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Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Doença Renal Crônica Paciente encaminhada por função renal alterado e uma redução de acuidade visual. Ele é diabético há mais de 10 anos e tabagista ativo, além de hipertensão há 15 anos fazendo uso de Atenolol e metformina. Sinais de retinopatia diabética e trazia exames laboratoriais de agosto de 2021 já com a creatinina de 1.9, e a referência vai até 1.4. Potássio normal, uma Glicemia de jejum de 200 com HB glicada de 9%. Só com albuminúria de duas cruzes podemos inferir que temos uma albuminúria de 300 mg em 24 horas. Objetivo da aula hoje a responder às seguintes Perguntas: primeiramente se esse paciente tem doença renal crônica, qual a causa e o estadiamento dessa doença, e como a gente vai fazer para reduzir a velocidade de progressão da doença renal crônica desse paciente, e ainda quais as complicações que devemos monitorar e como vamos tratá-lo Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Por definição, para ser uma DRC teria que ter anormalidade na estrutura e na função renal e elas precisam estar presentes por mais de 3 meses, então, diferente de um paciente que teve uma doença renal aguda e recuperou, ele tem que persistir com essas alterações por mais de 3 meses. Essas implicações têm algum Impacto para a saúde do paciente. No quadro, tem as anormalidades estruturais e de função. Uma delas são marcadores de lesão renal que aí teremos albuminúria, anormalidade do sedimento urinário (como por exemplo um paciente com nefrite lúpica que apresenta a função renal normal mas às vezes apresenta um hematúria de origem glomerular esses hematúria persiste por mais de três meses ele é considerado um paciente com doença renal crônica), anormalidades eletrolíticas com alguma tubulopatia mesmo com a taxa de filtração glomerular normal, anormalidades histológicas ou estruturais como doença policística, ou com o rim único, e rim em ferradura também é considerado com o doente renal crônico. O paciente com transplante renal mesmo que tenha função normal no exame ele é considerado com paciente com doença renal crônica. Ou ainda se o paciente simplesmente tiver uma taxa de filtração glomerular diminuída para dar para considerar uma doença renal crônica isoladamente essa taxa tem que ser menor do que 60, se ele tiver qualquer um outro marcador de doença renal qualquer taxa de filtração glomerular classifica como doença renal crônica A doença renal crônica é um problema de saúde pública vem aumentando significativamente, especialmente relacionado ao envelhecimento e aumento da prevalência dos fatores de risco como hipertensão arterial e diabetes. Apesar disso menos de 2% vão evoluir com necessidade de terapia renal substitutiva. Ela é um fator de risco importante para uma doença cardiovascular, que vem aumentando a mortalidade nos dias atuais. Esse é o senso das Clínicas de diálise do Brasil e a que tem o número de pacientes com doença renal crônica dialítica no Brasil, para você ter uma ideia de como se vai aumentando ao longo dos anos, chegando em 2016 a mais de 100.000 pacientes realizando terapia renal substitutiva no país Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Se a gente olha os dados americanos em 2014, consideravam que 15% da população tinha algum grau de doença renal crônica tanto estágio 1 até o estágio 5 Se a gente Trazer isso para o Brasil, com uma população de mais de 200 milhões de habitantes, teríamos 31 milhões de pacientes no Brasil com doença renal crônica atualmente Além de diagnosticar doença renal crônica, precisamos estadear. Isso é feito baseado na taxa de filtração glomerular, na albuminúria e na causa da doença renal crônica. Todas essas categorias são importantes porque elas acabam tendo relação com desfechos adversos incluindo morte por doença cardiovascular e desfecho renal Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Krocoft gaut usei idade peso e creatinina porém o grande problema é que ela foi validada numa época em que não tinham padronização das dosagens de creatinina. Por terem sido padronizados com cliente de creatinina e a quando ele tem a taxa de filtração muito baixa ou acaba de superestimando a taxa de filtração glomerular por conta da secreção tubular da creatinina. Usar peso no denominador superhist no paciente obeso E anasarcados então atualmente não é uma fórmula que a gente costuma usar para classificar e estimar a taxa de filtração glomerular. Desde 2012 ela vem sendo abandonada por conta do cadigo novo. Temos Então as outras duas formas que são as mais indicadas pelo código de 2012 que é o MDR modificado e o CKD-epi. O ckd.epi é o geralmente mais indicada por conta do MDR super estimar a taxa de filtração em pacientes com cliram acima de 45. O ckd-epi nos da vantagem de utilizar fórmulas que usam as estatinas e, que é um outro marcador de função renal que quando associado a creatinina ele dá uma taxa de filtração muito mais acurada Aqui só para mostrar o que tínhamos comentado no caso de que quando começamos a aumentar a taxa de filtração glomerular dos pacientes a linha a mais escura fica acima do zero o que indica aquela superestima taxa de filtração e isso acontece muito menos no CKD-epi. Por conta desse pequeno aumento na taxa entre 45 e 60 do CKD-epi é que o KDIGO de 2012 indicava que nesses casos para você classificar doença renal crônica e dar o diagnóstico, ele sugeria o uso das estatinas, para você ter uma maior acurácia. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Mais recentemente, que ainda não está nos consensos, estão sendo lançadas novas duas fórmulas com uma acurácia muito melhor, que temos chamado de CKD-epi 2021 e são fórmulas que excluem a raça como fator determinante para o cálculo e estimam melhor a taxa de filtração glomerular Além disso vamos classificar também pela albuminúria e a classificação varia de A1 a A3. Diferente de quando falamos de glomerulopatia, o mais ao indicado é usar albuminúria mesmo e podemos usar a relação Albumina/creatinina em amostra isolada que ela tem uma acurácia boa para essa classificação, então não precisaríamos ficar coletando urina de 24 horas para ficar classificando pela albuminúria. Vale a pena ressaltar que antigamente, a gente chamava de microalbuminúria os pacientes que tinham entre 30 e 300, e isso dava uma conotação errada para o termo que parecia uma coisa não muito importante, e parecia ser uma coisa diferente de uma albuminúria é acentuada, que era uma albuminúria acima de 300 mg. Assim, o KDIGO em 2012 veio tentando por essa classificação excluir o termo microalbuminúria do uso, então atualmente utilizamos A1 para baixo de 30 mg, A2 seria a antiga microalbuminúria entre 30 e 300 e albuminúria A3 que é albuminúria mais acentuada acima de 300 mg por grama de creatina Classificar pela albuminúria é importante pois ela tem o impacto tanto em mortalidade geral quanto em mortalidade cardiovascular como a gente vê aqui. A medida que você aumenta albuminúria dos pacientes, você aumenta o risco total e de morte cardiovascular Essas classificações nos ajudam a ranquear os pacientes em risco. O KDIGO trouxe essas tabelas onde mostra que a medida que a albuminúria aumenta, e se você ainda associa isso com a taxa de filtração glomerular você consegue estimar o risco dos pacientes, que é muito maior quando associamos as duas classificações, tendo que o pior risco de mortalidade são aqueles que têm o TGF entre15-30 e albuminúria A3 Amanda Lima Mutz – MedUFES 103Isso também nos dá uma classificação para estimar quantas vezes o paciente precisa ser visto ao longo de um ano, então aqueles pacientes com classificação mais branda de risco não precisam ser acompanhados tão de perto, quanto aqueles pacientes com risco aumentado, onde precisamos ver ele muito mais vezes por ano. A indicação é que os pacientes de maior risco sejam vistos pelo menos 4x por ano pelo médico Em relação a causa da doença renal crônica, esses também são dados do censo brasileiro de nefrologia, que traz as principais causas de doença renal crônica terminal no Brasil, que são a hipertensão (que ainda é a primeira causa) e o diabetes mellitus logo depois. Só essas duas doenças que são muito comuns, abrangem mais de 60% de diálise do Brasil e, a partir daí, teremos outras causas. Isso é bem parecido com a literatura Mundial, aqui temos dados dos Estados Unidos onde lá o Diabetes já é a primeira causa, mas é uma tendência também no Brasil do diabetes ultrapassar a hipertensão na causa principal. A hipertensão vai ser fator de risco para progressão. Aqui, podemos ver que quanto maior a pressão arterial, maior risco para evolução para doença renal crônica Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Quanto aos fatores de risco para morbimortalidade nos pacientes com doença renal crônica, estão os pacientes que tem pressão não controlada, eles têm maior risco de morte quando tem doença renal crônica Só 10 a 20% da hipertensão primária não controlada vai evoluir para doença renal crônica terminal, porém, hipertensão é uma doença muito comum, então esses 10 a 20% acabam sendo muito importantes quando a gente olha o resultado final disso. A gente vê um aumento progressivo da doença renal crônica por conta de a Hipertensão ser muito comum na população. A gente tem causas não diagnosticadas aqui que entra como doença renal crônica terminal causada pela hipertensão. Isso porque quando olhamos para os pacientes com doença renal crônica, a prevalência de hipertensão nesses pacientes é de 80%. Então quando você diagnosticar um paciente com doença renal crônica e não tem uma causa muito evidente, tendo uma hipertensão associada e inferimos que esse diagnóstico da doença renal crônica deva ser por conta da hipertensão arterial. Diversos fatores que levam a essa grande prevalência de doença renal crônica que vão aumentar os níveis pressóricos desse paciente. Os principais fatores são aumento do volume extracelular que tá que sendo representado pela retenção de sódio, por diminuição da excreção, por perda de massa renal ou simplesmente por ativação do sistema renina-angiotensina, levando ao aumento da reabsorção de sódio, e você ainda tem aumento da vasoconstrição periférica pelo ativamento do sistema renina-angiotensina. Temos ainda disfunção endotelial e ativação do sistema nervoso simpático pela perda de massa renal, e ainda aumenta do stiffness que seria o aumento da resistência periférica Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 A gente também discutiu bastante diabetes mellitus na aula passada, mas temos a via clássica da nefropatia diabética ou da doença renal associada ao diabetes que inicialmente tem uma hiperfiltração levando albuminúria A1 e depois A3 e consequentemente uma queda na taxa de filtração glomerular Essa queda da taxa de filtração glomerular representada por esse gráfico, mostra que primeiro temos o hiperfluxo em vermelho, depois da evolução ao longo do tempo, com a perda da taxa de filtração glomerular e o aumento progressivo da albuminúria em amarelo, principalmente nos diabetes do tipo 1, Que mesmo assim, apenas 32% dos pacientes vão ter evolução para doença renal crônica significativa e só 16% vão evoluir com grau 5 de disfunção renal Doença renal progressiva não albuminúrica. São aqueles pacientes que evoluem com perda de função renal e que não tem nem albuminúria nem retinopatia A doença renal progressiva do diabetes tem alguns fatores de risco para progressão, e chama atenção para um diabetes não controlado com concomitância de uma hipertensão arterial sistêmica, o grau de albuminúria (que é um fator importante para progressão), duração da doença renal crônica, complicações microvasculares e o próprio declínio da taxa de filtração glomerular que é um fator de risco para doença renal crônica progressiva Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Quando estamos diante de um paciente com doença renal crônica, temos que pensar nas principais causas que são o diabetes e a Hipertensão de longa data, mas lembrar de outras causas que são menos comuns como a renovascular por estenose de artérias renais principalmente com paciente que tem a doença de vascular periférica Episódios de injuria renal aguda, especialmente as graves ou que precisaram de diálise por episódios prévios, tem fator de risco importante para evolução de doença renal crônica e tem esses episódios como causa da doença Doenças sistêmicas como lúpus eritematoso sistêmico, mieloma múltiplo e gamopatias monoclonais As doenças genéticas como a doença renal policística e as causas urológicas com a litíase renal obstrutiva e ITU de repetição complicada, levando de sequelas e evoluindo para doença renal crônica e outras doenças comuns A história natural da doença renal crônica é bem parecida independente da causa. Primeiro, temos os pacientes com algum risco, e a gente chama atenção aqui para pacientes com hipertensão e diabetes mellitus, para a gente sempre fazer um rastreio para doença renal crônica, e tentar instituir nos pacientes de risco medidas para redução dos riscos, como por exemplo, o diabético hipertenso fazer o controle da pressão e do diabetes para que ele não evolua para uma lesão já instalada. Quando esse paciente tem lesão instalada tem que fazer o diagnóstico com as classificações e taxa de filtração glomerular, albuminúria, causas e tentar tratar as comorbidades e reduzir a progressão Com evolução da redução da taxa de filtração glomerular, tratar as complicações e no momento adequado, preparar para terapia renal substitutiva que discutiremos em outra aula. Principais fatores de progressão para doença renal crônica, alguns aqui já discutimos, que é a causa da doença renal, o nível da taxa de filtração glomerular e o grau de albuminúria. Os pacientes mais idosos têm riscos, pacientes da raça negra, tabagismo ativo, etc... Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 As principais intervenções para reduzir a progressão da doença renal crônica, a gente já até falou na aula passada, quando a gente discutiu nefropatia diabética. Primeiro tratar a hipertensão arterial, nos pacientes que têm indicação o controle glicêmico, fazer uma dieta adequada modificar o estilo de vida, com atividade física regular, controlar a obesidade e cessação do tabagismo, e mais atualmente, o uso da inibidores da sódio-glicose transportadores do tipo 2 A gente sabe que o controle da pressão arterial diminui a progressão da doença renal crônica, Discutimos na aula passada que o KDIGO novo traz um controle mais restrito da hipertensão arterial, principalmente por conta de um artigo recente que foi lançado que mostrou uma redução da mortalidade da progressão da doença renal quando você fazia um controle restrito da pressão sistólica. Para isso a gente vai ter que instituir uma dieta hipossódica e dar preferência sempre para o uso de IECA ou BRA como droga de primeira linha, especialmente nos pacientes com albuminúria A2 e A3. Se necessário, a gente considera o uso de outros anti-hipertensivoe a preferência seria para diurético e bloqueador de canal de cálcio e os betabloqueadores. O controle glicêmico também já discutimos, pode ser do mais restrito ao menos restrito, a depender de cada paciente, lembrando que vamos ter aquele controle mais restrito para aqueles que vão se beneficiar bastante desse controle, principalmente nos estágios mais precoces da doença renal crônica, entre os pacientes que tem menos complicações micro e macrovasculares relacionados ao diabetes, e naqueles pacientes que vão ter menos risco com complicações relacionadas a hipoglicemia. Nos pacientes que já tem muitas complicações e os episódios de hipoglicemia também podem trazer mais complicações, podemos ter um controle menos restritos com hemoglobina glicada em torno de 8%. A dieta adequada passa por um controle de restrição proteica, lembrar que em dietas hiperproteicas, você acaba tendo um aumento da pressão intraglomerular, e a restrição é boa para proteger os pacientes com taxa de filtração glomerular menores que 30 ml e a dieta hipossódica Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Inibidores da SGLT2 já temos alguns estudos mostrando que mesmo em pacientes não diabéticos e com doença renal crônica com proteinúria, temos aquele efeito de reduzir a pressão glomerular, tendo uma queda inicial da taxa de filtração, mas que com passar do tempo, essa redução da pressão intraglomerular passa a ser duradoura, temos então a redução do risco de doença renal crônica ao longo do tempo, mesmo em pacientes não diabéticos com algum grau de proteinúria. Atualmente com os estudos, já teríamos indicação do uso desses inibidores em pacientes com taxa de filtração glomerular acima de 25 e que tenho algum grau de albuminúria, e a maioria dos estudos incluem pacientes a albuminuria acima de 200 mg. Alguns estudos usam a dapagliflozina a sax gliflozina e dá para escolher qualquer um deles Lembrar da vacinação por que os pacientes com doença renal crônica tem um calendário vacinal específico e teria a indicação de vacinação para pneumococo, influenza, hepatite A, B, varicela... Além disso tudo precisamos saber tratar as complicações da doença renal crônica. Doença mineral óssea, relacionada à doença renal crônica, anemia e distúrbios ácido-base e eletrolíticos Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Doença mineral óssea Há alguns anos atrás, a gente explicava ela por esse gráfico, então a gente perde a massa renal e com isso, você tenha redução da excreção renal de fósforo e redução da produção da vitamina D ativa, por perda de massa renal e por perda da Alfa 1 hidroxilase do rim, com isso você tem aumento sérico de fósforo e redução da 1,25 hidroxivitamina D levando à redução da absorção de cálcio no intestino levando a hipocalcemia. Nesse meio de aumento de fósforo, redução de calcio e redução de vitamina D, levava aumento da produção de PTH pelas paratireóides e levando a doença mineral óssea. Atualmente, sabe-se que essa doença mineral óssea acontece antes ainda de isso tudo acontecer. O principal fator da doença mineral óssea é que sabemos que o FGF23 que é um hormônio fosfatúrico produzida pelos osteoblastos e osteoclastos, que já nos estágios precoces da doença renal crônica ele já tem um aumento com o objetivo de normalizar o fósforo, então mesmo antes de a gente ter um aumento do fósforo sérico, você já tem o aumento do FGTS 23 que vai reduzir a atividade da Alfa hidroxilase, com redução da hidroxivitamina D, r esse ambiente já propicia o aumento do PTH mesmo antes de ter aumento do fósforo sérico e redução do cálcio sérico. As complicações estão relacionadas tanto com as alterações ósseas quanto as calcificações vasculares e de partes moles que vão levar a aumento do risco cardiovascular, de fratura e de mortalidade nesses pacientes A primeira coisa que devemos fazer é suplementar os níveis de vitamina D inativa. Então, se eu tenho redução atividade da Alfa 1 hidroxilase, e eu não tenho substrato para produzir a 1,25 vit D, e eu já vou ter uma diminuição da 125. Então devemos suplementar a 25-hidroxivitamina D, quando os paciente estiverem em níveis menores do que 30 para que mesmo em ambientes com baixa Atividade da Alfa hidroxilase, você ainda consiga fazer alguma conversão para vitamina D ativa. E também o controle de fósforo com dieta pobre em fósforo e hipoproteicos. Quando necessário, usar medicamentos que vão reduzir a absorção de fósforo no intestino. O aumento do fósforo é um gatilho para o FGF23 aumentar a fosfaturia, que tende a aumentar o PTH. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Fazer também o próprio controle do PTH. Para pacientes até o estádio 4, queremos o PTH dentro dos valores de referência (até 75 pg por ml). Os pacientes que já tem uma renal crônica mais avançada, o próprio ambiente urêmico leva uma resistência óssea atuação do PTH então a gente já passa a tolerar níveis de pth mais aumentados para ter uma remodelação óssea normal. Para ter esse controle, podemos ter algumas estratégias, um deles é usar a própria vitamina D ativa para tentar suprimir esse PTH que aí seria o calcitriol, e outra estratégia seriam os calcimiméticos que são drogas que vão aumentar a sensibilidade da glândula paratireóide aos níveis de cálcio, então mesmo com níveis de cálcio diminuído, os calcimiméticos acabam usando esse cálcio para bloquear a produção de PTH. Quando nenhuma dessas drogas funcionam, a gente ainda tem a opção de fazer a paratireoidectomia para redução dos níveis de PTH Já anemia da doença renal crônica já vai ser mais comum após o Estágio 4 e a principal causa vai ser redução da produção de eritropoetina, que é produzida pelo rim, então se você perde massa renal, você tem redução da produção desse hormônio e também o ambiente urêmico acaba reduzindo a meia-vida do eritrócito, então você acaba que o eritrócito dura menos tempo na circulação. Devemos ainda excluir outras causas e nessa avaliação Inicial, às vezes vale a pena incluir uma dosagem de reticulócitos para ter certeza que a gente tem baixa produção de hemácias, e avaliar ainda o perfil de Ferro, vê se tem indicação para dosar vitamina B12 e ácido fólico. O tratamento vai depender do perfil de Ferro, se o paciente tem o perfil de Ferro a inadequado, não adianta dar eritropoetina para ele porque ele não vai conseguir produzir as hemácias. Se tiver com ferro baixo, então tratar com ferro oral ou endovenoso. Para os pacientes com doença renal não dialítica, não temos benefícios em iniciar a eritropoetina exógena, em um paciente com HB maior do que 10. Só vamos ter indicação mesmo em pacientes anêmicos iniciar eritropoetina com HB abaixo de 10g/dL. Isso também vale com doença renal crônica dialítica, e aí o nível de hemoglobina que a gente quer nesses pacientes com doença renal não são níveis normais de hemoglobina, então vamos ter um alvo de hemoglobina entre 10 e 11 Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Hipercalemia vamos controlar com dieta pobre em potássio, controlar acidose por conta do Shift do ambiente de acidemia, com saída de potássio intracelular para extracelular. Podemos fazer uso de diurético que expele potássio, e ainda, a maioria com doença renal crônica avançada vai usar diurético, tanto para controle volêmico quanto para o controle da hipercalemia, e geralmente usamos furosemida. Controle da acidose metabólica está associada com catabolismo proteico, ela piora doença óssea da doença renal crônica, leva a inflamação crônica, tem alguns estudos que associam com a progressão da doença renal crônica. Para pacientescom bicarbonato abaixo de 22 a gente indica suplementação com bicarbonato oral mesmo, esse pozinho que nossa mãe usa para fazer de tudo, para cozinhar, limpar e tal. Compra-se na farmácia o bicarbonato mais puro para conseguir esse bicarbonato acima de 22. Voltando ao caso clínico, o paciente voltou com uma creatinina de 2.3, mostrando que ele realmente tinha uma alteração de função renal mantida, ao longo de alguns meses, tinha o bicarbonato menor do que 17, um potassio controlado, e eles já tinham PTH acima dos limites, uma vitamina D bem baixa, menor que 30. Tinha uma anemia mas com HB maior do que 10, porém com perfil de Ferro inadequada para o grau de doença renal crônica. Tinha uma glicemia com HB glicada próxima do nível e mantendo uma proteína já com uma dosagem de 24 horas maior do que 300 mg. Quando a gente usa as fórmulas para calcular a taxa de filtração glomerular dele, temos um nível de filtração de 33 ml por minuto do que daria um estádio 3B para ele, se formos categorizá-lo pela albuminúria, está em um estádio 3 e a causa da doença renal crônica dele era nefropatia diabética porque ele já tinha retinopatia diabética e proteinúria Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 As principais condutas desse caso, primeiro para retardar a progressão, e tratar as comorbidades, seria fazer o melhor controle de pressão fazendo uso de IECA ou BRA para controlar a pressão arterial e a proteinúria. Bom controle glicêmico com uso dos inibidores de SGLT2, já que ele já teria indicação porque além de diabético ele ainda tem proteinúria. Tentar medidas para cessar tabagismo e controle do peso, e evitar o uso de drogas nefrotóxicas. (Uso de anti-inflamatório, contraste iodado, sempre lembrar de ajustar as doses de medicação, antibióticos e drogas que ele for usar, porque isso tem que ser bem orientado para eles) Manejar as complicações da doença renal e talvez já precisaria de reposição de vitamina D e restrição de fósforo na dieta hipoproteica Reposição de Ferro porque ele já tinha perfis inadequados, além de suplementar o bicarbonato oral, já que ele tinha um bicarbonato menor que 22, e encaminhado para vacinação
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