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Autor: Prof. Fernando Gorni Neto Colaboradores: Profa. Sandra Castilho Prof. Olavo Ito Prof. José Carlos Morilla Tecnologias da Informação Professor conteudista: Fernando Gorni Neto Cursando mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Paulista (UNIP). Graduado e pós-graduado (2004) em Marketing pela Universidade Nove de Julho (Uninove). Pós-graduado em Agronegócios pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) (2006) e em Formação em Educação a Distância pela UNIP (2015). Foi professor de Transportes Internacionais na Exportacian Assessoria em Comércio Exterior. No curso de graduação em Administração de Empresas da UNIP, leciona várias disciplinas, entre elas: Elaboração e Análise de Projetos, Gestão de Suprimentos e Logística, Gestão de Operações Produtivas, Gestão Mercadológica e Tecnologias da Informação. Na pós-graduação em Logística Internacional, é professor de Comércio Internacional e Marketing Internacional. Tem mais de trinta anos de experiência em comércio internacional (nas áreas de exportação e importação, desembaraço aduaneiro de importação e exportação, tráfego marítimo internacional de granéis tramp, tráfego marítimo de navios liners e distribuição de produtos por via rodoviária, ferroviária e marítima de cabotagem). Foi coordenador de Business Intelligence Center em uma das empresas do Grupo Bunge. É professor da UNIP desde 2006. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) G671t Gorni Neto, Fernando Tecnologias da Informação / Fernando Gorni Neto. São Paulo: Editora Sol, 2020. 228 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Organizações. 2. Sistemas. 3. Tecnologia da informação. I. Título. CDU 658.011 U507.69 – 20 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Willians Calazans Ricardo Duarte Sumário Tecnologias da Informação APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 10 Unidade I 1 SISTEMA EMPRESARIAL E SEUS SUBSISTEMAS ................................................................................. 11 1.1 Organização como um sistema ...................................................................................................... 11 1.2 Estruturação sistêmica da organização ...................................................................................... 16 1.3 Dado, informação, conhecimento e sabedoria ........................................................................ 19 1.4 Indicadores empresariais e a informação ................................................................................... 21 1.4.1 Aumento da eficiência .......................................................................................................................... 22 1.4.2 Indicadores estratégicos, táticos e operacionais ........................................................................ 23 1.4.3 Indicadores estratégicos ...................................................................................................................... 24 1.4.4 Indicadores táticos ................................................................................................................................. 26 1.4.5 Indicadores operacionais ..................................................................................................................... 27 1.4.6 Método Smart .......................................................................................................................................... 28 1.4.7 Tecnologia para aperfeiçoar a gestão de indicadores.............................................................. 32 1.5 Classificação de sistemas .................................................................................................................. 33 1.6 Impacto dos sistemas de informação .......................................................................................... 36 1.7 Processos gerenciais e os sistemas ................................................................................................ 37 1.8 Classificação e definição das informações................................................................................. 39 1.8.1 Níveis de classificação das informações ........................................................................................ 39 1.8.2 Inventário de ativos de dados ........................................................................................................... 40 1.9 Planejamento e seu vínculo com TI .............................................................................................. 41 1.9.1 PETI ............................................................................................................................................................... 48 1.9.2 Qual é o objetivo do PETI? ................................................................................................................... 49 1.9.3 Como iniciar um PETI ............................................................................................................................ 49 2 INDICADORES DE QUALIDADE NOS SISTEMAS ................................................................................... 52 2.1 Métricas versus indicadores de desempenho ........................................................................... 52 3 PROFISSIONAIS DE TI E SEUS RELACIONAMENTOS ........................................................................... 59 4 TI VERDE .............................................................................................................................................................. 62 4.1 TI verde e as empresas ........................................................................................................................ 63 4.2 TI verde e a sociedade......................................................................................................................... 64 4.3 A sociedade e o lixo eletrônico (e-lixo) ....................................................................................... 64 4.4 Desenvolvimento sustentável ......................................................................................................... 67 4.5 Benefícios da TI verde ......................................................................................................................... 68 4.6 Abordagens da TI verde ...................................................................................................................... 68 4.7 Focos da TI verde ..................................................................................................................................69 Unidade II 5 USO DA TI NAS ORGANIZAÇÕES ............................................................................................................... 74 5.1 Comércio eletrônico (e-commerce) .............................................................................................. 74 5.1.1 Números do e-commerce .................................................................................................................... 75 5.2 Redes sociais .......................................................................................................................................... 76 5.2.1 Redes sociais e o senso crítico .......................................................................................................... 77 5.2.2 Redes sociais para empresas .............................................................................................................. 79 5.2.3 Vantagens do uso das redes sociais pelas empresas ................................................................ 79 5.2.4 Regras de etiqueta para as redes sociais ....................................................................................... 80 5.2.5 Redes sociais versus mídias sociais.................................................................................................. 83 5.2.6 Tipos de redes sociais ............................................................................................................................ 84 5.2.7 Redes sociais mais usadas no Brasil ................................................................................................ 84 5.2.8 Produção de conteúdo ......................................................................................................................... 88 5.2.9 Serviço de atendimento ao consumidor (SAC) ........................................................................... 89 5.2.10 Monitoramento e análise .................................................................................................................. 89 5.2.11 Anúncios ................................................................................................................................................... 89 6 ERP ........................................................................................................................................................................ 90 6.1 CRM ........................................................................................................................................................... 96 6.2 BI ................................................................................................................................................................. 98 6.2.1 BI versus big data .................................................................................................................................103 6.2.2 O poder está na combinação de forças .......................................................................................103 6.2.3 Benefícios do BI para o negócio .....................................................................................................107 6.2.4 Dificuldades na implantação do BI................................................................................................107 Unidade III 7 COMPUTAÇÃO EM NUVEM (CLOUD COMPUTING): SAAS, PAAS E IAAS .................................112 7.1 Internet das coisas .............................................................................................................................114 7.1.1 IoT como tecnologia ............................................................................................................................117 7.1.2 Padronização ..........................................................................................................................................118 7.1.3 Possíveis riscos da IoT..........................................................................................................................118 7.1.4 Um mar de oportunidades ................................................................................................................119 7.1.5 Smart cities .............................................................................................................................................119 7.1.6 Big data .................................................................................................................................................... 120 7.1.7 Segurança e privacidade ................................................................................................................... 120 7.1.8 Vamos brincar com a imaginação ..................................................................................................121 7.1.9 Inteligência artificial (IA) ...................................................................................................................121 7.1.10 História da IA....................................................................................................................................... 122 7.1.11 Desafios da IA ...................................................................................................................................... 123 7.1.12 Como a IA funciona ......................................................................................................................... 124 7.1.13 Blockchain ............................................................................................................................................ 126 7.1.14 Vantagens do blockchain ............................................................................................................... 127 7.1.15 Qualidade e segurança da informação ..................................................................................... 128 7.1.16 Qual a necessidade de segurança da informação? ............................................................. 129 7.1.17 O que é segurança da informação? ........................................................................................... 130 7.1.18 Quais são os princípios da segurança da informação? ...................................................... 130 7.1.19 Principais ameaças à segurança da informação ...................................................................131 7.1.20 Melhores práticas de segurança da informação ...................................................................131 7.1.21 Política de segurança da informação ........................................................................................ 135 7.1.22 Segurança dos sistemas de informação .................................................................................. 137 7.1.23 Norma ISO 27000 .............................................................................................................................. 140 7.1.24 Declaração de aplicabilidade: documento para a auditoria ............................................ 144 7.1.25 Controles que existem na norma ISO 27001 ......................................................................... 145 7.1.26 Relação com a parte principal da norma ISO 27001 .......................................................... 146 7.1.27 Relação com a ISO 27002 .............................................................................................................. 146 7.1.28 Usabilidade do Anexo A .................................................................................................................. 146 7.1.29 Tabela de avaliação de riscos........................................................................................................ 147 7.1.30 Plano de tratamento de riscos ..................................................................................................... 147 7.1.31 Procedimentos operacionais para tecnologia da informação e comunicação (TIC) .......................................................................................................................................147 7.1.32 Como fazer uma lista de verificação para auditoria interna das normas ISO 27001 e 22301 ................................................................................................................ 147 7.1.33 Etapas da auditoria interna .......................................................................................................... 147 7.1.34 Tornando a lista de verificação útil para iniciantes ............................................................ 148 7.1.35 O que incluir na lista de verificação .......................................................................................... 148 8 PRÁTICA EM LABORATÓRIO: PLANILHA ELETRÔNICA DO MICROSOFT EXCEL ......................149 8.1 Conceitos básicos do Excel .............................................................................................................149 8.2 Formatação e configuração de páginas ....................................................................................154 8.3 Inserindo dados qualitativos e quantitativos em planilhas eletrônicas ......................156 8.4 Entrada de textos e números ........................................................................................................160 8.4.1 Inserção de fórmulas .......................................................................................................................... 160 8.5 Trabalhando com funções...............................................................................................................165 8.6 Autoformatação..................................................................................................................................171 8.6.1 Formatação condicional .................................................................................................................... 172 8.7 Funções ...................................................................................................................................................175 8.7.1 Funções de data e hora e de contagem ..................................................................................... 175 8.8 Função Cont. ........................................................................................................................................177 8.9 Funções lógicas SE, SE(E), SE(OU) ................................................................................................185 8.10 Vinculando dados entre planilhas .............................................................................................193 8.11 Funções de procura e referência (PROCV, PROCH) .............................................................196 8.12 Função Pri.Maiúscula .....................................................................................................................202 8.13 Gráficos ................................................................................................................................................202 8.13.1 Análise seletiva de dados por meio da construção de gráficos ..................................... 203 8.14 Principais erros ao criar fórmulas no Excel ...........................................................................211 9 APRESENTAÇÃO Você sabe como foi que o homem chegou à Lua? Você sabia que os computadores da época não tinham nem 4K de memória? Isso significa que o computador que equipava a Apollo 11 pesava 32 quilos, tinha 2 quilobytes de memória RAM, não tinha disco rígido, além de oferecer um poder de processamento de 2.048 megahertz (o equivalente a uma calculadora científica atual). Se quiser comparar com um produto atual, saiba que um iPhone 8, por exemplo, pesa 202 gramas e possui 64 gigabytes de armazenamento, 512 megabytes de memória RAM e capacidade de processamento na velocidade máxima de 2,34 gigahertz. Assim, com a tecnologia daquela época, o fator humano contava ainda mais que a tecnologia disponível. Figura 1 – Pouso na Lua da Apollo 11 Os astronautas eram submetidos a baterias intensivas de testes, nas quais se tentavam prever todos os problemas que poderiam ocorrer durante as missões. E eles de fato ocorriam. Os mais diversos materiais modernos, como as espumas sintéticas, metais, plásticos, além dos estudos sobre reciclagem de fluidos, equipamentos de manutenção física, materiais isoladores, sistemas de filtragem, refeições desidratadas, sensores de medição de gases, computação e software, comunicação a grandes distâncias etc., foram elaborados para as missões lunares. E mais, tudo feito pelos engenheiros com régua de cálculos. Cabe à disciplina de tecnologia da informação (TI) fazer com que os alunos possam adquirir e/ou produzir os conhecimentos necessários para o desenvolvimento das atividades exigidas nas organizações em que atuarão. Para alcançar esse conhecimento em tecnologia, trabalharemos os objetivos específicos da disciplina, levando os alunos a: compreender a terminologia usual de informática; identificar os elementos que 10 constituem a TI; entender as implicações do uso das redes e seus elementos, as comunicações no mundo dos negócios, além dos recursos computacionais utilizados na disseminação, interna e externa, da informação na organização: internet, intranet, extranet; perceber a importância da informação para a organização e a questão da segurança, confiabilidade, compartilhamento e disseminação da informação por meio da TI; conhecer os principais tipos de sistema de informação que atendam aos diversos níveis hierárquicos e aplicabilidades no ambiente empresarial, bem como os negócios virtuais de e-commerce e e-business. Dessa forma, estruturamos o nosso livro-texto com o objetivo de estabelecer linhas de conhecimento sobre o sistema empresarial e seus subsistemas, partindo de conceitos organizacionais que vão prepará-lo para os usos da TI nas organizações, envolvendo o comércio eletrônico, as redes sociais e sua influência na sociedade e nas empresas, os sistemas enterprise resource planning (ERP) e customer relationship management (CRM). Finalmente, o foco será o conhecimento dos conceitos básicos do Microsoft Excel. INTRODUÇÃO Este material se destina a ajudá-lo a entender e conhecer as diversas teorias e conceitos que compõem a TI, que nada mais é do que uma metodologia aplicada a diversos recursos computacionais, que medeiam, por redes, hardwares (computadores, impressoras etc.), softwares e outros recursos tecnológicos, informações em tempo real às pessoas, viabilizando negócios, processos e afins por meio de sistemas integrados, robótica e telecomunicações. Você conhecerá os componentes básicos e tipos de sistema de informação existentes no mercado. Também se familiarizará com a teoria geral dos sistemas e as tecnologias de processamento de informações (programas, equipamentos e pessoas). O objetivo é desmistificar os conceitos básicos necessários para ajudá-lo a entender como os sistemas de informação podem apoiar as operações, a tomada de decisão gerencial e a obtenção de fatores críticos para o sucesso das empresas locais e globais. 11 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Unidade I 1 SISTEMA EMPRESARIAL E SEUS SUBSISTEMAS Qualquer empresa apresenta, operacionalmente, elementos relacionados às suas atividades internas e externas, e os seus componentes como divisões e áreas. Dessa maneira, é necessário perceber a empresa sob uma visão sistêmica, como um sistema aberto, social, dinâmico e composto de vários subsistemas em constante interação, entre si e com o meio ambiente. Chiavenato (1979, p. 383) afirma que os “sistemas são conjuntos de elementos dinamicamente inter-relacionados desenvolvendo uma atividade ou função para atingir um ou mais objetivos ou propósitos”. Podemos então concluir que a visão sistêmica significa conseguir enxergar e compreender o todo por meio da análise das partes que o formam, e envolve entender a relação do ambiente interno com o ambiente externo, assim como são passadas as informações. Por sua vez, a expressão tecnologiada informação (TI) é utilizada para designar o conjunto de recursos não humanos dedicados ao armazenamento, ao processamento e à comunicação da informação, bem como à organização desses recursos em um sistema capaz de executar um conjunto de tarefas. É a forma de interação de todos esses elementos num processo dinâmico, de desenvolvimento e de novas formas de realizar negócios. A TI não se restringe a equipamentos (hardwares), programas (softwares) e redes de comunicação de dados, mas envolve também as pessoas (denominadas peopleware), que estabelecem o planejamento de informática, o desenvolvimento de sistemas, o suporte de software, os processos de produção e operação, o suporte de hardware etc., além de redes que interligam os computadores, a administração de bancos de dados ou outras tecnologias de processamento e comunicação de informações, como a internet. 1.1 Organização como um sistema O conceito de organização é reunir finanças, recursos humanos, equipamentos e processos, com o objetivo de atingir determinado resultado. A função da organização é determinar o quanto de recursos e quais as atividades serão necessários para atingir os objetivos da empresa, combinando os grupos para que funcionem, atribuindo as responsabilidades a quem irá realizar qualquer atividade, e transferindo para as pessoas a autoridade necessária para a execução de suas atribuições. 12 Unidade I Essa função propicia a estrutura formal por meio da qual o trabalho é definido e coordenado. Há diversas formas de visualizar a empresa, e diversas dessas formas resultam na função do planejamento. Nessa função concentra-se o sistema em dois níveis: • Os relacionamentos de autoridade e a responsabilidade entre os presentes e os futuros membros da empresa, o estabelecimento de grupos de trabalho, proporcionando as atividades intergrupais. • A acumulação de fábrica, maquinaria e equipamento, capital e, mais recentemente, tecnologia, dispondo-as da maneira mais produtiva. A organização, consequentemente, busca a integração dos recursos financeiros, materiais e humanos em uma estrutura produtiva universal. De outro modo, a organização pode ser considerada um todo corporativo, formado por diversos recursos disponíveis, em que a organização é vista como uma unidade social complexa, na qual interagem grupos sociais. Desse modo, podemos dizer que organização é uma instituição ou associação com objetivos predefinidos. As organizações não são imutáveis. Elas devem se adaptar às alterações que ocorrem em seus mercados de ação. Uma organização é a consideração do todo, ou seja, da formação de uma estrutura com todos os recursos disponíveis como uma unidade social, de interação entre grupos sociais. Segundo Chiavenato (1985, p. 36): as organizações são propositada e planejadamente constituídas e elaboradas para atingir determinados objetivos, e também são reconstruídas, isto é, reestruturadas e redefinidas, na medida em que os objetivos são atingidos ou na medida em que se descobrem meios melhores para atingi-los com menor custo e menor esforço. Uma organização nunca constitui uma unidade pronta e acabada, mas um organismo social vivo e sujeito a mudanças. Voltemos ao exemplo sobre a exploração da Lua. A National Aeronautics and Space Administration (Nasa), que podemos traduzir como Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço, é uma agência do governo federal dos EUA responsável pela pesquisa e desenvolvimento de tecnologias e programas de exploração espacial. Em 29 de julho de 1958, durante a Guerra Fria, o presidente Dwight D. Eisenhower assinou o National Aeronautics and Space Act, instituindo a Nasa. Quando iniciou suas operações em 1º de outubro de 1958, a agência espacial absorveu integralmente o antigo National Advisory Committee for Aeronautics (Naca), que podemos traduzir como Comitê Consultivo Nacional para a Aeronáutica, com todos os seus 8 mil funcionários, um orçamento anual de 100 milhões de dólares, três laboratórios de pesquisa principais – sendo eles o Langley Aeronautical Laboratory (LaRC), que podemos traduzir como Laboratório Aeronáutico Langley, em Hampton, Virgínia; o Ames Aeronautical Laboratory (ARC), em Moffett Federal Airfield, Califórnia; e o Lewis Flight Propulsion Laboratory, traduzido como Laboratório de Propulsão de Voo de Lewis, também conhecido como Centro de Pesquisa John H. Glenn, Cleveland, 13 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Ohio, todos nos EUA – e duas instalações pequenas de teste. O Centro de Voos Espaciais Goddard (GSFC) é um laboratório de pesquisas espaciais criado em 1º de maio de 1959 como o primeiro centro espacial da Nasa. Atualmente, o campo de atuação da Nasa é muito abrangente e inclui pesquisas aeronáuticas, desenvolvimento de tecnologias para sistemas de exploração no espaço, pesquisas científicas envolvendo o Sistema Solar e regiões distantes do universo e operações espaciais como lançamentos de aeronaves e foguetes. Seu maior feito foi em julho de 1969, quando a missão Apollo 11, com os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin, deixou sua marca em solo lunar, fincando a bandeira dos EUA na Lua, satélite natural da Terra. Em 1977, a agência espacial iniciou o Programa Voyager, que continua em atuação até hoje. Naquele ano, foram lançadas duas sondas com o objetivo de explorar Júpiter, Saturno e seus satélites naturais. Apesar disso, as sondas se mostraram muito mais resistentes do que se imaginava, tornando-se capazes de alcançar Netuno e Urano, e deixaram o Sistema Solar em 2013. Um dos grandes marcos da Nasa foi a construção do telescópio espacial Hubble, um dos mais importantes de todos os tempos. Projetado e construído durante as décadas de 1970 e 1980, o telescópio é capaz de detectar tanto luz visível quanto luz infravermelha. Seu lançamento foi em 1990 e até hoje o Hubble fornece imagens impressionantes do universo. Houve ainda a Skylab, lançada ao espaço em 14 de maio de 1973, a primeira estação espacial construída pelo homem e que permaneceu em órbita, a uma altitude de 435 quilômetros, destruindo-se, ao reentrar na atmosfera terrestre, em 11 de julho de 1979. Desde 2003, a Nasa também vem investindo no Programa New Frontiers, traduzido como Novas Fronteiras, com o objetivo de explorar diversos planetas do Sistema Solar. O programa já trabalhou com missões como a New Horizons (em tradução, Novos Horizontes), para estudar Plutão e suas luas, e a missão Juno, para a exploração do sistema do planeta Júpiter. Exemplo de aplicação Reflita sobre como o homem mandou sondas espaciais a até 7.500.000.000.000 km (sete trilhões e meio de quilômetros) de distância e fotografou um planeta como Plutão. Saiba mais Conheça mais detalhes sobre a missão Apollo por meio do seguinte documentário, dividido em seis episódios: MOON machines. Direção: Duncan Copp e David Copp. EUA, 2008. 14 Unidade I Voltando ao tema deste tópico, a empresa é um sistema composto de vários subsistemas, entre eles: • Produção de produtos e/ou serviços: envolve planejamento e controle; engenharia de produtos e/ou serviços; sistemas de qualidade; custos; manutenção. • Comercial (marketing): envolve marketing; clientes; pedidos; faturamento; administração de vendas, contratos e distribuição; exportação; pesquisas. • Materiais (logística): abrange fornecedores; compras; estoque; recepção e expedição; importação. • Financeiro: engloba contas a pagar; contas a receber; fluxo de caixa; movimentos bancários; administração do capital. • Recursos humanos: compreende a área de recrutamento e seleção; administração de pessoal; folha de pagamento; cargos e salários; treinamento; benefícios; segurança e medicina do trabalho. • Jurídico/legal: abarca as áreas de contabilidade e recolhimentos; ativo fixo ou patrimônio; livros fiscais de entrada e saída. Os subsistemas são um conjunto de partes que agem de forma interdependente em um todo. O sistema dá a ideia de conjunto e reforça a unidade da empresa. A função básica do sistemaé a retroalimentação, um ciclo contínuo de levantamento de dados. A geração de relatórios é a principal ferramenta dos sistemas, que são construídos com base em dados e informações, ou seja, um sistema é construído com um fim próprio, devendo atender a um objetivo específico. Todo sistema tem duas figuras fundamentais: • Locutor: quem provê a informação, podendo ser máquina, grupo de indivíduos ou indivíduo. • Receptor: quem recebe a informação. O sistema também é composto de: • Entradas: tudo que o sistema recebe do ambiente exterior. • Saídas: o resultado do tratamento das entradas que o sistema envia para o ambiente exterior. • Feedback: a resposta do que foi entendido pelo ouvinte. • Processamento: fase em que os dados são processados e transformados em informação. 15 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO O sistema, ainda, deve levar em consideração o conjunto de elementos que não pertencem a ele, pois qualquer mudança pode alterar os elementos do sistema, modificando-o. Exemplo de aplicação Uma fábrica de parafusos para fixação de rodas fornece esse material para uma montadora de veículos há mais de dez anos. Ao lançar um novo modelo, a montadora requer uma especificação que a empresa não produz. Isso impediria a empresa de fornecer o parafuso requerido pela montadora e permitiria a entrada de um concorrente onde ela era dominante. O que fazer nesse caso? Deixar entrar um novo concorrente na empresa para a qual se fornece material há mais de dez anos ou desenvolver o parafuso novo? As entradas e saídas têm a função de fazer o sistema interagir com outros sistemas, que formam o ambiente interno e externo da empresa. Quanto ao método, pode ser considerado a forma de operacionalizar o que está previsto na função da organização. Os métodos buscam facilitar o processo de criação da área de organização, sistemas e métodos (OSM), considerando que os processos representam um conjunto de atividades sequenciais, que mostraram relação lógica entre si, com a finalidade de atender e superar as carências e expectativas dos clientes externos e internos da empresa, sendo o método o verdadeiro controle, já que as atividades não produzem efeito sem controle. Controle pode ser visto como um modo de garantir o resultado esperado. Ele também possui a função corretiva e disponibilizadora de modelos. Isso favorece as regras de diferenciação entre empresas e a conveniência de levantar dados para implantar sistemas. Segundo Rocha (1998, p. 8): Define-se OSM como sendo a função mista de Organização e Planejamento, desenvolvendo-se na construção da estrutura de recursos e de operações de uma instituição, assim como na determinação de seus planos, principalmente na definição dos procedimentos, rotinas e métodos. Hoje a área de OSM é mais focada nos processos, abrangendo mais a estratégia; não planeja pela organização; os métodos são elaborados para alcançar os objetivos da organização, e auxiliam na melhoria dos procedimentos, tendo como objetivos primordiais eliminar o inútil ou desnecessário, maximizar os lucros e minimizar os custos. 16 Unidade I 1.2 Estruturação sistêmica da organização Chamamos de visão sistêmica conseguir enxergar e compreender o todo por meio da análise das partes que o formam, e entender como funcionam e se integram seus processos de obtenção, transformação e entrega de seus serviços, produtos e informações ao mercado e, principalmente, aos seus próprios clientes. Sistema é um conjunto de elementos interdependentes, que interagem de forma organizada para alcançar um objetivo. Existem distintas definições, porém a ideia de sistema compreende: • um conjunto de entidades chamadas de partes ou elementos; • a presença de alguma relação ou interação entre as partes. Os parâmetros (ou componentes) dos sistemas são: • Entrada (input): compreende os recursos físicos e abstratos de que o sistema é feito, incluindo todas as influências que ele recebe do ambiente. Essa importação de energia, informações ou materiais permite a renovação das organizações. • Processamento ou transformação (throughput): refere-se a como a organização transforma a energia disponível em resultados, ou seja, como ela processa seus insumos e os transforma em produtos e serviços. • Saída ou resultado (output): são os produtos do sistema (produtos e serviços para os clientes, salários e impostos, lucro dos acionistas, poluição etc.). As saídas devem ser coerentes com os objetivos visados pelo sistema e, justamente em razão da retroalimentação (parâmetro responsável pelo controle e monitoramento), devem ser quantificáveis, para avaliar se os resultados estão sendo obtidos de acordo com os critérios previamente fixados. • Retroalimentação (feedback): é o retorno da informação, a realimentação do sistema, que permite corrigir desvios ou ainda reforçá-lo. O feedback visa manter o desempenho de acordo com o padrão escolhido. Há dois tipos de retroação: positiva, que é a ação estimuladora da saída que atua sobre a entrada do sistema, assim a saída amplifica e reforça o sinal de entrada; e negativa, que é a ação intimidadora da saída que atua sobre a entrada do sistema, diminuindo o sinal de saída e também o sinal de entrada. • Ambiente (environment): é o conjunto de todos os fatores que possam ter alguma influência sobre a operação do sistema. As fronteiras de um sistema são as condições ambientais em que ele deve operar. Input Processamento Output Ambiente Feedback Figura 2 – Componentes dos sistemas 17 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Como conceito, Lacombe e Heilborn (2003) definem organização como um grupo de pessoas constituído para, de forma organizada, alcançar um objetivo, e oferecem um caminho que nem sempre possui o mesmo roteiro de entendimento e nem sempre alcança a mesma visão sobre esse assunto. Os autores adiantam ainda que é necessário ter noção clara de que tudo que nos cerca e nos oferece bens e serviços se constitui em uma organização. Assim, podemos afirmar que uma organização, ao cumprir suas atividades, oferece oportunidades diversas, em um estado de adaptação permanente. Daí a razão de uma organização estar em constante criação, fortalecendo um entendimento de ser uma reunião de comportamentos ou um sistema de comportamentos sociais interligado por seus participantes. A estrutura de uma organização é continuamente reinventada, pois afeta e é afetada pelo ambiente, tanto externo como interno, e pelos grupos, que fazem escolhas e criam valores e interesses. Assim, a organização é composta de esquemas interpretativos, preferências de valores e interesses de grupos, de acordo com as oportunidades oferecidas e influenciados pelas condições contrárias da organização e do ambiente. Então, se a estrutura adotada em uma organização não se mostra adequada, indivíduos podem fazer mudanças nos esquemas interpretativos e recriar a estrutura organizacional de acordo com seus significados. As organizações também vivem em ambientes institucionalizados que condicionam sua estrutura e desenvolvimento. Ideias sobre estilo de gerenciamento, formas de organização, tratamento de empregados e de clientes são institucionalizadas, quando forem moralmente sustentáveis, e manifestam-se como regras defendidas na estrutura formal. A fonte de legitimação para os arranjos estruturais de uma organização e seus processos está na esfera do ambiente institucional. Quanto à constituição, os tipos mais comuns de sistemas são: • Físicos ou concretos: coisas reais – equipamentos, objetos, hardware etc. • Abstratos: só existem no plano das ideias – conceitos, planos, filosofia, softwares etc. Quanto à interação com o ambiente: • Fechados: são herméticos, não trocam energia com o ambiente. A rigor, não existem sistemas fechados na acepção exata do termo. Essa denominação é dada aos sistemas cujo comportamento é rígido e que operam com pequeno intercâmbio com o ambiente. Conforme Rezende (2013, p. 26), em “sistemas empresariais fechados, não existem permutas daempresa com o meio ambiente externo que está a sua cerca, as mesmas são insensíveis e indiferentes a qualquer influência ambiental, não integrando-se ou interagindo com o mundo, inviabilizando sua existência”. • Abertos: apresentam relações de intercâmbio com o ambiente, são adaptativos, trocam matéria e energia regularmente, por inúmeras entradas e saídas. O sistema e o ambiente são inter-relacionados e interdependentes. A viabilidade ou sobrevivência de um sistema depende de sua capacidade de adaptação, mudança e resposta às demandas do ambiente externo. Conforme 18 Unidade I Rezende (2013, p. 27), em “sistemas empresariais abertos, existem permutas da empresa com o meio ambiente externo que está a sua volta. Essas permutas são dependentes e necessitam da influência ambiental externa, plenamente integradas e interagindo com o mundo, viabilizando sua existência e perenidade”. Quanto aos tipos de ambiente: • Estáveis e difusos: pouca competitividade, baixa complexidade e poucas mudanças. • Estáveis e concentrados: poucas mudanças, mas há mais organizações disputando espaço. • Instáveis e reativos: muitas mudanças e menor grau de diferenciação das organizações. • Turbulentos: muitas mudanças e grande complexidade e competição. Bertalanffy (1977) verificou que muitos princípios e conclusões de algumas ciências podem ser visualizados como sistemas, sejam eles físicos, químicos ou sociais. Em seu livro Teoria geral dos sistemas, apresenta o modelo do sistema aberto, entendido como um complexo de elementos em interação e em intercâmbio contínuo com o ambiente. Essa visão é claramente oposta à da Escola Clássica, principalmente se consideramos as pressuposições críticas à teoria da máquina: negligência quanto à organização informal, concepção da organização como um arranjo rígido, pouca importância do intercâmbio do sistema com seu ambiente e pouca atenção aos subsistemas e sua dinâmica na organização. Nessa proposição, Bertalanffy (1977) destaca uma série de pontos de vista que podemos considerar centrais: • Um sistema não vive isolado, é sempre parte de um todo. A organização é um conjunto social com partes autônomas e inter-relacionadas, no qual a mudança de uma parte provoca impacto sobre as outras. • Todas as partes estão inter-relacionadas, dando suporte a sua integridade, havendo dinamismo, capacidade de crescimento, mudança, adaptação ao ambiente e até autorreprodução sob certas condições ambientais. • Cada sistema tem seu espaço de existência e seus limites, que é a linha que define o que está dentro e o que está fora do sistema ou subsistema, e cada sistema é constituído de subsistemas interdependentes e, ao mesmo tempo, faz parte de um sistema maior. • Os sistemas são abertos, caracterizados por um processo de intercâmbio com o ambiente, influenciando e sendo influenciados por ele. • Como sistemas são interdependentes, as funções deles dependem de sua estrutura. 19 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO • Os múltiplos elos entre a organização e o meio ambiente tornam difícil a clara definição das fronteiras organizacionais. 1.3 Dado, informação, conhecimento e sabedoria Primeiro vamos entender os conceitos: • Dado: uma informação bruta são registros soltos, aleatórios, sem análise e que ainda não passaram por nenhum processo e nenhuma organização para serem utilizados. Existem dois tipos de dados: estruturados e não estruturados. Para dados estruturados, que são dados formatados, organizados em tabelas – linhas e colunas – e facilmente processados, geralmente é utilizado um sistema gerenciador de banco de dados para armazenar esse tipo de dado – um exemplo são os dados gerados por aplicações empresariais. Os dados não estruturados não possuem uma formatação específica e são mais difíceis de ser processados – por exemplo, e-mails, imagens, documentos de texto, mensagens em redes sociais. • Informação: é o dado já processado, a estruturação ou organização desse dado, em que já se tem algum tipo de organização, e será utilizado para qualquer tipo de conceito, tanto qualitativo como quantitativo. O conceito, a noção que temos de informação, é bem vago e intuitivo. Quando fazemos uma pergunta, estamos pedindo informação. Quando assistimos televisão, estamos absorvendo informação. Ao ler um jornal ou ao ouvir uma música, estamos lidando com algum tipo de informação. Até mesmo quando contamos uma piada estamos transmitindo informação (pode ser engraçada ou não, mas é uma informação). Não há uma definição clara que diga o que é e o que não é informação. • Conhecimento: dá-se a partir do momento em que a pessoa passa a utilizar a informação adquirida, por meio da interpretação, transformando-a em conhecimento. Para o filósofo grego Platão, em sua obra A república (2012, p. 257), o conhecimento é aquilo que é necessariamente verdadeiro, “o conhecimento do que elas são realmente”. O conhecimento intelectual é o raciocínio, o pensamento do ser humano. Dessa forma, ele é a informação processada e transformada em experiência pelo indivíduo. O conhecimento é a capacidade que, adicionado o processamento da informação ao repertório individual, nos permite agir e prever o resultado dessa ação, que modifica nosso comportamento e relacionamento com o meio. • Sabedoria: é a capacidade do homem de conhecer seus erros e corrigi-los, e de colocar em prática o que apresenta de conhecimento, tanto na vida pessoal como na profissional. A sabedoria é a capacidade para julgar corretamente quando, como, onde e com que objetivo se aplica o conhecimento adquirido. É um conceito que apresenta também um componente cultural e de tradição – muitas vezes, culturas diferentes dão origem a tipos distintos de sabedoria. A palavra sabedoria provém do grego sophia e significa “inteligência plena”, isto é, excelência mental no sentido mais pleno, e inclui não apenas o conhecimento, mas também a habilidade e o julgamento para aplicar tal conhecimento às circunstâncias e situações da vida, pois só o conhecimento não garante a atitude correta nem conclusões acertadas. 20 Unidade I Muitas vezes, a implantação da informática em organizações ocorre de forma gradual. Inicialmente, apenas determinadas funções são automatizadas e, à medida que o uso da informática vai se estabelecendo, novas funções vão sendo informatizadas. Ao longo da história, a forma de estocagem e o acesso à informação foram variando. Na Idade Média, o principal capital intelectual encontrava-se nas bibliotecas dos conventos. A partir da Idade Moderna, graças ao nascimento da imprensa, os livros começaram a ser impressos em série e, logo depois, surgiram os jornais. No século XX, apareceram os meios de comunicação de massa (televisão, rádio) e as ferramentas digitais resultantes do desenvolvimento da internet. A ciência leva em conta que, para alcançar o conhecimento, é preciso seguir um método. A forma sistemática de criar conhecimento tem duas fases: • a pesquisa básica, durante a qual se avança na teoria; • a pesquisa aplicada, durante a qual se aplica a informação. De acordo com Fleury (2002, p.139): é possível distinguir dois tipos de conhecimento: o explícito e o tácito. O conhecimento explícito, ou codificado, refere-se ao conhecimento transmissível em linguagem formal, sistemática, enquanto o conhecimento tácito possui uma qualidade pessoal, tornando-se mais difícil de ser formalizado e comunicado. Sempre que o conhecimento se pode transmitir de um sujeito para outro por meio de uma comunicação formal (um manual ou uma informação escrita, por exemplo), fala-se em conhecimento explícito. Se o conhecimento for difícil de comunicar e de relacionar com experiências pessoais ou com modelos mentais, fala-se então em conhecimento tácito ou implícito (a comunicação falada, por exemplo). Por sua natureza subjetiva, é complicado formalizar o conhecimento tácito, como nos explica Lara (2004, p. 31), pois ele “é dinâmico e somente pode ser acessado por meio de colaboração diretae de comunicação com pessoas que detêm o conhecimento [...] é adquirido principalmente pela educação formal e envolve conhecimento dos fatos”. Nonaka e Takeuchi (1997) afirmam que os ocidentais tendem a dar maior ênfase ao conhecimento explícito por se revelar mais a importância do conhecimento formalizado. Como sugerem os autores (1997, p. 286), cabe às instituições que almejam sucesso juntar o mais razoável dos dois mundos: “a atenção ao lado menos formal do conhecimento pelos japoneses, e a utilização das tecnologias da informação pelos ocidentais”. A informação permite resolver problemas e tomar decisões, tendo em conta que o seu uso racional é a base do conhecimento. Os dados são percepcionados pelos sentidos e, uma vez integrados, acabam por gerar a informação necessária para produzir o conhecimento. Considera-se 21 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO sabedoria a capacidade para julgar corretamente quando, como, onde e com que objetivo se aplica o conhecimento adquirido. 1.4 Indicadores empresariais e a informação A busca contínua por melhoria no desempenho corporativo leva as companhias a investir na geração de indicadores de desempenho. A concorrência viva, as mudanças constantes do mercado, o ingresso de novas tecnologias e a maior exigência por parte do público consumidor compõem barreiras a serem vencidas por meio do aumento do desempenho organizacional. Um atendimento de excelência e estratégias de relacionamento com o cliente, inovar e criar formas de atender às carências dos consumidores exigem alta capacidade de análise das ações da empresa, o que nos leva à famosa frase “Medir é importante: o que não é medido não é gerenciado” (KAPLAN; NORTON, 1997, p. 21). Conforme os mesmos autores (2000, p. 118): “o que é medido é conseguido”. Assim, o importante para o gestor é aquele número, acompanhado diariamente, que permite alertá-lo sobre eventual notícia ruim e mostra os pontos de fragilidade da estratégia adotada, em vez do número que mostra o quanto a empresa é competente. Um sistema de medição de desempenho não pode ser apenas o mensageiro de notícias convenientes. Precisa ser também o comunicador dos problemas, dos pontos de processo com maior risco de irregularidades, ou seja, o que está fora do padrão do desempenho estipulado. Assim, temos que administrar é governar pela exceção. Conforme Rezende (2013, p. 18): Num nível mais concreto, os indicadores devem ser entendidos como variáveis. Uma variável é uma representação operacional de um atributo (qualidade, característica, propriedade) de um sistema. A variável não é o próprio atributo ou atributo real, mas uma representação, imagem ou abstração deste. O quão próximo esta variável se aproxima do atributo próprio ou reflete o atributo ou a realidade, e qual o seu significado ou qual a sua significância e relevância para a tomada de decisão, é consequência da habilidade do investigador e das limitações e propósitos da investigação. Desta forma, qualquer variável e consequentemente qualquer indicador, descritivo ou normativo, tem uma significância própria. Lembrete As medidas de produtividade são como estatísticas de acidentes: informam tudo sobre o número de acidentes em casa, na estrada, no local de trabalho, mas não dizem como reduzir a frequência deles. Não adianta um monte de indicadores sem saber como utilizá-los. Uma das atribuições dos indicadores de desempenho é promover o correto alinhamento estratégico entre setores. 22 Unidade I Imaginando que um dos objetivos prioritários da organização seja reduzir o índice de rejeição dos produtos de 45% para 20%, cabe a cada setor reconhecer em suas funções como cooperar para atingir essa meta e desenvolver ações efetivas para o alcance de tal resultado. Caso a empresa não comunique esse objetivo a todos, como um desafio a ser superado em grupo, pode ser que o setor de vendas fique focado apenas no número de vendas e não dê a devida atenção ao prazer do cliente durante o processo de compra, o que afeta no trabalho de retenção e no aumento das estimativas de verbas de marketing para captar contatos de possíveis consumidores, por exemplo. Quando existe formação estratégica dos indicadores de desempenho, esses cenários não ocorrem, pois todos estão cientes da prioridade da empresa no momento. Quando o trabalho de cada pessoa passa a ser direcionado ao que a empresa espera como resultado – o trabalho em equipe –, a conquista das metas estipuladas é facilitada. 1.4.1 Aumento da eficiência Eficiência é atingir o resultado com o mínimo de perda de recursos versus a produtividade da equipe. Ela possui foco interno e refere-se aos custos envolvidos. Ocorre quando algo é realizado da melhor maneira possível com menos desperdício ou em menor tempo. Eficácia diz respeito a chegar ao destino. É expressa pelo alcance de metas independentemente dos custos implicados. Possui foco externo e refere-se aos resultados. Podemos entender a eficácia como a ação que produz os efeitos desejados. A efetividade consiste em fazer o que tem que ser feito, atingindo as metas traçadas e utilizando os recursos da melhor forma possível. É a capacidade de fazer uma coisa (com eficácia) da melhor maneira possível (com eficiência). Por sua vez, a produtividade depende da qualidade das tecnologias utilizadas e da agilidade com que os processos são executados. É a relação entre os meios, os recursos utilizados e a produção final. Nesse sentido, o acompanhamento dos indicadores de desempenho pode contribuir de diversas formas. Controle é a forma pela qual é medido o resultado de um processo, comparando-o com um valor desejado e atuando de forma a alterar esse resultado, medindo-o novamente, e assim sucessivamente. Ao controlar os processos da empresa, como a capacidade produtiva, o número de produtos por hora, a ociosidade de máquinas, entre outros indicadores, detectam-se gargalos e, a partir daí, pode-se agir efetivamente para eliminá-los. Pequenas mudanças na empresa podem trazer grandes ganhos, como o simples arranjo de mesas de modo que o acesso à impressora fique mais fácil. No setor de contabilidade, por exemplo, pode-se adotar um sistema de gestão fiscal que permita importar o arquivo XML das notas fiscais eletrônicas emitidas pela empresa, reduzindo consideravelmente o tempo despendido no lançamento fiscal desses documentos, já que a automação de processos e a consequente eliminação de tarefas burocráticas tornam a equipe mais produtiva. 23 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Observação A nota fiscal eletrônica (NF-e) foi criada como uma das prerrogativas do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), para substituir a versão de papel das notas fiscais. Saiba mais Para conhecer um pouco mais sobre a implantação da NF-e 4.0, consulte: SISTEMA NOTA FISCAL ELETRÔNICA. Nota Técnica 2019.001: criação e atualização de regras de validação. Versão 1.00. Abr. 2019. Numa fábrica de móveis, isso se reflete em uma produção maior, o que aumenta a capacidade de vendas e também reduz o custo de produção. Numa empresa de serviços, mais clientes poderiam ser atendidos em menos tempo, elevando a satisfação dos consumidores. 1.4.2 Indicadores estratégicos, táticos e operacionais O planejamento estratégico tático e operacional por meio de indicadores de desempenho serve para detectar padrões e tendências na sua área de atuação, o que pode se converter em novas oportunidades de negócio. O estabelecimento de um sistema de gestão de indicadores de desempenho tem duas finalidades: planejar e controlar o destino da organização. Quando não se tem acesso a dados, as decisões acabam baseadas em presságios que nem sempre estão corretos. Foi o que aconteceu com empresas como a Kodak, que não acreditou na evolução do mercado e acabou falindo por comercializar um produto obsoleto, a máquina fotográfica com revelação do filme em papel. Observação A primeira máquina fotográfica digital foi inventada por Steve Sasson em seu laboratório na EastmanKodak Company e foi mostrada para executivos da Kodak em 1976 com o nome de “fotografia sem filme”, mas a ideia não vingou, pois, na época, provavelmente a possibilidade de fazer fotografia sem filme não deve ter animado os executivos da maior fabricante de filmes e produtos químicos para fotografia. 24 Unidade I Os indicadores são compostos de: • Índice: representa a unidade de medida dos indicadores. • Referencial comparativo: índice utilizado como padrão de comparação com outros indicadores, internos ou externos. • Meta: índice definido como ponto a ser alcançado em um futuro determinado. As metas são constituídas por três componentes: objetivo, valor e prazo. • Fórmula de obtenção do indicador: metodologia utilizada para que o índice seja acurado. O planejamento estratégico, tático e operacional deve determinar o que se espera para o futuro da empresa e, na sequência, monitorar os dados para ver se a empresa continua no caminho certo. Por exemplo, em uma viagem a passeio ou a trabalho, sabe-se onde se está (a origem) e aonde se quer chegar (o destino). Definidos esses dois pontos, de partida e de chegada, será preciso determinar como chegar (o trajeto) e os pontos de parada, para abastecer, alimentar-se e, depois, seguir adiante. Isso deve ser dimensionado em um prazo exequível, levando em consideração todas as variáveis que podem interferir no deslocamento. 1.4.3 Indicadores estratégicos Indicadores estratégicos são subordinados ao planejamento estratégico da empresa e delimitam seu futuro, além dos dez ou até mesmo vinte anos. Por isso, estão ligados à missão e à visão da empresa. A missão é o propósito de existir da empresa e diz os motivos pelos quais ela foi criada. A visão representa o que a organização quer ser no futuro. Lembrete A missão da empresa pode ser imutável; a visão, não, pois, quando se alcança determinado objetivo, pode-se estabelecer outros. Os indicadores estratégicos são relacionados em análises iniciais das condições interna e externa da empresa: • Internamente, questões como modelo de negócio, diferenças da empresa em relação à concorrência, sua capacidade de inovação e capital intelectual são avaliadas. • Externamente, são analisados os concorrentes, a situação econômica do país, políticas da área de atuação da empresa, legislações e outras variáveis que atingem sua atividade. Há uma série de ferramentas para ajudar no diagnóstico da empresa e na definição dos indicadores estratégicos. Uma delas é a análise SWOT, acrônimo de strengths, weaknesses, opportunities e threats, 25 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO ou, em português, análise FOFA (forças, oportunidades, fraquezas e ameaças), categorizando onde é necessário melhorar para atingir um desempenho maior. Também há outras ferramentas, como as cinco forças de Porter (Michael Porter), que estabelecem: • Novos entrantes: empresas que estão entrando para disputar o mercado com sua empresa, com o mesmo produto, utilizando estratégias de mais por menos, ou mais por mais. A Bic entrou no mercado com o produto gel para barbear, cobrando preços menores que a Gillette, única detentora desse mercado até então. • Novos produtos: empresas que já estão no mercado, que desenvolvem novos produtos substituindo o produto que você produz. Durante o “apagão”, foi liberada a importação de lâmpadas eletrônicas, produto mais eficiente que as lâmpadas incandescentes, embora por preços maiores. Um novo produto, com a mesma finalidade, ainda que por preços maiores. • Poder dos clientes: o poder de compra e de influência dos clientes no seu mercado. A China atualmente é um mercado monopsônico, controlando algumas fontes disponíveis de matérias-primas, como minério de ferro e soja em grãos. Se o mercado não atender a China, restam pouquíssimos mercados que possam adquirir esses produtos, de forma constante. • Poder dos fornecedores: o poder dos fornecedores no mercado e na sua empresa. Verifiquemos a situação das concessionárias de automóveis, que trabalham exclusivamente dependendo de um único fornecedor, a indústria automobilística que representam. Em não havendo acordo de compra e venda, facilmente a representada (indústria) pode retirar do representante (concessionária) a representação de compra e venda da marca. • Empresa e rivalidade entre os concorrentes: a análise de suas forças e fraquezas (análise interna), suas oportunidades e ameaças (análise externa), sua inserção no mercado e sua capacidade de gerar resultados. Novos entrantes EmpresaFornecedores Clientes Novos produtos Figura 3 – As cinco forças de Porter Uma vantagem competitiva é criada ou mantida por uma companhia que tem sucesso em agregar valor para os clientes de maneira significativamente melhor que seus concorrentes. De acordo com Michael Porter (1991), a vantagem competitiva pode ser criada adotando-se uma ou mais das seguintes estratégias: 26 Unidade I • Custo: uma empresa que consegue baixos custos de produção poderá reduzir seu preço final para cativar os clientes. Os concorrentes com custos mais altos não poderão competir com a líder em custos mais baixos e com preço final mais baixo. • Diferenciação: algumas empresas criam vantagem competitiva ao distinguir seu produto com características importantes para seus clientes. Vantagens exclusivas para os clientes podem justificar diferenças de preço (conhecidos como preço premium), qualidade, imagem e garantia para estimular a demanda. • Inovação: produtos ou serviços exclusivos conseguidos com mudanças nos processos empresariais podem provocar mudanças fundamentais na forma de um setor atuar. • Aliança: a formação de novas alianças com clientes, fornecedores, antigos concorrentes, consultores e outras concentrações de empresas (cluster) pode criar vantagem competitiva. Vamos usar exemplos de indicadores de desempenho nas empresas: digamos que a visão organizacional da empresa seja “ser líder mundial no mercado de cafés orgânicos”. A premissa básica é saber quem é o atual líder desse mercado e qual posição a sua empresa ocupa. Imaginando que sua empresa seja a terceira colocada nesse ranking e que precise aumentar a participação de mercado em 15% para se tornar líder, então um dos indicadores estratégicos será o de participação de mercado (market share). Agora, o que se tem a fazer é determinar em quanto tempo a empresa deve crescer esses 15% para ficar na dianteira das oportunidades. Lembrete Os indicadores estratégicos são de longo prazo, isto é, objetivos a serem alcançados em dez anos ou até vinte anos. Muitas vezes o imediatismo nos faz crer que estamos muito atrás dos nossos concorrentes, mas é preciso avaliar o tempo que estamos no mercado e a maturação da empresa. Os indicadores que são estratégicos hoje podem não ser amanhã; portanto, é necessário tolerância com o planejamento. As metas estipuladas podem se revelar impossíveis de atingir ou ainda o cenário econômico pode mudar de tal forma que as prioridades sejam invertidas. Esse conhecimento é fundamental para não se prender a indicadores que não reflitam mais a necessidade da empresa. 1.4.4 Indicadores táticos Depois de saber o que a empresa quer para, no mínimo, os próximos dez anos, o próximo passo é determinar como cada área vai contribuir para que esses objetivos sejam atingidos. São então identificadas as metas gerenciais, de médio prazo. 27 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO O planejamento tático corresponde a um plano de ação a ser levado a cabo num prazo de dois a cinco anos e deve estar completamente alinhado ao planejamento estratégico. Repetindo o exemplo anterior, suponhamos que o objetivo da empresa, a longo prazo, seja tornar-se líder mundial no mercado de cafés orgânicos. No nível tático, deve-se questionar o que pode ser feito para que esse objetivo seja atingido. Primeiro, aumentar a produção de modo que ela atenda à demanda; segundo, contratar uma equipe de vendedores maior; e assim por diante. A partir dessas ações, também se definemas metas e os indicadores que permitam acompanhar o desempenho da empresa no nível tático. Esta é a grande chance de execução dos grandes objetivos da organização. Lembrete Os indicadores táticos são de médio prazo, podendo a meta estabelecida ser perseguida pelos próximos dois ou até mesmo cinco anos. Tudo depende dos objetivos da organização e da capacidade de execução da sua equipe. Tomando como exemplo o indicador estratégico de aumento de 15% no faturamento da empresa, o que a gerência deve se perguntar é: como atingir esse objetivo a partir da minha gerência? Então, listar as metas e os respectivos indicadores. Por exemplo: • elevar o número de vendedores de seis para doze profissionais; • garantir 100% de taxa de resposta às dúvidas de leads (potencial do consumidor que demonstrou interesse em consumir o seu produto ou serviço) nos diversos canais de comunicação da empresa; • reduzir o tempo médio de atendimento ao cliente de uma hora para trinta minutos; e assim por diante. 1.4.5 Indicadores operacionais Os indicadores operacionais também são chamados de curto ou curtíssimo prazo, geralmente diários, semanais ou mensais. Eles estão estreitamente ligados aos processos e à operação da empresa como um todo. Os indicadores operacionais são atribuídos às pessoas, envolvendo cada colaborador da empresa de modo que ele contribua para os objetivos estratégicos da organização. Imaginando um operário da linha de embalagem de cafés, podemos atribuir a ele indicadores como número de embalagens cheias por hora, que seria um indicador de produtividade. Um plano operacional alinhado à estratégia é um forte associado à sua execução, garantindo a conclusão dos planos de médio e longo prazo. 28 Unidade I Os indicadores operacionais darão sustentação às metas gerenciais; portanto, devem estar em concordância com os desafios propostos às gerências. Seguindo nosso exemplo anterior, nos indicadores operacionais, podemos ter: • número de atendimentos realizados por hora, por vendedor; • tempo médio de atendimento por canal de comunicação; • índice de satisfação do consumidor; • número de produtos fabricados por hora, por pessoa; • prazo médio de entrega das mercadorias ao consumidor final. Um problema é se, nos indicadores de vendas que estão sendo acompanhados, se nota uma queda constante na procura pelo produto que é o carro-chefe da companhia e um aumento também constante na demanda por outro produto da mesma empresa. Nesse caso, pode-se inverter a estratégia de marketing, procurar entender o que ocasionou essa mudança repentina e, assim, traçar um novo plano de ação para a organização. Lembrete Os indicadores operacionais são de curto prazo e podem ser medidos diária, semanal ou mensalmente. Um sistema de gestão de indicadores de desempenho não se faz sozinho. É preciso um esforço conjunto de todos os envolvidos para que a empresa meça os dados corretamente e tenha subsídios para tomar decisões que a levem a atingir seus objetivos estratégicos. 1.4.6 Método Smart Ao adotar as melhores práticas para medição de resultados, temos a maneira mais eficaz de integrar a cultura da gestão por indicadores de desempenho e obter o melhor que a empresa pode gerar. Esse deve ser o objetivo ao se determinarem os indicadores estratégicos, táticos e operacionais de desempenho, com o uso do método Smart para definir os indicadores de desempenho que permitem que as atenções sejam direcionadas àquilo que é realmente importante para a empresa. Saber quantas pessoas entram em contato com o setor de vendas não é tão relevante quanto identificar quais desses contatos são realmente qualificados. Quando esses indicadores forem definidos, é preciso ter certeza de que eles refletem o resultado que a empresa espera obter. 29 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Visão Missão Objetivos Estratégias Táticas Planos de ação Figura 4 – Pirâmide de estratégia O método Smart, criado por Peter Drucker, é um acrônimo, uma palavra formada pelas iniciais dos termos, em inglês: specific (específico), measurable (mensurável), attainable (atingível), relevant (relevante) e time-based (temporal). Vejamos um pouco mais sobre esse acrônimo que dá nome ao método, segundo Patel (s.d.): • Specific (específico): é errado definir “aumentar as vendas” como meta, mas é correto estipular “aumentar as vendas em 5% em dois anos”. Veja algumas questões que ajudam nessa definição: — O que se espera alcançar com essa meta? — Por que ela é importante? — Quem será responsável por ela? — Onde serão realizadas ações em prol da meta? — De que forma ela será alcançada? — Quais requisitos e/ou restrições serão parte do processo? Identifique-os. • Measurable (mensurável): mensurar dados apenas para mostrá-los às pessoas e cobrar o que não foi concretizado não favorece a empresa a chegar aonde tenciona. Quando os indicadores se tornam motivo de pressão, a tendência é que a empresa sofra uma grave crise interna de autoconfiança. Imagine que o objetivo é posicionar sua empresa como líder do segmento em que atua. Essa é uma meta específica, certo? Mas talvez ela não seja mensurável. Afinal, existe algum ranking idôneo que faça a análise de participação do mercado? E se não houver, como descobrir qual sua posição atual e quem são os principais adversários nessa disputa? Vamos para algumas questões que ajudam nessa definição: — Qual resultado é esperado com a meta? — Como esse resultado pode ser medido? — Em quanto tempo ele deve ser atingido? — Qual o custo? — Como saber quando está concluído? 30 Unidade I • Attainable (atingível): agora, vem aquela que talvez seja a parte mais óbvia das metas Smart, mas nem por isso pode ser deixada em segundo plano. Ao definir um objetivo atingível, você deve separar a fantasia da realidade. Ou seja, sua missão aqui é estabelecer algo viável, que pode ser alcançado; que os esforços devem compreender objetivos que estejam ao alcance da sua equipe e empresa. Nessa análise, considere os seguintes pontos: — Do ponto de vista financeiro, a meta parece realizável? — Em termos de estrutura, incluindo recursos humanos, é necessário e possível realizar investimentos em função da meta? — O que pensam aqueles diretamente envolvidos no esforço exigido pela meta? — Algo semelhante já foi tentado anteriormente? — Quais foram os resultados? • Relevant (relevante): para definir uma meta relevante, vale voltar na definição da meta específica, nesta pergunta: por que ela é importante? A relevância do objetivo traçado tem relação total com a motivação em alcançá-lo. E isso vale não apenas para o gestor, mas para todos os envolvidos, principalmente aqueles na linha de frente do processo. Assim, quando definir uma meta relevante, considere as seguintes questões: — Como a empresa será afetada pela meta? — A meta é vista como importante por todos os envolvidos? — O momento é oportuno para ir em busca da meta? — Há precedentes que podem ser prejudicados por essa meta? • Time-based (temporal): neste caso, você precisa determinar em quanto tempo a meta estará realizada. Assim, para cumprir com o último dos atributos das metas Smart, volte as atenções ao calendário: uma meta sem prazo de efetivação oferece um atalho para o adiamento. O melhor a fazer é definir um cronograma com uma previsão de datas para cada uma das tarefas que forem previstas no plano de ação. No quadro a seguir, vejamos um exemplo de um cronograma de ações, com prazos e responsáveis pelo gerenciamento da tarefa e com a meta hipotética que compreende aumentar o número de visitas ao site da empresa de café orgânico, passando de dez mil/mês para trinta mil/mês em um ano, convertendo visitas em vendas. 31 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Quadro 1 – Exemplo de metas Ação Prazo Responsável Definir orçamento de marketing Até 5/7 Departamento de Marketing Avaliar mudanças no site Até 10/7 Fernando Contratar consultoria de search engine optimization (SEO) Até 15/7 Flávio Planejar novos conteúdosno blog Semanalmente Felipe Produzir duzentos artigos para o blog Quatro por semana Filomena Criar fanpage no Facebook Até 20/8 Fábio Definir estratégia de links patrocinados Até 20/8 Fabíola Acompanhar métricas do site Diariamente Fabrício Observação SEO, também conhecido como otimização de sites, é uma forma de aumentar os acessos do site por meio de um conjunto de técnicas e estratégias que permitem que um site melhore seu posicionamento nos resultados orgânicos dos mecanismos de busca, como Google, por exemplo. Imagine o gestor reunindo sua equipe e dando um aviso: “Nós precisamos bater nossas metas e vender mais!”. Só que ninguém na empresa sabe quais são as metas. E quando não se sabe o destino, qualquer ponto de chegada serve. Você precisa estabelecer quais são as metas e os prazos máximos para a conclusão delas. Sem uma previsão de tempo vinculada à sua meta não haverá senso de urgência para realizá-la. A previsão de prazos motiva as pessoas a partir para a ação e tirar as ideias do papel. Procure não ser tão rigoroso com isso, pois pode gerar o efeito inverso e acabar por não realizar nada. Estabeleça prazos flexíveis e realistas para que você mantenha a consistência em suas ações. E lembre-se de que a ideia principal, neste momento, é: você precisa agir, precisa se movimentar. O esforço necessário para ultrapassar essa zona de conforto pode sabotar suas intenções. A solução é sempre começar pela ação que seja o mais simples possível. Você pode fazer um tipo de engenharia reversa da meta, com a análise do resultado final que você deseja, e ir retrocedendo todos os passos e etapas necessários para que o projeto tenha sucesso. Acompanhe, no exemplo a seguir, uma meta determinada por uma empresa para a área de Recursos Humanos e Departamento de Vendas: contratar vinte novos vendedores em 120 dias. Essa meta atinge os objetivos Smart, pois ela é: 32 Unidade I • Específica: estabelece o total de vendedores que se pretende admitir (vinte vendedores novos). • Mensurável: conhecendo o número atual de vendedores na equipe, é possível mensurar o total de funcionários incorporados no prazo. • Atingível: se a empresa fez os cálculos das contratações. • Relevante: para a empresa, significa maior faturamento. • Temporal: estabelece 120 dias para sua realização. É interessante usar os indicadores para identificar pontos de melhoria e chegar à raiz de problemas que devem ser solucionados. Deve-se considerar tê-los como agentes de mudança organizacional, como motivadores para que o time se sinta capaz de superar as barreiras e atingir níveis cada dia maiores de excelência. 1.4.7 Tecnologia para aperfeiçoar a gestão de indicadores A pequena empresa pode começar com poucos indicadores de desempenho, mas à medida que a organização vai crescendo, o número de indicadores aumenta extraordinariamente, e com isso a necessidade de planejar e controlar processos, pessoas e variáveis internas e externas. E fazer tudo isso à mão fica impraticável. Por isso, uma das práticas que podemos orientar é o uso de tecnologias da informação que auxiliem a identificar, mensurar e analisar os indicadores da empresa. Uma delas é o sistema de gestão do desempenho. Um sistema de gestão do desempenho é uma solução completa, que ajuda desde o planejamento estratégico até a desagregação deste nos planos tático e operacional. Com ele, a empresa é capaz de estruturar suas estratégias e constatar quais são os indicadores mais importantes para cada circunstância, ilustrando os resultados de forma gráfica, obtendo uma visão completa do desempenho organizacional. A associação do sistema de gestão do desempenho com outras ferramentas de gestão empresarial, como customer relationship management (CRM) – traduzido como gestão do relacionamento com o cliente – e enterprise resource planning (ERP) – traduzido como planejamento de recursos empresariais –, traz maior segurança às decisões da companhia, comparando dados de diversas fontes para uma análise mais completa. Além disso, com uma solução como o sistema de gestão do desempenho, a empresa se torna mais produtiva, eliminando as tarefas repetitivas e o tempo dedicado a análises de planilhas e outros documentos que proliferam no ambiente corporativo. Uma gestão baseada em resultados só traz benefícios se houver comprometimento de todas as partes, o que requer uma comunicação de duas vias. Os colaboradores precisam se sentir à vontade tanto para questionar um indicador quanto para propor mudanças. 33 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Finalmente, não se deve esquecer de partilhar todas as conquistas. Quando um objetivo for atingido, isso deve ser comunicado a todos os colaboradores, deve ser celebrado, e os devidos agradecimentos devem ser feitos a todos os que fizeram parte do processo. O sucesso de uma empresa vem do esforço conjunto de todos, e o reconhecimento é fundamental para manter o time envolvido com os subsequentes desafios. 1.5 Classificação de sistemas Segundo Chiavenato (1998), toda mudança representa o processo de transformação, perturbação, interrupção, de forma a caracterizar uma transição de uma situação para outra diferente, ou seja, implica novos caminhos, novas abordagens e novas soluções, que podem acontecer de forma gradativa e constante, assim como rápida e impactante. De acordo com o mesmo autor, “ela rompe o estado de equilíbrio alcançado na situação anterior e o substitui por um estado de provisoriedade, de tensão, de incômodo” (CHIAVENATO, 1998, p. 24-25). Ou seja, toda mudança implica mexer com sua zona de conforto. Com efeito, não existe uma classificação inflexível, permitindo aos autores e principalmente às empresas classificar seus sistemas de diversas maneiras. Podemos dizer que temos quatro tipos principais de sistemas que atendem a diversos níveis organizacionais: • Sistemas do nível operacional (SNO): dão suporte à área operacional em operações rotineiras, como vendas, compras, contas bancárias, fluxos de matérias-primas etc., e são chamados de sistemas de processamento de transações (SPTs), que são os sistemas integrados que atendem ao nível operacional, realizando transações rotineiras, e têm como objetivo coletar, armazenar, processar e distribuir dados das diversas transações realizadas na empresa. É por meio deles que os gerentes controlam as operações internas e externas à empresa. Se deixarem de funcionar, podem causar prejuízos a outras empresas e para a própria organização. Atendem a cinco categorias funcionais: vendas/marketing, fabricação/produção, finanças/contabilidade, compras/fornecedores e recursos humanos. • Sistemas do nível de conhecimento (SNC): são operações de apoio na tomada de decisões. Envolvem a automação de escritório a fim de controlar o fluxo de documentos. Coordenam e comunicam diversas unidades da empresa, seus colaboradores e fontes externas, como clientes e fornecedores. Esses sistemas manipulam e gerenciam documentos e comunicação, envolvendo, além de textos, planilhas e gráficos. Hoje esses documentos são publicados digitalmente para facilitar o acesso e distribuição de informações. • Sistemas de informação gerenciais (SIG): atendem atividades de controle, tomada de decisões e procedimentos administrativos dos gerentes médios, e dão suporte ao nível gerencial por meio de relatórios, processos correntes, apoiando o planejamento, controle e decisão; dependem dos sistemas de processamento de transações (SPTs) para aquisição de dados, resumindo operações e dados básicos periodicamente. 34 Unidade I • Sistemas de nível estratégico (SNE): chamados de sistemas de apoio ao executivo (SAE), ajudam a alta direção da empresa a enfrentar problemas e o curso das tendências, tanto no ambiente externo como interno da empresa, ajudando os executivos a criar estratégias de longo prazo para acompanhar as tendências do mercado. Possuem fácil comunicação e interface amigável. Inicialmente, os sistemas classificam-se, em relação a sua origem,
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