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Prévia do material em texto

PEDAGOGIA
LITERATURA INFANTO 
JUVENIL
Aline Daltro
Djalma Rebelato
Elaine Cristina P da Silva
Vera Lúcia M. X. da Silva
hhtp://unar.info/ead2
hhtp://unar.info/ead2
hhtp://unar.info/ead2
hhtp://unar.info/ead2
hhtp://unar.info/ead2
hhtp://unar.info/ead2
hhtp://unar.info/ead2
hhtp://unar.info/ead2
hhtp://unar.info/ead2
1 
 
LITERATURA INFANTO- JUVENIL 
 
 
 
 
 
 
 
Aline Daltro 
Colaboradores: 
Djalma Rebelato 
Vera Lúcia Massoni Xavier da Silva 
Reformulação: 
Elaine Cristina Pereira da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
PROGRAMA DA DISCIPLINA 
Ementa: Conceito e gêneros da literatura infanto-juvenil na escola e sua relação 
com o processo de alfabetização e formação do leitor – teoria e prática. O papel 
do professor mediador de leitura. Trabalho com histórias em quadrinhos. 
Elaboração de histórias infantis. 
 
Conteúdos Programáticos 
Leitura e aprendizagem 
Literatura Infantil: Pressupostos Básicos 
A Literatura Infanto-Juvenil 
Características do Texto Literário Infantil 
Gêneros Literários Infanto-Juvenis: Parte 1 
Gêneros Literários Infanto-Juvenis: Parte 2 
Trabalhando a Narração na Literatura Infanto-Juvenil: Parte 1 
Trabalhando a Narração na Literatura Infanto-Juvenil: Parte 2 
Trabalhando o Romance com Séries mais Avançadas 
As Obras de Monteiro Lobato 
Monteiro Lobato: O Sítio do Picapau Amarelo 
A Poesia para o Público Infanto-Juvenil 
A Rima para o Público Infanto-Juvenil 
O Poema para o Público Infanto-Juvenil 
Gênero Dramático – Teatro Infanto-Juvenil 
Literatura de Cordel 
Gênero Textual: Quadrinhos – Parte 1 
Gênero Textual: Quadrinhos – Parte 2 
Gênero Textual: Quadrinhos – Parte 3 
A Escola e o Desenvolvimento pelo gosto da Leitura 
 
3 
 
Metodologia 
Adotamos para a disciplina Literatura Infanto-Juvenil uma metodologia que 
alia a teoria à prática, propiciada por meio de atividades que permitam, a partir 
de exemplos, a reflexão sobre as relações homem e mulher na e com a 
sociedade. 
 
Avaliação 
No sistema EAD, a legislação determina que haja avaliação presencial, sem, 
entretanto, se caracterizar como a única forma possível e recomendada. Na 
avaliação presencial, todos os alunos estão na mesma condição, em horário e 
espaço pré-determinados, diferentemente, a avaliação a distância permite que o 
aluno realize as atividades avaliativas no seu tempo, respeitando-se, 
obviamente, a necessidade de estabelecimento de prazos. 
A avaliação terá caráter processual e, portanto, contínuo, sendo os seguintes 
instrumentos utilizados para a verificação da aprendizagem: 
1) Trabalhos individuais ou a partir da interatividade com seus pares; 
2) Provas bimestrais realizadas presencialmente; 
3) Trabalhos de pesquisa. 
 
As estratégias de recuperação incluirão: 
1) Retomada eventual dos conteúdos abordados nas unidades, quando não 
satisfatoriamente dominados pelo aluno; 
2) Elaboração de trabalhos com o objetivo de auxiliar a vivência dos 
conteúdos. 
 
Bibliografia Básica 
COELHO, N. N. Literatura infantil – teoria, análise, didática. 7ª ed., SP: 
Moderna, 2002. 
4 
 
LAJOLO, M. & ZILBERMAN, R. Literatura Infantil Brasileira – História e 
histórias. SP: Ática, 2000. 
PALO, Mª J. & OLIVEIRA, M. R. Literatura Infantil – voz da criança. SP Ática, 
1999. 
 
Bibliografia Complementar 
ARIÉS, P História Social da Criança e da Família. RJ: Editora 
Guanabara/Koogan, 2006. 
BETTELEIM, B. A Psicanálise dos contos de fdas. SP: Paz e Terra, 2001. 
CADEMATORI,L. O que é literatura infantil . SP: Brasiliense, 2009. 
Rezende, Literatura infanto juvenil. SP: Saraiva, 2008. 
LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para leitura do mundo. SP: Ed. Ática, 
2007. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
UNIDADE 1- Leitura e Aprendizagem ................................................................................................... 7 
UNIDADE 2- Literatura Infantil: Pressupostos Básicos.................................................................. 11 
UNIDADE 3- A Literatura Infanto-Juvenil .......................................................................................... 15 
UNIDADE 4- Características do Texto Literário Infantil ................................................................ 19 
UNIDADE 5- Gêneros Literários Infanto-Juvenis: Parte 1 ............................................................ 24 
UNIDADE 6- Gêneros Literários Infanto-Juvenis: Parte 2 ............................................................ 28 
UNIDADE 7- Trabalhando a Narração na Literatura Infanto-Juvenil: Parte 1 ...................... 33 
UNIDADE 8- Trabalhando a Narração na Literatura Infanto-juvenil: Parte 2 ...................... 38 
UNIDADE 9- Trabalhando o Romance com Séries mais Avançadas ....................................... 43 
UNIDADE 10- As Obras de Monteiro Lobato .................................................................................. 47 
UNIDADE 11- Monteiro Lobato: O Sítio do Picapau Amarelo .................................................. 52 
UNIDADE 12- A Poesia para o Público Infanto-Juvenil ................................................................ 56 
UNIDADE 13- A Rima para o Público Infanto-Juvenil................................................................... 61 
UNIDADE 14- O Poema para o Público Infanto-Juvenil .............................................................. 65 
UNIDADE 15- Gênero Dramático – Teatro Infanto-Juvenil ........................................................ 70 
UNIDADE 16- Literatura de Cordel ...................................................................................................... 75 
UNIDADE 17- Gênero Textual: Quadrinhos – Parte 1 ................................................................... 80 
UNIDADE 18- Gênero Textual: Quadrinhos – Parte 2 ................................................................... 84 
UNIDADE 19- Gênero Textual: Quadrinhos – Parte 3 ................................................................... 88 
UNIDADE 20- A Escola e o Desenvolvimento pelo gosto da Leitura ..................................... 92 
 
 
 
 
 
6 
 
Apresentação 
"Um país se faz com homens e livros". 
Monteiro Lobato 
 
Não há como discordar de Monteiro Lobato, mas é preciso estender sua 
afirmação: um país se faz com homens, livros e homens que os leiam. 
O prazer da leitura resulta de estímulos constantes e cabe à escola, na 
figura do professor, exercitar o gosto pela leitura, pois é ela que nos permite 
viajar por mundos desconhecidos, mundos maravilhosos, sem sairmos do lugar. 
É pela leitura que formamos nossa consciência crítica e reflexiva, 
penetramos na fantasia e nos mistérios dos textos e o resultado é melhor 
desempenho linguístico, maior capacidade de comunicação oral e escrita e 
maior poder de expressão de sentimentos e visões de mundo. 
No material que apresentamos, não esgotamos todas as possibilidades 
de trabalho com a literatura infanto-juvenil, mas, certamente, abrimos arestas 
para um bom trabalho com os alunos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
UNIDADE 1- Leitura e Aprendizagem 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Explicitar a importância da leitura e da literatura no contexto escolar. 
O objetivo dessa primeira unidade é explorar a importância da leitura e 
da literatura para a aprendizagem dos alunos. 
Iniciaremos nossos estudos analisando o papel da literatura e do leitor na 
escola e na sociedade. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
A Concepção Escolar da Leitura 
A leitura é uma atividade de compreensão das diversas mensagens 
disponíveis no ambiente em que o indivíduo encontra-se exposto. Não 
podemos considerar somente os códigos, escrito e falado, como constituintes 
da linguagem humana, pois diversos signos perpassam nosso cotidiano. 
Nessa perspectiva, podemos assumir que o ato de ler não se resume à 
leitura de palavras escritas, mas de imagens, ideogramas, códigos,sons, etc. 
Por um longo período, a visão que se tinha sobre a leitura era a mera 
decodificação de símbolos escritos. Atualmente, essa visão não atende mais às 
necessidades da sociedade letrada em que vivemos e, por isso, a leitura 
extrapolou a decodificação e passou a ser considerada uma prática social, que 
significa ser capaz de compreender uma quantidade imensa de gêneros textuais 
e seus respectivos contextos, tais como, carta, rótulo, notícia, reportagem, 
propaganda, bilhete, cartaz, romance, conto, cardápio, poema, charge, relatório, 
receita, lista de compra, bula de remédio, manual de instruções, nota fiscal, 
recibo, verbete de dicionário, cheque, e-mail, crítica de cinema, artigo de 
opinião, história em quadrinhos, classificados de jornal, mapa, guia turístico, 
placa de sinalização, música, livro de histórias, entre tantos outros gêneros 
discursivos possíveis. 
8 
 
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil 
(RCNEI), o ato de ler de crianças entre quatro e seis anos é uma competência 
linguística que transcende a simples decodificação de letras e sílabas. 
 
“A leitura é um processo mental e social em que o leitor realiza um 
trabalho ativo de construção do significado do texto, apoiando-se em 
diferentes estratégias, como o seu conhecimento sobre o assunto, 
sobre o autor e de tudo o que sabe sobre a linguagem escrita e o 
gênero discursivo em questão” (BRASIL, 1998, v. 3: 144). 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
O Professor-Leitor e a Formação do Leitor 
 
Os professores não recebem nem nas faculdades de Letras, nem nos 
cursos de Magistério orientação devida sobre avaliação de livro para 
juventude. Mesmo nas melhores faculdades são raros os professores 
que desenvolvem trabalhos nessa área, analisando a produção 
existente para jovens, ou pesquisando metodologia de leitura ou 
ainda a pedagogia da Literatura. Os professores em geral conhecem 
pouco o que existe no mercado de Literatura infanto-juvenil e em 
grande parte, limitam-se a indicar apenas os livros que lhes chegam às 
mãos por meio da propaganda das editoras ou que são distribuídos 
nas escolas pelo governo. FARIA, 1999, p. 18. 
 
Há muito vem se colocando a culpa da má qualidade da leitura dos 
brasileiros no professor. O principal argumento utilizado é o de que o professor 
não lê. Este, quando questionado, alega que não tem tempo para a leitura e que 
os livros custam caro. 
Nesse jogo de acusação e resposta, há uma busca incansável de 
opressores e oprimidos por um sistema que não deseja formar leitores. 
Os índices de leitura do SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica 
nos mostram que os alunos leem mal e pouco compreendem aquilo que leem. 
É responsabilidade da escola ensinar a criança a ler e fazer com que nela 
seja despertado o gosto pela leitura. Esta é uma tarefa difícil, mas não 
impossível. 
9 
 
As crianças e os livros se encontram definitivamente na escola, é onde 
surge o encantamento e o gosto pela leitura. 
Quando se lê para os alunos, se está ampliando o universo cultural 
através do conhecimento de lugares, épocas e culturas diferentes. 
Na educação infantil e nas séries iniciais do ensino fundamental, a leitura 
deve ser trabalhada de forma lúdica, fazendo com que a criança leia enquanto 
brinca. Nesse momento, a criança é inserida em mundo de descobertas e 
começa a explorar a imaginação. 
Na escola, deve-se dar às crianças oportunidades de vivenciar a 
funcionalidade da leitura, é preciso que elas tenham o discernimento de 
entender o porquê de se aprender a ler, escrever e interpretar. 
 
1 - Vale a pena conhecer a descrição dos níveis da escala de desempenho de 
língua portuguesa do SAEB. 
Para conhecê-la acesse o link abaixo e clique em Escala de Desempenho de 
Língua Portuguesa; 
http://provabrasil.inep.gov.br 
2 – Leitura 
TERZI, S. B. A Construção da Leitura, Campinas: Editora da UNICAMP.1998. 
 
Leitura e Responsabilidade Social 
Em nosso país, no século XIX, a leitura era privilégio de uma minoria, 
felizmente, no século XX e no atual não se pode mais dizer o mesmo. 
Mesmo sendo um conhecimento mal distribuído, a leitura é, legalmente, 
um direito de todos. 
O Brasil é um país onde há muita desigualdade social, muitos estudiosos 
afirmam que tais desigualdades acontecem devido ao fato de uma grande 
parcela da população ser analfabeta ou pouco letrada. 
Diz-se analfabeto aquele que não sabe ler e nem escrever, mas, no Brasil, 
prevalecem nos bancos escolares e no mercado de trabalho os iletrados 
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/prova_brasil_saeb/escala/2011/escala_desempenho_portugues_fundamental.pdf
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/prova_brasil_saeb/escala/2011/escala_desempenho_portugues_fundamental.pdf
http://provabrasil.inep.gov.br/escalas-da-prova-brasil-e-saeb1
10 
 
funcionais, que são aquelas pessoas incapazes de ler e escrever o mínimo 
necessário à vida cotidiana. 
Vivemos em uma sociedade letrada, portanto, podemos afirmar que o 
acesso à leitura é condição essencial para a participação social. 
A leitura desempenha diversas funções sociais, utilizamo-la para a fruição 
ou aquisição de conhecimento e informação. 
É por meio da leitura que temos acesso aos conhecimentos construídos 
pela humanidade ao longo dos tempos, ampliamos nossa comunicação, 
podemos ampliar nossos horizontes profissionais, culturais e pessoais, a nossa 
visão de mundo, desenvolver nossa compreensão e o nosso senso crítico. 
O papel do professor nesse sentido é o de apresentar ao aluno qual o 
sentido da leitura em sua vida, quais as funções que essa habilidade tem em 
nossa sociedade. 
Auxiliar um aluno no desenvolvimento da competência para a leitura 
implica contribuir na formação de um cidadão pleno e crítico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para saber mais acesse o site 
http://www.youtube.com/watch?v=WBv86YMKYvw&feature=related 
http://www.youtube.com/watch?v=HCaMDsJ8mrc&feature=relmfu 
http://www.youtube.com/watch?v=WBv86YMKYvw&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=HCaMDsJ8mrc&feature=relmfu
11 
 
Denotação é o vínculo direto de significação, 
relação significativa objetiva entre referência e 
conceito. É o emprego das palavras em seu 
sentido literal. 
Conotação é o conjunto de alterações ou 
ampliações que uma palavra agrega ao seu 
sentido denotado. 
 
UNIDADE 2- Literatura Infantil: Pressupostos Básicos 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Explicitar e conhecer o conceito de Literatura. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Literatura, no sentido restrito, é a arte da palavra, ou seja, o texto com 
finalidade artística, privilegiando, portanto, a conotação (sentido figurado), que 
gera a ambiguidade programada (duplo sentido intencional), a polissemia ou 
plurissignificação (múltiplos sentidos). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Evidente que esse tipo de linguagem imprime ao texto originalidade, 
subjetividade e carga emotiva. Vejamos alguns exemplos de texto literário ou 
artístico: 
Infância 
Um gosto de amora 
comida com sol. A vida 
chamava-se Agora. 
(Guilherme de Almeida) 
 
Ai que Saudades que Tenho 
Meu verso é profundamente romântico. 
12 
 
Choram cavaquinhos luares e vai 
Por aí a longa sombra de rumores ciganos. 
Ai que saudades que tenho de meus negros verdes anos! 
 (Cacaso) 
Literatura também é mimese ou ficção, ou seja, imitação de uma 
realidade física, conceitual ou psicológica. Frisamos que “imitação” não está no 
sentido de cópia, mas de recriação da realidade. 
De acordo com Proença Filho (1990), o texto literário é, ao mesmo 
tempo, um objeto linguístico e um objeto estético. 
Assim como a música, a dança e o cinema, a literatura é considerada uma 
arte, o que as difere é a forma como são manifestadas. 
A literatura é um objeto de comunicação, pois é capaz de transmitir os 
conhecimentos e a cultura de uma comunidade. 
Consideremos a literatura como um instrumento de comunicaçãoe de 
interação social, pois é capaz de transmitir os conhecimentos e a cultura de um 
povo por gerações. O caráter variado dos tipos de textos existentes deve-se às 
diferentes finalidades e ao público a que cada um deles se destina. 
A linguagem literária é caracterizada por sua plurissignificação, baseada 
na conotação, que é a significação subjetiva da palavra, ela é muitas vezes 
utilizada com um sentido diferente daquele que lhe é comum. Para detectar se 
um texto é ou não literário, basta analisar sua função predominante, isto é, qual 
é seu objetivo principal. Se este for, por exemplo, informar algo de maneira 
objetiva, é um texto não literário, mesmo que, em sua linguagem o autor utilize 
recursos estilísticos de expressão. O texto literário sempre trata de um assunto 
concreto da realidade. A função predominante neste tipo de texto é a 
referencial. 
São considerados textos não literários, textos que utilizam a linguagem 
denotativa que demonstra a significação objetiva da palavra, pode-se dizer que 
é a palavra em estado de “dicionário”. Nesse tipo de texto estão inseridas as 
13 
 
notícias e reportagens jornalísticas, os textos de livros didáticos, os textos 
científicos em geral, os manuais de instrução, as receitas culinárias, as bulas de 
remédio, as cartas comerciais, etc. 
 
Fonte: http://hypescience.com/as-pessoas-nao-leem-mais-jornal-impresso-mas-nao-confiem-
nas-informacoes-online/ 
 
Em contrapartida, o texto literário não tem essa função nem esse 
compromisso com a realidade exterior, pelo contrário, ele é a expressão da 
realidade interior e subjetiva de seu autor. São textos escritos para entreter, 
emocionar e sensibilizar o leitor. Utiliza-se, na maioria das vezes, a linguagem 
poética. 
O texto literário cria uma história ficcional a partir de dados da realidade, 
onde predominam as funções emotiva e poética. Os textos considerados 
literários são os poemas, os romances literários, os contos, as novelas, as letras 
de música, as peças de teatro, as crônicas, etc. 
 
http://hypescience.com/as-pessoas-nao-leem-mais-jornal-impresso-mas-nao-confiem-nas-informacoes-online/
http://hypescience.com/as-pessoas-nao-leem-mais-jornal-impresso-mas-nao-confiem-nas-informacoes-online/
14 
 
 
Fonte: 
http://1.bp.blogspot.com/_lmZDt6Kh7nc/TMjaqwWH1dI/AAAAAAAAAH4/aY4XZwdj1Sg/s1600/Teatro+1.JPG 
 
Resumidamente, podemos assumir que o texto literário apresenta uma 
função estética, enquanto o texto não literário tem uma função utilitária 
(informar, convencer, explicar, responder, ordenar etc.). 
O texto literário é organizado em gêneros literários e pode ser dividido 
em dois grandes grupos: textos em verso e textos em prosa. 
Os textos em verso são os poemas, aqueles que são formados por versos. 
Os textos em prosa são aqueles construídos em linha reta, organizados em 
frases, parágrafos, capítulos, partes, etc. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Para ampliar seu conhecimento leia o texto “Diferenças entre Linguagem 
Literária e Linguagem Não Literária” disponível em: 
http://www.brasilescola.com/literatura/linguagem-literaria-naoliteraria.htm 
 
 
 
 
 
 
http://1.bp.blogspot.com/_lmZDt6Kh7nc/TMjaqwWH1dI/AAAAAAAAAH4/aY4XZwdj1Sg/s1600/Teatro+1.JPG
http://www.brasilescola.com/literatura/linguagem-literaria-naoliteraria.htm
15 
 
UNIDADE 3- A Literatura Infanto-Juvenil 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Conceituar e conhecer de fato o que é Literatura Infanto-Juvenil. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Literatura infanto-juvenil 
Até o século XVIII, não se falava em literatura infantil, livros escritos para 
crianças, dedicados ao público infantil. As crianças liam o mesmo livro que os 
adultos. 
Todavia, no século XVII, na França, surge um precursor da literatura para 
crianças, Charles Perrault, que, colhendo relatos da tradição oral popular, 
escreveu Chapeuzinho Vermelho, O Gato de Botas, O Barba Azul, O Pequeno 
Polegar, entre outras obras infantis. 
A partir do fim do século XVIII, com a ascensão da burguesia ao poder, a 
criança deixou de ser considerada “um adulto em miniatura”, fazendo surgir, 
mais efetivamente, uma literatura para crianças, mas de caráter moralista, 
direcionada para a formação e informação das crianças e dos jovens. 
Na Alemanha do século XVIII, surgem os irmãos Grimmm, com suas 
obras colhidas do folclore, da tradição oral, das quais se destacam: A Branca de 
Neve, Cinderela, A Bela Adormecida, João e Maria e Rapunzel. 
Na Inglaterra do século XVIII, Jonnathan Swift escreve As Viagens de 
Gulliver e Daniel Defoe cria Robinson Crusoe, obras que, embora fossem 
escritas para adultos, agradou ao público infantil. No século XIX, o inglês Lewis 
Carrol escreve Alice no País das Maravilhas. Na Dinamarca, Hans Christian 
Andersen leva à escrita O Patinho Feio, e, na Itália, Carlo Collodi cria Pinocchio. 
No Brasil, a literatura para crianças inicia-se efetivamente no início do 
século XX com Monteiro Lobato, autor do Sítio do Picapau Amarelo. 
16 
 
Portanto, a partir do século XVIII, começa a surgir uma literatura para 
crianças, procurando adequar-se a seus interesses, necessidades, faixa etária e 
características próprias. Disso decorre uma união com a pedagogia, passando 
os educadores a serem os autores da literatura, com exceção dos autores 
citados. 
A puerilidade, ou seja, o tom moralizador de muitas obras, somada à 
infantilização, à facilitação, ao acúmulo dos diminutivos e do simplório fizeram 
muitas obras escritas por educadores detestáveis às crianças e aos jovens, o 
que, no entanto, não impediu sua produção em massa. 
O acervo dessas obras e mais algumas escritas para adultos, mas 
escolhidas e adotadas pelas crianças de todo o mundo, felizmente livres de 
didatismo e puerilidade, tornam a denominação Literatura Infantil, título 
discutível de certa maneira. 
Se é discutível a denominação literatura infantil, vejamos o que dizem 
grandes escritores sobre este assunto: 
 
O gênero literatura infantil tem, a meu ver, existência duvidosa. Haverá 
música infantil? Pintura infantil? A partir de que ponto uma obra 
literária deixa de constituir alimento para o espírito da criança ou do 
jovem e se dirige ao espírito do adulto? Qual o livro para crianças que 
não seja lido com interesse pelo homem feito? Qual livro de viagens 
ou aventuras, destinado a adultos, que não possa ser dado a crianças, 
desde que vazado em linguagem simples e isento de matéria de 
escândalo? Será a criança um ser à parte, estranho ao homem, e 
reclamando uma literatura também à parte? (...) 
Há uma tristeza cômica no espetáculo desses cavalheiros amáveis e 
dessas senhoras gentis, que, em visita a amigos, se detêm a conversar 
com as crianças de colo, estas inocentes e sérias, dizendo-lhes toda 
sorte de frases em linguagem infantil, que vem a ser a mesma 
linguagem de gente grande, apenas deformada no final das palavras e 
edulcorada na pronúncia...Essas pessoas fazem oralmente, e sem o 
saber, literatura infantil.(...) 
Na linguagem de alguns que escrevem para crianças, tem-se a 
impressão de que entendem o qualificativo de Literatura no sentido 
próprio: dotado de infantilidade. De infantilidade, concretamente, sem 
sombra de metáfora.” (Carlos Drummond de Andrade) 
 
Escrevo porque gosto. Com meus textos, quero botar para fora algo 
que não consigo deixar dentro. E escrevo para criança porque tenho 
17 
 
uma certa afinidade de linguagem. Mas não tenho intenção didática, 
não quero transmitir nenhuma mensagem, não sou telegrafista. 
Acredito que a função da obra literária é criar um momento de beleza 
através da palavra. ... Em momento algum eu acho que a linguagem 
deva ser simplificada. Em meus livros não há condescendência, 
tatibitate nem barateamento da linguagem. A colocação dos 
pronomes é consciente, a regência e a concordância são rigorosas. As 
rupturas são intencionais, têm uma função estilística. Acho essencial 
dominar uma gramática para domá-laa partir de uma linguagem 
nova. (Ana Maria Machado) 
 
Escrevo para dizer o que penso. Quero reclamar de governos 
autoritários. Quero mostrar a existência de desigualdade entre o 
homem e a mulher. Não fujo muito de temas que, supostamente, não 
pertencem ao universo infantil. Acho que todo mundo é capaz de 
aprender. (Ruth Rocha) 
 
Uma obra-prima para criança é a que, antes de nada, agrada a adultos 
inteligentes. (Cecília Meireles) 
 
A literatura infanto-juvenil é considerada como um dos maiores 
instrumentos de conscientização sobre os problemas do mundo moderno para 
o seu público-alvo, ela possui um universo de trabalho extenso, mas ainda 
pouco explorado. 
Esse tipo de literatura é feito para leitores em formação, que são crianças, 
pré-adolescentes e jovens em idade escolar. Como sabemos, esse é um público 
até certo ponto imaturo, mas evidentemente esperto e extremamente crítico e 
verdadeiro. A intenção da literatura infanto-juvenil é mexer com a emoção e 
com os sentimentos desses leitores, atuando diretamente na formação de 
conceitos. 
 
 
18 
 
Fonte: http://www.colatina.es.gov.br/noticias/noticias.php?area=educa&materia=0408003 
 
A literatura infanto-juvenil é arte, pois constrói o mundo por meio das 
palavras. Por isso, é considerada instrumento de formação para a pessoa, pois é 
capaz de diversas capacidades. 
Ouvir histórias e poesias é fundamental na formação do leitor e 
proporciona a quem ouve a interação com pessoas, situações, objetos, 
sentimentos, além da descoberta de outros lugares, costumes, ética, hábitos, 
valores. 
A escola começou a valorizar a literatura infanto-juvenil somente no 
século XIX, pois até então esse público não podia usufruir de leituras dedicadas 
exclusivamente a eles, o que fazia com que lessem obras escritas para a leitura 
de adultos ou, na maioria das vezes, não lessem. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Para a ampliação do conhecimento sugerimos a leitura do texto: “A 
Literatura Infantil nos Primeiros Anos Escolares e a Pedagogia de Projetos” 
disponível em: 
http://coral.ufsm.br/lec/02_01/CintiaLC6.htm 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.colatina.es.gov.br/noticias/noticias.php?area=educa&materia=0408003
http://coral.ufsm.br/lec/02_01/CintiaLC6.htm
19 
 
UNIDADE 4- Características do Texto Literário Infantil 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Abordar as características da Literatura Infantil. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Algumas características da Literatura Infantil merecem destaque. Vamos a 
elas? 
A primeira característica diz respeito à Simplicidade, mas não Facilidade. 
Sabe o que isso significa? A obra literária para crianças é essencialmente a 
mesma obra para o adulto. Difere desta apenas na complexidade de concepção: 
a obra para crianças será mais simples em seus recursos, mas não menos 
valiosa. 
Outra marca da Literatura Infantil é a ausência de puerilidade linguística, 
ou seja, a obra literária não deve apresentar redundâncias (repetições 
desnecessárias); facilitação da linguagem (mimi, em referência a dormir, dandá, 
para andar, etc.). Por outro lado, também não deve conter estilo muito formal, 
retórico, empolado. 
É importante ressaltar que gradativamente estruturas linguísticas mais 
complexas devem ser apresentadas à criança, visto que ensinar é desafiar. Por 
essa razão, o texto literário ou não deve ser um desafio para o aluno. 
Outra marca da Literatura Infantil é a Ausência de Tom Moralizador. 
Ressalte-se que o tom moralizador é outra faceta da Puerilidade. A criança logo 
abandona a obra que apresenta tons moralizados, pois percebe que esta 
tolherá sua liberdade, sua fantasia. Além disso, o tom moralizador gera 
discriminações, preconceitos. Eis o que diz o crítico literário Alceu Amoroso 
Lima: “A criança é naturalmente levada a desconfiar dos livros que lhe vêm tolher 
o melhor dos bens: a liberdade”. 
20 
 
Na narrativa para crianças, em tempos passados, a família era 
apresentada sempre como indissolúvel, subentendendo o tom moralizador de 
que pais separados não são dignos de ilustrar a ficção literária. 
Consequentemente, crianças vindas de uma família dissolvida eram passíveis de 
discriminação das demais crianças. Observa-se, na narrativa moderna, cada vez 
mais a presença de personagens infantis convivendo com pais separados. Logo, 
a narrativa moderna para crianças passou a espelhar melhor a nossa sociedade 
e a contribuir para a eliminação da discriminação. 
No que diz respeito á Ilustração, ela não deve ser nem fiel e nem distante 
da significação. Vejamos a ilustração ao longo do processo de alfabetização: 
- Antes da Alfabetização: Lemos para a criança – textos pequenos, mas bons, 
com muitas gravuras. Os livros têm o formato das personagens (apelo ao tato); 
- Início da alfabetização: predomínio da ilustração, texto pequeno, mas bom, 
letras grandes e redondas. 
- Evolução no processo de alfabetização: vão se reduzindo as gravuras, o 
tamanho das letras e os enredos vão se tornando mais extensos. Mesmo para as 
crianças acima de 9 anos, que supostamente vão dominando a leitura, as 
gravuras ainda podem estar presentes mas já não são essenciais. O excesso de 
ilustração, nessa fase, é sinal do quanto subestimamos a criança. 
Quanto ao uso das classes gramaticais, há que se atentar para: 
A) O substantivo como definição e verbo como ação são palavras básicas na 
linguagem da criança. 
B) A adjetivação enriquece apenas, sendo imprescindível, porém deve ser 
empregada sem abuso. 
C) Não se justifica a ausência do artigo (o, a, os, as, um, uma) na linguagem para 
crianças. 
D) O gerúndio (cantando, vendendo, partindo) tem grande efeito temporal e 
intensificador, quando repetido: “os meninos foram andando, andando, 
andando, e as cigarras cantando, cantando, cantando pelo bosque”. 
21 
 
E) Até os 11 anos, as conjunções mais empregadas pelas crianças são as 
coordenativas (e, mas, tanto que) e as subordinativas que indicam causalidade, 
principalmente porque. A conjunção coordenativa conclusiva, portanto é 
substituída pela conjunção então. 
F) O aumentativo e o diminutivo: ambos têm grande carga emotiva, podendo 
ser empregados no sentido irônico também. 
G) O numeral tem valor de suspense, por exemplo, numa contagem regressiva 
(três, dois, um, zero); tem valor mítico, principalmente o 3 e o 7: Os Três 
Porquinhos, Branca de Neve e os Sete Anões. 
A Linguagem dos Livros Infanto-Juvenis 
O autor de Literatura Infanto-Juvenil, ao escrever seus textos, foca seu 
pensamento fundamentalmente naquilo em que está escrevendo, em seu 
conteúdo. A linguagem é deixada, quase sempre em segundo plano. 
Monteiro Lobato foi um paradigma na literatura infantil, sendo o 
responsável por uma verdadeira revolução, não só em termos de conteúdo, mas 
principalmente pela linguagem original e criativa, coloquial, repleta de gírias, 
brasileirismos e neologismos. 
A partir de então a Literatura Infanto-Juvenil contemporânea passou a ter 
uma linguagem inovadora, que reflete seu tempo. Vale ressaltar que a literatura 
infanto-juvenil não é um tipo menor de literatura, destinado apenas ao 
passatempo de crianças e jovens; trata-se de uma escrita com objetivos, funções 
e temáticas próprias no panorama cultural contemporâneo com identidade 
estabelecida que forma indivíduos críticos e cidadãos. 
A linguagem deve ser apreendida pelo leitor em três estruturas: a 
fonológica, a semântica e a morfossintática. 
A língua cumpre de fato a sua função quando consegue atingir um 
grande número de indivíduos que apreendem sem ambiguidades as mensagens 
por ela concatenadas, revelando-se perfeito instrumento de comunicação. Além 
desse objetivo funcional, a língua é expressiva, como já dito anteriormente, tem 
22 
 
função estética nos textos literários, o que tem a finalidade de proporcionar 
agradáveis sensações a quem escuta, escreve ou lê. 
No momento em que uma criança lê um livrocom deleite, conquista-se 
algo que para muitos professores até então se configurava como impossível, a 
língua portuguesa passa a ser apreendida e aprendida como um instrumento de 
prazer e enriquecimento intelectual. 
O papel das Ilustrações no Livro Infanto-Juvenil 
A primeira leitura que o leitor infanto-juvenil estabelece com o livro é 
feita através da imagem visual, ou seja, do aspecto gráfico, que o convidará ou 
não para mergulhar na história. 
O livro de literatura infanto-juvenil é capaz de promover o 
desenvolvimento de duas competências leitoras: a do código verbal e do código 
não verbal. 
As imagens fazem parte do nosso cotidiano e são também poderosas 
formas de comunicação. Elas estão presentes em nossos pensamentos e na 
maioria dos meios de comunicação que nos cercam diariamente. Portanto, lidar 
com imagens e lê-las com competência faz parte do processo de apreensão, 
leitura e compreensão do mundo. 
Devido a essa importância que a imagem tem para a nossa comunicação, 
as ilustrações presentes em livros infanto-juvenis não podem ser vistas como 
meros ornamentos ou com a função de esclarecer o texto, elas possuem 
diferentes funções no texto como, por exemplo, representativa, descritiva, 
narrativa, simbólica, expressiva, lúdica, conotativa, metalinguística, fática e 
pontual. 
As ilustrações, assim como todo o projeto gráfico de um livro infanto-
juvenil, são partes integrantes do universo semântico, juntamente com o texto 
verbal. Sendo assim, é responsabilidade dos mediadores de leitura, no nosso 
caso os professores, estimular e aprofundar a leitura das imagens que 
compõem os livros, promovendo, assim, a leitura intersemiótica. 
23 
 
Pensando nesse contexto, o trabalho com a literatura infanto-juvenil, 
com a utilização de livros ilustrados, desenvolvido na sala de aula, não pode 
limitar-se unicamente ao texto verbal, pois, como já dito anteriormente, as 
imagens não estão ali presentes apenas como suporte da narrativa. Elas 
possuem uma narratividade própria, que as configuram como um texto em si. 
As imagens, assim como as palavras não são transparentes, são repletas 
de ambiguidades e não se traduzem por si só. As figuras contidas em um livro 
infanto-juvenil possuem significações globais, tanto denotativas quanto 
conotativas, ou seja, a imagem refere-se a associações feitas a partir dela e ao 
que a própria imagem representa de fato. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTOS 
Para ampliar seu conhecimento leia o texto: “A relação entre imagem e 
texto na ilustração de poesia infantil”, disponível em: 
http://www.unicamp.br/iel/memoria/Ensaios/poesiainfantilport.htm 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.unicamp.br/iel/memoria/Ensaios/poesiainfantilport.htm
24 
 
UNIDADE 5- Gêneros Literários Infanto-Juvenis: Parte 1 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Conceituar o que é gênero e explicitar as características da narrativa 
e os elementos da narrativa no infanto-juvenil. 
Já nos foram apresentadas as características de um texto literário e as 
diversas linguagens utilizadas na literatura infanto-juvenil. Nesta unidade 
conheceremos os gêneros literários mais característicos da literatura infanto-
juvenil e seus elementos narrativos. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Gênero, para Bakhtin, é definido como repertório das formas de discurso 
na comunicação socioideológica. Assim, cada esfera de utilização da língua 
elabora gêneros relativamente estáveis (uma notícia apresenta sempre um 
quem, o quê, como, o por quê, quando, onde), que se caracterizam pelos 
conteúdos e pelos meios linguísticos de que se utilizam. Em cada esfera da 
linguagem, ocorre a adoção de um gênero, ou seja, uma escolha determinada 
em função da especificidade de uma esfera dada da troca verbal. 
Bakhtin distingue gênero de discursos primários, constituídos por 
aqueles da vida cotidiana e que mantêm relação imediata com as situações nas 
quais são produzidos e gêneros de discurso segundos que aparecem nas 
circunstâncias de uma troca cultural (principalmente escrita), artística, científica, 
sócio-política, mais complexa e relativamente mais evoluída (teatro, romance, 
discurso científico). 
No caso da literatura infanto-juvenil, os principais gêneros são a 
narrativa, a poesia, o gênero dramático (texto teatral) e os quadrinhos. 
Comecemos nosso estudo pelo gênero narrativo. 
A Narrativa Infanto-Juvenil 
25 
 
Narrar é contar uma história, relatar um fato com passagem do tempo. 
No caso da narrativa literária, o relato é fictício, podendo ser expresso em prosa 
(linhas contínuas) ou em verso (linhas descontínuas), embora a prosa predomine 
no texto narrativo. 
As duas principais modalidades narrativas são o conto e o romance. O 
conto é uma narrativa curta, o romance é uma narrativa mais extensa que o 
conto, dividida em capítulos. Chapeuzinho Vermelho, a maioria das fábulas são 
contos; Meu Pé de Laranja Lima, muitas obras de Lobato, os vários livros de 
Harry Potter são romances. 
 
 
Fonte: http://profavanessakaled.blogspot.com.br/p/5a-serie-sugestoes-de-leitura.html 
 
Os Elementos da Narrativa 
De maneira sucinta, vamos estudar os principais elementos da narrativa. 
Discurso: é a forma como a atitude, a fala das personagens são 
apresentadas no decorrer da história. As duas principais formas de discurso para 
crianças são: discurso direto e discurso indireto. 
O discurso direto caracteriza-se pela exposição literal da fala da 
personagem. Trata-se, na verdade, de uma simulação da fala dos envolvidos na 
história. O discurso direto possui marcas: verbo introdutório (verbos dicendi), 
tais como: disse, perguntou, respondeu, etc.; dois pontos, travessão ou aspas. 
http://profavanessakaled.blogspot.com.br/p/5a-serie-sugestoes-de-leitura.html
26 
 
Além disso, nesse tipo de discurso há uma interrupção sintática, notadamente 
marcada pelo uso dos dois pontos. 
 
Pedro perguntou: “Você virá?”. 
José disse: “Eu estou cansado”. 
 
Na citação em discurso direto, observamos duas vozes: a do narrador, no 
caso dos exemplos acima: Pedro perguntou e José disse e a dos personagens, 
repetidas literalmente: “Você virá?” e “Eu estou cansado”. 
A citação em discurso direto produz um efeito de sentido de verdade e 
realidade, pois há uma simulação: o próprio personagem fala no texto. 
No discurso indireto, o narrador relata o que é dito pelas personagens. 
Trata-se, na realidade, de uma reprodução da fala do personagem. 
As marcas do discurso indireto são: emprego do verbo introdutório, 
seguido de que ou se. Neste caso, não se usam os dois pontos, travessão e 
aspas: 
 
Pedro perguntou se eu viria. 
José disse que estava cansado. 
 
A narrativa para crianças, principalmente até os 9 anos, deve recorrer 
bastante ao discurso direto, fazendo emergir o gênero dramático pela narrativa. 
As descrições longas não são bem vindas. 
Foco Narrativo é a forma como o fato é narrado, podendo ser em 1ª ou 
3ª pessoa. É bom deixar claro que o narrador não é uma pessoa de carne e 
osso, mas alguém, criado pelo autor, aquém será dada a responsabilidade de 
narrar os acontecimentos. 
O narrador em 1ª pessoa participa da história, é um narrador 
personagem- protagonista ou secundária. Em O Meu Pé de Laranja Lima, de 
27 
 
José Mauro de Vasconcelos, temos narrador-personagem protagonista em 1ª 
pessoa, o menino Zezé: 
 
“A gente vinha de mãos dadas, sem pressa de nada pela rua. Totoca 
vinha me ensinando a vida. E eu estava muito contente porque meu 
irmão mais velho estava me dando a mão e ensinando as coisas”. 
 
Já, no longo romance psicológico e de aventuras Moby Dick, de Herman 
Melville, uma obra para adultos, mas também admirada pelas crianças, temos 
narrador-personagem secundária, o marinheiro Ismael, testemunha do que 
ocorreu com o protagonista, o capitão Ahab. Dessa forma, este tipo de narrador 
também é denominado eu comotestemunha: 
 
“Meu nome é Ismael. Trabalhei a vida inteira como marinheiro 
mercante. Gosto do mar, sou fascinado pela força e beleza das ondas. 
Sempre que fico muito tempo em terra, acabo tornando-me uma 
pessoa chata, irrequieta e mal-humorada.(...) 
Um dia, logo depois do almoço da tripulação, todos levaram um susto. 
O capitão Ahab surgiu do seu camarote como se saísse das trevas. 
Aquela figura imponente e forte nada se parecia com o enfermo que 
eu imaginava. Tinha uma perna moldada com osso de baleia, a qual 
apoiava num buraco feito no assoalho do navio especialmente para 
isso. Era moreno e tinha uma cicatriz no rosto.” (Moby Dick, Herman 
Melville, adaptação de Ana Carolina Vieira Rodrigues ). 
 
Na próxima unidade, daremos continuidade aos elementos da narrativa e 
a importância dos mesmos na literatura Infanto-juvenil. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTOS 
Para ampliação do conhecimento sugerimos a leitura do Boletim 21 
intitulado “A Narrativa na Literatura de Crianças e Jovens”, disponível em: 
http://www.tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/133321Anarrativa.pdf 
 
 
 
 
http://www.tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/133321Anarrativa.pdf
28 
 
UNIDADE 6- Gêneros Literários Infanto-Juvenis: Parte 2 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Dar continuidade em explicitar os elementos da narrativa na 
literatura infanto-juvenil. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Os Elementos da Narrativa 
O narrador em 3ª pessoa não participa da história, não é um 
personagem, podendo ser observador (relata apenas o que vê ou deduz) e 
onisciente (como um deus, sabe tudo o que se passa no íntimo, na mente das 
personagens e relata tudo ao leitor). 
O narrador observador é bastante empregado. Esse tipo de narrador, 
analogamente, exerce a função de um cameraman, que vai filmando as cenas 
como acontecem no horizonte da história. Assim, o narrador só relata o que vê 
e o que acontece. Veja um exemplo no poema narrativo abaixo: 
 
Poema Tirado De Uma Notícia de Jornal 
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num 
barracão sem número 
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro 
Bebeu 
Cantou 
Dançou 
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado. 
(Manuel Bandeira) 
 
Eis outro exemplo em Monteiro Lobato: 
 
“De fato, o Visconde estava preparando alguma. Deu de ficar tão 
distraído que até começou a atrapalhar o trânsito (...). Que será que 
29 
 
tanto preocupava o Senhor Visconde?” (Emília no País da Gramática, 
Monteiro Lobato). 
 
O que acontece em Lobato e em muitas obras para crianças até 9 anos é 
que o discurso direto predomina, o espaço do narrador quase some, fazendo 
este se tornar mero observador e condutor das cenas (falas, discurso direto). 
No entanto a nossa tendência instintiva, quando inventamos uma 
história, é criar o narrador em 3ª pessoa onisciente, já que automaticamente nos 
vemos como um deus a criar personagens, sabendo tudo a respeito delas. 
Quantas vezes, criamos histórias para um filho, um irmãozinho dormir e nos 
vemos dizendo: 
 
“Era uma vez, num reino muito distante, uma bela, mas triste princesa. 
Ela vivia pensando nas maldades que sua cruel madrasta lhe fazia 
(...)”. 
 
Outro exemplo: 
 
“A menina pensou que a avó estivesse muito doente mesmo, para 
nem se levantar e abrir a porta.” (Chapeuzinho Vermelho – Perrault). 
 
A grande maioria da literatura para crianças até 9 anos traz foco narrativo 
em 3ª pessoa, tanto observador, quanto onisciente. A partir dos 10 anos, as 
narrativas mais longas com narrador em 1ª pessoa devem ser apresentadas para 
a criança. 
Personagens são os atores da história e dos acontecimentos. Elas podem 
ser classificadas como planas e esféricas. 
As personagens planas não apresentam profundidade psicológica, não 
surpreendem o leitor. Normalmente, esse tipo de personagem já aparece 
descrito no início da história e seu comportamento mantém-se inalterado no 
transcorrer dos fatos. 
30 
 
Diferentemente, as personagens esféricas apresentam profundidade, 
complexidade psicológica e surpreendem o leitor. 
Na literatura para crianças, na faixa dos 3 aos 9 anos, as personagens 
planas são fundamentais, visto que a criança está em fase de formação e 
necessitamos ensinar-lhes o que é o bem e o mal. Dessa forma, o maniqueísmo 
(bem x mal) aflora na narrativa, fazendo dos protagonistas heróis que encarnam 
o bem e dos antagonistas anti-heróis que encarnam o mal. 
A partir dos 10 anos, as personagens sutilmente esféricas devem começar 
a ser apresentadas para a criança, como Zezé de “O meu Pé de Laranja Lima”, 
um menino transformado pelo sofrimento, amadurecido, com a morte do 
Portuga, não consegue mais dialogar com seu pé de laranja lima. 
Vale ressaltar que personagens animais se comportando como humanas 
constituem o gênero narrativo fábula; já as personagens objetos, agindo como 
humanas constituem o gênero narrativo apólogo. Em ambas ocorre o processo 
de personificação ou prosopopeia, o antropomorfismo e ambas apresentam 
uma lição de moral. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTOS 
Se narrar é apresentar um mundo que se constrói, com ações que se 
sucedem, paulatinamente, dois elementos são fundamentais: o tempo e o 
espaço. 
O Tempo é a época histórica (passado - Idade Média; o futuro, no caso 
da ficção científica), ou da vida pessoal da personagem (infância, adolescência, 
etc.). 
O tempo pode ser cronológico, é linear, é o tempo que acompanha, por 
exemplo, os ponteiros de um relógio (passar natural das horas, dias, meses, 
anos, etc.). 
31 
 
Tempo psicológico, diferentemente, diz respeito ao tempo da memória. 
A narrativa para crianças deve ser linear (começo, meio e fim), os flashbacks 
(voltas no tempo) não são bem vindos e o tempo deve ser cronológico. 
O espaço é o local onde se passa o enredo, podendo ser interno (interior 
de uma casa, edifício, meio de transporte, etc.) e externo (fora da casa, edifício, 
meio de transporte, etc.). 
Para as crianças de 3 a 8 anos, o tempo deve ser indefinido e, 
principalmente, mítico do tipo, “Era uma vez num reino muito distante” ou 
“Numa cidade qualquer, ao celular (...)”. Neste último exemplo, um elemento do 
cenário (espaço) sugere o tempo: “celular” (final do século XX e século XXI), mas 
espaço e tempo não estão especificados. 
A partir dos 9/10 anos, narrativas com o tempo e o espaço reais devem 
ser introduzidas. 
Enredo é a história. Na narrativa para crianças, o enredo deve ser linear, 
cronológico, cheio de peripécias, incapaz de uma atenção demorada, com final 
feliz. Se o desfecho for triste, deve haver compensação. 
Enredo e Faixas Etárias 
Normalmente, há certos enredos condizentes com as faixas etárias do 
público leitor. Vamos observar os principais. 
Fase do Mito (3 / 4 a 7/ 8 anos): contos de fadas, mundo da magia, 
fábulas, apólogos. 
Fase do Conhecimento da Realidade (7/8 a 11/12 anos): histórias de 
aventuras, ação, heróis, o esforço pessoal para vencer os obstáculos, viagens, 
etc. 
Fase do Pensamento Racional (11/12 até a adolescência): Começa o 
domínio das noções abstratas (amor, solidariedade, as diferenças). Os livros 
infanto-juvenis que abordam o “eu” diante do “outro”, questões amorosas, 
políticas, sociais (divórcio, ecologia, preconceito, etc.). 
32 
 
A partir do 6º ano do ensino fundamental, a adaptação dos clássicos é 
uma alternativa muito interessante, já preparando o jovem para o estudo da 
literatura ocidental no segundo grau. 
Acesse também o link abaixo, que lhe ajudará com algumas ideias para 
se trabalhar com os elementos da narrativa. 
Portal do Professor – Elementos da Narrativa 
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=18342 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=18342
33 
 
UNIDADE 7- Trabalhando a Narração na LiteraturaInfanto-
Juvenil: Parte 1 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Explicitar exemplos de textos que podem ser trabalhados a narração 
na literatura infanto-juvenil. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Até agora, aprendemos os pressupostos básicos que embasam uma 
história, mas é importante conhecer como devemos trabalhar os textos com os 
alunos. Para isso, selecionei o texto abaixo. Vamos a ele? 
 
O SAPO E A FLOR... 
Marlene B. Cerviglieri 
Numa floresta muito grande e cheia de bichos, habitavam várias famílias de 
animais. Desde insetos e até mesmos leões com suas leoas e filhotes. Todos cuidavam 
de suas vidas e da comida também. Os macacos eram os mais alegres, pois estavam 
sempre brincando e pulando de galho em galho, como se fosse uma festa. Os pássaros 
regiam a orquestra, pois entre tantos gritinhos, urros e barulhos dos bichos parecia 
mesmo uma grande orquestra. 
Estava um dia o sapo tomando seu banho de sol, quando ouviu que lhe 
dirigiam a palavra. Logo abriu seus olhinhos, procurando quem com ele estaria falando! 
Eis que vê uma linda flor cor-de-rosa cheia de pintinhas... 
Assim estava dizendo ela: 
- Nossa que coisa mais feia! Nunca vi um bicho tão feio! Que boca tão grande, 
que pele tão grossa...Parece até uma pedra, aí parada, sem valor nenhum. Ainda bem 
que sou formosa, colorida e até perfumada. Que triste seria ser um sapo!!! 
O sapo que tudo ouvia ficou muito triste, pois sempre que via a flor, pensava: 
- Que linda flor, tão perfumada, que cores lindas, alegra a floresta! 
Mas a flor agora havia se mostrado dizendo tudo aquilo do sapo. De repente, 
surge o gafanhoto saltitante e vê a flor, mas não o sapo. A flor, quando o percebeu, 
ficou tremendo em seu frágil caule. 
- Meu Deus, que faço agora? 
Vocês sabem que o gafanhoto gosta de comer as pétalas de qualquer flor que 
encontre, e ela seria assim sua sobremesa... 
O sapo, quietinho, quietinho, não se mexeu e, quando o gafanhoto se 
aproximou da flor, nhac... o alcançou com sua língua. 
A flor que já se havia fechado, pensando que iria morrer, abriu-se novamente 
não acreditando no que havia acontecido. 
34 
 
Mas dona árvore que, desde o início, a tudo assistia, falou muito energicamente 
e brava lá do seu canto: 
- Pois é dona flor, veja como as aparências enganam. Tenho certeza de que a 
senhora gostaria mais do elegante e magrinho gafanhoto. No entanto, veja como ele 
teria sido tão mau com a senhora! Às vezes, pensamos e dizemos coisas sobre nossos 
semelhantes que não são verdadeiras. Precisamos tomar muito cuidado com o que 
falamos, sabe por quê? 
- Não - dizia a flor ainda tremendo de susto. 
- Todos nos somos diferentes, de formas diferentes e até pensamos diferente. 
Você sabe que existem também outras formas de se falar? 
- Não. Não sabia - disse a flor espantada com a sabedoria da árvore. 
- Pois então minha pequena, da próxima vez que for falar de alguém, pense 
antes, pois este alguém poderia ser você. Agora agradeça ao seu amigo sapo o favor 
que ele lhe fez, e também conte aos outros, o que aprendeu aqui hoje. 
Com sua vozinha fraca a flor disse ao sapo: 
- Meu amigo, você é, realmente, amigo. Agradeço-lhe ter me salvado do 
gafanhoto e prometo que nunca mais falarei de ninguém. Aprendi a lição e dona 
árvore me ensinou também. Todos os bichos que estavam assistindo bateram palmas. 
E assim amiguinhos, aqui fica a lição: somos todos iguais. Existem bons e maus, 
mas podemos escolher de que lado vamos ficar.... 
 
Para o trabalho com o texto, o primeiro passo, após a leitura, é verificar 
como os elementos da narrativa se apresentam na superfície textual. 
Vamos examinar o foco narrativo. No texto em questão, observamos o 
narrador em 3ª pessoa, onisciente, pois penetra no interior dos personagens e 
relata até seus pensamentos, como se constata em “A flor que já se havia 
fechado, pensando que iria morrer, abriu-se novamente não acreditando no que 
havia acontecido”. 
O narrador cede a voz da história aos personagens, introduzindo suas 
falas no discurso direto, como em “- Nossa que coisa mais feia! Nunca vi um 
bicho tão feio! Que boca tão grande, que pele tão grossa... Parece até uma 
pedra, aí parada, sem valor nenhum. Ainda bem que sou formosa, colorida e até 
perfumada. Que triste seria ser um sapo!!!” e em demais passagens, claramente 
marcadas pelo travessão. 
O tempo da história não aparece delimitado, como, por exemplo: Isto 
aconteceu no ano tal, no dia tal, mas sabemos tratar-se do passado, a partir dos 
tempos verbais empregados: “Numa floresta muito grande e cheia de bichos, 
35 
 
habitavam várias famílias de animais. Desde insetos e até mesmos leões com 
suas leoas e filhotes. Todos cuidavam de suas vidas e da comida também”. 
Vale ressaltar que o tempo do acontecimento, da história, é curto, 
cronológico. Se observarmos bem é o tempo de a flor ver o sapo, estar prestes 
a ser comida pelo gafanhoto e ser salva pelo sapo. 
E o espaço? O que dizer sobre ele? O espaço é marcado: floresta, mas 
não delimitado, pois floresta vem precedida do artigo indefinido “uma”, que 
implica ter o fato ocorrido em uma floresta qualquer. 
O que nos chama a atenção em relação ao espaço é o autor tê-lo 
apresentado como um lugar harmônico, pois os animais viviam cada um na sua, 
cuidando de sua vida e de sua família. Era um espaço alegre, cujos pássaros 
cantavam, como em uma orquestra, apesar do barulho da floresta. 
Os personagens principais da trama são o sapo e a flor. No entanto, por 
trás da simplicidade do enredo, há uma complexidade de valores envolvidos na 
história narrada e isso é um ponto que deve ser explorado pelo professor. São 
os temas transversais da aceitação e do respeito ao diferente; do nível do ser e 
do parecer, ou da essência e da aparência, do bem e do mal. 
É momento de começar o trabalho com o sentido do texto, é momento 
de produzir texto, pois leitura é produção também. 
Tomemos neste primeiro momento a personagem flor, que pode ser 
apresentada da seguinte maneira: 
 
Características físicas 
linda flor cor-de-rosa cheia de pintinhas... 
Que linda flor, tão perfumada, 
que cores lindas, alegra a floresta! 
formosa, colorida e até perfumada 
 
Características interiores 
Emite juízos de valor negativos: 
Nossa que coisa mais feia! Nunca vi que 
um bicho tão feio. 
Que triste seria ser um sapo!!! 
Parece até uma pedra, 
aí parada, sem valor nenhum 
 
Quando trabalhamos uma história de bichos, normalmente, as crianças 
questionam: “Professora bicho não fala”. Aí vem a resposta da professora: “É de 
36 
 
mentirinha”. Não, não é história de bichos e também não é de mentirinha. É 
uma história de gente: homens e mulheres. 
Sob essa perspectiva, é importante o professor trabalhar as características 
humanas atribuídas aos animais e plantas. Assim observamos: 
Pássaros- regiam orquestras 
Flor- Fala 
 Ficou tremendo 
 Clama a Deus 
 Pensa 
 Voz fraca 
 Faz promessa 
 
Sapo- Toma banho de sol 
 Ouviu alguém lhe dirigir a palavra 
 Ficou triste 
 
Dona árvore- fala energicamente 
 É sábia 
 É cerimoniosa, pois trata a flor por Dona e para Senhora. 
 
Se os personagens são revestidos de características humanas, então, são 
humanos. Após essas discussões, o professor deve, gradativamente, conduzir os 
alunos para a temática do texto. Como fazer isso? É simples. Basta questionar os 
alunos do que fala o texto? Na verdade, o texto aborda a temática de 
julgamentos a partir da aparência, sem se considerar a essência das pessoas. 
Sobre essa temática, há muito que dizer, por exemplo, feio e bonito 
dependem de quem vê e de quem julga. Jamais uma pessoa pode ser julgada, 
caracterizada por seu exterior. 
É consenso, também, que no mundo há diferenças, há feios, bonitos, 
gordos, magros, negros, brancos, amarelos. O que não se podeé discriminar as 
pessoas apenas por seus aspectos exteriores, mas há que se considerarem o 
interior das pessoas, suas qualidades e seu poder de defender os outros, como 
o sapo o fez. 
Outro aspecto interessante a ser explorado no texto diz respeito a 
algumas especificidades da linguagem. Assim, observamos: onomatopeia: 
37 
 
nhac...; comparação, embora o elemento que a estabeleça esteja elíptico: Parece 
até uma pedra; emprego dos diminutivos com valor afetivo: quietinho; vozinha; 
amiguinhos. 
Exponho abaixo alguns questionamentos a serem abordados com os 
alunos na oralidade. É importante ressaltar que o trabalho com o texto deve 
enfocar as duas direções: do texto para a vida do aluno e da vida do aluno para 
o texto. 
Dialogando com o Texto 
1- Na sua opinião, a história acima pode acontecer com pessoas também? 
2- Você conhece alguma pessoa como a flor? O que essa pessoa fez? 
3- Comente a lição que a árvore deu à flor. 
4- Na sua opinião, todas as coisas bonitas são boas e todas as coisas feias 
são ruins? Por quê? 
 
BUSCANDO CONHECIMENTOS 
Para ampliação do conhecimento leia o texto “Literatura Infanto-Juvenil: 
Contação de Histórias na Escola e na Biblioteca”, disponível em: 
http://www.bc.ufg.br/up/88/o/Art_Eunice_CBBD_2011.pdf 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.bc.ufg.br/up/88/o/Art_Eunice_CBBD_2011.pdf
38 
 
UNIDADE 8- Trabalhando a Narração na Literatura Infanto-
juvenil: Parte 2 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Exemplificar textos que podem ser trabalhados com a narração na 
literatura infanto-juvenil. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Como já sabemos é muito importante conhecer como devemos trabalhar 
os textos com os alunos. Para isso vamos refletir com o texto e os exercícios 
abaixo. 
 
Análise de Texto Narrativo em Verso 
O que os olhos não vêem – Ruth Rocha 
Havia uma vez um rei 
num reino muito distante, 
que vivia em seu palácio 
com toda a corte reinante. 
Reinar pra ele era fácil, 
ele gostava bastante. 
Mas um dia, coisa estranha! 
Como foi que aconteceu? 
Com tristeza do seu povo 
nosso rei adoeceu. 
De uma doença esquisita, 
toda gente, muito aflita, 
de repente percebeu... 
 
Pessoas grandes e fortes 
o rei enxergava bem. 
Mas se fossem pequeninas, 
e se falassem baixinho, 
o rei não via ninguém. 
Por isso, seus funcionários 
tinham de ser escolhidos 
entre os grandes e falantes, 
sempre muito bem nutridos. 
Que tivessem muita força, 
e que fossem bem nascidos. 
E assim, quem fosse pequeno, 
39 
 
da voz fraca, mal vestido, 
não conseguia ser visto. 
E nunca, nunca era ouvido. 
 
O rei não fazia nada 
contra tal situação; 
pois nem mesmo acreditava 
nessa modificação. 
E se não via os pequenos 
e sua voz não escutava, 
por mais que eles reclamassem 
o rei nem mesmo notava. 
E o pior é que a doença 
num instante se espalhou. 
Quem vivia junto ao rei 
logo a doença pegou. 
E os ministros e os soldados, 
funcionários e agregados, 
toda essa gente cegou. 
 
De uma cegueira terrível, 
que até parecia incrível 
de um vivente acreditar, 
que os mesmos olhos que viam 
pessoas grandes e fortes, 
as pessoas pequeninas 
não podiam enxergar. 
 
E se, no meio do povo, 
nascia algum grandalhão, 
era logo convidado 
para ser o assistente 
de algum grande figurão. 
Ou senão, pra ter patente 
de tenente ou capitão. 
E logo que ele chegava, 
no palácio se instalava; 
e a doença, bem depressa, 
no tal grandalhão pegava. 
 
Todas aquelas pessoas, 
com quem ele convivia, 
que ele tão bem enxergava, 
cuja voz tão bem ouvia, 
como num encantamento, 
ele agora não tomava 
o menor conhecimento... 
40 
 
Seria até engraçado 
se não fosse muito triste; 
como tanta coisa estranha 
que por esse mundo existe. 
 
E o povo foi desprezado, 
pouco a pouco, lentamente. 
Enquanto que próprio rei 
vivia muito contente; 
pois o que os olhos não vêem, 
nosso coração não sente. 
 
E o povo foi percebendo 
que estava sendo esquecido; 
que trabalhava bastante, 
mas que nunca era atendido; 
que por mais que se esforçasse 
não era reconhecido. 
 
Cada pessoa do povo 
foi chegando á convicção, 
que eles mesmos é que tinham 
que encontrar a solução 
pra terminar a tragédia. 
Pois quem monta na garupa 
não pega nunca na rédea! 
 
Eles então se juntaram, 
Discutiram, pelejaram, 
E chegaram à conclusão 
Que, se a voz de um era fraca, 
Juntando as vozes de todos 
Mais parecia um trovão. 
E se todos, tão pequenos, 
Fizessem pernas de pau, 
Então ficariam grandes, 
E no palácio real 
Seriam logo avistados, 
Ouviriam os seus brados, 
Seria como um sinal. 
 
E todos juntos, unidos, 
fazendo muito alarido 
seguiram pra capital. 
Agora, todos bem altos 
nas suas pernas de pau. 
Enquanto isso, nosso rei 
41 
 
continuava contente. 
Pois o que os olhos não vêem 
nosso coração não sente... 
 
Mas de repente, que coisa! 
Que ruído tão possante! 
Uma voz tão alta assim 
só pode ser um gigante! 
- Vamos olhar na muralha. 
- Ai, São Sinfrônio, me valha 
neste momento terrível! 
Que coisa tão grande é esta 
que parece uma floresta? 
Mas que multidão incrível! 
E os barões e os cavaleiros, 
ministros e camareiros, 
damas, valetes e o rei 
tremiam como geléia, 
daquela grande assembléia, 
como eu nunca... 
 
1) Elabore um texto dissertativo, analisando os seguintes elementos da 
narrativa: tempo, espaço, tipo de narrador, linguagem, inclusive transcrevendo 
trechos que fundamentem sua análise. Finalize sua dissertação, avaliando se 
esses elementos estão de acordo com o que se espera de uma narrativa para 
crianças. 
2) A ausência do discurso direto compromete a capacidade de esta 
narrativa agradar ao público infantil? Justifique. 
3) A narrativa em questão se vale de duas metáforas fundamentais: 
“cegueira” e pernas de pau. O que elas simbolizam? Explique também como 
elas justificam as palavras da autora: "Escrevo para dizer o que penso. Quero 
reclamar de governos autoritários.(...) Não fujo muito de temas que, 
supostamente, não pertencem ao universo infantil. Acho que todo mundo é 
capaz de aprender." (Ruth Rocha) 
4) Levando em conta a seguinte frase do narrador: “Eu vou parar por aqui /a 
história a que estou contando./ O que se seguiu depois / cada um vá 
42 
 
inventando.”, explique como este tipo de conclusão está de acordo com a 
mensagem transmitida pelo texto. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
O link abaixo traz várias análises de narrativas em verso. 
http://arca.cm-pombal.pt/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=20 
http://generosliterarios.info/mos/view/G%C3%AAneros_Liter%C3%A1rios:_Narra
tivo/ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://arca.cm-pombal.pt/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=20
http://generosliterarios.info/mos/view/G%C3%AAneros_Liter%C3%A1rios:_Narrativo/
http://generosliterarios.info/mos/view/G%C3%AAneros_Liter%C3%A1rios:_Narrativo/
43 
 
UNIDADE 9- Trabalhando o Romance com Séries mais 
Avançadas 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Explicitar atividades que podem ser trabalhadas em séries mais 
avançadas no Ensino Fundamental. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Nesta unidade daremos exemplos de textos que podem ser trabalhados 
na Literatura Infanto-Juvenil nas séries mais avançadas do ensino fundamental 
contribuindo desta forma para o desenvolvimento do aluno. 
Texto 1 
Fabrício em Apuros 
A cena que se passou teve lugar numa segunda-feira. Já lá se foram 
quatro dias, hoje é sexta-feira, amanhã será sábado, não um sábado como outro 
qualquer, mas um sábado véspera de Sant’Ana. 
São dez horas da noite. Os sinos tocaram a recolher. Augusto está só, 
sentado junto de sua mesa, tendo diante de seus olhos seis ou sete livros e 
papéis, pena e toda essa série de coisas que compõem a mobília do estudante. 
É inútil descrever o quarto de um estudante. Aí nada se encontra de 
novo. Ao muito acharão uma estante, onde ele guarda os seus livros, umcabide, 
onde pendura a casaca, moringue, o castiçal, a cama, uma, até duas canastras 
de roupa, o chapéu, a bengala e a bacia; a mesa onde escreve e que só 
apresenta de recomendável a gaveta, cheia de papéis, de cartas de família, de 
flores e fitinhas misteriosas, é pouco mais ou menos assim o quarto de Augusto. 
Agora ele está só. Às sete horas, desse quarto saíram três amigos: Filipe, 
Leopoldo e Fabrício. Trataram da viagem para a ilha de... no dia seguinte 
retiraram-se descontentes, porque Augusto não se quis convencer de que 
deveria dar um ponto na Clínica para ir com eles ao amanhecer. Augusto tinha 
44 
 
respondido: Ora vivam! bem basta que eu faça gazeta na aula de partos; não 
vou senão às dez horas do dia. 
E, pois, despediram-se amuados. Fabrício queria ainda demorar-se e 
mesmo ficar com Augusto, mas Leopoldo e Filipe o levaram consigo, à força. 
Fabrício fez-se acompanhar do moleque que servia Augusto, porque, dizia ele, 
tinha um papel de importância a mandar. 
Eram dez horas da noite, e nada do moleque. Augusto via-se 
atormentado pela fome, e Rafael, o seu querido moleque, não aparecia... O bom 
Rafael, que era ao mesmo tempo o seu cozinheiro, limpa-botas, cabeleireiro, 
moço de recados e... e tudo mais que as urgências mandavam que ele fosse. 
Fonte: DOMÍNIO PÚBLICO. Detalhe da Obra. Disponível em: 
<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2023> Acesso em: 20 mar. 
2012. 
 
Texto 2 
LUCÍOLA 
A primeira vez que vim ao Rio de Janeiro foi em 1855. 
Poucos dias depois da minha chegada, um amigo e companheiro de 
infância, o Dr. Sá, levou-me à festa da Glória; uma das poucas festas populares 
da corte. Conforme o costume, a grande romaria desfilando pela Rua da Lapa e 
ao longo do cais, serpejava nas faldas do outeiro e apinhava-se em torno da 
poética ermida, cujo âmbito regurgitava com a multidão do povo. 
Era ave-maria quando chegamos ao adro; perdida a esperança de 
romper a mole de gente que murava cada uma das portas da igreja, nos 
resignamos a gozar da fresca viração que vinha do mar, contemplando o 
delicioso panorama da baía e admirando ou criticando as devotas que também 
tinham chegado tarde e pareciam satisfeitas com a exibição de seus adornos. 
Enquanto Sá era disputado pelos numerosos amigos e conhecidos, 
gozava eu da minha tranquila e independente obscuridade, sentado 
comodamente sobre a pequena muralha e resolvido a estabelecer ali o meu 
observatório. Para um provinciano recém-chegado à corte, que melhor festa do 
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2023
45 
 
que ver passar-lhe pelos olhos, à doce luz da tarde, uma parte da população 
desta grande cidade, com os seus vários matizes e infinitas gradações? 
Todas as raças, desde o caucasiano sem mescla até o africano puro; todas 
as posições, desde as ilustrações da política, da fortuna ou do talento, até o 
proletário humilde e desconhecido; todas as profissões, desde o banqueiro até 
o mendigo; finalmente, todos os tipos grotescos da sociedade brasileira, desde 
a arrogante nulidade até a vil lisonja, desfilaram em face de mim, roçando a 
seda e a casimira pela baeta ou pelo algodão, misturando os perfumes 
delicados às impuras exalações, o fumo aromático do havana às acres baforadas 
do cigarro de palha. 
— É uma festa filosófica essa festa da Glória! Aprendi mais naquela meia hora 
de observação do que nos cinco anos que acabava de esperdiçar em Olinda 
com uma prodigalidade verdadeiramente brasileira. 
A lua vinha assomando pelo cimo das montanhas fronteiras; descobri 
nessa ocasião, a alguns passos de mim, uma linda moça, que parara um instante 
para contemplar no horizonte as nuvens brancas esgarçadas sobre o céu azul e 
estrelado. Admirei-lhe do primeiro olhar um talhe esbelto e de suprema 
elegância. O vestido que o moldava era cinzento com orlas de veludo castanho 
e dava esquisito realce a um desses rostos suaves, puros e diáfanos, que 
parecem vão desfazer-se ao menor sopro, como os tênues vapores da alvorada. 
Ressumbrava na sua muda contemplação doce melancolia e não sei que laivos 
de tão ingênua castidade, que o meu olhar repousou calmo e sereno na mimosa 
aparição. 
— Já vi esta moça! disse comigo. Mas onde?... 
Ela pouco demorou-se na sua graciosa imobilidade e continuou 
lentamente o passeio interrompido. Meu companheiro cumprimentou-a com 
um gesto familiar; eu, com respeitosa cortesia, que me foi retribuída por uma 
imperceptível inclinação da fronte. 
— Quem é esta senhora? perguntei a Sá. 
46 
 
A resposta foi o sorriso inexprimível, mistura de sarcasmo, de bonomia e 
fatuidade, que desperta nos elegantes da corte a ignorância de um amigo, 
profano na difícil ciência das banalidades sociais. 
— Não é uma senhora, Paulo! É uma mulher bonita. Queres conhecê-la ?. . . 
Compreendi e corei de minha simplicidade provinciana, que confundira a 
máscara hipócrita do vício com o modesto recato da inocência. Só então notei 
que aquela moça estava só, e que a ausência de um pai, de um marido, ou de 
um irmão, devia-me ter feito suspeitar a verdade. 
José de Alencar 
Fonte: DOMÍNIO PÚBLICO. Detalhe da Obra. Disponível em: 
<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2047> Acesso em: 20 mar. 
2012 
 
Após a leitura dos trechos em questão, pode-se pedir aos alunos que 
pontuem as diferenças e semelhanças no que diz respeito aos elementos que 
estruturam a narrativa. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Verifique no link abaixo um artigo da Info Escola que explicita os 
diferentes tipos de narradores. 
http://www.infoescola.com/redacao/tipos-de-narrador/ 
O link abaixo mostra as características dos narradores Oniscientes e 
Onipresentes. 
http://www.jurisway.org.br/v2/pergunta.asp?pagina=1&idarea=35&idmodelo=9
871 
 
 
 
 
 
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2047
http://www.infoescola.com/redacao/tipos-de-narrador/
http://www.jurisway.org.br/v2/pergunta.asp?pagina=1&idarea=35&idmodelo=9871
http://www.jurisway.org.br/v2/pergunta.asp?pagina=1&idarea=35&idmodelo=9871
47 
 
UNIDADE 10- As Obras de Monteiro Lobato 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Estudar o Sítio do Picapau Amarelo e demais obras de Monteiro 
Lobato. 
 
Monteiro Lobato – 1882 – 1948 
 
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Monteiro_Lobato.jpg 
 
Obra matriz da literatura infantil brasileira, “O Sítio do Picapau Amarelo” 
tem, como o próprio título já explicita, o sítio como espaço mágico e utópico, 
desde o primeiro livro da série Narizinho Arrebitado. Neste espaço vivem, a 
princípio, apenas três personagens: a proprietária Dona Benta de Oliveira, uma 
senhora viúva de mais de sessenta anos, sua neta órfã Lúcia, chamada de 
Narizinho e a fiel cozinheira negra Tia Nastácia. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
A partir do primeiro livro, já citado anteriormente, inúmeros personagens 
passam a fazer parte do universo mágico do sítio: Pedrinho, neto de Dona 
Benta, bonecos e animais personificados, Emília e o Visconde de Sabugosa, o 
porco Rabicó, o burro Conselheiro e o rinoceronte Quindim, além dos seres 
aquáticos, que habitam o Reino das Águas Claras, mitificação do ribeirão que 
corta a propriedade. No entanto, por meio das histórias contadas por Dona 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Monteiro_Lobato.jpg
48 
 
Benta, personagens externas adentram ao espaço do sítio, como Dom Quixote e 
Peter Pan, entre tantos outros. 
Por meio dessas inúmeras personagens internas e externas da 
propriedade de Dona Benta, o sítio se torna um microcosmo, uma alegoria do 
projeto econômico, político e estético pretendido por Lobato, visando à 
modernização do Brasil a partir da criança, o adulto do futuro. 
No que diz respeito ao projetoeconômico, embora o espaço da obra seja 
rural, a proposta econômica do autor vai muito além do aproveitamento 
agrícola da terra brasileira, haja vista que, no livro “O Poço do Visconde”, prega-
se a exploração, industrialização e exportação de nossas riquezas minerais, 
como forma de promover o desenvolvimento social. Vale ressaltar que Lobato, 
na década de 30, deu início à campanha “O Petróleo É Nosso”, opondo-se à 
exploração desta riqueza pelas empresas norte-americanas. 
Observe a postura nacionalista e a proposta de desenvolvimento 
econômico e social pretendidas por Lobato, nos excertos abaixo transcritos do 
livro “O Poço do Visconde”: 
 
“- Então por que não se perfura no Brasil? (perguntou Narizinho, e o Visconde 
respondeu) 
- Porque as companhias estrangeiras que nos vendem petróleo não têm interesse 
nisso. E como não têm interesse nisso foram convencendo o brasileiro de que aqui, 
neste enorme território, não havia petróleo. E os brasileiros bobamente se deixaram 
convencer... 
- Que araras!- exclamou Emília. - Mas não estão vendo petróleo sair em todos os países 
vizinhos do nosso? 
- Estão, sim, mas que quer você? Quando um povo embirra em não arregalar os olhos 
não há quem o faça ver. As tais companhias pregaram as pálpebras dos brasileiros com 
alfinetes. Ninguém vê nada, nada, nada... E cada ano o Brasil gasta mais de meio milhão 
de contos na compra do petróleo que as companhias espertalhonas nos vendem.” (...) 
“O País entrou a prosperar dum modo maravilhoso. Todo mundo compreendeu que o 
nosso emperramento antigo provinha da falta de circulação. Nada circulava no Brasil, 
porque não havia transporte e o transporte é tudo para um país de grande território. 
Para haver transporte é necessário que haja combustível abundante e barato ora, como 
poderia ter combustível abundante e barato um país que o comprava fora a peso de 
ouro?”(...) 
49 
 
O petróleo produzido no Brasil, porém, não ficou por muito tempo limitado ao 
consumo interno. A primeira partida negociada foi de 4.000 toneladas do 
"Donabentense cru", e a partir desse dia a exportação nunca mais parou de crescer. 
Basta dizer que no ano de 1955 o Brasil já estava exportando 1 milhão e 200 mil 
toneladas. (...) 
A transformação operada no Tucano Amarelo (arraial, próximo ao sítio) foi maravilhosa. 
Aquela vilinha de 200 anos de idade e que jamais passara de mil habitantes, cada qual 
mais feio, pobre e bronco, virou uma esplêndida cidade de 100 mil habitantes, com 
ruas pavimentadas com o asfalto produzido ali mesmo, dez cinemas, cinco hotéis de 
luxo, escolas magníficas e a Casa de Saúde Dona Benta, que apesar de ser 
absolutamente gratuita punha num chinelo as casas de saúde das capitais, que cobram 
50 cruzeiros por dia, fora os extraordinários. Os doentes saíam invariavelmente curados 
e gordos. A Escola Técnica Narizinho tornou-se um padrão copiado pelo País inteiro. 
Os rapazes e as raparigas que lá se diplomavam em inúmeros ofícios, eram disputados 
a peso de ouro.” 
(O Poço do Visconde – Ed. Brasiliense, 1965). 
 
Quanto ao projeto político, verifica-se, na obra de Lobato, a formação de 
um cidadão crítico e culto, já que suas personagens buscam o saber. A postura 
crítica e independente vem personificada principalmente na boneca Emília, que 
fala pelo autor: 
 
“- “Mas afinal de contas, Emília, que é que você é?” 
Emília levantou para o ar aquele implicante narizinho de retrós e respondeu: 
- Sou a Independência ou Morte.” (Memórias da Emília). 
“- Sou de pano, sim, mas de pano falante, engraçado paninho louco, paninho aqui da 
pontinha. Não tenho medo de vocês todos reunidos. Aguento qualquer discussão. A 
mim ninguém embrulha nem governa. Sou do chifre furado – bonequinha de circo. 
Dona Quixotinha …” (Dom Quixote das Crianças). 
 
A postura libertária de Emília, falando por Lobato, se estende ao plano 
linguístico e estético da obra, fazendo com que as posições ideológicas do 
autor não caiam na puerilidade do didatismo. Veja alguns excertos de Emília no 
País da Gramática: 
 
“"Emilia passou ao décimo cubículo, onde estava preso um moço muito pernóstico. 
- E este aqui, tão chique? Perguntou: 
50 
 
- Este é o neologismo. Sua mania é fazer as pessoas usarem expressões novas demais, 
e que pouca gente entende. 
Emília, que era grande amiga de neologismos, protestou. 
- Está aí uma nova coisa com o qual não concordo. Se numa língua não houver 
neologismos, essa língua não aumenta" (...) 
- Não mexa, Emília! - gritou Narizinho. Não mexa na língua que vovó fica danada... 
- Mexo e remexo! - replicou a boneca batendo o pezinho - e foi e abriu a porta e 
soltou o NEOLOGISMO, dizendo: - vá passear entre os vivos e forme quantas palavras 
novas quiser (...)”. 
 
No que diz respeito ao "Provicianismo" ou variante linguística regional, 
Lobato percebe este como elemento da história da língua e como linguagem 
ainda presente, "solta", por algumas regiões do país. Verifique a conversa entre 
Emília e Dona Sintaxe. 
 
"- E este pai da vida, que aqui está de cócoras? Perguntou Emília. 
- Este é o Provincianismo, que faz muita gente usar termos só conhecidos em certas 
partes do país, ou falar como só se fala em certos lugares. Quem diz NAVIU, MENINO, 
MECÊ, NHÔ, etc. Está cometendo Provincianismos. 
Emília não achou que fosse caso de conservar na cadeia o pobre matuto. Alegou que 
ele também estava trabalhando na evolução da língua e soltou-o. 
- Vá passear. Seu Jeca..." 
 
Concluímos, a partir dos excertos acima, que Lobato, embora tivesse 
criticado severamente a pintura modernista de Anita Malfatti, aderiu à liberdade 
de expressão, característica da literatura modernista. No plano estético, 
portanto, o sítio alegoriza o Brasil do futuro, aberto ao moderno, representado 
no neologismo, mas não desprezando a tradição nacional simbolizada no 
provincianismo. 
Todavia é necessário ressaltar que o neologismo e a onomatopeia 
ganham maior destaque na linguagem da obra. Quem não se lembra da famosa 
onomatopeia, que denomina o pozinho mágico de Emília? PIRLIMPIMPIM. 
Observe também a originalidade das onomatopeias no fragmento abaixo: 
51 
 
“(...) e a menina não fazia outra coisa senão chupar jabuticaba. Escolhia as mais bonitas, 
punha-as entre os dentes e tloc! E depois do tloc, uma engulidinha de caldo e pluf! — 
caroço fora. E tloc, pluf, tloc, pluf, lá passava o dia inteiro na árvore.” 
(Reinações de Narizinho). 
 
Quanto aos neologismos, divirta-se com estas criações de Lobato: 
“pregou um liscabão” (beliscão – Narizinho Arrebitado); “borboletograma” 
(Reinações de Narizinho); “noventaequatropeia” (Reforma da Natureza). 
Portanto, o plano linguístico exerce papel fundamental para transmitir 
aos futuros cidadãos brasileiros o projeto de um Brasil, que funde o sentimento 
de brasilidade e a cultura universal, que só será possível por meio da cultura. 
Dessa forma, as personagens de Lobato buscam o ser, o saber e não o ter. Em 
seus enredos, não há aventuras de competições, mas de conquistas de valores, 
de conhecimento, sempre obtidas pelo grupo e não por um apenas, reforçando 
o aspecto democrático e não centralizador. O “vilão” em Lobato é a ignorância, 
o materialismo, a submissão. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTOS 
Para ampliação do seu conhecimento leia “Lobato: um Expoente 
Brasileiro”, disponível em: 
http://www.graudez.com.br/litinf/autores/lobato/lobato.htm 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.graudez.com.br/litinf/autores/lobato/lobato.htm
52 
 
UNIDADE 11- Monteiro Lobato: O Sítio do Picapau Amarelo 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Estudar a obra literária de Monteiro Lobato “O Sítio do Picapau 
Amarelo”. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
A obra de Lobato, portanto, é uma antítese à ideologia implícita nos 
quadrinhos norte-americanos. Nestes os super-heróis se sobrepõem aos 
cidadãos comuns e às instituiçõese, sozinhos, resolvem os problemas da 
coletividade, deixando transparecer uma atitude antidemocrática. Importante 
também lembrar que, na obra da Disney, os três sobrinhos Huguinho, Luisinho e 
Zezinho preferem o milionário tio Patinhas ao atrapalhado Pato Donald, 
sugerindo o ter como o grande valor. Para um aprofundamento desta questão 
ideológica dos quadrinhos norte-americanos, fica a sugestão de leitura da obra 
Filosofando de Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins, 
Editora Moderna. 
Os enredos lobateanos trazem no plano explícito a fantasia, no plano 
implícito a realidade, e a junção de ambos os planos cumpre a finalidade do 
autor: a liberdade por meio do saber. Dessa forma, nessa fusão de realidade e 
fantasia, tem-se o tempo e o espaço da narrativa oscilando entre o mítico e o 
real. 
E o que dizer das personagens? O que de fato elas representam? 
Vejamos as principais: 
 
53 
 
 
Fonte: http://www.teledossie.com.br/wp-content/uploads/2012/10/Sítio01.jpg 
 
 
Ilustrações originais do Livro de Monteiro Lobato 
Fonte: http://www.memoriaviva.com.br/mlobato/turma.htm 
 
Pedrinho – é o valor masculino humano, caracterizado pela coragem e 
determinação. 
Narizinho – é a figura feminina humana oposta à postura de submissão. 
Atente ao diálogo abaixo, em que Narizinho não admite a submissão da 
mulher ao universo masculino, fazendo Pedrinho reconhecer que a união em 
http://www.teledossie.com.br/wp-content/uploads/2012/10/Sítio01.jpg
http://www.memoriaviva.com.br/mlobato/turma.htm
54 
 
igualdade entre o feminino e o masculino é que conduzirá ao objetivo 
pretendido: 
 
“- Fique sabendo, seu bobo, que as meninas são muito mais espertas que os 
meninos...”. 
- “Mas não têm mais muque! - replicou ele com orgulho, fazendo-a apalpar a 
dureza do seu bíceps que a ginástica escolar havia desenvolvido. E concluiu: - Com 
este muque e a sua esperteza, Narizinho, quero ver quem pode com a nossa vida!” 
(Reinações de Narizinho) 
 
Dona Benta – é a sabedoria do mais velho aliado à simpatia; é símbolo da 
razão e do bom senso neutralizando a erudição do Visconde de Sabugosa e 
transmitindo o saber acadêmico e universal de maneira encantadora. 
Tia Nastácia e Tio Barnabé – ambos da raça negra são o veículo humano 
do folclore nacional na obra. A figura de tia Nastácia tem despertado polêmica 
acerca do racismo nas obras de Lobato. Quanto a esse aspecto, deve-se levar 
em conta que a produção lobateana vem de um período muito próximo à 
abolição da escravatura, quando era natural os negros ocuparem ocupação 
serviçal, embora infelizmente ainda hoje esta situação perdure. No entanto a 
polêmica pesa mais no que diz respeito aos xingamentos de Emília, dirigindo-se 
à personagem, no livro “Caçadas de Pedrinho”, o que levou o Conselho de 
Educação a proibir esta obra nas escolas, no final de 2010. Veja algumas falas de 
Emília no livro em questão: 
 
“Não vai escapar ninguém — nem Tia Nastácia, que tem carne preta. As onças 
estão preparando as goelas para devorar todos.” 
“A boneca fez um muxoxo de pouco-caso. Depois, voltando-se para Tia 
Nastácia: — E você, pretura?” 
 
 A escritora Lya Luft saiu em defesa de Lobato: 
 
“Ora, gente, eu fui nutrida, minha alma foi alimentada, com duas literaturas na 
infância: os contos de fadas de Andersen e dos irmãos Grimm, e Monteiro Lobato. Duas 
culturas aparentemente antípodas, mas que se completavam lindamente. Narizinho e 
55 
 
Pedrinho moravam no meu quintal. Emília era meu ídolo, irreverente e engraçada. Dona 
Benta se parecia com uma de minhas avós, e tia Nastácia era meu sonho de bondade e 
aconchego. Eu me identificava mais com elas do que com as princesas e fadas dos 
antiquíssimos contos nórdicos, porque jabuticaba, bolinho, bichos e alegria eram muito 
mais próximos de mim do que as melancólicas histórias de fadas e bruxas — raiz da 
minha ficção. 
Toda essa introdução é para pedir às autoridades competentes: pelo amor de 
Deus, da educação e das crianças, e da alma brasileira, não comecem a mexer com 
nossos autores sob essa desculpa malévola de menções a racismo. Essa semente terá 
frutos podres: vamos canibalescamente nos devorar a nós mesmos, à nossa cultura, à 
nossa maneira de convivência entre as etnias. 
Com esse perigosíssimo precedente, vamos começar a “limpar”, isto é, 
deformar, muitos livros. Japoneses, árabes, alemães, italianos, poloneses, índios e 
negros (ou não posso mais usar essa palavra?) sofrem ou podem sofrer ataques 
racistas. Isso é motivo de penalidades da lei para os racistas, se for o caso. Racismo dói, 
eu sei disso. Quando menina, certa vez um grupo de crianças nem louras nem de olhos 
azuis me cercou no pátio da escola, e elas dançavam ao meu redor cantando “alemão 
batata come queijo com barata”. Não gostei. Doeu-me. Hoje acho graça: na hora não 
foi engraçado.” (Crucificar Monteiro Lobato? Revista Veja – 10 de novembro de 2010). 
 
Visconde de Sabugosa – é símbolo da erudição excessiva, porém, como 
já visto neutralizada por Dona Benta. 
Emília – é quem fala por Lobato, é a síntese da criança pretendida pelo 
autor, embora um tanto agressiva e interesseira, a boneca representa a criança 
pretendida pelo autor, pois é crítica, criativa, questionadora, não aceitando 
passivamente o saber que lhe é transmitido e sim o transformando com seu pó 
de pirlimpimpim. Portanto seus aspectos negativos são neutralizados pelo seu 
maior objetivo: a busca do saber. 
Vemos muito da irreverência de Emília nas obras e quadrinhos 
contemporâneos brasileiros, principalmente em Mônica de Maurício de Sousa e 
no Menino Maluquinho de Ziraldo. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTOS 
Para ampliar seu conhecimento, leia a biografia do grande escritor 
brasileiro “Monteiro Lobato”, disponível em: 
http://www.graudez.com.br/litinf/autores/lobato/biografia.htm 
http://www.graudez.com.br/litinf/autores/lobato/biografia.htm
56 
 
UNIDADE 12- A Poesia para o Público Infanto-Juvenil 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Conceituar poesia lírica e explicitar os mecanismos sonoros da 
poesia. 
A palavra lírica deriva do nome do instrumento musical lira, pois ele 
acompanhava os cantos gregos. Por muito tempo, as poesias foram cantadas, 
ao serem separadas da música, mostraram possuir uma estrutura textual muito 
rica, e foi assim que os poetas passaram a cultivar com mais intensidade a 
métrica, o ritmo, a divisão em estrofes e a rima. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
As poesias líricas, quanto ao tema, caracterizam-se pelo predomínio dos 
sentimentos, das emoções e da subjetividade. A maior parte das poesias 
pertence a esse gênero, destacando-se a ode, que é uma poesia entusiástica 
cantada; o hino é a poesia destinada a glorificar a pátria ou a louvar divindades; 
a elegia é uma poesia lírica que fala de acontecimentos tristes ou da morte de 
alguém; o idílio e a écloga, que são poesias bucólicas - a écloga difere do idílio 
por apresentar diálogo; o epitalâmio é uma poesia feita em homenagem às 
núpcias de alguém e a sátira é a poesia que censura os defeitos humanos, 
mostrando o ridículo de determinada situação. 
Poesia 
 
O esplendor da relva só pode mesmo ser percebida pelo poeta. Os 
outros pisam nela. Um mérito inegável da poesia: ela diz mais e em 
menor número de palavras que a prosa. 
Voltaire 
 
A poesia é considerada uma arte, na qual a linguagem é utilizada para 
fins estritamente estéticos, compreende aspectos metafísicos e seus elementos 
transcendem o mundo fático. 
57 
 
Elisão: encontro entre vogais átonas 
do fim de uma palavra e começo de 
outra. 
Crase: encontro entre vogais idênticas 
do fim de uma palavra e começo de 
outra. 
 
Segundo o dicionário Houaiss, poesia é a arte de escrever em versos que 
desperta o sentimento do belo. 
A poesia pode ser divida em três tipos: existencial, lírica e social. 
A poesia existencial trata das experiências vividas, como as angústias, a 
morte e a solidão; a líricatraz a emoção do eu-lírico do autor e a social tem 
como principal temática as questões políticas e sociais. 
Durante o Concretismo, escola literária que despontou no Brasil, no ano 
de 1956, com a Exposição Nacional de Arte Concreta, no Museu de Arte 
Moderna de São Paulo, surgiu a poesia concreta, a qual trouxe para a poesia 
novas formas de expressão, a valorização da forma e da comunicação visual 
passou a sobrepor o conteúdo. O poema concreto é chamado de poema-
objeto, pois se eliminam os versos e introduzem-se figuras geométricas aos 
poemas. Estes possuem carga semântica, porém o conteúdo visual e sonoro são 
mais valorizados. 
Noções de Versificação 
O Plano Sonoro do Texto Poemático 
Poema é um texto escrito em verso (linhas descontínuas) que, na origem 
(Antiguidade Clássica – Grécia e Roma antigas; Idade Média) era feito para ser 
cantado. Com o advento do livro impresso (século XV), o poema se 
desvencilhou da música, mas manteve a musicalidade (métrica, ritmo, rimas). 
 Métrica (metro ou medida) é a técnica de compor versos a partir de um 
determinado número de sílabas poéticas. A contagem das sílabas poéticas é 
chamada de escansão e, em Língua Portuguesa, é feita da seguinte maneira: 
1º) contam-se as sílabas até a última 
sílaba tônica de cada verso: 
2º) numeram-se as sílabas de cada 
verso; 
a) “Guerreiros, ouvi” 
b) “Não gorjeiam como lá” 
58 
 
c) “Alma minha gentil que te partiste” 
d) “Amou daquela vez como se fosse a última” 
3º) consideram-se as elisões e as crases; 
“Invejo o ourives quando escrevo” 
4º) para manter a simetria, ditongos podem ser transformados em hiatos e vice-
versa; bem como pode-se evitar a elisão e a crase. 
 
“Plutocrata, sem consciência 
Nada porta, terremoto 
Que a porta do pobre arromba: 
Uma bomba.” 
(Mário de Andrade) 
 
Classificação dos versos quanto à métrica 
Quanto à métrica, os versos classificam-se em: monossílabos, dissílabos, 
trissílabos, tetrassílabos, pentassílabos ou redondilha menor, hexassílabos, 
heptassílabos ou redondilha maior, octossílabos, eneassílabos, decassílabos, 
hendecassílabos, dodecassílabos ou alexandrinos, versos bárbaros (acima de 
doze). O poema que não apresenta simetria é constituído de versos livres, como 
no exemplo abaixo: 
 
Poema Tirado de uma Notícia de Jornal 
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num 
barracão sem número 
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro 
Bebeu 
Cantou 
Dançou 
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado. 
(Manuel Bandeira) 
 
Os sofisticados decassílabos constituem a medida clássica. As 
redondilhas menor e maior, denominadas medida velha medieval, são 
populares, intuitivas, bastante musicais e mnemônicas (de fácil memorização). 
59 
 
Por isso as redondilhas predominam nas cantigas e versos infantis de domínio 
público: 
 
“Batatinha quando nasce 
Esparrama pelo chão 
Menininha quando dorme 
Põe a mão no coração” 
 
Textos em prosa podem apresentar metro, constituindo a prosa poética. 
Leia o trecho abaixo e observe, atentamente, a forma como foi elaborado. Na 
verdade, temos a impressão de ver os movimentos dos animais. 
 
“As ancas balançam, e as vagas de dorsos, das vacas e touros, 
batendo com as caudas, mugindo no meio, na massa embolada, 
com atritos de couros, estralos de guampas, estrondos e 
baques, e o berro queixoso do gado Junqueira, de chifres 
imensos, com muita tristeza, saudade dos campos, querência 
dos pastos de lá do sertão.” (Guimarães Rosa – O Burrinho 
Pedrês – Sagarana) 
 
Ritmo é a alternância entre sílabas fortes e fracas. Observe, na quadrinha 
abaixo, os acentos rítmicos nas 3ª e 7ª sílabas: 
 
“Batatinha quando nasce 
Esparrama pelo chão 
Menininha quando dorme 
Põe a mão no coração” 
 
Originalmente, o segundo verso seria “espalha a rama pelo chão”, mas a 
oralidade popular suprimiu a sílaba “lha” para manter o ritmo e a métrica 
intuitiva. 
Relação entre o Plano da Expressão e o Plano do Conteúdo 
O plano da expressão ou forma (métrica, ritmo) reforça a ideia do plano 
do conteúdo (assunto, tema). 
 
60 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
O link abaixo traz poesias lindas para o trabalho com o público infanto-
juvenil. 
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_infantil/poesia_infantil_index.html 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_infantil/poesia_infantil_index.html
61 
 
UNIDADE 13- A Rima para o Público Infanto-Juvenil 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Conhecer e explicitar as características do gênero textual “Rima”. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
A Rima 
Rima é a combinação de sons no interior ou no final dos versos, 
classificando-se, segundo os seguintes critérios: 
a) quanto à disposição: 
- emparelhadas: AABB; 
novelo / cabelo 
- alternadas: ABAB 
diferentes – belo / martelo 
- interpoladas: ABBA 
diferentes – vê-lo / cabelo 
- misturadas: AAABAB,etc. 
 b) quanto ao valor: 
- pobres: mesma classe gramatical – novelo / cabelo 
- ricas: duas classes gramaticais diferentes – belo / martelo 
- preciosas: três classes gramaticais diferentes – vê-lo / cabelo 
C) Toantes - imperfeitas: camisa / amiga, porta / terremoto 
Consoantes: - perfeitas – arromba / bomba 
Versos Brancos são aqueles que não apresentam rimas. 
Observe as rimas do poema abaixo, reforçando o tema relacionado a 
“cantilenas”: 
“Na messe, que enlourece, estremece a quermesse... 
O Sol, o celestial girassol, esmorece... 
E as cantilenas de serenos sons amenos 
Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos...” 
62 
 
Além da métrica, ritmo e rimas, contribuem para a musicalidade do texto, 
repetições de vocábulos (anáfora, refrão e paralelismo), a fonética expressiva e 
as figuras de linguagem sonoras. 
O refrão consiste na repetição integral do verso, sem mudar as palavras. 
O paralelismo é uma repetição parcial, mudando algumas palavras. A anáfora é 
a repetição de palavras no início de cada verso ou oração. Veja, na estrofe 
abaixo da Canção do Exílio de Gonçalves Dias, anáfora e paralelismo reforçando 
a musicalidade presente no título canção: 
 
“Nosso céu tem mais estrelas 
Nossas várzeas têm mais flores 
Nossos bosques têm mais vida 
Nossa vida mais amores”. 
 
Fonética Expressiva 
A fonética expressiva toma os fonemas (sons) com objetivos simbólicos, 
constituindo uma forma de sugerir o conteúdo. Os fonemas podem ser 
classificados como: 
a) fortes: / P /, / B /, / T /, / D / 
b) suaves: / F /, / V /, / S /, / Z /, 
c) chiantes, molhados: / X /, / J /, / lh / 
d) alegres, claros: (timbre aberto) / a /, / é /, / ó/ 
e) tristes, escuros: / ô / , / u /, / ãw/ 
f) delicado, agudo: / i / 
O esquema acima é apenas didático pois a expressão literária é muito 
variada e sempre condicionada ao contexto. 
Figuras de Linguagem Sonoras 
1) Aliteração: repetição de fonemas consonantais. 
2) Assonância: repetição de fonemas vocálicos. 
 
63 
 
“Vozes veladas, veludosas vozes, 
 Volúpias dos violões, vozes veladas, 
 Vagam nos velhos vórtices velozes 
 Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.” 
(Violões que Choram – Cruz e Sousa) 
 
3) Onomatopeia: imitação de sons, ruídos: “pocotó”, “tique-taque”, “pó de 
pirlimpimpim”, etc. 
Os Sinos 
Sino de Belém, 
Sino da Paixão... 
 
Sino de Belém, 
Sino da Paixão... 
 
Sino do Bonfim!... 
Sino do Bonfim!... 
 
Sino de Belém, pelos que inda vêm! 
Sino de Belém bate bem-bem-bem. 
 
Sino da Paixão, pelos que lá vão! 
Sino da Paixão bate bão-bão-bão. 
Sino do Bonfim, por quem chora assim?... 
 
Sino de Belém, que graça ele tem! 
Sino de Belém bate bem-bem-bem-bem. 
 
Sino da Paixão - pela minha mãe! 
Sino da Paixão - pelaminha irmã! 
 
Sino do Bonfim, que vai ser de mim?... 
 
4) Paronomásia: emprego de palavras parônimas, ou seja, palavras semelhantes 
no som, porém com significações diferentes. 
 
“Houve aquele tempo... 
(E agora, que a chuva chora, 
Ouve aquele tempo!)”. 
(Ribeiro Couto) 
 
Recursos Visuais 
64 
 
Trata-se da exploração do espaço tipográfico, por meio de poemas, cuja 
distribuição gráfica forma figuras relacionadas ao conteúdo. 
 
Pássaro Vertical 
Cantava o pássaro e voava 
Cantava para lá 
Voava para cá 
De 
Repente 
Um 
Tiro 
Penas fofas 
Leves plumas 
Mole espuma 
 
E um risco 
Surdo 
N 
O 
R 
T 
E 
 
S 
U 
L 
(Libério Neves) 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
O link abaixo mostra os diferentes tipos de rimas, faça uma pesquisa e 
complemente seu conhecimento em relação ao gênero textual Rima. 
http://www.portugues.com.br/literatura/rimas-pobres-ricas-raras.html 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.portugues.com.br/literatura/rimas-pobres-ricas-raras.html
65 
 
UNIDADE 14- O Poema para o Público Infanto-Juvenil 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Conhecer e explicitar o trabalho com o gênero textual “Poema”. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Nesta unidade daremos exemplos de exercícios que podem ser 
trabalhados com o gênero textual “Poema” na Literatura Infanto-Juvenil. 
1) Faça a escansão, identifique o ritmo, denomine a métrica dos poemas 
abaixo e explique como reforçam o conteúdo. 
A) Quem 
 Não 
 Tem 
 Seu 
 Bem 
 Que 
 Não 
 Vem? 
 (Cassiano Ricardo) 
 
B) “Meu canto de morte, 
 Guerreiros, ouvi: 
 Sou filho das selvas, 
 Nas selvas cresci; 
 Guerreiros, descendo 
 Da tribo tupi.” 
 (IV – Juca Pirama – Gonçalves Dias) 
 
C) A Onda 
 a onda anda 
 aonde anda 
 a onda? 
 a onda ainda 
 ainda onda 
 ainda anda 
 aonde? 
 aonde? 
 a onda a onda. 
 (Manuel Bandeira) 
 
66 
 
2) Comente a relação entre o plano da expressão (métrica, ritmo) e o plano 
do conteúdo, no poema abaixo de Manuel Bandeira: 
Trem de Ferro 
Café com pão 
Café com pão 
Café com pão 
 
Virgem Maria que foi isso maquinista? 
 
Agora sim 
Café com pão 
Agora sim 
Café com pão 
Voa, fumaça 
Corre, cerca 
Ai seu foguista 
Bota fogo 
Na fornalha 
Que eu preciso 
Muita força 
Muita força 
Muita força 
 
Oô... 
Foge, bicho 
Foge, povo 
Passa ponte 
Passa poste 
Passa pasto 
Passa boi 
Passa boiada 
Passa galho 
Da ingazeira 
Debruçada 
Que vontade 
De cantar! 
 
Oô... 
Quando me prendero 
No canaviá 
Cada pé de cana 
Era um oficia 
Oô... 
Menina bonita 
Do vestido verde 
Me dá tua boca 
67 
 
Pra matar minha sede 
Oô... 
Vou mimbora vou mimbora 
Não gosto daqui 
Nasci no sertão 
Sou de Ouricuri 
Oô... 
 
Vou depressa 
Vou correndo 
Vou na toda 
Que só levo 
Pouca gente 
Pouca gente 
Pouca gente... 
(Tom Jobim) 
 
3) Leve em conta o poema abaixo de Manuel Bandeira e comente a relação 
entre as onomatopeias e o plano do conteúdo. 
Os Sinos 
Sino de Belém, 
Sino da Paixão... 
 
Sino de Belém, 
Sino da Paixão... 
 
Sino do Bonfim!... 
Sino do Bonfim!... 
 
Sino de Belém, pelos que inda vêm! 
Sino de Belém bate bem-bem-bem. 
 
Sino da Paixão, pelos que lá vão! 
Sino da Paixão, bate bão-bão-bão. 
Sino do Bonfim, por quem chora assim?... 
 
Sino de Belém, que graça ele tem! 
Sino de Belém bate bem-bem-bem-bem. 
 
Sino da Paixão - pela minha mãe! 
Sino da Paixão - pela minha irmã! 
 
Sino do Bonfim, que vai ser de mim?... 
 
Sino de Belém, como soa bem! 
Sino de Belém, bate bem-bem-bem. 
68 
 
 
Sino da Paixão... Por meu pai?... - Não! Não!... 
Sino da Paixão bate bão-bão-bão. 
 
Sino do Bonfim, baterás por mim? 
 
Sino de Belém, 
Sino da Paixão... 
Sino da Paixão, pelo meu irmão... 
 
Sino da Paixão, 
Sino do Bonfim... 
Sino do Bonfim, ai de mim, por mim! 
Sino de Belém, que graça ele tem! 
 
4) Comente a função das figuras de linguagem sonoras na construção do 
sentido dos poemas abaixo: 
A) A voz da igrejinha 
E o sino da Igrejinha com voz fina de menina 
tem dlins-dlins 
para o batismo dos pimpolhos. 
 
Para os mortos: devagar – DLIM-DLIM... 
é como um choro de menino, compassado 
sem 
fim. 
(Jorge de Lima) 
 
B) Noite de São João 
Vamos ver quem é que sabe 
soltar fogos de S. João? 
Foguetes, bombas, chuvinhas, 
chios, chuveiros, chiando, 
chiando, 
chovendo 
chuvas de fogo! 
Chá - Bum! 
(Jorge de Lima) 
 
BUSCANDO CONHECIMENTOS 
69 
 
Para ampliar seu conhecimento leia o texto “Poemas: escutar, ler, 
compreender, interpretar e declamar”, disponível em: 
http://www.gentequeeduca.org.br/planos-de-aula/poemas-escutar-ler-
compreender-interpretar-e-declamar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.gentequeeduca.org.br/planos-de-aula/poemas-escutar-ler-compreender-interpretar-e-declamar
http://www.gentequeeduca.org.br/planos-de-aula/poemas-escutar-ler-compreender-interpretar-e-declamar
70 
 
UNIDADE 15- Gênero Dramático – Teatro Infanto-Juvenil 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Estudar o teatro na Literatura Infanto-Juvenil. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
O gênero dramático consiste em textos feitos com a intenção de serem 
representados, encenados, evolvendo a tragédia e a comédia. Desse modo não 
devemos restringir drama a tragédia, visto que a comédia também é gênero 
dramático. Disso concluímos que se inserem no gênero dramático, os textos 
teatrais, roteiros de cinema e televisão (teledramaturgia – telenovelas, 
minisséries, programas humorísticos). Há também o teatro indireto de bonecos 
ou figuras: marionetes e sombras. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
A palavra drama vem do grego e significa “ação”. Isso se deve à principal 
característica do gênero dramático: transmitir um enredo, sem presença de 
narrador, apenas pelo discurso direto (diálogos), o que imprime ação ao enredo. 
Na narrativa, o enredo é transmitido pelo narrador e pelos diálogos; já, 
no drama, é transmitido apenas por diálogos. Imagine se fôssemos adaptar a 
narrativa em verso “O que os Olhos Não Veem” de Ruth Rocha para a 
encenação. Que procedimento deveria ser tomado? Claro! A retirada do 
narrador e a transposição do texto para o discurso direto (diálogos). 
Levando em conta que crianças não são artistas profissionais, muitas 
apresentações infantis realizadas por professores e alunos se utilizam de 
narrador, por meio de uma pessoa que, sem aparecer e fazendo uso de um 
microfone, vai narrando partes do enredo enquanto as crianças estão em cena. 
Esse recurso empobrece a representação e fere a essência do drama que é a 
71 
 
ação pelos diálogos. Que recursos podem ser tomados então? Vejamos alguns 
exemplos: 
- pôr em cena o narrador. Na peça Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, 
um ator caracterizado de palhaço percorre todas as cenas, dirigindo-se ao 
público, introduzindo e comentando as atitudes das personagens. 
- utilização de um coro falado, em forma de jogral: um grupo de alunos lendo 
introduz e comenta as atitudes das personagens. O coro está em cena e, 
portanto, não fere a essência do gênero dramático. 
- utilização de músicas que conduzam as cenas. 
No entanto, não só no Brasil como também em países desenvolvidos, o 
exercício teatral da parte de alunos e professores não é bastante aplicado, uma 
vez que os ensaios são feitos em horários extras. Porém, vale a pena a 
dedicação a esta atividade, visto que ela: 
- aperfeiçoa a leitura e corrige a pronúncia; 
- desenvolve a memória; 
- estimula o senso crítico, analítico e artístico; 
- desinibe e torna a criança sociável. 
- promove a interdisciplinaridade e a apreensão de temas transversais. 
Vale ressaltar a importância de recorrer ao professor de artes como 
partícipe do processo. 
A Criança como Espectador 
A escola também pode estimular o drama, fazendo da criança um 
espectador de teatro. Para isso, as peças devem conter três partes: a exposição 
do conflito; o conflito e o desenlace. 
1ªParte – Exposição do Conflito (Prólogo): o público toma conhecimento dos 
acontecimentos. Fica sugerido de início o conflito que só será resolvido no fim. 
Cria-se assim no espectador a tensão (suspense), que alimentará o interesse dos 
presentes até o desenlace. 
72 
 
2ª Parte – Conflito: o problema delineado na exposição chega ao clímax. A 
tensão aumenta: as personagens têm seus interesses em jogo, e lutam cada 
uma a seu modo, para triunfar. 
3ª Parte – Desenlace: é o relaxamento da tensão, provocado pela solução do 
problema; essa solução pode ser boa ou ruim, marcando os tipos de peça: 
comédia ou tragédia. O importante é que, atingido um ponto máximo de 
tensão, ela tem de desfazer-se. No caso do teatro para crianças, a comédia é 
mais adequada que a tragédia. 
As Faixas Etárias 
- 4 a 7 anos: pantomimas (mímicas e pouca fala), lendas e folclore; 
- 8 a 12: peças mais longas, com personagens do mundo real; 
- 12 em diante: adaptações de clássicos como Shakespeare, bem como peças de 
Gil Vicente e Martins Pena. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Vale frisar o excelente teatro de Maria Clara 
Machado, ótimo para todas as idades. Sua peça 
mais conhecida é Pluft, O Fantasminha. 
Filha do escritor Aníbal Machado, Maria 
Clara Machado montou, em 1951, um grupo 
amador que apresentava peças para a 
comunidade sem necessariamente contar com os 
moradores locais. Surgiu, então, o Teatro Tablado. 
O Teatro Tablado apresentava peça para todos os 
públicos, mas sua principal força era com as peças 
infantis de Maria Clara Machado. Ela desenvolvia 
textos e fazia montagens de altíssima qualidade, 
até mesmo para a época. Seus textos são até hoje 
montados. 
73 
 
Além disso, o Tablado formou várias gerações de atores. Para ter uma 
ideia, na primeira turma da escola, fazia parte Marieta Severo. Durante seus 50 
anos de existência, o Tablado formou mais de cinco mil atores, entre os quais 
várias estrelas do porte de Malu Mader, Louise Cardoso, Miguel Falabella e 
Cláudia Abreu. E durante todo esse tempo, Maria Clara Machado sempre esteve 
presente, traçando diretrizes e ensinando mais e mais atores. 
 Como já foi dito, sua obra prima foi a peça Pluft, O Fantasminha. Sendo 
um fantasminha original, Pluft tem medo de gente. Mas cria coragem e vira um 
herói em defesa da menina Maribel, neta do Capitão Bonança Arco-Íris, 
ameaçada por um marinheiro de maus bofes, o Pirata da Perna de Pau. No meio 
da confusão, quem não perde a calma é Mamãe Fantasma, antiga fantasma de 
ópera, que vive na cozinha fazendo pastéis de vento. Já outro membro da 
especial família, o tio Gerúndio, ao saber dos perigos que corre Maribel, chama 
os velhos fantasmas de navio para ajudar. Afinal, tudo se resolve com o auxílio 
de três bons marujos, revoltados com a malvadez do Perna de Pau. 
 A maior qualidade da peça é o equilíbrio entre a tensão e a comicidade, 
aliado a momentos poéticos. O cômico tem início na inversão da perspectiva 
pela qual se percebe a intriga: ela é vista do ângulo dos fantasmas, em primeiro 
lugar. A essa inversão corresponde outra: Pluft tem medo de gente; Xisto, 
fantasma de avião, enjoa quando o avião baixa; o fantasminha chama o vilão 
Perna-de-Pau de “Seu cara de gente”; acha que Maribel está linda com medo, 
“branquinha que nem um fantasminha”; e, quando quer assustar a Senhora 
Fantasma, ele finge que é gente. Temos nesses casos alguns exemplos da 
inversão de papéis convencionais, imprimindo originalidade à peça. 
É bastante poético o nome do protagonista “Pluft”, nome fundado numa 
onomatopeia (imitação de sons, ruídos), sugerindo algo que aparece e 
desaparece, como uma bolha. 
No final da peça, ao abrirem a arca com o tesouro tão procurado pelo 
Perna-de-Pau, não encontram riqueza e sim um terço, um retrato de Maribel e 
74 
 
uma receita de peixe assado, símbolos de valores humanos. Mas não há 
frustração e sim confraternização e alegria de humanos e fantasmas porque o 
verdadeiro tesouro é a solidariedade para vencer um problema. 
E o Perna-de-Pau? Bem, ele caiu da janela, ao fugir dos fantasmas. Mas 
não é certo que ele tenha morrido. Mesmo porque ninguém está interessado 
em castigá-lo. Do mesmo modo que ninguém recebeu um tesouro de mão 
beijada. 
Essa falta de compromisso com o prêmio e o castigo parece-nos um dos 
pontos altos de Maria Clara Machado: não existem castigos horríveis para os 
maus (mais ridículos que ruins, em alguns momentos até simpáticos), nem 
prêmios “concretos” para os bons. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
75 
 
UNIDADE 16- Literatura de Cordel 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Conceituar o gênero cordel. 
É consenso que todas as literaturas tiveram manifestações diferentes de 
poesia: a culta e a espontânea. 
A poesia culta reflete tendências universais, enquanto a espontânea trata 
de questões da terra e exprime as especificidades de cada povo e do espaço 
geográfico, em que se insere. 
Considerando-se a Literatura Portuguesa, a poesia espontânea recebeu o 
nome de cordel, cujos textos eram escritos em folhetos e divulgados nas feiras. 
Esses textos eram pendurados em cordões ou “cordéis”. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Um pouco da história da Literatura de Cordel 
No século XVIII, por meio dos portugueses, a Literatura de Cordel chegou 
ao Brasil, encontrando terreno bastante fecundo no Nordeste. Mas o que é e o 
que caracteriza a Literatura de Cordel? A literatura de cordel é uma espécie de 
poesia popular, impressa e divulgada em folhetos. Sabe a origem do nome 
cordel? O cordel ganhou esse nome, pois, em Portugal, as produções eram 
expostas amarradas em cordões nos mercados populares e até mesmo nas ruas. 
Vale dizer que, algumas vezes, os poemas são acompanhados de violas e 
recitados. 
Uma das características marcantes da Literatura de Cordel é a forma de 
linguagem despreocupada, regionalizada e informal empregada pelos poetas, o 
que, muitas vezes, não a considerou respeitada. No entanto, vale dizer que, na 
atualidade, os textos dessa modalidade literária são valorizados por todo Brasil 
e pelo mundo. 
76 
 
A publicação dos textos se dá em folhetos, fabricados de forma manual 
pelo próprio autor. Contam, normalmente, de oito páginas, podendo sofrer 
variação de até trinta e duas. Suas páginas possuem em média, 11 x 16 cm, cuja 
comercialização é feita pelo próprio autor. 
Destacam-se, nesta modalidade literária, os poetas de Leandro Gomes de 
Barros e João Martins de Atahyde, que já possuem livretos publicados por 
editoras. 
No que diz respeito à temática, exploram-se temas variados, 
manifestados em forma de narrativas tradicionais, cuja transmissão ao povo era 
oral. Os temas mais frequentes são aventuras, histórias de amor, de humor, 
ficção e de caráter jornalístico, em que se toma um fato, diversifica-o, tornando-
o engraçado e divertido. Temas religiosos e profanos também perpassam a 
literatura de cordel, tratados de maneira jocosa, embora, muitas vezes, 
expressem realidades desesperadoras. Vale dizer que os mitos e as lendas são 
muito frequentes nos textos. 
Dos recursos de linguagem empregados destacam-se o exagero, a ironia 
e sarcasmo com vistas à produção de crítica social. 
Normalmente, observamos a construção de personagens esteriotipadas, 
cuja função é criticar a exclusão social e o preconceito. 
Outra marca da Literatura de Cordel refere-se a não impessoalidade e 
não imparcialidade, pois a voz do produtor está presente nos textos, recorrendo 
à persuasão, como forma de o leitor aceitar o que está sendo dito. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
VACA ESTRELA E BOI FUBÁ - Patativa do Assaré 
Seu doutor me dê licença pra minha história contar. 
Se hoje eu tô na terra estranha, é bem triste o meu penar 
Mas já fui muito feliz vivendo no meu lugar. 
Eu tinha cavalo bom e gostava de campear. 
E todo dia aboiava na porteira do curral. 
 
Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela, 
77Uma das principais figuras da música nordestina do século XX. 
Segundo filho de uma família pobre que vivia da agricultura de 
subsistência, cedo ficou cego de um olho por causa de uma doença [2]. 
Com a morte de seu pai, quando tinha oito anos de idade, passou a 
ajudar sua família no cultivo das terras. Aos doze anos, frequentava a 
escola local, em qual foi alfabetizado, por apenas alguns meses [3]. A 
partir dessa época, começou a fazer repentes e a se apresentar em 
festas e ocasiões importantes. Por volta dos vinte anos recebeu o 
pseudônimo de Patativa, por ser sua poesia comparável à beleza do 
canto dessa ave. 
Indo constantemente à Feira do Crato onde participava do programa 
da Rádio Araripe, declamando seus poemas. Numa destas ocasiões é 
ouvido por José Arraes de Alencar que, convencido de seu potencial, 
lhe dá o apoio e o incentivo para a publicação de seu primeiro livro, 
Inspiração Nordestina, de 1956. 
Este livro teria uma segunda edição com acréscimos em 1967, 
passando a se chamar Cantos do Patativa [2]. Em 1970 é lançada nova 
coletânea de poemas, Patativa do Assaré: novos poemas comentados, e 
em 1978 foi lançado Cante lá que eu canto cá. Os outros dois livros, 
Ispinho e Fulô e Aqui tem coisa, foram lançados respectivamente nos 
anos de 1988 e 1994. Foi casado com Belinha, com quem teve nove 
filhos. Faleceu na mesma cidade onde nasceu. 
Obteve popularidade a nível nacional, possuindo diversas premiações, 
títulos e homenagens (tendo sido nomeado por cinco vezes Doutor 
Honoris Causa). No entanto, afirmava nunca ter buscado a fama, bem 
como nunca ter tido a intenção de fazer profissão de seus versos. 
Patativa nunca deixou de ser agricultor e de morar na mesma região 
onde se criou (Cariri) no interior do Ceará. Seu trabalho se distingue 
pela marcante característica da oralidade. Seus poemas eram feitos e 
guardados na memória, para depois serem recitados. Daí o 
impressionante poder de memória de Patativa, capaz de recitar 
qualquer um de seus poemas, mesmo após os noventa anos de idade. 
A transcrição de sua obra para os meios gráficos perde boa parte da 
significação expressa por meios não-verbais (voz, entonação, pausas, 
ritmo, pigarro e a linguagem corporal através de expressões faciais, 
gestos) que realçam características expressas somente no ato 
performático (como ironia, veemência, hesitação, etc.). A complexidade 
da obra de Patativa é evidente também pela sua capacidade de criar 
versos tanto nos moldes camonianos (inclusive sonetos na forma 
clássica), como poesia de rima e métrica populares (por exemplo, a 
décima e a sextilha nordestina). Ele próprio diferenciava seus versos 
feitos em linguagem culta daqueles em linguagem do dia-a-dia 
(denominada por ele de poesia "matuta"). (Wikepedia) 
 
ô ô ô ô Boi Fubá. 
 
Eu sou filho do Nordeste, 
não nego meu naturá 
Mas uma seca medonha 
me tangeu de lá pra cá 
Lá eu tinha o meu 
gadinho, num é bom 
nem imaginar, 
Minha linda Vaca Estrela 
e o meu belo Boi Fubá 
Quando era de 
tardezinha eu começava 
a aboiar 
 
Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê 
Vaca Estrela, 
ô ô ô ô Boi Fubá. 
 
Aquela seca medonha 
fez tudo se atrapalhar, 
Não nasceu capim no 
campo para o gado 
sustentar 
O sertão esturricou, fez 
os açude secar 
Morreu minha Vaca 
Estrela, já acabou meu 
Boi Fubá 
Perdi tudo quanto tinha, 
nunca mais pude aboiar 
 
Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê 
Vaca Estrela, 
ô ô ô ô Boi Fubá. 
 
Hoje nas terra do sul, 
longe do torrão natá 
Quando eu vejo em minha 
frente uma boiada passar, 
As água corre dos olho, começo logo a chorá 
Lembro a minha Vaca Estrela e o meu lindo Boi Fubá 
Com saudade do Nordeste, dá vontade de aboiar 
Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela, 
ô ô ô ô Boi Fubá. 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nordeste
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XX
http://pt.wikipedia.org/wiki/Patativa_do_Assar%C3%A9#cite_note-Tanto-1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Patativa_do_Assar%C3%A9#cite_note-2
http://pt.wikipedia.org/wiki/Repente
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sporophila_leucoptera
http://pt.wikipedia.org/wiki/Crato
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=R%C3%A1dio_Araripe&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/1967
http://pt.wikipedia.org/wiki/Patativa_do_Assar%C3%A9#cite_note-Tanto-1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cariri
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cear%C3%A1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_de_Cam%C3%B5es
78 
 
Introduzimos, aqui, algumas sugestões para o trabalho com a Literatura 
de Cordel. 
O primeiro passo deve ser o conhecimento sobre a vida do autor, os 
fatos mais importantes que marcaram sua vida. Em seguida, o professor deve 
explora a temática de suas poesias: poesia de cultura caipira, poesia 
regionalista, poesia de cunho político, e também os recursos poéticos 
empregados pelo autor: ironias, humor e crítica social. 
A leitura do poema de Patativa permite-nos detectar a temática do 
nordestino obrigado a se afastar de sua terra natal em decorrência da seca. Nos 
versos, observamos a tristeza “Se hoje eu tô na terra estranha,/ 
é bem triste o meu penar” e as lembranças de seu espaço “Mas já fui muito feliz 
vivendo no meu lugar”. 
Observamos, também, o relato sobre a seca e seus danos que obrigam os 
habitantes do nordeste a migrarem. 
 
“Aquela seca medonha 
fez tudo se atrapalhar, 
Não nasceu capim no campo 
para o gado sustentar 
O sertão esturricou, 
fez os açude secar” 
 
Quanto ao uso da linguagem, vale destacar o emprego das formas não 
padrão: “natura”, por natural, “fez os açude secá/ As água corre dos olho”, em 
que se constata a falta de concordância (os açudes secarem; as águas correm 
dos olhos); perda da marca dos verbos no infinitivo “chorá”, por chorar. 
A repetição dos versos “Além disso, há a repetição dos versos “Ê ê ê ê la a 
a a a ê ê ê ê Vaca Estrela,/ ô ô ô ô Boi Fubá, cujo efeito de sentido é de lamento, 
de dor. 
Para enriquecer a aula, o professor deve projetar o vídeo 
http://www.youtube.com/watch?v=tvzzNyQhGow e ouvir os versos musicados 
na voz de Fagner. 
http://www.youtube.com/watch?v=tvzzNyQhGow
79 
 
Finalmente, pode-se solicitar aos alunos a produção de paráfrases, cujos 
resultados devem ser recitados em voz alta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
80 
 
UNIDADE 17- Gênero Textual: Quadrinhos – Parte 1 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Conhecer e estudar o gênero textual Quadrinhos. 
Não há criança ou jovem que não goste de ler tiras e quadrinhos. Isso é 
uma realidade que deve ser abordada na sala de aula. Vale, no entanto um 
questionamento: Trabalhar com tiras é só solicitar a leitura? 
A resposta a esse questionamento, obviamente é negativa, porque ler é 
uma prática social e cabe à escola fazer com que alunos leiam e compreendam 
o que leem. 
 
Fonte: http://www.letras.ufmg.br/atelaeotexto/capacitacaodeeducadores_noticias.html 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Sabemos que todo texto diz alguma coisa, possui uma intenção e, para 
isso, o seu produtor deve escolher um gênero que seja adequado às atividades 
de interação: agir sobre o outro; às necessidades sócio-comunicativas. 
Quando falamos em escolha de um gênero, obviamente, não nos 
referimos apenas às formas linguísticas (verbais), mas há outras formas que 
servem tanto quanto as verbais a nossa intenção de interação pela linguagem. 
Vale dizer que a linguagem verbal não é e nunca será a única forma de 
construção simbólica da realidade, mas há outros sistemas, além das palavras 
que servem para realizar mensagens: gestos, expressões faciais e corporais, tom 
http://www.letras.ufmg.br/atelaeotexto/capacitacaodeeducadores_noticias.html
81 
 
de voz, ritmo dentre outras possibilidades, que são denominados recursos 
icônicos. 
Nas histórias em quadrinhos, nas tirinhas, esses recursos icônicos estão 
presentes e requerem habilidades específicas porque são produzidos com 
auxílio da linguagem verbal e da não-verbal. 
Segundo CapistranoJúnior (2011), a construção verbo-visual das tirinhas 
possibilita a articulação da palavra com a da diagramação, da imagem o que 
exige habilidades para sua compreensão. 
Um aspecto a ser observado refere-se à instauração do referente, ou seja, 
à introdução do sobre o que falamos. Essa instauração pode se dar por palavras, 
por imagens e por ambas. Vamos observar como isso se dá. 
 
 
Fonte: http://www.proprofs.com/quiz-school/story.php?title=onomatopeias 
 
Na primeira tira, observamos quatro referentes visuais: Magali, melancia, 
faca e homem. A introdução de tais referentes inseridos na tira por meio icônico 
http://www.proprofs.com/quiz-school/story.php?title=onomatopeias
82 
 
tem a função de explicitar o tema da tira: arte de Magali que chupa a melancia, 
deixando a casca intacta. 
Na tira dois, os referentes são: Cebolinha, Mônica, Cascão, rio, sol, 
chuveiro, banheira e ventilador. São por meio desses referentes que detectamos 
o tema da tira: calor e a necessidade de se refrescar. Nossa atenção deve voltar-
se, também, par o último quadro da tira, em que a introdução do referente 
novo, ventilador, diferente dos outros, pois não possui água permite-nos a 
leitura de o Cascão ter tanto medo de água, que nem para aliviar o calor se 
arrisca em usá-la. 
O aluno deve ter claro o entendimento de que os signos icônicos não são 
meras ilustrações, mas suportes de leitura, pois há a união da palavra com a 
imagem. 
 
 
Fonte: https://guiaecologico.files.wordpress.com/2010/05/salvador-tira-34.jpg 
 
Na tira acima, os referentes são árvores, jornal e pássaros. Um deles 
efetua leitura do jornal, nomeando uma série de acontecimentos: enchentes, 
maremotos, ciclones, terremotos. 
Vale dizer que o leitor da tira expressa juízos de valor, pois introduz o 
texto: “rapaz!! A coisa tá feia!” O que devemos observar nesse texto? O uso 
https://guiaecologico.files.wordpress.com/2010/05/salvador-tira-34.jpg
83 
 
reiterado do ponto de exclamação (rapaz!!), o aspecto visual do leitor, ar 
circunspecto. Na mesma direção, há a imagem, vamos dizer desconsolada, do 
interlocutor, o outro pássaro. 
Após a leitura de todos os acontecimentos, o leitor toma novamente a 
palavra e introduz um questionamento: O que falta nos acontecer mais? A 
resposta está no último quadro, em que há introdução da onomatopeia 
(ROARRRRRR!!!), cuja função é representar a motosserra e a árvore sobre que 
estavam começa a cair. Finalmente, introduz-se a resposta: “Caracas! 
Motosserras Assassinas!!”. 
As palavras, os recursos icônicos e expressivos: exclamação, cuja função é 
intensificar a indignação; a expressão facial dos pássaros e a onomatopeia 
unem-se às palavras e remetem-nos ao tema: a destruição da natureza e a 
evasão dos pássaros. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTOS 
Para ampliação do conhecimento leia os textos que se encontram em: 
“História em Quadrinhos: Um Recurso de Aprendizagem”, disponível em: 
http://www.tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/181213historiaemquadrinhos.pdf 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/181213historiaemquadrinhos.pdf
84 
 
UNIDADE 18- Gênero Textual: Quadrinhos – Parte 2 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Explicitar e estudar o gênero textual Quadrinhos e a importância dos 
balões neste gênero. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Todo gênero textual possui uma estrutura, que o professor deve 
conhecer e ensinar aos alunos. 
Os quadrinhos possuem um sistema narrativo composto, como já 
abordamos, em dois códigos: a linguagem verbal e a linguagem visual (signo 
icônico), que se unem para a produção do sentido. 
Um aspecto que merece ser explorado nas histórias em quadrinhos e nas 
tiras são os balões. Sabe por quê? Porque o uso dos balões permite que os 
leitores leiam as palavras dos personagens, criam a sensação de que os leitores 
podem ouvi-las. 
Segundo Rama, Vergueiro, Barbosa, Ramos e Vilela: 
 
Para a decodificação da mensagem contida no balão, o leitor deve 
considerar tanto imagem e texto como outros elementos do código 
que são mais ou menos icônicos por natureza. Como característica 
única dos quadrinhos, o balão representa uma densa fonte de 
informações, que começam a ser transmitidas ao leitor antes mesmo 
que este leia o texto, ou seja, pela própria existência do balão e sua 
posição no quadrinho. Ele informa que um personagem está falando 
em primeira pessoa. RAMA, VERGUEIRO, BARBOSA, RAMOS E VILELA, 
2004, p: 56. 
 
A indicação da fala do personagem vem representada por um balão com 
rabicho apontando para o personagem. 
 
85 
 
 
Fonte: http://www.criatives.com.br/wp-content/uploads/2012/03/Tirinha-2.jpg 
 
A tira acima apresenta a indicação da fala dos personagens. Vale dizer 
que Mafalda, criada por Quino, é personagem questionadora e rebelde e não 
aceita as coisas, os desvãos do mundo com naturalidade. Atente bem para os 
rabichos dos balões. No balão com os dizeres: Sopa de peixe, você deve ter 
observado que não aparece o personagem mãe falando, mas é ela. 
Após a resposta da mãe, Mafalda nos é apresentada com ares de 
reflexão, até que no último quadro retoma a palavra e diz: Abaixo a liberdade 
de imprensa. Você deve atentar, também, para o tamanho das letras dos 
quadros. Por exemplo, no último, as letras apresentam-se em tamanho bem 
maior. Além disso, a boca de Mafalda encontra-se escancarada. Unindo 
http://www.criatives.com.br/wp-content/uploads/2012/03/Tirinha-2.jpg
86 
 
tamanho das letras com a boca de Mafalda, somos levados ao sentido de que 
ela está gritando. 
Vale dizer que a linha que delimita o balão transmite informações. Um 
balão tracejado indica que a personagem está falando em voz muito baixa, para 
não ser ouvida pelos outros. 
 
 
Fonte: http://aturmadoperalta.blogspot.com.br/2009_12_13_archive.html 
 
O primeiro quadro apresenta o balão tracejado indica-nos a necessidade 
de falar bem baixo, já que se refere à situação de prova. Há que se ressaltar a 
ambiguidade do quadro, expressa por meio da palavra não. Essa ambiguidade 
só é desfeita, no último quadro, quando dois outros personagens afirmam que 
a resposta da questão três era não, o que não foi interpretado pelo aluno que 
solicitou a resposta da referida questão e agride o colega como prometido. 
Se o balão se apresenta em formato de nuvem, com rabichos com 
formato de bolhas, é revelador de que o personagem está pensando. Observe 
bem a tira abaixo, retirada do site Domínio Público. 
 
http://aturmadoperalta.blogspot.com.br/2009_12_13_archive.html
87 
 
 
 
Se o balão apresenta vários rabichos, neste caso, o sentido é de vários 
personagens falando ao mesmo tempo, como se pode verificar, no quadro 1, da 
tira abaixo. 
 
 
Fonte: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/suavoz/0116.html 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Para ampliação do conhecimento leia o texto “Histórias em Quadrinhos - 
como Trabalhar e Alfabetizar”, disponível em: 
http://educarparaavida-educadoras.blogspot.com.br/2012/12/historias-em-
quadrinhos-como-trabalhar.html 
 
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/suavoz/0116.html
http://educarparaavida-educadoras.blogspot.com.br/2012/12/historias-em-quadrinhos-como-trabalhar.html
http://educarparaavida-educadoras.blogspot.com.br/2012/12/historias-em-quadrinhos-como-trabalhar.html
88 
 
UNIDADE 19- Gênero Textual: Quadrinhos – Parte 3 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Dar continuidade ao estudo do gênero textual Quadrinhos e a 
importância dos balões e da escrita dos mesmos neste gênero. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
O balão em zig-zag revela-nos que a voz procede de um aparelho, como 
por exemplo, televisão, robô, alto-falante, podendo, ainda indicar um grito do 
personagem. 
 
 
Fonte: Domínio Público 
 
Além da forma dos balões, a letra que aparece no texto verbal pode 
expressar diferentes sentidos. Vamos a eles? 
Se as letras aparecem em negrito, o efeito de sentido produzido é desom maior, isto é, a frase foi dita em voz alta. 
 
89 
 
 
Fonte: http://www.criatives.com.br/wp-content/uploads/2012/03/Tirinha-2.jpg 
 
Muitas vezes, as palavras em negrito não implicam palavras ditas em voz 
alta, mas são empregadas para chamar a atenção do leitor, justamente por 
serem consideradas palavras-chave, como se observa na tira abaixo. 
 
 
http://www.criatives.com.br/wp-content/uploads/2012/03/Tirinha-2.jpg
90 
 
Domínio Público 
 
As tiras podem ser excelente recurso para o trabalho com a língua 
portuguesa, especialmente, no que diz respeito ao registro de fala dos 
personagens. No entanto, há que se cuidar para não incentivar o preconceito 
linguístico. O importante é dizer ao aluno que a língua é um organismo vivo e 
está sujeita a transformações de diferentes ordens. 
 
 
Fonte: Domínio Público 
 
A tira acima é um bom exemplo da necessidade de adequação de uso da 
língua e a importância de propiciar ao aluno o acesso à norma culta. Vale dizer 
que respeitar a variante não-padrão de forma alguma implica não se ensinar a 
padrão. 
Voltemos à tira. A personagem feminina está em uma situação formal, 
provavelmente, uma situação de entrevista de emprego. Apresenta-se como 
poliglota, no entanto, ao ser questionada sobre o domínio de português, sua 
resposta é não-padrão “vareia”, o que causa espanto ao entrevistador, 
evidenciado pelo aspecto de seu rosto. 
 
91 
 
 
Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=19934 
 
Sabemos que a fala de Chico Bento se caracteriza pelo emprego da 
língua não-padrão. Acreditamos que o trabalho com seus registros não deva se 
restringir à solicitação de passá-la para a língua padrão, mas há outros aspectos 
que merecem ser destacados, como certas variações que são comuns a 
qualquer falante: escolarizado ou não. Por exemplo, qualquer falante para “de” e 
“que”, diz, respectivamente, “ di ” e “qui”; para “vez”, diz “veiz”; para “falar”, diz 
“fala”; para besteira”, diz “bestera”. São variações comuns na fala. No entanto, 
há certas variantes que falantes escolarizados não dizem, tais como: ansim; 
espantaio, arguma. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Para ampliar o seu conhecimento leia o texto “Histórias em quadrinhos 
facilitam o aprendizado em aula”, disponível em: 
http://noticias.terra.com.br/educacao/historias-em-quadrinhos-facilitam-o-
aprendizado-em-aula,50a942ba7d2da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html 
 
 
 
 
 
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=19934
http://noticias.terra.com.br/educacao/historias-em-quadrinhos-facilitam-o-aprendizado-em-aula,50a942ba7d2da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html
http://noticias.terra.com.br/educacao/historias-em-quadrinhos-facilitam-o-aprendizado-em-aula,50a942ba7d2da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html
92 
 
UNIDADE 20- A Escola e o Desenvolvimento pelo gosto da 
Leitura 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Explicitar autores e procedimentos para despertar o gosto pela 
leitura. 
Nesta unidade, trataremos da importância da mediação do professor e 
dos procedimentos que devem ser realizados para uma eficaz formação de 
leitores. 
Conheceremos alguns autores e suas obras e falaremos sobre as práticas 
de ensino de literatura na escola. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Metodologia do ensino de Literatura infanto-juvenil 
 
“O leitor só pode constituir-se mediante uma prática constante de 
leitura de textos de fato, a partir de um trabalho que deve se 
organizar em torno da diversidade de textos que circulam 
socialmente” (BRASIL, 1997, p. 54). 
 
 
A leitura ou a sua falta, atualmente é uma preocupação que vai além dos 
muros escolares, entretanto, ainda é da escola que se espera a formação de um 
leitor que não apenas goste de ler e mantenha frequência na leitura, mas que 
estabeleça uma relação de entendimento com o texto lido. 
De acordo com Morin (2001), a literatura, assim como o cinema e o 
teatro, é a vida transformada em linguagem verbal e essa transformação se 
utilizada pela escola no campo do ensino poderá ser, de certa forma, um 
modelo de trabalho transdisciplinar. 
Ao pensar a leitura a partir de seu aspecto utilitário, como fonte de 
conhecimento e informações e ao transpor essa visão para a literatura, a escola 
acaba por afastar o aluno do texto literário ou faz com que esse leitor tenha 
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uma ideia equivocada sobre o que é ler literatura, ignorando que é possível 
informar-se, adquirir conhecimentos, melhorar a expressão oral e escrita e 
aprender, através da leitura de textos literários de qualidade. 
É sabido que a literatura tem um caráter educativo, uma vez que 
possibilita ao leitor uma reflexão sobre sua realidade, a partir do contado com 
lugares e personagens diversos, provocando a socialização de sentimentos, 
saberes, concepções de mundo, mas isso não significa que ela deva ser usada 
para tal. A escola, quando utiliza a literatura apenas para ensinar algo, imobiliza 
o sentido e aprisiona o leitor em uma leitura única e tendenciosa. 
Como já dito anteriormente, o professor deve oferecer aos alunos os 
mais variados tipos de texto, a fim de que haja contato com discursos de 
características e linguagens diversas. 
Cabe ao trabalho com o livro de literatura infanto-juvenil, na escola, um 
papel fundamental e privilegiado na formação de leitores proficientes. 
Como a literatura não tem comprometimento com a realidade, é ficção e, 
por natureza, da ordem da fantasia, é capaz de despertar no leitor a curiosidade 
e o interesse pela descoberta. Um livro permite que seu leitor vivencie situações 
pelas quais jamais passou, alargando seus horizontes e tornando-o mais capaz 
de enfrentar situações novas, ou seja, possibilita ao leitor o acúmulo de 
experiências vividas imaginariamente, tornando-o mais crítico e criativo. 
A literatura possibilita a internalização das estruturas linguísticas da 
língua portuguesa, melhorando o desempenho linguístico do leitor. 
Muitos estudos revelam a importância da leitura no desenvolvimento de 
estruturas de pensamento e de raciocínio lógico do aluno. 
As obras de literatura infanto-juvenil propagam diversos valores morais e 
apresentam questões culturais, as quais podem servir como alavanca para o 
desenvolvimento do senso crítico do educando. 
Contando Histórias para Crianças 
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Contar histórias é uma arte, e quem o faz é um artista. Porém, na escola 
esse papel cabe ao professor, que precisa, primeiramente, gostar de fazê-lo e 
desenvolver técnicas para a realização de um bom trabalho. 
Para se contar bem histórias é primordial que o professor desenvolva 
gosto por lê-las e possua um vasto repertório literário. 
Alguns elementos são necessários para que essa atividade se desenvolva 
bem no cotidiano, como, por exemplo, um local adequado, sem interferência de 
barulho, aconchegante, com iluminação adequada, onde os alunos possam se 
acomodar de maneira confortável e possam ficar próximos do professor e do 
livro em questão; a voz e o corpo de quem conta histórias são os seus 
instrumentos de trabalho, por isso a expressão corporal juntamente com a 
variação de vozes são fundamentais, na qual, deve-se utilizar de um vocabulário 
adequado à faixa etária e professor deve, de fato, representar os diferentes 
personagens; devem ser utilizadas diversas e diferenciadas técnicas para se 
contar histórias, é importante que cada contação seja única para o aluno. 
Ouvir histórias é momento mágico para os alunos, por isso o professor 
deve lançar mão de histórias de animais, brinquedos, objetos e seres da 
natureza, fadas, aventuras, mitos, lendas, histórias com fundo real, etc. 
A boa literatura encanta e colabora com o desenvolvimento das crianças. 
As aulas de literatura podem ser desdobradas em inúmeras possibilidades de 
trabalho, com muitas linguagens, como, por exemplo, teatro, dança, desenho, 
música, poesia, etc. 
O mais importante neste trabalho é que oprofessor seja consciente de 
que a literatura não é só para divertir, é para desenvolver a ética, a estética, a 
cidadania e a consciência política; ela não é um reflexo da realidade, mas faz 
com que sejamos capazes de refletir sobre ela. 
 
Principais obras e autores da Literatura Infanto-Juvenil lidos pelos 
Brasileiros 
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AUTOR OBRAS 
Ziraldo O Menino Maluquinho; O Bichinho da 
Maçã; Uma Professora Muito 
Maluquinha. 
Ruth Rocha Marcelo Marmelo Martelo; Meu 
Irmãozinho me Atrapalha; Faca sem 
Ponta Galinha sem Pé. 
Maurício de Souza Turma da Mônica 
Pedro Bandeira A Droga do Amor; A Droga da 
Obediência; A Marca de uma Lágrima; 
Anjo da Morte; O Fantástico Mistério 
de Feiurinha. 
Monteiro Lobato Sítio do Pica-Pau Amarelo 
Antoine de Saint-Exupéry 
 
O Pequeno Príncipe 
Ana Maria Machado Bisa Bia, Bisa Bel; Tudo ao Mesmo 
Tempo Agora; Menina Bonita do Laço 
de Fita; O Gato do mato e o Cachorro 
do Morro. 
Clive Staples Lewis As Crônicas de Nárnia 
Lewis Carroll Alice no País das Maravilhas 
J. K. Rowling Harry Potter 
 
BUSCANDO CONHECIMENTOS 
Assista aos vídeos abaixo que falam sobre a Formação do Leitor: 
http://www.youtube.com/watch?v=OkH2TSQNjKg&feature=related 
http://www.youtube.com/watch?v=FvH82Fn4ssQ 
E leia também no link abaixo a entrevista da autora e adaptadora de 
livros infantis Silvana Salerno, que conta por que escreve para crianças e ressalta 
que a leitura é uma forma de educação. 
http://revistaguiafundamental.uol.com.br/professores-
atividades/75/artigo179925-1.asp 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Antoine_de_Saint-Exup%C3%A9ry
http://www.youtube.com/watch?v=OkH2TSQNjKg&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=FvH82Fn4ssQ
http://revistaguiafundamental.uol.com.br/professores-atividades/75/artigo179925-1.asp
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	literatura_infanto_juvenil_frente
	1 - LITERATURA INFANTO-JUVENIL (Formatada)
	UNIDADE 1- Leitura e Aprendizagem
	UNIDADE 2- Literatura Infantil: Pressupostos Básicos
	UNIDADE 3- A Literatura Infanto-Juvenil
	UNIDADE 4- Características do Texto Literário Infantil
	UNIDADE 5- Gêneros Literários Infanto-Juvenis: Parte 1
	UNIDADE 6- Gêneros Literários Infanto-Juvenis: Parte 2
	UNIDADE 7- Trabalhando a Narração na Literatura Infanto-Juvenil: Parte 1
	Quando trabalhamos uma história de bichos, normalmente, as crianças questionam: “Professora bicho não fala”. Aí vem a resposta da professora: “É de mentirinha”. Não, não é história de bichos e também não é de mentirinha. É uma história de gente: homen...
	Sapo- Toma banho de sol
	Dialogando com o Texto
	UNIDADE 8- Trabalhando a Narração na Literatura Infanto-juvenil: Parte 2
	UNIDADE 9- Trabalhando o Romance com Séries mais Avançadas
	UNIDADE 10- As Obras de Monteiro Lobato
	Para ampliação do seu conhecimento leia “Lobato: um Expoente Brasileiro”, disponível em:
	UNIDADE 11- Monteiro Lobato: O Sítio do Picapau Amarelo
	UNIDADE 12- A Poesia para o Público Infanto-Juvenil
	UNIDADE 13- A Rima para o Público Infanto-Juvenil
	UNIDADE 14- O Poema para o Público Infanto-Juvenil
	Para ampliar seu conhecimento leia o texto “Poemas: escutar, ler, compreender, interpretar e declamar”, disponível em:
	UNIDADE 15- Gênero Dramático – Teatro Infanto-Juvenil
	UNIDADE 16- Literatura de Cordel
	UNIDADE 17- Gênero Textual: Quadrinhos – Parte 1
	UNIDADE 18- Gênero Textual: Quadrinhos – Parte 2
	Para ampliação do conhecimento leia o texto “Histórias em Quadrinhos - como Trabalhar e Alfabetizar”, disponível em:
	UNIDADE 19- Gênero Textual: Quadrinhos – Parte 3
	Para ampliar o seu conhecimento leia o texto “Histórias em quadrinhos facilitam o aprendizado em aula”, disponível em:
	UNIDADE 20- A Escola e o Desenvolvimento pelo gosto da Leitura
	4TUhttp://www.youtube.com/watch?v=OkH2TSQNjKg&feature=relatedU4T
	4TUhttp://www.youtube.com/watch?v=FvH82Fn4ssQU4T
	E leia também no link abaixo a entrevista da autora e adaptadora de livros infantis Silvana Salerno, que conta por que escreve para crianças e ressalta que a leitura é uma forma de educação.
	4TUhttp://revistaguiafundamental.uol.com.br/professores-atividades/75/artigo179925-1.aspU4T
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