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Rearranjo e expressãoRearranjo e expressão dos genes dosdos genes dos receptoresreceptores Produzido por Deygiane Xavier Imunologia 01 Desde os primeiros estudos sobre o sistema imune no século 19 a aparente diversidade de respostas imunes intrigava os primeiros pesquisadores. Paul chegou a propor a teoria das cadeias laterais como sendo um arremedo do que viria a ser o conhecimento atual sobre os receptores linfocitários. É importante lembrar que receptores linfocitários são proteínas e como proteínas eles têm que ter a sua informação codificada no DNA. Como harmonizar a ideia de que você pode ter diferentes proteínas, ou seja, diferentes receptores linfocitários e ao mesmo tempo ter uma diversidade de DNA de genoma capaz de produzir esses diferentes tipos de receptores linfocitários? É importante lembrar um pouco a respeito da estrutura das imunoglobulinas. Na região do parátopo onde estão os sítios de ligação com os epitopos há uma grande variabilidade de sequências de resíduos de aminoácidos e essa variabilidade tem que ser gerada como resultado da variabilidade na sequência de nucleotídeos no DNA. Então de qualquer forma teria que se investigar o mecanismo genético dessa variabilidade. Só foi possível entender esse problema quando as primeiras ferramentas de biologia molecular foram produzidas no final da década de 60 e alguns pesquisadores utilizaram essas ferramentas para estudar o DNA de linfócitos. O mais importante deles é um pesquisador japonês chamado Susumu Tonegawa que durante o seu pós- doutorado no instituto básico de Imunologia na Suíça verificou que havia uma diferença entre o DNA das células linfocitárias e o DNA das demais células somáticas. Sem dúvida nenhuma Susumu Tonegawa é um dos imunologistas mais importantes do século passado e foi ele que descobriu que o DNA de linfócitos era diferente, o que foi possível, pois se descobriu que esse DNA dos linfócitos era mais curto quando comparado com o DNA de outras células somáticas, porque descobriu que havia um processo ao longo da maturação dos linfócitos nos órgãos linfoides primários que fazia com que pedaços do DNA desses linfócitos fossem perdidos. Produzido por Deygiane Xavier 02 Esses genes se apresentam na forma de segmentos gênicos que não são funcionais, são grupos de genes que para darem origem ao gene do receptor eles têm que sofrer uma recombinação entre esses diferentes segmentos gênicos. Isso vale tanto para o TCR (cadeia alfa e cadeia beta) quanto para o BCR, receptor de célula B (cadeia leve e cadeia pesada) então é importante que esses segmentos gênicos que num primeiro momento não são funcionais possam fazer essa combinação para se tornarem funcionais. Outro aspecto importante da organização dos genes que codificam os receptores de célula B e receptores de célula T é o fato de que eles estão organizados também diferentes localização no genoma, então para imunoglobulina existem 2 Loci de genes que codificam cadeia leve uma é chamado de cadeia lame e a outra é chamado de cadeia capa e existem 2 Loci que codificam as cadeias pesadas, já para TCR existe um loci para cadeia alfa e um loci para cadeia beta. No processo de meiose durante a formação dos gametas tanto masculinos quanto femininos nos homens e nos animais ocorre a troca de pedaços das cromátides irmãs de cromossomos homólogos. Esse processo é percebido através da figura do crossing over e há troca de pedaços de genes entre cromossomos homólogos. Então já se sabia que era possível fazer essa recombinação no processo reprodutivo, no entanto, em células somáticas não se sabia antes do trabalho Susumu Tonegawa e ele descobriu que numa célula de linhagem linfocitária B e T os genes que estavam responsáveis para codificar os receptores eram capazes de fazer combinação, eles trocavam pedaços para fazer um gene funcional. Mas como que isso era possível? A explicação para isso começa no entendimento da organização dos genes que codificam os receptores linfocitários. Na célula que ainda não modificou o seu DNA no processo de recombinação durante a vida da célula. ORGANIZAÇÃO GÊNICAORGANIZAÇÃO GÊNICAORGANIZAÇÃO GÊNICA Produzido por Deygiane Xavier 03 Nessa figura há uma representação do lócus que codifica para a cadeia beta do TCR humano. Ele tem um comprimento de 620000 bases e ele está localizado no cromossomo 7. Na parte superior da figura existe a representação de diferentes segmentos gênicos com diferentes cores então nós temos na cor laranja segmentos do tipo v esses segmentos genes não são genes funcionais, para que eles possam ser funcionais eles tem que se combinar com um segmento D e com um segmento J. Para cada segmento D existe um conjunto de 6 segmentos J e a extremidade 3 linhas de cada conjunto de segmentos J se existem um grupo de segmentos chamados de C. Os segmentos V, D e J da cadeia beta durante o processo de maturação dos linfócitos T, um segmento daqueles 50 segmentos vai se combinar com um segmento D e com um segmento J e vai gerar a informação chamada de recombinação VDJ. E essa recombinação VDJ essa região da recombinação vai poder codificar a região do parátopo, a região mais variável ali da estrutura da cadeia beta dos receptores de células T. Então na verdade é como se fosse uma análise combinatória que nós vemos lá na matemática do ensino médio escolhido uma opção de segmento V uma de D e outra de J para formar a informação para o parátopo da cadeia beta do receptor de linfócito T no caso aqui da espécie humana. Existe também no cromossomo de número 14 a informação para a cadeia alfa e também para a cadeia delta porque o TCR também pode codificar, tem TCR do tipo gama delta então tanto a informação para a cadeia alfa como a informação da cadeia delta vão estar no cromossomo de número 14. Na extremidade 5’ desse pedaço de DNA que está no cromossomo 14 tem informação para o segmento V que existem um total de aproximadamente 45 segmentos no cromossomo 14 da espécie humana. Após os segmentos V existem os segmentos J em aproximadamente 50. EventosEventosEventos Produzido por Deygiane Xavier 04 O processo de formação dos linfócitos envolve num primeiro momento a formação de um segmento VDJ, então é escolhida uma opção dos 50 + 1 opção dos 50 segmentos V para a cadeia beta e uma das opções dos segmentos D das 12 opções do segmento J. Então essa combinação vai gerar um segmento VDJ de um total de aproximadamente 1000 possibilidades diferentes um vai ser escolhido a partir da combinação desses segmentos que estão codificando para a cadeia beta. O processo semelhante acontece para a cadeia alfa, quando ocorre essa união dos segmentos no processo que nós chamamos de recombinação aí você tem sim a formação do gene funcional que aí vai codificar o receptor linfocitário se não ocorrer à união desses segmentos em um segmento VDJ recombinado não é possível fazer nem a transcrição para originar RNA e nem a tradução para gerar a cadeia polipeptídica, então a expressão do receptor é extremamente dependente do processo de recombinação dos segmentos gênicos também conhecidos como recombinação VDJ, isso no caso para a cadeia beta do TCR, mas também para a cadeia pesada dos receptores de célula B. Rearranjo dos GenesRearranjo dos GenesRearranjo dos Genes Outro aspecto importante é que o número de segmentos gênicos que vão ser utilizados no processo de recombinação é variável entre as espécies. O processo de recombinação pode ser descrito como sendo um processo de rearranjo dos genes onde há uma escolha de um segmento gênico V, a escolha de um segmento gênico D e uma escolha dos segmentos J. Isso vale tanto para a cadeia beta do TCR quanto para a cadeia pesada das imunoglobulinas, quando você considera a cadeia alfa só tem segmento VJ no TCR quando você considera a cadeia leve também só segmento J, então esse processo de escolha é denominado de recombinação. Produzido por Deygiane Xavier 05 O processo de recombinação VDJ implica obrigatoriamente em modificação do complemento do DNA da célula que está se desenvolvendo para darorigem ao linfócito. Ao analisarmos o DNA de uma célula que não sofreu ainda o processo de recombinação vamos encontrar todos os segmentos gênicos conforme foram recebidas as informações genômicas tanto do pai quanto da mãe. Então dizemos que nessa condição o DNA do linfócito está é na sua forma de linhagem germinativa, ou seja, ele não sofreu nenhuma recombinação. À medida que os linfócitos vão se desenvolvendo, vão maturando, começa a ocorrer à recombinação desses genes, como é uma recombinação de célula somática e não de célula reprodutiva o nome do processo também é recombinação somática e durante o processo de recombinação onde são cortados e juntados pedaços de segmentos gênicos, eventualmente podem ocorrer erros. Quando ocorrem erros o mecanismo de reparo do DNA das células linfocitárias acaba inserindo os novos nucleotídeos para permitir que esses genes recombinados sejam funcionais e aí há uma adição de nucleotídeos são denominados de NP e dão origem a genes funcionais podem ser transcritos e dá origem a um RNA, além disso, o próprio RNA dos linfócitos o chamado transcrito primário pode sofrer processamentos alternativos. Ele pode ser processado de mais de uma forma e gerar informação de 3 formas de formas distintas. Conclui-se que graças a essa organização gênica em segmentos não funcionais que vão ser utilizados no processo de recombinação para gerar genes funcionais para a informação dos receptores é possível gerar uma variabilidade da informação genômica dos receptores. Cada linfócito fruto de um processo de recombinação distinto vai ser uma célula distinta e nós dizemos que são clones distintos. Recombinação VDJRecombinação VDJRecombinação VDJ Produzido por Deygiane Xavier 06 SINAIS DE RECONHECIMENTOSINAIS DE RECONHECIMENTOSINAIS DE RECONHECIMENTO Existem chamadas sequências de DNA chamadas sequências sinal de recombinação e elas estão posicionadas ao lado dos segmentos gênicos que vão ser recombinados, então na extremidade 5’ do segmento V que vai ser recombinado vai ter uma sequência RSS ou sequência sinal de recombinação. Na extremidade 3’ do segmento J e na extremidade 5’ e 3’ do segmento D, então as enzimas que vão atuar no processo de recombinação que vão clivar e depois vão emendar o segmentos gênicos que não são funcionais para torná-los funcionais vão reconhecer essa sequência sinal de recombinação. Os mecanismos de corte e de emenda da molécula de DNA no processo de recombinação podem ser essencialmente de dois tipos: Deleção onde se juntam as sequências, os segmentos gênicos a partir do posicionamento adequado dos segmentos RSS. E há um corte que é perdido, um pedaço de DNA, por isso que inclusive o DNA recombinado é mais curto. Existe outro mecanismo que é o mecanismo de inversão onde são colocadas de forma paralela as sequências RSS para gerar o processo de recombinação, mas as sequências RSS geralmente não são perdidas nessa situação. Processo de DeleçãoProcesso de DeleçãoProcesso de Deleção A sequência RSS é colocada uma do lado da outra e aí as enzimas que fazem a clivagem do DNA atuam extirpando o pedaço do DNA que não vai ser utilizado para fazer o gene do receptor linfocitário funcional Processo de InversãoProcesso de InversãoProcesso de Inversão É feito um loop na molécula de DNA e são colocadas às sequências RSS de forma paralela e aí ocorre a clivagem e o processo de união dos segmentos gênicos para fazer o processo de recombinação. MECANISMO DE RECOMBINAÇÃOMECANISMO DE RECOMBINAÇÃOMECANISMO DE RECOMBINAÇÃO O mecanismo de recombinação que ocorre na maturação dos linfócitos pode ser chamado também de uma recombinação não homóloga porque ele é feito dentro da estrutura de um cromossomo, possui uma molécula de DNA e não é entre cromossomos homólogos como ocorre nas células reprodutivas. Produzido por Deygiane Xavier 07 Ele é dependente da ação de enzimas que são atuantes apenas em linfócitos, essas são as chamadas enzimas ativas de recombinação chamadas de RAG e também tem a participação das chamadas enzimas de reparo as RAGs clivam e as enzimas de reparo elas emendam e eventualmente também inserem nucleotídeos para corrigir algum erro que tenha ocorrido durante o processo de clivagem da molécula de DNA. O processo de recombinação gênica que ocorre na maturação dos linfócitos ocorre em 4 etapas: A primeira é a sinapse onde as sequências RSS são colocadas próximas a segunda é a clivagem manda as enzimas atuarem para quebrar a molécula de DNA. Em seguida é feita a etapa chamada abertura do grampo. O grampo é uma estrutura de proteção para não deixar a extremidade cortada da molécula de DNA, ou seja, degradada dentro do ambiente celular e a última etapa é a junção onde são emendados os pedaços da molécula de DNA que foram previamente cortados. A sinapse é o momento da aproximação dos segmentos codificadores com as suas RSS, ou seja, a sequência sinal de recombinação. É nessa etapa que as moléculas de DNA vão ser dobradas para aproximar as sequências que vão indicar o ponto de corte da molécula. Duas proteínas vão ser extremamente importantes são enzimas RAG 1 e RAG 2, elas que vão fazer a clivagem, então une-se os segmentos faz-se o corte e ao mesmo tempo faz a formação do grampo que é uma estrutura que protege as pontas soltas da molécula de DNA para que elas não sejam degradadas no interior da célula. E aí ocorre a ação das recombinase para tentar fazer a manutenção das extremidades para que elas não sejam degradadas no interior das células. sinapsesinapsesinapse ClivagemClivagemClivagem Produzido por Deygiane Xavier 08 ABERTURA DO GRAMPOABERTURA DO GRAMPOABERTURA DO GRAMPO Mais adiante vai ser feita abertura do grampo por uma proteína chamada Artemis que tem a sua estrutura tridimensional e que vai ao mesmo tempo soltar a estrutura de proteção e já vai permitir a ação das enzimas de reparo para fazer a união entre as pontas soltas da molécula de DNA que está sendo ligada. Nesse momento atuam na etapa de junção principalmente as proteínas Ku70 e Ku80 e também a enzima DNA PK que são enzimas de ligação que vão atuar na ligação das extremidades que estavam cortadas da molécula de DNA no processo de recombinação.
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