em expansão da fronteira agrícola no cerrado, a qual ocorre 26 acompanhada de modernas técnicas, equipamentos e biotecnologia”. É importante pensarmos nas máquinas e equipamentos como recursos que levam ao avanço e melhorias ao agronegócio, então voltemos no tempo: você já deve ter ouvido falar do arado de boi, um grande recurso tecnológico que contribuiu muito para o surgimento de novos equipamentos e, principalmente, para o melhoramento da preparação da terra em seu tempo de uso. Diante disso, Vian et. al. (2013, p. 720) afirmam que: O surgimento das máquinas e implementos para a agricultura no século XIX possibilitou ganhos de produtividade agrícola e do trabalho, mudando definitivamente a trajetória das técnicas de produção, e elevando a oferta de produtos agrícolas no mundo. Por outro lado, este processo reduziu a necessidade de envolvi- mento de mão de obra na produção agrícola. Além do ganho de produtividade, as máquinas possibilitam a padro- nização de processos de plantio e colheita, de engorda e abate, melho- ria no armazenamento e também no processo logístico. É importante destacar que as máquinas, mesmo tomando espaço da mão de obra, possibilitaram novas oportunidades para os trabalhadores, no sentido de carência de pessoal para manusear ou conduzir tais máquinas, por exemplo. Neste contexto: O processo de modernização da agricultura no Brasil teve início a partir de meados da década de 1960, com a chamada Revolução Verde. Com isso, tem o surgimento de novos objetivos e outras formas de exploração agrícola, ocasionando transformações tan- to na pecuária, quanto na agricultura (Vian et. al.,2013, p. 720). 27 Introduzir uma máquina numa propriedade rural, muitas vezes, se torna uma mudança de paradigma, pois irá interferir no modo como os indivíduos exercem suas funções, realização das atividades e o com- portamento em relação à construção de conhecimento em torno dessa máquina. É importante que você, gestor do agronegócio, promova tal utilização de modo que os indivíduos possam compreender as possibi- lidades que cada máquina ou equipamento irá proporcionar, e não se esqueça de deixar sempre o alerta que, muitas vezes, a aquisição de uma máquina pode ser onerosa e prejudicar o andamento e a saúde financeira da propriedade. Mesmo existindo linhas de crédito rural, fi- nanciamentos e subsídios, é importante ter uma viabilidade financeira para tal aquisição. Isso se mostra fato diante das ideias de Veiga et. al. (2017. p. 124), em que os autores apontam que “a agricultura familiar lançou mão da mecanização agrícola para se tornar mais rentável. Uma das máquinas que possibilitou este avanço foi o trator de rabiças”. Ve- jamos a seguir como as máquinas podem contribuir com a produção no agronegócio: • Agilidade na colheita: o que antes era realizado manualmente e poderia ter atrasos de entrega na colheita, agora pode ter processo de colheita mais rápidos e precisos, possibilitando a criação de novas oportunidades e dinamizando a diversifi- cação, onde uma colheita não irá atrapalhar o início de outro cultivo. 28 • Padronização da produção: as máquinas irão trazer consigo tecnologia, configurações e padrões que, por sua vez, serão observados na colheita; isso deve ser sempre acompanhado de um técnico que tenha conhecimento de tal máquina, para que, assim, possa essa ser eficiente em seu uso. • Aumento de produtividade: além da agilidade, o aumento de produtividade poderá ser evidenciado, pois, com as máqui- nas, há uma diminuição no erro de colheita e maximização dos resultados. • Diminuição do esforço físico humano: é importante destacar que, muitas vezes, uma máquina tira uma pessoa do trabalho, mas a mesma máquina que tira pode dar novas oportunida- des para aquela pessoa; ela poderá trabalhar com o mesmo negócio reduzindo seu esforço físico, e isso possibilita uma melhoria de qualidade de vida e minimização dos estresses. • Avanço tecnológico: para uma máquina ser construída, te- mos que ter tecnologia e recursos para isso; pois bem, esses mesmos recursos serão implementados na propriedade jun- tamente com a máquina, o que possibilita um avanço tecno- lógico naquela propriedade. Não podemos deixar em branco a revolução verde, pela qual muitos avanços tecnológicos puderam ser construídos e transmitidos na área do agronegócio. Ela está pautada na transmissão de conhecimento re- 29 lacionada com novas sementes e práticas agrícolas que, em seu ideal, resultam em um aumento em produção e, assim, reduzem o problema de fome no mundo, inicialmente nos Estados Unidos e na Europa. Todas as novas tecnologias eram em torno de insumos industriais, mecani- zação, redução de custo, modificação de manejo e implementação de máquinas e modificação genética. A revolução verde permeia a intensa utilização de recursos industriais, sementes melhoradas geneticamen- te e também o uso de fertilizantes e de máquinas para uma produção eficiente e eficaz, sem falar no gerenciamento da produção, que possi- bilitaria o controle total do processo. Tais conhecimentos foram introduzidos em países subdesenvolvi- dos, e o Brasil foi um desses países, o que desencadeou um aumento gigantesco na produtividade agrícola. A partir disso, o Brasil iniciou um ciclo de construção de conhecimento sob tal área e deu início a uma revolução tecnológica própria, fomentada por universidades e agências governamentais, passando a ser um grande transmissor de conheci- mento ao mundo. A revolução surgiu com a necessidade de alimentação de muitos, teve início na década de 40, mas só foi ter efetividade anos depois, nas décadas de 60 e 70; a ideia foi tão difundida, que outros países puderam se beneficiar de toda essa revolução, de sementes e novos métodos agrícolas. O Brasil também teve seu benefício, Lazzari e Souza (2017, p. 3) dissertam que: 30 A introdução da máquina, do veneno e do transgênico nos cam- pos do Brasil foi um processo que se iniciou ainda em tempos de Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945), pois dentre as indústrias mais desenvolvidas neste período, a indústria química se destaca e começa a buscar novos mercados para vender seus produtos, uma vez que, terminada a guerra, era necessário outro campo que consumisse as descobertas feitas por este segmento. Porém, os autores alertam para uma geração de diferenciação social. Mesmo com o intuito de eliminar a fome, sua evolução não foi susten- tável. Neste contexto, Lazzari e Souza (2017, p. 2) afirmam que a “intro- dução daRevolução Verde, ainda que prometesse erradicar a fome e trazer desenvolvimento, implantou mais diferença social e exploração, perpetuando-se com o capitalismo e a uniformização”. O importante é compreendermos que as máquinas e os avanços tecnológicos vieram e ainda continuam a surgir, e isso causará muitas discussões divergentes e convergentes, portanto, devemos acompanhar esses avanços de forma sustentável, ou seja, no uso consciente e efe- tivo desses recursos, e sempre pensar nos recursos naturais de forma saudável. 31 Mudança de paradigma Por Aline Angélica Verussa (Eng. Florestal e Eng. de Medicina e Segurança do Trabalho) Lembro-me de quando o meu pai ficava horas e horas esmagando os favos para obter mel, para depois trocar por alimentos num mercado em nossa cidade. Era muito cansativo, e o mel não tinha tanta qualidade, às vezes ficava com cor e gosto fora do padrão, devido o processo rudimentar. Com a melhoria de oportunidades para o investimento no agronegócio e, principalmente, para a agroindústria familiar e o empreendedorismo feminino rural, novas oportunidades surgiram. Neste momento, a tecno- logia chegou em nossa propriedade. É claro que os equipamentos e má- quinas eram manuais e demandavam, ainda, grande esforço físico, mas o avanço já foi grande, e isso possibilitou uma mudança no processamento e processo produtivo, onde tivemos a oportunidade de experimentar a padronização do nosso produto, o que ocasionou aumento de qualidade e quantidade. Com o aumento da produção e qualidade, as “coisas” ficaram mais fá- ceis e, outra vez, pudemos adquirir novas máquinas, agora boa parte de equipamentos que não necessitavam de força física, como, por exemplo, as centrífugas com motor elétrico, decantadores, peneiras de filtragem, mesas desoperculadoras, entre outros. Com o aumento de produção e qualidade, demos entrada na feira do produto, onde o mundo das possibilidades se ampliou e, hoje, apesar de sermos pequenos, vivemos bem, temos qualidade de vida e nosso produto é reconhecido e com acesso em nossa região, isso tudo graças às máquinas e a mudança e aceitação de novas tecnologias e conhecimentos. Fonte: Entrevista concedida por Aline Angélica Verussa em 17.10.19. Desde seu surgimento o homem busca formas diferentes para evoluir suas “ferramentas” e facilitar suas atividades. 32 ELEMENTOS COMPLEMENTARES Título: Nosso meio ambiente: Revolução Verde. Autor: Bicho Esperto. Editora: Ciranda Cultural. Sinopse: Como os recursos naturais da Terra estão se tornando cada vez mais escassos, é necessário encontrar soluções mais ecológicas para melhorar a qualidade de nossas fontes energéticas. Descubra e revolução verde, que incentiva a plantação de novas árvores e o culti- vo de alimentos, e também aprenda como usar fontes alternativas de energia que podem nos dar um mundo mais limpo e mais verde! Título: Terra e sustentabilidade. Sinopse: o documentário Terra e Sustentabilidade apresenta os benefícios de um dos sistemas agrícolas mais eficientes do ponto de vista da susten- tabilidade e da produtividade no campo, o sistema de manejo agrícola In- tegração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), que tem como objetivo integrar produção de alimentos, fibras, energia e madeira, realizados na mesma área, em cultivo consorciado, em sucessão ou rotação. “Terra e Sustenta- bilidade” mostra que as vantagens da recuperação de áreas e integração de cultivos são muitas: redução de custos de produção, melhor uso da terra, mais eficiência no uso da mão de obra e dos recursos de produção e uso adequado de energia, além da redução de emissões de gases de efeito estufa. A John Deere participa ativamente do programa integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF). A empresa apresenta aos produtores, por meio de dias de campo, os benefícios sociais, ambientais e econômicos da rotação de culturas, com pastagens e plantio de espécies florestais. “A John Deere tem organizado uma série de eventos e encontros com os agricultores, o que permite a ampliação da transferência de tecnologia e conhecimento técnico-científico aos produtores rurais”, diz Alfredo Miguel Neto, diretor de Assuntos Corporativos América Latina da John Deere. Fonte: https://www.agrolink.com.br/agromidias/video/terra-e-sustentabi- lidade---documentario-completo_11054.html https://www.agrolink.com.br/agromidias/video/terra-e-sustentabilidade---documentario-completo_11054.html https://www.agrolink.com.br/agromidias/video/terra-e-sustentabilidade---documentario-completo_11054.html A IMPORTÂNCIA DA INDÚSTRIA DE INSUMOS E EQUIPAMENTOS DO AGRONEGÓCIO NO SALTO TECNOLÓGICO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO AULA 04 34 Muitos avanços ocorridos nas indústrias promovem evolução no mundo dos negócios e, principalmente, nos produtos. As revoluções trazem consigo: • Novas oportunidades: novas ideias, contextos e conhecimen- tos surgiram e podem ser construídos e aumentar as possibi- lidades produtivas e tecnológicas. • Quebra de paradigmas: muitas culturas produtivas foram mo- dificadas e melhoradas através de novos contextos; inovação. • Novos modelos produtivos: ao mudar uma forma de produzir, inova-se e evolui-se melhorando processos; tem-se tarefas executadas com mais eficiência, resultados mais assertivos e tomadas de decisões eficazes. • Inovação: a inovação pode acontecer de diversas formas, mes- mo que já seja algo que exista, caso não tenha sido usada por uma determinada indústria ou propriedade, será uma inovação naquele lugar. • Melhoria em produtos: com a revolução, novos processos, agilidade e tecnologia aprimoram os produtos e abrem pos- sibilidades para o negócio. Neste contexto, o Brasil se mostra como uma grande referência para o agronegócio globalizado. Felema et. al. (2013, p. 556) comentam que: É importante destacar que, nos últimos anos, o Brasil se mostrou potencialmente forte na produção agrícola, fazendo uso de técni- cas e equipamentos sofisticados para um novo modelo de produ- 35 ção. Todo esse plantel tecnológico proporcionou novo dinamismo para a agricultura, fomentando a produtividade no campo. Para falar de uma agricultura ou pecuária de precisão com alta tec- nologia e produtividade, é indispensável que tenhamos em mente os avanços em relação aos insumos e equipamentos voltados ao agrone- gócio. São esses que fomentam grande parte das tecnologias no campo, através de sementes modificadas, genética melhorada de animais e tam- bém com máquinas que auxiliam no processo produtivo, do início ao fim, dentro e fora da porteira. Neste cenário Barros (2018, p. 8) destaca que: O setor agropecuário tem hoje uma intensa ligação com o setor industrial, muito maior do que mesmo pessoas bem informadas acham. Isto é resultado tanto do avanço na tecnologia de produ- ção, colheita e armazenagem, quanto da crescente complexidade no processamento e geração de valor de produtos e matérias-pri- mas para os mercados interno e externo. Para evoluir de forma sustentável e lucrativa é necessário que tenha- mos subsídios e recursos para tal, e, no agronegócio não é diferente, ter insumo e equipamentos avançados e tecnológicos faz toda a diferença na cadeia produtiva, seja qual for. As modernas e sofisticadas operações e processos no agronegócio evoluíram ao longo do tempo e se tornaram mais acessíveis, melhoran- do a produtividade no campo. Com todo esse avanço, outras demandas surgiram e, com elas, novas oportunidades. A indústria de insumos e equipamentos ganha grande importância neste cenário, pois é ela quem irá promover a manter funcionando as máquinas, prestando manuten- 36 ção, melhorando os insumos e promovendo a evolução tecnológica. Será o alimento para o processo tecnológico no agronegócio. Diante disso Oliveira (2003, p. 92) aponta que: Através da tecnologia, a grande indústria transforma atividades do trabalho artesanal em “máquina ferramenta”, que incorpora em si tais atividades. A mercadoriaproduzida pela grande indús- tria diminui seu preço devido ao aumento da sua produção, e os artesãos, não podendo concorrer com ela, tornam-se submetidos à mesma. Quanto mais avançada for a indústria de insumo, máquinas e equi- pamentos melhores, mais assertivas podem ser as atividades nas quais são utilizados tais recursos. É importante deixar um alerta, pois, muitas vezes, o produtor fica refém de um determinado recurso, o que inviabili- za o crescimento sustentável. Diante disso, Costa (2017, p. 3) relata que: O agronegócio, na realidade brasileira, na última década, tem se destacado com a expansão da produção agropecuária e o aumen- to das exportações de commodities e tem como características principais o uso intensivo de tecnologias, as pesquisas científicas inovadoras e as políticas oficiais de financiamento. Isto se mostra importante para refletirmos que, para que haja uma cadeia produtiva consistente e evolutiva tecnologicamente, é necessário fomento e recursos eficientes para execução das atividades com eficácia, diante dos objetivos demandados. Vejamos agora um fluxo de colheita: 37 Fonte: desenvolvido pelo autor (2019). Ao descrever o processo de colheita, mesmo que de forma simples, é possível identificar onde há a interferência da indústria de insumos e equipamentos. Pois bem, no início o preparado da terra se dá através de insumos tais como herbicidas para controle de ervas daninhas e matos; por sua vez, no plantio, é necessário, além de insumos, equipamentos que irão facilitar todo o processo de plantio e principalmente agilizar e padroni- zar. Na manutenção, temos o controle e manutenção do plantio que en- volve novamente a indústria de insumos no tocante ao fornecimento de herbicidas, aqui também é realizado o controle de pragas, que pode ser químico ou biológico; na colheita, novamente temos a utilização de maquinário agrícola, as colheitadeiras podem variar conforme modelo e tecnologias embarcadas nelas, hoje temos algumas que fazem a colheita via GPS e possuem precisão ímpar. Por fim, no armazenamento, temos três opções: deixar na própria propriedade, onde os grãos serão alocados em silos, e aqui a presença 38 da indústria novamente, ou nas empresas de segurança e até mesmo em cooperativas, que envolve processos de negociação, oferta e demanda. É importante destacar que o processo apresentado se trata de um plantio direto, ou seja, o preparo da terra se diferencia em relação ao cultivo convencional e o direto. Veja que a indústria se mostra presente em todos os processos que apresentamos no fluxo anterior, se analisar- mos a cadeia completa. Outros setores são envolvidos, como o comercial e de engenharia, que faz a ligação entre a indústria e o produtor. É claro, e você deve estar pensando, que toda essa utilização de insumos, equipamentos e maquinário será onerosa para quem adquirir e, sim, fica o ônus para o produtor, que deve analisar os custos para viabilizar tais aquisições. Você como gestor de agronegócio pode analisar esses custos e os relacionar com a produtividade e os ganhos, rentabilidade e, principalmente, melhorias no processo produtivo e tecnológico. 39 Como é! Por Geraldo Verussa (Cafeicultor, apicultor e silvicultor). Em minha vida de agricultor, já tivemos várias experiências e realizei diversos testes com plantios. Trabalhamos com diversidade de cultivo, moramos em uma propriedade relativamente pequena, mas que, com a diversificação, temos ganhos de produtividade o ano todo. Vou falar do processo perene do cultivo do café, onde é de suma importân- cia os insumos e equipamentos. Já de início, posso relatar que o processo manual de manejo do café é lento e de alto desgaste físico, trazendo difi- culdade de encontrar mão de obra. Por outro lado, o cultivo mecanizado se mostra mais eficiente, mesmo com uma produtividade menor, devido ao plantio denso e, ainda sim, possibilita maior rentabilidade em alguns casos. É importante dizer que, para que haja um plantio 100% mecanizado, é necessário ter cuidados que vão des- de o plantio espaçado e denso até a análise da geografia da propriedade, pois esses fatores irão interferir na mecanização. Já o cultivo e manejo podem ser totalmente manuais ou ter parte mecani- zado, utilizando implementos e máquinas como: derriçadeiras, pulveriza- dores costais e terreiro de secagem a lenha e suspenso. Fonte: Entrevista concedida por Geraldo Verussa em 23.10.19. Para evoluir de forma sustentável e lucrativa é necessário que tenhamos subsídios e recursos para tal; no agronegócio não é diferente, ter insumo e equipamentos avançados e tecnológicos fazem toda a diferença na cadeia produtiva, seja qual for. 40 ELEMENTOS COMPLEMENTARES Título: Agronegócios: Gestão, inovação e sus- tentabilidade Autor: Luiz Fernando Soares Zuin e Timóteo Ramos Queiroz Editora: Saraiva Sinopse: Nos últimos anos, os expressivos avanços obtidos no agronegócio brasileiro de- ram a essa área um reconhecimento público quanto ao seu potencial produtivo e seu poder econômico. No entanto, a divulgação das in- formações relacionadas a esse tema complexo não se dá na mesma proporção da compreen- são do público com que ele se relaciona, o que gera inúmeras dúvidas, como “o que é, quem o compõe, como se organiza e como gerenciá-lo”. Tais perguntas apenas suscitam o debate, mas não o finalizaram. Agro- negócios: gestão, inovação e sustentabilidade traz à tona essas e outras questões, levando o leitor a compreender a complexidade do tema, seus atores, suas interações, seus significados e seus sentidos. O livro revela um conjunto de conteúdos que propiciam a construção de um entendimento profundo, multidisciplinar e sistêmico sobre os principais temas que en- volvem o agronegócio brasileiro, e, além disso, mostra como a produção de alimentos, combustíveis, fibras, entre outros produtos, pode influenciar seu cotidiano. 41 ELEMENTOS COMPLEMENTARES Título: Agronegócios: Gestão, inovação e sus- tentabilidade Autor: Luiz Fernando Soares Zuin e Timóteo Ramos Queiroz Editora: Saraiva Sinopse: Nos últimos anos, os expressivos avanços obtidos no agronegócio brasileiro de- ram a essa área um reconhecimento público quanto ao seu potencial produtivo e seu poder econômico. No entanto, a divulgação das in- formações relacionadas a esse tema complexo não se dá na mesma proporção da compreen- são do público com que ele se relaciona, o que gera inúmeras dúvidas, como “o que é, quem o compõe, como se organiza e como gerenciá-lo”. Tais perguntas apenas suscitam o debate, mas não o finalizaram. Agro- negócios: gestão, inovação e sustentabilidade traz à tona essas e outras questões, levando o leitor a compreender a complexidade do tema, seus atores, suas interações, seus significados e seus sentidos. O livro revela um conjunto de conteúdos que propiciam a construção de um entendimento profundo, multidisciplinar e sistêmico sobre os principais temas que en- volvem o agronegócio brasileiro, e, além disso, mostra como a produção de alimentos, combustíveis, fibras, entre outros produtos, pode influenciar seu cotidiano. Título: Agricultura tamanho família Ano: 2014 Sinopse: Em nosso país, dos quase 5 milhões de estabelecimentos rurais, 4,5 milhões são ocupados por um outro tipo de agricultura: a agricultura familiar, que utiliza estratégias de produção que respeitam o meio ambiente e produzem a maior parte do alimento que chega à mesa dos brasileiros. O filme mos- tra as diversas formas de agricultura familiar e o quanto ela cria e impulsiona a cultura, a produção, as relações sociais e os afetos no interior brasileiro. Agricultura familiar é a afirmação da vida no campo. Agricultura Tamanho Família revela que o agronegócio não é a única modalidade de produção existente no campo, nem é o mais importante para o abastecimento interno e a garantia da segurança e soberania alimentar do povo brasileiro. O PERFIL EMPREENDEDOR DASPESSOAS QUE TRABALHAM NO CAMPO BRASILEIRO AULA 05 43 Se formos citar nomes de empreendedores e empreendedoras, tere- mos uma vasta lista onde poderemos vislumbrar o(a) empreendedor(a) e seus feitos. Muitos ou uma grande maioria teve seu instinto empreen- dedor aflorado no meio urbano; tal fato nos convida a pensar sobre o campo: será que é possível ter empreendedores e empreendedoras no agronegócio? Neste contexto, Bracht e Werlang (2015, p. 103) relatam que a “quase inexistência de trabalhos que identifiquem a associação das competên- cias empreendedoras no setor rural brasileiro é um entrave ao entendi- mento de sua magnitude”, portanto cabe identificarmos e ampliarmos as possibilidades de entendimento e características dessa área. Se levarmos em conta que ter um negócio já é empreender, então temos muitos exemplos no meio rural. O trabalho no campo requer uma dedicação especial, não mais importante que os demais segmentos, mas uma forma diferente, pois o trabalho é árduo e será colocado à prova constantemente. Diante disso, Silva et. al. (2013, p. 4) apontam que: Nos anos 90, o Brasil se preparou para a competitividade devido a globalização da economia, buscando um diferencial nos produtos e serviços por meio da qualidade. Saliente-se que, para competir no mercado internacional, são necessários padrões de excelência nos produtos e serviços. Desta forma, transparecia a diferença entre as empresas nacionais e internacionais. Ser empreendedor(a) do campo vai além das “porteiras” das proprie- dades, pois o(a) proprietário(a) deverá buscar conhecimento fora da sua zona de conforto. Buscar informações para validar seu conhecimento 44 também proporcionará uma ampliação de conhecimento. Se pensarmos em empreendedorismo como meio de promover ino- vação e sobrevivência, o homem primitivo foi um grande empreendedor, pois fazia suas próprias ferramentas, abrigo, instrumentos e desenvolvia formas de caça e de cultivo de alimentos. Os Maias também promoviam o empreendedorismo, para tal sua economia era agrícola, pautada em agricultura com irrigação, que em seu tempo era algo inovador e avan- çado. E não podemos deixar de citar as contribuições com a arquitetura, artesanato e com empreendedorismo do conhecimento, esse baseado em conhecimentos matemáticos. Mesmo com indícios de empreendedorismo, esse só teve seu estudo efetivo quando o mundo adentrou o século XX, a partir das invenções e revoluções. Neste contexto Oliveira (2012, p. 2) conclui que: na prática o empreendedorismo costuma ser definido como o processo pelo qual as pessoas iniciam e desenvolvem seus negó- cios. É um fenômeno complexo que envolve o empreendedor, a empresa e o cliente, que fazem parte deste processo. Empreendedores(as) são indivíduos capazes de influenciar pessoas e organizações para que suas ideias possam ser implementadas e fi- nanciadas, fazem com que a sociedade volte seus olhares para o que inventaram ou fizeram, obviamente calculam os risco e os encaram, planejam suas ações e as colocam em ação, tomam decisões e buscam melhorar com os erros. Diante disso Arnold (2011, p. 29) disserta que: 45 Hoje o Brasil rural precisa ser visto de maneira diferente, não ape- nas como aquele espaço voltado à atividade agropecuária, mas como uma nova dimensão socioeconômica, cuja principal inova- ção ocorre pela oferta de bens considerados como não tangíveis de novos produtos. Essas mudanças trazem consigo um conjunto de exigências sobre o agente no processo de decisão-ação, quer seja na condução do negócio agropecuário, quer na exploração de novas oportunidades que surgem a partir de uma nova dinâmica nas relações cidade-campo e campo-cidade. Ao falar de empreendedor do campo é interessante que tenhamos em mente que o agronegócio é uma área de amplo espaço, principal- mente no Brasil, e conta com alta tecnologia e recursos para evoluir. É importante, ainda, destacar que nem sempre o inovador trará impactos mundiais, nem sempre será um invento, um produto. Vejamos situações que envolvem inovação: • Invenção de produtos e serviços novos; • Melhorias em produtos e serviços; • Modelos produtivos; • Quebras de paradigmas; • Implementação de modelos produtivos; • Tecnologia de informação. O importante é compreender o contexto onde está inserido o em- preendedorismo. Qual a sua relação com a sociedade e o que gera de valor. Neste sentido, o(a) empreendedor(a) do campo ganha destaque no tocante a implementação de novos projetos, mesmo que pequenos e de impactos locais, e é possível identificarmos uma metodologia global. Diante disso, Schinaider et. al. (2017, p. 44) afirmam que: 46 Os empreendedores por oportunidade podem ser os próprios agricultores. A sua propriedade rural pode passar de um negó- cio informal, para um negócio formal utilizando-se de ferramen- tas administrativas, gestão e geração de lucros. Por outro lado, podem ser empreendedores por necessidade evitando o êxodo rural, que ocasiona o inchaço nas grandes cidades e o aumento da pobreza e violência. Por necessidade ou não, o(a) empreendedor(a) do campo pode ter várias oportunidades para suprir com suas necessidades e desejos. Ve- jamos mais sobre o empreendedor rural: Fonte: Schinaider et. al. (2017). 47 O gráfico nos mostra que, para ser empreendedor no campo, é ne- cessário, além de prática, ter conhecimento de área, economia, estraté- gia, planejamento e gestão de compras/estoques. O empreendedorismo rompe as barreiras de somente “fazer”, busca estudo e compreensão do negócio para tomadas de decisão assertivas, e conhecer as possi- bilidades e envolvidos nas negociações. Neste contexto, Weber et. al. (2016, p. 3) apontam que “a agricultura tem papel fundamental no de- senvolvimento sustentável, no contexto da agricultura familiar; o agente promotor da inovação, o gestor das mudanças, é produtor rural”. Os autores trazem ainda que o(a) empreendedor(a) do campo herda o ne- gócio e faz a escolha de seguir ou não. Portanto, Weber et. al. (2016, p. 3) dissertam que: O agronegócio brasileiro é um dos setores mais dinâmicos da economia, assim, o meio rural precisa acompanhar as transforma- ções tecnológicas, econômicas, políticas e sociais. Mesmo frente à esta dinamicidade, destaca-se que a maioria dos agricultores não escolhe a profissão, ela normalmente é herdada. No agronegócio muito se há e é construído através do “agrofamiliar”, onde herdeiros ou sucessores dão a sequência nos negócios da família, o que podemos chamar de empreendedores(as) herdeiros, ou seja, aquele que herda um negócio pronto e tem a possibilidade de seguir ou não. A escolha será influenciada pelas necessidades e desejos desse indivíduo e dos que o cercam. 48 Situações que envolvem inovação: • Invenção de produtos e serviços novos; • Melhorias em produtos e serviços; • Modelos produtivos; • Quebras de paradigmas; • Implementação de modelos produtivos; • Tecnologia de informação. OS PRINCIPAIS CONCEITOS LIGADOS À INOVAÇÃO, À CAPACIDADE DE ABSORÇÃO E AO APRENDIZADO TECNOLÓGICO NO ÂMBITO DO AGRONEGÓCIO AULA 06 50 Ao falar de novas tecnologias no agronegócio, não podemos deixar de destacar a importância do conhecimento no campo. Talvez um dos principais recursos que podemos utilizar em um negócio. Este é um recurso intangível e que irá diferenciar o negócio, e é com ele que po- deremos construir novos conhecimentos. Outra nuance importante é a inovação, e para compreendê-la vamos utilizar dois momentos, os quais podemos identificar a ocorrência da inovação. Veja a imagem a seguir: Fonte: desenvolvido pelo autor (2019) A imagem faz referência a uma perspectiva glocal da inovação, pois a inovação pode interferir de forma particular e também global, ou seja, os impactos de algo inovador podem surgir e ter mudanças globais, onde muitos irão se beneficiar ou promover impactos particulares, de modo que poucosterão acesso aos benefícios da inovação. Para compreender melhor, existem inovações que causaram impactos globais, mesmo que essa tenha acontecido num contexto específico, podendo ser utilizadas por outrem. Por outro lado, a inovação pode acontecer na mudança de um modelo produtivo para outro, o novo modelo já existe e é difundido 51 pelas literaturas da área, a inovação já aconteceu, no entanto para quem não utilizou ainda o modelo será uma novidade, algo novo e inovador para aquela organização. Diante disso Plonski (2017, p. 7) afirma que: Inovação é a criação de novas realidades. Essa declaração singela realça características essenciais da inovação. Em primeiro lugar, ao ser criação ela é, ao mesmo tempo, o processo e o resultado de fazer existir algo que não havia e, por extensão, também de dar novo feitio ou utilidade a algo que já existia. Ao ser também entendida como processo a inovação deixa de ser percebida como fruto exclusivo de lampejos de inventividade ou engenhosidade, que certamente são bem-vindos e importantes. Quanto a capacidade de absorção da inovação, o agronegócio é uma área ávida de tecnologia, pois é com ela que podemos ampliar a pro- dutividade, qualidade e poder de negociação de produtos e serviços no agronegócio. Por outro lado, falar de absorção de tecnologia e inovação remete à construção do conhecimento sobre esses temas, e o importante é descobrir com o conhecimento, que pode construir o conhecimento do indivíduo do campo. Por tempos, as pessoas oriundas do campo eram consideradas desprovidas de conhecimento e com baixa escolaridade. Meu avô me contava que em seu tempo não havia muita oportunidade para estudar, o “estudo geralmente era até o ginásio e depois já tinha que ir pra lida”. Os tempos eram outros e, com o advento da internet, o que não havia nos tempos de meu avô, as informações podem ser encontradas com mais facilidade e rapidez, mesmo com o mínimo de conhecimento 52 de internet. Diante disso, Cervera (2011, p. 3) afirma que: O atual cenário competitivo entre as organizações faz com que o valor do conhecimento se defina cada vez mais como um recurso estratégico. Sua gestão se faz cada vez mais necessária, de forma a preservar o capital intelectual da empresa e diminuir o impacto da renovação e aperfeiçoamento da força de trabalho. Portanto, o conhecimento deve ser utilizado no campo como recurso gerador de valor e, principalmente, fator de diferenciação e inovação. Neste sentido, Cervera (2011, p. 4) fala que “a ausência de conhecimento numa organização impossibilita a geração da vantagem competitiva e a capacidade de transformação do conhecimento em inovação”. Vamos analisar a dialética do conhecimento onde há um processo de constru- ção, através de indagações racionais que, diante das ideias de Ferigato (2016, p. 29), afirmam que: A dialética, na Grécia antiga, tem sua origem no processo do diálo- go e que aos poucos passou a ser a arte de dialogar de modo que um indivíduo tivesse a capacidade de elucidar uma tese através da argumentação e ser capaz de definir e distinguir conceitos que foram apresentados em sua tese. Então, dialogar pode ser um caminho versátil para a construção do conhecimento. Portanto, deve e é responsabilidade do gestor do agrone- gócio promover tal construção de modo a trazer ao campo informações que possam ser utilizadas com valor agregado e, consequentemente, se transformar em conhecimento para os produtores rurais e também para efetivação de seus conhecimentos teóricos em conhecimento práticos, 53 o qual podemos observar a internalização do conhecimento. Diante disso Dalmau et. al. (2010, p. 1-2) relatam que “a internalização é o processo de incorporação do conhecimento explícito ao tácito, sendo a aprendizagem uma maneira de efetuar esta conversão”. Internalizar o conhecimento não é tarefa fácil e pode ser de difícil identificação, pois há um momento onde o indivíduo não conseguirá compartilhar conhe- cimento devido a fatores ligado à externalização desse conhecimento; é como saber pra si mesmo e não conseguir explicar o que sabe para outrem. Um dos momentos de absorver conhecimento tecnológico está rela- cionado com à utilização de equipamento e maquinário na propriedade rural, pois, tais recursos são tecnológicos em sua construção e neces- sitam de conhecimento para serem configurados, ligados e até mesmo manipulados. Existem cursos e momentos com os fornecedores, onde é possível aprender e absorver os conhecimentos envolvidos com esses equipamentos e máquinas, momento esse que deve ser aproveitado para sanar dúvidas e, principalmente, compreender todas as possibili- dades de tais equipamentos. Portanto, é interessante que, ao adquirir uma máquina ou equipa- mento, você busque conhecimento “na fonte”, ou seja, conhecimento com quem fabrica ou comercializa tais máquinas e equipamentos. De- pois, complementar tal conhecimento com informações oriundas da internet, como outros usuários em processo de compartilhamento de 54 conhecimento e informações sobre a usabilidade das máquinas e equi- pamentos. Mas, afinal, o que é inovação? O que é tecnologia? Informação? Co- nhecimento? • Inovação é o processo onde algo novo surge, totalmente novo ou parcialmente novo; • A tecnologia transpassa a utilização de recursos eletrônicos, métodos e metodologias, usabilidade, experiências e exper- tises que ao longo do tempo foram efetivadas pelo homem; • Informação é o conjunto de dados organizados com um obje- tivo, agrupados e processados de forma sistemática através de recursos tecnológicos, científicos e empíricos; • Por sua vez, o conhecimento, é a informação utilizada com valor agregado, é quando utilizamos algo para obter um re- sultado esperado diante de um objetivo específico. Sabendo disso, podemos concluir que a absorção de conhecimento em torno de tecnologia e inovação existe e pode ser maximizada diante dos objetivos que os indivíduos possuem, e cabe a eles se permitirem utilizar tais conhecimentos no campo como mecanismos de inovação e competitividade, tornando-os referência no que fazem ou podem fazer. Diante disso, Sousa (2019, p.1) ressalta que: O conhecimento está diretamente ligado ao homem, à sua rea- lidade. O conhecimento pretende idealizar o bem-estar do ser humano, logo o conhecimento advém das relações do homem 55 com o meio. O indivíduo procura entender o meio partindo dos pressupostos de interação do homem com os objetivos. É uma forma de explicar os fenômenos das relações, seja, entre sujeito/ objeto, homem/razão, homem/desejo ou homem/realidade. Aprender algo vai muito além de simplesmente escutar alguém falar sobre algo, é indagar, expor suas ideias e experiências, praticar, mudar a opinião, usar de forma diferente, planejar, executar e, principalmen- te, compartilhar o conhecimento com mais indivíduos como forma de testá-lo e perpetuá-lo para que mais e mais possa ser utilizado como conhecimento. • Inovação é o processo onde algo novo surge, totalmente novo ou parcialmente novo; • A tecnologia transpassa a utilização de recursos eletrônicos, méto- dos e metodologias, usabilidade, experiências e expertises, que ao longo do tempo foram efetivadas pelo homem; • Informação é o conjunto de dados organizados com um objetivo, agrupados e processados de forma sistemática através de recursos tecnológicos, científicos e empíricos; • Por sua vez, o conhecimento, é a informação utilizada com valor agregado, é quando utilizamos algo para obter um resultado espe- rado diante de um objetivo específico. 56 ELEMENTOS COMPLEMENTARES Título: Agronegócios: Gestão e Inovação Autor: Luis Fernando Soares Zuin Editora: Saraiva Sinopse: O livro “Agronegócios - Gestão e Inova- ção” aborda alguns dos mais importantes temas da atualidade para o agronegócio nacional e in- ternacional. Grosso modo, pode-se dizer que o livro divide seuscapítulos entre a apresentação de conceitos e de métodos de análise que se ori- ginam nas áreas da gestão e da economia. Essa abordagem de entendimento e intervenção é muito interessante e atual no estudo dos agronegócios. Título: Escola no campo Ano: 2014 Sinopse: O Brasil possui mais de 70 mil es- colas públicas localizadas em zonas rurais; é o que aponta o último censo escolar, rea- lizado em 2013. Nessas escolas, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o sistema de ensino deve ser adequado às peculiaridades da vida rural, assegurando conteúdos e metodologias adaptados aos interesses da população do campo. No entanto, essa ainda é uma realidade distante: faltam recursos, financeiros e pedagógicos, professores especializados e transporte público de qualidade que garanta a frequência dos estudantes. Quais são os diferenciais da educação no campo? O que pode ser feito para valorizar e preservar a cultura rural? Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=EnXa52E2Hf4 https://www.youtube.com/watch?v=EnXa52E2Hf4 A GESTÃO DA INOVAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DE PROCESSOS PRODUTIVOS VOLTADOS À FABRICAÇÃO DE PRODUTOS AGROALIMENTARES DIFERENCIADOS AULA 07 58 Os cuidados com a saúde ganham espaço na medida em que as pes- soas desejam viver mais e melhor, e diante disso muitos vêm buscando formas de longevidade, uma delas é a alimentação saudável. Portanto, é importante que tenhamos cuidados e busquemos novas formas de atender as demandas dos consumidores. Vale ressaltar que a inovação não se trata somente de recursos tecnológicos, muitas vezes a inovação se dará através de manejo e cultivos sustentáveis e menos nocivos à saúde. Neste contexto, Senhoras et. al. (2007, P.1) dissertam que: O Desenvolvimento de Novos Produtos (DNP) tem adquirido cres- cente importância nas empresas devido à acirrada concorrência e as demandas dos consumidores no mercado, que têm forçado a elevação dos padrões de excelência nos níveis de qualidade, preço e prazo de desenvolvimento, compatíveis às melhores práticas, que são internacionalizadas. Vamos entender o que é gestão e como ela pode interferir positi- vamente no processo produtivo agroalimentar. Rodrigue e Blattmann (2014, p. 6) dissertam que: Na sociedade global da informação em que as empresas e as or- ganizações estão inseridas, percebe-se que o processo de busca por conhecimento e informação que caracteriza a função da pro- dução tecnológica tende a se expandir com a busca por inovações e desenvolvimento mais acelerado de novos produtos e serviços baseados na informação. Falar de gestão é super importante, pois é com ela que irá organizar e controlar as informações para que o negócio possa evoluir de forma sustentável e com conhecimento, compreender como a informação e a 59 inovação podem contribuir para construção de conhecimento em prol de um processo produtivo coerente com a legislação, em se tratando de agroalimentos. É valioso destacar que a gestão irá trabalhar como veiculador da informação para a construção do conhecimento, identifi- cação e utilização da inovação e tecnologias existentes, tornando assim o processo mais assertivo e com resultados maximizados. Mas, agora, se você está pensando que o processo de gestão se apre- senta de forma complexa e com dimensões gigantescas, pelo contrário, muitas vezes a inovação está presente nas coisas mais simples e em subáreas, de acordo com Tidd, Bessant e Pavitt (2008), as quais podemos utilizar para melhorar um processo, um produto, o manejo, a colheita, o abate e também em todo o processo: antes dentro, e depois da porteira. Diante disso, Stefanovitz, J. P. et al (2014, p. 463) afirmam que: As abordagens modernas para a inovação reconhecem que ela não deve ser enxergada como um evento isolado, mas como um processo. Esse caráter processual explicita a necessidade de se concatenar de forma estruturada as várias atividades e áreas en- volvidas nesse desafio. Agora, vamos entender, com esses autores, organização à inovação, e vamos compreender como ela está ligada no processo de produção agroalimentar: 60 Fonte: adaptado de Stefanovitz, J. P. et al (2014) Nas ideias dos autores, o fluxo nos mostra o momento inicial como a prospecção, onde são avaliadas ideias e literatura sobre a temática de inovação e gestão, a fim de termos noção das oportunidades e um check list dos itens que podemos utilizar e executar. Na sequência, a ideação é um momento importante onde as ideias serão transmitidas e classi- ficadas, a fim de reunir as ideias que de fato poderão ser utilizadas e efetivamente implementadas, neste ponto, é interessante que toda ideia deve ser levada em consideração, mas nem todas serão de fatos usáveis. Na construção de estratégias, é o momento onde serão mapeados os processos e as respectivas ideias, e onde serão utilizadas e implemen- tadas, é a etapa pela qual se definem os planos, objetivos e metas. A mobilização de recursos se trata de elencar quais os recursos necessá- 61 rios para que os processos de produção agroalimentar possam ser de- senvolvidos de forma efetiva e com resultados alinhados aos objetivos. Por fim, a implementação, o colocar em prática, é o momento de fa- zer, executar todos os processos de produção e de desenvolvimento de produtos. A avaliação é uma etapa que pode ser realizada em todos os processos, pois é ela que irá verificar todo o processo de construção do conhecimento, planos e metas, lições aprendidas e informações obtidas. A discussão e entendimento dos processos produtivos na indústria agroalimentar se fazem necessários, pois, muitos polos estão desenvol- vendo diversos procedimentos e condutas que, muitas vezes, carecem de estudos e validação desse conhecimento, promovendo assim um cluster do conhecimento que poderá ser utilizado como fomentador de outros conhecimentos. Neste sentido, Lins (2006, p. 315) aponta que: Em grande medida, a proeminência dos clusters de atividades produtivas no debate sobre desenvolvimento local e regional re- flete a visão de que essas estruturas tendem a representar am- bientes propícios à difusão do conhecimento e aos processos de inovação. Esse perfil decorre da proximidade entre os agentes, que facilita e estimula (embora não garanta) as interações, e da herança técnico-setorial enraizada localmente, lubrificantes da aprendizagem. Mas também o arcabouço institucional constitui alicerce indispensável, pela função estratégica de promover vín- culos cooperativos. Nesta perspectiva, temos um outro conceito bastante importante: compreender que é o glocal. Este conceito trabalha com a ideia de ana- lisar um contexto regional diante dos padrões globais, promovendo, assim, uma padronização nos processos e métodos já consolidados. 62 Esta perspectiva analisa um determinado padrão regional ou local em conformidade com os padrões globais, ou seja, quais os impactos dos padrões globais em um contexto específico, regional e local. Para a gestão da inovação é super importante que tenhamos essa visão bem definida, para que os processos e padrões globais possam ser implementados de modo coerente com o que deve ser feito e, principal- mente, dar os resultados esperados. A seguir temos os três elementos que são indispensáveis para o processo de gestão da inovação, vejamos: Fonte: desenvolvido pelo autor (2019) Os dados darão base para que as informações possam ser concre- tizadas de modo assertivo e coerente com a realidade e com os obje- tivos pelos quais os dados foram coletados. As informações, por sua vez, serão o resultado do processamento de dados, e se torna fomento para construção de conhecimento, e esse será provedor e veículo de inovação. A gestão da inovação dará recursos, métodos e ferramentas que as agroindústrias poderiam se utilizar para produção diferenciada de alimentos e para atender as demandas sociais de modo glocal. Cabe a você gestorde agronegócio compreender e analisar sua re- gião e como devem ser os processos produtivos, as exigências sanitárias, os padrões e cuidados que devem ser levados em consideração na hora de produzir ou manipular um alimento e disponibilizá-lo a um cliente. 63 Lembre-se de sempre buscar informações em repositórios confiáveis e de fonte seguras. Não esqueça de analisar os conhecimentos de modo glocal e adaptá-los à sua realidade. http://www.camera.ind.br/novo/index.php https://www1.sfiec.org.br/observatorio-da-industria/setores-estrategi- cos/1323/industria-agroalimentar http://www.camera.ind.br/novo/index.php https://www1.sfiec.org.br/observatorio-da-industria/setores-estrategicos/1323/industria-agroalimentar https://www1.sfiec.org.br/observatorio-da-industria/setores-estrategicos/1323/industria-agroalimentar 64 Busca por alimentos de qualidade Por: VIVIAN GRASIELE FABENE / Nutricionista CRN 8 10134 Hoje em dia, ninguém duvida dos benefícios que uma boa alimentação pode trazer, não é mesmo? Por conta disso, noto que a busca por uma alimentação saudável tem crescido de forma surpreendente nos últimos anos. A agência internacional de pesquisa Euromonitor, aponta que o mer- cado de alimentação ligado à saúde e bem-estar cresceu 98% no Brasil de 2009 a 2014. Alimentação saudável é sinônimo de dieta equilibrada ou balanceada, e posso resumi-la em três pilares: variedade, moderação e equilíbrio. O equi- líbrio na dieta contribui para a longevidade, bem como para a prevenção e tratamento de doenças. Diante disso, é notável a preocupação das pes- soas em consumir alimentos de qualidade e também um desafio para nós nutricionistas aliar saúde e praticidade na prescrição de dietas. Destaco a procura por alimentos produzidos de forma orgânica, mesmo tendo um custo mais elevado, o consumidor se mostra disposto a pagar mais por alimentos produzidos com métodos que não utilizam agrotóxicos sintéticos, transgênicos ou fertilizantes químicos. E, além de contribuir para seu bem-estar, colabora de forma sustentável com o meio ambiente. Também percebo uma valorização das preparações tradicionais e con- sumo dos alimentos regionais, muitas vezes ofertados pela agricultura familiar. Essa postura tem motivado produtores a investirem na qualidade de seus produtos, o que promove maior disponibilidade e variedade de alimentos saudáveis à população. Fonte: entrevista concedida por Vivian Grasiele Fabene em: 27.08.19. 65 Por: Daniele Gonçalves Vieira / Nutricionista CRN8-4758 /Doutora em Química/ Docente do Curso de Nutrição da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO) Como Nutricionista, professora Universitária, trabalho diretamente na supervisão dos acadêmicos do Curso de Nutrição, no atendimento a pa- cientes com diferentes perfis demográficos, socioeconômicos e culturais, porém, mesmo com essas diferenças entre os indivíduos, percebemos que o consumo de alimentos industrializados processados e ultraprocessados é altamente prevalente na sociedade atual, muito citado principalmente pela praticidade e palatabilidade desses produtos. Considerando o baixo valor nutricional, esses alimentos contêm ainda alto teor de gorduras, açúcares e sal, e muitas vezes preço de venda elevado. Recomendamos a diminuição ou substituição do consumo desses alimen- tos por aqueles chamados alimentos in natura, que são produtos frescos advindos de produtores locais que, além de gerar renda para a região, ainda tem benefícios diretos à saúde humana, já que são alimentos ricos em vitaminas, minerais e fibras, nutrientes essenciais para gerar qualidade de vida e manter o estado nutricional adequado. Nesse contexto, sugerimos também a escolha dos produtos orgânicos, que além da qualidade nutricional ainda são livres de agrotóxicos, pesticidas, defensivos agrícolas, hormônios etc., que são nocivos e podem causar riscos à saúde dos indivíduos que os consomem. Os produtos orgânicos ainda apresentam qualidades organolépticas como sabor, textura, odor, cor superiores aos produtos convencionais, quando aplicadas técnicas inovadoras em sua produção. Em nossa experiência, temos relatos positivos das pessoas que optam pelo consumo desses produtos, tanto na questão da verba mensal destinada a compra de alimentos, que não é prejudicada, quando se compra produ- tos orgânicos em detrimento aos alimentos industrializados, quanto em relação à disposição, qualidade de vida e melhores parâmetros físicos e bioquímicos. Fonte: entrevista concedida por Daniele Gonçalves Vieira em: 11.09.19. 66 Lembrem-se sempre da visão glocal, analisar seus ambientes de modo global, adaptando e modificando o que for necessário. ELEMENTOS COMPLEMENTARES Título: Evolução do Sistema Agroalimentar Mundial: Contradições e Desafios Autor: Nilson Maciel de Paula Editora: CRV Sinopse: A relação entre produção e consumo de alimentos tem sido claramente transforma- da a partir de eventos globais, envolvendo um mercado fortemente moldado pela força de grandes corporações, comercializando com- modities agrícolas, industrializando alimentos e definindo padrões de consumo. Tendo por base a centralidade do agronegócio americano, o sistema agroalimentar evoluiu desde o pós-Segunda Guerra na direção de uma estrutura globalizada, cuja capilaridade se estendeu de forma sig- nificativa a partir do final do século XX atingindo comunidades localizadas até nos mais remotos espaços. Dispondo como referência os traços es- truturais da ordem alimentar atual, regulada por mercados amplamente financeirizados, sob a prevalência de princípios neoliberais, esse processo desembocou em visíveis contradições. Ao mesmo tempo em que forças hegemônicas instaladas em complexas estruturas agroindustriais, da agri- cultura às redes de abastecimento, elevaram o potencial produtivo, não têm impedido a ocorrência de crises alimentares sistêmicas e os fenôme- nos da fome e da subnutrição. O ambiente de insegurança alimentar assim formado tem desafiado organismos internacionais e instituições governa- mentais, cujas iniciativas ainda recorrem a argumentos malthusianos e de falhas de mercado. Por outro lado, uma agenda contra-hegemônica tem sido formulada no interior da sociedade civil e veiculada por movimentos sociais de alcance global, para os quais a soberania alimentar é o caminho para superação desses desafios 67 Título: Produção de alimentos: um desafio global Ano: 2011 Sinopse: Serão nove bilhões de pessoas, até 2050, povoando o planeta, dois bilhões a mais que hoje, segundo a ONU. China, Índia, Estados Unidos, Indonésia e Brasil já estão entre os países mais populosos do mundo e, apenas entre 2010 e 2011, de acordo com o IBGE, a população brasileira ganhou 1,6 milhão de pessoas. A Bayer CropScience ressalta o desafio glo- bal de produzir o ano todo alimentos saudáveis, seguros, em quantidades suficientes e a preços acessíveis à população. Pesquisadores da empresa retratam a realidade atual e as perspectivas futuras sobre o abastecimento mundial, sinalizando as tomadas de decisão no presente, que poderão contribuir com a cadeia produtiva e gerar reflexos positivos a médio e longo prazo. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=QNBqVD4YzoQ https://www.youtube.com/watch?v=QNBqVD4YzoQ O USO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NO CAMPO AULA 08 69 Planejamento estratégico não acontece somente no meio urbano, ele acontece e pode ser utilizado com grandes resultados no agronegócio. Pensar em como os negócios andam é indispensável para que haja as- sertividade e progressão sustentável, desde o pensar no que investir até onde escoar sua produção. É importante salientar que o planejamento muitas vezes é feito de forma rudimentar, mas, apresenta resultados po- sitivos e eficientes principalmente para os pequenos produtores. Diante disso, Santos e Pinto (2018, p. 63) alertam que: Diante de um cenário de produção competitiva, globalização da economia e exigências legais, insistir no tradicional
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