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REBECA KRUSE MED10 DEFINIÇÃO: Doença crônica não transmissível definida por níveis pressóricos, em que os benefícios do tratamento (não medicamentoso e/ou medicamentoso) superam os riscos Condições multifatorial, que depende de fatores genéticos/ epigenéticos, ambientais e sociais, caracterizada por elevação persistente da PA, ou seja, PAS ≥ 140mmHg e/ou PAD ≥ 90mmHg, medida com a técnica correta, em pelo menos duas ocasiões diferentes, na ausência de medicação anti-hipertensiva Principal fator de risco independente e modificável é a DCV Valores PA: aumento do risco de eventos cardiovasculares (AVC, IAM, ICC), DRC e mortalidade cardiovascular EPIDEMIOLOGIA: Grave problema de saúde pública → alta prevalência e baixas taxas de controle Mortalidade por DCV aumenta progressivamente com a elevação da PA (115/75 mmHg) de forma linear, contínua e independente Nível socioeconômico → está inversamente relacionado a prevalência, morbidade e mortalidade (quanto menor o nível socioeconômico, maior a prevalência e gravidade). Pois a HAS está associada a alguns hábitos de vida, como: sedentarismo, aumento excessivo da ingesta de sal, baixo acesso a tratamento médico A análise de 135 estudos populacionais com 1 milhão de indivíduos indica que 31,1% da população adulta tem HAS Prevalente na faixa etária > 55 anos (onde a pressão diastólica começa a subir, paciente vai ter HAS devido ao aumento da PAD, na maioria dos casos) e acima dos 70 anos (onde a PAS começa a subir também, o idoso vai ter uma hipertensão por aumento da PAS bem característica desta faixa etária) Hipertensão geralmente é assintomática Em um pct com DM ou DR se medida uma vez já dá o diagnóstico Mais frequente em indivíduos afro-americanos (estudos mostram que o paciente afro descendente tem uma alteração genética no sistema renina-angiotensina- aldosterona e menor sensibilidade ao sal) Prevalência exata no Brasil não é conhecida Prevalência 28,5 e 31,5% nos países de maior e menor condição socioeconômica O controle pressórico varia dependendo das condições: 28,4% nos países mais desenvolvidos e apenas 7,7% naqueles com menor grau de desenvolvimento. Na maioria dos casos o controle pressórico é um valor de pressão de, pelo menos, 130/80mmHg No Brasil, a taxa de controle varia de 10,4 a 35,2% e depende da região; em lugares onde se tem melhor acesso a saúde como no sul e no sudeste as taxas de controle chegam a 35,2% A baixa porcentagem de controle pressórico existe devido a: doenças associadas, má adesão ao tratamento não farmacológico, falta de acesso ao sistema de saúde e etc Considerando valores de PA ≥140/90 mmHg = na presente década = entre 26,8 e 31,9%, (média de 28,9%), no Brasil se tem 50% de acometimento nos indivíduos de 60 a 69 anos e de 75% em pessoas acima de 70 anos. Atualmente se está vendo um aumento de hipertensão primária ou idiopática em pacientes jovens Nos USA foi responsável por mais mortes por DCV do que qualquer outro fator de risco modificável, perdendo apenas para o tabagismo como causa evitável de morte por qualquer razão No NHANES (National Health and Nutrition Examination Survey): na última análise feita com 23.272 pessoas > 50% das mortes por DAC e AVC ocorreram nos pacientes hipertensos CLASSIFICAÇÃO DA PA A PARTIR DE 18 ANOS DE IDADE: Para se classificar o aumento de pressão vai levar em consideração o maior valor, seja ele de pressão sistólica ou diastólica. Exemplo: paciente tem 200/90mmHg de pressão, ele está no estágio 3 NOVA DIRETRIZ AMERICANA: REBECA KRUSE MED10 Lembrando que uma pressão arterial normal, no Brasil, é aquela igual ou menor que 120/80mmHg FATORES DE RISCO ADICIONAIS (PROGNÓSTICO): O paciente pode ser de alto risco com níveis pressóricos de 130/90, por exemplo, se tiver fatores agregados ou lesão de órgão alvo. As lesões de órgão alvo são alterações vasculares arteriais que ocorrem: no cérebro, coração, retina, rins ou em artérias periféricas Se o paciente tiver lesão em algum ou em mais de um destes órgãos, já vai ser considerado de alto risco. Deve-se instituir o tratamento farmacológico e não farmacológico, a fim de tentar frear a evolução destas lesões Os fatores de risco adicionais podem ser classificados em modificáveis e não modificáveis, mais de 50% dos pacientes tem algum risco adicional cardiovascular (raramente a hipertensão vem sozinha) Fatores de risco modificáveis: Tabagismo Etilismo Sobrepeso e obesidade Diabetes Dislipidemia e hipercolesterolemia Síndrome metabólica Dieta Sedentarismo Fatores de risco não modificáveis: Sexo masculino (mulheres menopausadas tem prognóstico pior do que homens) Histórico familiar de hipertensão primária/idiopática em parentes de primeiro grau Aumento da idade Baixo nível socioeconômico SAOS Doenças psiquiátricas Fatores emergentes: DPOC, hiperuricemia, doenças psicossociais. Exemplo 1: paciente com HAS e DPOC tem um pior prognostico Exemplo 2: paciente hipertenso, diabético e com alteração renal chega ao consultório com PA de 160/110 vai ser classificado como HAS estágio 3, um paciente de alto risco (por conta da lesão de órgão alvo) Tabela: DM: importante FR para DCV e DR; quadriplica as complicações microvasculares (nefropatia e retinopatia) e macrovasculares (IAM, AVC, DVP); mecanismos que associam DM à HÁ são descritos. Diabéticos hipertensos evidenciam elevação de PAS e atenuação do descenso noturno (padrão non-dipper) durante MAPA IC: HA é o principal FR para desenvolvimento de IC; aumento da pos carga leva a remodelação concêntrica do VE, deformação sistólica e disfunção diastólica e sistólica do VE; HA é responsável apenas por 25-30% da variação da massa do VE; alterações estruturais e funcionais de HA podem evoluir para IC que se manifesta como ICFEP e ICFER DAC: HÁ e DAC estão intimamente relacionadas; aumento de 20mmHg na PAS ou 10mmHG na PAD representa o dobro do risco para DAC; idade é um fator determinante do risco e o manejo da HA no pct com DAC visa reduzir dano epitelial, estabilizar a placa e prevenir novo evento DRC: HA não controlada é FR para DRC e se associa com doença renal terminal; contribuem para HAS e hiperativação do SRAA com progressão da lesão renal, elevação da PA e declínio da função renal; a redução da PA constitui a medida mais eficaz para redução do risco CV e atenuação da lesão renal em pcts hipertensos com DRC ACV: HÁ é um fator de risco modificável em relação ao AVC; tto anti hipertensivo reduz o rsico de AVC recorrente após AVC ou isquemia transitória; as metas de PA alvo ou redução da linha base pré tto são incertas mas <140 e 90 são razoáveis CONSEQUÊNCIAS: ETIOLOGIA: Causas: enorme desafio A CLASSIFICAÇÃO PERMITE UMA ABORDAGEM SISTEMATIZADA DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO: Hipertensão primária ou idiopática: é quando não se consegue achar uma causa removível para a HAS, cerca de 90-95% dos doentes vão ter este tipo de hipertensão. É uma junção de causas genéticas, metabólicas e comportamentais; geralmente estes pacientes tem história familiar positiva em parentes de primeiro grau para HAS. Na hipertensão primaria não se consegue definir uma causa única REBECA KRUSE MED10 Hipertensão secundária: causas endócrinas ou não endócrinas levando a hipertensão, cerca de 5-10% de todos os doentes hipertensos vão ter hipertensão secundária. Deve-se investigar bem, pois nestes pacientes pode-se remover a causa e até mesmo curar o doente (não é muito comum, pois muitas vezes o indivíduo já tem consequências vasculares da hipertensão de longa data) Abaixa de 30 anos ou acima de 50-55 anos Início súbito Alterações de exame físico HAS persistente: 3 drogas (iECA, BRA, bloq canais de cálcio) Muitos picos hipertensivos graves Idoso que começa a descontrolar a PA antescompensada *Causas endócrinas: *Causas não endócrinas: FISIOPATOLOGIA: Complexa interação entre fatores genéticos (genes que estão supra ou subexpressos, como os fenótipos intermediários que regulam os SRAA, SNS, endotélio vascular, os sistemas renais calicreína-cinina e canais tubulares de sódio) + ambientais + comportamentais + metabólicos Hoje em dia já se sabe que o sistema imune participa da fisiopatologia da hipertensão, ele leva a vasoconstricção direta independente do SRAA e do sistema nervoso simpático. Vai se ter alterações imunes com contagem de leucócitos e linfócitos diferenciada (provavelmente é por este motivo que nas doenças autoimunes exista tanta prevalência de hipertensão) SNA: ↑SNS/ ↓SNP, ↓SBR, ↓VFC, VPA → ↑simpático renal SRA: ↑renina, ↑ angiotensina I e II, ↓angiotensina 1-7 → ↑ retenção/sensibilidade Na Endotélio: ↓NO, ↑endotelina-1, ↑estresse oxidativo → disfunção endotelial Sistema imune: ↑infiltração de macrófagos, ↓linfócitos T regulatório, citocinas (↑inflamatória e ↓anti-inflamatória) → vasoconstricção *PA = débito cardíaco X resistência vascular periférica *EDHF: fator difusível hiperpolarizante derivado do endotélio DIAGNÓSTICO: O diagnóstico bem feito é muito importante, pois é através disto que vai se categorizar o paciente e definir, junto com as lesões de órgão alvo e comorbidades, qual é o nível de agressividade que se deve ter na terapêutica. Deve-se tratar a hipertensão, as outras comorbidades associadas e atuar no estilo de vida do paciente (tabagismo, etilismo, sedentarismo e etc); sem isto dificilmente vai se conseguir chegar na meta dos níveis pressóricos. AVALIAÇÃO INCLUI: Confirmação do diagnóstico: medida de PA no consultório e/ou fora dele (MAPA/MRPA), técnica adequada e equipamentos validados Estas medidas fora do consultório são muito importantes, pois existe a “síndrome do jaleco branco”, onde o paciente tem níveis pressóricos elevados no consultório e fora dele os níveis são normais Hipertensão mascarada: níveis pressóricos no consultório são normais e fora dele vão estar alterados. Este doente tem um risco cardiovascular intermediário entre o indivíduo que é normotenso e o que é hipertenso sustentado Hipertenso sustentado: é o paciente que tem níveis pressóricos elevados dentro e fora do consultório História médica (pessoal e familiar): histórico de parentes com hipertensão, uso de drogas que possam aumentar a pressão (ACO, AINES em idosos, anfetaminas, cocaína, fitoterápicos), comorbidades (DM, dislipidemia e etc), se já teve algum evento cardiovascular, cirurgia cardíaca prévia. História recente de edema agudo de pulmão é frequente em pacientes com hipertensão secundaria. Uso de AINES em idosos é fator causal e de piora da hipertensão Exame físico: pode ter algumas alterações, por exemplo: sopro abdominal, massa renal sugestiva de tumor de suprarrenal, face cushingoide e etc Investigação clínica e laboratorial: vai depender do contexto de cada paciente. REBECA KRUSE MED10 Procurar por LOA (lesões de órgão alvo) e doenças associadas. LOA cerebral, cardíaca (principal é hipertrofia ventricular esquerda), doença arterial obstrutiva periférica, retinopatia hipertensiva. Suspeição e identificação de causa secundária: pacientes com hipertensão secundaria não tem histórico importante na família, já os com hipertensão primaria sim, na maioria dos casos AFERIÇÃO DA PA: Ideal é que o paciente esteja sentado, com a bexiga vazia, não ter fumado ou se alimentado pelo menos 30 min/1 hora antes da aferição, ter ficado de repouso por pelo menos 5 minutos em um ambiente confortável e com temperatura agradável (preferencialmente entre 21 e 17 graus), operador e paciente devem permanecer em silencio e deve ser usado o manguito adequado para a circunferência do braço do indivíduo Esfigmomanômetros manuais, semi-automáticos ou automáticos Manguito de adulto padrão (13 cm de largura e 30 cm de comprimento): a largura do manguito tem que corresponder a, pelo menos, 75% da largura do braço do paciente; se este manguito padrão for utilizado em pacientes obesos ou que tenham o braço em formato de pera pode-se superestimar a pressão (porque o manguito é pequeno para o tamanho do braço). Quando se usa um manguito muito grande pode-se subestimar o valor da pressão. Existem manguitos diferentes para pacientes obesos e pediátricos. Aferir dos dois MMSS, diferenças acima de 15 mmHg → investigar (coarctação de aorta) Deve-se medir a pressão, pelo menos na primeira consulta, dos dois membros inferiores; para averiguar coartação de aorta e para calcular o índice tíbio-braquial, que é um marcador clinico de doença arterial periférica obstrutiva (DAOP) O índice é obtido através da razão entre a pressão sistólica tibial anterior/pressão radial ipsilateral. Se este cálculo estiver entre 0,9-1,2 é normal; níveis menores que 0,9 são associados a grande probabilidade de DAOP e níveis acima de 1,2 são associados a maior rigidez arterial. Na suspeita de HA secundária - CoAo, a medição deverá ser realizada nos MMII, utilizando-se manguitos apropriados Hipotensão ortostática deve ser feita principalmente em: idosos, diabéticos ou pacientes que tenham algum quadro clinico sugestivo de disautonomia (renais crônicos, diabéticos). Mede-se a PA do paciente sentado e pede-se para o indivíduo ficar em posição ortostática (em pé), após 1-3 minutos em pé mede-se de novo. Se a PAS tiver uma redução > 20 mmHg a PAD cair > 10 mmHg é indicativo de hipotensão ortostática., Quando se está diante de um paciente que teve a primeira aferição menor que 130/85 não vai ser preciso necessariamente fazer outras aferições. Geralmente é preciso fazer mais de uma aferição dando um intervalo de 1 minuto entre uma aferição e outra; para fazer uma média da pressão do paciente naquele momento, faz-se a aferição 3 vezes e depois uma média aritmética destas três medidas encontradas MAPA e MRPA: Ao se utilizar algum destes métodos pode-se dar o diagnostico com mais acurácia daqueles pacientes que tem síndrome do jaleco branco e hipertensão mascarada Muito utilizados na prática MAPA – medida ambulatorial da pressão arterial: É colocado um manguito adequado no paciente e vai passar 24 horas aferindo a pressão. Deve-se aferir a cada 15 minutos quando estiver acordado e a cada 30 minutos durante o sono, durante 24 horas. Faz-se uma análise estatística dos dados colhidos e pode-se dar o diagnóstico de hipertensão se ele tiver uma média de pressão: A média de pressão noturna é menor, pois o normal é ter o chamado “descenso noturno”, que é a queda de pelo menos 10% da PAS e PAD durante o sono (que é quando a atividade do SNS reduz e a do parassimpático aumenta). Se o paciente perder este descenso noturno ou se tiver as pressões maiores quando está dormindo significa um pior prognostico; quer dizer que possivelmente o indivíduo tem lesão de órgão alvo, a atividade simpática vai estar preponderante. MRPA – medida residencial da pressão arterial: REBECA KRUSE MED10 Neste caso é fornecido o manguito ao paciente e ele vai levar para casa para fazer as aferições durante 5 a 7 dias, duas a três vezes pela manhã e pela noite. O paciente anota e depois se faz a média das pressões. Se a média der maior ou igual a 135/85mmHg vai se dar o diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica. OBS: a auto aferição é quando o paciente tem o próprio aparelho de aferição, deve-se ter muito cuidados com os valores obtidos a partir deste método; o aparelho tem que estar calibrado, validado e o paciente tem que saber fazer a aferição corretamente. Sendo assim se pode classificar o paciente em: Este diagnóstico é importante pois, como já foi citado, o prognóstico de pacientes com síndrome do jaleco branco e hipertensão mascarada é intermediário. Está entreo normotenso e o hipertenso sustentado. Um paciente que tem síndrome do jaleco branco, por exemplo, precisa de um seguimento ambulatorial muito maior do que o normotenso e vai começar o tratamento não farmacológico para HAS (no mínimo) DIAGNÓSTICOS POSSIVEIS NA HAS – FENÓTIPOS: TRIAGEM E DIAGNÓSTICO DE HAS: EXAME FÍSICO: Vai se fazer o exame cardiovascular completo (avaliação cardíaca, medida de pressão, aferição de pulso para Análise de doença arterial periférica, procurar por sinais de insuficiência cardíaca como turgência jugular e hepatomegalia, ausculta abdominal para avaliar a presença de sopro abdominal que pode ser característico de hipertensão renovascular, sopro na face posterior das costas pode indicar coarctação de aorta e etc) OBS: coarctação de aorta é um estreitamento da artéria AVALIAÇÃO CLÍNICA E COMPLEMENTAR: Hemoglobina e/ou hematócrito para averiguar anemia associada. Anemia pode ser um fator de piora e, em alguns casos raros, fator de causa (ao diminuir a viscosidade sanguínea se promove aumento do débito cardíaco, podendo levar a hipertensão). Sódio e potássio são importantes para avaliar doença renal e concomitância com hiperaldosteronismo, onde o indivíduo pode ter hipocalemia. Ácido úrico para avaliar a hiperuricemia. ECG para avaliar se tem hipertrofia de VE AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR ESPECÍFICA: Dentro dos exames adicionais a dosagem da relação albumina/creatinina na amostra de urina de 24 horas tem muita importância para avaliar o grau de albuminúria do paciente; além do ECO para ver alterações estruturais cardíacas. Os outros vão ser solicitados conforme a particularidade de cada paciente Os exames complementares podem ser usados para acompanhar a evolução da doença OBS: em aproximadamente metade dos pacientes pós cirurgia bariátrica, obesos mórbidos, que perdem 60-70kg pode-se fazer a retirada da medicação para hipertensão; dependendo do contexto, faixa etária. Alguns seguem com algum grau de hipertensão, precisando ser acompanhados pelo resto da vida. Ecocardiograma e dosagem de microalbuminúria tem um nível de evidência muito alto, especialmente nos casos de pacientes diabéticos, com síndrome metabólica (hipertensão, hipertrigliceridemia, intolerância à glicose) e que tenham fatores de risco agregados. Exemplo: paciente hipertenso, diabético e dislipidêmico já com algum indício de lesão cerebrovascular tem que fazer a microalbuminúria e ECO. OBS: o raio x de tórax é bem utilizado, mas seu nível de evidencia é classe II, justamente porque ele tem uma sensibilidade menor para avaliar lesão de órgão alvo. AVALIAÇÃO DE LOA – LESÃO DE ÓRGÃO ALVO: REBECA KRUSE MED10 ECO vai fazer o cálculo de massa ventricular esquerda/superfície corpórea. Índices > 134 em homens e 100 em mulheres dão diagnóstico de hipertrofia ventricular esquerda. ECG vai utilizar o índice de Sokolow –Lyon, Cornell e outros que podem dar diagnóstico de HVE (hipertrofia ventricular esquerda). Espessura médio-tibial de carótida é vista com USG Velocidade de onda de pulso é algo mais usado para estudos clínicos ESTRATIFICAÇÃO DO RISCO CARDIOVASCULAR GLOBAL: Melhor para doença moderada A classificação do risco CV depende dos níveis de PA DRCV associados, da LOA... Existem várias calculadoras que vão fazer essa estratificação, elas levam em consideração, por exemplo: PAS, idade, utilização de drogas anti-hipertensivas, utilização de drogas para dislipidemia entre outros. Vai se calcular o risco de morte por evento cardiovascular em 10 anos. Um doente de alto risco tem chance de apresentar um evento cardiovascular nos próximos 10 anos de 20%. Geralmente estas calculadoras são usadas quando se tem dúvida sobre o nível de risco do doente, se ele tiver lesão de órgão alvo, doença aterosclerótica clinicamente evidente ou seus equivalentes (DM e DRC) ele já é considerado de alto risco Exemplo 1: paciente com diabetes, doença renal crônica pelo menos no estágio 3 (clearence < 60), doença cardiovascular definida (coronariopata, ICC, revascularização miocárdica prévia, HVE e etc) vai ser classificado como alto risco; mesmo tendo níveis pressóricos que não precisam ser necessariamente um estágio 2 ou 3. Exemplo 2: paciente com níveis pressóricos 130/85mmHg, se tiver até 2 fatores de risco vai ser classificado como baixo risco. Exemplo 3: paciente com dislipidemia, tabagismo e pressão 140/90mmHg vai ser classificado como risco moderado. Exemplo 4: paciente com 3 ou mais fatores de risco (que não seja DRC e DM): obesidade, dislipidemia e tabagismo com pressão de 130/85 vai poder ser classificado em risco leve ou moderado (dependendo da quantidade de fatores de risco). Na maioria dos casos o paciente é diabético, obeso, hipertenso, dislipidêmico, idoso já sendo classificado como alto risco e iniciando a terapia farmacológica e não farmacológica. TRATAMENTO: A decisão de instituir terapia farmacológica deve ser INDIVIDUALIZADA. Cada tipo de paciente tem uma resposta terapêutica diferente que vai variar de acordo com o mecanismo fisiopatológico envolvido, com a aderência ao tratamento e com o tipo de esquema que vai ser utilizado. Dois medicamentos da mesma classe não devem, em geral, ser administrados em conjunto. Exemplo: 2 betabloqueadores diferentes, IECA ou BCC dihidropiridínicos Sal sensibilidade é um traço quantitativo em que um aumento na carga de sódio aumenta desproporcionalmente a PA; especialmente comum em negros, idosos, naqueles com um nível mais elevado de PA ou comorbidades, como DRC, DM ou a SM; marcador para aumento de DCV e risco de mortalidade por todas as causas de forma independente. Nem todo paciente tem uma resposta eficaz a dieta hipossódica, o doente vai responder mais ou menos a depender da sal sensibilidade que ele tiver. É um tratamento multidisciplinar: envolve nutricionista, preparador físico e etc. Meta de controle pressórico para a maioria dos doentes: < 130/80mmHg. O padrão ouro para meta de controle, segundo os americanos, é um valor abaixo de 130/80mmHg e acima de 120/70mmHg. Já foi comprovado que baixar muito a pressão do indivíduo (especialmente em idosos frágeis, coronariopatas onde tem que ter cuidado com a PAD) está atrelado a pior prognóstico, a piora da mortalidade. Inibidores do SRAA, inibidores de ECA e/ou BRAs, bloqueadores do canal de cálcio, diuréticos tiazídicos (hidroclorotiazida e clortalidona, principalmente) ➔ são fármacos classe Ia, que comprovadamente reduzem a mortalidade. São as drogas de primeira linha. TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO: Atividade física: 150 min/sem ou 75min fracionados Dieta hipossódica (até 2,5 g de sal por dia) Dieta do hipertenso (DASH) – rica em óleos não saturados Cessar tabagismo e etilismo Controle do estresse Controle ponderal OBS: a sociedade americana fala sobre um nível de tolerância para ingesta de álcool, mas atualmente se recomenda a parada total da ingesta. A terapêutica não farmacológica é tão importante quanto a farmacológica. Um indivíduo que não adere bem ao REBECA KRUSE MED10 tratamento não farmacológico não vai ter bons resultados com o uso de medicamentos. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: Características ideais: De preferência por via oral Deve ser baseado em evidências em relação à prevenção da morbidade/mortalidade Usado em regime de uma vez ao dia que forneça controle da pressão arterial de 24 horas Deve ser acessível e/ou ter bom custo-efetivo em comparação com outros agentes. Deve ser bem tolerado, com poucos efeitos colaterais. Evidências dos benefícios do uso do medicamento nas populações às quais será aplicado. Procura-se usar drogas que tenham tempo maior entre uma dose e outra (12/12 h ou de 24/24 h) para melhorar a adesão do paciente ao tratamento. As sociedades americana e brasileira defendem o conceito de “sinlge pill”: uma pílula que agregavários fármacos juntos; isto tem um custo elevado e não é disponibilizado pelo sistema de saúde. Utilizado por um período mínimo de quatro semanas, antes de modificações, salvo em situações especiais Anti-hipertensivos: Diuréticos tiazídicos (hidroclorotiazida, clortalidona) (GR: I; NE: A) Inibidor da enzima conversora da angiotensina – IECA (enalapril) (GR: I; NE: A) Bloqueador do receptor AT1 da angiotensina II – BRA (losartana) (GR: I; NE: A) Bloqueador de canal de cálcio dihidropiridínicos (amilodipina – longa duração) (GR: I; NE: A) Inibidores adrenérgicos − Ação central: agonistas alfa-2 centrais (metildopa, clonidina, guanabenzo) e os inibidores dos receptores imidazolínicos (moxonidina e rilmenidina) (GR: IIb; NE: C) − Bloqueadores beta-adrenérgicos (GR: I desde que o hipertenso tenha doença coronariana e/ou insuficiência cardíaca; NE: A) − Alfabloqueadores - bloqueadores alfa-1 adrenérgicos (doxazosina, prazosina e terazosina). (GR: IIb; NE: C) Vasodilatadores diretos (hidralazina e minoxidil) (GR: IIb; NE: C) A desvantagem desta classe de medicamento é porque ele leva a taquicardia e tem o fenômeno de rebote (também pode ocorrer com uso de clonidina), quando retirado subitamente o paciente pode ter crises de hipertensão, chegando a urgência ou emergência hipertensiva. Inibidor direto da renina – alisquireno (surgiu na tentativa de substituir os IECA e os BRA, mas se constatou que usar este medicamento não é tão eficaz quanto os IECA e os BRA) (GR: IIb; NE: C) GR: grau de evidência IMPORTANTE! Não pode associar IECA e BRA, pois os dois atuam no SRAA. As associações devem ser entre medicamentos de diferentes classes farmacológicas. Os diuréticos tiazídicos podem ser associados com qualquer classe medicamentosa no tratamento da hipertensão. OBS: inibidores de ECA ou BRAs são muito bons para pacientes diabéticos, pois reduzem a proteinúria e consequentemente retardam a evolução da nefropatia diabética. OBS: para os pacientes com doença coronariana é imprescindível o uso de betabloqueador OBS: metildopa é muito utilizada em gestantes (inibidores de IECA e BRAs são associados a má formação fetal, principalmente renal. Não podem ser usados em gestantes e em pacientes em idade fértil que não façam uso de contracepção); hidralazina é utilizada em emergências hipertensivas na gestante ou em pacientes com ICC. OBS: Alfabloqueadores - bloqueadores alfa-1 adrenérgicos são drogas utilizadas em casos de hipertensão secundária. Doxazosina é muito mais utilizada em casos de hiperplasia prostática, deve-se ter cuidado com a associação deste medicamento com outros anti-hipertensivos em idosos. OBS: Inibidores de mineralocorticoides (espironolactona) e betabloqueadores são muito utilizados e tem um nível de evidencia classe Ia, desde que o paciente tenha coronariopatia ou ICC; estão associados com diminuição da morbimortalidade neste grupo de pacientes. OBS: os diuréticos de alça só são usados em pacientes com hipervolemia comprovada, principalmente os pacientes com ICC ou clearence < 30. OBS: os BCC não dihidropiridínicos são antiarrítmicos, não são bons hipotensores. Vai ser usado raramente, a não ser que o paciente tenha uma arritmia associada. OBS: IECA ou BRA só não podem ser usados em diabéticos quando o paciente já tem uma função renal muito deteriorada ou que tenha hipercalemia. DEPENDENDO DAS CARACTERÍSTICAS DOS PACIENTES VAI SE ESCOLHER O TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: Exemplo 1: paciente com hipertensão e insuficiência cardíaca: IECA ou BRA, betabloqueador e diurético (podendo ou não utilizar diurético de alça). Exemplo 2: paciente com coronariopatia e hipertensão: IECA ou BRA, betabloqueador, anti-agregante plaquetário. Exemplo 3: paciente idoso hipertenso responde muito bem a bloqueador do canal de cálcio e diuréticos tiazídicos. Exemplo 4: paciente afrodescendente tem uma característica que é uma alteração no SRAA, logo ele não responde bem ao IECA (aguns estudos falam sobre uma boa REBECA KRUSE MED10 resposta ao uso de BRA), responde melhor a diurético e bloqueador do canal de cálcio. Se o indivíduo tiver hipertensão estágio 2 já se deve iniciar o tratamento medicamentoso Se o indivíduo tiver hipertensão estágio 1 e não tiver fatores de risco (DRC, DM, DCV) associados pode-se deixar o paciente de 3 a 6 meses com tratamento não farmacológico e reavaliar para decidir se vai iniciar o uso de medicações. Não precisa iniciar tratamento medicamentoso logo de início em pacientes com pressão de 130/90mmHg. No novo guideline de 2020 diz que o tratamento medicamentoso da hipertensão deve dar preferência para IECA ou BRA com bloqueador de canal de cálcio. Dependendo do paciente e do grau de hipertensão vai se iniciar com metade da dose (STEP 1), depois vai aumentar para a dose (STEP 2) e depois vai associar o diurético tiazídico (STEP 3). Isto não é uma regra e depende muito de paciente e médico; alguns já iniciam IECA ou BRA com diurético tiazídico devido ao bom desempenho do diurético. Hipertensão resistente: é quando o paciente faz uso de três tipos de droga (IECA ou BRA, BCC e diurético tiazídico) em doses adequadas com boa aderência, e mesmo assim ele não consegue atingir a meta pressórica adequada. Deve-se investigar hipertensão secundária, pois em 20% das vezes o indivíduo tem hipertensão secundária ou tem uma associação com hiperaldosteronismo (atividade exacerbada da aldosterona, promovendo aumento a reabsorção de sódio no tubo renal). Muitas vezes o hiperaldosteronismo sozinho não causa hipertensão, mas leva a uma piora do quadro de HAS primária. Mais prevalente em idosos, obesos, afrodescendentes, pacientes com HVE, DM, DRC, SM, elevada ingestão de álcool e/ou sal e sedentarismo Nos casos de hipertensão resistente vai se fazer uso de uma quarta classe de droga, de preferência um bloqueador mineralocorticoide (espironolactona), mas pode iniciar também: vasodilatador, betabloqueador dependendo do contexto do paciente (STEP 4). OBS: existe uma condição chamada de pseudo-resistência, que é quando o indivíduo não toma os remédios corretamente, a medicação não está adequada para o biótipo do paciente, tem “efeito do jaleco branco” (doente é hipertenso e no consultório fica mais ainda). OBS: a espironolactona também vai ser usada, em pacientes que tem ICC e fração de ejeção baixa, pois reduz comprovadamente a mortalidade. PARTICULARIDADES DAS ASSOCIAÇÕES: BB + DIU = cautela em pacientes que apresentem alterações do metabolismo glicídico, pois ambos os fármacos favorecem seu agravamento IECA + BRA = não é recomendada; não mostrou benefício em desfechos CV, acrescentou risco de efeitos adversos, aumenta risco de hipercalemia DIU = seu uso potencializa a ação anti-hipertensiva de qualquer dos medicamentos iniciais Vasodilatadores diretos = reservado para casos especiais e em associação com DIU e BB (são drogas de quarta ou quinta linha). → BB – Betabloqueador → DIU – Diurético tiazídico IECA ou BRA: não dá em gestante METAS DE CONTROLE PRESSÓRICO: A totalidade das informações disponíveis fornece evidência de que uma meta mais baixa da PA é geralmente melhor do que um alvo maior. A maioria dos doentes vai ter uma meta de PA < 130/80mmHg, mas não vai ser menor que 120/70mmHg. Alguns pacientes irão se beneficiar de uma meta de tratamento de PAS <120 mm Hg, especialmente os alto risco de DCV. Indivíduos com doença cerebrovascular muito adiantada, idosos frágeis, pacientes que fazem dialise e tem fistula arteriovenosa (estes pacientes podem perder a fistula ou não conseguir fazer a dialise se a pressão for muito baixa) pode-se ser condescendente com uma meta pressórica de 140/90mmHg. HIPERTENSÃO ARTERIAL SECUNDÁRIA: Hoje em dia acredita-se que até 10% dos indivíduos tem hipertensão secundária. O tratamento da causa pode curar ou melhoraro controle da PA. Tipos comuns de causas de hipertensão secundária em adultos: REBECA KRUSE MED10 Doença parenquimatosa renal (causa muito frequente) Hipertensão renovascular (causada por estreitamento das artérias renais) Aldosteronismo primário Apneia crônica do sono (muito associada a obesidade e síndrome metabólica) Induzida por substância / droga OBS: hiper e hipotireoidismo podem ser causas de hipertensão secundária ou fatores que agravam a hipertensão primária. Alguns tipos de hipertensão secundária não vão se resolver com tratamento, por exemplo: em casos que o paciente tem um feocromocitoma (tumor que pode ser maligno ou benigno das células enterocromafins, produtoras de catecolaminas) durante muito tempo, mesmo depois de operado ele pode não voltar ao estágio de normotensão; em casos de coarctação de aorta quando o paciente tem lesão renal por isquemia da artéria renal RASTREAMENTO DE HIPERTENSÃO SECUNDÁRIA: Pacientes com HAS de início precoce (<30 anos de idade), em particular na AUSÊNCIA de risco de hipertensão como obesidade, síndrome metabólica, história familiar; Aqueles com hipertensão resistente; Indivíduos com deterioração repentina no controle da PA; Urgência e emergência hipertensiva; Fortes indícios clínicos (EX: paciente com sopro abdominal ou intercostal, fácie de lua cheia, entre outros).
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