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O CURRÍCULO NA 
EDUCAÇÃO INFANTIL 
E ANOS INICIAS
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Sidney Lopes Sanchez Júnior
Indaial - 2021
2ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Jairo Martins
Marcio Kisner
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2021
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
S211c
 Sanchez Júnior, Sidney Lopes
 Currículo na educação infantil e anos iniciais. / Sidney Lopes 
Sanchez Júnior – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
 115 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-311-7
 ISBN Digital 978-65-5646-310-0
1. Propostas pedagógicas. - Brasil. II. Centro Universitário Leonar-
do da Vinci.
CDD 370
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................3
CAPÍTULO 1
O Currículo como Elemento da Proposta Pedagógica ........... 7
CAPÍTULO 2
O Currículo na Educação Infantil:
Construindo Saberes ................................................................. 43
CAPÍTULO 3
Políticas Públicas de Implementação Curricular –
O Currículo em Ação na Educação Infantil ............................ 79
APRESENTAÇÃO
Este livro aborda fatores importantes acerca da elaboração, construção, 
implementação e avaliação de propostas pedagógicas curriculares na Educação 
Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental. 
A relevância destes conhecimentos para a prática profissional de professores 
e gestores educacionais são de extrema importância, visto que refletirá nas ações 
e implicações pedagógicas no cotidiano das escolas. Por isso, estudar maneiras 
e estratégias para organizar o trabalho no cotidiano escolar é importante para 
que todas as ações não caiam no espontaneísmo, na improvisação e em práticas 
vazias de reflexões teóricas. 
Reflexões sobre as propostas curriculares ajudam os profissionais da 
Educação tomarem maior consciência de suas ações e função social frente aos 
desafios econômicos e políticos que permeiam o dia a dia da escola. 
Para isso, o primeiro capítulo deste livro, “O currículo como elemento da 
proposta pedagógica na Educação Infantil”, abordará os aspectos relevantes para 
elaboração de propostas pedagógicas, bem como apontará caminhos possíveis 
para elaboração, implementação e avaliação destas propostas. 
Conceber o currículo como caminho a ser percorrido nas demandas 
institucionais está intimamente ligado ao processo de formação, reflexão de 
professores e demais profissionais da Educação. Isso implica em momentos de 
formação, reflexão e ajustes para que os objetivos e metas sejam alcançados, 
levando em considerações as demandas da comunidade escolar. 
O segundo capítulo, “O currículo na Educação Infantil: construindo saberes”, 
tem como objetivo descrever as concepções norteadoras e os pressupostos 
teóricos que permeiam a elaboração das propostas pedagógicas curriculares, 
bem como aborda as mudanças advindas da Base Nacional Comum Curricular 
(BNCC) e suas contribuições para elaboração das propostas curriculares na 
Educação Infantil, bem como a organização curricular da Educação Infantil com 
vistas a contribuir para construção e reconstrução de saberes. 
O terceiro e último capítulo, “Políticas Públicas de implementação Curricular: 
O currículo em Ação na Educação Infantil”, tem como objetivo discorrer sobre 
os elementos que articulam o currículo, de forma que dinamizam as práticas 
pedagógicas na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, bem 
como tecer reflexões acerca do currículo e as propostas pedagógicas no âmbito 
legal e prático no cotidiano da Educação Infantil. 
CAPÍTULO 1
O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA 
PROPOSTA PEDAGÓGICA
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Identifi car elementos que compõem a proposta curricular pedagógica, bem 
como a organização da estrutura da instituição da Educação Infantil.
 Conhecer as leis, regulamentos, bem como compreender o trabalho junto às 
famílias, à comunidade – organização dos espaços, tempos, rotinas, atividades 
desenvolvidas e articuladas pela gestão educacional.
8
 O currículo na Educação Infantil e Anos Inicias
9
O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA 
PROPOSTA PEDAGÓGICAPROPOSTA PEDAGÓGICA Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Entender os documentos ofi ciais que organizam as práticas pedagógicas 
da Educação Infantil e do Ensino Fundamental é de extrema importância para 
professores e gestores que atuam nestas etapas da educação básica. Desta 
maneira, é importante compreender a escola como espaço de realização de 
objetivos e metas do sistema educativo. 
Este texto tem por objetivo contribuir para que você conheça os componentes 
que estruturam e organizam as escolas, bem como deixar claro pressupostos 
teóricos e práticos para o exercício profi ssional nestas etapas da Educação 
Básica. Ainda, é importante destacar que estudar acerca da organização curricular 
se faz necessário, especialmente pelo fato de que a sociedade está em constante 
transformações, mudanças advindas do modo de produção capitalista; o que 
repercute em avanços tecnológicos, econômicos, sociais e educacionais que não 
podem ser compreendidos de forma isolada. 
Todo profi ssional da Educação precisa se atentar para tais transformações, 
visto a importância de ser um professor com responsabilidade na formação de 
cidadãos e cidadãs. 
Não se pode negar que as mudanças sociais repercutem diretamente 
na escola, em seus currículos, avaliação, que devem ser percebidos e 
problematizados. Contudo, refl etir sobre tais questões, requer atenção aos 
pressupostos teóricos, legais e práticos, de maneira que os profi ssionais estejam 
capacitados para atuar frente aos desafi os educacionais atuais. 
Este capítulo tem como objetivo apresentar elementos que devem constituir a 
proposta curricular pedagógica da Educação Infantil de modo detalhado para que 
o professor, gestor, pesquisador e estudioso da educação possa compreender 
os dilemas da vida cotidiana escolar, visto que diariamente os educadores são 
defrontados com decisões a serem tomadas, que precisam atender às demandas 
sociais, éticas e políticas, assumindo uma postura extremamente democrática. 
Desta maneira, que a leitura deste capítulo contribua para a formação e a 
refl exão de estudantes, professores e demais profi ssionais da educação que 
estejam engajados no processo de melhoria na qualidade da educação, bem como 
envolver no processo de aperfeiçoamento, capacitação e formação continuada. 
10
 O currículo na Educação Infantil e Anos Inicias
2 A PROPOSTA PEDAGÓGICA 
CURRICULAR NA EDUCAÇÃO 
INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL 
A Educação Infantil se constituiu como primeira etapa da Educação Básica a 
partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), o que torna 
recente o reconhecimento do trabalho realizado com as crianças de 0 a 5 anos 
de idade com cunho educativo. No entanto, há um saber construído acerca do 
cotidiano e das práticas pedagógicas na Educação Infantil, que mesmo de maneira 
incipiente, tem fundamentado as ações de cuidar e educar nas instituições que 
atendem a crianças pequenas (BRASIL, 1996). 
Mesmo antes da Educação Infantil ocupar lugar de destaque nas legislações 
educacionais brasileiras, ou seja, antes de ser considerado primeira etapa da 
Educação Básica pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 
9394/96), os educadoresjá se preocupavam com o que ensinar, como ensinar 
e quem ensinar. Contudo, a discussão só ganhou força após a LDBEN de 1996, 
que trouxe ao palco das discussões os conteúdos curriculares, a defi nição 
de objetivos, atividades, abordagens metodológicas, faixa etária, de modo a 
estruturar e organizar o trabalho pedagógico. 
Desta maneira, os documentos como: a Proposta Pedagógica 
ou o Projeto Político Pedagógico não podem ser tratados de forma 
isolada da realidade escolar, uma vez que devem representar os 
anseios da comunidade escolar. É importante compreender que a 
Proposta Pedagógica (PP) ou Projeto Político Pedagógico (PPP) é um 
dos principais documentos norteadores do trabalho pedagógico em 
uma instituição escolar, de forma que corresponde a um conjunto de 
diretrizes organizacionais e operacionais que expressam e orientam as 
práticas educativas e administrativas em uma instituição escolar. 
Assim, cabe retomar o sentido da palavra projeto a fi m de 
subsidiar as discussões e compreensão dos impactos para organização 
institucional. Projeto é oriundo da palavra projectu, que no latim signifi ca 
“algo lançado à frente” (VEIGA, 2013). 
Para Veiga (2013), um projeto representa um desejo, propósito 
e intuito de ações e realizações. Para Salles e Faria (2012, p. 20), o 
projeto no campo educacional “legitima a instituição educativa como 
histórica e socialmente situada, constituída por sujeitos culturais que 
Proposta 
Pedagógica (PP) 
ou Projeto Político 
Pedagógico (PPP) 
é um dos principais 
documentos 
norteadores do 
trabalho pedagógico 
em uma instituição 
escolar, de forma 
que corresponde 
a um conjunto 
de diretrizes 
organizacionais 
e operacionais 
que expressam 
e orientam as 
práticas educativas 
e administrativas 
em uma instituição 
escolar.
11
O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA 
PROPOSTA PEDAGÓGICAPROPOSTA PEDAGÓGICA Capítulo 1 
se propõem a desenvolver uma ação educativa a partir de uma unidade de 
propósitos”. 
A palavra pedagogia tem origem na Grécia antiga e signifi ca conduzir a 
infância ou a criança. No contexto educativo, relaciona-se com condução de 
processos de ensino e de aprendizagem. Outrossim, a palavra política é relativa 
aos cidadãos, derivada da palavra politikós do grego, o que justifi ca a associação 
dos termos Projeto Político Pedagógico por estar estritamente associado à função 
social da escola em formar cidadãos. 
Para isso, visando abarcar o caráter político e pedagógico, o Projeto Político 
Pedagógico deve se construir nos princípios da coletividade, no diálogo, no 
envolvimento da comunidade escolar, ansiando encontrar caminhos para solução 
dos problemas que permeiam a realidade escolar. 
Para Gadotti (1994), o projeto pressupõe uma ruptura com o presente ao 
tempo que aponta para um futuro. Assim, ao construir um projeto pedagógico 
escolar, seja da Educação Infantil e ou de Ensino Fundamental, implica projetar 
ações para o futuro com base na realidade, na busca de realizações possíveis. 
Por isso, se constitui em um documento importante para a instituição escolar, visto 
que defi ne os objetivos, descreve os passos, ações e estratégias para alcançá-
los. 
No Projeto Pedagógico deve estar presente os projetos de ações da gestão 
administrativa, ou seja, o que se pretende avançar em questões arquitetônicas, 
ampliação de espaço físico, contratação de novos profi ssionais, aquisição de 
novos recursos materiais, físico e humanos, assim como apresentar a organização 
funcional da instituição, de modo que deixe claro os cargos e funções de cada 
profi ssional da instituição escolar.
É importante destacar que os aspectos pedagógicos contemplam as 
concepções teóricas de desenvolvimento humano e aprendizagem, de sociedade, 
de sujeito, que fundamentam as práticas de ensino e avaliação da aprendizagem. 
Tais aspectos direcionam o fazer pedagógico e a organização da estrutura do 
ambiente educacional. 
No projeto são compartilhados desejos, concepções, crenças e valores que 
vão nortear a ação pedagógica, uma vez que elenca metas, objetivos, propostas 
de organização e ações por partes dos sujeitos da comunidade escolar. A partir 
desta compreensão é possível construir um signifi cado para Proposta Pedagógica 
para a Educação Infantil, ou seja, um documento ofi cial que prevê organização do 
trabalho pedagógico para crianças de 0 a 5 anos, em creches e pré-escolas.
12
 O currículo na Educação Infantil e Anos Inicias
O quadro a seguir apresenta de forma clara as concepções acerca das 
palavras: “projeto”, “político” e “pedagógico”, elaboradas com base no documento 
que orienta as práticas de gestão e organização do trabalho pedagógico 
homologado pela Secretaria do Estado do Paraná, no ano de 2018, que defi ne a 
nomenclatura do Projeto Político Pedagógico até aqui apresentada. 
QUADRO 1 – CONCEITUANDO A NOMENCLATURA 
“PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO”
PROJETO Reúne propostas de ações a serem executadas em um perío-do. Passível de alterações e em constante construção. 
POLÍTICO
A escola é um espaço de formação de cidadãos conscientes, 
responsáveis e críticos, que atuaram de forma individual e co-
letiva na sociedade. 
PEDAGÓGICO
Defi ne caminhos e organiza as práticas de ensino e de apren-
dizagem. Refl ete as concepções acerca das práticas educa-
tivas. 
FONTE: Adaptado de Secretaria do Estado do Paraná (2018).
Acerca das propostas pedagógicas, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (LDBEN) trata em seu artigo 12, que os estabelecimentos de ensino 
terão como incumbência elaborar e executar sua Proposta Pedagógica, de modo 
que cabe aos professores participarem deste processo de elaboração. 
É importante destacar que a elaboração das propostas pedagógicas é 
orientada e organizada pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação 
Infantil (DCNEI) (BRASIL, 2009) que se articula com as Diretrizes Curriculares da 
Educação Básica (BRASIL, 2013). As DCNEB reúnem princípios, fundamentos e 
procedimentos para orientar as políticas públicas nas etapas da Educação, bem 
como a elaboração, planejamento e execução de propostas pedagógicas, assim 
como aspectos da avaliação. 
As DCNEI e DCNEB são leis que organizam a educação em todo 
território brasileiro, sobretudo em cidades e estados que possuem 
sistema de educação, que devem expedir normas complementares 
baseadas nas orientações ofi ciais. 
Desta maneira, para elaboração da proposta pedagógica, é preciso 
observar algumas orientações que sistematizam e orientam a prática, 
bem como articular a participação de diferentes interlocutores da 
comunidade escolar a fi m de atender a uma perspectiva democrática. 
Assim, ao pensar na proposta pedagógica de um estabelecimento de 
É preciso observar 
algumas orientações 
que sistematizam e 
orientam a prática, 
bem como articular 
a participação 
de diferentes 
interlocutores da 
comunidade escolar 
a fi m de atender a 
uma perspectiva 
democrática.
13
O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA 
PROPOSTA PEDAGÓGICAPROPOSTA PEDAGÓGICA Capítulo 1 
ensino, é necessário dialogar e encontrar caminhos que se pretendem percorrer. 
O quadro a seguir apresenta algumas dicas que podem auxiliar os profi ssionais 
na elaboração de suas propostas pedagógicas. 
QUADRO 2 – PERGUNTAS A CONSIDERAR NA 
ELABORAÇÃO DAS PROPOSTAS PEDAGÓGICAS
Qual objetivo se pretende alca-
nçar?
É importante pensar para qual realidade o plano 
está sendo elaborado, a fi m de pensar estraté-
gias, organizar práticas para direcionar o trabalho 
da equipe gestora, quanto aos demais profi ssion-
ais e membros da comunidade escolar. 
A quem se destina?
Quais as características da comunidade que 
será atendida? Qual faixa etária, qual o contexto 
histórico, socioeconômico a ser considerado?
Quem vai elaborar?
Em uma perspectiva democrática, a elaboração 
não é tarefa apenas de um especialista, do diretor, 
ou de um coordenador pedagógico. Desta forma,envolve a participação de outros profi ssionais, 
parceiros da comunidade, a fi m de possibilitar que 
todos se sintam parte e responsáveis pelo proces-
so educativo. 
Que tipo de documento se pre-
tende elaborar?
Funcionará como um cartão de visita da institu-
ição, ou um documento burocrático? Precisa prev-
er, especialmente se constituirá em um documen-
to aberto, fl exível, passível de mudanças durante 
o processo. 
De que forma será elaborado?
É importante defi nir horários, estratégias, re-
uniões e espaços para que as pessoas possam 
participar no processo de elaboração e produção 
das propostas. 
Qual o papel das secretarias mu-
nicipais e estaduais da educação 
na elaboração das propostas ped-
agógicas?
As secretarias acompanham, supervisionam e 
avaliam as propostas em seu processo de elab-
oração e implementação, por meio das políticas 
públicas, valorização dos profi ssionais, dos re-
cursos humanos, viabilizando as condições es-
truturais de funcionamento, para que as ações e 
plano se concretizem. 
FONTE: Adaptado de Salles e Faria (2012).
Cabe ressaltar que o processo de elaboração, implementação e avaliação 
das propostas pedagógicas não é uma tarefa simples, que se faz em uma 
única reunião, visto que é um processo dinâmico, constante, passível de 
mudanças, especialmente pelo fato de que a escola é uma instituição parte 
de uma sociedade em constante transformações. Neste processo, torna-
14
 O currículo na Educação Infantil e Anos Inicias
se necessário revisitar os princípios, valores, crenças, objetivos, metas, os 
documentos ofi ciais e as políticas públicas a fi m de que toda prática seja 
coerente e assertiva. 
Tais elementos devem ser considerados, sobretudo, para que o professor 
tenha condições de elaborar suas aulas, tendo claro a concepção de mundo, de 
homem, que a instituição declara possuir. Discutir essas questões em reuniões 
pedagógicas e em encontros de formação de professores tornam as práticas 
pedagógicas mais intencionais e signifi cativas. 
Para Libâneo (2013), o planejamento escolar consiste na previsão de ações 
a serem realizadas, o que implica defi nir necessidades, objetivos dentro das 
possibilidades, procedimentos, recursos a serem empregados em um determinado 
tempo, bem como formas de avaliação. Deste modo, o processo e exercício de 
planejar requer antecipar a prática a fi m de alcançar os objetivos desejados. 
Assim, as instituições precisam se organizar de modo que formulem objetivos, 
ações e critérios para avaliação do trabalho, de modo que sem o planejamento, 
a gestão escolar acontece de forma improvisada e os resultados não podem ser 
avaliados. Por isso, a importância de serem dispostos de maneira clara e objetiva 
no Projeto Político Pedagógico. 
Quando há planejamento da ação pedagógica escolar, o currículo 
se concretiza na escola, uma vez que planejar é tecer um projeto que 
contemple as atividades de ensino e aprendizagem de forma intencional, 
envolvendo valores, atitudes e conteúdo. É importante destacar que o 
planejamento escolar não é feito individualmente, uma vez que deve 
representar as aspirações e planos de uma comunidade na qual se insere 
(LIBÂNEO, 2013). 
Como currículo, cabe destacar que este se constitui no elemento nuclear 
do projeto pedagógico, ou seja, é ele que viabiliza os processos de ensino e de 
aprendizagem. Para Libâneo (2013), o currículo é defi nido como projeção do 
projeto pedagógico, sendo um desdobramento necessário que se materializa em 
intenções e orientações que estão previstas no projeto, em forma de objetivos 
e conteúdo. Portanto, o currículo defi ne “o que ensinar, o para quê ensinar, o 
como ensinar e as formas de avaliação, em estreita colaboração com a didática” 
(LIBÂNEO, 2013, p. 140). 
Por isso a importância da construção coletiva do Projeto Político Pedagógico, 
para que toda ação não se restrinja a interesses pessoais sem considerar os 
inúmeros pontos que podem ser elencados por diversas pessoas, profi ssionais da 
comunidade escolar.
15
O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA 
PROPOSTA PEDAGÓGICAPROPOSTA PEDAGÓGICA Capítulo 1 
Deste modo, planejar é um processo que não se reduz apenas ao 
ato de planejar, mas em uma atividade de permanente refl exão e ação, 
visto que deve contemplar uma análise da realidade e suas condições 
concretas, para que de forma conjunta se busque soluções para os 
desafi os, possibilitando serem revisitados, corrigidos e reelaborados 
durante o percurso. Ao assumir um caráter processual, o planejamento 
não determina rigidamente os resultados e ações, pois os atores 
sociais podem delinear o desenvolvimento do trabalho em constante 
refl exão e deliberação sobre as práticas (LIBÂNEO, 2013). 
Para o autor supracitado, um planejamento escolar contempla 
um diagnóstico e análise da realidade escolar, de forma que permite 
identifi car as difi culdades, assim como elencar os objetivos, metas, 
intenções, expectativas e decisões da equipe escolar de forma clara, 
bem como a descrição das atividades e tarefas a serem desenvolvidas 
em função de prioridades e recursos disponíveis. 
Planejar é um 
processo que não 
se reduz apenas ao 
ato de planejar, mas 
em uma atividade de 
permanente refl exão 
e ação, visto que 
deve contemplar uma 
análise da realidade 
e suas condições 
concretas, para que 
de forma conjunta 
se busque soluções 
para os desafi os, 
possibilitando serem 
revisitados, corrigidos 
e reelaborados 
durante o percurso.
No link a seguir é possível encontrar uma refl exão acerca de 
aspectos relevantes à gestão escolar em tempos de Pandemia. 
Tal assunto se torna importante pelo fato de que a Educação 
Escolar passou por transformações no período pandêmico da 
Covid-19. Desta maneira, o site indicado apresenta uma discussão 
e dicas de uma supervisora educacional acerca de adaptações 
pedagógicas que ocorreram em tempos da pandemia. 
Vale a pena conferir!
https://www.cliccamaqua.com.br/noticia/57472/dia-do-supervisor-
escolar-adaptacao-e-acao-em-tempos-de-pandemia-de-covid-19.html
2.1 ELEMENTOS CONSTITUINTES DA 
PROPOSTA PEDAGÓGICA 
Articular questões teóricas e práticas são fundamentais para uma 
proposta consistente, visto que o contexto sócio-histórico possibilita 
defi nir objetivos e orientar a organização de todos os elementos da prática 
pedagógica. 
16
 O currículo na Educação Infantil e Anos Inicias
Como mencionado, os órgãos educacionais municipais e estaduais 
organizam e regulamentam a elaboração das propostas pedagógicas 
de seus sistemas de ensino de acordo com as defi nições da legislação 
nacional (SALLES; FARIA, 2012). Assim, cada instituição de ensino deve 
organizar sua proposta pedagógica considerando as normas de modo 
que se articulem com as necessidades locais, ou seja, calendário escolar, 
respeitando datas comemorativas locais, feriados municipais, festividades 
da cidade ou região, projetos municipais e estaduais, leis, resoluções de 
estados e municípios que podem alterar de estado, município e região. 
Desta maneira, o quadro a seguir apresenta uma estrutura possível a 
fi m de subsidiar a elaboração de uma Proposta Pedagógica.
QUADRO 3 – ITENS NECESSÁRIOS PARA ELABORAÇÃO 
DE UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA
História da institu-
ição e de sua Propos-
ta Pedagógica
Apresentar aspectos históricos da instituição, considerando 
seus os fatores sociais e culturais. 
Contexto sociocul-
tural no qual a insti-
tuição se insere 
Apresentar as características sociais, econômicas da comuni-
dade escolar, a fi m de que a proposta seja coerente com a real-
idade a qual se insere. 
Concepções nor-
teadoras do trabalho 
Apresentar a concepção de sociedade, ser humano, infância, 
desenvolvimento humano e aprendizagem. 
Finalidades e Obje-
tivos
Apontar o motivo e a razão da instituição, declarar a função so-
cial, bem como as intenções para com os sujeitos. Defi nir ob-
jetivos para o ensino e a aprendizagem; desenvolvimento das 
dimensõesafetivas, cognitivas, físicas, sociais e culturais. 
Organização e 
Gestão do Trabalho
Organizar as questões pedagógicas e administrativas da instituição; 
as práticas dos professores e demais profi ssionais. De modo a ex-
plicitar os cargos, funções de todos os profi ssionais parte da escola.
Condições Físicas e 
Materiais
Descrição da estrutura física, como: mobiliários, quadras, salas, 
refeitório, parque, biblioteca, brinquedoteca, laboratórios, pátio, 
banheiros, salas dos professores, equipe pedagógica, recursos 
e materiais didáticos, aquisições e outros. 
Caracterização dos 
elementos humanos
Equipe pedagógica, professores, coordenadores, supervisores, 
orientadores, secretário, merendeira, profi ssionais de serviços 
gerais, zeladores e outros. 
Perfi l dos estudantes Condições socioeconômicas, renda familiar, acesso à tecnolo-gia, etc. 
Defi nição de priori-
dades
Na instituição pode ter diversas demandas tanto pedagógicas 
quanto administrativas, mas cabe a gestão escolar defi nir priori-
dades para direcionar as ações. 
17
O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA 
PROPOSTA PEDAGÓGICAPROPOSTA PEDAGÓGICA Capítulo 1 
Proposta Curricular
Concepções fi losófi cas, psicológicas, culturais, epistemológicas 
e pedagógicas que vão subsidiar as práticas pedagógicas e ad-
ministrativas. 
Relação Família e 
Escola
Defi nir projetos, ações, reuniões que envolvam a participação 
ativa da comunidade escolar. 
Avaliação Formas de avaliar os processos administrativos, pedagógicos, de ensino e de aprendizagem. 
FONTE: Adaptado de Salles e Faria (2012) e Libâneo (2013).
Além dos itens mencionados no Quadro 3, a organização do currículo, ou 
seja, o estabelecimento dos caminhos para que os objetivos e metas sejam 
alcançados, precisam ser discutidos e tratados na coletividade, para que as 
ações, por mais diversos que sejam os perfi s dos profi ssionais, possam apontar 
para os objetivos a serem alcançados pela escola. 
A proposta curricular consiste na expressão da cultura organizacional da 
escola, pois cumpre a função de propagar a maneira de pensar das pessoas que a 
elaboraram, bem como os valores, signifi cados, o cidadão e a sociedade. “O projeto 
pedagógico curricular é a concretização do processo do planejamento” 
(LIBÂNEO, 2013, p. 126) que consolida em um documento detalhes 
dos objetivos, diretrizes e ações do processo educativo das ações 
escolares, explicitando os propósitos e expectativas da comunidade 
escolar. 
O projeto curricular deve ser compreendido como um instrumento 
de organização escolar, de maneira que “estabelece, cria objetivos, 
procedimentos, instrumentos, modo de agir, estruturas, hábitos, 
valores, ou seja, institui uma cultura organizacional” (LIBÂNEO, 2013, 
p. 127).
Este documento sintetiza os interesses dos educadores que 
trabalham na escola, representando as crenças e valores de todos que 
compõem a comunidade escolar. Ao assumir um caráter democrático, 
deve considerar as aspirações e demandas trazidas da coletividade. 
O projeto 
curricular deve ser 
compreendido como 
um instrumento 
de organização 
escolar, de maneira 
que “estabelece, 
cria objetivos, 
procedimentos, 
instrumentos, 
modo de agir, 
estruturas, hábitos, 
valores, ou seja, 
institui uma cultura 
organizacional” 
(LIBÂNEO, 2013, p. 
127).
18
 O currículo na Educação Infantil e Anos Inicias
FIGURA 1 – REUNIÃO PEDAGÓGICA PARA CONSTRUÇÃO 
COLETIVA DA PROPOSTA PEDAGÓGICA
FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/343540277818233030/>. Acesso em: 20 ago. 2020.
Que tipo de escola, nós – profi ssionais, estudantes, familiares e comunidade, 
queremos? Essa questão se torna importante, especialmente para a promoção 
de espaços democráticas que possibilitem a participação da comunidade 
escolar, assim como de profi ssionais da escola, professores, equipe pedagógica, 
administrativa, secretaria, estudantes, familiares, membros da comunidade, a 
fi m de pensar a escola, a comunidade, bem como identifi car as demandas que 
necessitam de soluções a curto, médio e longo prazo. 
FIGURA 2 – GESTÃO DEMOCRÁTICA
FONTE: <https://bityli.com/8y60F>. Acesso em: 20 jul. 2020.
O trabalho compartilhado traz oportunidade para que a comunidade escolar 
seja representada e juntos levante as demandas desta comunidade, conforme a 
indagação na Figura 2, ou seja, o trabalho da gestão escolar democrática consiste 
em envolver membros da comunidade, uma vez que a fi gura do diretor ou equipe 
pedagógica não representa a única ideia a ser considerada, as demandas 
devem ser trazidas pelos representantes da comunidade escolar. Esta maneira 
de organizar a dinâmica escolar facilita, sobretudo, o processo de avaliação e 
refl exão sobre as ações e a situação em que os objetivos e metas se encontram. 
19
O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA 
PROPOSTA PEDAGÓGICAPROPOSTA PEDAGÓGICA Capítulo 1 
FIGURA 3 – DECISÕES TOMADAS NA COLETIVIDADE
FONTE: <https://bityli.com/ORaPY>. Acesso em: 15 jul. 2020.
Estabelecer estratégias de avaliação da proposta é de extrema importância 
para a equipe de profi ssionais da escola, deve ser organizado de modo que 
aconteça em reuniões pedagógicas, previstas em calendário escolar. Desta forma, 
defi nir metas e prazos para avaliação das ações são importantes para que todo 
processo seja passível de refl exão e ação, passível de mudanças e de alterações 
para que atenda às necessidades reais da instituição escolar. 
Explicar a organização do trabalho pedagógico e a gestão educacional 
signifi ca deixar claro os objetivos, concepções, fi nalidades e contexto, de forma 
que o trabalho pedagógico e administrativo do cotidiano tenha relação entre a 
teoria e prática. 
Como podemos observar, elaborar uma proposta pedagógica e curricular 
implica, sobretudo, no engajamento dos profi ssionais da instituição em um 
movimento colaborativo e democrático em que as opiniões e necessidades 
possam ser ouvidas, compartilhadas e pensadas no coletivo a fi m que consigam 
encontrar soluções. 
2.2 O PROJETO PEDAGÓGICO 
CURRICULAR 
Moreira e Candau (2006) apresentam diversas defi nições atribuídas ao 
currículo a partir da concepção de cultura como prática social manifestada a 
partir das artes e linguagem, que possuem signifi cados em contextos sociais e 
históricos. Compreender currículo desta maneira consiste em conceber todas 
as experiências escolares que se desdobram em torno do conhecimento, 
permeadas pelas relações sociais, inseridos em um contexto que envolve os 
saberes dos estudantes, bem como os conhecimentos historicamente produzidos 
20
 O currículo na Educação Infantil e Anos Inicias
e acumulados pela humanidade que contribuem signifi cativamente para a 
constituição da identidade dos estudantes. 
O Projeto Pedagógico Curricular assume esta expressão devido à concepção 
de educação que considera a Pedagogia como área do conhecimento que 
contempla refl exões acerca das práticas educativas, de forma que culminam em 
objetivos e ações que tornam viáveis as concepções pedagógicas (LIBÂNEO, 
2013). 
Assim, o projeto pedagógico curricular consiste na concretização do 
planejamento realizado pela equipe de profi ssionais e comunidade escolar. 
Este documento tem por objetivo detalhar as diretrizes e ações almejadas 
ao longo do percurso educacional, ou seja, em um período letivo, 
expressando as demandas escolares e anseios da comunidade escolar. 
A cultura escolar é expressa neste documento de forma 
intencional, de maneira que descreve as crenças, valores, signifi cados, 
modos de pensar e agir de todos aqueles envolvidos no seu processo 
de elaboração e construção (LIBÂNEO, 2013). 
Construir e elaborar um projeto pedagógico curricular é um processo de 
engajamento com a transformação da realidade, uma vez que necessita conhecer 
os aspectos de fragilidade a fi m de traçar coordenadas para uma nova realidade 
educacional, de modo que atendam às necessidades sociais eindividuais dos 
estudantes. 
Na década de 1970, as escolas brasileiras foram infl uenciadas fortemente 
pela tendência tecnicista nas práticas educativas, que subsidiavam propostas 
curriculares rígidas, com rigor avaliativo severo, estabelecendo um modelo 
para prática pedagógica e administrativa. O currículo, nesta perspectiva, estava 
comprometido em apresentar um conjunto de conhecimentos técnicos sobre 
“como fazer” de maneira universal, desvinculado dos problemas sociais, tendo 
como função formar os indivíduos para o trabalho, uma vez que as escolas 
passaram a atender aos fi lhos das classes trabalhadoras. 
O currículo, nesse contexto, suas propostas eram planejadas uma única vez 
ao ano, sem alterações durante as necessidades e desafi os posteriores. Contudo, 
o projeto pedagógico curricular deve ir além de uma um guia para ações, mas 
deve ser compreendido como instrumento e processo de organização escolar 
(LIBÂNEO, 2013). 
Em uma perspectiva democrática, hoje este projeto surge como uma 
maneira para superar uma concepção tecnicista, em que tudo que a escola faz 
O projeto 
pedagógico 
curricular consiste 
na concretização 
do planejamento 
realizado pela 
equipe de 
profi ssionais e 
comunidade escolar.
21
O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA 
PROPOSTA PEDAGÓGICAPROPOSTA PEDAGÓGICA Capítulo 1 
vem determinado, estabelecido pelos órgãos governamentais. Assumir uma 
concepção democrática e emancipatória requer dos professores, direção e equipe 
pedagógica se assumirem como agentes de direitos da escola, tornando-se 
sujeitos históricos capazes de intervir de forma consciente e coletiva nas práticas 
escolares.
O projeto então se torna um documento fruto da coletividade, um instrumento 
que possibilita a direção, equipe de professores e demais profi ssionais tomarem 
a escola em suas mãos, de modo que defi nam em conjunto estratégias para a 
educação das crianças e jovens, em ações que atinjam os objetivos a que se 
propõem. Assim, destaca-se a importância de contemplar os anseios de todos; o 
que requer sintetizar os desejos de toda comunidade escolar, ou seja, responder 
questionamentos como: 
Que escola queremos? 
Quais as necessidades desta comunidade escolar?
Quais as expectativas temos acerca do papel da escola nesta 
comunidade?
Que tipo de estudantes, perfi l dos alunos e alunas pretendemos formar? 
Quais ações são necessárias para o desenvolvimento da autonomia, 
cidadania e participação ativa na sociedade?
Como serão avaliadas as ações propostas neste documento ao longo 
do percurso? 
É importante destacar que o projeto pedagógico curricular é 
algo inconcluso, uma vez que a dinâmica escolar é ligada a aspectos 
do mundo exterior, por exemplo, a situações de saúde, à política, à 
economia em relação à comunidade, à cidade, ao país e ao mundo. 
Desta forma, as situações de ensino não são estáticas e não podem 
ser padronizadas a todas as escolas. Por isso, as organizações 
curriculares devem ser construídas e reconstruídas em um processo 
dinâmico e constante (LIBÂNEO, 2013). 
Para o autor citado, uma escola que consegue organizar seu projeto e 
colocá-lo em prática demonstra maturidade por parte da equipe de profi ssionais, 
uma vez que requer autonomia e possibilita o desenvolvimento profi ssional dos 
professores, assim como ganhos signifi cativos para os estudantes e comunidade. 
As organizações 
curriculares devem 
ser construídas 
e reconstruídas 
em um processo 
dinâmico e 
constante
22
 O currículo na Educação Infantil e Anos Inicias
Currículo, nesta perspectiva, consiste no conjunto de práticas 
sociais e educativas que proporcionam a produção de signifi cado 
no espaço social, permitindo a construção de identidades culturais 
e sociais, ou seja, o processo de criação, recriação, contestação e 
transgressão (MOREIRA; SILVA, 1994). 
O conceito de currículo, conforme Moreira (1997), não existe um consenso, 
especialmente por relacionar a um processo complexo de construção cultural, 
histórica e socialmente determinada. Contudo, Libâneo (2013) destaca que o 
currículo é o elemento nuclear do projeto pedagógico, uma vez que por meio dele 
os processos de ensino e aprendizagem são viabilizados. 
Para Forquim (2000, p. 48), currículo é 
[...] o conjunto dos conteúdos cognitivos e simbólicos 
(saberes, competências, representações, tendências, valores) 
transmitidos (de modo explícito ou implícito) nas práticas 
pedagógicas e nas situações de escolarização, isto é, tudo 
aquilo a que poderíamos chamar de dimensão cognitiva 
cultural da educação escolar. 
Para as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica (DCNEB) 
(BRASIL, 2013), as refl exões teóricas acerca do currículo têm como referência os 
princípios da educação formal, fi rmados nas concepções de liberdade de aprender, 
ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a ciência, especialmente a 
valorização do pluralismo de ideias e concepções pedagógicas. 
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI) 
(BRASIL, 2009) em seu artigo 3° defi ne o currículo para a Educação Infantil de 
modo que contemple 
[...] um conjunto de práticas que buscam articular as experiências 
e os saberes da criança como os conhecimentos que fazem 
parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científi co e 
tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral 
da criança de 0 a 5 anos de idade (BRASIL, 2009, p. 1). 
O artigo 27 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
(LDBEN) (BRASIL, 1996) aponta para os conteúdos curriculares da 
Educação Básica, que devem obedecer as seguintes diretrizes, sendo: 
23
O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA 
PROPOSTA PEDAGÓGICAPROPOSTA PEDAGÓGICA Capítulo 1 
I- a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos 
direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum 
e à ordem democrática; 
II- consideração das condições de escolaridade dos 
estudantes em cada estabelecimento; 
III- orientação para o trabalho;
IV- promoção do desporto educacional e apoio às práticas 
desportivas não-formais (BRASIL, 1996, art. 27). 
Os valores sociais, desta forma, são direitos dos cidadãos, uma vez que 
requer atenção da comunidade escolar para discussão, elaboração e organização 
da proposta curricular a fi m de constituir a identidade social e cultural dos 
estudantes. Problematizar esta temática contribui para que a educação possa se 
construir na coletividade, na interação dos sujeitos aptos a contribuir para uma 
sociedade mais igualitária, solidária; que os sujeitos exerçam a liberdade com 
maior autonomia e responsabilidade. 
Cabe às instâncias gestoras do trabalho educacional valorizar e fortalecer 
o processo participativo por meio da formação dos colegiados, organização 
estudantil, dando espaço também aos movimentos sociais. Para as Diretrizes 
Curriculares Nacionais para a Educação Básica (DCNEB) (BRASIL, 2013), a 
escola é um processo privilegiado de trocas, acolhimento e aconchego a fi m de 
acolher as demandas das crianças como sujeitos sociais. 
Pensar nas ações pedagógicas que implicam as necessidades 
sociais e educacionais dos sujeitos não signifi ca pensar em apenas 
“como fazer”, mas, sobretudo, o “por que fazer”, haja vista que uma 
atividade pedagógica é direcionar o sentido, os rumos e as práticas 
educativas. Para Libâneo (2013), tais práticas devem apresentar 
características que: compreendam a educação como prática social 
e a escola o local de mediação da cultura e dos conhecimentos 
acumulados historicamente; as práticas mediadas visem ao pleno 
desenvolvimento das capacidades humanas, visando a emancipação 
humana; os objetos viabilizem a organização e implementação das 
atividades educativas. 
Para o autor, trata-se de “entender a pedagogia como prática 
cultural, forma de trabalho cultural, que envolve uma prática intencional 
de produção e internalização de signifi cados” (LIBÂNEO,2013, p. 129). 
A mediação cultural deve permear todo projeto pedagógico curricular, 
uma vez que isso defi ne o caráter pedagógico de um projeto. 
Mediação cultural consiste em modalidades e formas institucionais 
de educação que buscam viabilizar o processo de educação escolar. Como 
Compreendam a 
educação como 
prática social e 
a escola o local 
de mediação 
da cultura e dos 
conhecimentos 
acumulados 
historicamente; as 
práticas mediadas 
visem ao pleno 
desenvolvimento 
das capacidades 
humanas, visando 
a emancipação 
humana; os 
objetos viabilizem 
a organização e 
implementação 
das atividades 
educativas.
24
 O currículo na Educação Infantil e Anos Inicias
mencionado, compreender o currículo como instrumento cultural, político e 
pedagógico infl uencia diretamente nas propostas educativas, visto que projeta 
objetivos, orientações, diretrizes operacionais que serão colocadas em práticas. 
Para Libâneo (2013), o currículo consiste em um desdobramento necessário 
no qual se materializa as intenções e orientações previstas no projeto pedagógico. 
Como parte do projeto pedagógico, o currículo defi ne o que ensinar, para quê 
ensinar e como ensinar, assim como maneiras de avaliar, em consonância com 
a fundamentação teórica que embasa as propostas. Para Sacristán (1998), o 
currículo comunica princípios essenciais de uma proposta educativa que possa 
ser traduzida na prática. 
A maneira com que os saberes e conteúdos se expressam nos 
currículos, retratam as intenções dos profi ssionais da escola, o que 
torna importante a discussão e elaboração ser fruto da coletividade, 
especialmente porque pode retratar interesses de grupos sociais com 
maior poder econômico, social e político, fazendo com que a escola 
tenha que se conformar e aceitar. Contudo, o currículo é construído em 
um processo democrático – pode concretizar objetivos e práticas que apresentam 
interesses dos segmentos menos privilegiados e mais explorados da sociedade 
(LIBÂNEO, 2013). 
Para Pedra (1997), o currículo é
[...] a representação da cultura no cotidiano escolar, [...]. o 
modo pelo qual se selecionam, classifi cam, distribuem e 
avaliam conhecimentos no espaço das instituições escolares. 
[...] um modo pelo qual a cultura é representada e reproduzida 
no cotidiano das instituições escolares (PEDRA, 1997, p. 38).
Esta defi nição destaca que a ideia de currículo se sustenta nas 
representações presentes na cultura, na sociedade, que se dá na teoria e prática, 
que podem ser entendidas como ideias, conhecimentos, maneira de agir para 
assegurar o funcionamento da sociedade. 
Sacristán (1989) defi ne currículo como uma 
[...] ligação entre a cultura e a sociedade exterior à escola 
e à educação; entre o conhecimento e cultura herdados e a 
aprendizagem dos alunos; entre a teoria (ideias, suposições 
e aspirações) e a prática possível, dadas determinadas 
condições (SACRISTÁN, 1989, p. 22). 
Insiste na concretização do posicionamento da escola diante da cultura, 
visto que só existe o ensino porque existe a cultura, e desta forma o currículo 
A maneira com 
que os saberes 
e conteúdos se 
expressam nos 
currículos, retratam 
as intenções
25
O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA 
PROPOSTA PEDAGÓGICAPROPOSTA PEDAGÓGICA Capítulo 1 
se estabelece na seleção e organização dessa cultura. Para Sacristán (1989), o 
currículo consiste na seleção e organização da cultura. Ao planejar o currículo, 
os professores e equipe escolar escolhem maneiras de responder a indagações, 
por exemplo: o que é relevante que meus alunos aprendam em função das suas 
necessidades e das exigências sociais? (LIBÂNEO, 2013). 
Nesse sentido, o currículo representa anseios sociais presentes na cultura, 
que podem ser compreendidos na maneira de agir, pensar, ideias e conhecimentos 
que asseguram o funcionamento da sociedade. Além disso, ainda representa a 
seleção e organização da cultura, frente a indagações e necessidades sociais. 
1 A elaboração da proposta curricular deve acontecer de modo 
articulado aos profi ssionais da escola, de forma que represente 
os anseios da comunidade, especialmente para contemplar as 
questões legais dos documentos norteadores. Comente sobre os 
elementos que devem ser claros no momento de elaboração e 
construção das propostas curriculares das instituições de ensino. 
2.3 O CURRÍCULO FORMAL, REAL E 
OCULTO
As práticas de ensino e de aprendizagem no cotidiano escolar não dependem 
apenas dos componentes curriculares previstos na grade curricular, o que pode 
ser percebido nos diferentes níveis de currículo. Para Libâneo (2013), o currículo 
formal consiste no documento estabelecido pelos sistemas de ensino, bem 
como pelas instituições educacionais que expressam as diretrizes, objetivos e 
disciplinas que prescrevem determinado contexto, por exemplo: os Parâmetros 
Curriculares Nacionais (PCN), a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), bem 
como propostas curriculares elaboradas pelos Estados e Municípios. 
O currículo real é o que de fato se efetiva na sala de aula, ou seja, a execução 
do planejamento, aquele colocado em prática pelos professores e gestores. 
Alguns autores chamam de currículo experienciado ou vivenciado, que resulta do 
que é ensinado, aprendido, compreendido e retido pelos estudantes. O currículo 
real pode ser entendido como o que sai da prática dos professores, implementado 
em sala de aula em forma de práticas pedagógicas decorrentes de crenças e 
valores. Como exemplo, podemos citar o planejamento individual do professor, 
26
 O currículo na Educação Infantil e Anos Inicias
que é implementado nas práticas de ensino e avaliação no ambiente escolar. 
Para Libâneo (2013, p. 142), o currículo real é o que “realmente é aprendido, 
compreendido e retido pelos alunos”, não necessariamente corresponde ao que 
os professores ensinam ou esperam ter ensinado. 
O currículo oculto refl ete as infl uências que afetam as práticas de ensino e 
aprendizagem dos estudantes no ambiente escolar, ou seja, não está prescrito, 
uma vez que se constitui em tudo que os sujeitos aprendem pela convivência, 
nas práticas educacionais e experiências compartilhadas entre os sujeitos do 
ambiente escolar. Para Libâneo (2013, p. 143), consiste em “tudo o que os alunos 
aprendem pela convivência espontânea em meio às várias práticas, atitudes, 
comportamentos, gestos, percepções, que vigoram no meio social e escolar”. 
Da mesma forma que o currículo expressa a autonomia da escola, ele obriga 
o planejamento considerar as diferentes manifestações culturais que permeiam 
a sociedade, observando as individualidades e expectativas em relação às 
transformações e aos objetivos que se almejam. 
Em resumo, para Libâneo (2013),
[...] o currículo é o conjunto de vários tipos de aprendizagens, 
aquelas exigidas pelo processo de escolarização, mas também 
aqueles valores, comportamentos, atitudes que se adquirem 
nas vivências cotidianas na comunidade, na interação entre 
os professores, alunos, funcionários, nos jogos e no recreio 
e outras atividades concretas que acontecem na escola que 
denominamos ora de currículo real ora de currículo oculto 
(LIBÂNEO, 2013, p. 144). 
Desta maneira, discutir sobre currículo implica compreender as relações 
entre as implicações legais, teóricas e práticas que subsidiam o fazer pedagógico, 
uma vez que refl etir sobre os aspectos formais, reais e ocultos do currículo 
possibilitam aos professores e gestores repensarem suas práticas e concepções 
teóricas a fi m de que alinhem suas propostas buscando a melhor qualidade nos 
processos de ensino e de aprendizagem. 
É importante destacar que na Educação Infantil, a proposta da BNCC 
organiza o currículo por campos de experiência, de modo que centraliza o projeto 
pedagógico das creches e pré-escolas, na valorização das experiências sociais 
dos indivíduos em vivências que sejam potencialmente educativas (BRASIL, 
2017). Ao centrar na experiência dos sujeitoscomo eixo do trabalho pedagógico, o 
currículo pressupõe modos fl exíveis de pensar e preparar as práticas pedagógicas, 
de forma que o currículo se torne vivo, aberto e os conteúdos se convertem em 
linguagens e interações que, articulados, garantem o pleno desenvolvimento das 
27
O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA 
PROPOSTA PEDAGÓGICAPROPOSTA PEDAGÓGICA Capítulo 1 
crianças (SANTOS, 2016). 
O currículo da Educação Infantil, pensado desta forma, assume uma postura 
interativa, sobretudo na relação das crianças com seus pares, de modo que 
aprendem umas com as outras nos ambientes sociais comuns compartilhados, 
construindo, deste modo, uma cultura baseada em um “conjunto de atividades ou 
rotinas, artefatos, valores e preocupações que as crianças produzem e partilham 
na interação com seus pares” (CORSARO, 2009, p. 32). 
Dentre os elementos constituintes de uma proposta curricular pedagógica, 
é importante estabelecer as relações de tempos, funcionamento, bem como os 
períodos de atendimentos escolar, ou seja, matutino, vespertino, parcial, integral; 
estabelecer um calendário letivo, prevendo férias, recessos; estabelecer horário 
de atendimento a fi m de atender o público ao qual se destina; organizar a carga 
horária de trabalho de todos os profi ssionais, ou seja, professores, equipe gestora, 
demais colaboradores; descrever as atividades previstas durante o período letivo, 
por exemplo: festas comemorativas, reuniões pedagógicas, familiares etc. 
3 ELABORAÇÃO DA PROPOSTA 
PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO 
INFANTIL: NORMAS E ELEMENTOS 
CONSTITUINTES
 A organização curricular se constitui na defi nição de conteúdo, objetivos, 
atividades e métodos que serão colocados em prática na escola, que podem ser 
organizados de acordo com série, ano e faixa etária. Ainda observamos que o 
currículo é a articulação de todos esses elementos e não deve ser elaborado de 
forma isolada. 
Quando se trata de Educação Infantil, as Diretrizes Curriculares Nacionais 
da Educação Infantil) (DCNEI) (BRASIL, 2010) estabelece no artigo 5° que o 
atendimento pode ser realizado: “em tempo parcial a jornada de, no mínimo, 
quatro horas diárias e, em tempo integral, a jornada com duração igual ou superior 
a sete horas diária, compreendendo o tempo total que a criança permanece na 
instituição” (BRASIL, 2010, p. 2). 
A matrícula obrigatória na Educação Infantil se dá a partir dos 4 anos para os 
nascidos até 31 março do ano que ocorrer a matrícula, e aqueles que completam 
5 ou 6 anos após 31 de março, devem efetuar a matrícula na Educação Infantil, e 
não no 1° ano do Ensino Fundamental. 
28
 O currículo na Educação Infantil e Anos Inicias
A obrigatoriedade se dá a partir dos 4 anos de idade na Educação Infantil, 
pela homologação da Lei nº 12.796, de 4 abril do ano de 2013, que altera a 
LDBEN. Desta maneira, a matrícula para crianças menores de 4 anos não é 
obrigatória, podendo ocorrer a qualquer momento. 
É importante destacar que a frequência na Educação Infantil não é pré-
requisito para que a criança se matricule no Ensino Fundamental, visto que a 
avaliação também não tem caráter classifi catório nesta etapa. O artigo 31 da 
LDBEN (BRASIL, 1996, s.p.) destaca que “Na Educação Infantil a avaliação 
far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o 
objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental”. 
É preciso ter claro que a avaliação não tem mera função de atribuição de 
notas para os alunos ao fi nal de um bimestre, trimestre, semestre ou ano letivo. 
Para Lück (2007), avaliar é um processo que deveria ser prazeroso, o mesmo 
quanto ensinar e aprender. Na Educação Infantil, o processo avaliativo não se 
resume a um conceito, nota, ou para classifi car, reprovar o aluno, mas como um 
processo diagnóstico do processo de ensino e de aprendizagem a fi m de subsidiar 
decisões a partir de uma análise da realidade encontrada. 
As Diretrizes Nacionais Curriculares para a Educação Infantil (DCNEI) 
(BRASIL, 2010) orienta que as instituições de Educação Infantil devem criar 
estratégias, como exemplo: visitas, reuniões, registrar o desenvolvimento e 
a aprendizagem em relatórios, em portfólios que constituam instrumentos 
de avaliação, permitindo aos professores dos anos iniciais conhecerem o 
desenvolvimento e aprendizagem das crianças vindas da Educação Infantil. 
A clareza, nestas questões, é determinante para que o currículo nesta etapa 
da Educação não seja demasiadamente rígido, ou seja, estabelecendo conteúdos 
muito estanques para determinadas faixas etárias. Esta compreensão possibilita 
que a criança integre à Educação Infantil e não seja tolhida de experiências 
educativas que envolvam diversas áreas do conhecimento, o que possibilita ao 
professor planejar diferentes práticas de ensino, relacionando-se com diversas 
áreas do conhecimento e campos de experiência.
Outra questão importante a ser destacada é que a Educação Infantil tem por 
fi nalidade cumprir o tripé de cuidar, brincar e educar em seu trabalho, de modo que garanta 
para as crianças o cuidado, alimentação, saúde, segurança com condições materiais e 
humanas que agregam benefícios culturais, sociais para as crianças atendidas (BRASIL, 
2010). O que difere do Ensino Fundamental, que desvincula ao papel do cuidado. 
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2010) 
articulada com o as Diretrizes Nacionais da Educação Básica (BRASIL, 2013) 
29
O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA 
PROPOSTA PEDAGÓGICAPROPOSTA PEDAGÓGICA Capítulo 1 
reúnem princípios, fundamentos e procedimentos para orientar a elaboração, 
planejamento, execução e avaliação das propostas pedagógicas e curriculares. 
O artigo 6° da DCNEI afi rma que as propostas curriculares devem respeitar 
os princípios éticos, políticos, estéticos, ao cumprir sua função sociopolítica e 
pedagógica, conforme o artigo 7°: 
I- oferecendo condições e recursos para que as crianças 
usufruam seus direitos civis, humanos e sociais; 
II- assumindo a responsabilidade de compartilhar e complementar 
a educação e cuidado das crianças com as famílias; 
III- possibilitando tanto a convivência entre crianças e entre 
adultos e crianças quanto a ampliação de saberes e 
conhecimentos de diferentes naturezas; 
IV- promovendo a igualdade de oportunidades educacionais 
entre as crianças de diferentes classes sociais no que se 
refere ao acesso a bens culturais e às possibilidades de 
vivência da infância; 
V- construindo novas formas de sociabilidade e de subjetividade 
comprometidas com a ludicidade, a democracia, a 
sustentabilidade do planeta e com o rompimento de relações 
de dominação etária, socioeconômica, étnico-racial, de 
gênero, regional, linguística e religiosa (BRASIL, 2009).
A organização do tempo, espaço e rotina na Educação Infantil é 
um fator importante para viabilizar o trabalho pedagógico, visto que 
o profi ssional precisa estruturar sua prática considerando as ações 
de educar e cuidar como já mencionado. Para isso, é preciso que as 
atividades atendam uma organização mensal, semanal e diária que 
alternem os mais variados tipos de atividades a fi m de que todas as 
crianças vivenciem momentos de interação e a aprendizagem se torne 
signifi cativa. 
As rotinas institucionais são fundamentais para estruturar o 
planejamento das atividades do professor, bem como contribui para 
que as crianças construam a noção de tempo e espaço. A rotina 
institucional, especialmente na Educação Infantil, é uma categoria pedagógica 
que organiza o atendimento à criança e exerce papel organizador do trabalho do 
educador. Desta maneira, a rotina é a estrutura básica na Educação Infantil, de 
modo que pode ser comparada a espinha dorsal das atividades do cotidiano em 
que o planejamento do professor é desenvolvido de forma prática.
Nessa perspectiva, uma rotina adequada se constitui em instrumento 
construtivo para as crianças, poisestrutura o tempo, o espaço, a independência, 
a autonomia e os momentos de socialização. Desta maneira, a rotina permite que 
os professores elaborem suas atividades pedagógicas e projetos, de maneira que 
A organização do 
tempo, espaço e 
rotina na Educação 
Infantil é um fator 
importante para 
viabilizar o trabalho 
pedagógico, visto 
que o profi ssional 
precisa estruturar 
sua prática 
considerando as 
ações de educar e 
cuidar
30
 O currículo na Educação Infantil e Anos Inicias
potencializa o tempo e os espaços das crianças. É importante também pensar 
que a rotina não tem caráter de algo estanque, sequências de ações repetidas, 
desperdício de tempo, mas como maneira de organizar as ações e o planejamento 
das atividades que compõem o cotidiano escolar. 
Sobre esta questão, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação 
Infantil (BRASIL, 2010) afi rmam que o planejamento curricular deve assegurar 
condições para que as crianças vivenciem experiências inovadoras, movimentem-
se, concentrem-se e sintam-se seguras para participar dos diversos momentos 
e situações de aprendizagem propostas, sendo o professor responsável para 
organizar tais práticas e implementá-las em diversas situações da Educação 
Infantil para promover aprendizagens. 
A noção de espaço institucional não consiste apenas nos espaços internos 
– o prédio; estruturas internas e externas devem ser planejadas de maneira 
saudável e segura para as crianças. Para as práticas pedagógicas, o professor 
deve conhecer todos esses espaços e suas estruturas, bem como os materiais 
didáticos pedagógicos que pode utilizar durante suas intervenções. 
 2 Acerca das rotinas institucionais, as Diretrizes Curriculares 
Nacionais destacam sua importância para organização do 
trabalho pedagógico. Desta maneira, assinale a alternativa 
correta que descreve os aspectos relevantes acerca das rotinas 
institucionais:
a) ( ) As rotinas institucionais assumem uma característica 
estanque, uma vez que devem ser planejadas rigorosamente, 
a fi m de que haja ordem nas práticas educativas. 
b) ( ) As rotinas são fundamentais para estruturar o planejamento 
das atividades do professor e gestores. 
c) ( ) As rotinas não contribuem para desenvolvimento sócio 
emocional das crianças que são atendidas nas instituições 
escolares. 
d) ( ) As rotinas nem sempre são importantes, pois podem organizar 
as práticas pedagógicas de acordo com as necessidades que 
surgem no dia a dia. 
e) ( ) As rotinas assumem papel importante na Educação Infantil, 
contudo, nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, o caráter 
educativo é mais fl exível e não necessita de organização das 
atividades pedagógicas. 
31
O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA 
PROPOSTA PEDAGÓGICAPROPOSTA PEDAGÓGICA Capítulo 1 
3.1 ESPAÇOS, ROTINAS, 
PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO
Considerar os espaços culturais e naturais da cidade podem ser utilizados 
pelo professor ao propor atividades de aprendizagem, por exemplo: patrimônio 
histórico, teatros, museus, praças, cinema e tantos outros. Contudo, há cidades 
que não têm tantas opções de espaços culturais, mas o professor pode dispor de 
músicas, fi lmes, parlendas e lendas para que as crianças tenham acesso a esse 
conhecimento cultural e social.
Desta maneira, é importante que o professor descreva em seu planejamento 
os recursos físicos, materiais e pedagógicos de que vai lançar mão para elaborar 
suas aulas. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação 
Infantil (RCNEI) (BRASIL, 1998), os espaços da instituição escolar devem 
ser pensados de modo que favoreçam as vivências corporais, movimentos, 
imaginação, desenvolvimento da linguagem, brincadeiras, em especial, que 
proporcione contato com a natureza e animais, que instiguem a curiosidade e 
desenvolva a criatividade. 
Ao pensar no ambiente da sala de aula nas instituições escolares, é 
importante considerar a disposição dos móveis, carteiras, de maneira que seja 
agradável, aconchegante e possibilite a criança desenvolver a autonomia, 
organização, bem como não ser empecilho para as interações entre as crianças 
e professor. Pode-se pensar em materiais pedagógicos manipuláveis, móveis da 
altura das crianças, assim como banheiro com instalações adequadas, que não 
difi cultem o acesso das crianças, de modo que, ao planejar as atividades externas 
a sala de aula, como correr, pular, dançar, subir, descer, escorregar e jogar, o 
professor tenha ciência dos espaços e recursos que pode utilizar. 
Sobre esta questão, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação 
Básica (DCNEB) (BRASIL, 2013) orientam que é preciso que os espaços sejam 
estruturados de maneira que facilitem a interação e favoreça o contato com a 
diversidade cultural. De modo que crianças tenham contato com diversas 
manifestações do saber, valorizando as manifestações artísticas, como musicais, 
plásticas, danças e outros. 
Para o documento citado, há necessidade de uma infraestrutura e de formas 
de funcionamento da instituição que garantam ao espaço físico a adequada 
conservação, acessibilidade, estética, ventilação, insolação, luminosidade, 
acústica, higiene, segurança e dimensões em relação ao tamanho dos grupos e 
ao tipo de atividades realizadas (BRASIL, 2009). 
32
 O currículo na Educação Infantil e Anos Inicias
Quando pensamos na proposta pedagógica para a Educação Infantil e 
Ensino Fundamental, é preciso considerar as questões institucionais e do trabalho 
dos professores, ou seja, a coerência entre os aspectos teóricos, metodológicos e 
práticas profi ssionais, uma vez que devem atender às orientações legais previstas 
nos documentos ofi ciais que já foram citados neste texto. 
O período inicial da criança, tanto na escola de Educação Infantil quanto 
nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, deve ser considerado – o período 
de adaptação tanto da criança quanto da família que, em geral, precisa 
sentir segurança no ambiente, no trabalho do professor, na gestão escolar, 
especialmente porque a criança precisa de um tempo para criar vínculos e se 
sentir segura. 
O trabalho educativo deve ser organizado de modo que o professor 
desenvolva atividade que inclui todas as crianças, o que torna importante adotar 
estratégias que promovam efetiva interação, valorize a diversidade, racial, social, 
faixas etárias e valorizar situações que respeitem as escolas e privacidade das 
crianças. 
A interação de atividades em grupo deve ser considerada no planejamento 
do professor, sobretudo para pensar em estratégias para mediar os confl itos e 
valores como respeito, diferenças e integração sejam trabalhadas de maneira que 
favoreça a interação entre todos. 
O papel do professor nesse processo é de extrema importância, uma vez que 
precisa pensar em intervenções que favoreçam a aprendizagem, que os direitos, 
necessidades e interesses da criança sejam ouvidos; que este professor esteja 
atento às suas manifestações para que conheça melhor sua criança e consiga 
propor atividades que venham de encontro às demandas. 
Para escolher suas estratégias metodológicas de ensino, o 
professor necessita conhecer diferentes propostas de ensino a fi m 
de que possa escolher com criticidade e intencionalidade as formas 
mais adequadas para que o seu grupo de crianças aprenda de forma 
dinâmica os conteúdos do currículo. 
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica 
(BRASIL, 2013) deixa claro que o trabalho pedagógico nas unidades 
de Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental 
deve considerar os conteúdos do currículo, não deixar de estimular 
a participação em diversas experiências. Assim, o ambiente escolar deve ser 
permeado de situações ricas em interações, de forma que as situações de 
aprendizagem sejam ampliadas e que as ideias, as opiniões das crianças sejam 
Para escolher 
suas estratégias 
metodológicas de 
ensino, o professor 
necessita conhecer 
diferentes propostasde ensino
As Diretrizes 
Curriculares 
Nacionais para a 
Educação Básica
33
O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA 
PROPOSTA PEDAGÓGICAPROPOSTA PEDAGÓGICA Capítulo 1 
valorizadas em diversos contextos de conviver, brincar, trabalhar em grupo para 
que possam aprender e entrar em contato com as mais diversas formas de 
linguagem que permeiam a sociedade (BRASIL, 1998). 
Tais aspectos devem ser contemplados no planejamento do professor, tendo 
em vista que ao criar oportunidades de aprendizagem, a criança se aproprie 
de elementos signifi cativos não como verdades absolutas, visto que estão em 
processo de construção e elaboração dos conhecimentos. 
As relações entre adultos e crianças constituem modelos para as crianças e 
precisam acontecer de maneira ética, com respeito, visto que a criança precisa 
estabelecer vínculos com diversos atores envolvidos no trabalho pedagógico; 
desta maneira, contemplar tais questões na proposta pedagógica curricular 
torna-se necessário, sobretudo, porque o mundo atual é marcado por um 
cenário violento, desrespeitoso, intolerante e individualista, o que requer que tais 
interações e intervenções sejam feitas de maneira intencional pelos professores 
(SALLES; FARIA, 2012). 
Os instrumentos de trabalho do professor devem estar claros para que 
possam se organizar, planejar seu trabalho e avaliar as práticas de ensino e de 
aprendizagem. Assim, deixar claro os instrumentos que vão tornar tais processos 
viáveis tornam-se necessário serem descritos com detalhes, uma vez que precisa 
haver coerência dos discursos e práticas pedagógicas. 
Sobre a rotina, o RCNEI (BRASIL, 1998) orienta que exista uma estrutura 
para organização do tempo didático, que deve envolver cuidados, brincadeiras 
e situações de aprendizagem, sendo um instrumento para o planejamento do 
professor. A rotina dinamiza o trabalho, a aprendizagem, facilita a percepção do 
tempo e espaço, traz segurança, orienta as ações das crianças e do professor 
(BRASIL, 1998).
Planejar é fundamental para o professor da Educação Básica, 
visto que consiste em uma previsão e organização do trabalho do 
cotidiano do professor com as crianças, bem como possibilita revistar 
os documentos curriculares de modo que os conteúdos sejam 
contemplados, os espaços sejam utilizados, os recursos materiais 
devidamente empregados, ainda que situações imprevistas aconteçam 
durante a prática. 
O Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (RCNEI) 
(BRASIL, 1998) destaca a importância de planejar as práticas 
educativas, visto que não se deve entrar em sala de aula com estratégias 
improvisadas e sem intencionalidade. 
Planejar é 
fundamental para 
o professor da 
Educação Básica, 
visto que consiste 
em uma previsão 
e organização do 
trabalho do cotidiano 
do professor com as 
crianças
34
 O currículo na Educação Infantil e Anos Inicias
Para o documento, cabe ao professor
[...] planejar uma sequência de atividades que possibilite 
aprendizagens signifi cativas para as crianças, nas quais elas 
possam reconhecer os limites de seus conhecimentos, ampliá-
los e/ou reformulá-los (BRASIL, 1998, p. 196).
Desse modo, planejar possibilita momentos de refl exão sobre as propostas 
curriculares e o cotidiano escolar. Abuchaim (2012) destaca o planejamento como 
uma das principais ferramentas da prática docente, pois é utilizado para projetar 
e avaliar, bem como proporciona o aperfeiçoamento da prática. Outrossim, 
o planejamento dos conteúdos a serem ensinados na Educação Infantil são 
destacados nos documentos ofi ciais, especialmente ao dar condições para que 
a aprendizagem ocorra em situações pedagógicas de intervenções planejadas 
intencionalmente. 
Nessa perspectiva, o planejamento do professor consiste em um 
registro rico para refl exões do planejamento educativo, considerado 
um dos principais instrumentos do professor em sua prática, pois 
permite refl exão sobre os processos de aprendizagem e a qualidade 
das interações com outras crianças e os demais do convívio social. 
Vasconcellos (2002) destaca que as atividades na escola devem ser 
planejadas, programadas de forma intencional pelo professor, que dispõe de 
certas condições e recursos para que o aluno interaja e construa o conhecimento.
O documento “Indicadores de Qualidade na Educação Infantil” (BRASIL, 
2009) produzido pelo Ministério da Educação, pode-se constituir em um 
instrumento importante para fundamentar a avaliação da proposta pedagógica 
curricular em andamento, que se torna um ponto de partida para discussões, 
transformação da prática pedagógica e revisão do documento. 
Avaliar por meio dos indicadores dispostos no documento pode detectar 
fragilidades, difi culdades e incoerências que apontam para outros desafi os que 
precisam ser enfrentados pelo coletivo no processo de elaboração e reelaboração 
das Propostas Pedagógica. 
O planejamento do 
professor consiste 
em um registro 
rico para refl exões 
do planejamento 
educativo
35
O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA 
PROPOSTA PEDAGÓGICAPROPOSTA PEDAGÓGICA Capítulo 1 
4 ELABORAR, IMPLEMENTAR 
E AVALIAR AS PROPOSTAS 
PEDAGÓGIGICAS NA EDUCAÇÃO 
INFANTIL E ENSIO FUNDAMENTAL 
Após as discussões apresentadas ao longo do texto, essa seção tem 
por objetivo sistematizar alguns princípios que devem nortear a elaboração, 
implementação, avaliação e reelaboração das propostas pedagógicas da 
Educação Infantil e Ensino Fundamental. 
Assim, a unidade nas concepções deve conduzir as formas de elaboração 
do documento curricular, que envolva os professores, coordenadores, outros 
profi ssionais, crianças, pais e comunidade em geral. Desta maneira, ao 
construírem um documento institucional, este se torna referência comum para 
todos os envolvidos, visto que muitas instituições de Educação Infantil não 
têm propostas sistematizadas, o que faz o trabalho pedagógico utilizar várias 
referências para cada momento ou resolução de cada problema (SALLES; FARIA, 
2012). 
Para tanto, esse processo de elaboração das propostas, bem como o 
planejamento do professor, requer tomada de consciência, especialmente para 
avaliar, tendo em vista que aqueles que participam assumem um compromisso de 
implementar as questões registradas, avaliando-as continuamente. 
4.1 ORGANIZAÇÃO DOS 
PROFISSIONAIS E CONDIÇÕES 
DE TRABALHO NAS INSTITUIÇÕES 
ESCOLARES
A proposta pedagógica curricular deve deixar explícito o papel do professor, 
atribuições, seleção, ou seja, ingresso por concurso público, processo seletivo, 
os diretos e deveres dos profi ssionais e alunos no âmbito escolar, que devem ser 
observados e deixados de forma clara e explícita para toda comunidade.
É preciso atentar para o que a LDBEN/1996 defi ne como profi ssional da 
educação básica; no artigo 62, a lei deixa claro que a formação de docentes para 
atuar na educação básica deve ser aquela oferecida em nível superior, cursos 
36
 O currículo na Educação Infantil e Anos Inicias
de licenciatura, graduação plena, admitindo ainda como formação mínima para o 
exercício do magistério na Educação Infantil e Anos Iniciais aquela oferecida em 
nível médio, na modalidade Normal (BRASIL, 1996). 
Desta maneira, deve atentar-se às exigências, uma vez que a lei respalda 
os profi ssionais da Educação, de maneira que garantem sua atuação nas etapas 
da Educação. Contudo, ao se tratar da formação, capacitação, investimento 
na formação do professor, são fatores decisivos ao professor, uma vez que o 
profi ssional capacitado, com boas condições de trabalho, salário digno e plano 
de carreira com incentivos, são fatores que contribuem positivamente aos 
professores. No entanto, tais questões, na maioria das vezes, não resultam 
apenas de decisões institucionais; tais avanços, conquistas de direitos, envolvem 
muitas vezes a capacidade de organização e políticas públicas dos governos. 
É importante salientar que tais aspectos mencionados sãorelevantes 
na elaboração da Proposta Pedagógica Curricular (PPC), visto que requer a 
participação de todos os profi ssionais, nas decisões, nas refl exões, nas aquisições 
de equipamentos e acervo bibliográfi co que serão de acesso e consulta de todos 
os profi ssionais e alunos. 
Pensar na articulação da Educação Infantil e Ensino Fundamental deve ser 
outro ponto a se considerar, uma vez que cabe aos profi ssionais da educação 
escolar levantar possibilidades de diálogos com estas duas etapas da Educação, 
que apresentam suas especifi cidades educacionais, mas que estão ligadas pela 
obrigatoriedade em continuar o processo de desenvolvimento e aprendizagens, 
especialmente para que as práticas não sejam desarticuladas e as crianças 
sintam uma mudança abrupta de ambiente escolar. 
Articular tais etapas é pressupor acordo, reuniões e diálogos entre as 
instituições que oferecem a Educação Infantil e os Anos Iniciais do Ensino 
Fundamental. Os documentos ofi ciais alertam ao fato de que a Proposta 
Pedagógica deve prever maneiras de garantir a continuidade do trabalho escolar, 
uma vez que devem ser respeitadas as especifi cidades etárias sem que aconteça 
a antecipação dos conteúdos que serão trabalhados nos anos posteriores 
(BRASIL, 2009). 
Desta maneira, para que o processo educativo seja dinamizado, contando 
com a participação e envolvimentos da comunidade escolar, é imprescindível 
que a gestão esteja pautada em princípios participativos, democráticos 
e transformadores, prevendo em suas propostas o compartilhamento de 
informações e transparência em todo processo. Assim, a gestão deve se basear 
em princípios que contribuam para o envolvimento de todos, para a formação do 
profi ssional e a qualidade do trabalho. 
37
O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA 
PROPOSTA PEDAGÓGICAPROPOSTA PEDAGÓGICA Capítulo 1 
Nessa perspectiva, a gestão democrática consiste em compreender a 
organização social, cultural e humana, que tem papel defi nido no processo 
de participação da coletividade, que vão além deste princípio garantido 
nas legislações. Para isso, a gestão democrática se estabelece no trabalho 
participativo, autônomo, envolvendo todos os seguimentos que compõem a 
escola. Para Lück (2007), a participação deve ser garantida a todos os sujeitos 
envolvidos no processo de ensino e de aprendizagem, concebendo uma 
instituição de responsabilidade de todos, o que pode impactar substantivamente 
nos processos educativos, de tomada de decisões, evitando evasão escolar e 
outros. 
Pensar na instituição escolar em uma perspectiva democrática requer 
considerar alguns fatores na elaboração das propostas pedagógicas, no processo 
de implementação, avaliação e reelaboração quando necessário. 
O Quadro 4 aponta alguns princípios norteadores para se considerar neste 
processo. 
QUADRO 4 – PRINCÍPIOS, ESTRATÉGIAS PARA ELABORAR, 
IMPLEMENTAR E AVALIAR PROPOSTAS PEDAGÓGICAS
Unidade dos profi ssionais da escola Sem unidade, tampouco se consegue atin-gir os objetivos e metas almejadas. 
Sistematização do documento
O documento pedagógico curricular consti-
tuirá em uma referência comum para todos 
os envolvidos nos processos educativos, 
especialmente para os processos de im-
plementação e avaliação.
Consciência
Tomar consciência das ações e do fazer 
pedagógico é imprescindível na implemen-
tação e avaliação das propostas pedagógi-
cas curriculares. 
Participação/envolvimento
Todos são parte e devem ser envolver de 
forma efetiva para que se comprometam 
com aquilo que construíram. 
Compromisso Sem compromisso o trabalho de imple-mentação e avalição se torna inviável. 
Contextualização
É importante considerar as questões so-
ciais, culturais, econômico, familiar das 
crianças e profi ssionais que fazem parte 
da escola. A proposta de uma instituição é 
sempre única e original. 
Consistência
É preciso apresentar as fundamentações 
legais, teóricas dos conhecimentos produz-
idos no campo educacional. 
38
 O currículo na Educação Infantil e Anos Inicias
Dinamismo e Provisoriedade
Toda proposta é de caráter provisório, ten-
do em vista que está em permanente pro-
cesso de construção e reconstrução. 
FONTE: Adaptado de Farias e Salles (2012).
A partir destes princípios, quando considerados durante o processo de 
elaboração e implementação das propostas curriculares, oportunizam-se novas 
descobertas, estudos, pesquisas, que interferem no modo de pensar e agir dos 
professores e demais profi ssionais da educação. Para isso, os fatores como 
unidade nas decisões; sistematização das ideias da comunidade; consciência 
e comprometimento com as ações previstas e planejadas, devem considerar 
o contexto escolar, os documentos que organizam e orientam as práticas 
pedagógicas, fazendo com que todo este processo se torne dinâmico em busca 
de atender as demandas do presente e as que surgirão.
Embora não seja uma tarefa simples, a elaboração de propostas pedagógica 
curricular nas instituições escolares é fundamental para os avanços na qualidade 
do trabalho de todos os envolvidos na comunidade escolar.
Outro fato importante, consiste em todo momento de elaboração, 
construção, implementação e avaliação das propostas pedagógicas 
curriculares são momentos ricos de aprendizagem, formação e 
dinâmica dos profi ssionais da escola, que podem ocorrer em reuniões 
pedagógicas e orientações, envolvendo profi ssionais das secretarias 
municipais, estaduais, cursos de formação continuada e capacitação, 
sem contar os momentos de hora-atividade destinados aos professores 
para refl etir, avaliar, planejar, estudar, pesquisas e fundamentar as suas 
ações no cotidiano da escola. Para isso, antes de fi nalizar este capítulo, 
encerramos com algumas dicas e estratégias que podem ser colocadas 
em prática em todo processo de elaboração das propostas que são 
importantes para refl exões em grupos. 
Perguntas que podem ser feitas:
• O que queremos nesta proposta? 
• Qual a fi nalidade do nosso trabalho?
• O que pensamos sobre as crianças, sociedade, educação, Educação 
Infantil, Ensino Fundamental, desenvolvimento, aprendizagem?
• Como estamos implementando o currículo?
• Como estamos utilizando os espaços e recursos institucionais?
• Como está articulado o trabalho com as famílias? O Ensino Fundamental?
Outro fato 
importante, consiste 
em todo momento 
de elaboração, 
construção, 
implementação 
e avaliação 
das propostas 
pedagógicas 
curriculares são 
momentos ricos 
de aprendizagem, 
formação e dinâmica 
dos profi ssionais da 
escola
39
O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA O CURRÍCULO COMO ELEMENTO DA 
PROPOSTA PEDAGÓGICAPROPOSTA PEDAGÓGICA Capítulo 1 
• Quais são as maiores difi culdades, problemas e desafi os?
• O que precisamos mudar para construir a Educação escolar que 
queremos?
• Quais as expectativas das famílias?
Todas essas questões podem ser feitas pelos profi ssionais da escola, de 
maneira individual, depois compartilhada em grupo em momentos de formação, 
reuniões pedagógicas, que têm como objetivo abrir espaço para ouvir as 
demandas e contribuições da comunidade escolar. 
As crianças também podem participar desse movimento em forma de 
desenho, música, poesia e outros. Os pais podem responder tais perguntas por 
meio de entrevistas, reuniões pedagógicas, colegiado, conselho de 
pais etc. 
O mais importante de todo este processo é acreditar na 
importância desta participação. 
O mais importante 
de todo este 
processo é acreditar 
na importância desta 
participação.
3 De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (Lei n° 9394/96), artigo 62, o professor para atuar na 
Educação Básica deve atender aos critérios de:
a) ( ) A lei deixa claro que para atuar na Educação Básica, o 
professor deve ter formação mínima em nível superior, em 
cursos de licenciatura, graduação plena, admitindo, ainda, 
como formação mínima para o exercício do magistério na 
Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino

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