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SOUZA CAUE_ TCC corrigido

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ 
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA ARTE 
FACULDADE DE MÚSICA 
LICENCIATURA PLENA EM MÚSICA 
 
 
 
CAUÊ DE SOUZA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
O FORRÓ CASTANHALENSE: estudo de caso a partir da performance da cantora Thaís 
Porpino em Castanhal-PA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BELÉM – PA 
2021
CAUÊ DE SOUZA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O FORRÓ CASTANHALENSE: estudo de caso a partir da performance da cantora Thaís 
Porpino em Castanhal-PA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao 
Curso de Licenciatura em Música do Instituto 
de Ciências da Arte da Universidade Federal do 
Pará, como requisito parcial à obtenção do 
título de licenciado pleno em Música. 
 
Orientadora: Dra. Liliam Cristina Barros Cohen. 
 
 
 
 
 
 
 
BELÉM – PA 
2021
CAUÊ DE SOUZA SILVA 
 
 
 
 
O FORRÓ E CASTANHALENSE: estudo de caso a partir da performance da cantora Thaís 
Porpino em Castanhal-PA. 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao 
Curso de Licenciatura em Música do Instituto 
de Ciências da Arte da Universidade Federal do 
Pará, como requisito parcial à obtenção do 
título de licenciado pleno em Música. 
 
 
Aprovada em: ______/ ______/ ______ 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
 
______________________________ 
Dra. Liliam Cristina Barros Cohen 
Universidade Federal do Pará – UFPA 
 
 
 
 
______________________________ 
Dra. Ana Luiza Coutinho Da Silva Leal 
Universidade Federal do Pará – UFPA 
 
 
 
______________________________ 
Dra. Sonia Maria Moraes Chada 
Universidade Federal do Pará – UFPA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BELÉM – PA 
2021 
 
RESUMO 
 
Este trabalho, trata-se de um artigo sobre a juventude e o forró, no qual consiste em um estudo 
de caso da cantora Thaís Porpino. Nesse sentido, para a pesquisa foram coletadas informações 
bibliográficas e entrevistas com a artista, com os fãs e com o líder do grupo “Forró do Didi”. O 
gênero musical forró é de origem nordestina, contudo, ganhou espaço pelo Brasil, a partir da 
influência de cantores marcantes, a exemplo, Luiz Gonzaga. Nesse sentido, o ritmo tornou-se 
uma manifestação artística conhecida nacionalmente. Sob esse viés ideológico, o presente 
trabalho justifica-se por considerar as estratégias utilizadas pela reconhecida cantora 
castanhalense, Thaís Porpino, para preservar o ritmo musical em voga. Outrossim, o objetivo 
deste trabalho é analisar a presença dos jovens na manifestação musical. Para isso, dentre os 
resultados apreendidos, consideramos os incentivos à prática forrozeira, as apreciações e as 
audições, dentro dos sentimentos e afetos que desenvolvem a atenção e a escuta interna de 
artistas, públicos, professores de música, produtores e empresários do ramo artístico. Portanto, 
ao analisar a entrevista, nota-se que as composições do gênero musical forró, retrata temáticas 
cotidianas do eu lírico. Além disso, constata-se a forte influência musical nordestina, na cidade 
de Castanhal, assim como, observa-se a importância da juventude no processo de mudança do 
ritmo e composição das canções. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Forró; Cultura; Sentimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 
2 JUVENTUDE E O FORRÓ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 
3 O FORRÓ NO MUNICÍPIO DE CASTANHAL: UM 
ESTUDO D CASO 
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 
3.1 ANÁLISE DO ESTUDO DE CASO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 
 
 
7 
1 – INTRODUÇÃO 
 
Este trabalho tem como objetivo investigar os resultados da pesquisa sobre como a 
juventude interage com o forró nos shows da cantora Thais Porpino. Para esse fim, foi 
necessário analisar informações sobre o Forró e seus subgêneros; Verificar como se deu os 
primeiros contatos da juventude com o forró; e Averiguar os subgêneros, de forró, preferidos 
da juventude. 
O gênero musical forró é de origem nordestina, contudo, ganhou espaço pelo Brasil, a 
partir da influência de cantores marcantes, a exemplo, Luiz Gonzaga. Nesse sentido, o ritmo 
tornou-se uma manifestação artística conhecida nacionalmente. Sob esse viés ideológico, o 
presente trabalho justifica-se por considerar as estratégias utilizadas, pela reconhecida cantora 
castanhalense, Thaís Porpino, para preservar o ritmo musical em voga. 
A pesquisa foi desenvolvida a partir da metodologia qualitativa, haja visto que os 
objetivos e a forma de abordagem atendiam a expectativa do trabalho. Quanto aos objetivos, é 
caracterizada como pesquisa exploratória, pois: “tem como objetivo proporcionar maior 
familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses” 
(GIL, 2007, p. 41). Quanto aos procedimentos, a pesquisa é bibliográfica, uma vez que investiga, 
como estudo de caso, a performance da cantora castanhalense Thais Porpino. 
A estratégia utilizada para realizar a entrevista com a professora socióloga Kássia 
Costa e a juventude do município, devido ao modo remoto, foi o aplicativo Google Meet, como 
recurso metodológico, contudo, foi mais viável entrevistar a cantora via WhatsApp. É 
importante ressaltar que as perguntas e respostas, a respeito da vida da artista, ocorreram a partir 
de mensagens de texto. A pauta, restrita a vida da cantora, abordava temáticas como economia, 
gênero, região de origem e como se deu o processo migratório regional, assim como, sua 
performance. Portanto, o recurso acessível foi relevante para a aplicação da entrevista, isto é, 
viabilizou a participação da Thais Porpino para responder os questionamentos, pois gerou 
segurança para preencheu o termo de consentimento, no primeiro dia da entrevista. 
No que diz respeito à entrevista com a equipe de jovens e com a professora Kássia, 
como mencionado anteriormente, foi adotado o modo virtual. Para principiar o diálogo, aplica-
se perguntas sobre forró e a relação com a indústria cultural. No decorrer da entrevista, a 
professora citou o teórico Habermas e a escola de Frankfurt (referentes à cultura) a fim de 
contextualizar os alunos acerca do contexto. É importante ressaltar que houve uma aceitação 
previa, sobre a temática abordada, por parte dos entrevistados. Sob esse viés, a conversa se deu 
a partir do processo de transição das aparelhagens de som, para as bandas de forró que faziam 
8 
 
sucesso na época do forró de rua referenciado pela docente, visto que usou a indústria cultural 
para explicar essa revolução. Infere-se, portanto, que a mudança remete a uma ideia de disputa 
sonora, uma vez que se trata de instrumentos de atuação (aparelhagens e grupos musicais) no 
contexto musical de rua, em Castanhal. 
Como já mencionado, o gênero musical selecionado para o trabalho foi o forró, pois 
se trata de um estilo musical cuja manifestação artística é considerada de origem brasileira. Ele 
surge como uma dança nordestina. Contudo, conforme Ramos (2020), o ritmo ganha 
reconhecimento nacional, visto que foi propagado para todo o país. Segundo Lage (2017), a 
manifestação cultural no Brasil, levando em consideração a intensificação da globalização 
cultural e a expressão dos meios de comunicação e locomoção, começou a se espalhar por 
diversos países europeus, por meio da música e da dança. 
No Brasil, de modo geral, o forró já sofreu várias transformações na história da música 
nordestina e brasileira. Desde que Luiz Gonzaga fez a propagação desse ritmo para o Sudeste 
do país, este, torna-seuma manifestação artística conhecida nacionalmente. Desde então, é uma 
opção de lazer disponível para uma parte significativa do povo brasileiro (LAGE, 2017). 
Outrossim, esse ritmo empolgante também ganhou espaço na preferência dos jovens 
brasileiros, fator preponderante para fomentar o forró em todo o país. Sob essa vertente, 
costumes, roupas, calçados e acessórios característicos da região nordestina, foram propagados 
no Brasil, mediante as letras das músicas, isto é, contribuíram para a formação cultural da nação. 
Segundo Lancellotti (1992, p. 14), “ser jovem é ser e ter um modo próprio de prazer.” Em 
consonância com o pensamento de Lancellotti, o jovem busca o forró, identifica-se com a 
prática por motivos específicos e sente prazer em viver e querer reviver esses momentos. Assim, 
o forró se espalhou, conquistando um público cada vez mais significativo. 
Infere-se, portanto, que a proposta deste trabalho, é fomentar, na juventude, o gosto 
pelo ritmo musical forró. Somado a isso, tem a pretensão de contribuir para questões vigentes 
nos estudos, evidenciando a propagação cultural por meio da música (CHADA, 2011). 
Considerando o exposto, pode-se ampliar a compreensão sobre como um gênero musical, neste 
caso o Forró, contribui para interação da juventude e como se configura e influencia essa 
camada da população. 
 
9 
2 – JUVENTUDE E O FORRÓ 
 
Para Lippman, a palavra filosófica que caracteriza a acentuação de um estilo de música 
é o ethos, isto é, o elemento que qualifica a música no que diz respeito ao sentimento que ela 
provoca. O ethos do forró retrata a alegria, a diversão, a euforia, entre outras qualidades, as 
quais acentuam o caráter rítmico da arte musical, engloba a dança, a poesia e a melodia (apud 
TOMAZ, 2005, p. 18). 
O termo forró significa festa para ralé, algazarra, bagunça, etc. Contudo é um estilo 
capaz de animar qualquer festa, haja visto que se trata de um estilo dançante que promove a 
interação entre as pessoas (COELHO, 2015). Em outras palavras, retrata o dia a dia emocional 
da sociedade. Originariamente, o ritmo é uma dança tipicamente nordestina, que posteriormente 
dá origem a um gênero musical reconhecido em todo o país (RAMOS, 2020). 
Na letra da música Asa Branca, do cantor Luíz Gonzaga, aborda a realidade 
sociocultural: 
 
Quando olhei a terra ardendo 
Igual fogueira de São João 
Eu perguntei a Deus do céu ai 
porque tamanha judiação 
(GONZAGA, 2020). 
 
Os verso da canção retratam a vida difícil que o povo nordestino enfrentava no século 
passado e continua a enfrentar atualmente. Isso se dá pela ausência de chuvas na região e pelo 
clima árido, o que provoca desafios para alcançar alguns direitos básicos. Desse modo, 
percebe-se que o eu lírico questiona Deus, visto que versa uma realidade meteorológica. Logo, 
Luiz Gonzaga e outros artistas retratam o cotidiano nordestino, isto é, propaga os aspectos 
culturais do povo (RAMOS, 2020). 
Com o passar dos anos, o gênero musical forró se adaptou aos diferentes gostos dos 
ouvintes, em determinados períodos. Dentre as adequações, temos: O forró pé de serra, forró 
universitário e o forró eletrônico, conforme afirma Coelho (2015, p. 480). 
 A priori, nos anos 40 surgi o forró pé de serra, cujo caracteriza-se com a presença 
marcante de trios de zabumba, triângulo e sanfona. Além disso, as letras das músicas enfatizam, 
principalmente às mazelas sociais nordestinas. Seus principais artistas são Luiz Gonzaga, 
Dominguinhos, Jackson do Pandeiro, Genival Lacerda, Flávio José, Alcimar Monteiro, entre 
outros. 
 
10 
 
Outrossim, o forró universitário é uma adaptação a realidade dos jovens da região Sul 
e Sudeste. Ele imperou nas décadas de 80 e 90 com acréscimo de novos instrumentos, visto que 
além de zabumba, triângulo, sanfona, o gênero musical passou a utilizar o contrabaixo, o violão 
e o vocal. Nesse sentido, sofreu influência do rock, do samba, do regue e do funk, notória 
também, nas distintas coreografia adaptadas por seus simpatizantes em cada região do Brasil. 
Seus principais artistas são: Falamansa, Forroçacana e Rastapé. 
Por sua vez, o forró eletrônico começa a ganhar espaço nos anos 90. Para alcançar um 
pública cada vez maior, instrumentos como sanfona deram espaço aos teclados eletrônicos. As 
letras de músicas apresentam temas ligados aos romances e elementos da atualidade. Seus 
principais artistas/bandas são Wesley Safadão, Aviões do forró, Garota safada, Barões da 
pisadinha, Caviar com rapadura, Calcinha preta, Matruz com leite, Gatinha manhosa, entre 
outros. 
No Brasil é muito forte a presença do forró estilizado, as danças que o compõe é o 
“vanerão” e a “pisadinha”. No entanto, o que levou ao surgimento desse ritmo foi a questão da 
modernização dos naipes instrumentais. No caso do acordeão, há uma substituição dele nesse 
ritmo, o qual o teclado eletrônico faz o mesmo papel nos palcos. A sanfona surge na segunda 
metade do século XIX, na Europa e, uma vez que chega ao Nordeste, na virada do século, ganha 
popularidade no sertão (sub-região do Nordeste), ganhando um apelido carinhoso de sanfona 
(TROTTA, 2012). 
É importante ressaltar que “Vanerão” é uma dança típica dos gaúchos. Deriva 
diretamente da cultura alemã, com a vanera e vanerinha, mas também sofreu forte influência da 
Habanera cubana. Em conformidade com Magno (2021) o ritmo é forte com danças rápidas que 
exige fôlego. Ele é bastante popular nos estados do Centro Oeste, assim, os imigrantes dos 
pampas, isto é, agricultores adaptaram as atividades culturais da região. No que tange o ritmo, 
chega na região nordestina, com o forró eletrônico, dentro de bandas consagradas como aviões 
do forró, garota safada (com nova roupagem) entre outras. 
Por sua vez, a pisadinha, também conhecida como piseiro é uma variação do gênero 
feita somente com voz e teclado, em produções caseiras. O ritmo surgiu no interior do Nordeste 
e compunha o forró eletrônico junto ao vanerão, contudo, era menosprezado por grande parte 
dos brasileiros e hoje é um dos ritmos mais cobiçados. Seus expoentes na atualidade são: Barões 
da Pisadinha, WESLEY SAFADÃO, Tarcísio do Acordeom entre outros, como afirma 
Albuquerque (2019). 
 
11 
O forró possui várias danças que compõe cada subgênero. Dentre elas, nota-se o Xote, 
o baião, o xaxado, o coco, entre outros (Ibidem). Contudo, cada tipo de forró compõe uma dança 
específica (Ibidem), dentre eles: 
 
Forró eletrônico: é composto por vanerão e pisadinha. 
Forró pé de serra: é composto por xote, baião, xaxado e arrasta pé. 
Forró universitário: é composto por xote, baião e xaxado (menos comum). 
 
Em se tratando do forró, ele é um estilo dançante que atrai a massa de jovens, para 
locais como parques de exposição. Contudo, o forró pé de serra perde espaço no cenário atual 
e isso ocorre devido à ascensão do forró eletrônico, visto que atrai a juventude para as festas. 
Dessa maneira, é notório que o tradicionalismo está esquecido pela sociedade devido a presença 
do forró estilizado, do funk e do brega, ambos fomentados pela indústria fonográfica brasileira 
(FERRAZ; LIMA; VUMA; CALLOU, 2019, p. 2). 
É relevante manter viva a propagação da cultura por meio da música. Para isso, a 
juventude precisa ser constantemente estimulada. Como afirma Pais (2004, p. 11), “os jovens 
são o que são, mas também são (sem o que sejam) o que deles se pensa, os mitos que sobre eles 
se criam”. Observa-se que o autor quer pontua a questão dessas atividades como um 
entendimento por parte dos cidadãos, e se trata de um conhecimento que necessita de 
formulações de políticas públicas, junto com as demandas. Logo, o conhecimento de práticas 
juvenis, suas inquietações, demandas e seus modos de subjetivação tem como objetivo o 
entendimento do mundo juvenil. O conceito de juventude se dá pela questão do estado de 
espírito, sendo bem mais que isso, segundo o adágio popular em se tratando do que pensam,do 
que fazem e do que são (RANGEL JUNIOR, 2012, p. 13). 
Com a modernização do gênero musical, o ritmo atraiu a juventude tanto nos espaços 
urbanos quanto às margens da sociedade. Isso, porque o forró é preferido pela maioria dos 
jovens, visto que as composições atuais apresentam um apelo à sexualidade, bebida alcoólica, 
ao uso de tecnologias e uso de versões que pesam contra a propagação desse estilo entre os mais 
velhos (SALTARE, 2021). Não obstante, em uma sociedade com intensas globalizações a 
questão da juventude tende a ficar mais forte, na qual essa transformação começa a ficar mais 
latente (TROTTA, 2012, p. 2), o que contribui para uma necessidade de se pensar em 
modernizar o forró ou qualquer estilo. Assim, o forró e a música popular, de um modo geral, 
nos proporcionam a convivência, a integração e o contato direto com outras pessoas, de forma 
interativa. 
12 
 
Nos anos 2000, mais precisamente em 2002, surge a banda Aviões do forró, uma banda 
de forró cearense, que tem o “vanerão” como dança. Os Aviões do forró retratavam em suas 
letras temas relacionados ao amor, às festas, curtição, entre outros, e era uma banda de forró 
que fazia alusão ao forró eletrônico. Quando surgiu a banda, o estilo estava passando por uma 
transformação rítmica em que o “vanerão” ganha força (o que contribuiu para uma evolução 
musical). Nessa lógica, o grupo musical tinha como intuito gerar o entretenimento, a partir 
banda e do forró como um todo. Contudo, as composições que abordavam os problemas sociais 
do nordeste, não eram realidade de todo o país. Portanto, os jovens de cidades como Campina 
Grande, Feira de Santana, Garanhuns ou Caruaru, o interior nordestino, imaginado a partir das 
obras do Luiz Gonzaga (sertão, a seca, a pobreza, a ingenuidade), são retratados de modo 
distante no espaço e no tempo e os temas de uma época e também de um conjunto de ideias e 
pensamentos que simplesmente não existem mais (TROTTA, 2009). 
No contexto da juventude, há uma mudança na maneira de compor canções para esse 
estilo musical. Isso ocorre devido a interferência sociocultural do período, cujo o contexto é 
expresso nas composições, logo, vivenciar esse gênero possibilita nos educarmos para e pelo 
lazer (MARCELLINO, 1987). Destarte, é necessário que para obter sucesso na música, os 
artistas invistam em composições que satisfaçam os anseios sentimentais da juventude e da 
população de modo geral. 
Destarte, O forró e seus subgêneros, é um ritmo que contribui para a sociabilidade, 
conhecimento e prazer (CARDILO, 2012), pois se trata de um ritmo contagiante, forte e 
marcante. Uma vez que essas músicas são tocadas, geram sintonia às pessoas envolvidas. De 
modo geral, os forrós contém músicas alegres e divertidas. Além disso, dançar forró é queimar 
grande parte das calorias do corpo, ou seja, é um estilo que faz bem para a saúde (COELHO, 
2015). Ademais, os artistas de forró (principalmente do forró eletrônico) trabalham com danças 
e coreografias, as quais contribuem para participações de espetáculos cênicos, emplacam hits 
em festas tradicionais e arrancam elogios de “autoridades” de outros tipos de música que são 
ídolos dos ídolos (MAKNAMARA, 2012, p. 143). Assim, não se deve banalizar a relevância 
do lazer, mas criar políticas públicas que amparem os movimentos culturais, conforme afirma 
Rubin (2008). 
 
 
 
 
 
13 
3 O FORRÓ NO MUNICÍPIO DE CASTANHAL: UM ESTUDO DE CASO 
 
A cidade de Castanhal foi fundada por imigrantes nordestinos, que vieram para 
trabalhar na construção da estrada de ferro Belém – Bragança. O município era apenas um 
povoado, que foi inaugurado em 15 de agosto de 1899 (CASTANHAL, 2018). Somente em 
1932, no dia 28 de Janeiro, Castanhal ganha o título de cidade. O município comemora essa 
data com grandes festas e apresentações artísticas, as quais são organizadas pela prefeitura e, 
com a chegada do povo nordestino e a presença até os dias atuais, é perceptível a união da 
cultura paraense com a nordestina. Infelizmente, o processo migratório regional foi embasado 
por problemáticas pertinentes, como a seca nordestina, os campos de concentração, chamados 
pela população cearense de “curral” locais que o Governo Estadual do Ceará e a Prefeitura de 
Fortaleza criaram para refugiar essas pessoas (COHEN, 2015, p. 3). 
Em Castanhal, o forró reúne multidões, principalmente no mês de Junho. Sob esse viés, 
a classe artística do município, têm artistas forrozeiros, com ancestrais nordestinos ou até 
mesmo aqueles que vieram dessa região, especificamente para trabalhar no setor artístico como 
Thais Porpino, Kchorrão, Andrey Viana, Paulino Junior, Evandro do Acordeon (Pio Nono, PI) 
entre outros. Para este trabalho, a artista selecionada, para o estudo de caso, foi Thais Porpino. 
No livro “A dialética do esclarecimento” Adorno e Horkheimer (p. 5 e 6, 1947) 
afirmam que “O mundo torna-se o caos, e a síntese, a salvação”. A partir desta citação, é 
possível inferir que a pandemia de corona vírus colocou o mundo em isolamento social. Diante 
dessa realidade, as pessoas tiveram que se reinventar, essa situação também inclui os artistas. 
No que tange a síntese, acredita-se que faz referências às composições feitas durante o momento 
de isolamento social, mas com temas de motivação, levando em conta a questão do momento 
atípico e a salvação como retomada à economia, ou seja, à normalidade só que com todos os 
cuidados, isto é, o novo normal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
3.1 ANÁLISE DO ESTUDO DE CASO 
 
No ano de 2020, em detrimento do período pandêmico, houve uma paralisação nos 
eventos culturais. Contudo, os artistas precisavam se manter financeiramente, assim, usaram 
como estratégia as lives ou os shEm (outra palavra que define shows on-line) para realizar os 
shows e proporcionar lazer para a sociedade. Antes da presença da doença global, a vida em 
Castanhal era agitada, no sentido de que a rotina da população castanhalense era com atividades 
intensas de trabalho e lazer. Na cidade, os shows arrastavam inúmeras pessoas e os artistas 
trabalhavam com muita alegria e satisfação. Os bares, restaurantes, pubs entre outros 
estabelecimentos, eram lotados. Nesses espaços, os artistas, independentes de gênero musical, 
trabalhavam para colocar o pão de cada dia em suas casas. 
Natural do município modelo e descendente de uma família de nordestinos, a cantora 
Thaís Porpino inicia sua carreira ainda na infância. Com apenas 14 anos, já cantava 
profissionalmente nos bares e eventos, pela cidade e região. Diante disso, a artista ficou 
conhecida com o apoio da imprensa local e as suas produções artísticas, pois sempre ficaram 
disponíveis em plataformas digitais. 
Durante a análise da entrevista aplicada, a cantora apresentou as motivações pelas 
quais escolheu o gênero musical forró. Como é possível observar em, 
 
“O forró está em nosso coração, minha carreira solo se consolidou após a regravação 
de sucessos que aconteceram na região. Então, surgiu o CD FORROZÃO DAS 
ANTIGAS com regravações de grandes bandas como: Matruz com Leite, Magníficos 
entre outras” (PORPINO, 2021). 
 
No que diz respeito aos públicos, tanto em suas lives como nos eventos, seus shows 
possuem grande aceitação por parte do público, isto é, com telespectadores de todas as idades, 
não obstante, a juventude é um público mais assíduo, tanto em festividades quanto em shows 
normais. Conforme a cantora, o mês de junho, considerada época decisiva para os forrozeiros, 
não há distinção de repertórios musicais, isto é, por temporadas como nos tempos antigos. Os 
shows, nos dias atuais, se tornaram bailes com repertórios diversificados, além do forró, 
também tem grande aceitação músicas como carimbó, siriá, zouk, cúmbia, entre outros. 
De fato, embarcar nesse estilo em Castanhal, no Pará, cuja região é composta por brega, 
calypso, lambada, zouk é um ato de resistência não somente dos cantoresde forró, mas também 
todo e qualquer ritmo, pois viver de música em Castanhal ainda é desafiador, fato notório na 
fala cantora “vamos levando e agradecendo a cada oportunidade dada” (PORPINO, 2021). Sob 
15 
essa perspectiva, a cantora já se apresentou com sucesso em diversos estabelecimentos 
comerciais em Belém do Pará “Mas graças a Deus foi um trabalho concluído e executado com 
sucesso (PORPINO, 2021).” 
Em Castanhal, Thais Porpino cantou em bares, pubs, restaurantes entre outros locais. 
Geralmente atuar, em sua carreira de cantora, como intérprete, apesar de possuir experiências 
com músicas autorais. Dentre os lugares que ela se apresenta (ou), estão o Nosso Quintal, a 
Donk Pub, Chopperia N1 em Castanhal, Koi temakeria e sushi, Arcano Bar, Casquinha de 
Carangueijo, Point da Picanha, Boi Bravo, Premier Club, Petisco do Pato entre outros. Ademais, 
em casas de shows e palcos com públicos grandes, Thais já cantou na Plátanus Recepções, Casa 
de Shows Paraíso, Parque de exposições (Feira Agropecuária de Castanhal – ESPOFAC) etc. 
O forró é um ritmo contagiante que está presente em vários momentos, comemorativos, 
do povo castanhalense. A exemplo, na aprovação de vestibulares, ocasiões as quais o forró é 
muito apreciado por parte dos calouros, além de períodos juninos, aniversários (eventos 
particulares), nas vaquejadas, em épocas fora do mês de junho e assim por diante. Na entrevista, 
Thais Porpino (2021) afirma que: 
 
Forró é muito dançante! Ele tem vários vértices… Em cada região ele é dançado de 
um jeito. O forró é alegria e solução para muitos problemas de jovens no mundo 
atual, onde mantém a cabeça ocupada e se livra do mundo das drogas, por exemplo. 
 
Outrossim, a cantora pontua que o gênero musical é relevante para a economia da 
cidade: 
 
O forró em Castanhal é um dos estilos mais tocados e as festas estão começando a 
lotar pós-pandemia. Enquanto tiver boas atrações que prendam a atenção do público, 
a economia gira na cidade. Todos trabalham: Garçom, bonbomzeiro, bar man, 
cantores e donos de bares. (Ibidem) 
 
No que diz respeito ao processo de imigração, a cantora afirma que “O forró veio do 
Nordeste sim, e claro que a imigração fortaleceu, porém em Castanhal temos excelentes artistas 
que se adaptam facilmente a todos os estilos”, diz Thais Porpino (2021). Nesse sentido, nota-se 
a influência musical nordestina na cultura castanhalense. Assim, a socióloga Kássia Costa, 
afirma, na entrevista aplicada, que: 
 
A indústria cultural é um elemento muito presente nos gêneros musicais no que diz 
respeito à evolução em se tratando de mercado. Contudo, isso se dar por motivos de 
disputas, cujas artes, isto é, a música (forró) é lançada em uma determinada época e 
depois cai em esquecimento, ou seja, a partir de uma obsolescência e, no que tange ao 
forró, em Castanhal eram tocados em aparelhagens nos forrós de rua” (COSTA, 2021). 
 
16 
 
Com a ascensão das bandas como Matruz com Leite, Cavalo de pau, Caviar com 
rapadura, Limão com Mel, entre outras, o forró passa a ser mais integrado com a inclusão desses 
grupos que mescla Jovens e pessoas com mais idade. Constata-se também, que o gênero ganha 
força com a presença de naipes instrumentais como o órgão eletrônico (substituto da sanfona), 
trompete, o sax tenor e o trombone sempre em bloco com a execução de quase todas as 
introduções, “intermezzos” e comentários musicais durante os versos (TROTTA, p. 107, 2009). 
Nos anos 90 e 2000, os elementos românticos, regionais e sexuais estão presentes nas letras das 
famosos grupos Caviar com Rapadura, Aviões do Forró entre outros. 
As danças executadas no palco, cuja manifestação caminha lado a lado com a música, 
são executadas com figurinos e coreografias por parte dos artistas (COSTA, 2021). Esses 
artifícios são elementos importantes, ligados à performance. Isso porque, “a etnografia da 
performance musical, como a passagem da análise das estruturas sonoras à análise do processo 
e suas especificidades; nesse tipo de abordagem, o pesquisador não pensa a música enquanto 
‘produto’, mas ‘como processo’ de significado social, capaz de gerar estruturas que vão além 
de seus aspectos meramente sonoros” (CHADA, 2011). 
Esse significado social tem relação com interação e inclusão dos jovens, na prática do 
forró, o que contribui para manter o estilo musical às próximas gerações. Não obstante, Thaís 
Porpino relata que “Já não existe mais dançarinos no forró! Infelizmente as bandas grandes, as 
nacionais, foram diminuindo componentes e os dançarinos foram os primeiros que saíram. Com 
a pandemia, ficou mais difícil manter os dançarinos” (PORPINO, 2021). 
Com relação aos convidados, isto é, os que prestigiam com a intenção de dançar, o 
gênero, também é um exemplo de práticas performáticas. Sobre isso, Thaís afirma que: 
 
Hoje com a pandemia, as pessoas ficaram mais próximas das plataformas digitais. O 
‘tik tok’ é um exemplo de pessoas que usam a plataforma para postar danças e 
coreografias. Então, a dança já mudou bastante, ela tá mais coreografada. Virou meio 
que um concurso de quem dança melhor (PORPINO, 2021). 
 
Em contrapartida, ao se tratar do forró pé de serra (forró tradicional), compostos por 
zabumba, triângulo e sanfona, a cantora relata que nos dias atuais, “Em Belém tem uma banda 
que usa, em Castanhal, não! pois o forró ficou estilizado e eletrônico (PORPINO, 2021)”. A 
partir do exposto, foi possível interpretar que o forró, a cada dia, sofre mudanças e isso se dá a 
partir de grupos instrumentais e fatores ligados às performances. Cada subgênero, tem sua 
forma de dançar, isto é, com o passar dos anos, apresenta coreografias diferentes. Logo, consiste 
no conceito de que a “performance é antes de tudo uma expressão cênica: um quadro sendo 
17 
exibido para uma platéia não caracteriza uma performance; alguém pintando esse quadro, ao 
vivo, já poderia caracterizá-la”. (COHEN, p. 28, 2002) 
Diante dessa citação, é possível interpretar que toda performance, independente do 
gênero, é algo artístico que acontece naquele instante, naquele local (COHEN, p. 28, 2002). 
Dessa maneira, cada subgênero possui sua especificidade, logo, o forró pé de serra é executado 
de uma maneira, o universitário de outra e, por sua vez, o eletrônico de outra, quando se trata 
das coreografias e até mesmo de execuções instrumentais. No que diz respeito aos gosto da 
juventude, um dos entrevistados relata que: 
 
“Pra mim, o forró significa sorriso, felicidades, não tem como ficar triste com um 
forrozinho tocando, hoje em dia ouço forró até arrumando a casa, forró é isso pra mim, 
é alegria, astral [...] “Acredito que o forró represente muito mais que alegria e 
felicidade para quem escuta, representa também uma oportunidade para quem tem 
talento e está começando nesse ramo musical, quem se identifica com esse gênero e 
começa a trabalhar cantando ele, leva sempre um sorriso para as pessoas, além de 
desencadear uma vontade enorme de dançar um ritmo tão contagiante, isso gera um 
sentimento de prazer enorme (na minha opinião) é como se as pessoas que estão 
ouvindo e a pessoa que está cantando, se conectasse, trazendo uma sintonia única. 
Então acredito que o forró representa tanto alegria como a satisfação (emocional e 
financeira) para quem está tocando e ouvindo” (ENTREVISTADA, 2021). 
 
Além disso, a entrevistada afirma que se sente honrada e orgulhosa, por ter artistas tão 
maravilhosos ganhando espaço no cenário musical, paraense, mais especificamente, 
castanhalense. Além de afirmar que “o forró ganhou força, assim como outros gêneros musicais, 
depois da pandemia, devido à inclusão das lives e proibição de shows presenciais. Portanto, não 
só o forró mais a música em si ganhou força”. Nessa vertente, sobre a representatividade virtual, 
ela relata, 
 
“Pra te falar a verdade, eu sou uma pessoa que não ando em festas e ouço músicas 
mais em aplicativos como youtube,ultimamente não tenho usado o tik tok. Mas, ouço 
artistas de fora e dificilmente encontro artistas de Castanhal nessas plataformas e, a 
única artista castanhalense que escuto é a Thais Porpino e Forrozão das antigas. 
(Ibidem). 
 
Diante do que foi discutido nas entrevistas, é possível perceber que houve aceitação 
social dos artistas, no que diz respeito às práticas musicais de maneira digital. De fato, diversas 
empresas patrocinaram artistas durante a pandemia, visto que as transmissões ao vivo 
começaram a ficar mais presente, além disso, os estúdios de gravações produziram mais e as 
plataformas ganharam ainda mais reconhecimento. 
Culturalmente, o forró e outros gêneros dançantes sofreram muitas críticas destrutivas 
sobre às letras das músicas. A partir do exposto, a socióloga Kássia Costa (2021), afirma na 
18 
 
entrevistas, que “não se trata de preconceito em si, mas uma resistência, assim como tudo que 
vem da cultura popular. Importante ressaltar que a cultura popular tem como característica a 
participação do início até o final, ou seja, na apresentação”. Sob essa viés, pode-se afirmar que 
essas resistências são benéficas e necessárias para a evolução de todo e qualquer gênero, não 
só o forró. 
Não obstante, é válido ressaltar que o forró apresenta uma importância cultural muito 
grande para a cultura brasileira, como foco principal na região nordestina, portanto, críticas, por 
parte de ouvintes que levam em consideração a questão da letra da música, são frequentes, por 
exemplo, em músicas de forró que objetificam a mulher, isto é, como se a mulher fosse 
propriedade do homem. Assim, as críticas são relevante para fomentar a criticidade do cidadão, 
visto que as composições vão mudando a partir do comportamento da sociedade, ou seja, as 
composições contribuem para evolução social. 
O forró eletrônico tem uma temática voltada para o público urbano, cujas letras além 
de abordar o romantismo, também pontua conteúdos voltados para o lazer. Hodiernamente, o 
forró passava pela transformação do ritmo do forró romântico para o vanerão, à qual ganha 
força com o Aviões do Forró, o que contribui para uma ressignificação. Segundo a socióloga 
Kássia Costa (2021), sobre forró eletrônico e pé de serra, considerando as apreciações entre 
jovens e adultos, ela afirma que: 
 
O forró eletrônico é um processo da modernização da música (forró) e relembrar as 
músicas mais antigas faz parte desse processo também. A pós-modernidade é muito 
efêmera. Então essa nova roupagem é uma característica da indústria cultural. Pois as 
coisas antigas voltam com uma nova configuração para aparecerem novas. (Ibidem). 
 
O forró é um estilo que deveria ser apreciado em todos os momentos. Para alguns 
entrevistados (A), o gênero forró faz parte da preferência musical dos castanhalenses, visto que 
o ritmo estimula à pratica da dança, assim como promove recordações. Nesse sentido, ouvir 
forró, como Matruz com Leite e Wesley Safadão, segundo entrevistados, permite vivenciar 
momentos nostálgicos. Além disso, evidencia as modificações culturais, como o forró de rua e 
a as performances dos bailarinos, nas bandas antigas, como Matruz com Leite, haja visto que 
se tratava de verdadeiro show no palco. Com relação aos forrós de rua, eles eram extremamente 
esperados pela comunidade castanhalense e cidades vizinhas. Um dos mais famosos era o forró 
do Didi, ele era o primeiro da quadra junina, conforme relata o organizador 
 
“Quando fizemos o primeiro Forró do Didi, já existiam outros bem mais antigos! O 
Forró do Didi, começou em 1986, tudo era muito novo pra mim e pro Didi, não 
19 
pensávamos em lucro, era mais diversão mesmo! ‘Depois foi crescendo, crescendo e 
se absorvendo…’ E começamos a colher os frutos plantados!” (Ibidem) 
 
Atualmente, a cantora Thais Porpino, compôs muitas músicas de forró no estilo 
vanerão, por exemplo, a música Coração Carente, lançada em 2018, que retrata a dependência 
emocional nos relacionamentos vazios. A cantora evidencia a temática nos seguintes versos: 
 
Coração carente 
 
Ninguém sente falta… 
de quem nunca teve. 
A gente já fez muitos planos. 
E eu não sabia que ia ser pra sempre 
 
Te prometi amor uma vida a dois 
Uma filha casada a gente. 
 
Agora só restou a dor e eu vou seguir 
a minha vida com o coração carente 
 
(REFRÃO) 
Só você me faz tão bem 
Ser mulher mais diferente. 
Na vida já fiz muitos planos, 
mas você não sai da minha mente. 
 
(PORPINO, 2018) 
 
Além dos versos, a cantora disponibilizou, para análise, a partitura cifrada. Observe a partitura 
a seguir: 
20 
 
Partitura 1: Coração Carente 
Pelo que é possível observar na partitura, a música é cantada em Dó maior [C] e no 
campo harmônico maior dentro de seus graus. Mas, seus graus, a partir da letra, são compostos 
I (C), V (G), I (C), V (G), VI (Am), IV (F), I (C), V (G), VI (Am), IV (F), I (C), V (G), VI (Am), 
IV (F), I (C), V (G), VI (Am), I (C), V (G), VI (Am), V (G), II [D] (MODULADO), VI (Am), 
IV (F), I (C), V (G), VI (Am), IV (F), I (C), V (G), VI (Am), IV (F), I (C), V (G), VI (Am). 
21 
Então, essa composição se trata de um forró romântico, formado por graus da escala maior 
natural, dentro de tônica; dominante; subdominante; relativa e supertônica com função de tônica 
(II – Dm = D), em que a dança que compõe é o vanerão, presente no forró eletrônico. 
Com relação ao ritmo, consiste em uma ideia de atualização do forró, pois o ritmo 
meio lambadeado (forró romântico), inserido no gênero, estava na “mesmice”, estagnado, e 
com a presença do vanerão, o forró fica mais sensual, desse modo, sua célula rítmica fica assim: 
“tá ti ti tá tum tum tá”. Mas, nos anos 90, ele já aparece em algumas bandas como Caviar com 
Rapadura entre outras, só que com mais batimentos por minuto (BPM). Portanto, a música 
Coração carente, de Thais Porpino, composta por Amon Cruz, é uma das atualizações de forró 
que não têm essas escalas lídio e mixolídio e, suas sequências de acordes que fazem parte são 
Dó maior [C], Ré maior [D], Lá menor [Am], Sól maior [G] e Fá maior [F]. 
É importante ressaltar que a música, foi analisada a partir do clipe dela. A artista se 
apresenta com uma banda, composta por um guitarrista, um baterista, uma tecladista, um 
baixista e um vocal. Além disso, o vídeo foi gravado na Vila Mix Pub, em Castanhal, na Rua 
Quintino Bocaiuva, em frente à Praça do Estrela, segue o mapa evidenciando o local do clipe: 
 
Figura 1: Mapa do local do clipe 
Fonte: Google Maps (2021) 
 
Segundo a localização da casa de shows Villa Mix Pub, ela está situada próximo ao 
Gil lanches e ao bar do Cowboy. Nesse lugar foi gravado o vídeo profissional da cantora, com 
músicos da terra e, sua ficha técnica é composta por instrumentos, produtor musical, visual, 
22 
 
compositor, direção de fotografia, iluminação, cenário e look. Os instrumentistas são: Wendel 
Quintal (Guitarra), Judson Marques (Bateria), Camila Gecélia (Teclado) e o Tom Quental 
(Baixo). E o produtor musical é Jadson KG (VK ESTÚDIO) e a produtora que fez as filmagens 
para o vídeo, é a Divulgue Filmes. O cenário da produção é a Villa Mix Pub e a direção de 
fotografias é o Fabrício Gadelha. Na iluminação e produção, estão presentes R4 Produções, 
Jordão Som e iluminação e Fernanda Lima. No que diz respeito ao look (vestimenta), é o Atelier 
Wanessa e a produção completa é a Katyana Porpino. Por fim, seus patrocinadores são a Nevoli 
Telecom e a Top Presentes. 
Sobre a performance de palco no clipe da música Coração Carente, é perceptível a 
questão dos gestos na hora de interpretar a canção, uma vez que ela coloca o dedo na cabeça 
para dar ideia de quando ela diz “Mas você não sai da minha mente”. Sobre o figurino, não foi 
especializado, comparando com bandas antigas de forró, isto é, ela usa roupas do cotidiano, no 
caso, um vestido, por sua vez, os músicos usam camisa e calça. Destarte, Turino (p. 29, 1989)pontua que a música não é somente social estruturada, mas também é como uma sociedade em 
parte é estruturada musicalmente, na qual a atividade musical exerce domínio público em que 
as disposições internas são externalizadas. 
No contexto pandêmico, lojas de instrumentos ficaram quase vazias, isto é, na parte de 
equipamentos, pois todo mundo começou a comprar e investir em lives devido ao 
distanciamento social necessário para conter o corona vírus. Em vista disso, a cantora Thais 
Porpino e os outros artistas não mediram esforços para levar a alegria à população. Logo, com 
a pandemia, a produção musical em estúdios e gravadoras cresceram bastante junto com os 
videoclipes e as plataformas como Deezer, Spotify, sua música, Youtube, Soundcloud, Tiktok, 
Kwai entre outras. 
Com relação as artes, no caso a música, houve valorização, atenção e crescimento não 
só no forró, mas também nos demais gêneros, durante a pandemia da covid-19. Nesse contexto, 
as empresas patrocinaram os cantores, músicos e produtores, tanto nos estúdios em gravações 
como também nas lives pelas redes sociais. Ademais, também teve apoio popular, na qual 
pessoas de diversas idades assistiam e dançavam em casa e com o sofá afastado, para poder 
dançar. 
 
 
 
 
 
23 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Diante do exposto nesse projeto, foi possível fazer algumas constatações relacionadas 
a atuação da juventude, no processo de mudanças no gênero ou subgênero musical, forró. Para 
isso, a entrevista, os diálogos com o grupo selecionado, assim como as pesquisas bibliográficas 
foram essenciais para o andamento do trabalho. Não obstante, devido ao período pandêmico, 
isto é, o distanciamento social, aplicar a entrevista foi desafiador. Por isso, a estratégia mais 
viável consistiu no uso de recursos tecnológicos. 
Mormente, o embasamento teórico consistiu a partir da pesquisa bibliográfica. Nessa 
perspectiva, possibilitou abordar a influência musical nordestina para o município de Castanhal, 
também conhecido como cidade modelo. Além disso, possibilitou retratar o gênero e os 
subgênero do forró de forma linear, bem como, promovendo um paralelo com a cantora 
castanhalense, Thais Porpino. Nesse ínterim, o trabalho resgatou memorias tradicionais da 
cidade e evidenciou como se deu o processo de mudança sociocultural do forró. 
Outrossim, para alcançar as constatações, foi necessário elaborar uma entrevista 
consistente e ao mesmo tempo, acessível, assim, haveria mais possibilidades de obter as 
respostas dos entrevistados. Somado a isso, houve uma preocupação em mediar a entrevista 
para o período histórico do forró de rua da cidade Modelo. Desse modo, resgata-se a 
tradicionalidade esquecida devido à monopolização do forró eletrônico e outros gêneros em 
ascensão da indústria fonográfica. 
A escolha de artista, Thais Porpino, proporcionou uma melhor relação com os 
objetivos do trabalho, devido a árvore genealógica e a profissão da artista. Ademais, a cantora 
se adequou a novas estratégias, com o fito de preservar o ritmo musical em voga. Outrossim, a 
artista foi bastante acessível e disponibilizou os materiais solicitados. A partir do fato exposto, 
permitiu selecionar a composição musical que melhor retratava a temática cotidiana pertinente 
a preferência musical da juventude castanhalense. 
Portanto, devido, ao período pandêmico não foi possível aprofundar a pesquisa de 
campa para chegar aos resultados almejados. Não obstante, o artigo não perdeu sua relevância, 
assim, indico a leitura à todos que contribuíram direta e/ou indiretamente para o processo de 
construí-lo. Nessa vertente, constatar a relevância do gênero, ritmo e performance para manter 
a tradição forrozeira na juventude da sociedade de Castanhal e região. Assim, valorizar os 
artistas regionais e promover a criticidade, dos jovens, a partir de composições que retratam o 
meio social que estão inseridos. 
 
24 
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